Lição 9
25 a 31 de agosto
A segunda viagem missionária
Sábado à tarde
Ano Bíblico: Jr 49, 50
Verso para memorizar: “Não temas; pelo contrário, fala e não te cales; porquanto Eu Sou contigo, e ninguém ousará fazer-te mal, pois tenho muito povo nesta cidade” (At 18:9, 10).
Leituras da semana: At 16; 17; 18:1-10; Rm 3:28; Gl 2:16; 1Co 1:23

De volta a Antioquia, Paulo e Barnabé alimentaram espiritualmente a igreja e se envolveram em novos trabalhos evangelísticos. Aparentemente, essa foi a última vez em que eles trabalharam juntos, uma vez que um grave desentendimento levou à sua separação. O motivo da divergência foi Marcos, primo de Barnabé (Cl 4:10). Quando Paulo convidou Barnabé para retornar aos lugares que haviam evangelizado em sua viagem anterior, Barnabé quis levar o primo, mas Paulo foi contra, por causa do fracasso anterior de Marcos (At 13:13).

A separação de Paulo e Barnabé, no entanto, transformou-se em bênção, pois, ao dividirem os esforços, eles percorreram uma área mais ampla do que haviam inicialmente planejado. Barnabé levou consigo Marcos e retornou a Chipre, sua terra natal (At 4:36). Enquanto isso, tendo convidado Silas para acompanhá-lo, Paulo passou pela Síria e Cilícia, fortalecendo as igrejas dali. Antes de chegar a Antioquia pela primeira vez, Paulo havia passado vários anos em Tarso (At 9:30; 11:25, 26). Agora tinha a oportunidade de visitar novamente as congregações que ele estabelecera ali. No entanto, o plano de Deus para o apóstolo era muito maior do que ele havia inicialmente concebido.



Domingo, 26 de agosto
Ano Bíblico: Jr 51, 52
De volta a Listra

Segundo os eventos selecionados por Lucas no livro de Atos, Paulo foi quase que diretamente para Derbe e Listra. A única coisa que Lucas diz sobre a Síria e a Cilícia é que Paulo passou por essas regiões, “confirmando as igrejas” (At 15:41).

1. Leia Atos 16:1-13. O que a ação de Paulo nos ensina sobre sua sensibilidade ao procurar alcançar outras pessoas?

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Embora o pai de Timóteo fosse um gentio, sua mãe era uma cristã judia; o nome dela era Eunice. Embora não fosse circuncidado, Timóteo conhecia as Escrituras desde a infância (2Tm 3:15), o que sugere que ele também era uma pessoa piedosa. Como cristão, ele já havia conquistado o respeito e a admiração de todos os fiéis daquela região.

Visto que os judeus consideravam a ascendência judaica por meio da linhagem materna, e não paterna, Timóteo era judeu. Ele não fora circuncidado ao oitavo dia após o nascimento, talvez porque seu pai, um grego, considerasse a circuncisão algo bárbaro.

Desejando ter Timóteo como colaborador e sabendo que, como judeu incircunciso, ele seria proibido de entrar nas sinagogas judaicas sob a acusação de apostasia, Paulo o circuncidou. A motivação de Paulo para fazer isso, portanto, era inteiramente prática e não deve ser vista como uma contradição ao evangelho que ele pregava.

Depois de visitar novamente os lugares em que havia estado em sua primeira viagem, Paulo decidiu ir para o sudoeste, possivelmente para Éfeso, na província da Ásia, mas o Espírito Santo o impediu de fazê-lo. Então, ele seguiu para o norte, tentando ir para Bitínia; mas novamente, de uma maneira não revelada, o Espírito o impediu de ir para lá. Visto que ele já estava passando pela Mísia, a única opção de Paulo foi ir para o oeste, para a cidade portuária de Trôade, de onde ele poderia partir para várias direções.

Em uma visão noturna, porém, Deus lhe mostrou que ele deveria navegar pelo mar Egeu até a Macedônia. Quando seus companheiros ficaram sabendo da visão, concluíram que Deus realmente os tinha chamado para compartilhar o evangelho com os macedônios.

Pense sobre a razão pela qual Paulo circuncidou Timóteo. Estamos dispostos a fazer certas coisas com as quais nem sempre concordamos ou julgamos necessárias, mas que servirão a uma causa maior?


Segunda-feira, 27 de agosto
Ano Bíblico: Lamentações
Filipos

Ao chegarem à Macedônia, Paulo e seus companheiros viajaram para Filipos, onde fundaram a primeira congregação cristã na Europa.

2. Leia Atos 16:11-24. Onde os missionários foram no sábado? Por quê? O que, por fim, aconteceu com eles ali?

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Sempre que Paulo chegava a uma cidade, sua prática era visitar a sinagoga local no sábado a fim de testemunhar aos judeus (At 13:14, 42, 44; 17:1, 2; 18:4). O fato de que, em Filipos, ele e seu grupo foram à beira de um rio para orar,  juntamente com algumas mulheres judias e gentias tementes a Deus, provavelmente indica que não havia sinagoga naquela cidade. Isso significa que Paulo não ia para as sinagogas judaicas aos sábados apenas para fins evangelísticos, mas também porque esse era o seu dia de adoração.

3. Leia Atos 16:25-34. Recapitule a história de conversão do carcereiro. O que ele precisou fazer para ser salvo? Assinale a alternativa correta:

A. (  ) Crer no Senhor Jesus e ser circuncidado.
B. (  ) Crer no Senhor Jesus.

A resposta de Paulo e Silas à pergunta do carcereiro está em plena harmonia com o evangelho, visto que a salvação é inteiramente por meio da fé em Jesus (Rm 3:2; Gl 2:16). No entanto, não podemos concluir com base nesse episódio que a fé em Jesus é tudo o que é necessário para o batismo, à custa da instrução prática e doutrinal necessárias.

O que sabemos sobre o carcereiro? Ele era um judeu ou um prosélito judeu? Em ambos os casos, tudo o que ele precisava era crer em Jesus como Senhor e Salvador. E se ele fosse um gentio que já conhecia e adorava a Deus, como Cornélio, Lídia (At 16:14) e vários outros em Atos? E se ele tivesse comparecido às reuniões evangelísticas de Paulo na cidade anteriormente? Sejam quais forem os fatos sobre ele, a brevidade do relato não deve ser usada como uma desculpa para batismos apressados.

Leia Atos 16:31-34. O que isso ensina sobre a plenitude do sacrifício de Cristo por nós? Como você pode, dia a dia, descansar na certeza da justiça de Cristo como sua única esperança de salvação?


Terça-feira, 28 de agosto
Ano Bíblico: Ez 1–3
Tessalônica e Bereia

Quando foram libertados da prisão, os missionários partiram de Filipos (At 16:35-40). Dali, Paulo e seus companheiros foram diretamente para Tessalônica, a capital da Macedônia.

4. De acordo com Atos 17:1-9, como os judeus tessalonicenses reagiram à pregação bem-sucedida de Paulo entre os gentios? Assinale a alternativa correta:

A. (  ) Eles promoveram uma revolta na cidade.
B. (  ) Mandaram os gentios se circuncidarem.

Mais uma vez, vemos Paulo procurando a sinagoga a fim de poder compartilhar o evangelho. Muitos gentios devotos e não poucas mulheres preeminentes foram persuadidos pela mensagem de Paulo. O fato de que esses conversos tenham se unido a Paulo e Silas (At 17:4) parece significar que eles formaram um grupo separado e se reuniam fora da sinagoga, provavelmente na casa de Jasom.

Movidos por ciúme, os adversários começaram uma rebelião. A intenção deles era trazer Paulo e Silas (Timóteo não é mencionado) perante a assembleia da cidade e acusá-los. Como não conseguissem encontrar os missionários, o próprio Jasom e alguns outros cristãos recém-conversos foram arrastados até as autoridades locais sob a acusação de abrigarem agitadores políticos.

5. Leia Atos 17:10-15. Qual foi a resposta dos judeus bereanos em comparação com a dos tessalonicenses?

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O termo eugen?s (At 17:11) originalmente significava “nascido em uma boa família” ou “de nobre nascimento”, mas passou a denotar, de maneira mais ampla, uma atitude “justa”, o que provavelmente é o caso nessa passagem. Os judeus de Bereia foram elogiados não apenas porque concordaram com Paulo e Silas, mas por sua disposição em examinar as Escrituras por si mesmos e, diariamente, ver se o que os missionários diziam estava correto. Uma resposta apenas emocional ao evangelho, sem a convicção cognitiva necessária, tende a ser superficial e de curta duração.

Entretanto, em pouco tempo o ministério produtivo de Paulo em Bereia foi interrompido por causa da oposição, obrigando-o a avançar para o sul, até Atenas.

Quando foi a última vez que você examinou diligentemente as Escrituras para descobrir “se as coisas eram, de fato, assim” (At 17:11)?


Quarta-feira, 29 de agosto
Ano Bíblico: Ez 4–7
Paulo em Atenas

Atenas, o centro intelectual da Grécia antiga, estava literalmente entregue aos ídolos. Estátuas de mármore de pessoas e deuses estavam por toda parte, especialmente na entrada da ágora (praça pública), o centro da vida urbana. Paulo ficou tão angustiado com a idolatria dominante que mudou sua prática de ir primeiramente à sinagoga e adotou uma estratégia dupla: ele debatia semanalmente na sinagoga com judeus e gentios devotos, e diariamente em praça pública com os gregos (veja At 17:15-22).

Como os atenienses estavam sempre dispostos a ouvir algo novo, alguns filósofos se interessaram pelos ensinamentos de Paulo e o convidaram a se dirigir ao Areópago, o conselho superior da cidade. Em seu discurso, Paulo não citou as Escrituras nem recapitulou a história do relacionamento de Deus com Israel, como fazia quando falava a uma audiência judaica (compare com At 13:16-41). Essa abordagem não faria muito sentido em Atenas. Em vez disso, ele apresentou algumas verdades bíblicas importantes de uma maneira que pagãos cultos pudessem entender.

6. Leia Atos 17:22-31. Em seu discurso no Areópago, quais verdades sobre Deus, salvação, história e o ser humano Paulo pregou àquelas pessoas?

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A maior parte das palavras de Paulo soaram ridículas àquele sofisticado auditório pagão, cujos conceitos sobre Deus e religião eram muito distorcidos. Não sabemos como Paulo pretendia encerrar sua mensagem, pois ele parece ter sido interrompido no momento em que se referiu ao juízo de Deus sobre o mundo por meio Daquele que Ele ressuscitara dentre os mortos (At 17:31). Essa crença entrava em conflito com dois conceitos gregos: (1) que Deus é totalmente transcendente, não tendo nenhuma relação com o mundo nem interesse nos assuntos humanos; e (2) que quando uma pessoa morre, não pode haver ressurreição. Isso ajuda a explicar por que o evangelho era uma loucura para os gregos (1Co 1:23) e por que o número de conversos em Atenas foi pequeno.

No entanto, entre os que creram estavam algumas das pessoas mais influentes da sociedade ateniense, como Dionísio, membro do Areópago, e Damaris, cuja menção por nome implica que ela possuía alguma influência, se é que não fosse também membro do conselho (At 17:34).

A abordagem diferente de Paulo diante do Areópago mostra sua consciência das diferenças sociais e culturais. Ele até citou um poeta pagão (At 17:28) para apresentar seu argumento. Como podemos usar diferentes métodos para alcançar pessoas diferentes?


Quinta-feira, 30 de agosto
Ano Bíblico: Ez 8–10
Paulo em Corinto

Atos 18:1-11 relata a experiência de Paulo em Corinto, onde ele ficou por um ano e meio. Áquila e Priscila se tornaram amigos de Paulo pelo resto da vida (Rm 16:3; 2Tm 4:19). O relato sugere que eles já eram cristãos quando chegaram a Corinto, provavelmente por causa da deportação dos judeus de Roma pelo imperador Cláudio. O historiador romano Suetônio parece indicar que a deportação ocorreu devido a tumultos na comunidade judaica associados ao nome de “Cristo” (Claudius 25.4), o que talvez fosse resultado da pregação do evangelho pelos cristãos judeus daquela região. Portanto, não é impossível que Áquila e Priscila tivessem eles mesmos estado envolvidos em tais atividades. De qualquer maneira, além de compartilhar a mesma fé e a mesma origem judaica, Paulo e seus novos amigos também tinham a mesma profissão.

7. De acordo com Atos 18:4-17, qual foi o resultado das atividades missionárias de Paulo em Corinto?

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Quando Silas e Timóteo chegaram da Macedônia, trouxeram alguma contribuição financeira das igrejas de lá (2Co 11:8, 9), o que permitiu que Paulo se dedicasse inteiramente à pregação. A política de Paulo era viver com seus próprios recursos durante seu ministério, embora ele também ensinasse que os “que pregam o evangelho” deveriam viver “do evangelho” (1Co 9:14).

Apesar da forte oposição judaica à mensagem de Paulo, alguns judeus creram, assim como alguns gentios tementes a Deus. Entre os conversos estavam Crispo, líder da sinagoga, e toda a sua família. Muitos coríntios também creram e foram batizados. A situação entre os judeus, no entanto, era bastante tensa, como demonstra o episódio seguinte (At 18:12-17), e Paulo possivelmente planejasse deixar Corinto mais cedo. Em uma visão noturna, porém, ele recebeu encorajamento divino para permanecer ali (At 18:9-11).

Ao partir de volta para Antioquia, Paulo levou Áquila e Priscila consigo e os deixou em Éfeso, onde passou alguns dias antes de retomar a viagem. Enquanto esteve ali, teve a oportunidade de pregar na sinagoga judaica local, cuja resposta positiva o fez prometer que, se Deus quisesse, voltaria (At 18:18-21). Isso aconteceu em sua viagem seguinte.

Frustrado com a recepção de sua mensagem, Paulo precisou de encorajamento do Senhor em relação à salvação das pessoas em Corinto. Como as palavras de Deus a ele (At 18:10) podem nos animar quando sentimos algo semelhante ao que Paulo sentiu?


Sexta-feira, 31 de agosto
Ano Bíblico: Ez 11–13
Estudo adicional

Os que hoje ensinam verdades impopulares não devem ficar desanimados se por vezes encontram, mesmo por parte dos que se dizem cristãos, uma recepção desfavorável, como a que foi dada a Paulo e seus companheiros por aqueles por quem trabalharam” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 230).

“Se, nas cenas finais da história da Terra, aqueles a quem são proclamadas verdades decisivas seguissem o exemplo dos bereanos, examinando diariamente as Escrituras e comparando com a Palavra de Deus as mensagens a eles levadas, haveria hoje em dia grande número de pessoas leais aos preceitos da lei de Deus, onde agora existem relativamente poucas. […].

“Todos serão julgados de acordo com a luz que receberam. O Senhor envia Seus embaixadores com a mensagem de salvação; e Ele faz com que aqueles que a ouvem sejam responsáveis pelo modo como tratam as palavras de Seus servos. Os que procuram de forma sincera a verdade pesquisarão cuidadosamente, à luz da Palavra de Deus, as doutrinas apresentadas a eles” (Ibid., p. 232).

Perguntas para discussão

1. Discuta as implicações da seguinte declaração: “É necessário mais cuidadoso preparo dos que se apresentam candidatos ao batismo. […] Os princípios da vida cristã devem ser claramente explicados aos recém-­convertidos” (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, v. 6, p. 91).

2. Como demonstrar a mesma compreensão que Paulo tinha sobre as diferenças culturais e a mesma disposição de encontrar as pessoas onde elas estão, sem comprometer o evangelho e a nossa identidade?

3. Leia Atos 17:32-34. Quais lições extraímos das três respostas à mensagem de Paulo em Atenas? “(1) Alguns zombaram [...]. É possível tratar a vida com tal menosprezo, mas quem faz isso descobrirá que o que começou como uma comédia deve acabar em tragédia. (2) Alguns adiaram sua decisão. O dia mais perigoso de todos é quando um homem descobre quanto é fácil falar sobre o amanhã. (3) Alguns acreditaram. O sábio percebe que apenas o tolo rejeita a oferta de Deus” (William Barclay, The Acts of the Apostles, rev. ed. Philadelphia: Westminster, 1976, p. 133).

4. Paulo citou um escritor pagão (At 17:28) em seu argumento. Usar fontes como essa pode ser útil? Quais são os perigos de se fazer isso?

Respostas e atividades da semana: 1. Paulo circuncidou Timóteo para evitar conflitos com os judeus. Você abriria mão de algum direito, a exemplo de Timóteo, para evitar escândalos e facilitar o testemunho? 2. Foram adorar junto ao rio. Quem era Lídia? O que aconteceu com a jovem possessa de espírito de adivinhação e com Paulo? 3. B. 4. A. 5. Peça a participação dos alunos. 6. Faça uma lista dos pontos principais do discurso de Paulo e tire lições dele. 7. Houve conversões e perseguição. Comente com a classe.



Resumo da Lição 9
A segunda viagem missionária

TEXTO-CHAVE: Atos 20:24

O ALUNO DEVERÁ

Conhecer: O fato de que Paulo estava disposto a sacrificar a própria vida para espalhar o evangelho do reino de Deus.

Sentir: Perceber que Paulo descobriu o propósito de sua vida no serviço a Deus. Almejar que o Espírito coloque esse propósito em nosso coração.

Fazer: Seguir o chamado de Deus com energia e determinação, lembrando-se de Paulo quando precisar fazer sacrifícios que pareçam grandes demais.

ESBOÇO

I. Conhecer: Paulo nunca desistiu

A. A exemplo de Paulo, podemos estar certos do nosso chamado ao ministério, ainda que não tenhamos recebido visões como ele?

B. Se a maior parte do nosso ministério é exercida no local de trabalho, como podemos aplicar à nossa situação as estratégias do ministério mundial do apóstolo?

II. Sentir: Propósito singular

A. Por que é realista pensar que a felicidade pode ser encontrada na busca de uma vida como a de Paulo?

B. Como você explicaria a uma família não cristã que os sacrifícios pelo ministério valem a pena?

III. Fazer: Nenhum arrependimento

Paulo testemunhou aos efésios: “Estou limpo do sangue de todos; porque jamais deixei de vos anunciar todo o desígnio de Deus” (At 20:26, 27). De que maneira você pode dar um testemunho semelhante às pessoas que o conhecem?

Resumo: A terceira viagem missionária de Paulo foi repleta de obstáculos e presságios de futuras aflições, mas Paulo cumpriu com firmeza sua missão e expressou que nem mesmo a morte poderia impedi-lo de realizar sua tarefa.

Ciclo do aprendizado

Motivação

Focalizando as Escrituras: At 19:11-16, 23-28

Conceito-chave para o crescimento espiritual: Os inimigos do reino de Deus se manifestaram plenamente na última campanha missionária de Paulo. Apesar das forças seculares e espirituais colocadas em oposição a Paulo em Éfeso, a “palavra do Senhor” chegou até a Ásia (At 19:10). Dinheiro, magia, paganismo e política não puderam interromper a propagação do evangelho nem desanimar seu mensageiro, que estava pronto para entregar a vida “pelo nome do Senhor Jesus” (At 21:13).

Para o professor: A história missionária a seguir mostra que, mesmo em nossa época, Deus faz milagres, especialmente quando eles servem para minar a confiança das pessoas em magia ou em sistemas pagãos de adoração.

Discussão inicial: O falecido Bill Liversidge contou sobre sua experiência missionária em uma tribo não alcançada e perigosa, perto de Papua-Nova Guiné. Rúbem, um jovem e a única pessoa convertida ao cristianismo daquela tribo, acompanhou Bill à ilha durante a noite, mas eles rapidamente foram pegos pelos membros da tribo. A dupla foi autorizada a passar a noite ali, com a expectativa de que seriam expulsos da ilha na manhã seguinte. Depois de dormirem um pouco, eles ouviram um grito na selva: “Vocês, do sétimo dia, venham!” A tribo estava chamando Bill e Rúbem, os adventistas. Bill enviou Rúbem para descobrir o que estava acontecendo. Rúbem voltou e relatou que quase todos da ilha estavam reunidos na aldeia, pois o filho de 1 ano e meio de uma jovem estava com a “febre”, isto é, malária. Bill pensou de maneira realista: “Isso é comum”. No entanto, com uma taxa de mortalidade infantil de 70%, as crianças morriam o tempo todo em decorrência da malária. Mas Rúbem disse de maneira entusiasmada: “Normalmente, o feiticeiro já estaria lá com todas as suas magias e poções, mas essa mãe está chamando os dois cristãos que chegaram no meio da noite para que fossem e orassem ao seu Deus." Com entusiasmo, eles foram para a aldeia, percebendo que Deus tinha aberto uma porta. No entanto, suas esperanças de uma possível cura foram logo frustradas ao se aproximarem da multidão e ouvirem os prantos e lamentos. Era tarde demais. Um jovem “médico”, que trabalhava em uma clínica improvisada, informou que a criança havia morrido 20 minutos antes. Decepcionado e questionando Deus, Bill planejou oferecer suas condolências à mãe. Talvez Deus tivesse a intenção de que ele realizasse um funeral cristão. De repente, Rúbem se antecipou e gentilmente pegou o filho sem vida das mãos da mãe, segurando-o bem acima de seu corpo. Bill ficou estupefato. Toda a aldeia ficou em silêncio enquanto todos os olhares se fixavam em Rúbem. E então Rúbem fez uma coisa inesperada. Ele orou. “Papai, Tu tocas todos a quem concedes vida longa. Este menino pikinini, Tu kisim kambek.” [Tu és o Doador da vida. Tu também a tomaste de volta]. “Agora Papai, eu o levanto no alto, para que Tu sejas glorificado, kisimi kambek [traga a vida dele de volta]”. As duas pernas suspensas da criança começaram a se mover com vida. A mãe correu até seu filho que chorava e o contemplou com grande espanto. Como resultado, toda a ilha se tornou adventista do sétimo dia.

Pergunta para discussão

Em sua opinião, por que Deus trabalha miraculosamente em alguns casos e não em outros?

Compreensão

Para o professor: Assim como há 2.000 anos, a tríade “paganismo”, “magia” e “dinheiro” está presente hoje com frequência. Ao estudar o Comentário bíblico a seguir, aproveite esse fato para mostrar quanto a Bíblia permanece relevante.

Comentário bíblico

I. Milagres ou magia?

(Recapitule com a classe At 19:11-20.)

Infelizmente, é comum hoje encontrar muitos cursos religiosos que tentam persuasivamente convencer o leitor de que os milagres operados por meio de Pedro e Paulo não são diferentes dos realizados por outras tradições xamãs ou pagãs, e que, portanto, eles devem ser apropriadamente chamados de “magia”. Existem semelhanças: tanto os milagres divinos quanto a magia comunicam poder de um mundo invisível; ambos usam o toque ou as palavras para controlar as forças espirituais e produzir resultados extraordinários, como cura ou conhecimento especial, etc. Compreender as diferenças entre os verdadeiros milagres divinos e a magia beneficiará os cristãos envolvidos com culturas influenciadas por práticas espiritualistas e ocultistas.

O poder sobrenatural de cura que envolvia o ministério de Paulo se diferencia radicalmente das tentativas dos exorcistas judeus de manifestar poder. Não devemos deixar de compreender a diferença. O dom de cura de Paulo era tão poderoso que até os “lenços e aventais” (At 19:12) que tocavam sua pele podiam curar os doentes que recebiam esses artigos. Esses feitos extraordinários motivaram os judeus rivais a imitar Paulo. Eles tiveram um completo fracasso. Em consequência disso, foram insultados pelos demônios. Isso acabou dando um apoio involuntário a Paulo e à sua missão, fazendo com que “o nome do Senhor Jesus” fosse “engrandecido” (At 19:17). Além disso, o fato de que os próprios “cristãos” tinham queimado seus livros de magia mostrava que as práticas sincretistas em Éfeso também podiam ter contaminado os filhos do sumo sacerdote.

Esse relato de exorcismo demonstra o princípio mais fundamental do poder sobrenatural cristão, que se diferencia de todas as outras manifestações sobrenaturais. Em uma palavra, esse princípio seria intenção. Quando os exorcistas judeus invocaram o nome de “Jesus, a quem Paulo” pregava (At 19:13), sua vítima pode até ter sido libertada, mas apenas ao custo da subjugação dos próprios exorcistas pelos demônios. Os demônios haviam mantido o controle, e o nome de Jesus se mostrou impotente nesse incidente. Por quê? Porque a vida desses judeus curandeiros não estava em conformidade com o evangelho de Deus, mediante o exercício da fé no Senhor Jesus; portanto, suas intenções não estavam em harmonia com o reino messiânico que Paulo anunciava. Eles podiam falar de Jesus apenas indiretamente, isto é, como Aquele “a quem Paulo” pregava (At 19:13, ênfase do autor). Usado como amuleto ou forma de encantamento, o nome “Jesus” é insignificante.

As palavras de Pedro a Simão são relevantes nesse contexto. Simão, o ex-feiticeiro, embora batizado, ofereceu dinheiro para poder usar o Espírito Santo e foi repreendido severamente: “Não tens parte nem sorte neste ministério, porque o teu coração não é reto diante de Deus” (At 8:21). O coração, a intenção, o motivo – tudo exerce influência, quer Deus faça “milagres extraordinários por meio de Paulo” (At 19:11, NVI) quer de qualquer outra pessoa.

É preciso observar que nenhum dos pontos até agora negam a realidade de que o mal sobrenatural pode ser mediado pelo ser humano. Isso é possível. Mas a segurança do cristão se encontra na inquestionável autoridade de Deus e em Seu poder. Embora os mágicos do Faraó pudessem transformar varas em serpentes, não puderam impedir que elas fossem engolidas pela serpente de Deus (Êx 7:12). A “serpente” de Deus sempre vence.

Essas ocasiões revelam o evidente contraste entre as práticas de magia que apaziguam ou manipulam as forças espirituais e as práticas miraculosas da igreja do Novo Testamento como corpo de Cristo, exercendo seu ministério de cura, profecia e estabelecimento do reino de Deus.

Pense nisto: As filosofias da Nova Era ainda são populares no ocidente, onde Jesus é apenas mais um sábio, assim como tantas outras figuras religiosas. Como você explicaria a singularidade de Cristo e de Seu reino a um amigo que acredita na filosofia da Nova Era?

II. Dinheiro é importante

(Recapitule com a classe At 19:23-27.)

Curiosamente, o dinheiro muitas vezes contribui para interesses pagãos, e tanto Pedro quanto Paulo conheciam bem essa aliança profana. Até hoje, o dinheiro e o ocultismo estão ligados. Você já ouviu um adivinho oferecer serviços gratuitos? Em contrapartida, você já viu um cristão oferecer oração por dinheiro?

A narrativa do exorcismo termina com os efésios escolhendo Deus, não a magia nem o dinheiro, ao observarem uma coleção caríssima de livros de magia ser queimada (At 19:19, 20). Esse é um prenúncio da narrativa seguinte, em que os interesses econômicos e pagãos novamente entraram em confronto com o evangelho e seus representantes reagiram à ameaça cristã. Uma multidão foi reunida contra Paulo, mas ela fracassou, e o apóstolo prosseguiu para a Macedônia (At 19:21-20:1). Muitas vezes, esse relato é apropriadamente caracterizado como a história de um pagão egoísta que temia a perda de seu negócio de fabricação de ídolos. No entanto, outros pontos podem ser apresentados. É importante perceber que, em algumas circunstâncias, os que se convertem a Cristo devem sacrificar fontes de renda e, às vezes, mudar completamente sua carreira como resultado de sua fé. Especialmente como guardadores do sábado, diante desses desafios econômicos, devemos ter sensibilidade para orientar os que estão passando por essa transição e prover recursos para seu sustento.

Pense nisto: Em sua opinião, caso Paulo tivesse tido a chance de falar à multidão que gritou por duas horas: ”Grande é a Diana dos efésios!” (At 19:28), o que ele teria dito?

Aplicação

Para o professor: Em cada região, a magia e o paganismo têm diferentes influências culturais. Comente e adapte suas perguntas ao contexto de sua classe.

Perguntas para aplicação

1. Como você pode ajudar um amigo cristão que já participou de algum tipo de magia “cristã” ou foi iludido por falsos milagres?

2. Qual garantia você pode dar a alguém que teme o colapso financeiro após a conversão?

Criatividade

Para o professor: Testemunhos podem ser uma bênção ou um constrangimento, caso alguém não tenha sabedoria para escolher o relato adequado ao momento da Escola Sabatina. Para não comprometer o estudo dos textos bíblicos durante a classe, use no máximo cinco minutos para esta atividade. Conduza a discussão de maneira cortês, a fim de que ela se mantenha apropriada e dentro dos limites do tempo.

Atividade

Muitos podem testemunhar de uma experiência sobrenatural envolvendo Deus ou o diabo. Compartilhe uma história breve e edificante a respeito do poder de Deus sobre o mal.


O garoto evangelista

Bumchin, aluno do oitavo ano, queria ir à igreja quando a família se mudou para uma cidade montanhosa no interior da Mongólia. Mas, essa nova cidade não tinha igreja adventista. Muitos dos dez mil habitantes eram budistas, assim como seus pais. Bumchin encontrou uma igreja cristã que realizava os cultos aos domingos, na casa de sua nova professora de matemática, mas ele receava ir à casa da professora. “Sou péssimo em matemática, por isso hesitei em ir”, ele diz.

Na Mongólia, poucas pessoas conhecem a igreja adventista, mas Bumchin conhece muito bem. Ele frequentava a igreja na cidade com um parente adventista. Então, o pastor o levou para um encontro de jovens adventistas na capital do país, Ulaanbaatar. Ele percebeu a necessidade de missionários na Mongólia. Mudar de cidade o fez pensar na possibilidade de ser missionário.

Enquanto Bumchin refletia no que deveria fazer, começou a subir uma montanha perto de sua casa todas as manhãs. No topo da montanha, Bumchin cantava canções cristãs e orava pedindo a orientação de Deus.

“Por favor, Deus, use-me”, ele orou.

Igreja reanimada

Certa manhã, após a oração, desceu a montanha e foi direto para a igreja dominical. Ali, sentiu-se pouco à vontade quando entrou e viu que era o único garoto entre 20 adultos reunidos. Mas ele logo esqueceu seu desconforto enquanto ouvia as conversas dos adultos. A igreja estava prestes a fechar para sempre.

“Esta é a última reunião da nossa igreja”, disse um membro da igreja.

“Por que continuar com tão poucos membros?”, disse outro.

Todos estavam desanimados, pois muitas pessoas deixaram de frequentar a igreja. Bumchin se levantou, abriu a Bíblia em 1 Coríntios 15:58 e leu: “Portanto, meus amados irmãos, mantenham-se firmes, e que nada os abale. Sejam sempre dedicados à obra do Senhor.” Em seguida, deu um estudo bíblico de como os cristãos não devem perder a esperança. Os membros da igreja ouviram atentamente enquanto o menino falava e, ao terminar, exclamaram:

“Este não é mais o nosso último encontro! Esta será a nossa primeira reunião à

medida que começarmos de novo!”

Poucos dias depois, vários membros começaram a participar do momento de oração dirigido por Bumchin. Ele contatou o pastor de sua igreja adventista anterior e o convidou para falar sobre as doutrinas adventistas na igreja dominical. O pastor concordou se Bumchin o ajudasse e os dois apresentavam a Bíblia uma vez por mês durante os próximos seis meses.

“Eu não tentei convencer os membros da igreja a se tornarem adventistas”, Bumchin disse.

“Simplesmente participei do culto e da oração”.

Mas ele mudou sua oração no topo da montanha. Em vez de pedir que Deus o usasse, ele orou: “Por favor, usa-me para transformar os membros da igreja em adventistas”. O número de membros da igreja cresceu para 27 e os colegas de classe de Bumchin também começaram a frequentar os cultos.

Missão global

No fim do ano, todos os 27 membros da igreja visitaram a igreja do pastor adventista para orar com os irmãos em um programa especial de Natal. Ao voltarem para casa, decidiram por unanimidade transformar aquela igreja em uma igreja adventista. Foi a única vez que toda uma igreja foi convertida na história de 27 anos da Igreja Adventista na Mongólia. Quando Bumchin se mudou para Ulaanbaatar, a nova igreja estava com 40 membros.

Mas Bumchin, agora com 27 anos, não deixa de plantar igrejas. Hoje, ele é um pioneiro da Missão Global e líder da única igreja com Desbravadores da Mongólia, que ele e sua esposa abriram em 2012 na própria casa, um tradicional yurt da Mongólia. Aos sábados, a Igreja Adventista do Sétimo Dia de Khutul tem frequência média de 60 pessoas, incluindo 45 desbravadores. A Igreja Adventista na Mongólia reconheceu como uma igreja oficial em março de 2017 e seus primeiros 10 batismos ocorreram em junho de 2017.

A professora do oitavo ano de Bumchin ainda leciona matemática. Mas agora mora em Ulaanbaatar e ensina na Escola Tusgal, a única escola adventista na Mongólia e que recebeu parte da oferta do trimestre em 2015. Quais serão os planos de Bumchin? “Quero construir igrejas por toda a Mongólia!”, disse ele, animado.

Assista a um vídeo sobre Bumchin Erdenebat, no link bit.ly/eighth-grader-convertschurch

Conhecendo a Mongólia

• A casa tradicional da Mongólia é conhecida como “ger”, mais conhecida no Ocidente pelo termo russo “yurt”. O ger é uma estrutura semelhante a uma tenda feita de madeira coberta de feltro; Os materiais são muito leves para não dificultar o transporte.

• A Mongólia é conhecida como a "Terra dos Cavaleiros", porque o número de cavalos e éguas supera o de pessoas. São usados no transporte e também para obtenção de leite a carne.

• O trabalho adventista na Mongólia foi iniciado em 1926 por missionários russos. As primeiras publicações adventistas em mongol consistiam em um hino, mimeografado na imprensa da Missão Russa em Harbin, Manchuria; e, algum tempo depois, quatro folhetos.


Comentário da Lição da Escola Sabatina – 3º Trimestre de 2018

Tema Geral: O livro de Atos dos Apóstolos

Lição 9: 25 de Agosto a 1º de Setembro

A segunda viagem missionária

Autor: Wilson Paroschi
Professor de Novo Testamento
Southern Adventist University
Collegedale, TN, EUA

Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
Revisora: Josiéli Nóbrega

Esboço da lição da semana

I. O desentendimento entre Paulo e Barnabé (At 15:36-41)

II. De volta à Galácia (At 16:1-5)

III. Paulo em Macedônia (At 16:6–17:14)

IV. Paulo em Atenas e Corinto (At 17:15–18:22)

I. O desentendimento entre Paulo e Barnabé (At 15:36-41)

A leitura da carta de Jerusalém com a decisão do concílio a respeito dos gentios (At 15:22-29) trouxe um enorme conforto e regozijo aos crentes de Antioquia (v. 31). A decisão não só validava, por assim dizer, a conversão dos gentios locais como também representava um incentivo para que Paulo continuasse com suas viagens missionárias. Foi nesse contexto que o apóstolo convidou Barnabé a visitar os irmãos por eles batizados em sua primeira viagem juntos (v. 36). Isso demonstra a preocupação de Paulo com os novos conversos.

Na primeira viagem, João Marcos, primo de Barnabé (Cl 4:10), havia acompanhado os missionários na primeira parte da viagem, mas logo desistiu e voltou para Jerusalém (At 13:13). Como Barnabé quisesse outra vez levar o primo, Paulo não julgou “justo levarem aquele que se havia afastado desde a Panfília, não os acompanhando no trabalho” (15:38), e por isso eles se desentenderam a ponto de se separarem (v. 39). Paulo talvez tenha sido duro demais com o jovem, mas, alguns anos mais tarde, ele parece ter se reconciliado com Marcos, chegando a declarar que ele lhe era útil ao ministério (2Tm 4:11). Deus nos dá inúmeras chances. O que isso nos ensina sobre como deveríamos agir em relação aos outros?

A separação entre Paulo e Barnabé produziu pelo menos um resultado positivo: eles duplicaram os esforços. Barnabé, acompanhado de Marcos, foi para Chipre, o primeiro destino da viagem anterior (At 15:39), ao passo que Paulo foi para as regiões da Síria e Cilícia (v. 41), convidando Silas para que fosse com ele (v. 40). A passagem pela Cilícia parece ter sido rápida e serviu para que Paulo visitasse os crentes que ele havia deixado nos seis anos em que ali estivera desde que fugiu de Jerusalém (9:30) até que Barnabé o convidou para trabalharem juntos em Antioquia (11:25, 26).

II. De volta à Galácia (At 16:1-5)

O primeiro episódio mencionado por Lucas nessa segunda viagem foi em Listra, uma das cidades da Galácia. Ali, Paulo conheceu um jovem cristão chamado Timóteo, muito apreciado por sua fé e dedicação, e o convidou para que se juntasse a ele (At 16:1-3). A circuncisão de Timóteo pode parecer condencendência do apóstolo e uma negação do próprio evangelho que pregava, mas a verdade é que, sendo filho de mãe judia, Timóteo era judeu e, portanto, deveria ser cincuncidado para que sua presença não escandalizasse os judeus das sinagogas por onde o grupo passaria. Um judeu incircunciso seria expulso da sinagoga e tratado como traidor.

A razão pela qual Timóteo não havia sido cincuncidado quando criança foi o fato de que seu pai era grego (v. 3). Na cultura greco-romana, a circuncisão era vista com repúdio, uma mutilação do que consideravam uma forma perfeita. Foi por esse motivo que muitos gentios frequentavam as sinagogas, adoravam o Deus de Israel, mas sem chegarem ao ponto da circuncisão. Cornélio foi um desses (10:1, 2). Paulo rejeitava a circuncisão como pré-requisito para a salvação (Rm 3:28-29; 4:9-12; Gl 5:2, 3, 11), mas não via problemas em aceitá-la por razões práticas, para que não fosse um impedimento à pregação do evangelho entre os judeus. O que podemos negociar e o que não podemos negociar ao tentar converter outras pessoas?

III. Paulo na Macedônia (At 16:6–17:14)

Uma vez na Galácia, Paulo faz planos de visitar lugares novos, como a Ásia (At 16:6) e a Bitínia (v. 7), mas foi induzido pelo Espírito a seguir em outra direção (v. 8). Às vezes, podemos fazer planos e pensar que estamos fazendo a coisa certa, mas os propósitos de Deus podem ser outros. Até que ponto estamos dispostos a permitir que Ele nos guie e que a vontade Dele se cumpra em nossa vida?

Em Trôade, numa visão noturna (v. 9), Deus orientou Paulo e sua equipe a seguir até a Macedônia, que ficava ao noroeste, do outro lado do Mar Egeu (v. 10). E foi assim que o apóstolo chegou ao que hoje é a Europa.

1. Filipos (At 16:6-40)

Na Macedônia, a primeira parada mais importante do apóstolo foi em Filipos, onde ele, seus auxiliares e um pequeno grupo de fiéis foram num sábado à beira de um rio para adorar (v. 13). Ouvimos, às vezes, que Paulo ia aos sábados às sinagogas por razões puramente evangelísticas, mas esse episódio em Filipos demonstra que a aparente falta de uma sinagoga na cidade não impediu o apóstolo de, no sábado, procurar um lugar tranquilo para que pudesse adorar a Deus.

Também em Filipos, temos a conhecida história da conversão do carcereiro (At 16:27-34). Àqueles que defendem a ideia de que basta crer em Jesus para ser batizado, convém lembrar que o relato de Lucas é breve demais para se estabelecer qualquer conclusão definitiva. E se o carcereiro também fosse um judeu, um prosélito (gentio convertido ao judaísmo), ou um temente a Deus (como no caso de Cornélio)? Só lhe faltaria mesmo aceitar Jesus como Salvador pessoal. E se ele, de alguma forma, já houvesse sido alcançado pela pregação de Paulo ali? Note que, quando isso aconteceu, Paulo já estava em Filipos havia algum tempo (v. 18). Interessados na fé devem ser devidamente instruídos para que o batismo não seja banalizado, o nome de Deus desonrado e a igreja enfraquecida pelo ingresso de pessoas despreparadas e incapazes de viver à altura do chamado divino.

2. Tessalônia e Bereia (At 17:1-14)

Em seguida, Paulo foi a Tessalônica, cidade mais importante da Macedônia. Depois de algumas semanas de trabalho (At 17:2), muitos judeus rejeitaram sua pregação e se opuseram a ele de tal modo que ele foi forçado a seguir para Bereia (v. 5-9). Em Bereia, a reação inicial foi muito positiva (v. 11, 12), mas o fim da história não foi muito diferente da de Tessalônica (v. 13, 14). A disposição dos bereanos de avaliar pelas Escrituras a mensagem de Paulo é digna de louvor e imitação (v. 11), mas nem isso importa se essa atitude não for acompanhada da decisão de aceitar a graça de Deus.

IV. Paulo em Atenas e Corinto (At 17:15–18:22)

Tendo deixado Bereia às pressas, Paulo se dirigiu a Atenas, na província da Acaia, ao sul da Macedônia (At 17:15).

1. Atenas (At 17:15-34)

Uma vez em Atenas, berço da cultura e um dos centros da religião grega, Paulo se mostrou tão inconformado com o paganismo reinante que decidiu manter dois pontos de pregação, por assim dizer: aos sábados, na sinagoga local, e os demais dias em praça pública.

Sua mensagem chamou a atenção de alguns nobres da cidade e Paulo foi convidado a falar no Areópago, o principal conselho da cidade. Ali, o apóstolo teve que adotar uma estratégia diferente. Em vez de usar as Escrituras hebraicas, como fazia nas sinagogas, ele falou do verdadeiro conhecimento de Deus de uma forma um pouco mais filosófica (v. 22-31). Mesmo assim, sua mensagem quase não surtiu efeito. Poucos foram os que se mostraram interessados em saber mais acerca do assunto (v. 32-34). Os membros do conselho eram pessoas estudadas, da aristocracia ateniense, e bastante secularizadas. Tais pessoas são sempre mais difíceis de alcançar. Como regra, são mais céticas e autossuficientes. Mas, mesmo assim, precisam ouvir o evangelho. Como testemunhas de Jesus, não devemos ir somente aonde teremos melhores resultados. Deus não faz acepção de pessoas (At 10:34, 35).

2. Corinto (At 18:1-22)

Corinto era um dos mais importantes centros pagãos do mundo mediterrâneo, com muitos templos dedicados a deuses e cultos os mais variados. Na antiguidade, o paganismo estava em todos os aspectos da vida. A religião permeava todas as atividades, desde simples refeições, que eram com frequência dedicadas a deuses pagãos, a festividades e até os jogos olímpicos. E junto com o paganismo vinha a imoralidade. Muitos cultos antigos eram dedicados à fertilidade, cujos rituais envolviam orgias sexuais com prostitutas que atuavam como uma espécie de sacerdotisas sagradas. Os desafios de Paulo ali eram enormes, e por isso ele ficou em Corinto por um ano e meio (At 18:11), mais tempo que em qualquer outra cidade até então.

E para tornar as coisas ainda mais difíceis, Paulo teve a oposição dos judeus locais, que denunciaram as atividades do apóstolo às autoridades locais como sendo contrárias à lei (v. 12, 13). Mas, em Corinto, Paulo fundou uma de suas principais igrejas, apesar de seus muitos problemas, como pode ser visto em suas cartas a essa igreja (1–2 Coríntios). Como vimos, não era fácil tornar um pagão num cristão fiel. Deus, porém, é poderoso e não devemos recuar diante de desafios assim.

Conclusão

Pontos a ser enfatizados em classe:

– A controvérsia entre Paulo e Barnabé como evidência da dureza do coração humano.

– A duplicação dos esforços missionários de ambos. Deus pode usar mesmo nossos erros para alcançar Seus propósitos soberanos, embora isso não nos isente da nossa responsabilidade.

– A necessidade de nos submetermos à guia do Espírito, como aconteceu com Paulo.

– A resistência dos judeus ao evangelho e sua aceitação pelos gentios.

– O uso de diferentes estratégias, como em Atenas, para alcançar grupos diferentes.

– A necessidade de testemunhar e pregar mesmo quando os resultados não são aqueles que esperamos.

Autor do Comentário: Wilson Paroschi ensinou na Faculdade de Teologia do Unasp, Engenheiro Coelho, por mais de trinta anos. Desde janeiro deste ano, é professor de Novo Testamento na Southern Adventist University, em Collegedale, Tennessee, Estados Unidos. Ele é PhD em Novo Testamento pela Andrews University (2004) e realizou estudos de pós-doutorado na Universidade de Heidelberg, na Alemanha (2011).