Lição 1
28 de março a 03 de abril
A singularidade da Bíblia
Sábado à tarde
Ano Bíblico: 1Sm 17-19
Verso para memorizar: “Lâmpada para os meus pés é a Tua Palavra e, luz para os meus caminhos” (Sl 119:105).
Leituras da semana: Dt 32:45-47; Gn 49:8-12; Is 53:3-7; 1Co 15:3-5, 51-55; Rm 12:2

Composta de 66 livros e escrita ao longo de 1.500 anos em três continentes (Ásia, África e Europa), por mais de quarenta autores, a Bíblia é singular. Não há outro livro, sagrado ou religioso, como as Escrituras. E não é de admirar, pois ela é a Palavra de Deus.

Há mais de 24.600 manuscritos do Novo Testamento sobreviventes dos primeiros quatro séculos depois de Cristo. Dos manuscritos originais de Platão, existem sete; dos de Heródoto, oito, e a Ilíada, de Homero, tem um pouco mais: 263 cópias. Portanto, há poderosas evidências confirmando a integridade do texto do Novo Testamento.

A Bíblia foi o primeiro livro a ser traduzido, o primeiro publicado na imprensa no Ocidente e o primeiro a ser distribuído em tantas línguas a ponto de poder ser lido por 95% da população da Terra hoje.

Ela é singular em seu conteúdo e mensagem, que se concentram nas ações redentivas do Criador ao longo dos séculos. A História está entrelaçada com a profecia, pois esta prediz o futuro dos planos de Deus e Seu reino. A Bíblia é a Palavra viva do Senhor, visto que o mesmo Espírito mediante o qual a Escritura foi inspirada (2Tm 3:16, 17) é prometido aos cristãos para guiá-los a toda a verdade bíblica (Jo 14:16, 17; Jo 15:26; Jo 16:13).



Domingo, 29 de março
Ano Bíblico: 1Sm 20-23
A Palavra viva de Deus

Muitas vezes, as palavras mais importantes são as últimas que uma pessoa pronuncia. Moisés, o escritor dos cinco primeiros livros fundamentais da Bíblia, entoou um cântico para o povo pouco antes de sua morte (Dt 31:30–32:43).

1. Leia Deuteronômio 32:45-47. Como Moisés descreveu a Palavra de Deus e seu poder na vida dos hebreus prestes a entrar na Terra Prometida? Assinale a alternativa correta:

A. (  ) Como algo útil e que prolonga a vida dos filhos de Deus.
B. (  ) Como algo dispensável, pois foi escrita apenas para o povo hebreu.

Entre as últimas palavras de Moisés está uma forte exortação. Ao ordenar que aplicassem o coração a todas as palavras que Deus lhes havia falado por seu intermédio, Moisés desejava enfatizar que o foco dos israelitas deveria permanecer em Deus e em Sua vontade para a vida deles. Ao ensinar essas palavras aos seus filhos, cada geração havia transmitido o divino plano de salvação da aliança. Eles não deveriam escolher as palavras, mas obedecer a “todas as palavras desta lei” (Dt 32:46).

No final da História da Terra, Deus terá um povo que permanecerá fiel a todas as Escrituras, o que significa guardar os mandamentos de Deus e ter a fé de Jesus (Ap 12:17; 14:12). Esse povo permanecerá fiel ao ensino da Bíblia, pois ela não apenas garante uma vida mais abundante na Terra, mas um destino eterno no lar que Jesus preparou para nós (Jo 14:1-3).

2. Leia João 1:1-5, 14; João 14:6. O que esses textos nos ensinam sobre Jesus e a vida eterna? Como o Verbo encarnado Se relaciona com a revelação e inspiração das Escrituras?

_______________________________________

Jesus é o foco e objetivo de todas as Escrituras. Sua encarnação como Messias foi um cumprimento das promessas do Antigo Testamento. Visto que Ele viveu, morreu e reviveu, temos não apenas a confirmação das Escrituras, mas, melhor ainda, a grande promessa de vida eterna em uma existência totalmente nova.

Leia novamente Deuteronômio 32:47. Em sua experiência, por que a obediência à Palavra de Deus não é vã? Por que a fé em Deus e a lealdade às Escrituras nunca são inúteis?

Ao longo do dia, eleve seus pensamentos a Deus em oração.

Segunda-feira, 30 de março
Ano Bíblico: 1Sm 24-27
Quem escreveu a Bíblia e onde ela foi escrita?

A variedade de autores bíblicos, que viveram em diferentes locais e tiveram históricos diversos, apresenta um testemunho singular de que Deus trabalha para comunicar a História e a Sua mensagem a pessoas tão culturalmente distintas quanto o público-alvo da Sua Palavra.

3. O que os seguintes textos revelam sobre os escritores bíblicos e suas origens? Êx 2:10; Am 7:14; Jr 1:1-6; Dn 6:1-5; Mt 9:9; Fp 3:3-6; Ap 1:9

________________________________________

A Bíblia foi escrita por pessoas de origens muito diferentes e em várias circunstâncias. Alguns escreveram em palácios, outros em prisões, alguns no exílio e outros ainda durante suas viagens missionárias para compartilhar o evangelho. Esses homens tinham formações e ocupações diferentes. Alguns, como Moisés, estavam destinados a ser reis ou, como Daniel, a ocupar altos cargos. Outros eram simples pastores. Alguns eram muito jovens, e outros, muito idosos. Apesar dessas diferenças, todos eles tinham algo em comum: foram chamados por Deus e inspirados pelo ­Espírito Santo para escrever mensagens ao Seu povo, não importando quando nem onde viveram.

Além disso, alguns escritores foram testemunhas oculares dos eventos que relataram. Outros fizeram investigação pessoal dos eventos ou usaram cuidadosamente documentos existentes (Js 10:13; Lc 1:1-3). Todas as partes da Bíblia são inspiradas (2Tm 3:16). Essa é a razão pela qual Paulo afirmou que “tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, [...] pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança” (Rm 15:4). O Deus que criou a linguagem humana habilitou pessoas escolhidas a comunicar o pensamento inspirado de maneira fidedigna e confiável em palavras humanas.

“Foi do agrado de Deus comunicar Sua verdade ao mundo mediante instrumentos humanos, e Ele próprio, por Seu Santo Espírito, habilitou e autorizou homens a fazer Sua obra. Ele guiou a mente na escolha do que dizer e do que escrever. O tesouro foi confiado a vasos de barro, todavia não é por isso menos do Céu” (Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 26).

A Bíblia foi escrita por diversos autores, em contextos diferentes, e ainda assim Deus é revelado por todos eles. Como esse incrível fato confirma a veracidade das Escrituras?


Terça-feira, 31 de março
Ano Bíblico: 1Sm 28-31
A Bíblia como profecia

A Bíblia é singular entre outras obras religiosas conhecidas porque até 30% de seu conteúdo é composto por profecias e literatura profética. A integração da profecia e seu cumprimento no tempo é fundamental para a cosmovisão bíblica, pois o Deus que atua na História também conhece o futuro e o revelou a Seus profetas (Am 3:7). A Bíblia não é apenas a Palavra viva, ou a Palavra histórica, ela é a Palavra profética.

4. Leia os textos a seguir. Quais detalhes são revelados sobre a vinda do Messias?

Gn 49:8-12 __________________________

Sl 22:12-18 __________________________

Is 53:3-7 ___________________________

Dn 9:2-27 ___________________________

Mq 5:2 _____________________________

Ml 3:1 _____________________________

Zc 9:9 _____________________________

Há pelo menos 65 predições messiânicas diretas no Antigo Testamento. Além dessas, há muitas outras se acrescentarmos a tipologia (o estudo de como os rituais do Antigo Testamento, tais como os sacrifícios, eram pequenas profecias sobre Jesus). Essas profecias se referem a detalhes específicos. Por exemplo: “O cetro não se arredará de Judá” (Gn 49:10); Jesus nasceria em Belém, em Judá (Mq 5:2); Ele seria “desprezado e o mais rejeitado entre os homens”; espancado, falsamente acusado, mas não abriria a boca para Se defender (Is 53:3-7); Suas mãos e pés seriam perfurados; Suas vestes seriam divididas (Sl 22:12-18).

O fato de que essas profecias do Antigo Testamento foram cumpridas com tanta precisão na vida, morte e ressurreição de Cristo comprova a inspiração e revelação divinas da Palavra. Também indica que Jesus era quem Ele dizia ser e quem os outros diziam que Ele era. O Salvador seguiu os profetas antigos ao predizer Sua morte e ressurreição (Lc 9:21, 22;
Mt 17:22, 23), a queda de Jerusalém (Mt 24:1, 2) e Sua segunda vinda
(Jo 14:1-3). Portanto, a encarnação, a morte e a ressurreição foram preditas pela Bíblia, e o cumprimento delas garante sua confiabilidade.

Quais são as razões para nossa crença em Jesus e em Sua morte por nós? Comente com a classe e faça a pergunta: por que as evidências são tão convincentes?

Ao Senhor pertence tudo o que temos e somos. Nossa fidelidade é um reconhecimento disso.

Quarta-feira, 01 de abril
Ano Bíblico: 2Sm 1-4
A Bíblia como História

A Bíblia é singular quando comparada a outros livros “sagrados” porque é constituída na História. Isso significa que a Bíblia não apresenta meramente os pensamentos filosóficos de um ser humano (como Confúcio ou Buda), mas registra as ações de Deus na História à medida que elas se desenvolvem em direção a objetivos: 1) a promessa de um Messias; e 2) a segunda vinda de Jesus. Essa progressão é singular à fé judaicocristã, em contraste com a visão cíclica de muitas outras religiões mundiais desde o Egito antigo às religiões orientais modernas.

5. Leia 1 Coríntios 15:3-5, 51-55; Romanos 8:11 e 1 Tessalonicenses 4:14. O que essas passagens ensinam sobre a verdade histórica da ressurreição de Cristo e a respeito de seu significado pessoal para nós? Assinale a alternativa correta:

A.(  ) A ressurreição de Jesus não nos afeta pessoalmente.

B.(  ) Sua ressurreição nos dá a possibilidade de também ressuscitar.

O testemunho dos quatro evangelhos e de Paulo é que Jesus morreu, foi sepultado, ressuscitou dos mortos e apareceu a várias pessoas. Isso foi confirmado por testemunhas oculares que O colocaram no túmulo e posteriormente não O encontraram ali. Testemunhas tocaram Jesus, e Ele partilhou refeição com elas. Maria Madalena, Maria (a mãe de Jesus) e outras mulheres O viram como o Cristo ressuscitado. Os discípulos falaram com Ele na estrada para Emaús. Cristo apareceu a eles para apresentar a grande comissão do evangelho. Paulo escreveu que, se o testemunho das Escrituras é rejeitado, nossa pregação e fé são vãs (1Co 15:14). Outras traduções dizem “inútil” (NVI; NVT). Os discípulos declararam: “O Senhor ressuscitou” (Lc 24:34). O termo grego ontos se refere a algo que realmente aconteceu. É traduzido como “realmente”, “certamente” ou “de fato”. Os discípulos testificaram: “ressuscitou, verdadeiramente, o Senhor” (ARC).

Cristo também é representado como “as primícias” (1Co 15:20) de todos os que morreram. O fato histórico de que Ele ressuscitou dos mortos e ainda vive é a garantia de que os mortos também ressuscitarão. Todos os justos “serão vivificados em Cristo” (1Co 15:22). O termo aqui implica um ato futuro de criação, quando “os que são de Cristo”, ou permanecerem fiéis a Ele, serão ressuscitados “na Sua vinda” (1Co 15:23), “ao ressoar da última trombeta” (1Co 15:52).

Por que a promessa da ressurreição é tão central à nossa fé, especialmente pelo fato de que os mortos estão dormindo? Sem ela, por que a nossa fé seria, de fato, “inútil”?


Quinta-feira, 02 de abril
Ano Bíblico: 2Sm 5-7
O poder transformador da Palavra

6. Leia 2 Reis 22:3-20. Por que o rei Josias rasgou as vestes? Como sua descoberta mudou não somente ele, mas toda a nação de Judá? Assinale “V” para verdadeiro ou “F” para falso:

A. (  ) Por causa da morte de seu filho. Depois disso, Judá prosperou.
B. (  ) Porque a leitura do livro da Lei mudou a sorte dele a de sua nação.

Em 621 a.C., quando Josias tinha cerca de 25 anos, Hilquias, o sumo sacerdote, descobriu “o livro da Lei”, que pode ter sido os cinco primeiros livros de Moisés ou, especificamente, o livro de Deuteronômio. Durante o reinado de seu pai, Amom, e de seu avô mais perverso, Manassés, esse livro havia se perdido em meio à adoração a Baal, Astarote e “todo o exército dos céus” (2Rs 21:3-9). Ao ouvir as condições da aliança, Josias rasgou as vestes em absoluta aflição, pois percebeu o quanto ele e seu povo se haviam distanciado da adoração ao verdadeiro Deus. O rei, então, começou uma reforma em todo o país, derrubando os lugares altos em que era praticada a idolatria e destruindo imagens de deuses estrangeiros. Terminada a reforma, havia apenas um lugar para adorar em Judá: o templo de Deus em Jerusalém. A descoberta da Palavra de Deus leva à convicção do pecado, ao arrependimento e ao poder para mudar. Essa mudança começou com Josias e, por fim, espalhou-se para o restante de Judá.

7. Como a Bíblia nos assegura que tem o poder para mudar nossa vida e nos mostrar o caminho para a salvação? Jo 16:13; 17:17; Hb 4:12; Rm 12:2

_____________________________________

Um dos mais poderosos testemunhos do poder da Bíblia é uma vida transformada. É a Palavra que entra em nossa mente, mostrando o pecado e depravação humanos e revelando nossa verdadeira natureza e a necessidade de um Salvador.

Um livro singular como a Bíblia, constituído na História, imbuído de profecias e com o poder para transformar a vida também deve ser interpretado de maneira singular. Não pode ser explicado como outros livros, pois a Palavra viva de Deus deve ser entendida à luz de um Cristo vivo, que prometeu enviar Seu Espírito para nos conduzir “a toda a verdade” (Jo 16:13). A Bíblia, então, como revelação da verdade de Deus, deve conter seus próprios princípios internos de interpretação. Esses princípios podem ser encontrados no estudo de como seus escritores a utilizaram e foram guiados por ela, quando permitiram que ela interpretasse a si mesma.



Sexta-feira, 03 de abril
Ano Bíblico: 2Sm 8-10
Estudo adicional

Textos de Ellen G. White: O Grande Conflito, p. 593-602 (“Nossa Única Salvaguarda”); O Desejado de Todas as Nações, p. 662-680 (“Não se Turbe o Vosso Coração”).

“Em Sua Palavra, Deus conferiu aos homens o conhecimento necessário para a salvação. As Santas Escrituras devem ser aceitas como revelação autorizada e infalível de Sua vontade. Elas são a norma do caráter, o revelador das doutrinas, a pedra de toque da experiência  religiosa” (Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 9).

Muitos morreram por defender e permanecer fiéis à Palavra. O Dr. Rowland Taylor, inglês, ministro de paróquia, resistiu à imposição da missa católica durante o reinado de Maria Sanguinária (1553 a 1558) em sua paróquia de Hadley, na Inglaterra. Depois de ser expulso da igreja e ridicularizado por sua adesão às Escrituras, ele apelou pessoalmente ao bispo de Winchester, o Lorde Chanceler da Inglaterra, mas este o mandou para a prisão e, por fim, o enviou para a fogueira. Pouco antes de sua morte, em 1555, ele disse: 

“Bom povo! Eu lhes ensinei apenas a santa Palavra de Deus e as lições que tirei de Seu livro abençoado, a Bíblia Sagrada. Eu vim aqui neste dia para selá-la com meu sangue” (John Foxe, The New Foxe’s Book of Martyrs [O Novo Livro dos Mártires de Foxe], reescrito e atualizado por Harold J. Chadwick. North Brunswick, Nova Jersey: Bridge-Logos Publishers, 1997, p. 193). O Dr. Taylor foi ouvido repetindo o Salmo 51 pouco antes de morrer. 

Perguntas para consideração

1. As profecias cumpridas confirmam a origem divina da Bíblia? Elas fortalecem nossa fé?
2. Por que é tão poderosa a evidência de Jesus como o Messias?
3. Jesus e os apóstolos demonstraram fé inabalável na fidedignidade e autoridade divinas da Palavra. Muitas vezes Jesus Se referiu às Escrituras e disse que elas deviam ser “cumpridas” (Mt 26:54, 56; Mc 14:49; Lc 4:21; Jo 13:18; Jo 17:12). Assim, se Cristo levou tão a sério as Escrituras (no Seu caso, o Antigo Testamento), especialmente em termos de profecias sendo cumpridas, qual deveria ser a nossa atitude diante da Bíblia?

Respostas e atividades da semana: 1. A. 2. Jesus Cristo é a vida eterna. Ele é o Verbo encarnado e foi o responsável pela criação de todas as coisas, inclusive pela revelação de Deus nas Escrituras. 3. Os escritores da Bíblia tiveram origens diferentes, e as circunstâncias de seu chamado também foram distintas. 4. Gênesis 49:8-12: o Messias viria como leão; o cetro não se apartaria de Judá; Salmo 22:12-18 e Isaías 53:3-7: o Messias seria cercado por malfeitores; Seus pés e mãos seriam traspassados; lançariam sortes sobre Suas vestes; Daniel 9:2-27: ocorreria a vinda e a morte do Ungido, quando o sacrifício diário seria cessado. Miqueias 5:2: o Messias viria de Belém-Efrata. Malaquias 3:1: o Messias viria como o Anjo da Aliança; Zacarias 9:9: o Messias Se manifestaria como Rei, montado em um jumentinho. 5. B. 6. F; V. 7. O Espírito da verdade inspirou a Bíblia e usa a Palavra para nos transformar.



Resumo da Lição 1
A singularidade da Bíblia

Textos-chave: Dt 32:45-47; Gn 49:8-12; Is 53:3-7; 1Co 15:3-5, 51-55; Rm 12:2

ESBOÇO

Neste mundo com sobrecarga de mídia, somos cada vez mais bombardeados por ideias que competem pela nossa atenção e ditam as últimas tendências para guiar nossa vida. Neste ambiente de superestimulação, tornou-se mais difícil reservar a hora tranquila para estudar a Palavra de Deus. Alguns podem até se perguntar se a Bíblia ainda é relevante no mundo acelerado de hoje. Precisamos recordar esta ordem: “sabei que Eu Sou Deus” (Sl 46:10) como uma forma de nos ajudar a reconhecer que a Bíblia ainda é o maior presente de Deus para comunicar Seu plano da redenção. Não há outro livro como esse em nenhum lugar do mundo.

Vários aspectos importantes tornam a Bíblia única quando comparada a outros livros religiosos. Quatro elementos, em particular, destacam-se em forte contraste com pensamentos filosóficos e esotéricos como os de Confúcio, do Alcorão e dos escritos sagrados hindus: (1) a Bíblia é composta de até 30% de profecia e literatura profética; (2) é fundamentada na história, isto é, fala de um Deus que atua na história; (3) seus eventos estão dispostos em uma dimensão espacial de locais geográficos reais; e (4) ela tem o poder de transformar vidas por causa do Deus que nos fala através de Sua Palavra viva. Portanto, não é de admirar que durante séculos ela tenha inspirado as maiores obras da música, arte e literatura. Nesta semana, estudaremos por que a Bíblia continua sendo única e incomparável, mesmo com o rápido crescimento da tecnologia e do conhecimento no século 21.

COMENTÁRIO

Ilustração

As grandes pirâmides do Egito se elevam sobre a moderna cidade do Cairo. As escavações revelaram que elas foram construídas durante o antigo império com sofisticada tecnologia e conhecimento arquitetônico que matemáticos e astrônomos supunham não haver antes dos gregos. Até a Torre Eiffel ser concluída em Paris em 1889, a Grande Pirâmide era a construção mais alta do mundo há milhares de anos. Até hoje os arqueólogos ainda se esforçam para compreender a logística e a dimensão desse feito. Moisés chegou ao Egito antigo centenas de anos depois do erguimento da Grande Pirâmide e foi educado para ser o futuro rei desse que era o maior dos impérios. No entanto, “Pela fé, Moisés, quando já homem feito, recusou ser chamado filho da filha de Faraó” (Hb 11:24).

Escritura

As últimas palavras de Moisés ao povo que ele levou à terra prometida foram as seguintes: “Aplicai o coração a todas as palavras que, hoje, testifico entre vós, para que ordeneis a vossos filhos que cuidem de cumprir todas as palavras desta Lei” (Dt 32:46). Aplicar o coração é uma expressão usada na Bíblia para descrever os atos de guardar e internalizar a Palavra de Deus no coração. Moisés enfatizou essa ideia quando instruiu que especialmente as crianças deviam receber ordens para seguir as instruções divinas, ou a Lei. Essa Lei é mais importante do que qualquer coisa, pois “é a [nossa] vida” (Dt 32:47).

Pergunte aos alunos como eles lidam com as distrações ao seu redor e mantêm um relacionamento vivo com Cristo por meio de Sua Palavra. Peça que avaliem quanto tempo gastam em determinadas atividades todos os dias (respondendo e-mails, mensagens de texto, mídias sociais, televisão, trabalho, família e momentos de devoção). Observe que as atividades em que passamos a maior parte do tempo são geralmente as mais importantes em nossa vida. Que estratégias seus alunos utilizam para transmitir sua experiência cristã aos filhos? Por que esse legado vivo é tão importante no tempo em que vivemos?

A Bíblia está repleta de lugares em que Deus Se revelou. Entre eles, os mais memoráveis são o monte Moriá, quando Abraão estava prestes a matar Isaque (Gn 22:2), a sarça ardente no monte Horebe, ou Sinai (Êx 3:1-4), o Mar Vermelho, por onde Israel escapou em terra seca (Êx 14:1-30), e Cafarnaum, onde ocorreram muitos dos milagres de Jesus. Esse padrão de incorporar uma dimensão espacial aos eventos descritos diferencia a Bíblia da maioria dos outros escritos sagrados (todo o Alcorão, por exemplo, contém menos designações geográficas do que o encontrado apenas em Gênesis 1 a 20). A Bíblia menciona centenas de cidades e terras, incluindo referências a montanhas, corpos de água, desertos e áreas selvagens, regiões e estados específicos. Há momentos em que a geografia é um elemento crucial que confere significado e dimensão adicionais a um evento.

Belém é um exemplo de como a geografia é importante para a nossa compreensão da história bíblica. Em hebraico, Belém significa “a casa do pão”. Foi ali que Rute e Boaz se conheceram e se casaram. Ali, tiveram um filho chamado Obede, que teve um filho chamado Jessé, que se tornou pai de Davi, que mais tarde estabeleceria uma dinastia de reis que reinariam em Jerusalém por centenas de anos até a destruição do templo (Rt 4:13-17; Mt 1:5, 6). Quando Samuel partiu para ungir um novo rei, ele foi a Belém, onde Deus o instruiu a ungir Davi. Então, 700 anos antes do nascimento de Jesus, Miqueias 5:2 predisse que o Messias nasceria em Belém, na Judeia. Portanto, não deveria nos surpreender que Deus enviasse Jesus, “o pão da vida” (Jo 6:33-51), para nascer em Belém, a casa do pão. Nascido do Espírito Santo em Maria, Jesus trouxe a plenitude do evangelho ao mundo sobre o qual Ele um dia reinará para sempre como Rei dos reis.

Pergunte à classe que outras ideias importantes podem ser obtidas com a compreensão da geografia e do nome dos lugares em torno dos eventos históricos da Bíblia. Por exemplo, qual foi a relação entre o encontro de Abraão com Deus no monte Moriá e a morte de Cristo na mesma localidade quase dois mil anos depois?

Ilustração

José cresceu no centro da cidade de Detroit, Michigan. Aos onze anos, ele já estava se envolvendo com uma gangue local. Fazia e falava o que lhe mandavam, e seus pais ficaram preocupados com o destino dele. Certo dia receberam um anúncio de uma escola de culinária vegetariana, e, como o pai de José era cozinheiro em um restaurante local, começou a frequentar as aulas com a esposa. Em uma das reuniões, uma Escola Cristã de Férias foi anunciada e José e suas irmãs começaram a frequentá-la. Ele não costumava ouvir muito sobre a Bíblia e ficou bastante intrigado com a história de Josué e a conquista de Canaã sob a liderança divina. Aprendeu que Deus era poderoso e podia vencer os inimigos de Seu povo. José queria saber mais e começou a ler a Bíblia. Logo se matriculou no Clube de Desbravadores local. Seus pais notaram grandes mudanças: seu linguajar e também seu modo de vestir mudaram. Até seu jeito de andar mudou. Seis meses depois, José pediu o batismo. Seus familiares ficaram impressionados com a mudança na vida dele e desejaram experimentar também o que José estava experimentando. Depois de realizar estudos bíblicos com o pastor, toda a família foi batizada em uma manhã de sábado. O poder da Palavra de Deus havia transformado a vida deles.

Escritura

Josias tinha oito anos quando se tornou rei de Judá. A Bíblia diz que seu avô Manassés serviu aos deuses cananeus, participando do espiritualismo e de suas perversões sexuais associadas, juntamente com a astrologia. Manassés até sacrificou seu próprio filho no fogo. Ele levou seu povo a uma terrível apostasia, pois “de tal modo os fez errar, que fizeram pior do que as nações que o Senhor tinha destruído de diante dos filhos de Israel” (2Rs 21:9). A partir dos genes e educação de Josias, poderíamos esperar que Judá estivesse condenado ao mesmo destino do rei Manassés. Mas, em vez disso, a Bíblia diz que Josias fez “o que era reto perante o Senhor, andou em todo o caminho de Davi, seu pai, e não se desviou nem para a direita nem para a esquerda” (2Rs 22:2). O que fez a diferença? A descoberta e a leitura da Palavra de Deus, o profundo arrependimento de Josias e suas ações para restaurar todo o Israel à adoração correta. Escavações em Judá que abrangeram esse período revelaram um templo em Arade, com dois altares e pedras erigidas no lugar santíssimo, que representava mais de uma divindade. Esse templo foi destruído no final do século VII a.C., período que muitos estudiosos atribuem à obra de Josias. Por causa dessa grande reforma, Deus poupou Judá e Jerusalém por algum tempo e reteve Seu julgamento até 35 anos depois. Deus prometeu: “teus olhos não verão todo o mal que hei de trazer sobre este lugar” (2Rs 22:20). Depois de ler 2 Reis 21:2-9, pergunte à classe como essa descrição de Judá se compara aos desafios da atualidade. Como as Escrituras podem transformar nossa vida para que também possamos vencer?

Aplicação para a vida

A Bíblia é a Palavra inspirada de Deus para todas as épocas. Não se limita ao período nem à cultura em que foi escrita. Assim, ela tem poder para transformar vidas sempre. Ao se preparar para esta lição em sua cultura específica, reflita sobre o impacto da Bíblia em sua região hoje. Peça aos alunos que compartilhem uma experiência em que eles foram transformados pela Palavra divina e reconheceram seu poder de mudar a vida. A seguir estão algumas perguntas mais específicas que aprofundam esse tema.

Perguntas para consideração:

1. Como as profecias das Escrituras nos dão esperança para o futuro, mesmo no contexto dos eventos dos últimos dias? De que maneira essas profecias nos dão garantia das promessas de Deus e de Sua capacidade de levar a cabo Seu plano?

2. Compartilhe uma experiência sua ou de um amigo que testemunhe do poder da Palavra de Deus para mudar a vida. De que maneira essas mudanças ocorreram e como os outros perceberam o poder do Espírito Santo em ação?

3. De que maneira você pode ser testemunha contínua do poder divino para transformar sua família, seu bairro e sua cidade? Como você pode compartilhar a Palavra de Deus de maneira eficaz para causar mudanças e preparar outras pessoas para o encontro com Jesus em Sua volta? Lembre-se de que somos Suas mãos e pés, e o que comunicamos em ações e palavras se refletirá no conceito que as pessoas têm sobre Deus.


A CONVERSÃO DE UMA ATEIA

Biljana Mijatovi orou pela primeira vez, enquanto uma jovem ateia de 20 anos viu um familiar lutar com forças sobrenaturais. Biljana ouviu sobre o que tinha acontecido por um primo. “Svetlushka está enlouquecendo”, ele disse, ao que Biljana perguntou: “O que aconteceu?”

Ela estava ocupada com estudos universitários e não via Svetlushka, fazia algum tempo, mesmo sendo vizinhos em um duplex localizado em um subúrbio da capital da Sérvia, Belgrado. O primo disse que Svetlushka ouvia vozes. Elas não falavam nada importante, mas envolviam em constante conversa. O esposo também ouvia vozes e a filha, de três anos, costumava sentir dores no estômago. Disse ainda que havia mais coisas para contar. Svetlushka ouviu batidas na parede e ruídos estridentes. Ela contou que se encolheu no tamanho de um rato e caminhou pela casa como uma miniatura de gente. Quando caminhou pela cidade sentiu como se estivesse andando na água até a cintura e os transeuntes atravessavam seu corpo.

Preocupada, Svetlushka pediu ajuda aos médicos. Eles receitaram remédio que a fizeram dormir, mas não isso resolveu os problemas. Os familiares a levaram aos monastérios, e os clérigos a visitavam em casa. Um padre colocou uma Bíblia em sua cabeça e outra nos pés, na tentativa de realizar um exorcismo. As semanas passaram e Svetlushka perdeu a força nas pernas e começou a passar todo o dia na cama.

Biljana ficou impressionada com as notícias, mas não sabia o que pensar. Ela era ateia e não acreditava em Deus, diabo ou em coisas sobrenaturais. Então concluiu que Svetlushka sofria de problemas psicológicos. Sentindo pena decidiu fazer uma visita. Ao chegar à casa da amiga, encontrou a porta de entrada aberta e passou por ela. Svetlushka, que estava na cama, ficou muito feliz com a visita. “Não tenho problemas psicológicos!”, exclamou. “Estou triste pois ninguém acredita em mim.” Então, descreveu os estranhos acontecimentos com clareza e coerência. 

“Por que tenho que tomar remédios, se estou saudável?”, questionou. “Estou normal. Durmo todo o dia por causa dos remédios. Eu preciso de outro tipo de ajuda.” Biljana ficou convencida de que Svetlushka falava a verdade. “Você quer que eu ore por você?”, ela perguntou, causando surpresa com as palavras que saíram de sua boca: “Eu vou a uma igreja cristã, e ouvi que Deus pode ajudar em várias situações. Quando não temos nada que possamos fazer, a oração é a solução.” Embora não acreditasse em Deus, mas buscando respostas sobre o significado da vida, ela frequentava os cultos aos sábados, na Igreja Adventista do Sétimo Dia em Novo Belgrado.

Svetlushka aceitou a sugestão: “Sim, fico muito grata pela oração,” disse. Biljana voltou para casa, ajoelhou-se e orou: “Deus, se Tu existes, por favor afaste aqueles demônios!” Enquanto falava, questionou a si mesma porque estava ajoelhada. Não lhe era normal fazer isso, e pensou que talvez estivesse perdendo a razão. Mas continuou orando: “Por favor, ajude Svetlushka, proteja do mal.”

No dia seguinte, Biljana saiu da universidade para a casa de Svetlushka e a encontrou em pé, lavando a janela da casa. Biljana parou maravilhada! Deus havia respondido à oração! Svetlushka estava livre dos maus espíritos, nunca mais foi importunada e Biljana ficou muito feliz. Naquele momento, ela fez a promessa a Deus que refletiu o voto feito por Jacob em Genesis 28:20, 21: “Se Deus estiver comigo, cuidar de mim nesta viagem que estou fazendo. “então o Senhor será o meu Deus.”

Certo dia, Biljana acordou com o coração cheio de fé. Ela não mais duvidava de Deus, entregou o coração a Jesus e foi batizada. Atualmente, Biljana tem 47 anos, é auditora de uma companhia de seguros e membro fiel da igreja de Nova Belgrado. “Em meu trabalho missionário, tem sido um grande conforto ver as maneiras pelas quais Deus trabalha com cada ser humano desde a infância”, diz. “Em minha experiência, vi como Deus trabalha pacientemente e com perseverança. Que Ele nos ajude a encontrar pessoas dispostas a ouvir a Palavra e responder ao Seu chamado para a salvação.”

A igreja da qual Biljana faz parte, em Nova Belgrado, receberá parte da oferta deste trimestre para construir suas instalações. Em 1993, a congregação se reunia em um cinema alugado, e agora divide um prédio com outra congregação adventista. Muito obrigado pelas generosas ofertas do décimo terceiro sábado.

Dicas da História

  • Pronúncia de Biljana:
  • Assista ao vídeo sobre Biljana no YouTube: bit.ly/Biljana-Mijatovic.
  • Faça o download no Facebook (bit.ly/fb-mq) ou banco de dados ADAMS (bit.ly/scared-atheist).
  • Faça o download das fotos dos projetos do trimestre no site: bit.ly/ted-13thprojects.

Comentário da Lição da Escola Sabatina – 1º Trimestre de 2020
Tema Geral: Como interpretar as Escrituras
Lição 1 – 28 de março a 4 de abril

A singularidade da Bíblia

Autor: Isaac Malheiros
Editor: André Oliveira Santos
Revisora: Josiéli Nóbrega

A Bíblia nunca esteve tão acessível como atualmente. É possível encontrá-la em diversos idiomas, em várias versões, em aplicativos e on-line. No entanto, apesar do acesso fácil, o conteúdo da Bíblia continua sendo grandemente ignorado e até mesmo combatido. Nesta semana, vamos avaliar a singularidade da Bíblia e o que podemos fazer para recuperar sua importância na vida cotidiana.

1. O texto bíblico é historicamente confiável

A análise e comparação dos vários manuscritos da Bíblia que existem mostra que o texto bíblico que temos em nossas mãos é essencialmente o mesmo que foi escrito pelos autores inspirados. A precisão do Antigo Testamento tem sido confirmada pelos manuscritos do Mar Morto. Deus preservou o texto que chegou até os nossos dias. O Novo Testamento é o documento antigo que possui mais credibilidade, e é apoiado por mais evidência manuscrita do que qualquer outro documento da antiguidade. Um dos melhores livros em português sobre os manuscritos do Novo Testamento é A Origem e a Transmissão do Texto do Novo Testamento (Sociedade Bíblica do Brasil, 2012), escrito pelo teólogo adventista Wilson Paroschi.

A Bíblia resistiu a várias tentativas históricas de eliminá-la, seja através da perseguição político-religiosa ou da infiltração do secularismo. Ela chegou até os nossos dias por causa da fidelidade de muitos mártires. Ela continua sendo um best-seller, desde o início de sua produção em massa em 1454-1455 por Gutenberg. A Bíblia é, de longe, o livro mais vendido e mais lido (de acordo com o Livro Guiness dos Recordes). Em 2011, o Brasil passou a ser o maior produtor mundial de Bíblias, editando uma Bíblia ou Novo Testamento a cada três segundos, e exportando para 105 nações.

2. A natureza da Bíblia

O sucesso da Bíblia como literatura nem sempre é acompanhado de manifestações de fé. Muitas pessoas leem a Bíblia como um livro mitológico, ou apenas como uma literatura interessante. Outros tentam acusar a Bíblia de conter contradições e afirmações inacreditáveis. Nada disso deve ser um problema para um cristão. Como disse Billy Graham: “Não encontro dificuldade em acreditar que um peixe engoliu Jonas. Eu acreditaria no relato ainda que a Bíblia dissesse que foi Jonas que engoliu o peixe!”

A Bíblia não é apenas a memória de um povo (como ensina a teologia liberal), nem um produto do patriarcado (como afirma a teologia feminista), não é uma invenção do imperador Constantino (como creem algumas teorias conspiratórias sem fundamento), e nem é fruto de qualquer manobra editorial meramente humana (como afirma a “teoria das fontes”). É a Palavra de Deus, escrita por seres humanos divinamente inspirados (2Tm 3:16, 17).

Na verdade, nós não julgamos a Bíblia, ela é que nos julga. Em sentido literal, lemos a Bíblia, mas, em sentido mais amplo, é ela que nos “lê”. Até entre crentes, a Bíblia por vezes tem sido subjugada, usada como ferramenta para propósitos humanos. Como percebeu C. S. Lewis, muitas vezes, “o problema é que usamos a Bíblia para examinar os outros e não a nós mesmos”.

O desprezo à Bíblia foi previsto pela própria Bíblia. Paulo alertou: “Haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas” (2Tm 4:3, 4).

Mesmo entre cristãos é comum ouvir clichês que diminuem a importância da Bíblia, como “mais Jesus, menos doutrinas”, ou desprezar o estudo bíblico porque “a letra mata” (numa distorção das Palavras de Paulo em 2 Coríntios 3:6). Uma pesquisa mostrou que 49% dos adultos e só 24% dos jovens millennials leem a Bíblia pelo menos uma vez por semana (Frank Hasel; Michael Hasel. Como entender a Bíblia. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2019, p. 10).

A missão da igreja é ensinar as pessoas a “guardar todas as coisas” que Jesus ordenou (Mt 28:19, 20). E essas “coisas” estão registradas na Bíblia. Portanto, é impossível ser um discípulo de Jesus e fazer outros discípulos enquanto desprezamos a Bíblia. O cristão bíblico vê a Bíblia como Jesus via as Escrituras de Seu tempo: Ele tinha plena confiança nas Escrituras do Antigo Testamento como a revelada Palavra de Deus. Os profetas e apóstolos também aceitavam as Escrituras como a Palavra de Deus (Dn 9:2; Mt 4:4; Mc 7:13 e Hb 4:12). Após a ressurreição, antes de ascender ao Céu, uma das primeiras atividades de Jesus foi ensinar as Escrituras (Lc 24:25-27, 44, 45). E os primeiros cristãos acolheram as palavras de Paulo “não como palavra de homens, e sim como, em verdade é, a Palavra de Deus” (1Ts 2:13).

A Bíblia não é uma invenção meramente humana: “Antes de mais nada, saibam que nenhuma profecia da Escritura provém de interpretação pessoal, pois jamais a profecia teve origem na vontade humana, mas homens falaram da parte de Deus, impelidos pelo Espírito Santo” (2Pe 1:20-21 NVI).

3. A Bíblia transforma pessoas e culturas

Certa vez, um ateu anticristão chegou às Ilhas Fiji e começou a zombar da fé cristã dos simples nativos moradores de uma vila, e de sua confiança na Bíblia. Então, um dia, o chefe daquele povoado chamou o ateu para conversar, e disse: “Você está vendo aquele velho forno ali? Ali nós costumávamos assar carne humana, de estrangeiros e inimigos. Até que nos trouxeram o evangelho, e nossa cultura foi transformada. Se não fosse a Bíblia, você seria o nosso jantar de hoje. Graças à Bíblia, em vez de você ser o nosso jantar, nós vamos convidá-lo para o jantar”.

Ao longo da história, a Bíblia ajudou a controlar o desejo de vingança, a acabar com a escravidão, e a eliminar o infanticídio e o sacrifício humano em diversas culturas. A Bíblia influenciou grandes avanços sociais da humanidade, como a libertação dos escravos, o resgate da dignidade e dos direitos da mulher, bem como o cuidado e proteção da criança. O desenvolvimento do conceito de direitos humanos se deu, em grande parte, como resultado do exame das Escrituras.

O filósofo indiano Vishal Mangalwadi pesquisou sobre a influência da Bíblia na cultura e na sociedade, e publicou O livro que fez o seu mundo: como a Bíblia criou a alma do mundo ocidental (Editora Vida, 2012). Ele mostra como a Bíblia possibilitou o nascimento da ciência e das universidades, dos hospitais e centros de caridade. A Bíblia influenciou a literatura, a arquitetura, a linguagem e até a tecnologia. Diversas conquistas culturais foram inspiradas na Bíblia: como a música de Bach, Haydn, Haendel e outros. A influência da Bíblia sobre a sociedade é indiscutivelmente positiva. Sem a Bíblia, o mundo seria completamente diferente - provavelmente, seria muito pior.

Toda essa linda herança tem sido criticada e até negada por influência de filosofias modernas e pós-modernas. As novas gerações desconhecem esse legado, ou têm ouvido uma versão crítica (e, por vezes, distorcida) da história, em que a Bíblia e o cristianismo são apresentados como vilões. É preciso recuperar a admiração pela Bíblia, o interesse por seu conteúdo, e a submissão à sua autoridade.

Conheça o autor dos comentários para este trimestre: Isaac Malheiros é pastor, casado com a professora Vanessa Meira, e pai da pequena Nina Meira, de 8 anos. Tem atuado por 16 anos como pastor na área educacional, como capelão e professor, e ama ensinar a ler e interpretar a Bíblia. Atualmente, é pastor dos universitários e professor do Instituto Adventista Paranaense (IAP). É doutor em teologia (Novo Testamento), mestre em teologia (Estudos de texto e contexto bíblicos) e especialista em Ensino Religioso e Teologia Comparada.

 

1 Disponível em: <https://www.guinnessworldrecords.com/world-records/best-selling-book-of-non-fiction>
2 Disponível em: <https://istoe.com.br/143552_BRASIL+A+TERRA+DAS+BIBLIAS+/>