Lição 10
01 a 07 de setembro
A terceira viagem missionária
Sábado à tarde
Ano Bíblico: Ez 14–17
Verso para memorizar: “Em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da graça de Deus” (At 20:24).
Leituras da semana: At 18:24-28; 19; 20:7-12, 15-27; 21:1-15; 2Co 4:8-14

O relato de Lucas sobre a terceira viagem de Paulo começa de maneira um tanto abrupta e inesperada. O texto afirma apenas que, depois de passar um tempo em Antioquia, centro das missões de Paulo, o apóstolo “partiu dali e viajou por toda a região da Galácia e da Frígia, fortalecendo todos os discípulos” (At 18:23, NVI). Portanto, os primeiros 2.400 quilômetros da viagem são cobertos em uma única frase.

Isso ocorre porque o foco da viagem era Éfeso, onde Paulo passou mais tempo do que em qualquer outra cidade no decurso de suas viagens. Do ponto de vista evangelístico, o ministério em Éfeso foi muito frutífero; o impacto da pregação do apóstolo chegou a toda a província da Ásia (At 19:10, 26). Provavelmente durante esse período, as igrejas de Colossos, Hierápolis e Laodiceia foram fundadas, talvez por meio de Epafras (Cl 4:12, 13), um dos colaboradores de Paulo (Cl 1:7; Fm 23).

Algo notável sobre essa viagem é que ela foi a última viagem de Paulo registrada em Atos como um homem livre. Lucas também registra outra viagem do apóstolo, desta vez para Roma, mas como prisioneiro.


Vem aí o Dia Mundial dos Desbravadores! Será no dia 15 de setembro, sábado. Valorize esse ministério em sua igreja.

Domingo, 02 de setembro
Ano Bíblico: Ez 18–20
Éfeso: Parte 1

Atos 18:24-28 relata que, enquanto Paulo ainda estava a caminho de Éfeso, um cristão judeu chamado Apolo chegou a essa cidade. Ele era eloquente e tinha grande conhecimento das Escrituras. Apolo era seguidor de Jesus; isso fica claro na descrição de Lucas: “Era ele instruído no caminho do Senhor; e, sendo fervoroso de espírito, falava e ensinava com precisão a respeito de Jesus” (At 18:25). No entanto, ele conhecia apenas o batismo de João. Tendo sido batizado por João Batista, Apolo conhecera Cristo durante Sua vida terrestre, mas deve ter se mudado da Judeia – provavelmente de volta a Alexandria – antes dos eventos da Paixão e do Pentecostes.

Isso explica por que Áquila e Priscila o instruíram “com mais exatidão” (At 18:26). Embora pudesse mostrar, mediante as Escrituras, que Jesus era o Messias de Israel (At 18:28), Apolo precisava conhecer o progresso do cristianismo desde o ministério de Jesus. Áquila e Priscila fizeram mais por Apolo: deram-lhe uma carta de recomendação para as igrejas na Acaia (At 18:27), o que lhe permitiu ter um ministério eficaz em Corinto (1Co 3:4-6; 4:6; 16:12).

1. De acordo com Atos 19:1-7, o que aconteceu com Paulo quando ele chegou a Éfeso?

A história de Apolo está ligada ao relato dos 12 homens que Paulo encontrou em Éfeso. Sua descrição como “discípulos” (At 19:1) e a pergunta feita por Paulo (At 19:2) indicam claramente que eles já eram cristãos. Ao mesmo tempo, sua resposta ao apóstolo mostra que, semelhantemente a Apolo, eles também eram ex-discípulos de João Batista, que haviam se tornado seguidores de Jesus sem terem passado pelo Pentecostes. Eles tinham agora a oportunidade de desfrutar uma experiência mais profunda com o Senhor.

“Chegando a Éfeso, Paulo encontrou doze conversos que, à semelhança de Apolo, tinham sido discípulos de João Batista e, como ele, alcançado algum conhecimento da missão de Cristo. Eles não possuíam a habilidade de Apolo, mas com a mesma sinceridade e fé procuravam espalhar o conhecimento que haviam recebido” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 282).

Devemos entender o novo batismo deles à luz dessa situação singular. Eles não estavam vindo de outra denominação cristã nem experimentando a conversão. Eles só estavam sendo reintegrados ao corpo central da igreja. O fato de terem recebido o Espírito e falado em línguas provavelmente significa que eles eram missionários cristãos, assim como Apolo, e que agora estavam sendo totalmente capacitados para testemunhar sobre Jesus Cristo, aonde quer que fossem.



Segunda-feira, 03 de setembro
Ano Bíblico: Ez 21–23
Éfeso: Parte 2

Em Éfeso, Paulo seguiu sua prática de pregar primeiramente na sinagoga. Porém, quando surgiu oposição, ele e os novos crentes se mudaram para o auditório da escola de um certo homem chamado Tirano, onde Paulo pregou diariamente por dois anos (At 19:8-10). O resumo de Lucas a respeito do ministério do apóstolo entre os efésios é que toda a província foi intensamente evangelizada (At 19:10, 26).

Em Atos 19:11-20, Lucas acrescentou algumas histórias de milagres que descrevem a vitória do poder de Deus em uma cidade onde a magia e outras práticas supersticiosas eram bastante comuns. Não há dúvida de que Deus podia curar por meio de Paulo, mas pode parecer estranho para alguns o fato de que mesmo lenços e aventais tocados pelo apóstolo tinham poder de curar (At 19:12), embora isso lembre o episódio em que Jesus curou a mulher com hemorragia (Lc 8:44). As crenças supersticiosas dos efésios podem ter levado Deus a realizar milagres “extraordinários”, como Lucas afirma em Atos 19:11. Possivelmente esse seja um exemplo de Deus satisfazendo as necessidades das pessoas no nível de compreensão delas.

Satisfeito com os resultados de sua missão em Éfeso, Paulo decidiu ir para Jerusalém (At 19:21). Lucas não explica a razão da viagem, mas sabemos, pelos escritos do próprio Paulo, que ele desejava entregar os recursos que coletara entre os crentes gentílicos para aliviar a pobreza da igreja de Jerusalém (Rm 15:25-27; 1Co 16:1-3). A partilha dos bens nos primeiros anos e uma fome severa nos dias de Cláudio empobreceram os cristãos da Judeia, e Paulo viu em sua súplica por ajuda (Gl 2:10) uma oportunidade para fortalecer tanto a confiança deles em seu apostolado quanto a unidade de uma igreja agora transcultural, apesar de saber os riscos a que estaria exposto (At 20:22, 23; Rm 15:31).

2. Leia Atos 19:23-41. Qual foi o verdadeiro motivo para a oposição que Paulo sofreu em Éfeso no final de sua permanência ali?

A oposição tinha a ver com o culto pagão, que foi severamente ameaçado pelo ministério de Paulo. A verdadeira motivação de Demétrio foi claramente financeira, mas ele conseguiu transformá-la em uma questão religiosa, porque o templo de Ártemis (ou Diana), considerado uma das sete maravilhas do mundo antigo, estava localizado em Éfeso.

Leia Atos 19:27. Observe como Demétrio conseguiu, de maneira astuta, introduzir “piedade” religiosa em sua tentativa de manter o dinheiro fluindo para os artífices. Por que devemos ter cuidado para não usar a fé, ou uma pretensa piedade em relação à fé, de igual maneira?


Terça-feira, 04 de setembro
Ano Bíblico: Ez 24–26
Trôade

Após o alvoroço (At 19:23-41), Paulo decidiu deixar Éfeso. Entretanto, ele fez um longo desvio através da Macedônia e da Acaia, em vez de ir diretamente para Jerusalém (At 20:1-3). Nessa viagem, representantes de algumas igrejas gentílicas o acompanharam (At 20:4).

3. Leia Atos 20:7-12. O que há de errado com o argumento comum de que esses versículos provam a mudança do sábado para o domingo?

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A parada de Paulo em Trôade terminou com uma reunião da igreja “no primeiro dia da semana” (At 20:7). Eles se reuniram para “partir o pão”, o que provavelmente se refere à Ceia do Senhor, com ou sem a refeição conjunta muitas vezes associada a ela desde os primórdios da igreja de Jerusalém (At 2:42, 46). O fato de não haver menção ao cálice nem a nenhuma oração não anula essa possibilidade. O ponto, porém, é que esse episódio é frequentemente mencionado como evidência de que, no tempo de Paulo, pelo menos as igrejas gentílicas já haviam substituído o sábado pelo domingo como dia de adoração.

Entretanto, antes de fazer essa alegação, é necessário estabelecer o dia preciso em que ocorreu a reunião, bem como a natureza dela. A referência ao uso das lâmpadas (At 20:8), juntamente com o fato de que a mensagem de Paulo continuou até a meia-noite (At 20:7), e depois até o amanhecer (At 20:11), bem como o sono profundo de Êutico (At 20:9), deixam claro que foi uma reunião noturna.

A questão, porém, é se ela ocorreu na noite anterior ao domingo (sábado à noite) ou na noite posterior ao domingo (domingo à noite). A resposta depende do sistema de cálculo de tempo utilizado por Lucas: o judaico, de pôr do sol a pôr do sol, ou o romano, de meia-noite a meia-noite. Se foi o primeiro, então era sábado à noite; no caso do segundo, era domingo à noite.

De qualquer maneira, o contexto de Atos 20:7-12 indica que, mesmo tendo ocorrido num domingo à noite, essa não era uma reunião regular da igreja, mas um encontro especial por causa da partida de Paulo na manhã seguinte. É difícil ver, portanto, como esse episódio isolado e excepcional poderia apoiar a guarda do domingo. O fato é que não o faz.

Reflita sobre as razões para a validade da guarda do sábado. Como o poderoso amparo bíblico ao sábado confirma nossa identidade como adventistas do sétimo dia e nosso chamado para espalhar as três mensagens angélicas?


Quarta-feira, 05 de setembro
Ano Bíblico: Ez 27–29
Mileto

A caminho de Jerusalém, Paulo fez outra parada, desta vez em Mileto, onde teve a oportunidade de fazer um discurso de despedida aos líderes da igreja de Éfeso.

4. Leia Atos 20:15-27. Qual foi a ênfase de Paulo na parte introdutória de seu discurso? Assinale “V” para verdadeiro ou “F” para falso:

A. (  ) A rejeição de sua mensagem pelos presbíteros.
B. (  ) Ele recapitulou seu ministério na cidade de Éfeso.

Como já havia planejado uma nova viagem que incluía Roma e Espanha (Rm 15:22-29), Paulo acreditava que nunca mais retornaria à Ásia. Então ele começou seu discurso com uma espécie de prestação de contas dos anos passados em Éfeso. Esse relatório, no entanto, apontava não apenas para o passado, ou seja, para a maneira pela qual ele havia vivido entre os efésios, mas também para o futuro, pois ele temia o que poderia lhe acontecer em Jerusalém.

O medo de Paulo não era infundado. A igreja de Jerusalém o via com certo ceticismo, se não hostilidade, por causa do seu passado como perseguidor e por sua pregação de um evangelho isento da circuncisão (At 21:20-26). Para as autoridades judaicas, ele não passava de um traidor e apóstata de suas tradições religiosas (At 23:1, 2). Em meados do primeiro século, especialmente por conta do mal governo romano, a Judeia também estava dominada por ideais revolucionários e nacionalistas. Essa atmosfera influenciava todos os segmentos da sociedade judaica, possivelmente até mesmo a igreja. Nesse contexto, as ações daquele ex-fariseu entre os gentios devem tê-lo tornado uma persona non grata [pessoa não bem-­vinda] na Judeia (At 21:27-36).

Paulo também tinha outras preocupações. Em Atos 20:28-31, ele focalizou a maneira pela qual os líderes da igreja em Éfeso deveriam lidar com os falsos mestres, a quem comparou a lobos vorazes que tentariam desviar e perverter o rebanho. Portanto, mesmo na própria igreja, e mesmo nos seus primórdios, o perigo dos falsos mestres era real. Como disse Salomão em outro momento e em outro contexto: “não há nada novo debaixo do sol” (Ec 1:9, NVI). A história da igreja cristã revela os imensos danos que os falsos mestres podem causar. Esse problema vai existir até o fim (2Tm 4:3).

É claro que Paulo tinha muitas coisas em sua mente, muitas preocupações; porém, sua fidelidade e diligência nunca vacilaram.

Leia 2 Coríntios 4:8-14. Como devemos reagir quando as provações chegam? Em quem Paulo colocou sua esperança suprema?


Quinta-feira, 06 de setembro
Ano Bíblico: Ez 30–32
Tiro e Cesareia

Depois de Mileto, Lucas relata a viagem de Paulo de forma bem detalhada. Ainda a caminho de Jerusalém, o apóstolo passou uma semana em Tiro, na costa fenícia, onde o navio devia ser descarregado (At 21:1-6). No entanto, enquanto estava ali, os fiéis insistiram para que ele não fosse a Jerusalém. O fato de haverem sido guiados pelo Espírito para advertir Paulo a não ir para Jerusalém não está necessariamente em contradição com a orientação anteriormente dada ao apóstolo. A expressão grega etheto en t? pneumati, em Atos 19:21, talvez deva ser traduzida como resolvido/decidido/proposto no Espírito”, em vez de ser interpretada como se Paulo tivesse chegado a essa decisão sozinho. A questão é que o Espírito pode ter mostrado aos crentes de Tiro os perigos que estavam diante de Paulo e, num ato de profunda solidariedade, recomendaram que ele não prosseguisse com sua intenção. O próprio Paulo não tinha certeza do que lhe aconteceria em Jerusalém (At 20:22, 23). A orientação divina nem sempre torna tudo claro, mesmo para alguém como Paulo.

5. Leia Atos 21:10-14. Qual incidente especial ocorreu em Cesareia a respeito da viagem de Paulo a Jerusalém?

Ágabo era um profeta de Jerusalém que já havia sido apresentado no episódio da fome, em Atos 11:27-30. De maneira semelhante a algumas profecias do Antigo Testamento (por exemplo, Is 20:1-6; Jr 13:1-10), sua mensagem foi dramatizada. Ela serviu como uma ilustração vívida do que aconteceria com Paulo quando ele chegasse a Jerusalém e como seus inimigos o entregariam aos gentios (os romanos).

Os que estavam com Paulo aparentemente entenderam a mensagem de Ágabo como uma advertência, não como uma profecia e, portanto, tentaram por todos os meios convencer o apóstolo a que não fosse a Jerusalém. Embora profundamente tocado pela reação deles, Paulo estava determinado a cumprir sua missão, mesmo que isso lhe custasse a vida. Para ele, a integridade do evangelho e a unidade da igreja eram mais importantes do que a própria segurança ou interesses pessoais.

“Nunca antes o apóstolo havia se aproximado de Jerusalém com o coração tão triste. Sabia que encontraria poucos amigos e muitos inimigos. Estava chegando à cidade que tinha rejeitado e matado o Filho de Deus e sobre a qual agora pairavam as ameaças da ira divina” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 397, 398).

Incompreendido, caluniado, maltratado e muitas vezes insultado, Paulo seguiu com fé. Como podemos fazer o mesmo em circunstâncias desencorajadoras?


Sexta-feira, 07 de setembro
Ano Bíblico: Ez 33–35
Estudo adicional

êxito que a pregação do evangelho alcançou havia despertado novamente a ira dos judeus. De todos os lados, chegavam informações sobre a disseminação da nova doutrina, segundo a qual os judeus eram libertos da observância dos ritos da lei cerimonial e os gentios eram admitidos a privilégios iguais aos dos judeus, como filhos de Abraão. Em sua pregação em Corinto, Paulo apresentou os mesmos argumentos que expunha com tanta veemência em suas cartas. Sua categórica afirmação, de que ‘não pode haver grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão’ (Cl 3:11), foi considerada pelos inimigos como ousada blasfêmia; por isso, decidiram que sua voz devia ser silenciada” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 390).

“Além disso, Paulo não poderia contar com a solidariedade e o auxílio de seus próprios irmãos na fé. Os judeus não convertidos, que haviam seguido seus passos de perto, não haviam demorado em fazer circular em Jerusalém os boatos mais desfavoráveis sobre ele e sua obra, tanto por carta quanto pessoalmente; e alguns, mesmo dentre os apóstolos e anciãos, tinham aceitado esses relatos como verdadeiros, não fazendo nada para contestá-­los nem manifestando desejo de entrar em acordo com Paulo” (Ibid., p. 398).

Perguntas para discussão

1. Os 12 discípulos que Paulo conheceu em Éfeso eram ex-seguidores de João Batista que haviam se tornado discípulos de Jesus (At 19:1-7). É correto usar essa passagem para exigir o rebatismo de cristãos de outras denominações que já haviam sido batizados por imersão? Qual é o significado do fato de que Apolo não foi rebatizado?

2. Paulo foi rejeitado por seus compatriotas que não acreditavam em Jesus. Mesmo entre os judeus cristãos, muitos o viam com suspeita e desconfiança, porque achavam que ele estava pervertendo os “marcos”. Muitos pagãos odiavam o evangelho que ele proclamava. No entanto, por que Paulo prosseguiu, apesar da oposição? O que podemos aprender com a história do apóstolo?

3. Muitos dizem que o sábado foi alterado para o domingo ou que ele não é mais válido. Assim como a obediência aos outros nove mandamentos não é legalismo, a obediência ao sábado não o é, desde que obedeçamos pela fé, compreendendo onde está nossa salvação. Como você abordaria alguém que defende a guarda do domingo?

Respostas e atividades da semana: 1. Peça a participação dos alunos. 2. Comente com a classe. Pergunte: O amor ao dinheiro pode nos levar a rejeitar a mensagem do evangelho? 3. Em classe, discutam sobre os possíveis argumentos para a “guarda do domingo” com base nessa e outras passagens do Novo Testamento. Como podemos refutá-­los? 4. F; V. 5. Ágabo profetizou que Paulo seria preso. O apóstolo talvez não entendesse totalmente a direção de Deus para sua vida. Pergunte: Você já teve dificuldade de compreender a direção do Senhor?



Resumo da Lição 10
A terceira viagem missionária

TEXTO-CHAVE: Atos 20:24

O ALUNO DEVERÁ

Conhecer: O fato de que Paulo estava disposto a sacrificar a própria vida para espalhar o evangelho do reino de Deus.

Sentir: Perceber que Paulo descobriu o propósito de sua vida no serviço a Deus. Almejar que o Espírito coloque esse propósito em nosso coração.

Fazer: Seguir o chamado de Deus com energia e determinação, lembrando-se de Paulo quando precisar fazer sacrifícios que pareçam grandes demais.

ESBOÇO

I. Conhecer: Paulo nunca desistiu

A. A exemplo de Paulo, podemos estar certos do nosso chamado ao ministério, ainda que não tenhamos recebido visões como ele?

B. Se a maior parte do nosso ministério é exercida no local de trabalho, como podemos aplicar à nossa situação as estratégias do ministério mundial do apóstolo?

II. Sentir: Propósito singular

A. Por que é realista pensar que a felicidade pode ser encontrada na busca de uma vida como a de Paulo?

B. Como você explicaria a uma família não cristã que os sacrifícios pelo ministério valem a pena?

III. Fazer: Nenhum arrependimento

Paulo testemunhou aos efésios: “Estou limpo do sangue de todos; porque jamais deixei de vos anunciar todo o desígnio de Deus” (At 20:26, 27). De que maneira você pode dar um testemunho semelhante às pessoas que o conhecem?

Resumo: A terceira viagem missionária de Paulo foi repleta de obstáculos e presságios de futuras aflições, mas Paulo cumpriu com firmeza sua missão e expressou que nem mesmo a morte poderia impedi-lo de realizar sua tarefa.

Ciclo do aprendizado

Motivação

Focalizando as Escrituras: At 19:11-16, 23-28

Conceito-chave para o crescimento espiritual: Os inimigos do reino de Deus se manifestaram plenamente na última campanha missionária de Paulo. Apesar das forças seculares e espirituais colocadas em oposição a Paulo em Éfeso, a “palavra do Senhor” chegou até a Ásia (At 19:10). Dinheiro, magia, paganismo e política não puderam interromper a propagação do evangelho nem desanimar seu mensageiro, que estava pronto para entregar a vida “pelo nome do Senhor Jesus” (At 21:13).

Para o professor: A história missionária a seguir mostra que, mesmo em nossa época, Deus faz milagres, especialmente quando eles servem para minar a confiança das pessoas em magia ou em sistemas pagãos de adoração.

Discussão inicial: O falecido Bill Liversidge contou sobre sua experiência missionária em uma tribo não alcançada e perigosa, perto de Papua-Nova Guiné. Rúbem, um jovem e a única pessoa convertida ao cristianismo daquela tribo, acompanhou Bill à ilha durante a noite, mas eles rapidamente foram pegos pelos membros da tribo. A dupla foi autorizada a passar a noite ali, com a expectativa de que seriam expulsos da ilha na manhã seguinte. Depois de dormirem um pouco, eles ouviram um grito na selva: “Vocês, do sétimo dia, venham!” A tribo estava chamando Bill e Rúbem, os adventistas. Bill enviou Rúbem para descobrir o que estava acontecendo. Rúbem voltou e relatou que quase todos da ilha estavam reunidos na aldeia, pois o filho de 1 ano e meio de uma jovem estava com a “febre”, isto é, malária. Bill pensou de maneira realista: “Isso é comum”. No entanto, com uma taxa de mortalidade infantil de 70%, as crianças morriam o tempo todo em decorrência da malária. Mas Rúbem disse de maneira entusiasmada: “Normalmente, o feiticeiro já estaria lá com todas as suas magias e poções, mas essa mãe está chamando os dois cristãos que chegaram no meio da noite para que fossem e orassem ao seu Deus." Com entusiasmo, eles foram para a aldeia, percebendo que Deus tinha aberto uma porta. No entanto, suas esperanças de uma possível cura foram logo frustradas ao se aproximarem da multidão e ouvirem os prantos e lamentos. Era tarde demais. Um jovem “médico”, que trabalhava em uma clínica improvisada, informou que a criança havia morrido 20 minutos antes. Decepcionado e questionando Deus, Bill planejou oferecer suas condolências à mãe. Talvez Deus tivesse a intenção de que ele realizasse um funeral cristão. De repente, Rúbem se antecipou e gentilmente pegou o filho sem vida das mãos da mãe, segurando-o bem acima de seu corpo. Bill ficou estupefato. Toda a aldeia ficou em silêncio enquanto todos os olhares se fixavam em Rúbem. E então Rúbem fez uma coisa inesperada. Ele orou. “Papai, Tu tocas todos a quem concedes vida longa. Este menino pikinini, Tu kisim kambek.” [Tu és o Doador da vida. Tu também a tomaste de volta]. “Agora Papai, eu o levanto no alto, para que Tu sejas glorificado, kisimi kambek [traga a vida dele de volta]”. As duas pernas suspensas da criança começaram a se mover com vida. A mãe correu até seu filho que chorava e o contemplou com grande espanto. Como resultado, toda a ilha se tornou adventista do sétimo dia.

Pergunta para discussão

Em sua opinião, por que Deus trabalha miraculosamente em alguns casos e não em outros?

Compreensão

Para o professor: Assim como há 2.000 anos, a tríade “paganismo”, “magia” e “dinheiro” está presente hoje com frequência. Ao estudar o Comentário bíblico a seguir, aproveite esse fato para mostrar quanto a Bíblia permanece relevante.

Comentário bíblico

I. Milagres ou magia?

(Recapitule com a classe At 19:11-20.)

Infelizmente, é comum hoje encontrar muitos cursos religiosos que tentam persuasivamente convencer o leitor de que os milagres operados por meio de Pedro e Paulo não são diferentes dos realizados por outras tradições xamãs ou pagãs, e que, portanto, eles devem ser apropriadamente chamados de “magia”. Existem semelhanças: tanto os milagres divinos quanto a magia comunicam poder de um mundo invisível; ambos usam o toque ou as palavras para controlar as forças espirituais e produzir resultados extraordinários, como cura ou conhecimento especial, etc. Compreender as diferenças entre os verdadeiros milagres divinos e a magia beneficiará os cristãos envolvidos com culturas influenciadas por práticas espiritualistas e ocultistas.

O poder sobrenatural de cura que envolvia o ministério de Paulo se diferencia radicalmente das tentativas dos exorcistas judeus de manifestar poder. Não devemos deixar de compreender a diferença. O dom de cura de Paulo era tão poderoso que até os “lenços e aventais” (At 19:12) que tocavam sua pele podiam curar os doentes que recebiam esses artigos. Esses feitos extraordinários motivaram os judeus rivais a imitar Paulo. Eles tiveram um completo fracasso. Em consequência disso, foram insultados pelos demônios. Isso acabou dando um apoio involuntário a Paulo e à sua missão, fazendo com que “o nome do Senhor Jesus” fosse “engrandecido” (At 19:17). Além disso, o fato de que os próprios “cristãos” tinham queimado seus livros de magia mostrava que as práticas sincretistas em Éfeso também podiam ter contaminado os filhos do sumo sacerdote.

Esse relato de exorcismo demonstra o princípio mais fundamental do poder sobrenatural cristão, que se diferencia de todas as outras manifestações sobrenaturais. Em uma palavra, esse princípio seria intenção. Quando os exorcistas judeus invocaram o nome de “Jesus, a quem Paulo” pregava (At 19:13), sua vítima pode até ter sido libertada, mas apenas ao custo da subjugação dos próprios exorcistas pelos demônios. Os demônios haviam mantido o controle, e o nome de Jesus se mostrou impotente nesse incidente. Por quê? Porque a vida desses judeus curandeiros não estava em conformidade com o evangelho de Deus, mediante o exercício da fé no Senhor Jesus; portanto, suas intenções não estavam em harmonia com o reino messiânico que Paulo anunciava. Eles podiam falar de Jesus apenas indiretamente, isto é, como Aquele “a quem Paulo” pregava (At 19:13, ênfase do autor). Usado como amuleto ou forma de encantamento, o nome “Jesus” é insignificante.

As palavras de Pedro a Simão são relevantes nesse contexto. Simão, o ex-feiticeiro, embora batizado, ofereceu dinheiro para poder usar o Espírito Santo e foi repreendido severamente: “Não tens parte nem sorte neste ministério, porque o teu coração não é reto diante de Deus” (At 8:21). O coração, a intenção, o motivo – tudo exerce influência, quer Deus faça “milagres extraordinários por meio de Paulo” (At 19:11, NVI) quer de qualquer outra pessoa.

É preciso observar que nenhum dos pontos até agora negam a realidade de que o mal sobrenatural pode ser mediado pelo ser humano. Isso é possível. Mas a segurança do cristão se encontra na inquestionável autoridade de Deus e em Seu poder. Embora os mágicos do Faraó pudessem transformar varas em serpentes, não puderam impedir que elas fossem engolidas pela serpente de Deus (Êx 7:12). A “serpente” de Deus sempre vence.

Essas ocasiões revelam o evidente contraste entre as práticas de magia que apaziguam ou manipulam as forças espirituais e as práticas miraculosas da igreja do Novo Testamento como corpo de Cristo, exercendo seu ministério de cura, profecia e estabelecimento do reino de Deus.

Pense nisto: As filosofias da Nova Era ainda são populares no ocidente, onde Jesus é apenas mais um sábio, assim como tantas outras figuras religiosas. Como você explicaria a singularidade de Cristo e de Seu reino a um amigo que acredita na filosofia da Nova Era?

II. Dinheiro é importante

(Recapitule com a classe At 19:23-27.)

Curiosamente, o dinheiro muitas vezes contribui para interesses pagãos, e tanto Pedro quanto Paulo conheciam bem essa aliança profana. Até hoje, o dinheiro e o ocultismo estão ligados. Você já ouviu um adivinho oferecer serviços gratuitos? Em contrapartida, você já viu um cristão oferecer oração por dinheiro?

A narrativa do exorcismo termina com os efésios escolhendo Deus, não a magia nem o dinheiro, ao observarem uma coleção caríssima de livros de magia ser queimada (At 19:19, 20). Esse é um prenúncio da narrativa seguinte, em que os interesses econômicos e pagãos novamente entraram em confronto com o evangelho e seus representantes reagiram à ameaça cristã. Uma multidão foi reunida contra Paulo, mas ela fracassou, e o apóstolo prosseguiu para a Macedônia (At 19:21-20:1). Muitas vezes, esse relato é apropriadamente caracterizado como a história de um pagão egoísta que temia a perda de seu negócio de fabricação de ídolos. No entanto, outros pontos podem ser apresentados. É importante perceber que, em algumas circunstâncias, os que se convertem a Cristo devem sacrificar fontes de renda e, às vezes, mudar completamente sua carreira como resultado de sua fé. Especialmente como guardadores do sábado, diante desses desafios econômicos, devemos ter sensibilidade para orientar os que estão passando por essa transição e prover recursos para seu sustento.

Pense nisto: Em sua opinião, caso Paulo tivesse tido a chance de falar à multidão que gritou por duas horas: ”Grande é a Diana dos efésios!” (At 19:28), o que ele teria dito?

Aplicação

Para o professor: Em cada região, a magia e o paganismo têm diferentes influências culturais. Comente e adapte suas perguntas ao contexto de sua classe.

Perguntas para aplicação

1. Como você pode ajudar um amigo cristão que já participou de algum tipo de magia “cristã” ou foi iludido por falsos milagres?

2. Qual garantia você pode dar a alguém que teme o colapso financeiro após a conversão?

Criatividade

Para o professor: Testemunhos podem ser uma bênção ou um constrangimento, caso alguém não tenha sabedoria para escolher o relato adequado ao momento da Escola Sabatina. Para não comprometer o estudo dos textos bíblicos durante a classe, use no máximo cinco minutos para esta atividade. Conduza a discussão de maneira cortês, a fim de que ela se mantenha apropriada e dentro dos limites do tempo.

Atividade

Muitos podem testemunhar de uma experiência sobrenatural envolvendo Deus ou o diabo. Compartilhe uma história breve e edificante a respeito do poder de Deus sobre o mal.


O melhor trabalho do mundo

A Igreja Adventista do Sétimo Dia é jovem na Mongólia pós-comunista, com um casal das Missões Adventistas da Fronteira tornando-se os primeiros adventistas a entrar no país de 3 milhões de pessoas, em 1991. A atual participação da igreja com 2.177 membros também é jovem. A maioria representa os primeiros a serem batizados nas respectivas famílias. Isso gerou sérios desafios, entre os quais a retenção de membros, conforme a história de Mandakh, 28 anos, pioneiro da Missão Global na capital da Mongólia, Ulaanbaatar. Ele foi batizado adolescente, mas deixou a igreja sete anos depois.

Mandakh era um homem muito exigente. Se alguém cometesse um erro, sempre fazia questão de mostrar que este estava errado, desejando que a pessoa fosse punida, pois acreditava que Deus gostava disso. Viver assim o tornava infeliz, e ele decidiu que não fazia sentido acreditar em Deus. Algo estava faltando na sua vida e decidiu abandonar a igreja, a guarda do sábado e a prática de dizimar. A esposa ficou triste e orou por ele. No íntimo, Mandakh vivia temendo o castigo de Deus. Raciocinava que Deus o abençoara por sete anos, mas agora iria puni-lo por Lhe ter dado as costas. Mas, um ano se passou, e nada aconteceu. Em vez de punir, Deus demonstrou amor e o abençoou mais que antes. Ele conseguiu trabalho como editor de um canal de televisão da Mongólia. Isso foi chocante. Voltou o pensamento para Deus e se perguntava: “Qual é o sentido da vida se tudo o que faço é ganhar dinheiro e gastá-lo, ganhar dinheiro e gastá-lo? A única pessoa beneficiada é o proprietário do canal de televisão, que está ficando cada vez mais rico. Qual é o melhor emprego?”

Entrega e milagres

Depois de muito pensar, concluiu que o melhor emprego era ser missionário. Dedicou o coração a Jesus, voltou para a igreja e orou: “Se Tu desejas que eu seja missionário, estou preparado.” Após vários meses, os líderes da Igreja Adventista na Mongólia ofereceram a ele um cargo de pioneiro da Missão Global. Ele lideraria uma igreja no primeiro andar de um prédio de apartamentos na capital da Mongólia e ensinaria Inglês em uma escola secundária pública. A esposa supervisionaria a Escola Sabatina das crianças e ensinaria chinês. Orou por uma semana e, em seguida, deixou o trabalho na televisão para se tornar missionário de tempo integral. Há seis meses, Mandakh é missionário e está muito feliz! Não há nada mais emocionante do que ver uma mudança de vida através do poder de Deus.

No primeiro sábado, um ex-membro que não frequentava a igreja havia três anos apareceu para a Escola Sabatina. Eles não se conheciam. Mandakh falou com o visitante e o animou a voltar no sábado seguinte. Mas, o homem não parecia feliz com o convite. Durante a semana, ligou para Mandakh, querendo conversar. Ao visitá-lo em seu local de trabalho, Mandakh soube que ele estava traindo a esposa. Disse que ela descobrira e queria o divórcio. “O que devo fazer?”, perguntou.

Mandakh devolveu a pergunta: “O que você quer fazer?” Ele não tinha ideia. O missionário compartilhou com ele o princípio bíblico de que o divórcio não é permitido, exceto no caso do adultério. Aconselhou-o a pedir o perdão de Deus e parar de trair a esposa: "Fale a verdade e prometa a ela que será um homem de Deus, fiel a ela.” Mandakh orou e se despediu.

Uma semana depois, o homem contou que encerrou o caso e contou que havia recomeçado a vida com Cristo. Também contou a verdade para a esposa e, felizmente, ela o perdoou. Finalmente, tornou-se membro ativo e assíduo da igreja.

Bênçãos da fidelidade

Outro milagre aconteceu com um homem deficiente, cuja única renda é uma pensão por invalidez de 160 mil togrogs mongóis (cerca de 65 dólares) por mês do governo. Certo sábado, Mandakh o aconselhou a ser dizimista, mas ele recusou. Algum tempo depois, o homem telefonou e conversaram sobre sua vida e saúde. Disse que o governo lhe daria dois meses de pagamento ao mesmo tempo naquele mês. Mandakh insistiu no conselho: “Devolva o dízimo. Se você quiser ver o poder de Deus, prove-O. Ele diz: ‘Ponham-Me à prova (Ml 3:10)’”.

No sábado seguinte, o homem foi à igreja e entregou o dízimo pela primeira vez! Uma semana depois, ligou para Mandakh e disse com entusiasmo: “Entreguei o dízimo no último sábado e hoje recebi uma carta do governo dizendo que meu pagamento mensal foi aumentado em 50%!”

Mandakh fica muito feliz ao ver o amor de Deus transformando vidas, conforme diz: “Não consigo expressar este sentimento com palavras. Quero que todos conheçam o amor de Deus e esse é o motivo pelo qual escolhi ser missionário. Ser missionário é a melhor ocupação do mundo!”

Assista ao vídeo sobre o testemunho de Mandakh no link: bit.ly/worlds-best-job

Conhecendo a Mongólia

• O vasto deserto de Gobi ocupa grande parte do sul da Mongólia. Mas, em vez de dunas de areia, a região é principalmente selvagem, rochosa, e as temperaturas variam de – 40ºC graus no inverno a 40ºC no verão.

• A Missão da Mongólia está localizada na capital, Ulaanbaatar. Compreende seis igrejas, com 2.177 membros.

• O país tem uma população de 3.095.000 habitantes, ou seja, um adventista a cada 1.422 habitantes.


Comentário da Lição da Escola Sabatina – 3º Trimestre de 2018
Tema Geral: O livro de Atos dos Apóstolos
Lição 10: 1º a 8 de setembro

A terceira viagem missionária

Autor: Rafael Krüger
Pastor distrital
Munique, Alemanha

Supervisor: Wilson Paroschi
Professor de Novo Testamento
Southern Adventist University
Collegedale, TN, EUA

Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
Revisora: Josiéli Nóbrega

Esboço da lição da semana

I. Empenho contínuo (At 18:23)
II. Um novo batismo? (At 18:24–19:7)
III. Perigo iminente (At 20:29, 30)
IV. Verdades do evangelho (At 19:18-20)

  1. Empenho contínuo (At 18:23)

Em suas viagens missionárias, Paulo não apenas pregava o evangelho para não cristãos; ele também acompanhava o desenvolvimento espiritual dos novos conversos e da igreja como um todo. O apóstolo fez isso quando, ao voltar para Antioquia no final de sua primeira viagem, passou por cidades em que havia pregado no início de sua jornada “fortalecendo a alma dos discípulos” (At 14:21, 22). Sua segunda viagem começou com o propósito de ver como estavam “os irmãos por todas as cidades nas quais” ele havia anunciado “a Palavra do Senhor” (At 15:36; cf. vs. 41). Algo semelhante ocorreu no seu terceiro empreedimento missionário, quando ele “saiu, atravessando sucessivamente a região da Galácia e Frígia, confirmando todos os discípulos” (At 18:23).

Para refletir: Quanto de nossas energias está sendo empregado para o evangelismo? E quanto de nossas forças é usado para a manutenção dos novos crentes?

  1. Um novo batismo? (At 18:24–19:7)

Lucas abre um parêntese na jornada missionária de Paulo para apresentar Apolo, judeu helenista que se havia convertido aos ensinos de Jesus. Embora não seja possível afirmar quando Apolo se tornou cristão, há indícios de que ele não seria recém-converso. Afinal, além de ter conhecimento preciso a respeito de Jesus, ele tinha ouvido falar apenas do batismo de João (At 18:25), o que sugere que ele tinha se convertido antes do derramamento do Espírito Santo no Pentecostes. Isso, por sua vez, explica o motivo pelo qual Priscila e Áquila tiveram que explicar a Apolo detalhes sobre “o caminho de Deus” (At 18:26).

Embora Apolo seja mencionado em algumas ocasiões nas cartas paulinas, todas as referências são posteriores ao relato de Atos 18:24–19:1. Sua menção, no entanto, não é sem propósito para o enredo do livro. Além de apresentar um pouco da história de um importante evangelista da igreja primitiva (cf. 1Co 1:12; 3:4), o relato serve também de guia para a narrativa seguinte, que discorre sobre o encontro de Paulo com cerca de doze discípulos (At 19:1-7).

Há semelhanças entre esse grupo de discípulos e Apolo. Primeiramente, ambos viveram ao menos um tempo em Éfeso (At 18:24; 19:1). Em segundo lugar, todos eles eram discípulos de Jesus. Por fim, tanto Apolo quanto os discípulos receberam o batismo de João. Há, todavia, uma importante diferença entre as duas histórias. Se por um lado Apolo não passou novamente pelas águas, por outro, o novo batismo dos doze discípulos é parte vital no relato seguinte. Mas, por que há essa diferença se todos receberam o mesmo batismo?

A resposta para essa pergunta passa pelo momento histórico em que o batismo de João foi aplicado. Como já mencionado, as evidências indicam que Apolo foi batizado antes do Pentecostes, assim como Jesus e Seus discípulos. Nesse tempo, o batismo de João era o único existente e válido e, portanto, Apolo não precisaria descer novamente às águas (como também os discípulos de Cristo não precisaram). Após o Pentecostes, porém, o batismo passou a ser em nome de Jesus e a estar associado com o dom do Espírito (At 2:38; 8:14-17; 10:47, 48). A partir de então, o batismo de João (apenas) não deveria ser aplicado aos novos conversos. O fato de que os discípulos de Éfeso passaram uma segunda vez pelas águas parece indicar que eles tenham recebido o batismo de João após o Pentecostes.

É válido observar que o ocorrido com os discípulos de Éfeso não é um rebatismo no sentido estrito do termo, mas sim o primeiro batismo válido que eles receberam. Algo semelhante ocorre quando alguém batizado por aspersão se torna adventista. Essa pessoa necessariamente precisa ser batizada por imersão. Note: isso não é um rebatismo. É seu primeiro batismo seguindo a norma bíblica para essa cerimônia.

Para refletir: Diferentemente de nós, os doze discípulos que Paulo encontrou em Éfeso ainda não tinham ouvido falar sobre o Espírito Santo. Seja honesto e responda: haveria alguma diferença na sua vida se você também não conhecesse o Espírito Santo? Em outras palavras: quanto de espaço você tem dado para o Espírito atuar em sua vida? Qual é a importância Dele na sua vida?

  1. Verdades do evangelho (At 19:18-20)

O evangelismo entre os gentios pagãos não era uma tarefa simples. Afinal, havia várias barreiras que dificultavam a compreensão e aceitação do evangelho entre esse grupo. Presumivelmente, os gentios tinham noções antagônicas em relação ao cristianismo. Por exemplo, eles eram politeístas e alheios ao conceito da graça imerecida. Além disso, de modo geral os não judeus desconheciam o Antigo Testamento, o que dificultava a apresentação de Jesus como o Messias prometido das Escrituras.

Apesar dessas e ainda outras dificuldades religiosas e éticas, é possível observar no relato de Atos que Paulo não alterou o evangelho para que fosse mais palatável ou ainda mais aceitável aos gentios. Se por um lado é possível ver o apóstolo usando conceitos conhecidos entre seus ouvintes para facilitar a compreensão da mensagem, como no caso de Atenas (cf. At 17:23, 28), por outro nota-se claramente que os conceitos cristãos se mantiveram inalterados. Os pagãos deveriam abandonar a idolatria (1Co 10:14; Rm 1:22, 23), o misticismo e a magia (At 19:19), e todos eram chamados para se converterem ao Senhor e servir “o Deus vivo e verdadeiro” (1Ts 1:9).

Para refletir: Um extremo é se tornar intolerante com aqueles que pensam de maneira diferente e apresentar um evangelho incompreensível para aqueles que nao têm familiaridade com as Escrituras. O outro é ser negligente com a verdade para ser aceito e distorcer o evangelho com o intuito de traduzi-lo. Tenha cuidado para não cair para nenhum desses lados.

  1. Perigo iminente (At 20:29, 30)

Antes de concluir sua terceira viagem missionária, Paulo convidou a liderança da igreja de Éfeso para uma última conversa. Em sua fala, o apóstolo convocou os presbíteros para vigiar e cuidar do rebanho que Deus lhes havia confiado. Esse chamado de Paulo não foi sem um claro motivo. Segundo o apóstolo, após sua partida se levantariam pessoas como “lobos ferozes […] que [torceriam] a verdade, a fim de atrair os discípulos” (At 20:29, 30, NVI).

Falsos ensinos e heresias não foram um desafio somente para a igreja em Éfeso. Desde o início, a igreja primitiva precisou lidar com problemas teológicos e doutrinários. Talvez a questão da circuncisão e o papel da lei na salvação sejam os pontos mais conhecidos atualmente (At 15:1; Rm 3:28). Havia, porém, ainda outras heresias que apareciam na igreja, tais como a angelolatria (Cl 2:18), docetismo (1Jo 4:1-3), ascetismo (Cl 2:20-23; 1Tm 4:3-4), entre outras.

Hoje, a igreja cristã também se encontra em perigo frente a uma enorme gama de doutrinas que contraria os ensinos bíblicos. Para lidar com esse desafio é importante ter unidade de fé, conhecimento de Cristo e maturidade espiritual (Ef 4:13). Esses são alguns aspectos que Paulo apresentou à igreja de Éfeso anos mais tarde, “para que [eles] não mais [fossem] como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro” (v. 14).

Para refletir: Você está bem firmado no conhecimento bíblico? Será que ao menor sinal de brisa de doutrina, para usar a linguagem paulina, a sua fé treme?

Conclusão

Pontos a ser enfatizados em classe:

– A necessidade de acompanhar os novos conversos.

– A diferença entre o batismo de João que Apolo e os discípulos de Éfeso receberam.

– A firmeza e tato de Paulo ao anunciar o evangelho.

– A existência de desafios doutrinários/teológicos na igreja primitiva e na atual.

Supervisor do comentário:

Wilson Paroschi ensinou na Faculdade de Teologia do Unasp, Engenheiro Coelho, por mais de trinta anos. Desde janeiro deste ano, é professor de Novo Testamento na Southern Adventist University, em Collegedale, Tennessee, Estados Unidos. Ele é PhD em Novo Testamento pela Andrews University (2004) e realizou estudos de pós-doutorado na Universidade de Heidelberg, na Alemanha (2011).