Lição 3
11 a 17 de abril
A visão de Jesus e dos apóstolos acerca da Bíblia
Sábado à tarde
Ano Bíblico: 1Rs 3, 4
Verso para memorizar: “Jesus, porém, respondeu: Está escrito: Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus” (Mt 4:4).
Leituras da semana: Mt 4:1-11; 22:37-40; Lc 24:13-35, 44, 45; 4:25-27; At 4:24-26

Infelizmente, nesta era pós-moderna, a Bíblia tem sido amplamente reinterpretada por lentes de uma filosofia que questiona tanto sua inspiração quanto sua autoridade. Na verdade, a Bíblia é vista meramente como ideias de seres humanos que viveram em uma cultura relativamente primitiva e que não podiam compreender o mundo como nós o compreendemos hoje. Ao mesmo tempo, o elemento sobrenatural foi minimizado ou mesmo tirado de cena, transformando a Bíblia em um documento que, em vez de ser a visão de Deus acerca do homem, tornou-se a visão do homem acerca de Deus. E o resultado é que, para muitos, a Bíblia se tornou amplamente irrelevante em uma era de pensamento darwinista e filosofia moderna.

No entanto, rejeitamos completamente essa posição. Em vez disso, no Novo Testamento, percebemos a maneira inspirada de ver todas as Escrituras ao estudarmos a maneira pela qual Jesus e os apóstolos compreendiam o Antigo Testamento, a única Bíblia que eles tinham na época. Como eles se relacionaram com as pessoas, lugares e eventos descritos? Quais eram suas pressuposições e consequentes métodos de interpretação? Nesta semana vamos estudar tais pontos percebendo os equívocos de homens não inspirados cujas suposições levam apenas ao ceticismo e à dúvida sobre a Palavra de Deus.



Domingo, 12 de abril
Ano Bíblico: 1Rs 5, 6
Está escrito

O batismo de Jesus, realizado por João Batista, marcou o início do ministério do Salvador. Após esse evento, Cristo foi levado pelo Espírito ao deserto da Judeia, onde, em Sua condição humana mais fraca, foi tentado por Satanás.

1. Leia Mateus 4:1-11. Como Jesus Se defendeu contra as tentações de Satanás no deserto? O que aprendemos sobre a Bíblia nesse relato? Assinale a alternativa correta:

A. (  ) Ele citou as Escrituras. A Palavra de Deus é nossa armadura contra a tentação.

B. ( ) Ele amaldiçoou Satanás. A Bíblia não teve importância nesse relato.

Quando tentado pelo apetite, Jesus respondeu: “Está escrito: Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus” (Mt 4:4). Jesus apontou para a Palavra viva e sua fonte divina fundamental. Dessa maneira, Ele confirmou a autoridade das Escrituras. Quando tentado com os reinos e glórias do mundo, Jesus respondeu: “Está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a Ele darás culto” (Mt 4:10; Lc 4:8). Cristo nos lembrou de que a verdadeira adoração se concentra em Deus, e não em alguma outra pessoa, e que submissão à Sua Palavra é verdadeira adoração. Finalmente, em relação à tentação do amor à exibição e à presunção, Jesus respondeu: “Também está escrito: Não tentarás o Senhor, teu Deus” (Mt 4:7; Lc 4:12).

Nas três tentações, Jesus respondeu com as palavras “está escrito”. Isto é, Ele foi diretamente à Palavra e nada mais para lidar com os ataques e enganos de Satanás. Essa é uma lição poderosa para todos nós: a Bíblia, e a Bíblia somente, é o padrão supremo e fundamento de nossa crença.

Sim, somente a Bíblia, e unicamente a Bíblia, foi o método de defesa de Jesus contra os ataques do adversário. Cristo é Deus, mas, em Sua defesa, contra Satanás, Ele Se submeteu unicamente à Palavra de Deus.

Não foi opinião; não foi um argumento elaborado e complicado; nem foi com palavras de animosidade pessoal. Foi pelas simples, mas profundas palavras das Escrituras. Para Cristo, a Palavra tinha a maior autoridade e o maior poder. Assim, Seu ministério começou com um fundamento certo e continuou a se desenvolver com base na confiabilidade da Bíblia.

Como podemos ser tão dependentes da Palavra de Deus e tão submissos a ela, de acordo com o exemplo de Jesus?

Estabeleça o hábito do culto familiar.

Segunda-feira, 13 de abril
Ano Bíblico: 1Rs 7, 8
Jesus e a Lei

2. Leia Mateus 5:17-20; 22:29; 23:2, 3. O que Jesus disse nesses contextos? Assinale “V” para verdadeiro ou “F” para falso:

A.(  ) Que Ele não veio para revogar a Lei, mas para cumpri-la.

B.(  ) Que Ele veio ao mundo para anular a Lei.

Jesus ensinou aos Seus discípulos a obediência à Palavra de Deus e à Lei. Não há de Sua parte sequer um indício de dúvida acerca da autoridade ou relevância das Escrituras. Ao contrário, Ele constantemente Se referiu a elas como a fonte da autoridade divina. Aos saduceus, Ele disse: “Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus” (Mt 22:29). Cristo ensinou que um mero conhecimento intelectual da Bíblia e de seus ensinamentos era insuficiente para conhecer a verdade e, mais importante, para conhecer o Senhor, Aquele que é essa verdade.

3. Leia Mateus 22:37-40. Qual é a visão de Jesus acerca da Lei de Moisés?

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Na declaração ao intérprete da Lei, Jesus resumiu os Dez Mandamentos, dados a Moisés quase 1.500 anos antes. Jesus Se concentrou na Lei do Antigo Testamento e elevou-a ao mais alto nível. Muitos cristãos têm concluído erradamente que um novo mandamento foi dado nessa passagem, e, portanto, de alguma forma, a Lei do Antigo Testamento foi substituída pelo evangelho do Novo Testamento. Mas o que o Jesus estava ensinando está fundamentado na Lei do Antigo Testamento. Cristo havia revelado a Lei mais plenamente e resumiu os Dez Mandamentos, cujos quatro primeiros se concentram no relacionamento divino-humano, e os seis últimos focalizam os relacionamentos humanos. Ele disse que desses “dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas” (Mt 22:40). Assim, com a expressão “a Lei e os Profetas”, Jesus também enalteceu o Antigo Testamento, pois essa é uma maneira abreviada de se referir à Lei, aos profetas e aos escritos, ou às três divisões do Antigo Testamento.

“[Cristo] apontava às Escrituras como de autoridade inquestionável, e devemos fazer o mesmo. A Bíblia deve ser apresentada como a Palavra do Deus infinito, como o termo de toda polêmica e o fundamento de toda fé” (Ellen G. White, Parábolas de Jesus, p. 39, 40).

Há outras autoridades competindo contra nossa submissão à Bíblia (família, filosofia, cultura)?


Terça-feira, 14 de abril
Ano Bíblico: 1Rs 9, 10
Jesus e todas as Escrituras

4. Leia Lucas 24:13-35, 44, 45. Como Jesus usou as Escrituras para ensinar aos discípulos a mensagem do evangelho?

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Após a morte de Cristo, Seus seguidores ficaram confusos e em dúvida. Como isso pôde acontecer? O que significava a Sua morte? De acordo com Lucas, Jesus apareceu a eles duas vezes, primeiramente a dois que estavam a caminho de Emaús e depois a outros. Em duas ocasiões diferentes, Jesus explicou como tudo havia se cumprido das profecias do Antigo Testamento: “E, começando por Moisés, discorrendo por todos os Profetas, expunha-lhes o que a Seu respeito constava em todas as Escrituras” (Lc 24:27).

Novamente em Lucas 24:44, 45, Ele disse: “São estas as palavras que Eu vos falei, [...]: importava se cumprisse tudo o que de Mim está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos”. Jesus “então, lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras”.

Observe a referência específica em Lucas 24:27 a “todas as Escrituras”. Isso foi enfatizado novamente na segunda passagem como a “Lei de Moisés”, os “Profetas” e os “Salmos” (Lc 24:44). Isso estabelece claramente que Jesus, o Verbo encarnado (Jo 1:1-3, 14), confiava na autoridade das Escrituras para explicar como essas coisas foram preditas centenas de anos antes. Ao Se referir à totalidade das Escrituras, Jesus estava ensinando os discípulos pelo exemplo. À medida que fossem espalhar a mensagem do evangelho, eles também deveriam expor todas as Escrituras para trazer compreensão e poder aos novos conversos em todo o mundo.

Em Mateus 28:18-20, Jesus disse aos Seus discípulos naquela ocasião (e para nós hoje) que “toda a autoridade” Lhe “foi dada no Céu e na Terra”. Mas essa autoridade permanecia fundamentada em Seu Pai e em toda a Divindade, pois Ele lhes disse: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”. Então vem a passagem-chave: “ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado”. O que Jesus ensinou e ordenou? Seus ensinamentos estão fundamentados em todas as Escrituras. Ele veio com base na autoridade profética da Palavra, e em cumprimento das profecias das Escrituras Ele Se submeteu a Seu Pai.

Se Jesus aceitava todas as Escrituras, não devemos fazer o mesmo? Como podemos aceitar a autoridade da Bíblia inteira, mesmo quando percebemos que nem tudo é necessariamente aplicável atualmente? Comente com a classe.


Quarta-feira, 15 de abril
Ano Bíblico: 1Rs 11, 12
Jesus e a origem e história da Bíblia

Jesus ensinou que a Bíblia é a Palavra de Deus no sentido de que o que ela declara é sinônimo do que Deus diz. A origem da Bíblia se encontra em Deus e, portanto, ela contém a autoridade suprema para todos os aspectos da vida. Deus trabalhou ao longo da História para revelar Sua vontade à humanidade por meio da Bíblia.

Por exemplo, em Mateus 19:4, 5, Jesus citou um texto escrito por ­Moisés. Mas Ele Se referiu a essa passagem da seguinte maneira: “o ­Criador, desde o princípio, os fez homem e mulher e [...] disse: Por esta causa deixará o homem pai e mãe”. Em vez de dizer “assim dizem as Escrituras”, Jesus declarou: “o Criador, desde o princípio, os fez homem e mulher e [...] disse”, atribuindo à palavra do Senhor o que o narrador de Gênesis escreveu. Deus é considerado o Autor dessa declaração, mesmo que ela tenha sido escrita por Moisés.

5. Como Jesus compreendia as pessoas e os eventos históricos da Bíblia? Mt 12:3, 4; Mc 10:6-8; Lc 4:25-27; Lc 11:51; Mt 24:38

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Jesus tratava constantemente pessoas, lugares e eventos do Antigo Testamento como verdade histórica. Ele Se referiu a Gênesis 1 e 2, a Abel em Gênesis 4, a Davi comendo os pães da proposição e a Eliseu, entre outras figuras históricas. Ele falou repetidamente dos sofrimentos dos profetas antigos (Mt 5:12; 13:57, 23:34-36, Mc 6:4). Em uma mensagem de advertência, Cristo também descreveu os dias de Noé: “Porquanto, assim como nos dias anteriores ao Dilúvio comiam e bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e não o perceberam, senão quando veio o Dilúvio e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do Homem” (Mt 24:38, 39). Há aqui todos os indícios de que Jesus estava Se referindo a esse ato poderoso de juízo de Deus como um evento histórico.

Visto que o próprio Jesus Se referiu a essas pessoas históricas como reais, o que isso revela sobre o poder dos enganos de Satanás, considerando que muitas pessoas, até mesmo professos cristãos, negam a existência desses personagens? Por que não devemos cair nessa armadilha?


Quinta-feira, 16 de abril
Ano Bíblico: 1Rs 13, 14
Os apóstolos e a Bíblia

Os escritores do Novo Testamento abordaram a Bíblia da mesma forma que Jesus fazia. Em matéria de doutrina, ética e cumprimento profético, o Antigo Testamento era, para eles, a Palavra autoritativa de Deus. Nada do que esses homens disseram ou fizeram desafia a autoridade e a autenticidade de qualquer parte da Bíblia.

6. Como os apóstolos entendiam a autoridade da Palavra de Deus? At 4:24-26; 13:32-36; Rm 9:17; Gl 3:8

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Nessas passagens, observe como as Escrituras estão intimamente relacionadas à voz do próprio Deus. Em Atos 4, pouco antes de receberem a plenitude do Espírito Santo, os discípulos louvaram a Deus pelo livramento de Pedro e João. Em seu louvor, eles levantaram as vozes, reconhecendo Deus como o Criador e admitindo que Ele havia falado por meio de Davi, Seu servo. Isto é, as palavras de Davi são as palavras de Deus. Em Atos 13:32-36, Davi foi citado novamente por Paulo, mas suas palavras são atribuídas a Deus, pois o versículo 32 diz: “o que Deus prometeu a nossos antepassados” (NVI).

Em Romanos 9:17, onde se esperaria que Deus fosse o sujeito, Paulo usou o termo “Escritura”, afirmando: “Porque a Escritura diz a Faraó”, o que poderia, na verdade, ser dito de outra forma: “Porque Deus diz a Faraó”. Em Gálatas 3:8, o sujeito “Escritura” é usado no lugar de “Deus”, mostrando quanto a Palavra do Senhor está intimamente ligada ao próprio Criador.

Na verdade, os escritores do Novo Testamento confiavam uniformemente no Antigo Testamento como a Palavra de Deus. No Novo Testamento existem centenas de citações do Antigo Testamento. Um estudioso compilou uma lista de 2.688 referências específicas, sendo 400 de Isaías, 370 dos Salmos, 220 de Êxodo e assim por diante. Se adicionássemos a essa lista alusões, temas e ideias, o número aumentaria muito. Os livros estão repletos de referências às profecias do Antigo Testamento que são frequentemente introduzidas com a expressão: “está escrito” (Mt 2:5;
Mc 1:2; 7:6, Lc 2:23; 3:4; Rm 3:4; 8:36; 9:33; 1Co 1:19; Gl 4:27; 1Pe 1:16). Tudo isso confirma que as Escrituras do Antigo Testamento são o fundamento sobre o qual repousam os ensinamentos de Jesus e dos apóstolos.

O que esses exemplos nos ensinam sobre os perigos das ideias que diminuem nossa confiança na autoridade das Escrituras?

Não permita que sua fidelidade entre em crise!

Sexta-feira, 17 de abril
Ano Bíblico: 1Rs 15, 16
Estudo adicional

Textos de Ellen G. White: O Desejado de Todas as Nações, p. 68-74 (“Em Criança”) e p. 114-123 (“A Tentação”).

“Os homens se consideram mais sábios do que a Palavra de Deus, mais sábios até mesmo que o próprio Deus; e em vez de firmar seus pés no fundamento inabalável, e pôr tudo à prova da Palavra do Senhor, eles provam essa Palavra por suas próprias ideias de ciência e natureza, e se essa Palavra não concorda com suas ideias científicas, ela então é descartada como indigna de crédito” (Ellen G. White, Signs of the Times [Sinais dos Tempos], 27 de março de 1884, p. 1).

“Os que mais bem se acham familiarizados com a sabedoria e o propósito de Deus da maneira como foram revelados em Sua Palavra tornam-se homens e mulheres de vigor mental; e podem tornar-se obreiros eficientes com o grande Educador, Jesus Cristo [...]. Ele deu a Seu povo as palavras da verdade, e todos são convidados a desempenhar uma parte em torná-las conhecidas ao mundo [...]. Não há santificação à parte da verdade – a Palavra. Quão essencial, portanto, que ela seja compreendida por todos!” (Ellen G. White, Fundamentos da Educação Cristã, p. 432).

Perguntas para consideração

1. Se Jesus, os escritores dos evangelhos e Paulo trataram o Antigo Testamento como a Palavra de Deus, por que muitas visões sobre as Escrituras estão erradas? Por que não devemos cair nesses argumentos?

2. Muitos estudiosos bíblicos modernos vão tão longe em seu ceticismo que chegam a negar verdades bíblicas: rejeitam a criação literal de seis dias e aceitam bilhões de anos de evolução; recusam um Adão sem pecado em um mundo perfeito; repudiam o Dilúvio universal; rejeitam a existência literal de Abraão; negam a história do Êxodo; contestam os milagres de Jesus, incluindo até mesmo Sua ressurreição; e rejeitam a profecia preditiva, em que os profetas revelam o futuro, às vezes com séculos ou milênios de antecedência. O que essas conclusões revelam sobre o que ocorre quando pessoas duvidam da autoridade e autenticidade da Bíblia? Como ajudar as pessoas a compreender claramente a verdade?

3. Todas as Escrituras são inspiradas, mesmo as partes que não são necessariamente aplicáveis a nós hoje e que se cumpriram em Cristo? Em que sentido essas porções da Bíblia nos beneficiam hoje?

Respostas e atividades da semana: 1. A. 2. V; F. 3. Jesus considerava que a Lei de Moisés se resumia em amar a Deus e amar ao próximo. 4. Mostrou que o Cristo devia padecer para que se cumprissem as profecias acerca de Sua vinda. 5. Como sendo verdades históricas. Sua visão de mundo estava fundamentada nas Escrituras. 6. Eles tinham a Palavra de Deus como autoridade suprema.



Resumo da Lição 3
A visão de Jesus e dos apóstolos acerca da Bíblia

Textos-chave: Mt 4:1-11; Mt 22:37-40; Lc 24:13-35, 44, 45; Lc 4:25-27; At 4:24-26

ESBOÇO

O clamor da Reforma foi ad fonts – “de volta às origens”. No contexto do Iluminismo, esse lema significava que os reformadores decidiram voltar às Escrituras como a fonte original, a fim de realmente entender a natureza do cristianismo e da religião e os deveres de um cristão. Os reformadores se recusaram a fundamentar sua compreensão das Escrituras nas tradições e nos abusos que caracterizavam a igreja medieval. Os pressupostos modernos resultantes de uma visão de mundo secularizada minimizam a Bíblia e presumem que ela se baseia em ideias equivocadas e primitivas que precisam ser ajustadas ou rejeitadas. Assim, os cristãos também devem “voltar às origens”.

O exemplo primordial pelo qual devemos nos orientar é Jesus Cristo. Como Ele via as Escrituras? Ele expressou dúvidas sobre certas partes delas, ou citou a Bíblia (em Sua época, o Antigo Testamento) como norma autoritativa para todas as áreas da vida? A era moderna e científica nega a existência de Deus. No máximo, afirma que Deus não interage na história humana. Em vez de seguir essas pressuposições, não deveríamos provar quaisquer afirmações desse tipo à luz do que as Escrituras dizem que Jesus ensinava e, pelo exemplo Dele, acreditava? E quanto aos Seus discípulos, os apóstolos, que escreveram grandes porções do Novo Testamento? Eles também não seguiram Seu exemplo? Nesta semana, voltaremos nossa atenção a Jesus e aos apóstolos para ver como usavam e interpretavam as Escrituras. Compreendemos que Seus métodos de interpretação e aplicação ainda servem como guia e inspiração confiáveis no presente.

Comentário

Ilustração

Em 1521, Martinho Lutero foi convocado pelo imperador romano para ir a Worms, na Alemanha, onde aguardou seu julgamento pelo conselho, ou assembleia. Foi um ponto da virada para a Reforma. Lutero iria se retratar e repudiar seus escritos que haviam agitado toda a Europa? Ou ele defenderia o princípio sola Scriptura, “a Bíblia somente”, como seu padrão? Lutero estava diante do imperador e das mais altas autoridades civis e eclesiásticas. Uma gravura feita pelo artista Lucas Cranach naquele mesmo ano apresenta o perfil distinto de Lutero, projetando força e determinação. Quando chegou o momento, ele falou de maneira direta e honesta: “Visto que Sua Majestade e Sua Alteza pedem uma resposta clara, eu a darei. A menos que me provem que eu esteja errado pelo testemunho das Escrituras e por clara argumentação, pois não posso confiar nas decisões de papas ou concílios – uma vez que é evidente que eles erram e contradizem um ao outro com frequência – estou comprometido pela consciência e firmado na Palavra de Deus pelas passagens das Sagradas Escrituras que citei. Portanto, não posso e não retratarei nada, pois não é seguro nem salutar agir contra a consciência. Deus me ajude! Amém” (Heinrich Boehmer, Martin Luther: Caminho para a Reforma. Nova York: Meridian Books, 1957, p. 415).

Escritura

Um momento crucial na história terrestre foi quando Satanás tentou Jesus após Seu batismo e experiência no deserto. Apenas 40 dias antes, o Pai havia dito no batismo do Filho: “Este é o Meu Filho amado, em quem Me comprazo” (Mt 3:17). Satanás desafiou essa afirmação. Jesus era quem Seu Pai disse que Ele era? A questão era a confiabilidade da Palavra divina. Em Sua primeira resposta, Jesus citou uma passagem de Deuteronômio 8:3: “Para te dar a entender que não só de pão viverá o homem, mas de tudo o que procede da boca do Senhor”. O contexto dessa passagem é a divina providência sustentadora para os antigos israelitas quando vagaram no deserto por 40 anos. Deus os humilhou e os sustentou para que confiassem totalmente Nele. Ao citar essa passagem, Jesus quis dizer: “Meu Pai, que sustentou Israel por 40 anos, Me sustentará. Confio apenas na Sua Palavra, porque sei que Ele não é apenas a Fonte de sustento, mas a Fonte da própria vida.” Também há uma implicação mais profunda nesse contexto. Jesus está Se submetendo ao Pai, assim como o antigo Israel foi ensinado a se submeter à Palavra de Deus. Jesus não falou de Sua própria autoridade, mas da autoridade das Escrituras, comunicadas por Moisés. O argumento em Deuteronômio é que, porque o Criador sustentou Israel e os preservou como Seu povo para entrar na terra prometida, eles deviam guardar os mandamentos do Senhor, seu Deus, para andarem nos Seus caminhos e O temerem (Dt 8:6).

“Jesus enfrentou Satanás com as palavras das Escrituras. ‘Está escrito’ (Mt 4:4), Ele declarou. Em toda tentação, Sua arma de guerra era a Palavra de Deus. Satanás exigia de Jesus um milagre como prova de Sua divindade. Mas aquilo que era maior do que todos os milagres – uma firme confiança em um ‘assim diz o Senhor’ – era um testemunho irrefutável. Enquanto Cristo Se mantivesse nessa atitude, o tentador não conseguiria obter qualquer vantagem” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 120). Como lidamos com a tentação? Temos as Escrituras em nosso coração a fim de que as possamos invocar para responder ao tentador? Não somos forçados a submeter nossas vontades à tentação e temos o mesmo recurso que Jesus tinha: Sua Palavra.

Ilustração

Em 23 de outubro de 1844, houve intensa tristeza e decepção quando os crentes do advento acordaram para a realidade de que Jesus não havia retornado para levá-los para casa como esperavam. Eles venderam casas e propriedades, deram tudo para a proclamação da mensagem de que Jesus voltaria no dia anterior, mas sua maior esperança tinha sido esmagada. Alguns dos crentes deixaram a fé. Muitos enfrentaram o ridículo de céticos que duvidaram o tempo todo. O que deu errado? Tudo o que aprenderam com o estudo das profecias não serviu de nada? Contudo, ao se voltarem às Escrituras, foram levados a entender que a data não estava errada; mas que haviam entendido mal a natureza da “purificação do santuário”. A purificação do santuário não era a destruição da Terra, mas o ministério de Cristo no lugar santíssimo para iniciar outra fase de Sua obra expiatória. O estudo levou os crentes do advento a entender a profecia de Apocalipse 10:9, 10: a doce mensagem do livro que se tornou uma amarga decepção. Esse desapontamento não foi uma experiência nova para os crentes em Jesus. Algo semelhante tinha acontecido antes.

Escrituras

Os discípulos não podiam entender a morte de Cristo na cruz. Juntamente com o judaísmo em geral, eles acreditavam que o Messias estabeleceria um reino terrestre que os libertaria da opressão dos romanos. Agora que Jesus estava morto e enterrado, eles ficaram arrasados. A resposta para esse desapontamento foi a mesma que o dos primeiros crentes do advento: pesquisar as Escrituras. Jesus mostrou-lhes o caminho. “E, começando por Moisés, discorrendo por todos os profetas, expunha-lhes o que a Seu respeito constava em todas as Escrituras” (Lc 24:27). Foi uma exposição completa, para que os discípulos pudessem ver que “importava se cumprisse tudo o que [Dele] está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos” (Lc 24:44). Eis outra referência explícita às três divisões do Antigo Testamento que abrangem “toda a Escritura”. Jesus orou por Seus discípulos: “Santifica-os na verdade; a Tua palavra é a verdade” (Jo 17:17). Para Jesus, toda a Escritura era autoritativa e servia de base para Sua autoridade, ministério e missão.

Os discípulos levaram os ensinos de Jesus a sério e fizeram deles o núcleo dos evangelhos e cartas para a igreja. Mateus citou com frequência as profecias do Antigo Testamento. Lucas iniciou seu evangelho com as genealogias, demonstrando que Jesus era o Messias. Paulo afirma que “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2Tm 3:16, 17). Em Hebreus 11, Paulo lista muitos dos homens e mulheres que foram heróis da fé, de uma forma que considera suas histórias e cenários originais no Antigo Testamento como verdadeiras e literais. Não há escritor do Novo Testamento que duvide da autenticidade, historicidade, profecias ou ensinamentos da Bíblia. Os escritores bíblicos consideram os relatos das Escrituras plenamente fidedignos. Os exemplos de Jesus e dos apóstolos deixam claro como abordar a Palavra de Deus. Eles permitiram que as Escrituras interpretassem as Escrituras; confiaram nelas como sua defesa durante a tentação e exigiram um claro “assim diz o Senhor” para o entendimento mais profundo do texto bíblico e de suas aplicações.

Aplicação para a vida

Nos anos 90, o movimento WWJD tornou-se popular entre os cristãos. Os jovens usavam pulseiras de plástico com a sigla WWJD (em inglês, What would Jesus do? [“O que Jesus faria?”]) Essa pergunta também pode ser apropriada ao refletirmos sobre como devemos considerar a Bíblia. Podemos reformular a pergunta para “O que Jesus diria?” O que Jesus diria sobre as interpretações modernas que negam a historicidade de grandes eventos no Antigo Testamento? O que Jesus diria sobre argumentos a favor da crença de que o Antigo Testamento ensina uma mensagem diferente do que é apresentado no Novo Testamento e deve ser minimizado e relegado a uma posição de menor autoridade? O que Jesus diria a alguém na igreja que insiste que certas passagens do Novo Testamento são aplicáveis apenas à igreja à qual uma carta específica foi endereçada (por exemplo, Éfeso ou Corinto)? Jesus limitaria a autoridade da Bíblia? Como discípulos de Cristo, de que modo imitamos Sua abordagem das Escrituras? Como fizeram os fariseus e saduceus, tentaremos interpretar e distorcer as palavras para apanhar Jesus em uma armadilha?

1. Peça à classe que conte experiências em que certas passagens bíblicas vieram à mente quando foram tentados a deixar o caminho da verdade. Que tipo de bênçãos recebemos ao memorizar a Bíblia e guardá-la no coração? Quantas promessas de Deus você tem decorado, preparando-se para um tempo em que a Bíblia pode não estar mais em suas mãos?

2. Pense em outros exemplos de quando Jesus e os apóstolos fundamentaram seus argumentos nas Escrituras. Quão eficazes foram essas exposições?


DE VOLTA À ESCOLA

Os pais de Daniela Marinkovi estudaram até o Ensino Médio, e um dos três maiores sonhos era ver a filha com diploma universitário. Mas, Daniela se rebelou-se contra o que considerava ser expectativas injustas. “Essa não é sua decisão, mas a minha”, ela afirmava. “Farei o que quiser com minha vida.” Mesmo assim, para agradar os pais, matriculou-se na universidade de Belgrado para estudar russo. Como não era sua primeira escolha, cursou sem entusiasmo e logo abandonou. Porém, ela não ficou preocupada. Tinha apenas 20 anos e facilmente conseguiu um emprego no call center local de uma empresa internacional de telecomunicações.

Com o passar dos anos, Daniela se casou com um adventista e sossegou. Mas estava insatisfeita com o emprego, considerando-o enfadonho. Ela sentia falta de criatividade e dinamismo, e começou a temer a rotina diária. Porém, essa rotina foi quebrada quando ela deu à luz um filho. A mãe de 29 anos deixou o trabalho por três anos de licença de maternidade. Durante esse tempo, ela pensou muito. Não conseguia imaginar passar o resto da vida fazendo algo que considerava chato e insatisfatório. O arrependimento tomou conta dela, quando ela se lembrou como foi descuidada ao abandonar a universidade. Sem um diploma universitário, as opções de emprego eram limitadas.

No verão anterior, ao fim da licença de maternidade, Daniela e sua família visitaram o pai e a nova esposa na Macedônia. O pai havia casado novamente após o divórcio. A madrasta, uma psicóloga, incentivou a retomar os estudos. “Por que você não se prepara para o vestibular e se matricula na universidade?”, perguntou. “Mas eu tenho um filho, uma família e uma casa para cuidar”, foi a resposta de Daniela. “Tudo que preciso é voltar para meu emprego no call center.”

Enquanto conversavam, Daniela começou a acreditar que podia equilibrar entre a casa, trabalho e aula. Então, matriculou-se e se preparou para o vestibular, visando ao curso de Psicologia em Belgrado. O problema foi que o vestibular acabou sendo agendado para o sábado. Daniela pediu ajuda ao presidente da igreja adventista na Sérvia. Ele escreveu uma carta para a universidade, mas a resposta foi: “Desculpe-nos, mas não podemos mudar a data por causa de uma pessoa.” 

Daniela ficou profundamente decepcionada. A universidade parecia fora de alcance. Ela contou a uma pessoa da família, uma mulher culta, sobre suas dificuldades e recebeu o conselho: “É simples, inscreva-se em uma universidade que não faz o vestibular no sábado. Depois de um ano, transfira para a universidade de Belgrado.” Daniela encontrou uma universidade em Novi Sad, a segunda maior cidade da Sérvia, que realizou o vestibular na sexta-feira. Ela foi aprovada no exame.

O ano seguinte foi extremamente agitado. Daniela tinha dois dias por semana de folga do trabalho. Aos sábados, ela adorava a Deus. Nas segundas-feiras, ela passava o dia na universidade, assistindo às aulas. Nos outros dias, ela trabalhava das 7hs às 15hs e depois ia para as aulas na universidade. A mãe dela ajudava a cuidar do filho. “Orei a Deus o tempo todo e me convenci que estava fazendo a coisa certa”, disse Daniela. “Eu tinha algum tipo de poder interior que me levou a continuar e a passar nos exames com nota máxima!”

Após nove meses, a empresa de telecomunicações demitiu 10% de seus funcionários, cerca de 100 pessoas, em meio a uma reorganização. Daniela estava entre os demitidos. Ela viu a decisão como uma bênção, porque tinha mais tempo para as aulas e a família. Quando o primeiro ano de estudos terminou, Daniela decidiu não se transferir para a universidade de Belgrado. Os professores a aceitaram bem como a sua fé. O dinheiro não fez falta. Suas notas melhoraram depois que ela foi demitida, e a universidade concedeu uma bolsa de estudos completa. Além disso, ela encontrou um emprego de verão como diarista na Alemanha.

Os pais de Daniela estavam orgulhosos quando ela se formou. A alegria deles cresceu quando ela obteve um mestrado em psicologia, se formando em outubro de 2018. Hoje, Daniela tem 41 anos e trabalha como coordenadora da ADRA em um centro de mulheres refugiadas em Belgrado. Ela ama seu emprego. “Esse emprego não é tedioso. Fiquei muito feliz quando o consegui. É um trabalho dinâmico e criativo. É tudo que queria fazer.” Parte da oferta do trimestre ajudará a construir uma igreja em Nova Belgrado, cidade localizada perto de Belgrado, onde Daniela trabalha. 

 

Dicas sobra a história

• Assista ao vídeo sobre Daniela no YouTube: bit.ly/Daniela-Marinkovic.
• Faça o download das fotos no Facebook (bit.ly/fb-mq) ou banco de ADAMS (bit.ly/back-to-school-ted).
• Faça o download das fotos dos projetos do trimestre no site: bit.ly/ted-13thprojects.

 


Comentário da Lição da Escola Sabatina – 1º Trimestre de 2020
Tema Geral: Como interpretar as Escrituras
Lição 3 – 11 a 18 de abril

A visão de Jesus e dos apóstolos acerca da Bíblia

Autor: Isaac Malheiros
Editor: André Oliveira Santos
Revisora: Josiéli Nóbrega

Nesta semana, veremos como Jesus e os apóstolos viam a Bíblia. É importante que nós tenhamos a mesma visão deles.

1. Como andam lendo a Bíblia hoje?

As atuais hermenêuticas contextualizadas e engajadas procuram atualizar os textos bíblicos aos problemas sociais de hoje. Esse tipo de interpretação da Bíblia descende da antiga teologia liberal do século 19, e se manifesta hoje na leitura sociológica, feminista, negra, LGBT, queer, dentre outras. Em geral, essas formas contemporâneas de ler a Bíblia não têm a mesma visão que Jesus e os apóstolos tinham sobre as Escrituras.

Para boa parte dos defensores dessas abordagens, a Bíblia não é uma fonte segura nem suficiente. Os males do mundo são explicados por algo como a “luta de classes” ou o “patriarcado”, e não pela depravação humana causada pelo pecado. Da mesma forma, a redenção viria mais por meio de revoluções e interferências ideológicas do que pela providência divina.

De acordo com a teologia feminista, por exemplo, a Bíblia foi escrita por homens e para homens, em linguagem machista, é fruto de manobras políticas, e é infectada pelo patriarcado. A proposta feminista é a “despatriarcalização” da Bíblia, julgando os textos bíblicos que podem ser úteis ou não.

Essa hermenêutica da suspeita é compartilhada por grande parte dessas leituras atuais. Um cristão bíblico deveria duvidar de qualquer teologia que suspeite da Bíblia. Para um cristão bíblico, a Bíblia não pode ser vista como instrumento das elites, do racismo, nem do patriarcado. Nem como mero artefato cultural, ou como um amontoado de textos contraditórios. Todas as abordagens que rebaixam a Bíblia e apresentam alguma norma externa que substitua o princípio sola Scriptura relativizam a Escritura, pois não acreditam que Bíblia tenha um significado objetivo e normativo. Essas leituras devem ser rejeitadas.

2. Devemos ver a Bíblia como Jesus via

Cristãos bíblicos entendem que a Bíblia é a Palavra inspirada de Deus, testemunho da graça e da salvação oferecidas por Deus em Jesus Cristo, e não lerão as Escrituras com o grau de ceticismo e suspeita que as interpretações liberais e engajadas exigem. Além disso, ler a Bíblia através da própria consciência (seja ela de gênero, raça/etnia ou classe social) e da experiência coloca a Palavra numa posição de submissão ao ser humano.

Influenciados pelo pensamento secular humanista, muitos liberais argumentavam que as narrativas de milagres são apenas mitos, poesias ou parábolas. Inclusive, rejeitando a historicidade de personagens, lugares e eventos registrados na Bíblia.

Jesus não fez nada disso com a Bíblia. Ele aceitou e reafirmou os relatos do Antigo Testamento como fatos historicamente confiáveis. Confirmou a historicidade do livro de Gênesis (Mt 19:4-6; Mc 10:6-8), do Dilúvio (Mt 24:37-39), de Sodoma e Gomorra (Mt 10:15; 11:23, 24), da esposa de Ló transformada numa estátua de sal (Lc 17:32), do maná do céu (Jo 6:31, 49, 58), e do relato de Jonas (Mt 12:40-41).

Jesus confirmou os mandamentos do Antigo Testamento como de origem divina, e dados ao povo através de Moisés (Mt 19:18, 19; Mc 7:9, 10). Também confirmou Davi como autor de alguns Salmos (Mt 22:43), e a historicidade de Adão, Eva, Abel (Mt 23:35), Abraão (Jo 8:56), Davi (Mt 12:3), Daniel (Mt 24:15), Zacarias (Mt 23:35). Afirmou que o autor do Pentateuco foi Moisés (Mt 8:4; Jo 5:46; 7:19), e que Isaías realmente foi autor do livro que leva seu nome (Mt 13:14, 15; Mc 7:6; Jo 12:38-41).

Jesus provou Sua identidade e Sua missão através das Escrituras (Lc 24:27, 44), e considerou um erro alguém não conhecer as Escrituras (Mt 22:29). Enfrentou a tentação afirmando “está escrito” (Mt 4:4, 7; Lc 4:8), no presente, indicando que o conteúdo das Escrituras não foi direcionado exclusivamente a alguma cultura ou tempo passados.

3. Como os profetas e apóstolos viam as Escrituras?

O cristão bíblico vê a Bíblia como os profetas e apóstolos também viam as Escrituras de seu tempo: como a Palavra de Deus (Dn 9:2; Mt 4:4; Mc 7:13 e Hb 4:12). Os primeiros cristãos acolheram as palavras de Paulo “não como palavra de homens, e sim como, em verdade é, a Palavra de Deus” (1Ts 2:13).

De acordo com Pedro, a Bíblia não é uma invenção meramente humana: “Antes de mais nada, saibam que nenhuma profecia da Escritura provém de interpretação pessoal, pois jamais a profecia teve origem na vontade humana, mas homens falaram da parte de Deus, impelidos pelo Espírito Santo” (2Pe 1:20-21 NVI). Então, [não devemos] considerar a Bíblia apenas como literatura, porque “se a Bíblia for percebida apenas como uma coleção de testemunhos humanos, ou se a sua autoridade depende, de alguma forma, de como a pessoa se sente ou das emoções que manifesta, então a autoridade da Palavra é grandemente enfraquecida, senão completamente destruída”.

4. Como os adventistas veem a Bíblia?

No caso dos adventistas, “[d]esde as suas primeiras publicações, [...] afirmaram aceitar a Bíblia como a inspirada Palavra de Deus”. A primeira crença fundamental da Igreja Adventista do Sétimo Dia afirma que “as Escrituras Sagradas, o Antigo e o Novo Testamentos, são a Palavra de Deus escrita, dada por inspiração divina”, contendo “o conhecimento necessário para a salvação”, e são “a revelação infalível, suprema e repleta de autoridade de Sua vontade”.

Assim, aceitar a visão liberal sobre a Bíblia representaria um inevitável abandono dessa crença fundamental. A ideia de submeter a Bíblia a uma “hermenêutica da suspeita” inverte a hierarquia de autoridade entre Deus e a humanidade. Na visão adventista, a Bíblia é “a norma pela qual todas as demais ideias devem ser provadas. Através dos séculos, as mentes finitas têm tentado julgar a Palavra de Deus de acordo com seus padrões humanos, o que se assemelha a uma fita métrica que pretende medir as estrelas. A Bíblia não se encontra sujeita aos padrões humanos. Ela é superior a toda a sabedoria e literatura humanas. Em vez de julgar a Bíblia, todas as pessoas serão por ela julgadas, uma vez que ela é o padrão de caráter e teste de toda a experiência e pensamento do homem”.

Qualquer tipo de experiência, individual ou coletiva, não tem mais autoridade que as Escrituras, mas deve ser submetida à Palavra: “a consciência, a razão, os sentimentos e as experiências místicas ou religiosas se encontram subordinadas à autoridade das Escrituras. Essas coisas podem ter um valor legítimo dentro de sua área de competência, mas devem ser constantemente avaliadas pelo minucioso exame da Palavra de Deus”.

Conheça o autor dos comentários para este trimestre: Isaac Malheiros é pastor, casado com a professora Vanessa Meira, e pai da pequena Nina Meira, de 8 anos. Tem atuado por 16 anos como pastor na área educacional, como capelão e professor, e ama ensinar a ler e interpretar a Bíblia. Atualmente, é pastor dos universitários e professor do Instituto Adventista Paranaense (IAP). É doutor em teologia (Novo Testamento), mestre em teologia (Estudos de texto e contexto bíblicos) e especialista em Ensino Religioso e Teologia Comparada.

 

1  Nisto Cremos, p. 24-25.
Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia, p. 60.
Manual da Igreja Adventista do Sétimo Dia, p. 166.
4 Nisto Cremos, p. 25.
Tratado de Teologia Adventista, p. 49.