Lição 7
05 a 11 de novembro
A vitória de Cristo sobre a morte
Sábado à tarde
Ano Bíblico: Jo 19-21
Verso para memorizar: “Ao vê-Lo, caí aos Seus pés como morto. Porém Ele pôs sobre mim a mão direita, dizendo: Não tenha medo. Eu sou o primeiro e o último e Aquele que vive. Estive morto, mas eis que estou vivo para todo o sempre e tenho as chaves da morte e do inferno” (Ap 1:17, 18).
Leituras da semana: Mt 27:62-66; Jo 10:17, 18; Mt 27:51-53; Jo 20:11-29; 1Co 15:5-8

A ressurreição de Jesus é central para a fé cristã. Paulo destacou esse ponto de maneira muito poderosa quando escreveu: “Se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a fé que vocês têm, e vocês ainda permanecem nos seus pecados. E ainda mais: os que adormeceram em Cristo estão perdidos” (1Co 15:16-18). Veremos isso com mais detalhes na próxima semana.

Paulo deu grande ênfase e importância à morte de Cristo: “Decidi nada saber entre vocês, a não ser Jesus Cristo, e Este, crucificado” (1Co 2:2). No entanto, a morte do Salvador não nos traz nenhum benefício à parte da Sua ressurreição. É por isso que Sua ressurreição é tão crucial para toda a fé cristã e para o plano de salvação.

No entanto, é difícil entender por que a ressurreição de Cristo e, com ela, a nossa ressurreição são tão importantes se, conforme a crença de muitos, os mortos em Cristo já estão desfrutando a bem-aventurança do Céu, pois “foram para casa para estar com o Senhor”.

Seja como for, nesta semana estudaremos sobre a ressurreição de Cristo e todas as evidências convincentes que Ele nos deu para crermos nela.

 

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Domingo, 06 de novembro
Ano Bíblico: At 1-3
Tumba selada

A missão de Cristo parecia ter terminado (e até fracassado) com Sua morte na cruz. Satanás instigou Judas para que traísse o Salvador (Lc 22:3, 4; Jo 13:26, 27) e os principais sacerdotes e anciãos para que exigissem Sua morte (Mt 26:59; 27:20). Depois que Jesus foi preso, “todos os discípulos O deixaram e fugiram” (Mt 26:56), e Pedro O negou três vezes (Mt 26:69-75). Jesus jazia num túmulo escavado em uma rocha, fechado com uma pedra grande, selado, protegido por guardas romanos (Mt 27:57-66), e vigiado por poderes demoníacos invisíveis. “Se fosse possível, o príncipe das trevas, com seu exército de rebeldes, teria mantido para sempre fechado o túmulo que guardava o Filho de Deus” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 627).

Durante Seu ministério terrestre, Cristo havia predito não apenas Sua morte na cruz, mas também Sua ressurreição. Usando a linguagem inclusiva oriental, em que uma fração de um dia representa um dia inteiro, Jesus mencionou: “Como Jonas esteve três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim o Filho do Homem estará três dias e três noites no coração da terra” (Mt 12:39, 40). Em outras ocasiões, Jesus ressaltou que seria morto, mas no terceiro dia ressuscitaria (Mt 16:21; 17:22, 23; 20:17-19). Os principais sacerdotes e os fariseus estavam cientes dessas declarações e tomaram medidas que eles esperavam que pudessem impedir Sua ressurreição.

1. Leia Mateus 27:62-66. Como essas ações ajudaram a dar ao mundo mais evidências da ressurreição de Jesus?

As medidas tomadas para manter Jesus no túmulo só tornaram ainda mais evidente Sua vitória sobre a morte e sobre as hostes do mal, pois essas precauções foram uma tentativa de evitar que isso acontecesse.

Esses homens tinham ouvido falar dos milagres de Jesus e até testemunhado alguns deles. No entanto, pensaram que um guarda sobre o túmulo poderia impedir que Ele fosse ressuscitado?

Além disso, qual foi o pretexto para colocar um guarda junto ao túmulo? Os discípulos poderiam roubar o corpo e alegar que Jesus havia ressuscitado? Quando pergunta sem: Onde está o Jesus ressuscitado? Eles diriam: creiam em nossa palavra.

Suas ações revelaram o quanto temiam Jesus, mesmo após Sua morte. Talvez, temessem que Ele pudesse ressuscitar.

 



Segunda-feira, 07 de novembro
Ano Bíblico: At 4-6
Ele ressuscitou!

A vitória de Cristo sobre Satanás e seus poderes malignos foi assegurada na cruz e confirmada pelo túmulo vazio. “Quando Jesus foi posto no sepulcro, Satanás triunfou. Ousou acreditar que o Salvador não viveria novamente. Reivindicava o corpo do Senhor e colocou sua guarda ao redor do túmulo, tentando manter Cristo como prisioneiro. Ficou furioso quando seus anjos fugiram diante do mensageiro celestial. Quando viu Cristo sair em triunfo, compreendeu que seu reino chegaria ao fim, e que ele finalmente morreria” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 630). E embora a humanidade de Cristo tenha morrido, Sua divindade não morreu. Em Sua divindade, Cristo possuía o poder de romper os grilhões da morte.

2. Leia Mateus 28:1-6; João 10:17, 18 e Romanos 8:11. Quem esteve diretamente envolvido na ressurreição de Jesus?

Durante Seu ministério em Samaria-Pereia, Jesus declarou que Ele próprio tinha poder para entregar Sua vida e reavê-la (Jo 10:17, 18). Cristo disse a Marta: “Eu sou a ressurreição e a vida” (Jo 11:25). Outras passagens falam de Sua ressurreição como um ato divino (At 2:24; Rm 8:11; Gl 1:1; Hb 13:20). Até mesmo um poderoso anjo do Senhor esteve envolvido nesse evento glorioso (Mt 28:1, 2).

Entretanto, Mateus 28:11-15 revelou os esforços inúteis e tolos dos líderes em sua luta contra Jesus. A guarda romana contou aos líderes “tudo o que havia acontecido” (Mt 28:11). Nesse relato está implícita a ideia de que os guardas tinham visto a ressurreição. Caso contrário, o que suas palavras significariam? Um anjo desceu do céu, moveu a pedra, sentou-se sobre ela e os guardas desmaiaram? O que viram em seguida foi o túmulo vazio? Talvez, enquanto os romanos estavam inconscientes, o anjo teria levado o corpo de Jesus? Os discípulos o haveriam levado? Ou alguém o havia roubado? O que quer que tenha acontecido, o corpo de Jesus havia desaparecido.

Todo esse relato já teria sido desconcertante para os líderes religiosos. Mas o fato de haverem dado “grande soma de dinheiro aos soldados” (Mt 28:12) para manter esses homens quietos sugere que tudo o que os soldados lhes disseram os tinha perturbado profundamente. E o que falaram, é claro, foi sobre a ressurreição de Jesus.

 

Alguns zombam de que os primeiros a ver o Cristo ressurreto fossem romanos. Por quê? Essa verdade simboliza o que estava por vir: a evangelização dos gentios?
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Terça-feira, 08 de novembro
Ano Bíblico: At 7-9
Muitos ressuscitaram com Ele

3. Leia Mateus 27:51-53. O que esse relato incrível nos ensina sobre a ressurreição de Jesus e o que ela realizou?

Um terremoto marcou a morte de Jesus (Mt 27:50, 51), e outro marcou Sua ressurreição (Mt 28:2). No momento em que Jesus morreu, “a terra tremeu e as rochas se partiram; os túmulos se abriram, e muitos corpos de santos já falecidos ressuscitaram; e, saindo dos túmulos depois da ressurreição de Jesus, entraram na cidade santa e apareceram a muitos” (Mt 27:51-53). Esses santos foram ressuscitados glorificados como testemunhas da ressurreição de Cristo e como protótipos daqueles que serão ressuscitados na ressurreição final. Assim, logo após a ressurreição de Jesus, muitos judeus receberam evidências poderosas para crer em Sua ressurreição e, assim, aceitá-Lo como seu Salvador, o que vários fizeram, incluindo muitos sacerdotes (veja At 6:7).

“Durante Seu ministério, Jesus tinha ressuscitado mortos. Fizera revi- ver o filho da viúva de Naim, a filha do líder da sinagoga e Lázaro. Esses não foram revestidos de imortalidade. Ressurgidos, estavam ainda sujei- tos à morte. Mas aqueles que ressurgiram por ocasião da ressurreição de Cristo saíram para a vida eterna. Ascenderam com Ele, como troféus de Sua vitória sobre a morte e o sepulcro. [...] Esses entraram na cidade e apareceram a muitos, declarando: ‘Cristo ressuscitou dos mortos, e nós ressuscitamos com Ele!’ Assim foi imortalizada a sagrada verdade da ressurreição” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 630).

Humanamente falando, os principais sacerdotes e anciãos tinham grandes vantagens. Eles detinham o poder religioso da nação e conseguiram até convencer as autoridades romanas e as multidões a ajudá-los em seus esquemas. Mas se esqueceram de que “o Altíssimo tem domínio sobre os reinos do mundo e os dá a quem Ele quer” (Dn 4:32). Suas mentiras foram contrariadas e invalidadas com a ressurreição daqueles santos.

Não importa quanto as coisas possam ficar ruins, por que podemos confiar na vitória final de Deus para nós enquanto ainda lutamos neste mundo decaído?
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Quarta-feira, 09 de novembro
Ano Bíblico: At 10-12
Testemunhas do Cristo ressurreto

4. Leia João 20:11-29 e 1 Coríntios 15:5-8. Como os discípulos reagiram quando encontraram pela primeira vez o Cristo ressurreto?

Os dois anjos no túmulo vazio disseram a Maria Madalena e a algumas outras mulheres que Jesus havia ressuscitado (Mt 28:1, 5-7; Mc 16:1-7; Lc 23:55; 24:1-11). Mas logo o próprio Jesus apareceu a elas, as quais O adoraram (Mt 28:1, 9, 10; Jo 20:14-18). Ele apareceu também a Pedro (Lc 24:34; 1Co 15:5) e aos dois discípulos que estavam a caminho de Emaús, cujo coração ardia enquanto o Mestre falava com eles (Mc 16:12; Lc 24:13-35). Quando Jesus entrou no Cenáculo, os discípulos ficaram aterrorizados e assustados a princípio, mas depois ficaram cheios de alegria e maravilhados (Lc 24:33-49; Jo 20:19-23). Uma semana depois, Jesus entrou novamente na mesma sala sem abrir as portas, e então até mesmo Tomé creu em Sua ressurreição (Jo 20:24-29).

Durante os quarenta dias entre Sua ressurreição e ascensão, Jesus “foi visto por mais de quinhentos irmãos de uma só vez” (1Co 15:6) e por Tiago (1Co 15:7). Jesus Se juntou a alguns discípulos na margem do Mar da Galileia, comeu com eles e em seguida conversou com Pedro (Jo 21:1-23). Pode ter havido outras aparições de Jesus (At 1:3) antes de Sua aparição final no momento de Sua ascensão (Lc 24:50-53; At 1:1-11). Paulo se considerava também uma testemunha ocular do Cristo ressuscitado, que lhe apareceu no caminho para Damasco (1Co 15:8; compare com At 9:1-9).

Quando os outros discípulos disseram pela primeira vez ao ausente Tomé que tinham visto o Senhor ressuscitado, ele reagiu: “Se eu não vir o sinal dos pregos nas mãos Dele, ali não puser o dedo e não puser a minha mão no lado Dele, de modo nenhum acreditarei” (Jo 20:25). Uma semana depois, quando o Senhor reapareceu aos discípulos, Tomé estava entre eles. Jesus lhe disse: “Ponha aqui o seu dedo e veja as Minhas mãos. Estenda também a sua mão e ponha no Meu lado. Não seja incrédulo, mas crente” (Jo 20:27). Então, Tomé confessou: “Meu Senhor e meu Deus!” E Jesus acrescentou: “Você creu porque Me viu? Bem-aventurados são os que não viram e creram” (Jo 20:29).

“Bem-aventurados são os que não viram e creram.” Mesmo que você não tenha visto por si mesmo o Cristo ressurreto, que outras razões você tem para ter fé em Jesus?
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Quinta-feira, 10 de novembro
Ano Bíblico: At 13-15
As primícias dos que dormem

5. Leia 1 Coríntios 15:20 à luz de Deuteronômio 26:1-11. Em que sentido Paulo se referiu ao Cristo ressurreto como “as primícias dos que dormem”?

A oferta das “primícias” era uma antiga prática agrícola israelita com profundo significado religioso. Era um reconhecimento sagrado de Deus como o Provedor benevolente, que havia confiado a Seus mordomos a terra em que as colheitas cresciam e os frutos maduros para serem colhidos (veja Êx 23:19; 34:26; Lv 2:11-16; Dt 26:1-11). Os primeiros frutos indicavam não apenas que a colheita estava começando, mas também revelava a qualidade de seus produtos.

De acordo com Wayne Grudem, “ao chamar Cristo de ‘as primícias’ (gr. aparch?), Paulo usou uma metáfora da agricultura para indicar que seremos como Cristo. Assim como as ‘primícias’, ou a primeira prova da safra madura, mostram como será o restante da colheita para aquela safra, também Cristo, como as ‘primícias’, mostra como será nosso corpo ressurreto quando, na ‘colheita’ divina final, Ele nos ressuscitar dos mortos e nos trouxer à Sua presença” (Wayne Grudem, Teologia Sistemática [São Paulo: Vida Nova, 2010], p. 615).

Vale lembrar que Jesus saiu da sepultura com um corpo humano glorificado, mas ainda carregava as marcas de Sua crucifixão (Jo 20:20, 27). Isso significa que os filhos de Deus ressuscitados também carregarão as marcas físicas de seus próprios sofrimentos? No caso do apóstolo Paulo, ele ainda levará em seu corpo glorificado o “espinho na carne” (2Co 12:7) e “as marcas de Jesus” (Gl 6:17)?

Até sua morte, Paulo “levaria sempre as marcas da glória de Cristo no corpo, em seus olhos, que tinham sido cegados pela luz celestial” [ver At 9:1-9] (Ellen G. White, História da Redenção, p. 192). Mas isso não significa que ele ou qualquer outro dos remidos glorificados será ressuscitado com as marcas de seus sofrimentos (compare com 1Co 15:50-54). No caso de Cristo, “Ele sempre levará os sinais dessa crueldade. Cada vestígio dos cravos contará a história da maravilhosa redenção do homem e o valioso preço pelo qual foi comprada” (Ellen G. White, Primeiros Escritos, p. 179). Suas marcas garantem que todas as nossas marcas desaparecerão para sempre.

 

Cristo terá as marcas da cruz. Isso revela o amor de Deus e o custo da salvação?
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Sexta-feira, 11 de novembro
Ano Bíblico: At 16-18
Estudo adicional

Textos de Ellen G. White: O Desejado de Todas as Nações, p. 617-626 (“O descanso do Herói”), p. 627-632 (“Sepultura vazia”), p. 633-637 (“Lágrimas enxugadas”), p. 638-642 (“Caminhada para Emaús”), p. 643- 648 (“Paz seja convosco”).

Do ponto de vista moderno, não se acredita na ressurreição de Jesus. No entanto, a evidência histórica é tão forte que mesmo os que não aceitam a ressurreição são forçados a admitir que muitas pessoas acreditavam ter visto Jesus ressuscitado. Assim, grande parte da apologética antirressurreição consiste na tentativa de explicar o que poderia ter levado todas essas pessoas a crer que tinham visto o Cristo ressuscitado.

Quais são os argumentos para explicar os relatos dos discípulos? (1) os discípulos tiveram alucinações em que viram Jesus ressurreto; (2) Jesus não morreu, apenas desmaiou e depois retomou a consciência após ter sido tirado da cruz; (3) Jesus tinha um irmão gêmeo que os discípulos confundiram com o Cristo ressurreto.

A evidência histórica é tão forte para a ressurreição que esses são os tipos de argumentos que inventam para tentar descartá-la.

“A voz que gritou na cruz: ‘Está consumado!’ (Jo 19:30) foi ouvida entre os mortos. Penetrou as paredes dos sepulcros, ordenando aos que dormiam que acordassem. Assim será quando a voz de Cristo for ouvida do céu. Ela penetrará as sepulturas e abrirá os túmulos, e os mortos em Cristo ressurgirão. [...]” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 632).

Perguntas para consideração

  1. “Está consumado” (Jo 19:30) e “ressuscitou” (Mt 28:6) são duas das declarações mais significativas já feitas. Elas se complementam na história da salvação?
  2. Os líderes religiosos queriam guardas no túmulo para impedir o roubo do corpo de Jesus. Depois, pagaram aos guardas para dizer que o corpo tinha sido roubado. Esse relato revela a realidade do túmulo vazio. Isso é importante para nós?

Respostas e atividades da semana: 1. Os líderes religiosos temiam a ressurreição de Jesus. 2. O Pai, o Espírito Santo e os anjos. 3. A ressurreição dos santos foi evidência da ressurreição de Jesus e da promessa da ressurreição futura. 4. Ficaram aterrorizados e assustados a princípio, mas depois se encheram de alegria. 5. Paulo usou uma metáfora da agricultura para indicar que, assim como Cristo ressuscitou, sendo as "primícias dos que que dormem”, os fiéis também serão ressuscitados na volta de Cristo.



Resumo da Lição 7
A vitória de Cristo sobre a morte

TEXTOS-CHAVES: 1Co 15:4-28, 32, 42, 49-56; Cl 1:17, 18; Ap 1:17, 18

ESBOÇO

A cruz é a vitória de Cristo sobre o pecado, a morte e o diabo; e a ressurreição de Jesus é o evento triunfal culminante. A morte não pôde reter Jesus, pois Ele nunca cometeu pe- cado, e todas as Suas ações foram puras. A morte de Jesus é o ponto central de Suas realizações, mas a cruz sem a ressurreição se tornaria apenas uma bela filosofia de serviço altruísta e não teria significado salvífico. Além disso, a cruz sem a ressurreição seria uma demonstração de amor sacrifical, mas não teria poder para transformar vidas, não traria uma solução decisiva para o problema do pecado e da morte e seria incapaz de dar vida eterna aos crentes (Rm 3:21-26).

A ressurreição de Cristo é crucial, pois por causa desse fato é que os justos também

podem ser ressuscitados. Jesus tem, e é, a chave para destrancar todas as outras sepulturas! O apóstolo Paulo esclareceu essa verdade sobre o Mestre: “Ele é a cabeça do corpo, que é a igreja. Ele é o princípio, o primogênito dentre os mortos, para ter a primazia em todas as coisas” (Cl 1:18). Cristo detém posição e autoridade únicas e insubstituíveis por- que Ele é o Criador. O Salvador experimentou a ressurreição dos mortos como resultado da cooperação de toda a Trindade (Jo 10:17, 18; At 2:24; Rm 8:11; Gl 1:1). Ele tem o poder de ressuscitar pessoas dentre os mortos (Jo 11:25), pois derrotou a morte. Embora alguns tenham ressuscitado antes Dele, como Moisés e Lázaro, isso ocorreu apenas em antecipação à morte vitoriosa de Cristo (Ef 1:4; 1Pe 1:20; Ap 13:8). A vida perfeita, a morte e a ressurreição de Cristo são a causa de uma nova vida para todos os que creem Nele. Sem Sua morte, não há vida eterna. Assim como por intermédio de Adão veio a morte, também por meio de Jesus Cristo “veio a ressurreição dos mortos”, e Nele “todos serão vivificados” (1Co 15:21, 22). Cristo é “as primícias dos que dormem” (1Co 15:20).

COMENTÁRIO

Cristo está vivo

Jesus Cristo ressuscitou! Ele está vivo! Esse pronunciamento foi definitivamente a notícia mais surpreendente e emocionante proclamada no dia da ressurreição (Mc 16:6; Lc 24:34). Hoje ainda é a notícia mais marcante do evangelho. Jesus não está mais no túmulo; Ele foi ressuscitado. A morte não pôde retê-Lo, porque Ele era justo e nunca havia pecado (Jo 14:30; 2Co 5:21; Hb 4:15). Cristo predisse Sua morte e ressurreição várias vezes aos Seus discípulos, mas não puderam entender Suas palavras, pois a Sua mensagem não tinha sentido para eles naquela época (Mt 16:21; Mc 8:31, 32; Lc 18:31-34). Durante a última ceia com eles, Jesus lhes anunciou que viveria novamente, mesmo que fosse traído e morresse: “E digo a vocês que, desta hora em diante, nunca mais beberei deste fruto da videira, até aquele dia em que beberei com vocês o vinho novo, no Reino de Meu Pai” (Mt 26:29; compare com Mc 14:25).

Quando participamos da ceia do Senhor, também sinalizamos, por nossa participação, que cremos na ressurreição de Cristo. Como afirmou Paulo: “Todas as vezes que comerem este pão e beberem o cálice, vocês anunciam a morte do Senhor, até que Ele venha” (1Co 11:26). Quando as pessoas são batizadas, elas também confirmam sua crença na ressurreição de Cristo e seu desejo de viver uma nova vida de fé: “Todos nós que fomos batizados em Cristo [...] fomos sepultados [...] para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos [...] assim também nós andemos em novidade de vida” (Rm 6:3, 4). Assim, o batismo cristão é praticado como lembrança da morte, sepultamento e ressurreição de Cristo.

Cerca de 60 anos depois da ressurreição do Senhor, o apóstolo João encontrou o glorificado Jesus, que apareceu a ele e disse: “Estive morto, mas eis que estou vivo para todo o sempre” (Ap 1:18). O cristianismo tem a ver com a vida que recebemos de Jesus porque Ele morreu por nós. Ele pode nos dar essa vida porque Ele ressuscitou. Porque Ele vive, Ele pode atribuir a nós tudo o que conquistou na cruz por meio do Seu ministério de intercessão em nosso favor.

O evangelho segundo a ressurreição (1 Coríntios 15)

A melhor apresentação do significado da ressurreição de Jesus Cristo está em 1 Coríntios 15, onde o apóstolo Paulo explicou por que a ressurreição de Jesus é tão importante. Primeiro, o apóstolo apresentou a razão histórica e argumentou que houve muitas testemunhas da ressurreição de Cristo. Se o testemunho deles fosse rejeitado, então todos aqueles que haviam testificado de um encontro com Cristo seriam testemunhas falsas. Cristo apareceu a Pedro, aos apóstolos, a Tiago, a 500 pessoas e ao próprio Paulo (1Co 15:5-8).

Em seguida, Paulo se engajou no raciocínio teológico em defesa da ressurreição e ofereceu vários argumentos importantes:

  1. Se não houvesse ressurreição dos mortos, então nem mesmo Jesus Cristo ressuscitou (1Co 15:13, 16).
  2. Se Cristo não ressuscitou, então nossa pregação é vã (1Co 15:14).
  3. Se Cristo não ressuscitou, então nossa fé é vã (1Co 15:14). O adjetivo grego kenos também significa “inútil” ou “vazio”. Nossa fé perde seu conteúdo e poder se Jesus ainda estiver morto.
  4. Se Cristo não ressuscitou, então os mortos não ressuscitarão (1Co 15:15). Não haveria esperança após a morte.
  5. Se Cristo não ressuscitou, somos falsas testemunhas de Deus, porque testificamos que Ele ressuscitou a Cristo (1Co 15:15). Então, se Jesus não ressuscitou dos mortos, a imagem de Deus e o Seu caráter estão distorcidos, e nós O estamos representando mal. No entanto, o Pai verdadeiramente ressuscitou Cristo dentre os mortos.
  6. Se Cristo não ressuscitou, nossa fé é vã (1Co 15:17). O significado do adjetivo grego mataios é “sem valor”. Nossa fé em Deus não teria relevância para nossa vida.
  7. Se Cristo não ressuscitou, não há perdão de nossas ofensas, e permanecemos em nossos pecados (1Co 15:17). Como pecadores, merecemos unicamente a sentença de morte.
  8. Se Cristo não ressuscitou, então não há ressurreição dos mortos em Cristo (1Co 15:18) e, portanto, não há vida eterna.
  9. Se Cristo não ressuscitou, e se a nossa esperança Nele se limita apenas a esta vida, então somos as pessoas mais dignas de pena (1Co 15:19). Paulo usa o adjetivo grego eleeinos, que significa “miseráveis”. Assim, se temos apenas um belo ensinamento espiritual sobre Jesus que pertence apenas a esta vida terrestre, somos muito miseráveis, de acordo com Paulo, porque Jesus foi crucificado e morreu, e assim a morte, inevitavelmente, é o destino final de todos.
  10. Se os mortos não forem ressuscitados, então “comamos e bebamos, porque amanhã morreremos” (1Co 15:32). Nosso lema de vida devia ser carpe diem, de modo que pelo menos experimentássemos um pouco de felicidade e alegria.

Em seguida, Paulo fez uma observação prática do mundo da agricultura para ilustrar a ressurreição: “O que você semeia não nasce, se primeiro não morrer” (1Co 15:36). A semente precisa ser primeiro enterrada no solo para depois produzir a nova vida em maior escala (ou seja, da semente brotará a árvore inteira). Embora nosso corpo mortal venha a perecer, o imperecível ressuscitará dos mortos (1Co 15:42) por causa do poder criativo de Deus. Então levaremos “a imagem do homem celestial” (1Co 15:49).

Na segunda vinda de Cristo (1Co 15:23), aqueles que dormem no pó serão ressuscitados e “num momento, num abrir e fechar de olhos” (1Co 15:52), “este corpo corruptível” se revestirá “da incorruptibilidade”, e “o corpo mortal” se revestirá “da imortalidade” (1Co 15:53).

“Tragada foi a morte pela vitória” (1Co 15:54; compare com Is 25:8). Então Paulo escreveu sobre o glorioso e triunfante brado de vitória (a palavra “vitória” é usada três vezes na seção desse último capítulo): “Onde está, ó morte, a sua vitória? Onde está, ó morte, o seu aguilhão?” (1Co 15:55). Louvado seja o Senhor porque essa vitória sobre a morte é dada aos fiéis em Cristo Jesus. Quão gratos devemos ser (1Co 15:57).

Esperança proclamada

De modo poderoso, o apóstolo Paulo trouxe à lembrança dos primeiros cristãos aqueles que morreram na fé esperando o aparecimento de Cristo em Sua segunda vinda. O apóstolo encorajou aqueles que permaneceram vivos a não se desesperarem nem desanimarem porque eles, e nós, temos esperança: “Irmãos, não queremos que vocês ignorem a verdade a respeito dos que dormem, para que não fiquem tristes como os demais, que não têm esperança. Pois, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante Jesus, trará, na companhia Dele, os que dormem. E, pela palavra do Senhor, ainda lhes declaramos o seguinte: nós, os vivos, os que ficarmos até a vinda do Senhor, de modo nenhum precederemos os que dormem. Porque o Senhor mesmo, dada a Sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro com o Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor. Portanto, consolem uns aos outros com estas palavras” (1Ts 4:13-18). Observe que, na segunda vinda, Jesus não andará na Terra. Ele permanecerá no ar enquanto os justos mortos serão ressuscitados e os santos vivos serão transformados. Juntos, eles serão levados ao encontro do Senhor nos ares para estar com Ele para sempre.

Aqueles que morrem no Senhor não precisam se preocupar com nada, pois viverão novamente. João proclamou: “‘Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor.’ – Sim – diz o Espírito –, para que descansem das suas fadigas, pois as suas obras os acompanham” (Ap 14:13).

APLICAÇÃO PARA A VIDA

  1. Por que a ressurreição de Jesus é tão importante? E se Ele tivesse simplesmente morrido por nós e apenas nos mostrado como viver uma vida de obediência, serviço altruísta e amor?
  2. Como a ordenança do batismo celebra a ressurreição de Cristo?
  3. O que é mais importante do ponto de vista teológico: a oração de Jesus Cristo no Getsêmani, a Sua morte na cruz, no Gólgota, ou a Sua ressurreição? Qual foi e é o centro de todas as atividades de Cristo, e por quê?

Faminto por Jesus

Peter

Austrália | 5 de novembro

Quando Peter tinha 7 anos, ele foi atropelado por um carro enquanto atravessava uma faixa de pedestres do lado de fora de sua escola. Ele estava voltando da escola em Brisbane, Austrália. A força do impacto jogou o menino a mais de 50 metros, e ele caiu de costas. Ele ficou seis meses em coma.

Enquanto Peter estava em coma, sua avó se preocupou com sua salvação e providenciou para que ele fosse batizado. Seguindo sua tradição religiosa, um padre borrifou o menino inconsciente com água.

Quando Peter recuperou a consciência, ficou claro que o acidente de carro havia afetado sua mente. Ele teve que reaprender habilidades básicas como comer e usar o banheiro. Ele também lutava para ler e entender o que as pessoas estavam dizendo.

Apesar dos desafios, ele perseverou em seu aprendizado pelos próximos oito anos. Durante esse tempo, sua avó às vezes o levava à igreja dela. Peter gostava de ir à igreja. Ele percebeu que Deus havia lhe dado uma “fome” espiritual, e ansiava por saciá-la. Ele embarcou em uma jornada espiritual para tentar satisfazer essa fome.

Quando tinha 16 anos, ele perguntou a sua mãe se poderia frequentar a igreja com mais regularidade, não apenas no domingo ocasional com sua avó. Sua mãe concordou, e Peter começou a frequentar a igreja da avó cinco vezes todo final de semana: uma vez no sábado à noite, três vezes no domingo de manhã e uma vez no domingo à noite.

Na década seguinte, Peter participou de muitos cultos e visitou muitas igrejas. Casou-se e teve duas filhas. Ele estava trabalhando como marceneiro quando ouviu falar da Igreja Adventista do Sétimo Dia de um cliente adventista.

O tempo passou, e Peter se mudou para uma casa localizada na mesma rua de uma Igreja Adventista em um subúrbio de Brisbane. Ele via a igreja enquanto caminhava de e para a estação de trem todos os dias, e se perguntava como seria adorar ali. Certa manhã de sábado, quando viu carros chegando à igreja, decidiu entrar e descobrir.

Os membros da igreja encheram Peter de aceitação e amizade. Ele foi convidado a participar de uma classe da Escola Sabatina e fez novos amigos. Depois da igreja, alguém até se ofereceu para levá-lo para casa.

Peter voltou para a igreja no sábado seguinte e depois no próximo. “Achei as pessoas da igreja tão amigáveis e atenciosas”, disse ele. “Essa é uma das coisas que me mantém vindo a esta igreja.”

Peter estudou a Bíblia com o pastor da igreja. Enquanto lia, Peter sentiu que sua fome espiritual de justiça estava sendo satisfeita. Ele encontrou todas as suas necessidades atendidas em Jesus pela primeira vez. Resolveu entregar seu coração a Jesus por meio do método bíblico de batismo por imersão. Ele estava em coma durante seu primeiro batismo, sem saber o que estava acontecendo. Agora, ele queria ser batizado por sua própria escolha.

Em um sábado de 2021, os membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia de Caboolture explodiram em aplausos espontâneos quando seu amigo Peter saiu das águas do batismo. Sua jornada de busca espiritual chegou a um belo final e a um começo igualmente maravilhoso.

Jesus diz que aqueles que têm fome e sede de justiça serão saciados (e serão felizes). “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados” (Mateus 5:6, NAA).

Obrigado por planejar uma generosa oferta do décimo terceiro sábado que ajudará a espalhar a alegria que Peter encontrou em Jesus em toda a Austrália e na Divisão do Pacífico Sul.

Por Lynette Ashby

Dicas para a história

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Comentário da Lição da Escola Sabatina – 4º trimestre de 2022

Tema geral: Vida, morte e eternidade

Lição 7 – 5 a 12 de novembro de 2022

A vitória de Cristo sobre a morte

Autor: Sérgio H. S. Monteiro

Editoração: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br

Revisora: Rosemara Santos

Nesta semana estudamos a ressurreição de Jesus e seu significado para o plano da redenção. Se Sua morte é a vitória sobre o pecado e o mal, Sua ressurreição é a vitória sobre a punição pelo pecado e o mal. De fato, todos os três momentos da encarnação de Jesus representam um aspecto de vitória, porque Sua vida santa é também uma vitória sobre a natureza pecaminosa.

A ressureição de Jesus é fundamental, portanto, para a fé bíblica. De fato, a singularidade da fé neotestamentária reside exatamente no túmulo vazio. O cristianismo não peregrina para visitar um túmulo que guarda os restos de alguém, mas celebra a existência de um túmulo que não foi capaz de manter Seu Deus aprisionado. O cristianismo bíblico não celebra um deus que seja imortal porque seja humano e possua uma alma imortal, mas um Deus que, por Sua imortalidade, venceu a morte de uma vez por todas, ao ressuscitar.

Como é fundamental para a fé, a ressurreição também é fundamental no debate sobre a veracidade do cristianismo e do Novo Testamento. Já no próprio período formativo da igreja cristã e da escrita do Novo Testamento, encontramos evidências de que a ressurreição foi questionada. Em Atos 25:19, o centurião romano afirmou que a razão da contenda entre Paulo e os judeus foi a afirmação de que Jesus havia ressuscitado. Aparentemente, em Corinto houve também dúvida quanto à ressurreição, levando Paulo a escrever as poderosas palavras do capítulo 15 de sua primeira Carta aos Coríntios.

A reafirmação constante da ressurreição de Cristo nos vários sermões e diálogos encontrados no livro de Atos demonstram que houve profunda necessidade de confrontar acusações de que ela havia sido forjada. Na visão da igreja nascente todos os milagres que ocorriam estavam ligados de maneira direta à realidade da ressurreição de Cristo e demonstravam a sua veracidade. Por isso, o milagre inaugural da igreja, a descida do Espirito Santo, em Atos 2, é marcado pela pregação da ressurreição de Jesus, porque representa a certificação de que Ele cumprira Sua promessa feita no discurso de despedida de João 14 e 15, antes de Sua partida. Foi porque Ele morreu e ressuscitou que o Espírito Santo foi enviado e a igreja recebeu o poder de fazer milagres, como o registrado em Atos 3, quando Pedro e João curaram o coxo na porta Formosa. Por isso, mesmo no meio da cura, sua fala e seu testemunho enfatizam a ressurreição de Jesus (At 3:13-15).

O próprio livro de Atos é estruturado em torno da ressurreição de Jesus. Isso demonstra, por outro lado, que a vida da igreja cristã no primeiro século estava centralizada na ressurreição de Jesus, sobre a qual refletiam e que lhes servia de base para a esperança da ressurreição de seus entes queridos, muitas vezes ceifados pela perseguição que sobre eles caíra. Em 1 Coríntios 15, isso é explicitamente declarado, pois o apóstolo Paulo peremptoriamente diz que, se Cristo não ressuscitou, nossa fé é vã (1Co 15:13, 14). O apóstolo afirma, entretanto, que Cristo ressuscitou e, portanto, os coríntios podiam ter fé na ressurreição vindoura. Essa certeza não era construída sobre o nada, mas na existência de testemunhas da ressurreição de Jesus (v. 3-8), dentre as quais o próprio apóstolo se incluía (v. 8). A ressurreição de Jesus, no argumento apostólico acontece no terceiro dia, conforme as Escrituras (v. 4), indicando que esse evento possuía um selo de veracidade profética, que ele encontra na Festa das Primícias (v. 20, 23; cf. Lv 23:10 em diante), como também na tradição interpretativa judaica de seu tempo, quanto ao tempo da ressurreição.

A Festa das Primícias era chamada de bikkurim e, surpreendentemente, não focava na temporalidade da oferta, mas em sua qualidade. Em Êxodo 23:19 e 34:26, por exemplo, nos é dito que deveriam ser ofertadas as primícias dos primeiros frutos (reshit bikkurei), em uma referência clara à qualidade dos frutos, como bem declarado por Tokunboh Adeyemo: “o melhor dos primeiros frutos do solo, como um lembrete de que Deus merece o melhor do que nós temos” (Tokunboh Adeyemo, Africa Bible Commentary [Nairobi, Kenya; Grand Rapids, MI.: WordAlivePublishers; Zondervan, 2006], 118). Igualmente, o tratado bikkurim do Talmud de Jerusalém, 1:3, afirma explicitamente que apenas os melhores frutos deveriam ser apresentados como primícias. Sem dúvidas, o pensamento do apóstolo era que Cristo é o centro da fé e a Sua ressurreição é a própria base da esperança. Se é verdade que houve ressurreições antes da cruz, nenhuma delas possui a característica principal da de Jesus: vitória. Sim, nenhuma ressurreição anterior ou posterior se baseou em si mesma, mas foram o resultado da conquista do Senhor da vida.

Paulo afirma também que a ressurreição se daria no terceiro dia, de acordo com as Escrituras. No centro do questionamento quanto à veracidade da ressurreição, encontra-se também o questionamento da base textual desse argumento. Ocorre que nenhum texto da Bíblia Hebraica sozinho e explicitamente diz que haveria ressurreição no terceiro dia. Não obstante, aqui temos o apóstolo, sob inspiração, reconhecendo e utilizando a tradição interpretativa dos sábios judeus, que enxergavam nas várias referências bíblicas ao terceiro dia algo especial. O Grande Midrash de Gênesis 56 possui um interessante trecho sobre a expectativa da ressurreição ao terceiro dia:

“[...] No terceiro dia, etc. ‘Ao fim de dois dias nos fará reviver; no terceiro dia nos reerguerá e viveremos em sua presença’ (Os 6:2). O terceiro dia das tribos: ‘No terceiro dia José lhes disse’ (Gn 42:18); no terceiro dia do dom da Torá: ‘ao amanhecer do terceiro dia [...]’ (Ex 19:16); no terceiro dia dos espiões: ‘Escondei-vos lá durante três dias’ (Js 2:16); no terceiro dia de Jonas: ‘Jonas permaneceu nas entranhas do peixe três dias e três noites’ (Jn 2:1); o terceiro dia daqueles que voltaram do exílio: ‘e ali acampamos três dias’ (Ed 8:15); no terceiro dia da ressurreição dos mortos: ‘Ao fim de dois dias nos fará reviver; no terceiro dia nos reerguerá e viveremos em Sua presença’ (Os 6:2); o terceiro dia de Ester: ‘Ao fim de três dias, Ester pôs suas roupas reais’ (Et 5:1). E em razão de quê? Nossos mestres dizem: em razão do terceiro dia da outorga da Torá; e Rabi Levi disse: em virtude do terceiro dia do nosso pai Abraão: ‘O terceiro dia’ [...]”

Um controverso achado arqueológico, chamado de Pedra de Gabriel, poderia também se referir a uma ressurreição messiânica no terceiro dia, de acordo com uma possível leitura da sua linha 80, que diria “[...] no terceiro dia, vive, Eu Gabriel [...]” (Leshloshet yamim heye, ani Gavriel; veja mais em https://web.archive.org/web/20170929233022/https://c795631.ssl.cf2.rackcdn.com/gabriels_revelation.pdf#page=3). O contexto parece indicar que Gabriel está chamando o Messias à vida, o que se harmoniza tremendamente com o que é apresentado nos evangelhos, além do que diz Ellen White no livro O Desejado de Todas as Nações, p. 627, que apresenta Gabriel como o poderoso anjo comissionado para chamar Jesus do túmulo.

Que privilégio para Gabriel deve ter sido poder não apenas anunciar a entrada do primogênito no mundo, mas, também, chamá-Lo da tumba e ver o Rei ressurgindo em poder e coroado como vitorioso sobre a morte. Imagino que todo o céu nesse momento se encheu de alegria pela ressureição e pelo que ela representava. Não era apenas a declaração de que a vida tinha vencido, mas que o plano da redenção havia sido consumado com sucesso e as famílias da Terra e do Céu poderiam ser reunidas uma vez mais. Representando essa união vindoura, homens e mulheres que haviam sido levados pela morte, foram trazidos com Cristo, quando Ele saiu de Sua sepultura e ascenderam com Ele como “primícias de Seu poder” sobre a morte (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 631). Foram postos fora do alcance da morte no Céu. Para todo o Universo, são testemunhas vivas de que o Grande Conflito já sem encontra vencido por Aquele que tem vida em Si mesmo: Jesus!

Conheça o autor dos comentários para este trimestre: O Pr. Sérgio Monteiro é casado com Olga Bouchard de Monteiro. É pai de Natassjia Bouchard Monteiro e Marcos Bouchard Monteiro. É Bacharel em Teologia, Mestre em Teologia Bíblica, cursa doutorado em Bíblia Hebraica pela Theologische Universiteit Apeldoorn. Pastor da Brazilian Adventist Community Church na Associação do Norte da Nova Zelândia e membro da Adventist Theological Society, International Organization for the Study of the Old Testament, Society for Biblical Literature e Associação dos Biblistas Brasileiros.