O verso para memorizar desta semana apresenta uma percepção sobre as práticas de adoração dos hebreus e como sua gratidão ao Senhor tinha transbordado em louvor a Ele. Em 515 a.C. eles celebraram a dedicação do novo templo (Ed 6:15-18) e então, cerca de 60 anos depois, fizeram a dedicação do muro de Jerusalém (Ne 6:15–7:3; Ne 12:27 em diante).
Após a listagem das genealogias em Neemias 11 e 12, o autor passou a falar da celebração da dedicação do muro da cidade. Era costume da nação dedicar coisas a Deus: o templo, o muro da cidade ou até as casas e os edifícios públicos. Essa dedicação era cuidadosamente preparada e acompanhada por canto, música, festividades, sacrifícios, celebração, alegria e purificação do povo. Davi estabeleceu a prática dos sacrifícios durante a dedicação, e depois os líderes de Israel seguiram seu exemplo, começando com Salomão quando a arca foi trazida para o templo (1Rs 8:5).
Nesta semana examinaremos como os israelitas adoraram o Senhor durante a dedicação e veremos o que nós, que adoramos o mesmo Deus, podemos aplicar à nossa vida.
1. Leia Neemias 12:27-29. Observe algumas palavras-chave que revelam como eram a adoração e o louvor do povo. Como você os descreveria?
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A nação israelita havia comissionado uma classe específica de levitas para trabalhar como cantores e músicos nos cultos do templo. Deus conduziu a prática e deu instruções para o culto, pois o louvor no templo deveria ser belo e executado profissionalmente.
O rei Davi tinha organizado essa prática em um sistema mais elaborado e grandioso do que havia sido feito anteriormente. Portanto, os descendentes de Asafe, a quem Davi tinha nomeado líder da adoração no templo, ainda eram escolhidos como “responsáveis pela música do templo de Deus” (Ne 11:22; NVI).
2. O que 1 Crônicas 25:6-8 nos ensina sobre a centralidade e a importância da música na adoração e na apresentação de “hinos de louvor ao Senhor”?
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Os cantores eram levitas e, portanto, oficialmente designados para o serviço no templo. Por conseguinte, seu trabalho remunerado era preparar músicas para os cultos do templo. Durante os dias do rei Davi, foi organizada uma qualificada academia de música, a qual ele supervisionava. Havia mestres, alunos, jovens e idosos que trabalhavam em turnos no templo providenciando músicas. Alguns eram instrumentistas, outros cantores, outros cuidavam dos instrumentos e das roupas usadas nos cultos. Qual era o propósito dessa organização profissional? Ela servia para desenvolver os talentos e a visão de excelência, que deve ser sempre buscada na adoração. Os louvores devem vir do coração e serem expressos da melhor maneira para que as pessoas sejam elevadas espiritualmente. Podemos imaginar que os músicos e os cantores que serviam no templo eram cuidadosamente selecionados para conduzir o serviço de louvor.
A Escritura fala sobre a dedicação do muro e, em seguida, sobre a reunião dos cantores. Depois, em Neemias 12:30, o texto bíblico menciona a purificação. “Purificaram-se os sacerdotes e os levitas, que também purificaram o povo e as portas e o muro.”
A raiz hebraica para purificaram (thr) significa “ser limpo, ser puro” e é usada em muitos contextos no Antigo Testamento, inclusive aqueles em que está presente a ideia de ser moralmente puro e limpo diante de Deus.
3. “Se, porém, andarmos na luz, como Ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, Seu Filho, nos purifica de todo pecado. Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1Jo 1:7-9). O que esse texto nos ensina sobre 1) a natureza humana, 2) o perdão de Deus e 3) o poder divino em nossa vida?
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O templo e seus rituais eram componentes cruciais da religião do antigo Israel. Mas eles eram um meio para um fim, não um fim em si mesmos.
E evidentemente, o fim era levar o povo a um relacionamento salvífico com o Deus da aliança, o Senhor Jesus Cristo, e a conhecer Seu poder purificador na vida das pessoas. É o conhecimento do que Deus fez e do que o Senhor nos salvou que nos leva a amá-Lo e a adorá-Lo. Essa é a razão pela qual os antigos israelitas contavam repetidamente o que Deus havia feito em seu passado. Isso os ajudava a conhecer a bondade e o amor do Senhor, que eram fundamentais à alegria e às ações de graças que deviam permear sua adoração.
Para nós hoje, a experiência e a compreensão do perdão do pecado devem produzir gratidão a Deus e um sentimento de esperança e alegria. Então será fácil louvar ao Senhor e expressar gratidão pela beleza de Seu caráter. Poderíamos encontrar maior revelação do caráter de Deus do que o sacrifício de Jesus na cruz, em que Ele sofreu o castigo pelos nossos pecados para que não tivéssemos que suportar essa punição?
4. De acordo com Neemias 12:31-42, por que a música foi uma parte tão importante da celebração? Assinale a alternativa correta:
A.( ) Porque estava ligada aos momentos de adoração do povo.
B.( ) Porque a nação gostava de se divertir ao som da música.
Nos dias de Neemias, ele criou, como parte do culto de adoração, dois coros de ações de graças que caminhavam em redor de Jerusalém cantando, acompanhados de instrumentos. Eles começavam no mesmo lugar e depois se separavam, indo em direções diferentes em torno do muro da cidade. Um grupo era conduzido por Esdras, que estava à frente, e o outro tinha Neemias na parte de trás. Os dois coros se encontravam novamente na Porta do Vale e de lá seguiam para o templo. Sacerdotes que tocavam as trombetas complementavam cada procissão. Quando os coros entravam no templo, ficavam de frente um para o outro. A procissão e o culto de adoração foram organizados com excelência.
A fim de responder por que a música era uma parte tão importante da celebração e do culto de adoração, precisamos examinar seu significado no contexto do templo. A música no templo não era um concerto que as pessoas vinham apreciar, como ouvir a quinta sinfonia de Beethoven sendo apresentada em uma sala de concertos. Em vez disso, enquanto os músicos cantavam e tocavam os instrumentos, o povo se curvava em oração. Era uma parte da adoração.
Os atos centrais do templo e da adoração diziam respeito aos sacrifícios, o que, em si, eram ações bastante desagradáveis. Afinal, o que eles estavam fazendo senão cortar a garganta de animais inocentes? O ato de tocar uma música muito bonita elevava os pensamentos ao Céu e tornava a experiência de adoração mais agradável.
5. Quais os exemplos bíblicos em que a música desempenhou um papel importante na adoração? Veja especialmente Êxodo 15:1; 2 Crônicas 20:21, 22 e Apocalipse 15:2-4.
Na Terra e no Céu a música faz parte da experiência de adoração. Observe que, nos versos acima, o ato de cantar diz respeito ao que o Senhor fez por Seu povo, inclusive lhes dando a vitória “sobre a besta”. É o louvor a Deus por Seus atos de salvação.
6. Leia Neemias 12:43. O que havia de especial em oferecer “grandes sacrifícios” como parte da celebração da adoração? Assinale “V” para verdadeiro ou “F” para falso:
A.( ) Os sacrifícios apontavam para a morte do Cordeiro e demonstravam a alegria da comunhão.
B.( ) Essas ofertas de animais representavam méritos do povo diante de Deus.
Os sacrifícios eram o principal aspecto da adoração na época do templo. Diferentes ofertas eram usadas tanto para mostrar fé na promessa de perdão quanto para expressar a alegria da comunhão e a gratidão a Deus. Os sacrifícios representavam o conteúdo da adoração, pois lembravam os adoradores da verdade a respeito de Deus e de quem Ele é. Além disso, apontavam para a Semente prometida, o Messias, que sacrificaria Sua vida pelos pecadores, porque é o Cordeiro de Deus.
7. De acordo com João 1:29, 36, 1 Coríntios 5:7 e Apocalipse 5:6, 12, 13, para o que os sacrifícios apontavam em última análise? Se os israelitas se alegravam com um animal morto, uma morte que apenas revelava a verdade, temos muito mais razões para nos alegrar do que eles! Assinale a alternativa correta:
A.( ) A destruição eterna dos salvos.
B.( ) A morte do Cordeiro de Deus, Jesus Cristo.
Observe também quantas vezes a ideia de alegria e regozijo aparece em Neemias 12:43. Isto é, em meio à reverência, e talvez ao temor piedoso do povo em seu culto de adoração (afinal, a matança de um animal por seus pecados era uma coisa solene), também havia alegria e regozijo. Devemos nos aproximar de Deus com admiração e reverência, bem como com alegria. O Salmo 95 demonstra que o verdadeiro ato de adoração envolve uma convocação para cantar, exclamar com alegria e tocar músicas para celebrar a Deus (Sl 95:1), bem como curvar-se e ajoelhar-se diante do Senhor (Sl 95:6). O esforço para alcançar o equilíbrio entre alegria e reverência é crucial para adorar e louvar nosso Criador.
8. Leia Neemias 12:44-47. Por que Judá se regozijou “com os sacerdotes e os levitas que ministravam no templo” (Ne 12:44, NVI)? Por que eles eram importantes?
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9. O que a obra dos sacerdotes (que eram levitas) simbolizava? Hb 9:1-11
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“A intercessão de Cristo no santuário celestial, em prol do homem, é tão essencial ao plano da redenção como Sua morte na cruz. Por Sua morte iniciou essa obra para cuja conclusão ascendeu ao Céu, após ressurgir. Pela fé devemos penetrar até o interior do véu, onde nosso Precursor entrou por nós” (Hb 6:20; Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 489).
Embora as pessoas naquela época certamente não tivessem a luz que temos atualmente, elas entendiam o suficiente para saber que a obra dos levitas, que eram os únicos que podiam ministrar no templo, era muito importante. Eles estavam animados com o fato de que a obra de Deus seria feita por meio deles.
A nação tinha passado tempo com Deus, lendo Sua Palavra, orando, adorando e se reconsagrando a Ele. Em meio a tudo isso, o povo percebeu que os ministérios do templo haviam sido negligenciados e precisavam ser restaurados. Agora que eles tinham sido estabelecidos novamente, alegraram-se com a importante obra que os levitas fariam em seu favor. Deus impressionou os judeus com a ideia de que os ministérios do templo faziam parte de Seu plano para a adoração.
Infelizmente, muitas vezes não damos o devido valor aos ministros, mestres da Palavra e músicos. Mesmo na época de Neemias, a assistência aos levitas às vezes era forte e às vezes fraca. Com frequência, os levitas precisavam desempenhar outras funções para sustentar sua família porque as pessoas paravam de entregar seus dízimos e ofertas.
Sem dízimos e ofertas, não há igreja mundial organizada. Se quisermos que nossos ministérios continuem, devemos nos comprometer a auxiliar os ministros por meio de contribuições monetárias e pelo reconhecimento verbal. Embora a igreja não seja perfeita, isso não deve enfraquecer nossa doação a Deus a fim de que Sua obra possa continuar ao redor do mundo.
Texto de Ellen G. White: Caminho a Cristo, p. 67-75 (“O Crescimento Espiritual”).
“A cruz de Cristo será a ciência e o cântico dos remidos por toda a eternidade. No Cristo glorificado eles contemplarão o Cristo crucificado. Jamais se olvidará que Aquele cujo poder criou e manteve os inumeráveis mundos através dos vastos domínios do espaço, o Amado de Deus, a Majestade do Céu, Aquele a quem querubins e resplendentes serafins se deleitavam em adorar, humilhou-Se para levantar o homem decaído; que Ele suportou a culpa e a vergonha do pecado e a ocultação da face de Seu Pai, até que as misérias de um mundo perdido Lhe quebrantaram o coração e aniquilaram a vida na cruz do Calvário. O fato de o Criador de todos os mundos, o Árbitro de todos os destinos, deixar Sua glória e humilhar-Se por amor ao ser humano, despertará eternamente a admiração e a adoração do Universo. Ao olharem as nações dos salvos para o seu Redentor e contemplarem a glória eterna do Pai brilhando em Seu semblante; ao verem o Seu trono que é de eternidade em eternidade, e saberem que Seu reino não terá fim, irrompem num hino arrebatador: ‘Digno, digno é o Cordeiro que foi morto e nos remiu para Deus com Seu mui precioso sangue!’” (Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 651, 652).
Perguntas para discussão
1. Como encontrar o equilíbrio entre a reverência e a alegria? A reverência e a alegria são mutuamente excludentes?
2. Os israelitas colocaram o muro de Jerusalém sob proteção divina mediante a cerimônia de dedicação e assim reconheceram que um muro é inútil a menos que Deus o defenda. Salomão disse: “Se o Senhor não edificar
a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela” (Sl 127:1). O que isso revela sobre nossos esforços pelo Senhor?
3. Qual é a função da música na experiência de adoração da sua igreja?
4. As Escrituras são claras: Jesus é nosso Sumo Sacerdote no santuário do Céu. O que exatamente Ele está fazendo por nós ali? O que o ministério dos sacerdotes no templo terrestre nos ensina sobre a obra de Jesus por nós no santuário celestial?
ESBOÇO
TEXTO-CHAVE: Esdras 3:11
FOCO DO ESTUDO: Neemias 12:27-47
A fim de conferir autoridade ao sacerdócio em Jerusalém, o capítulo 12 de Neemias começa listando os levitas e sacerdotes da época de Babilônia até o período de Esdras e Neemias. Depois de declarar que os judeus tinham pessoas hábeis para realizar o serviço no templo, a parte seguinte do capítulo enfatiza a dedicação do muro de Jerusalém. No entanto, não era o muro que garantia a segurança, mas o Senhor. Portanto, o povo não estava seguro a não ser que Deus os protegesse. Os israelitas tinham o hábito de dedicar objetos ou construções como forma de reconhecer que o poder não estava nos objetos, mas em Deus (Sl 127:1, 2).
O serviço de dedicação do muro de Jerusalém começou com dois grandes coros que se moviam separadamente pela cidade e ao fim se uniam no templo. Ali, se realizaram “grandes sacrifícios”, e o povo se regozijou com “grande alegria” (Ne 12:43). De fato, a alegria do povo era tamanha que até seus inimigos distantes ouviram a celebração do término do muro. Em seguida, Neemias delegou as responsabilidades para com a casa de Deus para que as provisões fossem preparadas segundo a Lei para todos os levitas e servos. O povo estava animado em ter o templo funcionando novamente. Eles queriam ter certeza de que não faltaria nada aos que serviam ao Senhor, não apenas para aquele momento, mas para o futuro.
COMENTÁRIO
Purificação
Antes de dedicarem o muro, os sacerdotes e levitas purificaram a si mesmos, ao povo, bem como as portas e o muro. Os rituais de purificação comuns em Israel simbolizavam limpeza do pecado e separação para santidade. Os rituais envolviam principalmente lavar as vestes e se banhar (Êx 29:4; 40:12-15; Lv 16:20-28; Nm 19:7).
Havia vários rituais de purificação em Israel. O mais sério deles era realizado para qualquer pessoa que tivesse tido contato com um cadáver. Visto que a morte refletia o estado da mortalidade que resulta do pecado, a pessoa ou pessoas tinham que passar por uma purificação especial, um procedimento descrito em Números 19. O sacerdote queimava uma novilha vermelha sem defeito cujas cinzas eram colocadas num vaso com água. Alguém que estivesse limpo pegava um hissopo e o mergulhava na água e depois a aspergia sobre os itens ou pessoas que fossem considerados impuros. Se a água da purificação não fosse aspergida em alguém que estivesse impuro, então sua impureza não o deixaria (Nm 19:13).
No Dia da Expiação, o sacerdote que realizava a purificação do santuário e os sacrifícios por seus pecados e pelas transgressões do povo trocava as suas vestimentas. Antes de colocar as “vestes sagradas”, ele se banhava (Lv 16:4). Após a conclusão do serviço, o sacerdote mais uma vez tirava suas “vestes sagradas” e se banhava (Lv 16:23, 24). A pessoa que libertava o bode emissário fazia o mesmo antes de voltar para o acampamento israelita (Lv 16:26).
Outras categorias de purificação incluíam a dos sacerdotes (Êx 29:1-9), que deviam lavar suas mãos e corpo (Êx 30:17-21; 40:12-14, 30-32); a purificação da lepra (assim como o pecado resultava em morte, também a lepra [Lv 13:6, 13:34]); fluxos corporais (Lv 15:1-29, Dt 23:10, 11); e a purificação dos levitas (Nm 8:5-7; 19:7-22). Como os levitas e sacerdotes estavam envolvidos na dedicação do muro, eles passaram primeiro pela purificação lavando suas mãos e pés e talvez o corpo. Depois, purificaram o povo que muito provavelmente teve que se banhar e talvez lavar as vestes. Além disso, a Bíblia menciona que as portas e o muro foram purificados, o que significa que foram aspergidos com água.
A água da purificação não era milagrosa em si, mas era a Palavra divina que declarava que o ritual limpava o povo do pecado e da morte. Ela servia como um símbolo de pureza. Santidade e limpeza do pecado eram importantes para se aproximar de Deus numa cerimônia de dedicação. O ritual mostrava que o sangue de Cristo limpava e cobria o povo. O serviço de purificação incorporava o perdão dos pecados. Quando o povo se humilhava perante Deus e se lavava, estava reconhecendo que precisava de ajuda, precisava que Deus o limpasse. Tinha que ser feito santos pelo Senhor, não por suas próprias ações; contudo, Deus requeria a ação de lavar como um lembrete tangível de Seu poder transformador na vida de Seu povo.
Grande alegria
Grande parte da cerimônia de dedicação envolvia música e adoração. Primeiro, os levitas e cantores se reuniram em Jerusalém; muitos deles viviam fora da cidade e só iam para lá quando era sua vez de ministrar. Os sacerdotes, levitas e cantores conduziam o louvor pela provisão divina por meio de ações de graças (verbalmente reconhecendo o que Deus havia feito) e cântico de louvores ao Senhor. Harpas, címbalos e outros instrumentos de cordas acompanhavam dois grandes coros enquanto cantavam e, separadamente, caminhavam por Jerusalém, reunindo-se finalmente no templo e cantando em voz alta (Ne 12:42). A frase afirma literalmente que os cantores foram ouvidos. Sua alegria não podia ser contida ou suprimida ao ser demonstrada por altos louvores. Eles cantavam alto porque estavam muito felizes pela rápida finalização do muro e pela maneira como Deus havia feito o necessário por eles.
Quando o fundamento do templo foi colocado após o retorno do exílio babilônico em 537/536 a.C., o povo, sacerdotes e levitas louvaram ao Senhor (Ed 3:10, 11). A mesma coisa aconteceu no tempo de Neemias após a conclusão do muro de Jerusalém. Todos louvaram ao Senhor e os dois coros mencionados expressavam gratidão a Deus pelo trabalho realizado (Ne 12:31, 38).
As pessoas se alegraram muito. O verso 43 diz que “Deus os alegrara” (samach) “com grande alegria” (samach). A palavra samach aparece cinco vezes em apenas um verso. Aparece uma vez no verso 44, quando o povo também se alegrava com os sacerdotes e levitas que ministravam no templo. Então aparece novamente no verso 27, que introduz o relato completo, afirmando que o povo chamou os levitas para celebrar a dedicação com alegria (samach).
Assim, a palavra aparece no capítulo exatamente sete vezes, o que deve parecer significativo para o leitor. O número sete na Bíblia é um número de plenitude, conclusão e perfeição. Portanto, o samach que as pessoas experimentaram foi completo. Deus os alegrou. Seu ato de regozijo demonstra a verdadeira alegria da vida, pois se alegraram com o que Deus havia feito. A lição para nós é que devemos celebrar o que Deus faz em nossa vida, não desprezando Suas ações benevolentes, nem tomando-as como garantidas. Antes, devemos celebrar Sua providência. O reconhecimento da bênção e liderança divinas leva à gratidão e à estabilidade emocional. A gratidão nos torna felizes e vitoriosos.
A alegria é um aspecto definidor da adoração, bem como a reverência a Deus, que pode ser descrita como uma experiência de admiração devido a um encontro pessoal com Deus. O equilíbrio entre alegria e reverência é muito importante; no entanto, infelizmente, muitas vezes isso é esquecido. Se um culto de adoração demonstra respeito por Deus, mas não tem alegria, ele se torna seco e rígido. Por outro lado, quando somente a alegria é incorporada e a reverência não é levada em consideração, os cultos tendem a ser preenchidos com emocionalismo em lugar da verdade. Portanto, nossos cultos de adoração devem incluir ambas as facetas. Reverência e alegria trabalham juntas para criar uma atmosfera de adoração correta. Os israelitas entenderam a necessidade desse equilíbrio enquanto se alegravam em voz alta e de todo o coração, ao mesmo tempo em que louvavam a Deus pelo que Ele havia feito. Sua adoração teve por base a verdade e os feitos divinos, não o emocionalismo. Alguns que frequentam diferentes serviços de adoração a fim de experimentar um “êxtase espiritual” perdem o foco de louvar a Deus. A adoração deve sempre estar enraizada em Jesus, não em nossos sentimentos. No entanto, os israelitas definitivamente experimentaram um sentimento de alegria e felicidade ao louvar ao Senhor. Esses sentimentos foram dados por Deus e tiveram por base a verdade de quem Ele é e o que fez. Buscar a Deus e adorá-Lo nos mantém alicerçados em Sua graça e na gratidão ao Senhor.
Aplicação para a vida
Purificação
Os rituais de purificação representam limpeza do pecado e são uma preparação para se apresentarem perante Deus e reconhecerem que sem Ele estamos “sujos”. Embora não participemos de rituais de purificação hoje, de que maneira podemos aplicar o princípio por trás da purificação? Podemos nos achegar a Deus como estamos, mas não de qualquer maneira. Então, como devemos nos aproximar Dele? O que devemos fazer para nos humilharmos diante do Criador? De que maneira podemos demonstrar essa atitude em nossa vida hoje?
Alegria
1. Leia o salmo 136, um poema cheio de louvor e adoração a Deus. O que ele nos ensina em relação ao culto? Que situações diferentes são descritas do ato de nos aproximarmos de Deus? Por que motivos o salmo louva a Deus?
2. Como você pode assegurar que sua igreja louva a Deus com equilíbrio entre alegria e reverência?
3. Cantores e músicos do Antigo Testamento tinham um papel importante na adoração e eram essenciais para o serviço no templo. O que podemos fazer para nos certificarmos de que valorizamos os músicos na igreja?
A. Pense em maneiras pelas quais sua igreja elevou músicos como ministros de Deus ou situações em que foram postos de lado ou talvez até desencorajados. De que forma significativa e reverente sua igreja pode incluir seus pianistas e grupos de louvor no serviço de culto?
B. Pense em maneiras específicas de fazer com que músicos e cantores entendam que seus dons, concedidos por Deus, agregam valor e enriquecem o serviço da igreja.
4. Se você está carente de alegria em sua própria vida ao louvar a Deus, o que pode fazer para recuperar aquele “primeiro amor”?
Aprendendo mordomia
Martha Etana Chewaka tinha um grande problema: ganhava um ótimo salário no banco em Addis Ababa, capital da Etiópia, mas, todos os meses seu salário acabava antes do salario seguinte. Contadora por profissão, ela planejava seus gastos cuidadosamente. Quando recebia o salario, primeiro separava o dízimo. Em seguida, pagava o aluguel da casa. Finalmente, comprava farinha de teff* branca para fazer pão, azeite de oliva, temperos, roupas e sapatos.
Mas a última semana do mês era estressante. Ela ficava sem dinheiro, por isso, comia menos e ficava sem alguns produtos. Não sobrava nada para poupança. Então, Martha se casou com um colega contador. Ambos colaboravam com o orçamento mensal. Mas, o dinheiro sempre acabava antes do final do mês. “Por que nosso dinheiro não é abençoado?”, Martha se questionava. Imediatamente, uma ideia surgiu na mente. “Talvez, Deus não nos abençoa porque eu não guardo o sábado.”
Enquanto considerava o assunto mais um pouco, sentiu como se Deus falasse: “Por que você trabalha no sábado? Se obedecer aos Meus mandamentos, seu dinheiro será abençoado.” Martha se lembrou de ter frequentado a Escola Sabatina e o culto divino com os pais adventistas. Mas, aos 21 anos, ela deixou de fazer isso quando aceitou o emprego no banco. Na Etiópia, existem seis dias de trabalho na semana, e a maioria do comércio funciona no sábado. Martha cresceu em uma família carente e queria um grande salario bancário.
Marta sempre deu o dízimo, como aprendeu na Escola Sabatina quando criança. Às vezes, ela passava pela igreja depois que o banco fechava na tarde de sábado e entregava o dinheiro ao pastor. Outras vezes, ela dava o envelope com o dinheiro para um amigo da igreja. A despeito da fidelidade com o dizimo, o dinheiro acabava logo. Martha pediu a Deus ajuda. “Senhor, por favor, ajude-me a encontrar um emprego que não exija trabalhar no sábado”, Martha orou, e fez isso diariamente por um mês. Nada aconteceu.
Certo dia, Martha disse ao esposo: “Vou sair do emprego.” “Estou desobedecendo a Deus e, por isso, nosso dinheiro acaba logo. Seu salário será suficiente se Deus nos abençoar.” O esposo, que era adventista, respondeu: “Sim você precisar pedir demissão.” Contudo, Martha não pediu demissão. Em vez disso, continuou trabalhando e orando por um novo emprego.
Dois anos se passaram, ela não podia mais trabalhar. Cada momento de cada dia, ela sentiu uma voz dizendo: “Este é o momento certo para deixar seu emprego. Este é o momento certo para sair do seu trabalho. Este é o momento certo para deixar seu emprego.” Era entorpecedor. Depois de jejuar e orar por cinco dias, Martha pediu demissão do banco. Seus empregadores ficaram consternados. Ela era boa funcionária, e eles não queriam perdê-la. Então, ofereceram uma nova posição, onde ela poderia faltar alguns sábados.
Martha não foi tentada. Era hora de ser fiel a Deus depois de desobedecer a Ele tanto tempo. Assim que saiu do banco, sentiu paz e alegria, algo que não sentia desde antes de trabalhar no banco, 13 anos antes. Passado um mês, pela primeira vez, ela e o marido não ficaram sem dinheiro. O casal ficou admirado! "A partir de então, creio em Deus porque o seu salário é suficiente para nós dois", disse Martha ao marido. "Deus nos sustenta."
O casal nunca mudou seus hábitos de consumo. Eles ainda desfrutam de pão feito com farinha branca, azeite, temperos, roupas e sapatos confortáveis. Mas o dinheiro deles não se acaba. "Não sei de onde vem o dinheiro, mas minha casa é muito abençoada", disse Martha. "Obedecer a Deus é melhor do que ganhar dinheiro."
Parte da oferta do décimo terceiro sábado ajudará na construção das salas de aula da Escola Sabatina para crianças na Etiópia, para que mais crianças, como Marta quando era jovem, possam aprender sobre a importância do sábado e da devolução do dízimo. Muito obrigado por planejar doar a oferta do décimo terceiro sábado.
Dicas da história
- Durante a luta de Martha para guardar o sábado, ela se agarra nas promessas de perdão e benção em Salmos 103:1-3: “Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e tudo o que há em mim bendiga o seu santo nome. Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de nenhum de seus benefícios. Ele é o que perdoa todas as tuas iniqüidades, que sara todas as tuas enfermidades.”.
- Marta não encontrou novo emprego. Em vez disso, decidiu cuidar melhor da casa e preparar refeições. Ela também se tornou muito ativa na igreja local, participando do ministério de prisão, ministério de oração, grupo de estudos bíblicos, programa de jovens, visita domiciliar de membros doentes e idosos, programa de saúde e cultos de culto de sexta à noite.
- Fazer o download das fotos de resolução média desta história na página do Facebook: bit.ly/fb-mq. As fotos estarão disponíveis nos domingos, seis dias antes de a história ser apresentada.
- Fazer o download das fotos em alta-resolução no banco de dados na página: bit.ly/ Accountant-Without-Money
- Fazer o download das fotos em alta-resolução dos projetos do trimestre no site: bit.ly/ECD-projects-2019.
Comentário da Lição da Escola Sabatina
4º Trimestre de 2019
Tema Geral: Esdras e Neemias
Lição 10: 30 de novembro a 7 de dezembro
Adorando o Senhor
Autor: Luiz Gustavo Assis
Revisora: Josiéli Nóbrega
Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
A lição desta semana trata da adoração e celebração narrada com detalhes em Neemias 12. A seguir, falaremos de quatro estágios da adoração daqueles moradores de Jerusalém no 5º século a.C.: 1) dedicação das muralhas da cidade; 2) adoração com instrumentos musicais e hinos; 3) purificação; e 4) sacrifícios.
1. Dedicação das muralhas de Jerusalém
De acordo com Neemias 12:28, 29, todos os moradores dos arredores de Jerusalém foram para a cerimônia de dedicação dos muros da cidade (ver mapa a seguir). Era prática no mundo antigo dedicar à divindade local de uma cidade novas construções realizadas nos seus arredores. Por exemplo, algumas inscrições de Nabopolassar, rei de Babilônia, pai do conhecido Nabucodonosor, narram a construção de duas importantes muralhas da cidade de Babilônia, Imgur-Enlil e Nimit-Enlil. As mesmas inscrições também mencionam cerimônias de dedicação aos deuses locais.
Figura 1: Mapa da região ao redor de Jerusalém na época de Esdras e Neemias. Tente identificar no mapa alguns dos locais mencionados em Neemias 12:28, 29.
Esse é um excelente exemplo de sabedoria do passado. Apesar de vivermos em tempos diferentes precisamos manter em mente que todas as nossas realizações, sejam elas profissionais ou pessoais, foram alcançadas por causa de Deus e devem ser usadas para a Sua glória. Para Neemias, até mesmo a conclusão da construção de uma muralha era razão suficiente para a adoração a Deus.
2. Adoração com instrumentos e hinos
Em Neemias 12:27 lemos que a celebração pelo término das muralhas da cidade foi caracterizada por alegria, júbilo, louvores e instrumentos musicais (címbalos, alaúdes e harpas). A prática de cantar hinos a divindades no antigo Oriente é atestada em diversos hinos a deuses e deusas egípcios, bem como para divindades mesopotâmicas, do segundo milênio a.C. em diante. O que os moradores dos arredores de Jerusalém fizeram naquela ocasião não era incomum no mundo da Bíblia. Apesar de não sabermos os hinos que foram entoados pelos adoradores naquela ocasião, é muito provável que os judeus tenham entoado alguns dos hinos do livro de Salmos, o hinário do antigo Israel. O livro de Salmos teve lugar muito importante na experiência do povo de Israel após o retorno de Babilônia. São abundantes as referências a louvores e hinos nos livros que foram escritos após esse período (Esdras, Neemias, 1 e 2 Crônicas, entre outros). A tradição judaica, inclusive, estabeleceu Salmos específicos para dias da semana:
Domingo: Salmo 24
Segunda: Salmo 48
Terça: Salmo 82
Quarta: Salmo 94
Quinta: Salmo 81
Sexta: Salmo 93
Sábado: Salmo 92
Fonte: Mishnah Tamid (capítulo 7), 200 d.C.
3. Purificação
Em Neemias 12:30, é mencionado um ritual de purificação que os levitas aplicaram a si mesmos, ao povo, às portas e ao muro recém-construído. O texto não dá detalhes de como esse ritual foi feito. Só sabemos que o mesmo foi feito num contexto de adoração. Antes de se dirigirem à casa de Deus (12:31-40), sacerdotes e o povo precisavam ser purificados. Isso me faz pensar no tipo de experiência que nós pastores e professores de Escola Sabatina estamos proporcionando aos adoradores de nossas igrejas a cada sábado. Será que os membros das nossas comunidades sentem prazer em ir à igreja a cada sábado? Será que existe expectativa e júbilo nos seus corações para participar de um culto com outros membros da família de Cristo? Mais importante, será que esses membros estão sendo conduzidos a uma experiência de purificação de seus desejos e vontades por meio do ambiente, músicas, reverência e estudo da Palavra?
4. Sacrifícios
A procissão de dois grupos pelos muros da cidade culminou na entrada da casa de Deus (Ne 12:40). O texto bíblico diz que, depois, os levitas “ofereceram grandes sacrifícios e se alegraram; pois Deus os alegrara com grande alegria” (Ne 12:43). A Bíblia descreve inúmeros rituais de sacrifícios que deveriam ser oferecidos no templo (cf. Levíticos), mas um elemento ausente em muitas das passagens é a alegria. Os dois elementos, sacrifício e alegria, são aparentemente contraditórios, principalmente quando lembramos que animais, algo extremamente importante para a subsistência daquela província, eram sacrificados em tais cerimônias. Como conciliar esses dois elementos? Grandes sacrifícios foram oferecidos porque Deus tinha proporcionado a eles grande alegria.
Numa época tão acelerada como a que vivemos, oferecemos no altar do Senhor nosso tempo, seja no nosso culto pessoal pela manhã ou no sétimo dia da semana. Numa época de desemprego, oferecemos no altar do Senhor nossa obediência ao quarto mandamento que pode custar uma vaga de emprego. Numa época de crise econômica, oferecemos no altar do Senhor nossos recursos para ajudar no avanço de Sua obra e pessoas em necessidade.
Quando reconhecemos que tudo o que temos e que fazemos vem das mãos de Deus, qualquer ato de sacrifício, seja pessoal ou em grupo, torna-se mais fácil de ser executado. Em outras palavras, quanto mais observo e penso no que Deus fez e faz por mim, mais desejo sinto de adorá-Lo.
O que é adoração?
Das várias definições de adoração que já encontrei, essa de William Temple é uma das mais belas:
“Adorar é despertar a consciência pela santidade Deus, alimentar a mente com a verdade de Deus, purificar a imaginação pela beleza de Deus, abrir o coração para o amor de Deus, consagrando a vontade aos propósitos de Deus” (William Temple, “The Hope of the New World,” em Understanding Music and Worship in the Local Church, editado por Vernon M. Whaley [Wheaton, IL: Evangelical Training Association, 1995], p. 10).
Será que temos experimentado esse tipo de adoração em nossas igrejas?
Conheça o autor dos comentários: Luiz Gustavo Assis serviu como pastor distrital no Rio Grande do Sul por cinco anos e meio. Em 2013, continuou seus estudos acadêmicos nos Estados Unidos. Ele possui um mestrado em arqueologia do Antigo Oriente e línguas semíticas pela Trinity Evangelical Divinity School (Deerfield, IL), e atualmente está no meio do seu programa doutoral em Antigo Testamento no Boston College (Newton, MA). É casado com Marina Garner Assis, que por sua vez faz seu doutorado em filosofia da religião na Boston University. Juntos eles têm um filho, Isaac Garner Assis.