Confiamos que, no fim, Deus consertará todas as coisas. No entanto, é importante o que nós, como cristãos, fazemos aqui e agora. É verdade que, devido aos parâmetros do conflito cósmico, existem muitas injustiças e males que Deus não irá eliminar agora. Mas isso não significa que não possamos ser usados para ajudar a aliviar o sofrimento e o mal que encontrarmos, pelo menos em algum grau. Na verdade, como cristãos, é nosso dever fazer exatamente isso.
Como vimos, o amor e a justiça andam juntos, são inseparáveis. O Senhor ama a justiça. Consequentemente, se O amamos, também amaremos a justiça.
Da mesma forma, se amamos a Deus, amaremos uns aos outros. E parte de amar uns aos outros é promover o bem-estar das pessoas ao nosso redor. Quando outras pessoas sofrem com a pobreza, opressão ou algum outro tipo de injustiça, devemos nos preocupar com isso. Quando alguém é oprimido, não devemos fechar os olhos. Em vez disso, devemos nos perguntar o que podemos fazer, de maneira individual e coletiva, para promover o amor e a justiça de Deus e, assim, refletir em nosso mundo despedaçado o caráter perfeito de justiça e amor de nosso Senhor.
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Quando refletimos sobre o que podemos fazer, de maneira individual e coletiva, para promover o amor e a justiça de Deus em nosso mundo, devemos começar nos concentrando naquilo que o Senhor nos ordenou.
1. Como Jesus respondeu à pergunta do intérprete da Lei? Mt 22:34-40
Segundo o próprio Cristo, o “grande e primeiro mandamento” é: “Ame o Senhor, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento.” Jesus acrescentou: “E o segundo, semelhante a este, é: ‘Ame o seu próximo como você ama a si mesmo.’” Contudo, esses mandamentos não são independentes, pois Jesus instruiu ainda: “Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas” (Mt 22:37-40). Esses dois mandamentos são retirados do AT.
2. Como a resposta de Cristo à pergunta do jovem rico está ligada à Sua resposta à pergunta do intérprete da Lei em Mateus 22? Mt 19:16-23
O que aconteceu nessa história? E por que Jesus respondeu ao jovem rico daquela maneira? Por último, o que esses encontros devem ensinar a todos nós, independentemente de nossa condição social?
“Cristo apresentou a única maneira que poderia colocar o jovem rico em condições de aperfeiçoar o caráter cristão. Suas palavras eram palavras de sabedoria, embora parecessem severas e exigentes. Aceitá-las e obedecer-lhes era a única esperança de salvação [...]. Sua elevada posição e os bens que possuía estavam exercendo em seu caráter uma sutil influência para o mal. Ao ele se apegar a essas coisas, elas tomariam o lugar de Deus em suas afeições. Reter do Senhor pouco ou muito significava conservar aquilo que diminuiria sua força e eficiência moral, pois, se as coisas deste mundo são nutridas, embora incertas e sem valor, absorverão todo o ser” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 416).
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Segundo Jesus, os dois maiores mandamentos são o amor a Deus e o amor uns aos outros. Cumprir esses mandamentos inclui fazer sacrifícios que mostram, de forma concreta, o amor aos outros, que é o que realmente significa seguir os passos de Jesus.
Podemos nos perguntar: se os dois maiores mandamentos são o amor a Deus e o amor aos outros, então quais são os dois maiores pecados?
3. Leia o Salmo 135:13-19. O que esse texto revela sobre um pecado comum que é enfatizado em toda a Bíblia?
O AT enfatiza com frequência a importância de amar a Deus acima de todas as coisas (Dt 6:5). O amor a Deus é o oposto do grande pecado da idolatria.
4. Leia Zacarias 7:9-12. De acordo com essa passagem, o que Deus condena? Como esse pecado e a idolatria estão em oposição aos dois grandes mandamentos?
Não é apenas a idolatria que desperta a ira do amor de Deus, mas também o sofrimento infligido ao Seu povo, seja individual ou coletivamente. O Senhor fica irado com a injustiça pelo fato de que Ele é amor.
Os dois grandes pecados enfatizados ao longo do AT são falhas no cumprimento dos dois grandes mandamentos: amar a Deus e amar uns aos outros. Os dois maiores pecados representam a ausência de amor. Em resumo, não podemos guardar os mandamentos se não amarmos a Deus e aos outros.
De fato, 1 João 4:20 e 21 afirma: “Se alguém disser: ‘Amo a Deus’, mas odiar o seu irmão, esse é mentiroso. Pois quem não ama o seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. E o mandamento que Dele temos é este: quem ama a Deus, que ame também o seu irmão.”
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As Escrituras declaram que Deus ama a justiça e odeia o mal (Sl 33:5; Is 61:8). Por isso, Ele revela profunda preocupação com a injustiça, o que desperta Sua justa indignação em favor das vítimas desse pecado. O AT e o NT mostram que Deus revela constantemente Seu amor pelos oprimidos e sofredores, ao mesmo tempo em que expressa Sua ira justa contra aqueles que causam sofrimento e opressão.
5. Leia o Salmo 82. Como esse salmo expressa o interesse de Deus pela justiça neste mundo? O que isso nos ensina hoje?
Segundo estudiosos, o Salmo 82 condena os governantes responsáveis pela injustiça na sociedade, além de fazer referência ao juízo divino executado contra os poderes espirituais (chamados de “deuses”) que estão por trás dos juízes e governantes corruptos (trata-se de forças demoníacas). O Senhor pergunta aos governantes: “Até quando julgarão injustamente e tomarão partido pela causa dos ímpios?” (Sl 82:2).
Além disso, eles recebem a seguinte ordem: “Defendam o direito dos fracos e dos órfãos, façam justiça aos aflitos e desamparados. Socorram os fracos e os necessitados, tirando-os das mãos dos ímpios” (Sl 82:3, 4). Nesse e em outros textos, os profetas do AT faziam um chamado em favor da justiça. Essa não é uma preocupação periférica das Escrituras; é um tema central na mensagem dos profetas em todo o AT e que foi tratado por Jesus quando esteve neste mundo.
Deus revelou o que deseja e exige daqueles que afirmam amá-Lo e obedecer-Lhe. O Senhor especifica claramente em Miqueias 6:8 (e em outras passagens semelhantes): “Ele já mostrou a você o que é bom; e o que o Senhor pede de você? Que pratique a justiça, ame a misericórdia e ande humildemente com o seu Deus.”
Essa verdade é apresentada em toda a Bíblia. Por exemplo, Jesus disse: “Nisto todos conhecerão que vocês são Meus discípulos: se tiverem amor uns aos outros” (Jo 13:35; veja 1Jo 4:8-16).
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Os profetas bíblicos enfatizavam o chamado de Deus por justiça na sociedade. As Escrituras não hesitam em destacar questões de injustiça e opressão. O desejo de que Deus executasse juízo era o chamado para que Ele estabelecesse a justiça.
Isaías não mediu palavras para condenar a injustiça que havia em Israel. Suas palavras e seu apelo por justiça devem soar alto e claro em nossos ouvidos: “Aprendam a fazer o bem; busquem a justiça, repreendam o opressor; garantam o direito dos órfãos, defendam a causa das viúvas” (Is 1:17). Além disso, o profeta anuncia um lamento contra os que “decretam leis injustas” e negam “justiça aos pobres”. E alerta: “Mas o que vocês vão fazer no dia do castigo, na calamidade que vem de longe? A quem vão pedir socorro e onde deixarão a sua glória?” (Is 10:1-3).
Da mesma forma, Jeremias proclamou a mensagem de Deus ao rei Jeoaquim: “‘Ai daquele que edifica a sua casa com injustiça e os seus aposentos, contrariando o direito! Que faz o seu próximo trabalhar de graça, sem lhe pagar o salário. [...] Por acaso o seu pai não comeu e bebeu, e não praticou o juízo e a justiça? Por isso, tudo lhe corria bem. Julgou a causa do aflito e do necessitado, e tudo lhe corria bem. Por acaso, não é isso que se chama conhecer-Me?’ – diz o Senhor” (Jr 22:13, 15, 16).
6. Leia Mateus 23:23-30. O que Jesus ensinou sobre os “preceitos mais importantes da Lei”? O que isso significa?
Para que ninguém pense que a injustiça era uma preocupação apenas do AT, Mateus 23:23-30 e outros textos dos evangelhos mostram que esse assunto era de extremo interesse para Cristo. Ele disse: “Ai de vocês, escribas e fariseus, hipócritas, porque vocês dão o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e desprezam os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé. Mas vocês deviam fazer estas coisas, sem omitir aquelas!” (Mt 23:23). Na passagem paralela de Lucas, Jesus lamenta porque os líderes desprezavam “a justiça e o amor de Deus” (Lc 11:42).
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Logo após Cristo mencionar os dois maiores mandamentos, o amor a Deus e o amor ao próximo, um intérprete da Lei, “querendo justificar-se, perguntou a Jesus: – Quem é o meu próximo?” (Lc 10:29). Em resposta a isso, Ele contou a parábola do bom samaritano, que hoje é bem conhecida, mas inicialmente era chocante.
7. Leia Lucas 10:25-37. O que essa passagem ensina, à luz do chamado dos profetas por misericórdia e justiça e das injustiças cometidas ao longo da história contra os que eram julgados como sendo diferentes?
Jesus não apenas falou sobre justiça, mas veio trazê-la ao mundo. Ele foi, é e sempre será o cumprimento do chamado profético e do anseio por justiça (leia Lc 4:16-21 à luz de Is 61:1, 2). Cristo é o Desejado de todas as nações, especialmente daquelas que reconhecem sua necessidade de livramento.
Em contraste com Satanás, que desejava o poder e pretendia usurpar o trono de Deus, Jesus Se humilhou e Se identificou com os que viviam debaixo do pecado, da injustiça e da opressão (sem, contudo, ser infectado pelo pecado). Ele venceu o inimigo ao Se entregar em amor para estabelecer a justiça, como Aquele que é justo e justifica os crentes. Será que exaltamos a lei, a qual Cristo engrandeceu na cruz, se não nos preocupamos com o que Ele considerou os “preceitos mais importantes da Lei”?
O Salmo 9:8 e 9 diz: “Ele mesmo julga o mundo com justiça; julgará os povos com retidão. O Senhor é também alto refúgio para o oprimido, refúgio nas horas de angústia.” O Salmo 146:7 a 9 acrescenta que Deus “faz justiça aos oprimidos e dá pão aos que têm fome. O Senhor liberta os encarcerados. O Senhor abre os olhos aos cegos, o Senhor levanta os abatidos, o Senhor ama os justos. O Senhor guarda o estrangeiro, ampara o órfão e a viúva, porém transtorna o caminho dos ímpios”.
Como a Palavra de Deus poderia ser mais clara em relação ao nosso dever de servir às pessoas que enfrentam dificuldades e aflições?
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Leia, de Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 217-223 (“Cristo e o quarto mandamento”).
“Os espias não ousaram responder a Jesus na presença da multidão, por temor de se envolverem em dificuldades. Sabiam que Ele dissera a verdade. Em vez de violar suas tradições, deixariam um homem sofrer, ao passo que socorreriam um animal por causa do prejuízo para o proprietário, caso fosse negligenciado. [...] Criam no ser humano o desejo de se exaltar acima de Deus, mas o resultado é degradá-lo abaixo dos seres irracionais. Toda religião que combate a soberania de Deus tira do ser humano a glória que lhe pertencia na criação e lhe é restituída em Cristo. Toda religião falsa ensina seus adeptos a serem descuidados para com as necessidades, sofrimentos e direitos humanos. [...]” (Is 13:12, ARC).
“Quando Jesus perguntou aos fariseus se era lícito no dia de sábado fazer bem ou mal, salvar ou matar, Ele lhes mostrou os próprios maus desígnios deles. [...] Seria mais justo ter o homicídio no coração durante o santo dia de Deus do que o amor para com todas as pessoas – amor que se exprime em atos de misericórdia?” (O Desejado de Todas as Nações, p. 221, 222).
Perguntas para consideração
1. “Toda religião falsa ensina seus adeptos a serem descuidados para com as necessidades [humanas]”? Como evitar esse erro na igreja e fora dela?
2. Quem é o seu próximo? Na prática, seguir a Cristo nos torna mais semelhantes ao samaritano, que transpôs as barreiras culturais de sua época para demonstrar amor?
3. Se Deus ama a justiça e a misericórdia, como agir de acordo com o que é mais importante para Ele e nos concentrarmos nos “preceitos mais importantes da Lei”?
4. Um critério fundamental do juízo será a medida em que revelamos amor aos outros, especialmente os oprimidos e sofredores (Mt 25:31-46). Quando pensamos e falamos sobre o juízo final, com que frequência destacamos essa verdade?
Respostas às perguntas da semana: 1. Jesus explicou que toda a revelação divina (a Lei e os Profetas) se resume em amar a Deus e ao próximo. 2. É impossível amar a Deus e ao próximo se colocamos alguma coisa acima desse amor, como ocorreu com o jovem rico. 3. Um dos pecados mais destacados na Bíblia é a idolatria, que é o oposto do amor a Deus. 4. O Senhor condena a injustiça e o mal praticado contra os outros. Esse é o oposto do amor ao próximo. 5. Deus condena os líderes que não promovem a justiça e a misericórdia. Hoje devemos seguir as mesmas orientações. 6. Os preceitos mais importantes da Lei são justiça, misericórdia e fé. Esses princípios expressam o caráter de Deus. 7. Devemos demonstrar amor e justiça mesmo por aqueles que consideramos diferentes de nós ou nossos inimigos.
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TEXTO-CHAVE: 1 João 4:20
FOCO DO ESTUDO: Mateus 19:16-22; 22:35-40; 25:40, 45; Lucas 10:30-37; 1 João 4:20
ESBOÇO
Introdução: Se amamos a Deus, vamos amar uns aos outros e manifestar interesse pelo bem-estar deles.
Temas da lição: A lição desta semana destaca duas ideias principais.
1. O vínculo indestrutível entre amar a Deus e amar os outros (justiça) – Segundo as Escrituras, amar os irmãos em Cristo envolve realizar ações concretas de amor, compartilhando bens materiais com alguém que esteja em necessidade. Amar uns aos outros envolve expressar verdadeiro interesse pelo bem-estar deles. O amor abnegado de Cristo por nós é a base para o nosso conhecimento do amor e prática dele, enquanto negligenciar o amor signifi ca deixar de ver o Deus revelado em Jesus Cristo.
2. Falhas no amor: quando amor e justiça estão desconectados – Se amamos a Deus, vamos amar os outros e manifestar interesse pela justiça centrada no bem-estar das pessoas. Por outro lado, uma desconexão entre amar a Deus e promover a justiça dos outros revela a falta de empenho em observar os mandamentos de Deus. Essa era a situação do jovem rico, que acreditava que obedecia aos mandamentos, mas não demonstrava amor pelos pobres. Outro exemplo relatado nos evangelhos é o do sacerdote e do levita na parábola do bom samaritano. Eles também proclamavam seguir as regras de pureza, mas não expressavam compaixão e amor.
Aplicação para a vida: Você está vivendo de acordo com a verdade de que amar a Deus envolve atender às necessidades dos outros?
COMENTÁRIO
O vínculo indestrutível entre amar a Deus e amar os outros (justiça)
A ligação entre amar a Deus e amar os outros, em 1 João 4:20, apresenta uma conclusão importante das advertências pastorais de João contra a falha em amar os irmãos em Cristo, conforme enfatizado em passagens anteriores. A estudiosa Karen H. Jobes ressalta que, em 1 João 4:20, o apóstolo “completa o círculo de sua discussão sobre o amor, especialmente para com os irmãos da igreja” ( “1, 2, and 3 John”, Zondervan Exegetical Commentary on the New Testament [Zondervan, 2014], p. 206). Pelo menos três passagens de 1 João tratam dessa discussão. Em 1 João 2:9-11, o apóstolo aborda o assunto por meio de um contraste, associando o ato de amar os irmãos à luz e o ato de não amar (ou odiar) às trevas. Em suas palavras: “Quem diz estar na luz, mas odeia o seu irmão, está nas trevas até agora. Quem ama o seu irmão permanece na luz, e nele não há nenhum tropeço. Mas quem odeia o seu irmão está nas trevas, anda nas trevas e não sabe para onde vai, porque as trevas lhe cegaram os olhos” (1Jo 2:9-11).
Da mesma forma, em 1 João 3:10 e 11, o apóstolo faz um contraste entre os filhos de Deus e os filhos do diabo: “Nisto são manifestos os filhos de Deus e os filhos do diabo: todo aquele que não pratica a justiça não procede de Deus, e o mesmo vale para aquele que não ama o seu irmão. Porque a mensagem que vocês ouviram desde o princípio é esta: que nos amemos uns aos outros.”
Depois, em 1 João 3:14-17, encontramos mais advertências de João sobre esse assunto, desta vez apresentando a oposição entre vida e morte: “Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos. Quem não ama permanece na morte. Todo aquele que odeia o seu irmão é assassino, e vocês sabem que todo assassino não tem a vida eterna permanente em si. Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a Sua vida por nós; portanto, também nós devemos dar a nossa vida pelos irmãos. Ora, se alguém possui recursos deste mundo e vê seu irmão passar necessidade, mas fecha o coração para essa pessoa, como pode permanecer nele o amor de Deus?”
Podemos observar dois detalhes significativos nessa passagem. Primeiro, amar os irmãos é descrito como compartilhar bens materiais com os cristãos necessitados. Essa ação concreta de amor é uma importante forma de justiça, uma vez que promover justiça ou bem-estar social é entendido como promover o bem-estar dos outros, o que envolve diminuir o sofrimento que existe no mundo. O sofrimento é visto aqui como uma forma concreta de injustiça. Em segundo lugar, o amor que promove a justiça, no sentido de suprir as necessidades dos outros, está fundamentado, em termos cristológicos, em 1 João 3:16, que diz: “Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a Sua vida por nós; portanto, também nós devemos dar a nossa vida pelos irmãos.” Em outras palavras, o amor abnegado de Cristo por nós é a base para o conhecimento e a prática do amor.
Em 1 João 4:20, o apóstolo diz: “Se alguém disser: ‘Amo a Deus’, mas odiar o seu irmão, esse é mentiroso. Pois quem não ama o seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê.” Se lermos esse texto à luz de 1 João 2:9-11; 3:10, 11 e especialmente 3:14-17, podemos tirar algumas conclusões. Primeiro, a incapacidade de amar os irmãos na fé é revelada especialmente na negligência em suprir suas necessidades materiais. De acordo com a dedução teológica de 1 João 4:20, esse fracasso é uma evidência de que aquele que afirma crer em Deus na verdade não O ama.
A antropologia teológica poderia ser a base para essa dedução, uma vez que Deus criou os seres humanos à Sua própria imagem (Gn 1:27). Contudo, a base da dedução de 1 João 4:20 também parece ser cristológica. Em outras palavras, como já vimos em 1 João 3:16, o amor abnegado de Cristo nos revela o que é o amor, além de ser o padrão e o poder que estimula nosso amor pelos outros. Esse fundamento cristológico é reafirmado em 1 João 4:9-11.
É verdade que “nunca ninguém viu Deus” (1Jo 4:12). No entanto, o Seu amor “se manifestou” no fato de que Ele enviou “o Seu Filho unigênito ao mundo” (1Jo 4:9). De fato, a afirmação de que “nós amamos porque Ele nos amou primeiro” (1Jo 4:19) é explicada, em termos cristológicos, no sentido de que não fomos nós que primeiro amamos a Deus, mas “Ele nos amou e enviou o Seu Filho como propiciação pelos nossos pecados” (1Jo 4:10). E “se Deus nos amou de tal maneira, nós também devemos amar uns aos outros” (1Jo 4:11).
A ideia de que Cristo é a manifestação visível do amor de Deus, que é invisível a nós (1Jo 4:12), é reforçada pelo próprio testemunho de João como testemunha ocular de Jesus: “E nós temos visto e damos testemunho de que o Pai enviou o Seu Filho como Salvador do mundo” (1Jo 4:14; veja também Jo 1:14, 18). Portanto, como resume Jobes, “o fracasso em amar os outros significa que fracassamos em ver o Deus que é revelado em Jesus Cristo e, portanto, somos incapazes de amar a Deus” (“1, 2, and 3 John”, p. 207). Esse vínculo indestrutível entre amar a Deus e amar os outros (no sentido de promover a justiça, isto é, o bem-estar dos outros), visto do ponto de vista cristológico, nos recorda o que Jesus ensinou em Mateus 25:40: “Sempre que o fizeram a um destes Meus pequeninos irmãos, foi a Mim que o fizeram” (veja também Mt 25:45, que expressa esse mesmo princípio em termos negativos).
Falhas no amor: quando amor e justiça estão desconectados
A ligação entre amar a Deus e aos outros, que se revela especialmente na forma de justiça (promovendo o bem-estar das pessoas e diminuindo o sofrimento delas), oferece a articulação necessária para aplicarmos à nossa vida todos os mandamentos que encontramos nas Escrituras. Em outras palavras, a desconexão entre amar a Deus e promover a justiça aos outros (ou seja, amá-los) significa que não há harmonia real em nossa vida enquanto supostamente observamos os mandamentos de Deus. Um exemplo desse fato é o jovem rico (Mt 19:16-22), que alegava obedecer aos mandamentos de Deus, mas falhava na demonstração de amor para com os pobres por meio de seus bens materiais. E isso o levou ao fracasso no projeto de seguir a Jesus. Outro exemplo significativo relatado nos evangelhos é o do sacerdote e do levita mencionados na parábola do bom samaritano (Lc 10:30-37). Eles presumiam que seguiam as regras de pureza relacionadas ao templo, mas falharam em demonstrar misericórdia e amor pelo homem quase morto que estava no caminho de Jerusalém para Jericó.
Em Mateus 22:35 a 40, no diálogo com o intérprete da Lei, Jesus enfatizou que amar a Deus e ao próximo são os “dois apoios” que sustentam “a Lei e os Profetas” – ou seja, todo o ensino bíblico. Muitas versões bíblicas traduzem o verbo grego kremánnymi, em Mateus 22:40, como “dependem”: “Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas” (NAA; veja também Almeida Século 21, NVI, NVT). No entanto, o sentido mais literal desse verbo é “apoiar-se”: “Nesses dois mandamentos apoia-se toda a Lei e os Profetas” (New Revised Standard Version).
APLICAÇÃO PARA A VIDA
No contexto do vínculo indestrutível entre amar a Deus e amar os outros, o amor sacrifical de Cristo na cruz é a base do nosso amor pelos outros. Nessa perspectiva, discuta com a classe as seguintes questões:
1. De que forma o amor de Deus, revelado na cruz, é nosso exemplo de amor aos outros?
2. Que sacrifícios você faz pessoalmente para amar os outros e promover justiça, suprindo suas necessidades?
3. Quando as pessoas são afligidas pela pobreza, opressão ou por qualquer outro tipo de injustiça, o que podemos fazer como igreja para ajudá-las?
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Armazenando a Palavra de Deus
Coreia do Sul | Olivia
Neste trimestre, a Divisão Norte-Asiática do Pacífico está enfatizando o treinamento de crianças para serem missionárias por meio de um projeto do Décimo Terceiro Sábado que prevê a abertura de um centro de treinamento missionário na Academia Hankook Sahmyook, na Coreia do Sul. Mas uma mãe sul-coreana afirma que o treinamento das crianças para se tornarem missionárias começa em casa. Ela começou com seu filho quando ele estava começando a falar. Esta é a história de como Olivia semeia a Palavra de Deus nos corações de seus filhos.
Quando David tinha 18 meses, sua mãe começou a ler quatro livrinhos para ele. Cada livro continha uma passagem da Bíblia com ilustrações simples. O primeiro livro tinha o Salmo 1; o segundo, Mateus 5:3-12, o terceiro, João 14:1-4, e o quarto, 1 Coríntios 13.
A mãe lia os livros quando David se levantava de manhã e também quando ele ia para a cama à noite. Ela também lia durante o dia.
Em apenas um mês, o pequeno David, que estava apenas começando a falar, tinha memorizado os quatro livros. Hoje, David tem 7 anos e memorizou entre 350 e 400 versículos da Bíblia.
Como isso foi possível?
A mãe de David, cujo nome é Olivia Kim, foi inspirada por sua própria sogra, que ensinou quatro filhos adotivos a ler e escrever memorizando versículos da Bíblia. Olivia ficou profundamente tocada quando viu de perto como a Bíblia transformava os corações das crianças. Quando se tornou mãe, ela quis fazer o mesmo por seu filho. Então, ela começou a ler os quatro pequenos livros que sua sogra fez.
Enquanto ela lia, os olhos de David acompanhavam as imagens e seus ouvidos acompanhavam sua voz. Ele não dizia nada. Ele não sabia ler. Mas depois de um mês, ele tinha memorizado os livros. Quando a mãe mostrava uma gravura, ele a reconhecia e repetia as palavras na página. A mãe ficou surpresa porque foi por volta do mesmo tempo em que ele começou a falar e formar palavras e frases com significado.
Em seguida, a mãe fez livros com o Salmo 121, Levítico 6:4-9, as três mensagens angélicas em Apocalipse 14, os Dez Mandamentos em Êxodo 20 e as bênçãos e maldições de Deuteronômio 28. Ela lia para David por 20 a 30 minutos pela manhã e por 20 a 30 minutos à noite. Ela também lia durante o dia. Ele memorizou esses livros também.
David e a mãe confiam em versículos da Bíblia no dia a dia. David frequenta um jardim de infância onde a professora às vezes exibe desenhos animados durante o recreio. Os desenhos animados coreanos populares apresentam fantasmas que parecem fofos e inofensivos, mas as tramas podem ser sérias. Depois de assistir a um desses desenhos animados, David ficou com medo uma noite e correu para o quarto da mãe.
"Mamãe, estou com medo", disse ele.
"Por que você está com medo?" perguntou a mãe.
"Eu estou me lembrando de um desenho animado que assisti hoje", disse ele.
"Não tenha medo porque Deus está com você", disse a mãe. "Esta casa está sob a proteção de Deus. Os anjos estão cuidando de nós. Vamos recitar o Salmo 121 juntos".
A mãe e o filho recitaram o Salmo 121, que começa com as palavras: "Elevo os meus olhos para os montes: de onde me virá o socorro? O meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra" (NAA).
Em outra ocasião, David estava sendo travesso. Ele tinha 4 anos e estava extremamente animado após o culto da noite. Não queria lavar o rosto, escovar os dentes ou recolher seus brinquedos. A mãe estava ocupada com tarefas domésticas, lavando louças, lavando roupa e cuidando de uma filha de 6 meses. Já passava uma hora do seu horário habitual de dormir, que era às 19h. A mãe estava ficando cada vez mais frustrada enquanto David continuava brincando e correndo pela casa. Por fim, ela perdeu a paciência e exclamou: "Por que você está agindo assim? Faça o que eu digo! Faça suas tarefas!"
O menino ficou paralisado. A mãe quase nunca falava desse jeito. Ele olhou para a mãe, e a mãe olhou para ele. A mãe sentiu-se mal por ter levantado a voz. Enquanto os dois permaneciam parados, 1 Coríntios 13 veio à mente da mãe, e ela começou a recitá-lo em silêncio: "Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine". Então ela olhou para Davi e viu em seus olhos que ele também estava recitando 1 Coríntios 13 em sua mente. Ela sorriu. David sorriu. Os dois se abraçaram. "Sinto muito por ter levantado a voz", disse a mãe. David sorriu e a abraçou com mais intensidade. Então ele vestiu o pijama, escovou os dentes e foi para a cama.
Hoje, David ama memorizar a Bíblia. Sua irmã, Abigail, tem 3 anos e está memorizando os quatro primeiros livros que ele memorizou. A mãe memorizou tudo o que eles memori- zam. Ela descobriu que o processo de memorização ocorre automaticamente para ela enquanto está ensinando seus filhos.
"Eu espero de coração que os versículos que estamos memorizando hoje sejam proclamados com coragem pelos lábios dos meus filhos um dia, quando eles se tornarem missionários do reino de Deus", disse ela.
Ore por Olivia e por todos os pais que desejam plantar a Palavra de Deus nos corações de seus filhos. Ore para que esses lares gerem uma colheita farta de missionários. Ore também pelo centro de treinamento missionário que será aberto com a ajuda das ofertas deste trimestre na Academia Hankook Sahmyook, na Coreia do Sul. Obrigado por sua oferta generosa para os projetos deste trimestre.
Por Andrew McChesney
Dicas para a história
- Mostre Seul, Coreia do Sul, no mapa.
- Saiba que a família de David faz parte da Shema Recital School, um programa adventista na Coreia do Sul em que cerca de 100 crianças e seus pais memorizaram mais de 300 versículos da Bíblia em inglês.
- Baixe as fotos desta história no Facebook: bit.ly/fb-mq.
- Compartilhe as postagens do Informativo Mundial das Missões e os Fatos Rápidos da Divisão Norte-Asiática do Pacífico: bit.ly/nsd-2025.
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Comentário da Lição da Escola Sabatina – 1º Trimestre de 2025
Tema geral: O amor e a justiça de Deus
Lição 12 – 15 a 22 de março
“Amor e justiça: os dois maiores mandamentos”
Autor: Erico Tadeu Xavier
Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
Revisora: Esther Fernandes
Deus ama a justiça
Na Bíblia lemos que justiça faz parte do caráter de Deus, isto é, de quem Ele é. “Por ser justo, o Senhor ama a justiça; os retos Lhe contemplarão a face” (Sl 11:7).
Sendo assim, um dos nossos papéis como cristãos é clamar ao Senhor em favor da justiça. A justiça bíblica segue a vontade de Deus, e não a do mundo. Enquanto o mundo relativiza o certo e errado, a Bíblia nos exorta a viver em integridade diante de Deus e dos homens. A Palavra confronta o pecado, que é a raiz da injustiça, e sempre pergunta: “O que Deus diz que é certo?”
Não basta lutar por uma causa ou por aquilo que os homens entendem ser justiça, mas precisamos defender aquilo que Deus diz que é correto. O Senhor Se levanta em favor do oprimido e cuida de quem não pode cuidar de si mesmo (Sl 103:6).
“Bem-aventurado aquele que tem o Deus de Jacó por seu auxílio, cuja esperança está no Senhor, seu Deus, que fez os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e mantém para sempre a sua fidelidade. Que faz justiça aos oprimidos e dá pão aos que têm fome. O Senhor liberta os encarcerados. O Senhor abre os olhos aos cegos, o Senhor levanta os abatidos, o Senhor ama os justos. O Senhor guarda o estrangeiro, ampara o órfão e a viúva, porém transtorna o caminho dos ímpios. O Senhor reina para sempre; o seu Deus, ó Sião, reina de geração em geração. Aleluia!” (Sl 146:5-10).
“Ele já mostrou a você o que é bom; e o que o Senhor pede de você? Que pratique a justiça, ame a misericórdia e ande humildemente com o seu Deus” (Mq 6:8).
Como a justiça é estabelecida? Quando adotamos o código de conduta de Deus (Êx 20:3-17), isto é, seu padrão moral, estamos estabelecendo justiça. A religião perfeita é cuidar dos órfãos e das viúvas, como descrito em Tiago 1:27.
Se Deus Se importa, por que nós não deveríamos nos importar? Deus é o Pai do órfão e o Juiz da viúva. E quem são os mais vulneráveis nos dias de hoje? Não são as crianças, mulheres e refugiados? Como podemos nos envolver e ser resposta às nossas próprias orações por justiça?
“Pai dos órfãos e juiz das viúvas é Deus em Sua santa morada. Deus faz que o solitário more em família; tira os cativos para a prosperidade; só os rebeldes habitam em terra estéril” (Sl 68:5, 6).
Cuidar dos que não podem cuidar de si mesmos é uma atitude de amor. Jesus sempre teve ações práticas diante das necessidades das pessoas. Ele multiplicou o pão e saciou a fome de uma grande multidão. Ele deu vista aos cegos e perdoou pecados de muitos. O trabalho era completo. Para Ele, o homem deve ser restaurado integralmente. Tudo isso é importante porque Deus ama a justiça.
Lembro-me da história de uma missionária que subia um morro no Rio de Janeiro para evangelizar as pessoas. Um dia, ao retornar de uma visita a uma família com grande carência, ouviu do Senhor: “Nunca mais diga a alguém: ‘Jesus te ama!’, se não tiver pelo menos um prato de feijão para oferecer em Meu nome.” Ela não apenas ficou confrontada com a pobreza daquela família, mas se sentiu desafiada a fazer algo prático quando fosse falar do amor de Deus para as pessoas.
Lembrem-se de que, quando fazemos aos homens, fazemos ao próprio Deus: “‘Porque tive fome, e vocês Me deram de comer; tive sede, e vocês Me deram de beber; Eu era forasteiro, e vocês Me hospedaram; Eu estava nu, e vocês Me vestiram; enfermo, e Me visitaram; preso, e foram Me ver.’ Então os justos perguntarão: ‘Quando foi que vimos o Senhor com fome e Lhe demos de comer? Ou com sede e Lhe demos de beber? E quando foi que vimos o Senhor como forasteiro e O hospedamos? Ou nu e O vestimos? E quando foi que vimos o senhor enfermo ou preso e fomos visitá-lo?’ O Rei, respondendo, lhes dirá: ‘Em verdade lhes digo que, sempre que o fizeram a um destes Meus pequeninos irmãos, foi a Mim que o fizeram’” (Mt 25:35-40).
Você também ama a justiça?
O meu próximo
Na parábola do bom samaritano, um homem estava caído na estrada. Assaltado, espancado e deixado como morto, ele nem conseguia se mexer. Nesse momento, passou um sacerdote, um homem dedicado ao serviço no templo de Deus. O sacerdote viu o homem prostrado e se afastou dele!
Passou também um levita, um homem que também trabalhava no templo de Deus, cuidando de vários aspectos práticos. O levita viu o homem e seguiu caminho sem o ajudar. Se nem dois homens considerados santos fizeram nada, quem iria ajudar esse pobre homem?
Passou um terceiro homem pelo caminho. Era samaritano, um herege, desprezado pelos judeus. Mas, apesar da inimizade entre samaritanos e judeus, ele parou para ajudar o homem caído. O samaritano tratou de suas feridas e levou-o para uma hospedaria. Lá, ele pagou todas as despesas do homem ferido até sua completa recuperação! (Lc 10:25-35).
“‘Qual destes três lhe parece ter sido o próximo do homem que caiu nas mãos dos ladrões?’ O intérprete da lei respondeu: ‘O que usou de misericórdia para come ele.’ Então Jesus lhe disse: ‘Vá e faça o mesmo’” (Lc 10:36, 37).
Jesus contou essa história para mostrar o que é realmente importante para Deus. Sem amor, todas as outras coisas não têm valor. E o amor a Deus se expressa no amor ao próximo. Lemos na Bíblia que quem não ama seu próximo, não ama a Deus. Podemos até fazer muitas coisas para agradar a Deus: orar, ler a Bíblia, trabalhar na igreja, ensinar teologia, dar ofertas, evitar a imoralidade, etc. Mas, sem amor, nada disso tem valor! (1Co 13).
A parábola do Bom Samaritano mostra como, muitas vezes, podemos nos tornar insensíveis, achando que estamos fazendo tudo certo, mas ignorando o essencial. O sacerdote e o levita, que deveriam estar cheios do amor de Deus, na verdade, estavam tão frios que nem sentiram uma ponta de dó pelo homem ferido. Por outro lado, por vezes somos surpreendidos pelo amor de pessoas que nunca levaríamos em consideração. O samaritano não tinha razão nenhuma para ajudar o homem ferido, nem era esperado que ele fizesse alguma coisa. No entanto, ele tinha o amor de Deus em seu coração. Ele não viu um inimigo odiado. Ele viu uma pessoa como ele, que precisava de ajuda.
Ilustração
Era um moço do interior. Seu patrão, por reconhecer nele grandes méritos, ofereceu-se para pagar seus estudos numa cidade grande. O moço fazia jus à confiança nele depositada: era honesto, trabalhador, inteligente, bom amigo e bom colega. Era sempre o primeiro a servir, e o aluno mais destacado da classe. A sua presença era sempre requerida, tanto entre os colegas, quanto entre os mestres, que lhe devotavam sincera admiração. Uma ocasião houve um grande banquete na escola. Pratos suculentos eram repassados de mão em mão numa demonstração de grande fartura. O jovem estudante começou a chorar. Alguém lhe perguntou:
– Por que você está chorando no meio de tanta fartura e de tanta alegria?
– Estou me lembrando de meus familiares. Meu pai luta com grandes dificuldades, meus irmãos mal têm o que comer. Minha mãe se arrasta com sacrifício para fazer o serviço do lar, pois está sempre doente. E eu aqui desfrutando de tão boas amizades, bem-vestido, bem alimentado, não me faltando nada e nada podendo fazer por eles!
Conclusão
“Nosso Senhor Jesus Cristo era rico; mas Se fez pobre por amor a nós, para que, pela Sua pobreza, nos tornássemos ricos (2Co 8:9). Ele ordena a todos aqueles a quem confiou bênçãos materiais que sigam Seu exemplo. Jesus diz: ‘Os pobres, sempre os tendes convosco e, quando quiserdes, podeis fazer-lhes bem’ (Mc 14:7). A necessidade e a miséria no mundo constantemente apelam para nossa compaixão e solidariedade, e o Salvador declara que servir aos doentes e sofredores é o serviço que mais Lhe agrada. ‘Não é’, diz Ele, ‘que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres desabrigados, e, se vires o nu, o cubras, e não te escondas do teu semelhante?’ (Is 58:7). Devemos atender aos doentes, alimentar os famintos, vestir os que carecem de roupa e instruir os incultos” (Ellen G. White, Conselhos Sobre Mordomia [CPB 2021], p. 112).
Conheça o autor dos comentários deste trimestre: Erico Tadeu Xavier é Pós-doutor em Teologia Sistemática e Missão Integral pela FAJE (Faculdade de Filosofia e Teologia Jesuíta de BH), Doutor em Ministério pela FTSA, Faculdade Teológica Sul-Americana e Doutor em Teologia pela PUC (Pontifícia Universidade Católica do RJ). Iniciou seu ministério em 1991 como pastor distrital e atuou em três diferentes regiões. Foi professor do Seminário Adventista de Teologia na Universidade Adventista da Bolívia, da Faculdade Adventista da Bahia (antigo IAENE), e da FAP (antigo IAP), no Paraná. É casado com Noemi Pinheiro Xavier, Doutora em Educação. O casal tem dois filhos: Aline (psicóloga) e Joezer (designer gráfico).