Lição 10
26 de novembro a 02 de dezembro
As chamas do inferno
Sábado à tarde
Ano Bíblico: 2Co 1-4
Verso para memorizar: “Examinem todas as coisas, retenham o que é bom” (1Ts 5:21).
Leituras da semana: Mc 9:42-48; Ml 4:1; Jd 7; 1Tm 2:5; At 2:29, 34, 35; 1Jo 5:3-12

O poeta italiano Dante Alighieri (1265-1321) escreveu sua famosa obra, A Divina Comédia, uma jornada fictícia da alma após a morte. A alma ia para o inferno no interior da terra; ou ao purgatório, onde o espírito humano poderia purificar-se e se tornar digno de ascender ao Céu; ou ao paraíso, à presença do próprio Deus.

Apesar de ser apenas um poema, uma ficção, a Palavra de Dante acabou tendo grande influência na teologia cristã, especialmente na teologia católica romana. A noção básica de que uma alma imortal vai para o inferno, ou para o purgatório, ou para o paraíso é fundamental para essa igreja. Muitas denominações protestantes conservadoras também acreditam em uma alma imortal que após a morte ascende ao paraíso ou desce ao inferno. De fato, se a alma humana nunca morre, então tem que ir para algum lugar depois que o corpo morre. Em suma, uma falsa compreensão da natureza humana tem levado a terríveis erros teológicos.

Nesta semana vamos tratar de algumas dessas teorias antibíblicas, bem como da visão bíblica do que acontece após a morte.

Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!



Domingo, 27 de novembro
Ano Bíblico: 2Co 5-7
Vermes imortais?

1. Compare Marcos 9:42-48 com Isaías 66:24. Como você entende a expressão “não lhes morre o verme” (Mc 9:48)?

Alguns interpretam o substantivo singular “verme” (Mc 9:48) como uma alusão à suposta alma ou espírito desencarnado do ímpio que, após a morte, voa para o inferno, onde nunca morre e sofre eterno tormento.

Mas essa interpretação não reflete a noção bíblica de morte inconsciente; também ignora o contexto dessa passagem no AT. Na verdade, “‘verme’ no singular é usado para se denominar ‘os vermes’ de modo geral – não quer dizer um único verme. A referência é a vermes que se alimentam de corpos em decomposição” (Robert G. Bratcher e Eugene A. Nida, A Translators Handbook on the Gospel of Mark [London: United Bible Societies, 1961], p. 304).

Em Marcos 9:48, Jesus citou Isaías 66:24, que diz: “Eles sairão e verão os cadáveres daqueles que se rebelaram contra Mim; porque o seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará; e eles serão um horror para toda a humanidade.”

Essa cena metafórica assustadora retrata um campo de batalha com os inimigos de Deus mortos no chão e sendo destruídos. Os corpos não consumidos pelo fogo são decompostos pelos vermes, ou talvez primeiro pelos vermes e depois pelo fogo. Seja como for, não há nenhuma referência a qualquer suposta alma que escapa da destruição do corpo e voa para o inferno.

Mas e os “vermes” que nunca morrem? A linguagem metafórica de Isaías 66:24 (citada em Mc 9:48) não sugere que esses vermes sejam imortais (vermes imortais?). A ênfase é ao fato de que os vermes não deixam sua tarefa incompleta. Em outras palavras, eles continuam a devorar os corpos dos ímpios até que sejam destruídos. Por outro lado, os filhos de Deus fiéis habitarão alegremente nos “novos céus e na nova Terra” e adorarão a Deus em Sua própria presença (Is 66:22, 23). Com destinos tão contrastantes em mente, não é de admirar que Jesus tenha declarado que seria muito melhor alguém entrar no reino de Deus sem uma parte crucial de seu corpo – sem mão, pé ou mesmo olho – do que ter um corpo perfeito que será destruído por vermes e fogo (Mc 9:42-48).

Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!

Não há meio-termo. Teremos vida eterna ou a destruição. Qual é a sua escolha hoje?


Segunda-feira, 28 de novembro
Ano Bíblico: 2Co 8-10
As chamas do inferno

Em seu livreto para crianças, The Sight of Hell (Dublin: James Duffy, 1874, p. 24), o padre católico John Furniss (1809-1865) ilustrou o tormento eterno por meio de uma grande bola de ferro sólido, maior que os céus e a Terra. “Um pássaro vem uma vez a cada cem milhões de anos e toca a grande bola de ferro com uma pena de sua asa”. O autor argumenta que o tormento dos pecadores no inferno continua mesmo depois de a bola de ferro ser desgastada por esses toques ocasionais de penas! O triste é que muitos protestantes acreditam que isso acontece com os perdidos.

2. Leia Malaquias 4:1 e Judas 7. Como essas passagens nos ajudam a entender melhor a noção de “fogo eterno”, ou a ideia de que os perdidos estarão no “fogo eterno” (Mt 18:8), ou num “fogo que nunca se apaga”? Mc 9:43

A palavra “eterno” (hebr. ‘olam; gr. aion, aionios) carrega diferentes significados, dependendo do contexto imediato. Por exemplo, quando associada a Deus (Dt 33:27, “eterno”), a palavra expressa Sua eternidade. Quando relacionada a seres humanos (Êx 21:6, “para sempre”), a palavra é limitada pela expectativa de vida da pessoa. Ao qualificar o fogo como “eterno” (Mt 18:8; 25:41), isso implica que o fogo não se apagará até que haja consumido totalmente o que está sendo queimado. Isso significa que o “fogo eterno” será eterno no sentido de que consumirá os ímpios completa e irreversivelmente, não restando “nem raiz nem ramo” (Ml 4:1).

A teoria da punição eterna tem sérias implicações. Se os ímpios forem punidos para sempre, o mal nunca será erradicado. Além disso, toda a vida humana deriva de Deus (Dt 32:39; Sl 36:9), que não tem “prazer na morte do ímpio” (Ez 33:11). Por que Ele continuaria a dar vida aos ímpios para sofrerem tormento sem fim? Não seria mais razoável que Ele acabasse com a existência deles? Se os ímpios serão punidos “segundo as suas obras” (Ap 20:12), por que uma vida curta deveria ser punida eternamente?

Todas as referências bíblicas a “fogo eterno” devem ser vistas como alusões ao “lago de fogo” pós-milênio (Ap 20; ver lição 13). Portanto, é antibíblico falar de um inferno já presente e sempre em chamas.

Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!

A verdade sobre o inferno revela o amor divino, em contraste com a ideia de tormento?


Terça-feira, 29 de novembro
Ano Bíblico: 2Co 11-13
Os santos no purgatório

A Igreja Católica Romana defende que os mortos que não merecem o inferno, mas que ainda não estão prontos para o paraíso, podem ter seus pecados purgados no purgatório e então ascender ao paraíso. Seus sofrimentos no purgatório podem ser reduzidos pelas orações e penitências dos entes queridos, bem como por outros atos em favor dos mortos.

O Catecismo da Igreja Católica é explícito sobre o purgatório: “Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não de todo purificados, embora seguros da sua salvação eterna, sofrem depois da morte uma purificação, a fim de obterem a santidade necessária para entrar na alegria do céu. [...] A Igreja recomenda também a esmola, as indulgências e as obras de penitência a favor dos defuntos” ([São Paulo: Edições Loyola, 2022], p. 290, 291).

3. Leia Eclesiastes 9:10, Ezequiel 18:20-22 e Hebreus 9:27. Como essas passagens refutam a teoria do purgatório?

O dogma do purgatório combina a noção pagã de um inferno ardente com a prática pagã de orar pelos mortos. Esse dogma é inaceitável para os que creem nos seguintes ensinos bíblicos: (1) os mortos descansam inconscientemente nos túmulos (Ec 9:10); (2) a justiça de um ser humano não pode ser transferida a outro ser humano (Ez 18:20-22); (3) nosso único Mediador é Jesus Cristo (1Tm 2:5); e (4) a morte é seguida pelo juízo final, sem nenhuma segunda chance de arrependimento (Hb 9:27).

Uma implicação ainda mais séria é como a teoria antibíblica do purgatório distorce o caráter de Deus. “A obra de Satanás desde sua queda é representar mal nosso Pai celestial. Ele sugeriu o dogma da imortalidade da alma. [...] A ideia de um inferno que queima eternamente foi produção de Satanás; purgatório é sua invenção. Esses ensinamentos falsificam o caráter de Deus, como se Ele devesse ser considerado severo, vingativo, arbitrário e que não exerce o perdão” (Ellen G. White, Manuscript 51, 10 de dezembro de 1890). Em vez de mortos adormecidos, que aguardam a volta de Cristo, essa visão diz que eles estão no purgatório, sofrendo até que alguém os tire dali.

Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!

O que erros como o purgatório ou o tormento eterno nos ensinam sobre a importância da doutrina? O que acreditamos é importante, e não apenas em quem acreditamos?


Quarta-feira, 30 de novembro
Ano Bíblico: Gl 1-3
Um paraíso com almas desencarnadas

Embora os protestantes não aceitem o purgatório, muitos, no entanto, acreditam que as almas dos justos mortos já estão desfrutando do paraíso na presença de Deus. Alguns argumentam que essas “almas” sejam apenas espíritos desencarnados; outros creem que sejam espíritos desencarnados cobertos por um corpo espiritual de glória.

Seja qual for o suposto estado metafísico dos mortos-vivos, essas teorias minam a doutrina bíblica da ressurreição e do julgamento dos mortos. Por que haveria ressurreição e juízo (Ap 20:12-14) se as almas dos justos já estivessem no paraíso?

4. Leia Atos 2:29, 34, 35 e 1 Coríntios 15:16-18. Como esses textos lançam luz sobre o estado dos mortos e dos que aguardam a ressurreição?

A Bíblia ensina que todos os seres humanos que já estão no Céu foram trasladados vivos, como no caso de Enoque (Gn 5:24) e Elias (2Rs 2:9-11), ou ressuscitados, como Moisés (Jd 9) e os ressuscitados com Cristo (Mt 27:51-53).

Como vimos, a alusão às almas “debaixo do altar” clamando a Deus por vingança (Ap 6:9-11) é apenas uma metáfora para a justiça e não prova a teoria da imortalidade natural da alma. Caso contrário, dificilmente pareceria que essas pessoas estivessem desfrutando da recompensa. A sepultura é um lugar de descanso para os mortos, que inconscientemente aguardam a ressurreição, quando sua existência consciente será restaurada. Os mortos, mesmo os justos, não são almas desencarnadas que vagam pelo Céu, esperando para se reunir a seus corpos na ressurreição final.

Além disso, sobre o que Paulo poderia estar falando em 1 Coríntios 15:18, quando disse que se não houvesse ressurreição dos mortos, então “os que adormeceram em Cristo estão perdidos”. Como poderiam estar perdidos se já estão na bem-aventurança do Céu, e estão lá há tanto tempo, desde que morreram? Uma doutrina central do NT, a ressurreição dos mortos por ocasião do retorno de Cristo, é anulada pelo falso ensino de que os justos mortos voam para sua recompensa eterna logo após a morte. No entanto, ouvimos isso o tempo todo, principalmente em funerais.

Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!

Como ajudar as pessoas a entender que a ideia de que os mortos estão dormindo é uma “boa notícia”, pois eles estão em repouso e não experimentam dor e sofrimento?


Quinta-feira, 01 de dezembro
Ano Bíblico: Gl 4-6
A visão bíblica

5. Por que João limita a “vida eterna” aos que estão em Cristo? 1Jo 5:3-12

A doutrina bíblica da imortalidade condicional do ser humano – em comparação com a teoria não bíblica da imortalidade natural da alma – é explicada em 1 João 5:11, 12. Para compreender o significado dessa passagem importante, devemos nos lembrar de que somente a Divindade “possui imortalidade” (1Tm 6:15, 16) e é a única Fonte de vida (Sl 36:9, Cl 1:15-17, Hb 1:2).

Quando o pecado entrou no mundo com a queda de Adão e Eva (Gn 3), eles e todos os seus descendentes (incluindo nós) caíram sob a maldição da morte física e perderam o dom da vida eterna. Mas nosso Deus amoroso implementou o plano da salvação para que os seres humanos recuperassem a vida eterna que deveria ter sido deles desde o início. Como Paulo escreveu: “Antes da fundação do mundo, Deus nos escolheu, Nele, para sermos santos e irrepreensíveis diante Dele em amor” (Ef 1:4).

“Assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado veio a morte”, também por “um só Homem, Jesus Cristo”, o dom da vida eterna se tornou acessível a todos (Rm 5:12-21). Paulo fez uma referência inequívoca a um Adão literal que, por meio da transgressão, trouxe o pecado e a morte ao mundo. Não se pode entender nada na Bíblia sem um Adão literal.

João escreveu: “Deus nos deu a vida eterna, e esta vida está no Seu Filho. Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida” (1Jo 5:11, 12).

O sentido geral fica mais claro à luz destas declarações de Jesus: “A vontade de Meu Pai é que todo aquele que vir o Filho e Nele crer tenha a vida eterna; e Eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6:40); “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em Mim, ainda que morra, viverá” (Jo 11:25).

Isso significa que a vida eterna é um dom de Deus por meio de Cristo. Esse dom é garantido no presente, porém será desfrutado de forma plena somente após a ressurreição final dos justos. A conclusão é simples: se a vida eterna é concedida somente aos que estão em Cristo, então aqueles que não estão Nele não têm a vida eterna (1Jo 5:11, 12). Por outro lado, a teoria da imortalidade natural da alma concede vida eterna – seja no paraíso ou no inferno – a todos os seres humanos, mesmo àqueles que não estão em Cristo. Por mais popular que seja esse ensino, ele não é bíblico.

Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!



Sexta-feira, 02 de dezembro
Ano Bíblico: Ef 1-3
Estudo adicional

Textos de Ellen G. White: O Grande Conflito, p. 444-458 (“O mistério da morte”); p. 459-562 (“Vozes do além”).

“Sobre o erro básico da imortalidade inerente apoia-se a doutrina da consciência na morte, doutrina que, assim como a do tormento eterno, opõe-se aos ensinos da Bíblia, aos ditames da razão e aos nossos sentimentos de humanidade. Segundo a crença popular, os remidos no Céu estão cientes de tudo que ocorre na Terra, e especialmente da vida dos amigos que deixaram para trás. Mas como poderia ser fonte de felicidade para os mortos o fato de eles saberem das dificuldades dos vivos [...]? E quão revoltante é a crença de que, logo que o fôlego deixa o corpo, a alma do impenitente é entregue às chamas do inferno! Em que profunda angústia deverão mergulhar os que veem seus amigos passarem à sepultura sem estar preparados para entrar numa eternidade de miséria e pecado!” (Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 454, 455).

Perguntas para consideração

  1. Muitos sãos inflexíveis em sua crença na ideia de que os salvos vão imediatamente para o Céu e de que os perdidos estão no tormento eterno. É compreensível que queiram acreditar que seus entes queridos falecidos estão “com o Senhor” (embora haja a questão de que seria perturbador para eles ver o caos aqui embaixo). Mas por que há um forte apego à ideia horrível de que os perdidos são eternamente atormentados no inferno? O que isso ensina sobre o poder da tradição?
  2. A maioria das igrejas cristãs proclama a teoria da imortalidade da alma com todas as suas teorias correlatas. O que mais devemos fazer para proclamar ao mundo a visão bíblica da morte e da vida após a morte?
  3. O poema de Dante, A Divina Comédia, ajudou a consolidar falsos ensinos sobre o que acontece com a “alma” após a morte. Que lições aprendemos quanto à facilidade com que a teologia cristã pode ser influenciada por ideias externas? Que outras ideias não cristãs influenciam o pensamento cristão? Como podemos nos proteger delas?

Respostas e atividades da semana: 1. Essa expressão indica que os vermes não deixam sua tarefa incompleta, ou seja, continuam a devorar os corpos dos ímpios até que sejam destruídos. 2. O fogo será eterno no sentido de que consumirá os ímpios de forma completa e irreversível. 3. Elas indicam que os mortos permanecem descansando inconscientemente em seus túmulos, que a justiça de um não pode ser transferida a outro, que nosso único Mediador é Jesus Cristo e que a morte é seguida pelo juízo final, sem nenhuma segunda chance de arrependimento. 4. Elas não ensinam que os justos mortos estão no Céu, mas que estão na sepultura aguardando a ressurreição. 5. A vida eterna é um dom de Deus por meio de Cristo. Somente os que creem em Jesus e que estão em Cristo têm a garantia da vida eterna.

Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!



Resumo da Lição 10
As chamas do inferno

TEXTOS-CHAVES: Is 66:23, 24; Dn 12:2

ESBOÇO

O destino eterno dos justos e dos ímpios é descrito em nítido contraste um com o outro. O primeiro grupo recebe a vida eterna, enquanto o outro grupo experimentará o doloroso juízo divino de condenação e será totalmente aniquilado. A grande mentira do castigo eterno e do sofrimento perpétuo dos ímpios no inferno é construída com base no engano satânico expresso no Jardim do Éden: “É certo que vocês não morrerão” (Gn 3:4).

A lição desta semana contradiz o ensino antibíblico da imortalidade natural da alma. Com base na primeira mentira de que a desobediência não traria a morte, mais um engano é construído: quando você morre, é apenas o seu corpo que está morto, não o seu espírito. Assim, se o ser humano tem uma alma ou um espírito imortal, um pecador condenado será eternamente punido por Deus no torturante fogo do inferno. Essa visão terrivelmente negativa retrata Deus como um monstro e um tirano. Outra conceito fabricado, e muito popular, engana as pessoas dando-lhes a falsa esperança de passar por um processo de purificação e aperfeiçoamento após a morte, que culmina com o resgate e a garantia da eternidade no paraíso. Essa mentira remove a responsabilidade pela ação pessoal nesta vida.

COMENTÁRIO

Diferentes pontos de vista sobre a punição no inferno

Três pontos de vista sobre o fogo eterno do inferno competem no cristianismo:

  1. Visão Tradicionalista: Fogo do inferno que atormenta para sempre e sem cessar. O inferno existe como um lugar real em algum lugar do submundo onde o fogo real atormenta as almas imortais para sempre. De acordo com essa visão, o sofrimento consciente dos ímpios vem logo após a morte e dura por toda a eternidade.
  2. Visão Condicionalista ou Aniquilacionista: O lago de fogo consome de forma irreversível e total os ímpios, os anjos maus e o diabo no juízo final. Os seres humanos não são inerentemente imortais e não possuem almas imortais. Como pecadores, eles estão condenados à morte eterna, a menos que aceitem Jesus Cristo como seu Salvador pessoal. A imortalidade está condicionada ao recebimento da graça de Deus e ao exercício da fé em Jesus (Jo 3:16; 5:24; Rm 3:21-31; Ef 2:1-10). O inferno não é um lugar para onde as almas ou espíritos ímpios vão imediatamente após a morte, mas é entendido como um “lago de fogo” no qual os ímpios serão totalmente consumidos ao final da história humana (Ml 4:1; Mt 25:41; 2Ts 1:6-10; Ap 20:9, 10, 14, 15). Esse fogo, preparado para o diabo e os anjos caídos, os aniquilará, bem como os ímpios, no juízo final ou executivo. Os efeitos do fogo são definitivos. Ninguém pode apagar as chamas enquanto elas fazem seu trabalho. O fogo tem resultados eternos e cumprirá seu propósito: a destruição do mal, do pecado, da morte, dos ímpios, dos anjos rebeldes e de Satanás. O resultado é descrito como “a segunda morte”, da qual não há redenção ou escapatória; a segunda morte é a erradicação total do mal.
  3. Visão Restauracionista ou Universalista: Em última análise, o fogo do inferno purifica e salva a todos. Os universalistas afirmam que todas as pessoas serão finalmente salvas, incluindo os ímpios, os anjos maus e Satanás, porque o fogo do inferno os purificará. Esse entendimento é baseado no reconhecimento de que, após a morte, a alma imortal dos ímpios não pode ir imediatamente para o Céu, mas sofrerá no fogo do juízo divino. Esse fogo os limpará gradualmente e então, em algum momento futuro (o momento exato dependerá da resposta do indivíduo a esse processo de purificação), todos serão finalmente salvos.

Para uma avaliação dessas três visões diferentes, veja Ji?í Moskala, “The Current Theological Debate About Eternal Punishment in Hell and the Immortality of the Soul”, Andrews University Seminary Studies, v. 53, no 1 (2015), p. 91-125.

Expressões problemáticas

Existem algumas expressões bíblicas difíceis, relativas à doutrina do inferno, que precisam ser explicadas, pois seu significado é muitas vezes retirado do contexto:

1 - O verme (larva) nunca morrerá (Is 66:24). 

Como devemos entender a frase bíblica: “O seu [dos ímpios mortos] verme [hebraico: tola’im] nunca morrerá”? No contexto de Isaías 65 e 66, os ímpios são aqueles que não servem ao Senhor, e que se rebelaram contra Ele (Is 66:3) e que, finalmente, serão “mortos da parte do Senhor” (Is 66:16). Primeiro, a descrição é física. Esses ímpios são vistos e têm corpos físicos. As larvas não atacam as almas, ou espíritos imateriais, do falecido. Em segundo lugar, em nenhum lugar o texto bíblico pressupõe que esses vermes sejam dotados de imortalidade. Os vermes não recebem o dom da vida eterna. Nenhum milagre divino é realizado neles. Terceiro, essa imagem de vermes que comem os cadáveres dos ímpios é uma metáfora do mesmo tipo daquela que retrata o fogo que não será apagado.

2 - “Nem o seu fogo se apagará” (Is 66:24). 

“Eles sairão e verão os cadáveres daqueles que se rebelaram contra Mim; porque o seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará; e eles serão um horror para toda a humanidade” (veja também Is 66:15, 17). Extinguir um incêndio é apagá-lo, evitar que queime ou detê-lo antes que cumpra sua tarefa. Assim, por extensão, um fogo que “não se apagará” significa que o fogo não se extinguirá porque não há poder que o impeça de alcançar o que o fogo naturalmente consegue: destruição total. O fogo não pode ser resistido ou detido. Assim, o significado das imagens é transparente: esses mortos não têm chance de estar vivos novamente. O juízo sobre esses ímpios é final, e isso significa que o julgamento divino de destruição não será interrompido até que se cumpra a consumação completa. Não há como escapar dessa morte final. Ninguém pode resgatar os ímpios desse fim horrível. Nenhuma reversão é possível. O juízo é definitivo, e a destruição é completa. Não será interrompido até que os corpos morram; assim, o destino final dos ímpios é irrevogável e permanente. Barry Webb conclui sobre Isaías 66:24: “Como se configura, parece representar aniquilação em vez de tormento eterno. Os corpos estão mortos” (The Message of Isaiah: On Eagles’ Wings [Downers Grove, IL: Inter-Varsity Press, 1996], p. 251).

O profeta Isaías explica a destruição final e total de Edom e a descreve com os termos familiares de um fogo que o consumirá. O fogo queima noite e dia; “não se apagará”; “a sua fumaça subirá para sempre”; e assim se transformará em “piche ardente” (Is 34:9, 10). Essa imagem é posteriormente tomada e aplicada claramente em Apocalipse 14:10, 11 e Apocalipse 20:10, passagens cheias de simbolismo. A linguagem é metafórica e aponta para a sentença divina de destruição irreversível e total. Da mesma forma, Ezequiel de- clara: “Assim diz o Senhor DeuS: Eis que acenderei em você um fogo que consumirá todas as árvores, tanto as verdes como as secas. A chama desse fogo não se apagará e todos os rostos, desde o Sul até o Norte, se queimarão. E todos verão que Eu, o Senhor, o acendi; não se apagará” (Ez 20:47, 48 [ênfase do autor]; veja Jr 7:20).

Ralph Bowles conclui sua interpretação de Apocalipse 14:11: “A leitura tradicional dos elementos desse verso perde a estrutura paralelística invertida da unidade de Apocalipse 14:9 a 11. Quando se discerne o quiasma, vê-se o significado do texto como não confirmando o “tormento eterno”. Essa visão sustenta que Deus finalmente e totalmente levará Seus inimigos ao julgamento, resultando em destruição e extinção absolutas” (Ralph G. Bowles, “Does Revelation 14:11 Teach Eternal Torment? Examining a Proof-text on Hell”, Evangelical Quarterly 73, no 1, janeiro de 2001, p. 36).

Fogo entendido como juízo divino implica que o efeito de tal fogo é eterno, e para o mal não há ponto de retorno. O destino do mal estará sob o controle de Deus por toda a eternidade, nunca ocorrerá uma segunda vez, está eternamente derrotado e não existe mais. Sua aniquilação é total. Deus não manterá milagrosamente um fogo eterno nem de modo algum sustentará, de uma forma eterna especial, os ímpios, os anjos caídos e o diabo para puni-los perpetuamente. Esse engano é uma abordagem muito especulativa do ensino bíblico sobre a execução do juízo divino. Assim como havia plena harmonia no Céu antes da rebelião de Lúcifer contra Deus, também haverá plena harmonia quando o mal em todas as suas formas for destruído.

3 - Eterno, para sempre.

A expressão “para sempre” ou a palavra “eterno” (hebraico: ‘olam) é muito relativa nas Sagradas Escrituras. Ela tem três significados possíveis; portanto, pode se referir a (1) eternidade com começo e fim (por exemplo, escravos em Êx 21:6 [a NVI traduz corretamente o termo ‘olam nesse contexto: por toda a vida]; o sacerdócio em Êx 40:15; Nm 25:13); (2) eternidade com começo, mas sem fim (vida eterna de todos os redimidos; veja Mc 10:30; Jo 3:16, 36; 5:24); e, finalmente, (3) eternidade sem começo e sem fim (que pertence somente ao próprio Deus; veja 1Tm 6:16; compare com Dt 33:27). Sempre o contexto textual define o significado preciso do termo eterno. Aos crentes em Deus, a imortalidade é
dada como um dom por meio de Cristo Jesus (Jo 11:26; Cl 3:3, 4).

4 - A palavra “desprezo” em Daniel 12:2.

“Multidões que dormem no pó da terra acordarão: uns para a vida eterna, outros para a vergonha, para o desprezo eterno” (Dn 12:2). A palavra desprezo (hebraico: dera’on, repulsa, aversão, repugnância) é usada na Bíblia hebraica apenas em Daniel 12:2 e em Isaías 66:24. O significado desse termo é garantido pelo seu contexto: os textos falam sobre condenação em relação ao juízo e à ressurreição. Daniel fala sobre condenação eterna e vergonha para os ímpios, e Isaías explica que os ímpios serão destruídos porque ninguém pode impedir que o fogo devorador cumpra seu propósito de destruição. As pessoas rebeldes e impenitentes estão condenadas à inexistência eterna, mas aos justos é dada a vida eterna.

APLICAÇÃO PARA A VIDA

  1. Qual é a diferença entre uma visão popular do inferno e a imagem bíblica do lago de fogo? O lago de fogo é algo real ou apenas uma figura de linguagem poética? Discuta.
  2. Como você pode explicar para a sua classe, em linguagem simples, que as pessoas não vão para o inferno nem para o Céu (nem para o purgatório) logo após a morte? Como isso pode ser uma boa notícia?
  3. Podemos escapar do fogo do inferno? Se sim, explique como Deus torna essa possibilidade real em nossa vida.

Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!


Um marinheiro volta para casa

Barry

Tuvalu | 26 de novembro

Uma tia adventista do sétimo dia levava Barry à igreja todos os sábados em uma pequena ilha de recife no meio do Pacífico Sul. Mas aos domingos, a mãe e o pai de Barry o levavam para outra igreja.

Talvez compreensivelmente, Barry cresceu confuso em Tuvalu, uma pequena nação composta por 11.000 pessoas que vivem em nove pequenas ilhas entre a Austrália e o Havaí. As nove ilhas de Tuvalu cobrem uma área total de apenas 26 quilômetros quadrados.

É costume em Tuvalu que as crianças sejam criadas pela irmã mais nova da mãe. Então, depois que Barry nasceu, ele foi criado por sua tia, Pena.

Pena amava muito Barry e o tratava como seu próprio filho. Todos os sábados, ela o levava à Igreja Adventista do Sétimo Dia de Niutao, a única Igreja Adventista em sua ilha de recife de Niutao.

A mãe de Barry não teve nenhum problema com o filho indo para a Igreja Adventista. Como sua irmã, ela era um membro batizado da igreja. Mas seu marido pertencia a outra denominação cristã. Assim, enquanto Barry ia à Igreja Adventista aos sábados, sua mãe e seu pai o levavam para outra igreja aos domingos.

Quando chegou à adolescência, Barry decidiu frequentar uma escola marítima e se tornar marinheiro. Com Tuvalu cercada pelo oceano, muitos de seus habitantes trabalham como marinheiros. Então, Barry acabou trabalhando como marinheiro e enviando dinheiro de volta para casa para ajudar sua família. Depois de se casar, ele continuou trabalhando como marinheiro, enviando dinheiro para a esposa e os quatro filhos.

Depois de crescer em duas igrejas, Barry não tinha certeza do que pensar sobre Deus. Sua esposa, Taufua, pertencia à mesma igreja que seu pai. Sua vida marinha o manteve longe da igreja. Então, ele parou de ir aos cultos, e sua vida afundou no caos. Ele se tornou viciado em tabaco e bebia muito. Sua bebida levou a três graves acidentes de moto enquanto visitava sua casa em terra na capital do país, Funafuti. A cada vez, ele era levado às pressas, sangrando e inconsciente, para o único hospital do país.

Barry encontrava pouca alegria em estar com sua família. Sua esposa, Taufua, que trabalhava para o governo de Tuvalu como funcionária pública, sentia pouca alegria em estar com o marido. Seus quatro filhos também encontravam pouca alegria em casa. A família raramente orava reunida.

Uma doença repentina abalou a família. A filha mais velha, Liena, adoeceu com caxumba e teve que ser levada para um hospital em Fiji para tratamento urgente. Barry e Taufua acompanharam sua filha de quatorze anos no voo de duas horas e meia pela Fiji Airways.

No hospital, Barry começou a pensar seriamente em Deus pela primeira vez em anos. Lembrou-se de sua tia levando-o à Igreja Adventista quando menino. Então, ele começou a orar.

Liena se recuperou. De volta a Tuvalu, Barry largou o emprego de marinheiro. Ele queria se livrar das más influências de sua antiga vida e começar uma nova vida com Deus. Ele começou a estudar a Bíblia com sua esposa e Liena na Igreja Adventista todos os sábados à tarde. Nas manhãs de sábado, ele e sua família adoravam juntos na igreja. Enquanto adoravam, seu desejo de saber mais sobre a Bíblia cresceu, e eles se envolveram em outras atividades da igreja.

Em 2021, Barry, sua esposa e sua filha mais velha seguiram o exemplo de Jesus nas águas do batismo. Barry e Liena foram batizados na Igreja Adventista do Sétimo Dia de Funafuti em abril, enquanto Taufua foi batizada dois meses depois, em junho.

Hoje, a alegria tem enchido o lar quando a família ora regularmente junto. Os quatro filhos encontraram alegria no lar. Taufua encontrou alegria em estar com o marido. E Barry encontrou alegria em estar com sua família – e com Deus.

Obrigado por sua oferta do décimo terceiro sábado que ajudará a gravar e produzir a programação infantil baseada nos livros de Ellen White: Caminho a Cristo, O Desejado de Todas as Nações, O Grande Conflito e outros. A programação será distribuída no Hope Channel e na internet para crianças em Tuvalu e em toda a Divisão do Pacífico Sul e no mundo. Obrigado por planejar uma oferta generosa do décimo terceiro sábado!

Por Vaguna Satupa

Dicas para a história

  • A foto mostra Barry com sua família.

  • Baixe as fotos no Facebook: bit.ly/fb-mq.

  • Baixe publicações e fatos rápidos sobre a missão da Divisão do Pacífico Sul: bit.ly/spd-2022.

Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!


Comentário da Lição da Escola Sabatina – 4º Trimestre de 2022

Tema geral: Vida, morte e eternidade

Lição 10 – 26 de novembro a 3 de dezembro de 2022

As chamas do inferno

 

Autor: Moisés Mattos

Editoração: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br

Revisora: Rosemara Santos

O escritor e teólogo Leonardo Boff, em seu livro “Vida para além da morte”, na página 106, disse: “O inferno é uma existência absurda que se petrificou no absurdo.”

Apesar dessa, e de outras conclusões sobre o inferno, ainda existem muitos religiosos que teimam em justificar sua existência e operação. E o pior, alguns, supostamente amparam-se na Bíblia. Algumas dessas teses são brevemente analisadas na lição desta semana:

  1. A primeira é aquela teoria que pode ser chamada de teoria dos vermes imortais, cujo título é, em si, incoerente. Como um verme resistiria ao fogo eternamente? Claramente estamos diante de uma linguagem simbólica. Para defender a ideia de que a alma vive após a morte e pode estar sofrendo no inferno eterno, alguns tomam Marcos 9:46 e 48, onde se fala de um verme que não morre e um fogo que não se apaga. A expressão é, na verdade, emprestada de Isaías 66:24, e aponta para um simbolismo: no fim, os vermes vão destruir os corpos dos impíos em contraste com os justos que viverão para sempre na nova Terra. Em outras palavras, não ficará nada dos ímpios. Na verdade, prega-se aqui a aniquilação dos maus.
  2. A segunda teoria antibíblica é baseada num suposto fogo eterno, no sentido de queimar para sempre. Entre os textos usados está Mateus 18:8 e Marcos 9:43 (ir para o inferno, onde o fogo nunca se apaga). O problema com essas passagens é entender o que o texto bíblico em geral fala sobre a palavra “eterno”. No Antigo e no Novo Testamento, a palavra “eterno” pode ser determinada pelo contexto. Por exemplo, em Êxodo 21:6, a palavra é usada em relação aos seres humanos e é limitada pela expectativa de vida das pessoas: “Assim, ele será seu escravo por toda a vida”. “Toda a vida” [ou “para sempre”] aqui é “eterna”. Por outro lado, “fogo eterno” pode significar um fogo que queima enquanto houver algo para queimar. Sodoma e Gomorra queimaram “eternamente”, isto é, enquanto havia matéria para queimar. Judas 7 diz: “Estando sob o castigo do fogo eterno, elas servem de exemplo.” Milhares de anos se passaram e, com certeza, Sodoma e Gomorra não mais estão ardendo em chamas. Claro, elas queimaram enquanto houve algo para queimar.
  3. Outra teoria tem a ver com um lugar que se convencionou chamar de purgatório. Este seria um lugar ao qual seriam enviadas as pessoas que ainda não estão prontas para o Céu e onde ficariam um tempo em um período de purificação. Uma estranha combinação equivocada entre orar pelos mortos, purgatório e inferno. Esse ensino é contestado porque invalida a salvação pela fé nos méritos de Cristo. Se, após a morte, alguém sofre em algum lugar para merecer ir para o paraíso, então o que Jesus fez não é eficaz. Só podemos chegar ao Céu pelos méritos de Cristo, ou estaremos perdidos para sempre (Ez 18:4).
  4. A teoria do paraíso com almas desencarnadas, utilizada especialmente entre os protestantes que não acreditam no purgatório, mas acreditam em um paraíso onde estão as almas. Facilmente se contesta essa explicação perguntando: Se os justos já vão para o paraíso ao morrerem, porque haveria a necessidade de um juízo? (Ap 20:12-14). Ou, se os justos já estão no paraíso porque haveria a necessidade de uma ressurreição? Seria só um jogo de cena?

Conclusão: Afinal, qual é a explicação da Bíblia para o futuro do ser humano após a morte? Alguns pontos para consideração:

  1. a) Somente Deus possui imortalidade. O ser humano, devido ao pecado é mortal (1Tm 6:15, 16; Ez 18:4; Rm 6:23).
  2. b) Somente em Cristo temos direito à vida eterna. “Quem tem o Filho tem a vida” (1Jo 5:11, 12).
  1. c) Os que morrem aguardam na sepultura a ressurreição que ocorrerá na volta de Jesus (Jo 5:28, 29; 1Ts 4:13-17).
  2. d) A grande verdade bíblica é que Deus nos ama e não Se deleitará em ver uma criatura sofrendo eternamente em algum lugar, seja no chamado inferno ou coisa parecida. No fim, os maus serão eliminados e não ficará deles raiz nem ramo (Ml 4:1). Enquanto temos vida, aceitemos Jesus e assim teremos a garantia divina da vida eterna.

 

Autor: Pr. Moisés Mattos – Mestre em Teologia e pós-graduado em Gestão Empresarial. Serve à Igreja Adventista há mais de 30 anos em diferentes funções. Atualmente exerce sua atividade como pastor na Igreja Central de São Carlos, SP e produz os comentários da Lição da Escola Sabatina para o canal Classe de Professores no YouTube. Casado com a professora Luciana Ribeiro de Mattos, é pai de Thamires e Lucas.

 

Comentário de Célio Barcellos

 

A imortalidade da alma faz parte das doutrinas falsas introduzidas por Roma com o intuito de neutralizar a mente humana e escravizá-la nos ensinos do papado. A crença nesse pensamento já dominava o círculo do entendimento pagão no Antigo Oriente Próximo até o seu apogeu sob a influência dos filósofos gregos. No que se refere ao pensamento cristão sobre o assunto, figuras como Tertuliano (155-240 d.C.), Orígenes (185-254), Agostinho de Hipona (354-430) e Tomás de Aquino (1225-1274), de certa forma, contribuíram para a disseminação do assunto.

Esses grandes nomes do cristianismo ocidental, que escreveram em Latim (exceto Orígenes, que nasceu em Alexandria e escreveu em grego) popularizaram a crença na imortalidade da alma. De acordo com Samuele Bacchiocchi, eles induziram a comunidade dos crentes a assimilar o dualismo da “natureza humana” (“Crenças Populares: O que as pessoas acreditam e o que a Bíblia realmente diz”, Casa Publicadora Brasileira, p. 49).

Concomitante à insistência de religiosos em transmitir na atualidade o falso ensino da imortalidade como algo verdadeiro, dá para imaginar quão danosa foi a propagação do assunto pelos nobres intelectuais da patrística. O ensino desses homens inseriu Deus numa atemporalidade, de modo que a única maneira de se comunicar com o ser seria através da alma, por ser ela imortal.

De acordo com Fernando Canale, essa ideia de imortalidade no que se refere ao “conceito clássico sobre o natural e o sobrenatural tem suas raízes na filosofia grega, especialmente em Platão e Aristóteles”. “Platão recebeu influência profunda da religião e mitologia gregas. A ideia de um lugar em que os deuses habitavam era familiar a seus seguidores e alunos.” Em outras palavras, a “visão de Platão sobre a realidade corresponde, a grosso modo, ao que chamamos de cosmovisão, visão de mundo ou cosmologia” (Fernando Canale, O Princípio Cognitivo da Teologia Cristã: Um estudo hermenêutico sobre Revelação e Inspiração, Unaspress, p. 88).

Partindo desse entendimento grego, a mistura que os pais da igreja fizeram em associação com a Palavra de Deus resultou numa cosmovisão cristã baseada numa visão grega de mundo, sem sustentação bíblica para a teoria da imortalidade natural da alma. Visto que a alegoria era um princípio marcante de interpretação teológica, o conceito de imortalidade não ficou isento de seus devaneios.

Essa falsa doutrina afasta o ser humano da Palavra de Deus. Quem acredita na imortalidade natural da alma, pode sentir tranquilidade ao imaginar que um ente querido desfruta da eternidade ao lado de Deus. Por outro lado, só de pensar que um ser amado se encontra nas “chamas do inferno”, as pessoas podem ter calafrios.

No entanto, de acordo com a Bíblia, somente o Pai, o Filho e o Espírito Santo são eternos. Alegar a eternidade da alma é tentar elevar o ser humano mortal e finito ao nível do Deus imortal e infinito, o que é um grande engano.

O ser humano foi feito do pó da terra e Deus soprou em suas narinas o fôlego de vida (Gn 2:7). Esse fôlego é uma força vital e não uma entidade que pensa de forma pré-existente. Pelo contrário, sem o ato divino de inserir no homem a vida, o ser humano não passaria de um boneco de barro.

Um “dos principais ensinos falsos” é “a crença de que somos imortais por natureza e conscientes após a morte. Essa doutrina lançou as bases para que Roma instituísse orações aos santos e a adoração da virgem Maria”. A partir dessa falsa doutrina, “proveio a heresia do tormento eterno para os que morrem impenitentes. […] Então o caminho estava preparado para a introdução de outra invenção do paganismo, a que Roma deu o nome de ‘purgatório’ e que foi usada para amedrontar as multidões crédulas e supersticiosas ” (Ellen G. White, O Grande Conflito [CPB, 2021], p. 45).

A igreja corrompida sustenta as suas crenças em dogmas que têm como base a filosofia e os pais da igreja, nas Escrituras Sagradas. Da mesma forma que os mosteiros medievais produziram pensadores que misturavam paganismo com cristianismo, hoje, quando jovens cristãos vão para as universidades, retornam com uma mentalidade humanista recheada de conceitos extrabíblicos.

Além disso, filmes, desenhos, novelas, séries e livros entorpecem a mentalidade de crianças, jovens e adultos num universo de fantasia que, de forma sorrateira, introduzem a crença na imortalidade da alma. Ou seja, a narrativa da serpente de que o homem seria imortal, como Deus (Gn 3:4), não ficou restrita ao Éden, mas se espalhou em todos os lugares.

Portanto, defender a teoria de um inferno eterno em que chamas castigam seres perdidos, é fazer o que a igreja corrompida fez no contexto medieval para aterrorizar os supersticiosos, mantê-los presos aos dogmas e distanciá-los da Palavra. A Bíblia diz que a alma morre (Ez 18:4) e que “aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo” (Hb 9:27). Isso quer dizer que, quando uma pessoa morre, ela fica na sepultura num estado de inconsciência, aguardando o desfecho dos acontecimentos por parte de Deus (Ec 9:5, 6).

 

Autor: Célio Barcellos é pastor no distrito de Pirassununga, na Associação Paulista Central. Atualmente cursa jornalismo e possui MBA em Liderança Missional. Contribui com artigos em veículos denominacionais e seculares, além de transcrever palestras e pregações para auxiliar a igreja. É natural de Itaúnas/Conceição da Barra, ES. Casado com Salomé Barcellos, tem dois filhos, Kairos Álef, de 18 anos, ilustrador e estudante de Arquitetura, e Krícis Barcellos, de apenas 10 anos.