João apresenta uma diversidade de pessoas, com diferentes origens, crenças e experiências, que testemunham sobre quem é Jesus.
João Batista declarou aos seus discípulos: “Eis o Cordeiro de Deus!” (Jo 1:36). André disse a seu irmão: “Achamos o Messias!” (Jo 1:41). Filipe disse a Natanael: “Achamos Aquele de quem Moisés escreveu” (Jo 1:45). Natanael disse a Cristo: “Mestre, o senhor é o Filho de Deus! O senhor é o Rei de Israel!” (Jo 1:49). A samaritana indagou: “Não seria Ele, por acaso, o Cristo?” (Jo 4:29). Os samaritanos afirmaram: “Nós mesmos ouvimos, e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo” (Jo 4:42). Pedro disse: “Senhor, para quem iremos? O senhor tem as palavras da vida eterna” (Jo 6:68). Marta declarou: “Eu creio que o senhor é o Cristo, o Filho de Deus que devia vir ao mundo” (Jo 11:27). O ex-cego afirmou: “Uma coisa sei: eu era cego e agora vejo” (Jo 9:25). Pilatos disse aos judeus: “Eis aqui o rei de vocês” (Jo 19:14). “Eu não encontro Nele crime algum” (Jo 19:6). Tomé se entregou e disse: “Meu Senhor e meu Deus!” (Jo 20:28).
Por que essas pessoas deram esses testemunhos impressionantes a respeito da identidade de Jesus? Esse será o nosso estudo nesta semana.
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Jesus não teve receio de declarar quem é, nem de chamar pessoas para testemunhar quem Ele é, mesmo testemunhas que já haviam morrido há muito tempo, incluindo Abraão. Ele disse: “Abraão, o pai de vocês, alegrou-se por ver o Meu dia; e ele viu esse dia e ficou alegre” (Jo 8:56).
1. Por que o testemunho de Abraão era tão importante a ponto de ser incluído no Evangelho de João? Gn 12:3; 18:16-18; 26:4; Mt 1:1; At 3:25
“Por símbolos e promessas, Deus ‘preanunciou o evangelho a Abraão’ (Gl 3:8). E a fé do patriarca se fixou no Redentor que viria. Cristo Disse aos judeus: ‘Abraão, o pai de vocês, alegrou-se por ver o Meu dia; e ele viu esse dia e ficou alegre’ (Jo 8:56). O carneiro oferecido em lugar de Isaque representava o Filho de Deus, que seria sacrificado em nosso lugar. Quando o ser humano foi condenado à morte pela transgressão da lei de Deus, o Pai, olhando para o Filho, disse ao pecador: ‘Viva, pois encontrei resgate para sua vida” (Jó 33:24; Ellen G. White, Patriarcas e Profetas [CPB, 2022], p. 121, 122).
Abraão foi o pai da nação judaica. Ele recebeu a promessa de que, por meio dele, todas as nações seriam abençoadas. Essa bênção veio pelo Messias, nascido de sua linhagem.
Abraão também é o pai de todos aqueles que respondem a Deus com fé (Hb 11:8, 17-19). Sua disposição de sacrificar Isaque (Gn 22), o filho da promessa, não foi apenas uma evidência de fé, mas também uma janela para o plano da salvação.
Quando Jesus disse: “Abraão, o pai de vocês, alegrou-se por ver o Meu dia”, responderam: “Você não tem nem cinquenta anos e viu Abraão?” (Jo 8:56, 57). A resposta de Jesus foi surpreendente: “Antes que Abraão existisse, Eu Sou” (Jo 8:58).
Jesus Se referiu ao que Deus disse a Moisés na sarça ardente, reivindicando que Ele é Deus, o Ser que existe por Si mesmo. Os líderes entenderam o significado do que Jesus disse, porque naquele momento “pegaram pedras para atirar Nele” (Jo 8:59).
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Seis dias antes da Páscoa, Jesus foi visitar Maria, Marta e o irmão delas, Lázaro, a quem havia ressuscitado. Simão, que tinha sido curado da lepra, organizou uma festa em gratidão pelo que Jesus havia feito por ele. Marta estava servindo, e Lázaro estava sentado à mesa com os convidados (Jo 12:1-8).
2. Qual foi o significado das ações de Maria? Aquele foi um testemunho de quem Jesus realmente é? Jo 12:1-3
O perfume era muito caro, valendo cerca de um ano de salário do trabalhador comum. Maria levou esse presente expressando gratidão ao Salvador pelo perdão dos seus pecados e pela ressurreição do seu irmão. Ela pretendia que fosse usado futuramente no sepultamento de Jesus. Mas então ouviu que Ele logo seria ungido Rei. Nesse caso, ela seria a primeira a honrá-Lo.
Maria provavelmente não pretendia que seu gesto fosse notado, mas João observa que “toda a casa se encheu com o cheiro do perfume” (Jo 12:3). Judas respondeu com uma rápida repreensão, afirmando que o perfume deveria ter sido vendido e o dinheiro dado aos pobres. Jesus tranquilizou Maria ao dizer: “Deixe-a! [...] Os pobres estão sempre com vocês, mas a Mim vocês nem sempre terão” (Jo 12:7, 8).
Um tema recorrente em João é que Jesus sabe o que existe nas pessoas (Jo 2:24, 25; 6:70, 71; 13:11; 16:19). Nesse caso, na festa de Simão, Jesus sabia o que havia em Judas. João é criterioso em mencionar quem era Judas: um ladrão egoísta (Jo 12:6).
“A perfumada oferta que Maria pensara em oferecer ao corpo inanimado do Salvador derramou-a sobre Ele vivo. No sepultamento, seu agradável odor teria apenas impregnado o túmulo. Naquele momento, porém, alegrou o coração Dele com a certeza de sua fé e seu amor. [...] E, ao descer às trevas de Seu grande teste, Cristo levou Consigo a lembrança desse ato, amostra do amor que Seus remidos teriam por Ele” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 446).
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Várias vezes João registra as tentativas dos líderes religiosos de prender Jesus, levá-Lo a julgamento e sentenciá-Lo à morte. Um tema importante no Evangelho de João, frequentemente destacado por Jesus, é que o Seu momento ou hora ainda não havia chegado, o que se referia à crucifixão (Jo 2:4; 7:6, 8, 30; 12:7, 23, 27; 13:1; 17:1).
Agora havia chegado a hora. Jesus foi preso no jardim do Getsêmani, levado perante Anás, depois para o sumo sacerdote Caifás, e duas vezes perante Pilatos.
João recorreu a várias testemunhas de todas as esferas da vida para testificar que Jesus é o Cristo. Agora João menciona Pilatos, o governador que julgou Jesus. Esse é um testemunho importante porque Pilatos era romano, governador e juiz, enquanto muitos outros que testemunhavam eram judeus e pessoas comuns.
3. Como o veredito de Pilatos está relacionado ao tema central do Evangelho de João? Jo 18:38; 19:4-22
Jesus foi levado a Pilatos na manhã de sexta-feira (Jo 18:28). O plano do governador era despachar o prisioneiro rapidamente para o Seu destino. Mas o comportamento de Jesus chamou a atenção de Pilatos. Ele interrogou Jesus e ouviu de Seus lábios: “Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a Minha voz” (Jo 18:37).
Embora o governador tenha finalmente condenado Jesus à morte, três vezes O reconheceu inocente (Jo 18:38; 19:4, 6). E escreveu sobre a cruz as palavras “Jesus Nazareno, o Rei dos Judeus” (Jo 19:19), completando seu testemunho de quem Jesus é. No entanto, apesar do seu testemunho de que Cristo era inocente, o governador O condenou à morte.
Pilatos tinha a própria Verdade diante de si e, ainda assim, permitindo que a multidão o intimidasse, condenou Jesus à morte! Que exemplo trágico de que nem sempre conseguimos seguir o que a consciência e o coração nos dizem ser correto!
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4. Leia João 20:19-31. O que podemos aprender com a história de Tomé sobre fé e dúvida? Que grande erro ele cometeu?
Cristo apareceu aos discípulos após a Sua ressurreição, quando estavam trancados em uma casa, com medo. Tomé não estava com eles. Mais tarde, ele ouviu os relatos da ressurreição feitos por outros discípulos, mas ficou bastante aflito. Isso não se harmonizava com o que Tomé pensava a respeito do Reino. Além disso, ele certamente deve ter se perguntado por que Jesus teria Se revelado aos outros, sem a presença dele.
Tomé disse: “Se eu não vir o sinal dos pregos nas mãos Dele, ali não puser o dedo e não puser a minha mão no lado Dele, de modo nenhum acreditarei” (Jo 20:25).
Tomé estava ditando condições para sua fé. Essa mesma atitude é mencionada várias vezes em João. Nicodemos respondeu a Jesus: “Como pode um homem nascer, sendo velho?” (Jo 3:4). A mulher que estava junto ao poço disse: “O senhor não tem balde e o poço é fundo. De onde vai conseguir essa água viva?” (Jo 4:11). A multidão que havia sido alimentada com pães e peixes perguntou: “Que sinal o senhor fará para que vejamos e creiamos no Senhor?” (Jo 6:30).
João contraria essa perspectiva de “ver para crer”. Quando Jesus encontrou Tomé após a ressurreição, Ele o convidou a vir, ver e tocar o Seu corpo ressuscitado. Mas então diz: “Bem-aventurados são os que não viram e creram” (Jo 20:29).
“Deus nunca pede que creiamos sem que nos dê suficientes provas sobre as quais possamos alicerçar nossa fé. Sua existência, Seu caráter e a veracidade de Sua Palavra se baseiam em testemunhos que falam à nossa razão; e esses testemunhos são numerosos. Apesar disso, Deus nunca removeu a possibilidade de dúvida. Nossa fé deve se basear em evidências, não em demonstrações” (Ellen G. White, Caminho a Cristo [CPB, 2003], p. 105).
Por meio da Palavra de Deus, da criação e da experiência pessoal, recebemos uma quantidade extraordinária de evidências que fortalecem nossa fé em Jesus.
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Várias vezes, à medida que João apresenta testemunhas de Jesus, seu objetivo é nos levar a uma conclusão mais abrangente: “Jesus fez diante dos Seus discípulos muitos outros sinais [...]. Estes, porém, foram registrados para que vocês creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenham vida em Seu nome” (Jo 20:30, 31).
Imagine presenciar Jesus fazendo milagres! Com certeza creríamos Nele, não é mesmo? Gostaríamos de pensar assim; mas, de certa forma, temos ainda mais razões para crer em Jesus do que as pessoas que viram aqueles milagres. Por quê?
5. Quais são algumas das coisas que temos hoje que as pessoas da época de Jesus não tinham e que devem nos ajudar a crer? Mt 24:2, 6-8, 14
Isso acontece porque não temos apenas os relatos de João, mas a grande vantagem de ver se cumprindo muitas coisas que Jesus e os escritores bíblicos predisseram, como a destruição do templo (Mt 24:2), a pregação do evangelho ao mundo (Mt 24:14), a grande apostasia (2Ts 2:3) e o mundo continuando a ser um lugar caído e mau (Mt 24:6-8). Durante o ministério de Jesus, Seus seguidores continuaram um grupo pequeno e hostilizado que, pelos padrões humanos, deveria ter desaparecido da história há muito tempo. Como eles poderiam saber, assim como nós, que todas essas coisas aconteceriam? E se cumpriram. A nossa fé existe como cumprimento da profecia de Jesus de que o evangelho seria pregado em todo o mundo.
E, hoje, quase 2 mil anos depois, como seguidores de Jesus, temos o privilégio de dar testemunho de Cristo e do que Ele fez por nós. Não é simplesmente pelas palavras de Natanael, de Nicodemos, da mulher samaritana, ou pelos ensinos dos fariseus que reconhecemos que Jesus é o Messias. É pela leitura das Escrituras, sob o poder convincente do Espírito Santo, que aceitamos Jesus como o Salvador do mundo.
Então, cada um, à sua maneira e a partir do relacionamento com Deus, pode ter uma história para contar, a qual pode não ser tão impressionante quanto ver um morto ressuscitado ou um cego curado, mas o que importa é que conhecemos Jesus e, do nosso modo, testemunhamos Dele, como fizeram as pessoas mencionadas em João.
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Leia, de Ellen G. White, Patriarcas e Profetas [CPB, 2022], p. 115-123 (“O teste de fé”); O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 580-595 (“No tribunal de Pilatos”).
Tomé “lançou-se aos pés de Jesus, exclamando: ‘Senhor meu e Deus meu!’ (Jo 20:28). Jesus aceitou seu reconhecimento, mas reprovou brandamente sua incredulidade: [Jo 20:29]. A fé de Tomé teria sido mais agradável a Cristo se ele tivesse estado disposto a crer pelo testemunho de seus irmãos. Se hoje o mundo seguisse o exemplo de Tomé, ninguém creria na salvação; pois todos aqueles que recebem a Cristo devem fazê-lo pelo testemunho de outros.
“Muitos que são inclinados à dúvida se justificam dizendo que, se lhes fosse apresentada a prova que Tomé recebeu de seus companheiros, eles creriam. Não compreendem que têm não somente essa prova, mas muito mais. Muitos que, à semelhança de Tomé, esperam que desapareça todo motivo de dúvida, nunca realizarão seu desejo. Vão se consolidando gradativamente na incredulidade. Aqueles que têm o hábito de olhar para o lado sombrio, de reclamar e queixar-se, não sabem o que fazem. Estão lançando as sementes da dúvida e terão também uma colheita de dúvidas a ceifar” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 647).
Perguntas para consideração
1. Qual é a diferença entre a fé de Abraão e a de Tomé? O que aprendemos com eles?
2. Apresente seu testemunho de Jesus, como as pessoas fizeram em João. Embora os relatos sejam diferentes, o que as pessoas dizem e como testemunham do Senhor?
3. Pilatos fez uma pergunta bastante filosófica: “O que é a verdade?” (Jo 18:38). À luz de tudo o que estudamos em João, dê sua resposta a essa pergunta.
4. Leia Daniel 2 e 7. Embora as pessoas da época de Jesus conhecessem esses capítulos, que vantagem temos em ver o cumprimento das profecias e, assim, encontrar ainda mais razões para crer?
Respostas às perguntas da semana: 1. Por meio de Abraão viria o Messias, e todas as nações seriam abençoadas. A fé dele estava fixada no Salvador vindouro. 2. Ela ungiu Jesus em gratidão pelo perdão dos pecados e pela ressurreição de Lázaro. 3. Pilatos reconheceu que Jesus era inocente, dando testemunho da verdade. 4. Tomé queria crer somente depois de ver. Temos razões mais do que suficientes para crer. 5. Temos o cumprimento de inúmeras profecias que se realizaram depois da época de Jesus e dos apóstolos.
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FOCO DO ESTUDO: João 18:38; 19:4-22; 20:19-31
ESBOÇO
Introdução: Jesus falou com convicção a respeito de Sua identidade. Em diversas ocasiões, Ele afirmou ser o cumprimento das profecias messiânicas e instou outros a testemunhar a favor de Sua messianidade. Por que a afirmação deles em relação à Sua identidade era tão crucial para Jesus? Ele queria salvar o maior número possível para o Seu reino eterno e sabia que crer Nele representava a única via de salvação do pecado e deste mundo caído.
Jesus também apelou a muitas das Suas testemunhas oculares para que expressassem suas convicções sinceras sobre suas experiências tangíveis com Ele. O testemunho de Maria sobre o sacrifício de Jesus foi poderoso e significativo. O coração dela estava totalmente aberto aos Seus olhos, assim como todo o nosso coração, pois Ele compreende a profundidade de cada indivíduo. Nesse sentido, Ele também estava ciente do coração desconfiado e conivente de Judas.
Jesus também examinou o coração de Pôncio Pilatos, governador romano pagão, revelando que, em alguns aspectos, era mais autêntico do que muitos que O acusavam. Ele também recebeu o testemunho de um cético que precisou ver e tocar nas evidências da ressurreição do Senhor. Jesus foi paciente com Tomé e mostrou-lhe a evidência de Seu corpo cheio de cicatrizes. Nesta semana também estudaremos a testemunha mais poderosa da messianidade do Salvador – o próprio Jesus, que testifica de Sua missão messiânica por meio de Suas palavras de vida eterna e de Seus feitos poderosos.
COMENTÁRIO
Voltando a Abraão
João 8:56 sugere que Abraão recebeu uma revelação do futuro Messias. Essa revelação de esperança gloriosa pretendia servir como confirmação do plano universal da salvação. Ao contemplar essa revelação, Abraão “se alegrou” e ficou “satisfeito”. Por outro lado, os líderes judeus não necessitaram de uma visão para reconhecer o dia de Cristo, pois O testemunhavam pessoalmente, presenciando Suas poderosas obras. Em vez de ficarem alegres, como estivera seu pai Abraão, eles ficaram irados e demonstraram prontidão para matá-lo.
Além disso, foi mostrada a Abraão uma aplicação prática dessa visão, que revelou o vívido plano da redenção humana. Abraão serviu como tipo de Deus Pai, e Isaque como tipo de Jesus, o único Filho de Deus. A lenha para o sacrifício foi carregada nas costas de Isaque até o altar, assim como Cristo carregou a cruz de madeira até o altar do Calvário. Tanto Isaque quanto Jesus, sem qualquer objeção, estavam dispostos a ser o sacrifício.
É difícil acreditar que um jovem robusto como Isaque, no auge da juventude, seria tão obediente, mesmo diante da morte. A incrível fé, mas dolorosa relutância de Abraão em sacrificar seu único filho, o filho da promessa, tipificou a disposição do Pai em deixar Jesus morrer pela humanidade.
A principal diferença entre Jesus e Isaque é que um substituto foi oferecido em lugar de Isaque, enquanto nada foi providenciado em lugar de Jesus. O sacrifício de Cristo se destinava a ser oferecido em substituição à nossa morte. Ao derramar Seu sangue, Jesus ofereceu Sua vida e justiça exclusivas para nossa redenção, uma dádiva que ninguém mais possuía.
O testemunho de Maria
Na festa na casa de Simão, o fariseu, Jesus foi o convidado de honra, juntamente com Lázaro, a quem Ele acabara de ressuscitar. Maria, por outro lado, não era convidada de honra. Simão e Maria são exemplos contrastantes. Embora Jesus houvesse restaurado Simão da lepra física, ele ainda não tinha permitido que Jesus o libertasse da lepra das escolhas pecaminosas. Por outro lado, Maria entregou-se completamente a Jesus, permitindo que Ele a purificasse da lepra de seu passado pecaminoso. Simão se sentiu obrigado, de acordo com o costume judaico, a honrar Jesus por curá-lo, e assim O convidou por puro senso de dever. Maria demonstrava total comprometimento com Jesus e devoção a Ele, espalhando a fragrância do Seu amor por toda a casa. Durante a festa, ela ungiu o corpo de Cristo, o Cordeiro de Deus que em breve seria sacrificado, representando o sacrifício vicário enviado para redimir a humanidade pecadora.
Jesus defendeu Maria quando ela se tornou o foco da atenção. Apoiado pelos discípulos, Judas orquestrou um ataque verbal contra ela por ungir Jesus. Jesus elogiou a devoção de Maria como algo extraordinário, pois ela havia feito o que estava ao seu alcance. Quando fazemos a nossa parte por amor, Jesus aceita tal esforço como a melhor oferta, pois Ele conhece o coração genuíno. Quando fazemos o melhor para Jesus, Ele considera isso bom. Se é bom para Jesus, deveria ser bom para nós também.
O testemunho involuntário de Pilatos (Jo 18:38; Jo 19:4-22)
É surpreendente e irônico que um governador pagão, de certa forma, tenha se colocado ao lado de Jesus, proclamando Sua inocência, enquanto o próprio povo de Jesus, a quem Ele veio salvar, O rejeitasse, pedindo Sua morte. Vivendo e governando em um mundo corrupto, Pilatos ansiava pela verdade, mas duvidava de sua existência. Tais dúvidas sobre a verdade persistem, especialmente nos dias atuais. A verdade é frequentemente distorcida como mentira, considerada apenas como estratégias de poder, e a luz é rotulada como escuridão utilizada para subjugar os menos informados. O engano está se tornando cada vez mais normalizado na sociedade. E, como Pilatos, clamamos por discernir a verdade.
Portanto, o que Jesus disse a Tomé é tão verdadeiro e indispensável para os nossos tempos: “Eu Sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14:6). Nestes últimos dias, precisamos caminhar com Jesus, que é o Caminho. À medida que caminhamos com Ele, Ele nos ensina a verdade, por palavras e ações, que levam à vida eterna. É fácil ficar desanimado e até desiludido quando confrontado com os acontecimentos do mundo; portanto, devemos abraçar Jesus, que é sempre a verdade e em quem não há vestígios das trevas desta vida. Ele é constante, pois é o mesmo ontem, hoje e eternamente.
Uma última reflexão: Pilatos reconhecia a inocência de Jesus e estava convencido de Sua extraordinária natureza. Pilatos nunca havia testemunhado alguém como Ele. Sua esposa reforçou essa convicção ao compartilhar a verdade sobre Jesus e adverti-lo a não condená-Lo. Pilatos proclamou a inocência de Jesus três vezes.
Contudo, como tantos outros, Pilatos cedeu à pressão da multidão. Num momento de fraqueza, ele vacilou, comprometendo sua consciência. Ao tentar agradar a Roma e à multidão, acabou desagradando a ambos. Despojado de honras e exilado na Gália, na França, Pilatos foi dominado por uma intensa depressão que o levou a tirar a própria vida.
O testemunho de Tomé (Jo 20:19-31)
A experiência de Tomé oferece uma lição de fé e confiança. Assim como Pilatos, Tomé enfrentou a batalha contra a dúvida, mesmo diante de evidências abundantes. Contudo, Jesus estava pronto para dissipar seus medos e incertezas. O Salvador tratou Tomé com bondade, convidando-o a tocar Suas cicatrizes. Da mesma forma, Jesus nos convida a “vir e ver”, a experimentá-Lo pessoalmente. Parece que Ele está disposto a oferecer tudo o que for necessário para fortalecer nossa fé. Ele nos encontra onde estamos, seja em nosso desespero, desânimo ou dúvida.
João frequentemente trata do tema da dúvida em seus escritos. Ao redigir seu evangelho, ele se deparou com membros desanimados da comunidade cristã, que enfrentavam desafios relacionados às heresias gnósticas, questionando a realidade de Cristo. Desde então, sempre houve os que optaram por não acreditar porque não viram todas as evidências que desejavam, sejam de natureza científica ou filosófica.
Muitos se concentram nas dúvidas levantadas em objeção à messianidade de Cristo e, assim, ignoram a enorme evidência da realidade de Cristo e da Sua missão. Os que hesitam em crer insistem em que todo o copo de evidências seja preenchido até a borda antes de decidirem acreditar. Contudo, neste mundo caído, sempre haverá espaço para dúvidas. Estamos cercados de evidências: a criação de Deus, a vida, a providência divina, a nossa consciência e a medida de fé com a qual nascemos. Com esse tipo de evidência, crendo, de fato, estamos vendo.
Foi por essa experiência que Eliseu orou quando ele implorou ao Senhor que ajudasse seu servo duvidoso a ver: “Senhor, peço-Te que abras os olhos dele para que veja” (2Rs 6:17). A Bíblia conta o que aconteceu em resposta à oração de Eliseu: “O Senhor abriu os olhos do moço, e ele viu que o monte estava cheio de cavalos e carros de fogo, ao redor de Eliseu”. Assim, podemos concluir que ver de verdade é acreditar na realidade maior, além das nossas circunstâncias imediatas.
O testemunho de Jesus
Jesus é a maior testemunha de Sua própria divindade e missão divina. De maneira repetida e incansável, Ele dedicou esforços para abrir os olhos e os corações das classes intelectuais e ricas. O Salvador desejava que aqueles que duvidavam considerassem as evidências sobre Ele mesmo. Cristo ansiava que acreditassem e fossem salvos, embora, com frequência, esses esforços fossem em vão. Quantas vezes desejamos ver e ouvir Jesus pessoalmente! Contudo, é válido questionar o seguinte: Caso tivéssemos vivido durante o ministério terreno de Cristo e testemunhado todas as evidências que Ele apresentou, teríamos de fato acreditado Nele?
Atualmente, temos a vantagem de poder estudar profecias cumpridas para compreender Suas obras poderosas e palavras revigorantes. Há vida em Suas palavras, pois Suas palavras registradas são coerentes com Sua pessoa. Conforme testemunhado por Pedro, Jesus detém as palavras que conduzem à vida eterna; Ele afirmou que Suas palavras têm o poder de conceder vida.
Consideremos o peso dos inúmeros testemunhos de vidas transformadas que ocorreram devido ao encontro com Cristo, cuja capacidade para transformar o coração endurecido e desprovido de esperança é completamente revelada para que contemplemos e nos maravilhemos. Considere como Cristo, por meio do Espírito Santo, forma a Si mesmo, a esperança da glória, dentro de nós. Às vezes temos a tendência de acreditar no que não deveríamos. Nem sempre as pessoas querem dizer o que expressam ou dizem exatamente o que querem dizer. Em contraste, Jesus, a Fonte da verdade, sempre comunica claramente o que deseja expressar e é sincero no que diz. Podemos confiar plenamente no que Ele diz, pois o que Ele diz está em harmonia com Suas intenções.
APLICAÇÃO PARA A VIDA
Considere as seguintes questões e comente com a classe:
1. Embora os fariseus tenham tido a oportunidade de testemunhar diretamente as palavras e ações de Jesus, resistiram a acreditar Naquele que era o presente inestimável de Deus vindo do Céu. Assim como alguns fariseus, Tomé também teve dúvidas, mas finalmente passou a acreditar. Analise e compare as distintas atitudes de Tomé e dos fariseus em relação a Jesus, destacando a diferença fundamental entre elas.
2. Cristo não orou apenas pelos Seus discípulos; Ele também orou por todas as gerações futuras que acreditariam no testemunho dos discípulos. “É por eles que Eu peço; não peço pelo mundo, mas por aqueles que Me deste, porque são Teus” (Jo 17:9, 20). Isso sugere que nos tornamos crentes em Cristo devido às Suas orações por nós e pelos outros? Qual é a revelação sobre Seu extraordinário amor, cuidado e poder divino que essa realidade oferece?
3. Pense sobre a hesitação e as lealdades divididas de Pilatos. Quais são algumas das repercussões negativas dessa liderança falha? Buscar agradar a todos, numa tentativa de conciliar diversas perspectivas, pode gerar confusão e consternação?
4. Nossa vida emana uma “fragrância”, ou influência, nas pessoas ao redor durante nossas interações nas diversas áreas. Não conseguimos exalar a suave fragrância de Jesus a menos que sejamos “perfumados” por Ele. Ao refletirmos sobre nossa rotina diária, será que a atmosfera ao nosso redor atrai pessoas para Cristo ou as afasta Dele?
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Esperando a ceia do Senhor
Arizona | Faith
Katrina ficou radiante quando ouviu que uma Igreja Adventista do Sétimo Dia estava sendo aberta em Page, Arizona. Não havia igrejas adventistas próximas à casa dela na Reserva Navajo, e ela não participava da Ceia do Senhor há 20 anos.
No primeiro sábado, uma senhora buscou o pastor da igreja após o sermão. “Eu não participo de uma Santa Ceia há mais de 20 anos”, disse ela. “Quando podemos fazê-la?”
O pastor James levantou sua mão impotentemente. “Não temos o equipamento para fazer agora”, disse ele.
Na realidade, a igreja não tinha muita coisa. Já era um milagre a igreja ter um prédio. Se uma denominação quer uma igreja em Page, ela tem que comprar um prédio de igreja já existente. Todas as igrejas ficam na mesma rua em Page, e não há lugar para construir uma nova igreja. A Igreja Adventista conseguiu comprar a igreja de Page de outra denominação com a ajuda das ofertas do décimo terceiro sábado. No entanto, quando o pastor James chegou, descobriu que a igreja precisava de grandes consertos e não tinha equipamentos básicos, incluindo itens para a Ceia do Senhor.
Mas Katrina estava determinada a participar de uma. “Eu vou ver o que posso fazer quanto a isso”, disse ela. “Do que precisamos?”
O pastor disse que a igreja precisava de bacias para lavar os pés.
“Quando eu receber meu próximo cheque da previdência social, irei à loja e comprarei as bacias”, disse Katrina.
Claro, quando recebeu seu cheque da previdência social, ela foi à loja e encontrou bacias brancas de plástico. Havia seis na prateleira, e ela comprou todas. No sábado seguinte, ela as trouxe para a igreja e as entregou à esposa do pastor, Nancy.
“Aqui estão algumas bacias, vou comprar mais quando receber meu próximo cheque”, disse ela.
Nancy ficou tocada e exclamou: “Obrigada!”
O pastor James e Nancy também queriam celebrar a Ceia do Senhor na igreja. Mas com uma necessidade de reparos urgentes e de equipamentos básicos, foi desafiador para eles saberem como priorizar seus fundos limitados.
Toda vez que Katrina recebia um cheque da previdência social, ela comprava todas as bacias brancas de plástico que estavam na prateleira da loja. Geralmente, eram seis. Então, ela as trazia para a igreja e as entregava para a esposa do pastor. Às vezes, ela pegava dinheiro da aposentadoria de seu marido para ajudar a comprar as bacias. Ele era de Navajo e não ia à igreja, mas não se importava em ajudar.
Demorou três meses para Katrina comprar bacias suficientes.
Quando ela levou as últimas bacias para a igreja, ela disse ao pastor: “Eu trouxe bacias suficientes. Podemos ter a Ceia do Senhor agora?”
O pastor James agradeceu por sua generosidade. “Mas”, disse ele, “nós não temos toalhas”. As toalhas eram necessárias para secar os pés após lavá-los nas bacias.
“Vou ver o que posso fazer quanto a isso”, disse Katrina.
Quando seu próximo cheque da previdência social chegou, ela comprou toalhas suficientes para todos participarem da ceia.
Então, ela foi até o pastor.
“Aqui estão as toalhas”, disse ela. “Será que agora podemos ter a Ceia do Senhor?”
O pastor agradeceu novamente por sua generosidade. “Mas precisamos das bandejas para a ceia”, disse ele.
Katrina não sabia como encontrá-las. Então, ela disse: “Quando podemos comprar? Eu posso doar mais dinheiro”.
Pouco tempo depois, outra igreja adventista doou um conjunto de itens para a ceia, e a Igreja Adventista do Sétimo Dia All Nations de Page tinha tudo o que era necessário para a Ceia do Senhor. A esposa do pastor fez o pão, e Katrina e outros membros celebraram a ceia pela primeira vez na Igreja Adventista do Sétimo Dia All Nations de Page.
Katrina ficou encantada! Ela agradeceu profusamente ao Senhor.
“Eu sempre amei a Ceia do Senhor”, disse ela à Missão Global. “Ao participar, você mostra a Jesus o quanto você O ama e aprecia a ajuda que Ele lhe deu.”
Obrigado pela oferta de 2011 que ajudou a plantar a Igreja Adventista do Sétimo Dia All Nations de Page, lugar onde essa história aconteceu. Obrigado por suas ofertas neste trimestre para espalhar o evangelho na Divisão Norte-Americana.
Por Andrew McChesney
Dicas para a história
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Comentário da Lição da Escola Sabatina – 4º Trimestre de 2024
Tema geral: Temas do Evangelho de João
Lição 7 – 9 a 16 de novembro
Bem-aventurados os que creram
Autor: Manolo Damasio
Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
Revisora: Rafaela Vitorino
Nas últimas seis semanas, vimos uma coletânea fascinante de testemunhos sobre Jesus (confira na lição de sábado). O que estaria por trás dessas declarações? Que base elas tinham? Qual era o seu fundamento?
Adore-O ou rejeite-O
O relato do Evangelho de João 8 deixa muito clara a tensão entre Jesus e a elite religiosa em Jerusalém. Não é para menos. Em seu famoso argumento conhecido como “o trilema de Lewis”, apresentado no livro Mere Christianity [Cristianismo Puro e Simples], C. S. Lewis argumenta que, ao considerar as afirmações de Jesus no evangelho, especialmente em João, há apenas três opções possíveis: ou Jesus estava mentindo, ou Ele era um lunático (insano), ou Ele era quem dizia ser, o Filho de Deus.
Lewis defende que, diante das declarações radicais de Jesus, como “Eu Sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14:6) e “antes que Abraão existisse, Eu Sou” (Jo 8:58), não há como simplesmente considerá-Lo um grande mestre ou profeta. Se alguém afirmasse tais coisas sem ser verdade, seria mentiroso ou insano. Portanto, ou Ele realmente estava falando a verdade, ou deveria ser descartado como alguém desequilibrado.
Outros autores cristãos, como Josh McDowell e Lee Strobel, também exploram esse tipo de argumento em suas obras apologéticas. Eles buscam enfatizar a lógica por trás da necessidade de aceitar Jesus como Senhor, visto que as opções de Ele ser somente um “grande Homem” ou “apenas um Profeta” não se sustentam diante das afirmações que Ele fez sobre Si mesmo.
O aumento das tensões
Jesus declarou: “Abraão, o pai de vocês, alegrou-se por ver o Meu dia; e ele viu esse dia e ficou alegre” (Jo 8:56). Essa declaração evidencia que o patriarca recebeu a revelação especial sobre o Messias de que, por meio Dele, todo o mundo seria abençoado. O evento no Moriá (Gn 22) deu a Abraão condições de compreender mistérios que, em condições normais, estariam muito além do alcance do seu discernimento. A resposta dos críticos de Jesus, apelando à lógica (Jo 8:56, 57), escalonou a discussão a um patamar inédito.
A expressão de Jesus em João 8:58, “antes que Abraão existisse, Eu Sou”, causou grande tensão com a elite religiosa judaica porque Ele usou o título “Eu Sou” (eg? eimi, em grego), que é uma referência direta ao nome de Deus revelado a Moisés no Antigo Testamento. Quando Deus Se apresentou a Moisés na sarça ardente, Ele disse: “Eu Sou o Que Sou” (Êx 3:14). O termo usado ali é uma forma do tetragrama YHWH, o nome sagrado de Deus, o qual os judeus consideravam tão santo que não era sequer pronunciado.
Ao dizer “Eu Sou”, Jesus não estava apenas afirmando Sua preexistência, mas também Se identificando com o próprio Deus. Para os líderes religiosos, isso era uma blasfêmia – uma ofensa gravíssima à lei judaica, que punia tal declaração com a morte. Eles entenderam que Jesus estava Se colocando no mesmo nível de Deus, o que para eles violava o monoteísmo estrito da fé judaica.
Por isso, o verso seguinte (Jo 8:59) relata que eles pegaram pedras para apedrejá-Lo, pois acreditavam que Jesus havia cometido blasfêmia, que, segundo a Lei, era um pecado capital. Esse episódio marcou um ponto de escalada nas tensões entre Jesus e as autoridades religiosas, levando ao desfecho de Sua crucifixão.
Essa reação violenta dos líderes religiosos afastou qualquer dúvida sobre o real significado das palavras de Jesus e sobre Suas intenções ao Se expressar dessa forma.
Maria
Na semana de Sua morte, Jesus viveu uma experiência alentadora. Uma de Suas mais devotas discípulas O honrou com um gesto de profunda gratidão. Maria, irmã de Marta e Lázaro, grata pelo perdão dos seus pecados e pela ressurreição do irmão, antecipou-Se à pré-anunciada morte e derramou sobre Jesus um perfume caríssimo, que, misturado com suas lágrimas, encheu o ambiente com agradável aroma e o coração de Jesus com a alegria de ver nela refletido o Seu amor.
O jantar, oferecido nas imediações de Jerusalém por um fariseu curado de lepra, contou com a presença dos discípulos e de outros convidados. João foi cuidadoso ao relatar as diversas reações diante do gesto de Maria. O egoísmo de Judas, as reservas do anfitrião, o medo de Maria e a capacidade de Jesus de ler os motivos de cada coração.
Pilatos
Seis dias depois da unção de Jesus por Maria, Jesus foi submetido ao julgamento civil no tribunal de Pilatos. João apresenta o testemunho de um homem que teve a chance de sua vida em uma manhã de sexta-feira. Pilatos não discernia quem Jesus era, mas percebeu que Ele era Inocente.
A condenação e morte de Jesus dependiam da chancela romana. Por essa razão, Jesus foi levado para ser julgado por Pilatos, que havia sido nomeado pelo imperador romano Tibério César como governador da Judeia, servindo entre os anos 26 e 36 da nossa era.
O registro histórico contemporâneo define Pilatos como um hábil administrador, pragmático, com um senso de justiça tipicamente romano. Segundo Flávio Josefo, Pilatos era odiado pelos judeus. Sua decisão em desapropriar o dinheiro do templo para investir na infraestrutura da cidade fez crescer a antipatia contra ele.
Em uma conhecida carta de Agripa a Calígula, Pilatos é descrito como alguém de temperamento esquentado, violento, cruel, de disposição inflexível e obstinado.
Roma esperava que fossem mantidas a lei e a ordem em sua administração. E foi justamente nessa embalagem política que Jesus foi levado diante do seu tribunal, por ser supostamente um perturbador que ameaçava a ordem do império.
Acostumado a tratar as coisas com frieza e indiferença, percebeu logo na postura do Galileu que não se tratava de um homem comum. Nas palavras de Ellen G. White: “Nunca antes fora levado à sua presença um homem com tais traços de bondade e nobreza. Não via em Seu rosto qualquer vestígio de culpa ou expressão de temor; nenhuma atitude ousada ou desafiadora” (O Desejado de Todas as Nações, p. 580).
Dono de Suas emoções, Jesus não trazia nenhum traço criminoso. Cheio de serenidade e leveza, Ele impressionou o governador, despertando nele nobres sentimentos. Pilatos não ignorava totalmente o ministério de Jesus, e, nesse momento em que encontrou o Salvador, sua memória se encarregou de fazê-lo se lembrar das histórias de milagres que haviam se multiplicado nos últimos meses. Se isso não fosse o bastante, a mulher de Pilatos lhe mandou um recado logo após ele deixar seus aposentos para atender a essa emergência na madrugada de sexta-feira: “Não se envolva com Esse Justo” (Mt 27:19).
Indisposto e mal-humorado, Pilatos não pôde agir com a indiferença habitual. Todo o ambiente estava impregnado pela presença pura de Jesus. Na postura dos acusadores, Pilatos percebeu uma misteriosa trama. Mesmo podendo resolver rapidamente a questão, seu senso de justiça foi despertado pela incomum postura do Acusado.
“Que acusação vocês trazem contra este Homem?” (Jo 18:29), ele perguntou. Cegados por um ódio irracional, queriam resolver o caso sem muita demora. Entretanto, o veredito do Sinédrio não tinha efeito legal, e eles precisavam de um motivo político para arrancar de Pilatos o que eles queriam. O governador romano levou Jesus a um recinto separado para uma conversa particular. Ali, Pilatos deixou escapar sua grande oportunidade. Em um momento crucial de sua vida, o governador romano resistiu à influência transformadora do Espírito. Quando uma convicção direta da parte de Deus é ignorada, as consequências tendem a ser desastrosas, em uma proporção inversa às intenções divinas.
Quando Pilatos tentou se livrar do problema que Jesus representava, ele usou quatro estratégias para não tomar uma decisão definitiva. Primeiro, enviou Jesus a Herodes, transferindo a responsabilidade (Lc 23:6, 7). Depois, tentou apaziguar os acusadores com um castigo leve, açoitando Jesus, mas sem comprometimento real com a justiça (Lc 23:16). Em seguida, tentou libertá-Lo, não por um senso de justiça, mas por um ato de clemência, oferecendo uma troca injusta (Mt 27:17). Por fim, declarou publicamente sua inocência ao lavar as mãos – uma confissão incoerente, pois ainda entregou Jesus à crucifixão (Mt 27:24).
Tomé
O caso envolvendo Tomé chamou a atenção de João e contribuiu de certa forma para os objetivos do seu evangelho. João estava escrevendo para uma geração que precisaria contar com o testemunho de pessoas que não conviveram com Jesus, sendo ele o último dos 12 apóstolos ainda vivo.
Após a ressurreição de Cristo, Tomé, que estivera ausente quando Jesus apareceu aos outros discípulos, duvidou do testemunho deles e exigiu provas físicas para crer. Sua atitude reflete a mesma postura de “ver para crer” demonstrada por outros no evangelho de João, como Nicodemos, a mulher no poço e a multidão alimentada por Jesus. No entanto, João destaca que a verdadeira fé não depende de ver, como Jesus disse a Tomé: “Bem-aventurados são os que não viram e creram” (Jo 20:29). Deus dá provas suficientes para fundamentar nossa fé, mas sempre preserva a liberdade de escolha, exigindo que nossa crença se baseie em evidências, e não em demonstrações visíveis.
No centro de tudo, contando com inúmeros testemunhos, permanece a pergunta essencial: “Que farei, então, com Jesus, chamado Cristo?” (Mt 27:22), uma questão que Pilatos tentou evitar, mas da qual não pôde fugir. Tampouco nós o podemos.
Conheça o autor dos comentários deste trimestre: Manolo Damasio é pastor adventista. Formou-se bacharel em Teologia pelo Unasp-EC, em 2004. Iniciou seu ministério em Porto Alegre. Em 2008, foi chamado para o Distrito Federal, onde desempenhou diferentes funções. É mestre em Liderança pela Universidade Andrews e pós-graduado pelo Unasp, com MBA em Liderança. Atualmente mora no Texas, servindo como pastor da Igreja Adventista Brasileira de Dallas desde 2017. É casado com Jeanne, jornalista e escritora. O casal tem dois filhos, Noah e Otto.
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