Uma história impressionante, mas dolorosa, virou notícia anos atrás. Uma mulher foi encontrada morta em seu apartamento. Embora a morte tenha sido trágica, o que tornou a história ainda pior foi o fato de que ela já estava morta havia mais de 10 anos quando foi encontrada. Dez anos! Portanto, a pergunta que as pessoas fizeram, e com razão, foi: “Como, em uma cidade grande como esta, com tantas pessoas e meios de comunicação, uma mulher que não era uma moradora de rua podia estar morta há tanto tempo e ninguém saber?”
Embora extrema, essa história é um exemplo de uma realidade: muitas pessoas estão sofrendo de solidão. Em 2016, o jornal The New York Times publicou um artigo intitulado “Pesquisadores confrontam uma epidemia de solidão”. O problema é real.
Desde o princípio, como seres humanos, não fomos feitos para ficar sozinhos. Do Éden em diante, na medida do possível, deveríamos viver na companhia de outras pessoas. Evidentemente, o pecado entrou no mundo e nada tem estado normal desde então. Nesta semana, examinaremos a questão da solidão que talvez enfrentemos em algum momento. Se esse não é o seu caso, considere-se afortunado.
1. Qual é a ideia fundamental de Eclesiastes 4:9-12? De qual princípio da vida esse texto fala? Assinale a alternativa correta:
A. ( ) É melhor viver sozinho, pois assim evitamos problemas.
B. ( ) O companheirismo traz segurança, prosperidade e sentido para a vida.
Pouquíssimas pessoas conseguem vencer e ter sucesso sozinhas. Mesmo que sejamos solitários e gostemos de ficar a sós, mais cedo ou mais tarde, não apenas desejamos uma companhia, mas podemos até solicitá-la, especialmente em momentos de necessidade. De fato, fomos feitos para viver em comunidade, em companheirismo. Os que têm familiares próximos, capazes de lhes dar conforto e apoio, especialmente em tempos de necessidade, são muito afortunados!
Infelizmente, há pessoas em nossa igreja, em nosso trabalho e na comunidade em que vivemos que não têm ninguém a quem recorrer em momentos de necessidade ou até mesmo para um bate-papo no fim do dia. A sensação de solidão pode surgir a qualquer momento. Um homem solteiro declarou: “O dia mais difícil para mim é o domingo. Durante a semana estou cercado de pessoas no trabalho. No sábado vejo as pessoas na igreja. Mas no domingo fico completamente sozinho.”
2. Quais princípios as seguintes passagens nos ensinam, especialmente quando estamos passando por um período de solidão? Jo 16:32, 33; Fp 4:11-13
Como cristãos, temos não apenas a realidade de Deus, mas a possibilidade de ter comunhão com Ele. Realmente encontramos conforto no fato de que o Senhor está próximo de nós. Contudo, a proximidade de Deus com Adão, no Éden, não O impediu de dizer: “Não é bom que o homem esteja só” (Gn 2:18). Portanto, Deus sabia que Adão, mesmo quando tinha comunhão com o Senhor em um mundo não arruinado pelo pecado, ainda precisava do companheirismo humano. Quanto mais o restante de nós!
Precisamos ser cuidadosos também ao supor que só porque alguém está cercado de pessoas e interaja com elas, mesmo em grandes cidades, não sofra de solidão. O fato de estar perto de outras pessoas não significa que alguém não possa se sentir sozinho, alienado e carente de companhia.
Uma jovem relatou as vantagens de não ser casada: “Duas vezes tive a oportunidade de servir no campo missionário e aceitei sem hesitar”. Uma pessoa casada, que possui família, poderia levar um pouco mais de tempo para tomar essa decisão, pois a questão não envolve apenas ela, mas também seu cônjuge e filhos.
3. De acordo com Paulo, quais são as boas razões para permanecer solteiro? 1Co 7:25-34
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A maioria das pessoas pensa que o casamento é a vontade de Deus para elas. Afinal de contas, não disse Ele: “não é bom que o homem esteja só”? No entanto, temos muitos exemplos na Bíblia de pessoas que não eram casadas, incluindo o maior exemplo de todos, Jesus Cristo.
Jeremias foi instruído a não se casar (Jr 16:1-3); foi uma decisão para uma situação histórica. Não sabemos se essa restrição foi removida, mas claramente Jeremias foi um grande profeta enquanto era solteiro.
No caso do profeta Ezequiel, por mais importante que fosse o estado civil do profeta, sua esposa morreu repentinamente. Ele não pôde sequer lamentar, pois devia prosseguir com o ministério que o Senhor lhe havia designado (Ez 24:15-18). O sofrimento de Ezequiel serviu de lição sobre o sofrimento que ocorreria com o povo por causa do pecado. Oseias também vivenciou um casamento desfeito, mas continuou o ministério. Embora a história pareça estranha, Deus mandou que ele se casasse com uma prostituta. O Senhor sabia que ela deixaria Oseias para ficar com outros homens (Os 1–3). Ao olharmos para trás, vemos Deus tentando ilustrar Seu amor unilateral por Israel e por nós; no entanto, deve ter sido difícil e doloroso para Oseias ser o exemplo prático dessa ilustração.
Nesses exemplos, o estado civil não era um problema. Deus queria que esses homens tivessem integridade, obediência e capacidade de dizer o
que Ele desejava que eles dissessem. Precisamos estar certos de que nossa vida não é definida por nossa condição conjugal. Muitos hoje nos dizem que, a menos que nos casemos, não estamos completos. Paulo responderia: “Não se amoldem ao padrão deste mundo”. Em vez disso, “se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus” (Rm 12:1, 2, NVI).
O pecado tem arruinado a vida humana em todos os domínios. No entanto, com exceção do sofrimento físico e da morte, alguma área tem enfrentado consequências mais devastadoras do pecado do que a família? É quase como se a expressão “família disfuncional” fosse redundante. Qual família não é, até certo ponto, disfuncional?
Além da morte, uma das coisas mais difíceis que uma família pode enfrentar é o divórcio. As pessoas que passam por essa terrível experiência vivenciam uma série de emoções. Provavelmente, a primeira e a mais comum é o luto, que, dependendo do indivíduo, pode durar vários meses ou anos, com intensidade diferente. Alguns podem sentir medo do desconhecido, ansiedade financeira e medo de ser incapaz de enfrentar as dificuldades. Outros passam por um período de depressão, ira e solidão.
4. Quais princípios amplos sobre o divórcio encontramos nos seguintes versículos? Ml 2:16; Mt 5:31, 32; 19:8; 1Co 7:11-13
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“Como uma agência redentiva de Cristo, a igreja deve ministrar a seus membros em todas as suas necessidades e cuidar de cada um para que todos possam desenvolver uma experiência cristã madura. Isso é particularmente verdade quando os membros se deparam com decisões para a vida toda, como o casamento, e experiências desoladoras, como o divórcio. Quando o casamento está em perigo de fracassar, todo esforço deve ser feito pelos cônjuges e por aqueles que, na igreja ou na família, ministram em seu favor no sentido de trazê-los à reconciliação, em harmonia com os princípios divinos que restauram relacionamentos feridos (Os 3:1-3; 1Co 7:10, 11; 13:4-7; Gl 6:1).
“Recursos que podem ser úteis para auxiliar os membros no desenvolvimento de um lar cristão forte estão disponíveis na igreja local ou outras organizações da igreja. Esses recursos incluem: (1) programas de orientação para pessoas comprometidas que estão se preparando para o casamento, (2) programas de instrução para casais com suas respectivas famílias e (3) programas de apoio às famílias dilaceradas e pessoas divorciadas” (Manual da Igreja Adventista do Sétimo Dia, 19ª edição. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2016, p. 167).
Alguém perguntou: “Qual é a diferença entre o ser humano e a galinha em relação à morte?” A resposta é que, ao contrário das galinhas, que morrem, nós, seres humanos, que também morremos, sabemos que morreremos. As galinhas não sabem disso. E o conhecimento da nossa morte iminente afeta grandemente a nossa maneira de viver.
Todos os relacionamentos, incluindo o casamento, mais cedo ou mais tarde chegam ao fim por ocasião do nosso maior inimigo: a morte. Não importa a proximidade da união, o grande amor, o companheirismo profundo nem o tempo que passamos juntos, nós (diferentemente das galinhas) sabemos que a morte virá (a menos que Jesus retorne antes) e, quando isso acontecer, todos os nossos relacionamentos cessarão. Esse tem sido nosso destino desde o primeiro pecado e assim será até a volta de Jesus.
A Bíblia não revela qual dos dois, Adão ou Eva, morreu primeiro, mas deve ter sido particularmente doloroso para o outro, especialmente porque, para começar, a morte nunca foi o plano de Deus. Se, como vimos em uma lição anterior, a morte de uma única folha os fez lamentar, quem pode imaginar o que eles sofreram com a morte do cônjuge?
O problema é que estamos tão acostumados com a morte que simplesmente a tomamos como certa. Mas ela jamais deveria ser experimentada. Portanto, até hoje nos esforçamos para dar sentido a ela, quando, muitas vezes, simplesmente não conseguimos.
5. O que os seguintes textos ensinam sobre a morte? Como as pessoas lutam contra ela? Is 57:1; Ap 21:4; 1Ts 4:17, 18; Mt 5:4; 2Sm 18:33; Gn 37:34. Assinale a alternativa correta:
A. ( ) Temos esperança, pois Jesus venceu a morte e um dia seremos ressuscitados.
B. ( ) A morte é uma passagem para outra vida, pela reencarnação.
Evidentemente, não apenas enfrentamos a realidade da nossa morte, como também encaramos a realidade da morte de outros, de nossos entes queridos, talvez de nosso(a) companheiro(a) mais próximo(a). Portanto, mais cedo ou mais tarde, muitos entre nós enfrentarão uma fase de solidão ocasionada pela morte de outra pessoa. É difícil, dói, e nesses momentos podemos e devemos apenas reivindicar as promessas de Deus. Afinal, neste mundo de pecado, sofrimento e morte, o que mais temos?
Uma jovem chamada Natalie estava casada havia sete anos quando, a convite de uma amiga, participou de uma série evangelística. Convencida do que aprendeu, ela entregou seu coração a Cristo, teve a experiência do novo nascimento e, apesar das intensas objeções de seu marido, pais, sogros, e até mesmo de sua vizinha, Natalie se uniu à Igreja Adventista do Sétimo Dia. Ela também ajustou seu estilo de vida, em todos os níveis possíveis, à sua nova fé.
Como poderíamos imaginar, ela enfrentou muita oposição. O marido tornou essa situação especialmente difícil, argumentando, do seu ponto de vista: “Não foi para isso que me casei com você. Você é hoje uma pessoa completamente nova, e eu quero a antiga de volta”.
Por anos, ela vem lutando para ter uma vida de fé. Embora casada, ela é o que poderíamos chamar de “solteira espiritual”.
6. Quais palavras encorajadoras os seguintes versículos oferecem aos que se sentem espiritualmente solteiros? Is 54:5; Os 2:19, 20; Sl 72:12
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Em todo o mundo, existem “Natalies” em nossa igreja. Essas pessoas, homens ou mulheres, são casadas, mas frequentam a igreja sozinhas ou somente com seus filhos. Elas podem ter se casado com pessoas de outras crenças. Ou, quando se uniram à igreja, seus cônjuges não o fizeram. Pode ser que ambas tenham sido membros da igreja, mas uma delas, por qualquer motivo, afastou-se, parou de frequentar a igreja e pode até ser hostil à fé. Esses homens e mulheres vão sozinhos à igreja, às reuniões de evangelismo ou para as atividades sociais da igreja. Eles ficam tristes quando não podem contribuir financeiramente para o ministério da igreja tanto quanto gostariam, visto que seus cônjuges não concordam em fazê-lo. Embora casados, eles se sentem espiritualmente viúvos.
Provavelmente todos nós, em algum momento, já conhecemos pessoas nessa situação. Elas precisam do nosso amor e apoio.
“Em meio de uma vida de ativo labor, Enoque mantinha firmemente sua comunhão com Deus. Quanto maiores e mais prementes eram seus labores, mais constantes e fervorosas as suas orações. Ele perseverava em excluir-se a certos períodos, de toda sociedade. Depois de permanecer por certo tempo entre o povo, trabalhando para o beneficiar por meio de instruções e exemplos, costumava retirar-se, a fim de passar um período em solidão, com fome e sede daquele conhecimento divino que só Deus pode transmitir. Comungando assim com Deus, Enoque chegou a refletir mais e mais a imagem divina. Seu semblante irradiava santa luz; a mesma que brilhava no rosto de Jesus Cristo. Ao sair dessa divina comunhão, os próprios ímpios contemplavam com respeito o cunho celestial estampado em sua fisionomia” (Ellen G. White, Obreiros Evangélicos, p. 52). Embora a história de Enoque seja encorajadora e tenha algo poderoso a dizer sobre os que escolhem ter momentos de isolamento, muitos enfrentam uma solidão que não escolheram. Podemos sempre ter uma comunhão alegre com o Senhor, que está sempre presente, mas às vezes ansiamos o companheirismo humano. É fundamental que estejamos prontos para estender a mão aos que estão assentados ao nosso lado a cada sábado, passando por um período terrível de solidão. E se você estiver passando por um momento como esse, procure alguém em quem confia e conte seu problema a essa pessoa. Muitas vezes não podemos, simplesmente com um olhar, saber o que uma pessoa está passando. Para alguns, é fácil se esconder atrás de uma máscara.
Perguntas para discussão
1. Como sua igreja pode ser mais sensível às necessidades das pessoas solitárias?
2. “Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação” (Fp 4:11). Qual é o contexto dessas palavras de Paulo? Como aplicar isso em nossa vida? Por que devemos ter cuidado ao citar essa passagem para alguém que está verdadeiramente sofrendo?
3. Fale sobre um período em que você passou por uma forte solidão. O que o ajudou? O que o feriu? Você aprendeu algo que poderia ajudar outras pessoas?
Respostas e atividades da semana:
1. B.
2. Devemos aprender a nos contentar em toda e qualquer situação, pois, mesmo na solidão, Deus não nos abandona.
3. Quem é solteiro não adiciona à sua vida preocupações com o cônjuge, podendo dedicar-se completamente à causa do Senhor.
4. O Senhor detesta o divórcio; Jesus o autorizou apenas em caso de adultério e o tolerou pela dureza do nosso coração. Quem se separa não pode se casar com outra pessoa, a não ser no caso de adultério ou se o ex-cônjuge já possui outra pessoa.
5. A.
6. Deus, nosso Criador, é nosso Esposo. Não precisamos sentir-nos sozinhos, pois Ele está sempre ao nosso lado.
Em algum ponto da vida o ser humano experimenta como é se sentir terrivelmente sozinho. Como administrar esses momentos? As perguntas podem ser desesperadas: “Onde está todo mundo? Eu sempre estarei sozinho? Onde está Deus?” A lição desta semana percorre o caminho da nossa necessidade de companhia desde agora até o Éden, onde Deus não criou uma pessoa, mas duas.
A solidão pode surgir a qualquer momento em nossa vida, não importando onde estejamos nem o que estivermos fazendo. Mas pode ser particularmente grave em determinados contextos: estar solteiro (a), viver a vida cristã com um cônjuge não cristão, estar divorciado ou perder uma pessoa amada. A lição oferece perspectivas bíblicas sobre esses momentos e incentiva a igreja a ser ativa na identificação de pessoas solitárias. O desafio é ministrar aos que sofrem, criando uma conexão com eles e conectando-os com o Senhor. Ninguém precisa sentir-se sozinho no corpo de Cristo. De fato, em Cristo todos que estão separados dos outros por alguma razão (relacionamentos quebrados, invalidez, distância, morte) têm a esperança consoladora de que um dia haverá um grande reencontro, e a palavra “solitário” se tornará ultrapassada.
No fim das contas, Deus é a resposta para a solidão. Mesmo as relações humanas, para ter a expressão mais saudável possível, exigem a presença de Deus. Talvez existam alguns autoconfiantes que sentem que podem administrar a vida totalmente sozinhos, sem Deus e sem outras pessoas, pensando que só precisam de si mesmos. O diário de um jovem do Alasca que procurou viver totalmente sozinho deveria nos fazer refletir sobre aqueles que escolhem o isolamento em lugar do companheirismo. Chris McCandless, depois de viver quase cem dias sozinho em um canto remoto do Alasca, EUA, escreveu sua revelação em um diário, antes de morrer de fome: “A felicidade só é real quando é compartilhada” (Jon Krakauer, Into the Wild [Em Território Selvagem] Nova York: Anchor Books, 1996, p. 189). Compartilhar nossa vida com Deus e uns com os outros enriquece todas as nossas experiências.
Escritura
O primeiro problema resolvido na Terra não foi a questão do pecado, mas a solidão (Gn 2:18). Depois de nove ocorrências da palavra hebraica tov (bom) na história da criação e do Éden, finalmente há algo que é lo-tov (não é bom) no paraíso. “Não é bom que o homem esteja só” (Gn 2:18).
Curiosamente, a expressão lo-tov (não é bom) não foi invocada novamente até o episódio em que Jetro repreendeu Moisés. Mais uma vez, a questão envolvia a solidão. O fardo do povo era pesado demais para Moisés. Então, Jetro falou francamente: “‘O que você está fazendo não é bom [...] essa tarefa lhe é pesada demais. Você não pode executá-la sozinho’” (Êx 18:17, 18, NVI). A realidade, especialmente depois da entrada do pecado, muitas vezes é pesada demais para ser suportada sozinho. E não está no projeto de Deus para a humanidade que a enfrentemos sem o apoio de outras pessoas.
A solidão no Éden era mais do que a solidão que todos nós experimentamos em algum momento, embora a inclua. A solidão de Adão, em alguns aspectos, está mais próxima à sensação de estar isolado em uma ilha, privado de todo tipo de relacionamento humano. Considerando que Eva também foi criada no sexto dia, a experiência de Adão de ser o único ser humano na Terra foi breve, mas tempo suficiente para acentuar seu apreço por sua recém-criada companheira.
Frequentemente, a história de Adão e Eva é reduzida a um comentário sobre o casamento. O aspecto de estar só, ali contido, é relegado exclusivamente à questão da condição de solteiro. Mas a criação de Eva não resolveu apenas o problema do estado de solteiro. Resolveu o problema da solidão humana. Eva não foi criada somente para ser esposa, mas também para ser amiga, parceira no trabalho (Gn 1:28), companheira espiritual e o centro da vida social de Adão, assim como ele representava tudo isso para ela. Esse fato é uma boa notícia para os solteiros. Muitos podem ter se sentido oprimidos pela proclamação divina, “Não é bom que o homem esteja só” (Gn 2:18), e a tenham recebido como uma virtual condenação da vida de solteiro. Isso não é verdade. Podemos estar solteiros e ainda assim não estar sozinhos por causa da presença humana da família, amigos e conhecidos, em nossos lares, igrejas e locais de trabalho.
A solidão também levantou sua cabeça no momento da tentação e queda. Há discordância entre os estudiosos quanto à presença de Adão com Eva durante a tentação da serpente. O argumento de que ele estava presente gira em torno de dois pontos: o texto que fala de Eva comendo do fruto e o dando também ao marido, e ele comendo “com ela” (Gn 3:6, ARC), e a serpente usando verbos plurais como se estivesse falando com mais de uma pessoa. O argumento para a ausência de Adão é que ele estava evidentemente ausente do diálogo e não apareceu nem como sujeito nem como objeto de nenhuma sentença na narrativa. Há um diálogo exclusivo entre Eva e a serpente: “Ela perguntou à mulher” (Gn 3:1, 4) e “respondeu a mulher à serpente” (Gn 3:2). A controversa frase “comeu com ela” (Gn 3:6, ARC) pode ser entendida em um contexto relacional e não espacial, como na maneira pela qual Adão recontou os acontecimentos a Deus: “A mulher que me deste para estar comigo, ela me deu da árvore, e eu comi” (Gn 3:12, Bíblia King James Version). Obviamente, o pronome “comigo” [não encontrado nas versões em português] significa “comigo como minha companheira”, e a expressão “com ela” nas palavras do narrador, provavelmente signifique a mesma coisa. O uso de verbos e pronomes plurais, por parte da serpente, mostra que o alvo de Satanás era Adão e Eva. O uso de plurais tornaria ainda mais surpreendente o silêncio de Adão, se ele realmente estivesse ali. Para um breve estudo sobre o assunto, ver Elias Brasil de Souza: Adão estava com Eva no cenário da tentação? Uma breve nota sobre “Com Ela” em Gênesis 3:6.
Assim como a solidão não era ideal na criação, ela foi um risco na tentação. Podemos concluir também que “não era bom para a mulher” estar só. Será que a queda poderia ter sido evitada simplesmente se Adão e Eva tivessem permanecido juntos? Talvez, sim. Ellen G. White diz: “Os anjos haviam advertido Eva de que tivesse o cuidado de não se afastar do esposo enquanto se ocupavam com seu trabalho diário no jardim; junto dele ela estaria em menor perigo de tentação do que se estivesse sozinha” (Patriarcas e Profetas, p. 53). Uma comunidade de fé, mesmo que composta de duas pessoas, oferece força espiritual e responsabilidade.
Quando o Senhor abordou Adão e Eva após o pecado, eles fizeram uma das coisas mais decepcionantes, porém mais profundas, mencionadas nas Escrituras: “Esconderam-se da presença do Senhor Deus” (Gn 3:8). O pecado criou uma condição autodestrutiva: um desejo de viver sozinho, sem Deus. Mas Ele não desiste assim tão facilmente, e os apelos dos profetas hebreus testificam esse fato. Deus atingiu o auge da Sua busca pela humanidade perdida na encarnação de Seu Filho Emanuel, Deus conosco (Mt 1:23). A encarnação ecoa a história do Éden. Depois que o pecado devastou o mundo, Deus viu que “não é bom” que o homem “esteja só”, assim como Ele havia declarado antes da entrada do pecado (Gn 2:18); então, Ele enviou um “Ajudador”, um que lhe correspondesse (compare com Patriarcas e Profetas, p. 46). A palavra para “ajudador” na Septuaginta (tradução grega do Antigo Testamento) em Gênesis 2:18 (boethos) é a mesma palavra usada em Hebreus 13:6: “O Senhor é o meu Ajudador”. Mas em vez de sucumbir às tentações da “serpente” (Mt 4:1-11), Jesus resistiu “até o ponto de derramar o próprio sangue” (Hb 12:4, NVI), de modo que um dia todos nós possamos ouvir estas palavras: “Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles” (Ap 21:3). Assim, nunca mais ficaremos sozinhos.
REFLEXÃO
Alguns se perguntam: “Se Deus é tão grandioso, por que a Sua companhia não foi suficiente para satisfazer todas as necessidades de Adão, excluindo a necessidade da criação de outro ser”? Essa é uma questão sobre a qual vale a pena refletir, mas a experiência mostra que a pergunta pode ser invertida. O fato de que Deus é todo-suficiente para nós individualmente, antecipa relacionamentos com os outros e nos prepara para entrar neles. Assim, nossa abordagem sobre os relacionamentos humanos virá de uma posição de plenitude e não de necessidade ou desespero. Muitas vezes os outros, especialmente parceiros românticos, são inconscientemente procurados para preencher necessidades que somente o Criador pode satisfazer. Então é melhor ter aquela água que Deus oferece. Afinal, Jesus disse: “Aquele, porém, que beber da água que Eu lhe der nunca mais terá sede” (Jo 4:14). Por quê? Porque a água que Jesus oferece se torna uma fonte na pessoa, “a jorrar para a vida eterna”. Jesus e Sua mensagem representam essa água. Sem ela, os relacionamentos podem se tornar distorcidos, ou pior, idólatras!
A ideia mencionada anteriormente é a base para enfrentar os vários cenários de solidão apresentados na lição: condição de solteiro, perda de um cônjuge devido ao divórcio ou à morte e estar espiritualmente solteiro, quando o cônjuge não é cristão. A maneira específica de lidar com cada uma dessas diversas experiências é singular. Ainda que sejam extremamente difíceis, elas se tornam suportáveis pelo conhecimento de que temos um Deus presente (At 17:27), que vê o que estamos passando (Gn 16:13), e que promete nunca nos deixar (Dt 31:6; Mt 28:20).
APLICAÇÃO PARA A VIDA
O nível em que estamos totalmente convencidos da cosmovisão cristã, tendo no centro um Deus profundamente dedicado e pessoal, é o mesmo nível em que a angustiante solidão pode ser amenizada. Todos nós nos sentimos sozinhos às vezes. Não há nada errado, em si, com essa experiência. Mas se Deus é real para nós, devemos ser capazes de testemunhar o sufocamento dessa solidão pelo senso da presença divina. Testemunhar esse fato pode ajudar as pessoas em sua classe da Escola Sabatina. Dê-lhes a oportunidade de compartilhar experiências de como Deus atuou na vida deles durante os tempos de solidão. Aqui estão algumas outras questões que nos desafiam a pensar na conexão entre Deus, nós, a solidão e a igreja:
1. O filósofo e teólogo Abraham Heschel intitulou seus dois livros sobre a filosofia da religião Man Is Not Alone [O ser humano não está sozinho] e God in Search of Man [Deus em busca do ser humano]. Não é mais difícil para uma pessoa sentir-se sozinha quando ela acredita que está sendo apaixonadamente procurada por outra? De que maneira você tem visto Deus indo atrás de você?
2. À medida que as sociedades em todo o mundo correm em direção ao secularismo, mais e mais pessoas veem o mundo em termos exclusivamente naturalistas (somente a natureza e suas leis existem, com a exclusão do sobrenatural ou de Deus). Essa visão tem um preço. Se o naturalismo é verdadeiro, estamos verdadeiramente sozinhos no Universo. Como o cristão pode usar o desespero existencial que o naturalismo produz a fim de conduzir as pessoas para Deus?
3. Enquanto o mundo frequentemente isola pessoas com base em aparências, etnias, classes sociais e econômicas, a igreja é chamada a abraçar afetuosamente essas mesmas pessoas (Gl 3:28). Como a igreja local pode se organizar para que as pessoas que sofrem com a solidão não passem despercebidas?
“Por que nasci?”
Uma mulher estava no ponto de ônibus na capital do Uruguai, Montevidéu. Na bolsa, ela levava dinheiro para um propósito especial e esperava o ônibus. Inesperadamente, começou a tremer e sentir algo mover dentro dela. O ônibus chegou, parou, mas ela não subiu e o veículo foi embora. Entretanto, ela atravessou a rua, foi até a padaria e usou o dinheiro para comprar biscoitos. Ao chegar em casa, o marido encontrou com ela na porta.
“Já voltou?”, ele perguntou.
“Sim, desisti da viagem”, ela disse.
Após sete meses, Graciela Musetti nasceu.
Maria, a mãe, nunca deixou que a filha se esquecesse esse dia.
Infância incomum
Graciela cresceu brincando entre os túmulos do cemitério. Quando estava com um ano e meio, sua irmã de 18 anos morreu em um trágico incêndio numa fábrica que matou 20 pessoas. Diariamente, a mãe ia ao cemitério chorar junto ao túmulo da filha enquanto Graciela corria entre as sepulturas. Ela pegava as flores dos túmulos que tinham buquês grandes e colocava nos túmulos vazios. Quando estavam em casa, a mãe apresentava Graciela aos visitantes dizendo: “Deus levou minha filha e me deu esta outra em seu lugar.. A mãe lhe contava a história sobre o ponto de ônibus, alegremente como se fosse uma anedota. “Graciela não foi planejada”, dizia sorrindo.
Graciela sentia-se culpada e insegura. Tinha a impressão de ser a substituta da irmã que era a luz da casa. Vários anos se passaram e os pais se divorciaram. Graciela tinha um filho de 15 anos. Então, seu irmão mais velho morreu de ataque cardíaco. A morte deixou a mãe dela devastada e, por vários meses, teve que acompanhá-la até o cemitério para visitar o túmulo dele.
Um ano se passou, e o único irmão vivo foi atingido por um carro enquanto andava de bicicleta. Ela não tinha coragem de contar para a mãe. Sentia-se como sobrevivente de uma grande tragédia. A mãe envelheceu e Graciela foi sua cuidadora até seu falecimento. Os seus últimos dias foram passados em repouso na cama como consequência de um derrame.
Certo dia, Graciela encontrou a rádio Nuevo Tiempo, afiliada local da rádio adventista Hope Channel. Enquanto ouvia o programa, sentiu-se atraída pela voz do pastor, que achou serena e relaxante. Ao mesmo tempo, ouviu um pastor em outra estação de rádio atacar a cofundadora da igreja adventista, Ellen White a maior parte do tempo. O descontentamento chamou a atenção de Graciela e decidiu ler um livro de Ellen White. Mas onde encontraria um exemplar? Ela visitou bibliotecas e livrarias, mas nenhuma tinha qualquer livro. Até que seu filho visitou uma sapataria e percebeu um livro sobre a cadeira. Ele deu uma olhada no livro e comprou para a mãe. “Olhe mãe, acredito que você vai gostar desse livro”, disse.
Livro enviado por Deus
Graciela pegou o livro em suas mãos e leu o título “A Grande Esperança”. Embaixo, viu o nome do autor, Ellen White, e começou a tremer. “Este é o Senhor agindo em minha vida!” Exclamou ela. “Ele me enviou este livro!”
Naquele momento, Graciela não teve mais dúvidas sobre Ellen White, antes mesmo de começar a leitura do livro. “Deus usou o livro para me chamar para Seu lado”, Graciela disse. Entrou em contato com a Nuevo Tiempo para mais informações e o pessoal da emissora enviou um membro da Igreja Adventista, Miguel Amaro Speranza, para dar estudos bíblicos.
Em pouco tempo, Graciela foi batizada na igreja adventista de La Teja, uma igreja contemplada em uma das ofertas trimestrais em 2016. Hoje, ela é membro ativo da igreja. Ministra estudos bíblicos e ajudando pessoas em sua vizinhança e, por sua influência, quatro pessoas foram batizadas.
Em vários momentos da vida ela se perguntou porque nascera. Agora tinha a resposta. “Desde o momento em que eu estava no ventre de minha mãe, o Senhor me preparou”, diz Graciela, 52. “Se minha mãe tivesse feito o aborto, quem teria cuidado dela? Quem cuidaria do meu pai, agora com 94 anos e acamado?
“Deus está sempre no controle de tudo”, disse ela. “Não sei o que Ele viu em mim, mas me salvou. Espero fazer mais discípulos para Ele.”
Muito agradecemos pelas ofertas trimestrais de 2016 que ajudaram a Igreja Adventista do Sétimo Dia a se mudar do pequeno salão alugado para uma igreja e um centro comunitário recém-construídos. Agradecemos pelas ofertas missionárias que ajudam a conduzir pessoas como Graciela a Cristo.
Comentário da Lição da Escola Sabatina – 2º Trimestre de 2019
Tema Geral: Estações da família
Lição 4: 20 a 26 de abril
Como lidar com a solidão
Autor: Moisés Mattos
Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
Revisora: Josiéli Nóbrega
Introdução: Em certa ocasião ouvi um médico contando o seguinte fato: Numa clínica que tratava a dor, na entrevista de cinco pacientes novos, o coordenador explicou que precisava avaliar o nível de sofrimento do grupo, e pediu que cada um classificasse sua dor, de 1 a 10, sendo 10 a maior dor imaginável. O primeiro não deixou por menos: cravou um 10 com convicção. O segundo assumiu a mesma categoria, talvez temendo merecer menos atenção. O terceiro paciente, com a imagem da dor estampada em seu rosto, afirmou que na sua escala de sofrimento, 7 ficaria bem. O quarto, impressionado com o martírio dos seus pares, admitiu que 9 seria provavelmente mais justo.
O último paciente, um pouco envergonhado, mencionou que sua classificação era 1. Quando o médico questionou a presença dele na clínica, já que ele não devia sentir dor, ele afirmou: “Tenho uma doença como todos aqui, e como todos aqui, também vou morrer. Acontece que não tenho ninguém para cuidar de mim. Eu sei que isso não tem classificação alta, mas podem acreditar que esta solidão é a pior dor”.
I – Solidão, uma realidade do ser humano
Embora não seja considerada exatamente uma doença, a solidão é a grande enfermidade da sociedade contemporânea. A vida moderna e a fantástica capacidade de interação instantânea contribuem para a falsa sensação de que não estamos sozinhos. Porém, quando uma circunstância especial como a doença restringe nossa capacidade de comunicação, percebemos que a ilha de fraternidade que construímos com milhões de mensagens e torpedos afetuosos pode ser pura fantasia. Sentir-se só no meio da multidão é a aflição que atinge o ser humano.
Alguém já disse que a maior tragédia do homem ocorre quando algo morre dentro dele enquanto ele ainda está vivo.
A solidão é a enfermidade das grandes cidades, onde encontramos muitas pessoas sozinhas. Nossa igreja tem um significativo crescimento de pessoas solitárias: solteiras, viúvas, divorciadas, as quais refletem a realidade do mundo que nos rodeia, em que as pessoas estão buscando a solução para seus problemas. Nesta semana analisamos algumas situações que podem gerar solidão, ao mesmo tempo em que descobrimos na Bíblia a ajuda para enfrentar essa realidade.
II – Situações que podem gerar solidão
a) Vida de solteiro
Nem todas as pessoas se casam e isso não é defeito nem falha de caráter. Embora em Gênesis Deus tenha declarado que não é bom que o “homem esteja só”, ninguém é condenado por estar sozinho. O texto bíblico nos informa sobre pessoas sozinhas. Entre elas esteve Jesus, Paulo, Jeremias e outros. No entanto, essas pessoas precisam encontrar seu caminho entendendo os planos de Deus para elas. O apóstolo Paulo refletiu esse princípio quando disse: “Aprendi a adaptar-me a toda e qualquer circunstância (Fp 4:11´, NVI).
"Se consagrarmos a vida a serviço de Deus, nunca chegaremos a situações para as quais Ele não haja feito provisão. Qualquer que seja nossa situação, temos um Guia para nos dirigir no caminho; quaisquer que sejam nossas perplexidades, temos um Conselheiro infalível; quaisquer que sejam nossas aflições, privações ou solidão, temos um Amigo compassivo” (Ellen White, Parábolas de Jesus, p. 173).
b) Pessoas divorciadas
A Bíblia diz que Deus odeia o divórcio (Ml 2:16). Seus planos para Seu povo sempre foram de um casamento indissolúvel. Porém, o pecado trouxe desordem e caos também ao casamento. Incompatibilidades, infidelidades e outros entraves geram separações e divórcios, mesmo entre os membros da igreja. Um olhar empírico nos permite dizer que esse grupo de pessoas tem crescido na igreja. E embora esse seja um problema real precisamos amar essas pessoas e envolvê-las na igreja dentro dos padrões que regem nossa denominação. Como bem exposto no Manual da Igreja, p. 167: "Quando o casamento está em perigo de fracassar, todo esforço deve ser feito pelos cônjuges e por aqueles na igreja ou na família que ministram em seu favor no sentido de trazê-los à reconciliação, em harmonia com os princípios divinos para restaurar relacionamentos feridos (Os 3:1-3; 1Co 7:10, 11; 13:4-7; Gl 6:1).”
Na mesma página, o Manual prossegue: “Recursos que podem ser úteis para auxiliar os membros no desenvolvimento de um lar cristão forte estão disponíveis na igreja local ou em outras organizações da igreja. Esses recursos incluem: (1) programas de orientação para pessoas comprometidas que estão se preparando para o casamento. (2) programas de instrução para casais com suas respectivas famílias e (3) programas de apoio às famílias dilaceradas e pessoas divorciadas”.
c) Perda de entes queridos
Desafortunadamente, o fim da existência nesta Terra chega para os crentes filhos de Deus com a mesma certeza com que atinge os ímpios e os que não creem. Então, perguntará alguém bem intencionado, qual é a vantagem de crer? É precisamente aí que reside a diferença. Sendo crentes, temos algo mais que os ímpios não têm: a esperança da vida eterna. E não é uma esperança sem fundamento nem algo apoiado em sonhos e devaneios. O plano de Deus tem se cumprido desde que o pecado e a morte se instalaram aqui, quando a humanidade foi vitimada. Primeiro, Deus providenciou um sistema de sacrifícios para que os pecados do povo fossem pagos de modo representativo, de modo que, por meio da fé, as pessoas vislumbrassem um mundo sem pecado. Depois, o Senhor enviou o verdadeiro sacrifício, seu Filho Jesus, que veio, viveu sem pecado, morreu em nosso lugar e ressuscitou. Venceu o pecado, o mal e a morte, e garantiu acesso à eternidade. Mas agora Ele está no Céu concluindo Sua obra de intercessão e de juízo, e Se prepara para buscar Seus filhos vivos (que serão transformados) e os filhos que morreram, os quais serão ressuscitados (1Ts 4:15-18).
Existem muitos conselhos para quem quer ajudar um enlutado, mas poderíamos resumir em 3 pontos:
1) Respeite o sofrimento alheio. As pessoas sofrem nessas horas e cada um tem suas particularidades. Homens e mulheres reagem diferentemente nessas horas. Algumas pessoas têm uma dor que parece passar mais rapidamente, enquanto outras demoram mais tempo e isso acontece de forma intermitente.
2) Tente evitar conselhos batidos ou frases biblicamente erradas. Alguns dizem ao enlutado frases que não ajudam quase nada e algumas contém até erros teológicos: “O tempo cura tudo”, “Ele está com Deus agora”, "Deus quis assim”.
3) Seja e esteja presente. Nessas horas, muitas vezes as palavras falham, mas a presença vale muito.
d) Espiritualmente solteiro (a)
Muitas pessoas são batizadas na igreja e o cônjuge não. Por vezes, essas pessoas sentem solidão ocasionada pela própria rejeição à religião por parte do companheiro(a). Esses são o que podemos intitular de “espiritualmente solteiros”. A Bíblia não proíbe uma pessoa assim de continuar casada com um descrente e, inclusive, incentiva a parte crente a ser fiel e dar bom testemunho para que o cônjuge seja salvo pelo seu exemplo (1Co 7:12-14).
Mas a igreja deve, como em outros casos, estar atenta a essas pessoas e ajudá-las. Não podemos esquecer que a Palavra de Deus nos incentiva a granjear amigos que são “mais do que irmãos”. A Bíblia não concebe as relações de forma egoística e centralizada no próprio ego, como se vê muito em nossa sociedade. Ao contrário, a Palavra de Deus nos incentiva ao amor e à doação ao próximo. Isso tira de nós o espaço para o egoísmo ou egocentrismo de tal forma que o bem do outro é mais importante. Com isso, nós mesmos somos beneficiados.
Conclusão
A solidão é uma realidade hoje, e toda pessoa solitária sofre, porque o ser humano não foi feito para viver sozinho. O próprio Jesus, embora tendo sido solteiro, não foi um solitário. Nós lemos sobre Jesus em meio às pessoas participando da vida delas de forma impressionante na saúde, na doença, na tristeza, na alegria, na vida ou na morte. E o impressionante é que Jesus sempre trabalhava para retirar as pessoas da solidão e da inutilidade. Sua promessa ainda é: “Venham a Mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e Eu lhes darei descanso” (Mt 11:28, NVI). Com um amigo assim ninguém precisa sentir a dor da solidão!
Que nossa oração seja o do poema abaixo, de autoria de Gióia Junior:
Fica, Senhor, Comigo!
Fica, Senhor, comigo, a noite é vasta e fria.
Segura a minha mão até que chegue o dia.
Em Tua companhia é claro o meu caminho,
e eu não quero ficar para sempre sozinho.
Não fosse o Teu cuidado e eu, por certo, estaria
abatido e infeliz, numa senda de espinho.
Fica, Senhor, comigo!
O coração da gente é fraco e pequenino
e bate fortemente ao ruído menor dos prenúncios fatais,
de procelas cruéis e rudes temporais...
Dá que eu possa sentir, Senhor, eternamente,
amparando meu ser, Teus braços paternais.
Fica, Senhor, comigo! A mocidade passa
como a leve espiral escura de fumaça,
e a solidão do velho é triste, sem alento,
e plena de incerteza e mau pressentimento.
Ao teu lado eu terei consolo na desgraça,
conforto na miséria e paz no sofrimento.
Fica, Senhor, comigo! os meus olhos sem luz
querem também Te ver na Estrada de Emaús
da minha vida, pois, só Tu és meu abrigo,
meu Amigo melhor, meu verdadeiro Amigo.
Por isso é que Te peço:
Ó bendito Jesus, eu não quero estar só.
Fica, Senhor, comigo!
Conheça o autor do comentário: O Pastor Moisés Mattos graduou-se em teologia em 1989 e concluiu seu mestrado na mesma área no ano 2000 pelo Seminário Adventista Latino Americano de Teologia. Cursou também uma pós-graduação em Gestão Empresarial. Serve à Igreja Adventista há 29 anos como professor de ensino religioso; pastor distrital; departamental em nível de Associação e União; presidente de Missão e Associação. Atualmente, exerce sua atividade como pastor na Associação Paulista Oeste-UCB. Casado com a professora Luciana Ribeiro de Mattos, é pai de Thamires (Jornalista) e Lucas (estudante de Publicidade e Propaganda).