Lição 3
13 a 19 de julho
Controvérsias
Sábado à tarde
Ano Bíblico: RPSP: Zc 1
Verso para memorizar: “E Jesus acrescentou: — O sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do sábado. Assim, o Filho do Homem é senhor também do sábado” (Mc 2:27, 28).
Leituras da semana: Mc 2:1–3:6; Mq 6:6-8; 1Sm 21:1-6; Mc 3:20-35; Lc 12:53; 14:26

Os textos de Marcos 2:1 a 28 e 3:1 a 6 contêm cinco histórias que ilustram o ensino de Jesus em contraste com o ensino dos líderes religiosos. Essas histórias são apresentadas sob um padrão literário no qual cada história sucessiva se liga à anterior por meio de um tema paralelo. A última história dá uma volta e se reconecta com a primeira. 

Cada uma dessas histórias ilustra aspectos de quem Jesus é, conforme exemplificado pelas declarações de Marcos 2:10, 17, 20, 28. As lições de domingo, segunda e terça aprofundarão o significado desses relatos e das declarações de Cristo. 

Marcos 3:20 a 35 é o texto do estudo de quarta e quinta. O que estudaremos também é um exemplo de uma técnica usada por Marcos, conhecida como “histórias em formato de sanduíche”. Essa técnica narrativa ocorre pelo menos seis vezes em Marcos. Em cada caso, o foco está em algum aspecto importante da natureza de Jesus e do Seu papel como Messias, ou na natureza do discipulado. 

Nesta semana, vamos ler alguns relatos sobre Jesus e descobrir o que podemos aprender com eles. 

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Domingo, 14 de julho
Ano Bíblico: RPSP: Zc 2
Curando um paralítico

1. Leia Marcos 2:1-12. O que o paralítico estava procurando quando foi levado a Jesus e o que ele recebeu? 

O homem não conseguia andar; portanto, seus quatro amigos tiveram que carregá-lo até Jesus. Depois que abriram o telhado e ajudaram o homem a descer até Jesus, o Mestre viu a fé deles. Como alguém pode enxergar a fé? Assim como o amor, a fé se torna visível por meio das ações, como ilustra claramente a persistência dos amigos. 

A necessidade física do homem era a mais evidente. No entanto, as primeiras palavras pronunciadas por Jesus se referem ao perdão dos pecados. O homem não disse uma palavra sequer durante toda a cena. Em vez disso, os líderes religiosos se opuseram (mentalmente) ao que Jesus tinha acabado de dizer. Eles consideraram Suas palavras como blasfemas, ofensivas a Deus, por supostamente assumirem prerrogativas que pertencem somente a Ele. 

Jesus enfrentou os oponentes no próprio terreno deles, usando um estilo de argumentação que era bastante típico dos rabinos, conhecido como do menor para o maior. Uma coisa é dizer que os pecados de uma pessoa são perdoados; outra coisa é realmente fazer um paralítico andar. Se Jesus era capaz de fazer aquele homem andar pelo poder de Deus, então Sua reivindicação de perdoar pecados estava confirmada. 

2. Leia Miqueias 6:6-8. Como esse texto explica o que estava acontecendo entre Jesus e os líderes? 

Aqueles líderes tinham perdido de vista o que realmente importa: justiça, misericórdia e humildade. Estavam tão obcecados em defender a ideia que tinham de Deus, que ficaram cegos para a obra de Cristo que ocorria diante deles. Aqueles homens não mudaram sua percepção sobre Jesus, embora Ele tivesse dado evidências de que veio de Deus: Jesus mostrou que era capaz de ler a mente deles (o que já não era pouca coisa) e curou o paralítico na presença deles de forma que não podiam negar. 

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Como evitar a armadilha em que aqueles homens caíram: ficar obcecados com as formas religiosas e perder de vista o que realmente importa? (Veja Tg 1:27.)


Segunda-feira, 15 de julho
Ano Bíblico: RPSP: Zc 3
O chamado de Levi e a questão do jejum

3. Leia Marcos 2:13-22. Quem era Levi, filho de Alfeu, e por que alguém se oporia ao seu chamado para ser discípulo de Jesus? 

Na época de Jesus, os cobradores de impostos eram funcionários públicos que trabalhavam para o governo local ou para Roma. Eles eram impopulares entre os judeus que moravam na Judeia porque cobravam mais do que o necessário e enriqueciam às custas de seus compatriotas. Um comentário judaico a respeito de leis religiosas diz: “Se os cobradores de impostos entrarem em uma casa, [tudo o que está dentro dela] se tornará impuro” (Mishná, tratado Tohoroth). 

Portanto, não é de surpreender que os escribas tenham questionado com desaprovação: “Por que Ele come e bebe com os publicanos e pecadores?” (Mc 2:16). 

Como Jesus respondeu à pergunta deles? Ele não a ignorou. Em vez disso, Jesus a inverteu, indicando que quem precisa de médico são os doentes, e não as pessoas saudáveis. Com isso, Ele reivindicou o título de médico espiritual, Aquele que cura a alma adoecida pelo pecado. Um médico não deveria, afinal, ir aonde estão os doentes? 

Marcos 2:18-22 introduz um novo tema. É a história central dessas cinco histórias que tratam de controvérsias. Enquanto a seção anterior incluía um banquete oferecido por Levi, a história seguinte gira em torno da questão do jejum. Algumas pessoas perguntaram por que os discípulos de Jesus não jejuavam, quando os discípulos de João Batista e os fariseus o faziam. Jesus respondeu com uma ilustração ou parábola na qual compara Sua presença a uma festa de casamento. Um casamento seria estranho se os convidados jejuassem. Jesus, no entanto, predisse um dia em que o noivo seria tirado – uma referência à cruz. Então haveria bastante tempo para jejuar. 

Jesus usou duas ilustrações que contrastam Seu ensino com o dos líderes religiosos – pano novo em roupa velha e vinho novo em odres (recipientes de couro) velhos. Que modo interessante de contrastar o ensino de Cristo com o dos líderes! Os métodos daqueles mestres haviam se tornado bastante deturpados. Mesmo a verdadeira religião pode ser transformada em trevas se as pessoas não ficarem atentas. 

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Quem são os “publicanos” de hoje? Como podemos mudar nossa visão sobre eles?


Terça-feira, 16 de julho
Ano Bíblico: RPSP: Zc 4
Senhor do sábado

Em Marcos 2:23 e 24, os fariseus acusaram os discípulos de transgredir o sábado. De acordo com a tradição judaica, 39 formas de trabalho eram proibidas no sábado, o que, na mente dos fariseus, incluía o que os discípulos tinham feito. 

4. Como Jesus contestou a acusação feita pelos fariseus? Mc 2:23-28 

Jesus respondeu com o relato em que Davi comeu os pães sagrados (1Sm 21:1-6). Os pães da proposição eram retirados no dia de sábado; então, a jornada de Davi pode muito bem ter sido uma fuga de emergência ocorrida nesse dia. Jesus argumentou que se Davi e seus homens estavam justificados em se alimentar desses pães, então os Seus discípulos estavam justificados em colher espigas e se alimentar delas. 

Jesus indicou ainda que o sábado foi feito para o benefício da humanidade, e não o contrário, e que a base dessa afirmação é o fato de que Ele é o Senhor do sábado. 

5. Leia Marcos 3:1-6. Como essa história ilustra o ensino de Jesus de que o sábado foi feito para a humanidade? 

Novamente Jesus entrou em controvérsia com os líderes por causa do sábado (no entanto, a controvérsia nunca foi sobre o dia em si). Os líderes queriam acusar Jesus caso Ele curasse no sábado. Jesus os enfrentou estabelecendo um contraste entre fazer o bem e fazer o mal, salvar a vida e deixar morrer. A resposta à Sua pergunta era evidente: fazer o bem e salvar a vida são atividades apropriadas para o sábado. 

Jesus então curou o homem, o que irritou Seus oponentes, que imediatamente começaram a planejar Sua morte. A ironia da história é que aqueles que procuravam acusar Jesus de violar o sábado estavam violando esse mandamento ao tramar a Sua morte naquele mesmo dia. 

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Que princípios sobre a observância do sábado vemos nesses relatos? Eles nos ajudam a lidar com os desafios que enfrentamos hoje para guardar esse mandamento?


Quarta-feira, 17 de julho
Ano Bíblico: RPSP: Zc 5
História em formato de sanduíche – parte 1

Essa passagem contém a primeira “história em formato de sanduíche” encontrada em Marcos. Nessa técnica narrativa, uma história começa e então é interrompida por outra história, sendo que a primeira é completada somente depois. 

A história externa – que fica na parte externa do “sanduíche” – fala sobre os parentes de Jesus, que se preparavam para levá-Lo à força, porque achavam que Ele estava fora de Si (Mc 3:21). A história interna – que fica na parte interna do “sanduíche” – menciona os escribas acusando Jesus de estar em complô com o diabo. (O estudo de hoje se concentra na história interior, encontrada em Mc 3:22-30.) 

De acordo com Marcos 3:22, os escribas disseram que o poder de cura de Jesus vinha do diabo. Ele respondeu primeiro com uma pergunta abrangente: “Como pode Satanás expulsar Satanás?” (Mc 3:23). Não faz sentido que Satanás trabalhe contra si mesmo. Jesus passou a falar sobre divisão dentro de um reino, de uma casa, e na atuação do próprio Satanás, mostrando que isso destruiria o sucesso deles. Mas então o Senhor “virou a mesa” e falou sobre amarrar um homem forte para levar os seus bens. Nesse último exemplo, Jesus é apresentado como o ladrão que entra na casa de Satanás, amarrando o príncipe das trevas para libertar seus cativos. 

7. Qual é o pecado imperdoável, e o que isso significa? Mc 3:28-30 

O pecado imperdoável é o pecado contra o Espírito Santo, que consiste em atribuir ao diabo a obra do Espírito Santo. A razão pela qual Jesus fez Sua declaração (Mc 3:28-30) é que os escribas diziam que Ele tinha um espírito imundo, quando na realidade Ele tinha o Espírito Santo. Se atribuirmos ao diabo a obra divina, não conseguiremos ouvir o Espírito Santo, porque ninguém deseja seguir o diabo. 

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Por que o receio de que tenha cometido o “pecado imperdoável” revela que você não o cometeu? Por que esse receio é uma evidência de que você não chegou a esse ponto?


Quinta-feira, 18 de julho
Ano Bíblico: RPSP: Zc 6
História em formato de sanduíche – parte 2

8. Leia Marcos 3:20, 21. Que experiência levou a família de Jesus a considerá-Lo como fora de Si?

Uma acusação de instabilidade mental é grave. Geralmente é feita quando alguém se torna uma ameaça à sua própria segurança. A família de Jesus tinha essa opinião porque Ele estava tão ocupado que não parava para Se alimentar. Tentaram levá-Lo à força. Nesse ponto se encerra a história que fica na parte externa do “sanduíche”, que tinha sido interrompida pelo relato em que os escribas insultaram a Jesus. 

Há um estranho paralelo entre os relatos da história em formato de sanduíche. A família de Jesus parecia ter uma visão semelhante à dos escribas: a família dizia que Ele estava fora de Si, enquanto os escribas diziam que Ele estava aliado ao diabo. 

9. O que a família de Jesus queria? Qual foi a resposta Dele? Mc 3:31-35 

Essa cena parece estranha. Se a sua mãe e outros familiares viessem vê-lo, você não os receberia? O problema é que, naquele momento, a família de Jesus não estava em harmonia com a vontade de Deus. Jesus reconheceu isso e redefiniu o conceito de família: aquele que faz a vontade de Deus é Seu irmão, irmã e mãe. Ele é o Filho de Deus, e aquele que se alinha com a vontade de Deus torna-se Sua família. 

As duas partes dessa história em formato de sanduíche contêm uma profunda ironia. Na história interna, Jesus diz que uma casa dividida contra si mesma não pode subsistir. À primeira vista, parece que na história externa a casa de Jesus, Sua família, está dividida! Mas Jesus resolve esse enigma ao redefinir o conceito de família afirmando que os que fazem a vontade de Deus junto com Ele são Sua família (Lc 12:53; 14:26). 

Muitas vezes, ao longo da história, os cristãos se viram alienados de seus próprios parentes. É uma experiência bastante difícil. Esse texto de Marcos revela que Jesus passou pelo mesmo problema. Ele compreende essa situação e pode confortar aqueles que sentem esse isolamento doloroso.

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Sexta-feira, 19 de julho
Ano Bíblico: RPSP: Zc 7
Estudo adicional

Leia, de Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 209-216 (“De cobrador a seguidor”), e p. 217-223 (“Cristo e o quarto mandamento”). 

“Os espias não ousaram responder a Jesus na presença da multidão, por temor de se envolverem em dificuldades. Sabiam que Ele dissera a verdade. Em vez de violar suas tradições, deixariam um homem sofrer, ao passo que socorreriam um animal por causa do prejuízo para o proprietário, caso fosse negligenciado. Assim, maior era o cuidado que manifestavam por um animal do que por uma pessoa, criada à imagem divina. Isso ilustra a atuação de todas as religiões falsas. Criam no ser humano o desejo de se exaltar acima de Deus, mas o resultado é degradá-lo abaixo dos seres irracionais. Toda religião que combate a soberania de Deus tira do ser humano a glória que lhe pertencia na criação e lhe é restituída em Cristo. Toda religião falsa ensina seus adeptos a serem descuidosos para com as necessidades, sofrimentos e direitos humanos. O evangelho dá alto valor à humanidade, como aquisição do sangue de Cristo, e ensina um amável interesse pelas necessidades e aflições humanas. O Senhor diz: ‘Farei que um homem seja mais precioso do que o ouro puro e [...] do que o ouro fino de Ofir’” (Is 13:12; Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 221, 222). 

Perguntas para consideração 

  1. O que pode nos ajudar a ver o sofrimento de pessoas como o paralítico (Mc 2:1-12)? 
  2. O ódio e as tradições cegaram os líderes de tal maneira que nem mesmo os milagres de Jesus abriram a mente deles. Algo semelhante pode acontecer conosco? 
  3. A igreja pode ser uma “família” para pessoas rejeitadas por familiares biológicos? 
  4. O que significa o pecado imperdoável? Como saber que não o cometemos? 

Respostas e atividades da semana: 1. O paralítico procurava cura física, mas recebeu o perdão dos pecados e a cura física também. 2. Miqueias mostra o conflito entre a hipocrisia do formalismo religioso e a essência da verdadeira religião de Cristo: justiça, misericórdia e humildade. 3. Levi era um publicano, coletor de impostos, considerado traidor do seu povo, porque cobrava impostos para Roma e recebia vantagens. 4. Jesus mostrou que, assim como a vida de Davi foi preservada pelo acesso aos pães sagrados, o santo dia não existe para impedir nosso acesso às bênçãos da vida. 5. No sábado, na sinagoga, Jesus curou um homem da mão ressequida, mostrando que era lícito fazer o bem nesse dia sagrado. 6. Jesus sofreu oposição de Seus parentes, que disseram que Ele estava fora de Si, e dos escribas, que disseram que Ele atuava pelo poder do demônio. 7. É a resistência persistente à obra do Espírito Santo. 8. Jesus Se dedicava às pessoas e não tinha tempo para comer. Por isso acharam que Ele estava fora de Si. 9. Queria vê-Lo e afastá-Lo da missão; Ele disse que Sua família eram os que obedeciam a Deus.

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Resumo da Lição 3
Controvérsias

TEXTOS-CHAVE: Marcos 2; 3 

FOCO DO ESTUDO: Marcos 2:3-12; 3:6, 22-29 

ESBOÇO 

Introdução: O estudo desta semana examina eventos do ministério de Jesus conforme apresentados em Marcos 2 e 3. A obra de Cristo se concentrava na restauração da vida das pessoas por meio do evangelho. Contudo, Seu ministério e Sua mensagem nem sempre foram bem recebidos por algumas pessoas que exerciam grande influência na sociedade daquela época. 

Temas da lição: Em Marcos 2 e 3, o autor destaca o fato de que alguns mestres religiosos compreenderam mal e levantaram suspeitas contra a mensagem de Jesus. Nesse contexto, examinaremos: 

  1. Os grupos, incluindo os fariseus e os escribas, que eram hostis aos ensinos de Jesus. 
  2. Algumas questões que produziram discórdia entre Jesus e os líderes religiosos. 

COMENTÁRIO 

O ministério de Jesus fora da sinagoga 

A sinagoga era o epicentro do ministério de Jesus. “De novo, Jesus entrou na sinagoga” (Mc 3:1). Contudo, Seu ministério não estava confinado à sinagoga. Essa flexibilidade é algo que O distinguia dos outros mestres de Sua época. 

Para obtermos uma compreensão mais profunda do ministério itinerante de Jesus, devemos examinar a estrutura dos primeiros capítulos do próprio evangelho de Marcos. Tendo examinado Marcos 1 na semana passada, voltamo-nos agora para o conteúdo e a estrutura do capítulo 2. Marcos 2 e 3 parecem constituir uma unidade literária no evangelho de Marcos. A seção começa observando que Jesus estava em casa (Mc 2:1) e termina com a menção a alguns membros de Sua família (mãe e irmãos; Mc 3:31-35). Entre esses dois segmentos narrativos, Jesus viaja para áreas próximas ao mar da Galileia. Ele vai até uma coletoria (Mc 2:14) e depois entra na casa de Levi (Mc 2:15). Então vai para as searas (Mc 2:23). Em seguida, entra na sinagoga (Mc 3:1). Depois Se retira com Seus discípulos para o mar (Mc 3:7) e entra em outra casa (Mc 3:19). 

Resumindo, esse segmento do relato de Marcos destaca que Jesus ministrou às pessoas em seus lares, na sinagoga e até mesmo nas áreas rurais. Dessa forma, vemos que Ele serviu às pessoas. Seu ministério era tanto urbano quanto rural.

Grupos controversos e hostis 

Outro item preliminar a considerar em Marcos 2 e 3 é a hostilidade de alguns líderes religiosos e políticos para com Jesus e Seu ministério. Entre os grupos mencionados nessa seção estão os escribas (Mc 2:6, 16; 3:22), os fariseus (Mc 2:24; 3:6) e os herodianos (Mc 3:6). Eles representam três grupos que eram importantes na sociedade israelita durante o ministério de Jesus (os saduceus eram outro grupo, mas não aparecem nessa seção de nosso estudo; Mc 12:18). 

O desafio que Jesus enfrentava agora não eram as forças das trevas. Os demônios não desempenham papel ativo, nem têm poder real contra Ele, nessa seção da narrativa, além do que é mencionado em Marcos 3:11, quando os demônios caíram prostrados diante de Jesus. O conflito que Ele enfrentava nessa seção era contra seres terrenos: os líderes espirituais e mestres da nação. 

Os estudiosos atestam que os fariseus e os escribas estavam associados a posições de liderança na sociedade judaica desde aproximadamente 200 a.C. até 100 d.C. Esses dois grupos eram os líderes intelectuais da nação, vivendo em diversas regiões do país (veja Anthony J. Saldarini, Pharisees, Scribes and Sadducees in Palestinian Society [Grand Rapids, MI: Eerdmans, 2001], p. 4, 40, 52). Em certo sentido, os escribas e os fariseus representavam o setor acadêmico daquela época. 

Michelle Lee-Barnewall pontua: “Os fariseus podem ter surgido dos hassidianos, que tinham laços com os escribas, como aqueles que enfatizavam o estudo da lei e a obe-diência aos mandamentos” (“Pharisees, Sadducees, and Essenes”, em The World of the New Testament: Cultural, Social, and Historical Contexts, ed. Joel B. Green e Lee Martin McDonald [Grand Rapids, MI: Baker Academic, 2013], p. 218). 

Flávio Josefo descreve a influência desses grupos acadêmicos e a pressão que exerceram em sua sociedade em relação às tradições que cercavam a Torá: “Os fariseus transmitiram ao povo muitas observâncias por sucessão de seus pais, que não estão escritas na lei de Moisés; e é por essa razão que os saduceus os rejeitam e dizem que devemos considerar obrigatórias as observâncias que estão na Palavra escrita, mas não devemos observar o que deriva da tradição de nossos antepassados” (Flavius Josephus, The Works of Josephus [Peabody: Hendrickson, 1987], p. 355). A Mishná também revela certas tensões que existiam em relação ao ensino dos escribas. Ela indica, por exemplo, que os mestres colocavam mais ênfase nas tradições do que na Torá: “Há maior rigor no que diz respeito às interpretações rabínicas tradicionais da Torá do que naquilo que diz respeito aos assuntos da Torá” (Sanhedrin 11:3). Os escribas também são descritos como “mestres da lei” (compare com Mt 22:35); em outras palavras, eram “especialistas na lei mosaica”. 

As grandes questões são: Por que os fariseus e os escribas estavam em incessante conflito com Jesus? Por que Ele desafiava esses mestres? Um estudioso enfatiza que “o conhecimento dos fariseus sobre a lei e as tradições judaicas, aceitas pelo povo, era a base de sua posição social. Presumivelmente, os escribas e os sacerdotes também exerciam influência sobre algumas pessoas” (Pharisees, Scribes and Sadducees in Palestinian Society, p. 33). 

Mateus 23 mostra claramente por que Jesus repreendeu os líderes religiosos de Sua época: “Na cadeira de Moisés se assentaram os escribas e os fariseus. Portanto, façam e observem tudo o que eles disserem a vocês, mas não os imitem em suas obras; porque dizem e não fazem” (Mt 23:2, 3). Em contraste com a hipocrisia deles, Jesus praticava os princípios que ensinava. Por isso, Ele era um mestre que tinha grande autoridade, diferentemente dos escribas. Os fariseus e os escribas, por outro lado, eram hipócritas: não praticavam o que professavam ou ensinavam. Como aprendemos no estudo de Marcos 1, o evangelho destaca Jesus não apenas como alguém que ensinava e pregava o evangelho de Deus, mas também como Aquele que o personificava; isto é, Ele encarnava o evangelho. Em Sua vida, Jesus procurou aliviar o fardo da doença e do pecado que pesava sobre as pessoas e libertá-las do peso esmagador do fardo das tradições humanas. 

Questões em controvérsia 

Outros incidentes do evangelho de Marcos também revelam tensões adicionais entre Jesus e os líderes espirituais. O primeiro incidente diz respeito ao paralítico, que foi baixado à presença de Jesus por quatro homens (Mc 2:3-12). “Vendo-lhes a fé, Jesus disse ao paralítico: – Filho, os seus pecados estão perdoados” (Mc 2:5). Em harmonia com o conceito pragmático do evangelho defendido por Marcos, fé é ação. Jesus reconheceu e honrou a fé dos quatro amigos do paralítico, que, em suas ações para agir de acordo com sua crença, levaram o amigo à única Pessoa que poderia ajudá-lo. 

A controvérsia central dessa narrativa diz respeito à autoridade de Jesus para perdoar pecados. O que perturbou os escribas não foi apenas o fato de que Ele tenha perdoado pecados, mas de ter feito isso no poder e autoridade de Seu próprio nome. Portanto, os escribas descreveram esse ato como uma presunção blasfema. “Em um contexto em que só Deus era visto como capaz de perdoar pecados (Mc 2:7; veja Lc 7:49), Jesus o faz. [...] Ele é acusado de blasfêmia não porque estivesse afirmando diretamente ser Deus ou pronunciando de maneira indevida o Seu nome santo, mas porque agia como Deus” (Robert H. Stein, Mark, Baker Exegetical Commentary on the New Testament [Grand Rapids, MI: Baker Academic, 2008], p. 119). 

Jesus ressaltou claramente que Ele, como o Filho do Homem, a Divindade na Terra, tinha autoridade para perdoar pecados (Mc 2:10). O autor do evangelho ressalta um detalhe importante: o povo, ao contrário dos escribas, reconhecia que a restauração do paralítico – incluindo o perdão dos seus pecados – era um ato divino: “[...] a ponto de todos se admirarem e darem glória a Deus” (Mc 2:12). 

Em Marcos 3, os escribas lançam um novo argumento contra Jesus e Sua autoridade ou poder para libertar e restaurar endemoninhados. Os líderes religiosos afirmam que Jesus “está possuído de Belzebu” e que “Ele expulsa os demônios pelo poder do maioral dos demônios” (Mc 3:22). 

Infelizmente, os escribas não reconheciam a origem divina da obra de Jesus. Em vez disso, atribuíam Suas obras ao poder dos demônios. Por causa dessa acusação maldosa e injusta, Jesus defendeu que Suas ações eram a atuação do Espírito Santo. Além disso, acusou os escribas de cometerem blasfêmia contra o Espírito Santo. A concepção errada que eles tinham da obra de Jesus tornou-os culpados “de pecado eterno” (Mc 3:29), “ou seja, um pecado que tinha consequências infinitas. [...] O pecado imperdoável é a recusa obstinada em reconhecer que Deus está trabalhando/trabalhou no Homem Jesus”. Infelizmente, a recusa obstinada deles “não era um ato isolado, mas uma ação e atitude habituais. A palavra ‘diziam’ (hoti elegon; Mc 3:30) poderia ser traduzida como: ‘eles continuavam dizendo’ ou ‘diziam continuamente’” (James A. Brooks, Mark, New American Commentary [Nashville, TN: Broadman & Holman, 1991], p. 76). 

APLICAÇÃO PARA A VIDA 

Os fariseus tinham uma compreensão equivocada do Filho de Deus. Além disso, Jesus também foi mal compreendido pelos membros de Sua própria família, isto é, Seus irmãos. No livro O Desejado de Todas as Nações, Ellen G. White escreveu que os irmãos de Jesus “desejavam que Ele cedesse às ideias deles, quando esse proceder teria estado completamente em desarmonia com Sua missão divina. [...] Pensavam que, se falasse unicamente coisas aceitáveis aos escribas e fariseus, evitaria a desagradável controvérsia que Suas palavras despertavam. Pensavam que Ele estivesse fora de Si ao reivindicar autoridade divina e ao Se colocar diante dos rabinos como reprovador de seus pecados”. Ela continua: “Essas coisas tornaram árduo o caminho que Jesus devia trilhar. A falta de compreensão em Seu próprio lar era tão difícil que Cristo sentia alívio quando ia aonde isso não existia.” Em seguida, Ellen G. White faz o apelo: “Aqueles que são chamados a sofrer por amor a Cristo, que têm de suportar falta de compreensão e desconfiança, mesmo na própria família, podem encontrar conforto ao lembrar que Jesus sofreu a mesma coisa. Ele sente compaixão por essas pessoas. Convida-as a serem Suas companheiras e a buscar alívio onde Ele próprio o encontrava: na comunhão com o Pai” (O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 254, 255). 

Faça as seguintes perguntas aos membros de sua classe: Você já enfrentou algum conflito em seus círculos sociais íntimos ou entre familiares por causa de sua fé? Em caso afirmativo, como o fato de que Jesus passou pelas mesmas coisas lhe oferece conforto e motivação? 

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Deus faz a Sua parte

Dominica |Roderick

Esta história missionária é sobre Roderick, o arquiteto da nova escola na ilha caribenha da nação da Dominica, que será construída com a ajuda da oferta do 13º Sábado. A história começou em 1984.

Foi um grande dia quando Roderick recebeu uma bolsa de estudos para estudar em uma universidade na França. Ele arrumou as malas, despediu-se de sua mãe solteira e de seus dois irmãos, e mudou-se para o outro lado do mundo, saindo de sua casa na ilha caribenha de Dominica.

Mas quando Roderick começou a frequentar suas aulas na França, sentiu que algo não estava certo. Algo estava faltando.

Tentado preencher aquele vazio, ele foi para à igreja no domingo seguinte. Mas não ficou satisfeito. Ele voltou à igreja no domingo seguinte, mas ainda não estava satisfeito. Foi então que ele se deu conta. Embora sua mãe o tivesse ensinado a adorar no domingo, ele estava convencido em seu coração de que o verdadeiro sábado era o sábado.

Antes de chegar à França, Roderick amava ler a Bíblia. Ele não tinha lido a Bíblia para conhecer a Deus. Ele e seus amigos do ensino médio gostavam de debater sobre a Bíblia, e ele lia a Bíblia para ganhar os debates. Ao ler, ele havia sido persuadido de que Deus havia separado o sétimo dia da semana como o sábado. Mas ele nunca havia agido de acordo com esse conhecimento.

Agora, na França, Roderick se perguntou se encontraria alguém que guardasse o sábado do sétimo dia. Ele se lembrou de que os adventistas do sétimo dia guardavam o sábado em Dominica, e perguntou aos seus colegas de sala se os adventistas também viviam na França. Um colega de classe o apresentou a um adventista de Dominica, e Roderick começou a ir à igreja com o homem. Havia passado apenas um mês desde que Roderick chegara a França.

Roderick não contou à sua mãe nem aos seus irmãos que estava indo para a Igreja Adventista do Sétimo Dia. Mas ele se perguntava o que eles pensariam. Sua mãe ficaria chateada? Será que seus dois irmãos pensariam mal dele? Ele não esperou muito tempo.

Dois meses depois de começar a frequentar o culto no sábado, uma carta de sua mãe chegou pelo correio.

Roderick abriu o envelope e retirou a carta. Sua mãe havia escrito que ela e os dois irmãos de Roderick estavam fazendo estudos bíblicos com os adventistas em Dominica.

Roderick não podia acreditar. Será que ele e sua família estavam seguindo um caminho similar para Deus, mesmo vivendo distantes um dos outros?

Ele escreveu de volta: “Eu estou indo a uma Igreja Adventista do Sétimo Dia todos os sábados”.

Sua mãe e seus irmãos ficaram muito surpresos ao receber sua carta.

Dois meses depois, a mãe e os irmãos de Roderick entregaram seus corações a Jesus, através do batismo, na Dominica. Dois meses depois disso, Roderick foi batizado na França.

Roderick estava morando na França há apenas nove meses, e sua vida havia mudado completamente. Nesse mesmo período, a vida de sua mãe e de seus irmãos também havia mudado completamente na Dominica. Como o apóstolo Paulo disse: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Coríntios 5:17).

Quando Roderick voltou para Dominica para suas primeiras férias no ano seguinte, ele adorou com sua mãe e irmãos na Igreja Adventista do Sétimo Dia no sábado. A família louvou a Deus pela forma como Ele estava operando em suas vidas.

“Nós reconhecemos que Deus estava me conduzindo na França ao mesmo tempo que conduzia minha família em Dominica”, disse Roderick. “Foi maravilhoso ver as mãos de Deus trabalhando. Eu nunca disse à minha família que estava indo à igreja aos sábados, mas descobrimos que todos nós estávamos buscando a vontade de Deus. Deus trabalha de maneiras misteriosas”.

Obrigado por ajudar, com suas ofertas, a Escola Primária Adventista do Sétimo Dia de Ebenezer a se mudar para um prédio maior e muito necessário na Dominica. Roderick é o arquiteto do prédio, e prestou seus serviços gratuitamente. Ele está ansioso para ver como Deus abençoará o projeto. “Nosso tempo não é o tempo de Deus”, disse ele. “Tudo que Deus pede de nós é fidelidade. Quando somos fiéis e obedientes, Deus faz a Sua parte”.

Por Andrew McChesney

Dicas para a história

  • Mostre Dominica no mapa. Em seguida, mostre a França, onde Roderick estudou, e a capital da Dominica, Roseau, onde a oferta do 13º Sábado ajudará a abrir uma nova escola de ensino fundamental.

  • Assista um vídeo curto no YouTube sobre Roderick: bit.ly/Roderick-IAD.

  • Baixe as fotos desta história pelo Facebook: bit.ly/fb-mq

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Comentário da Lição da Escola Sabatina – 3º Trimestre de 2024

Tema geral: O Evangelho de Marcos

Lição 3 – 13 a 20 de julho

Controvérsias

 

Autor: Natal Gardino

Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br

Revisora: Rosemara Santos

A lição desta semana trata de cinco histórias que se encontram nos capítulos 2 e 3 de Marcos, as quais apresentam as primeiras controvérsias, ou conflitos, entre Jesus e os líderes religiosos. Vamos analisar cada uma delas.

O paralítico que desceu pelo telhado (Mc 2:1-12)

A história do paralítico conduzido a Jesus demonstra, entre outras coisas, a importância dos verdadeiros amigos. O paralítico tinha quatro bons amigos que, para contribuir com sua cura, destelharam a casa em que Jesus estava (bem no meio de Seu sermão) e colocaram o amigo necessitado diante de Cristo. O texto diz que Jesus viu a fé “deles” (no plural). Precisamos ser esse tipo de amigos que levam os amigos até Jesus!

Jesus sabia que, além da cura física, esse homem ansiava pela cura espiritual, o perdão dos pecados (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 205, 206). Então Jesus, antes de lhe oferecer a cura física, disse as palavras que “soaram qual música” aos seus ouvidos: “Filho, os seus pecados estão perdoados” (Mc 2:5). E aí começa o conflito com os líderes religiosos, que O acusaram de cometer blasfêmia, ou seja, de tentar Se passar por Deus ao perdoar pecados (Mc 2:6, 7). Eles não conseguiam ver e reconhecer que o Homem que estava diante deles era Deus (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia [CPB, 2013], v. 5, p. 63).

O banquete de Levi Mateus e o jejum

Os publicanos trabalhavam para Roma cobrando os impostos de todos os cidadãos. Os publicanos judeus eram uma “espécie” detestada tanto pelos judeus quanto pelos romanos. Os judeus os viam como traidores da pátria e corruptos porque geralmente cobravam mais do que era devido. Os romanos os desprezavam simplesmente por serem judeus. Mas Jesus viu um deles, Levi Mateus, sentado na coletoria, no próprio lugar de seu trabalho, e o chamou.

Levi Mateus aceitou seguir a Jesus e comemorou sua nova fase fazendo um banquete em sua casa (Mc 2:15; Lc 5:29). E chamou seus amigos, os publicanos, obviamente. Para os judeus, até mesmo entrar na casa de um publicano tornava uma pessoa imunda. Por isso, eles questionaram os discípulos de Jesus sobre o fato de comerem na casa de um publicano, com publicanos. Jesus ouviu, e lhes disse que, como um Médico, Ele veio chamar justamente os pecadores, para que pudesse curá-los. Se eles se achavam tão santos, supostamente não precisavam do Médico. Mas também não deveriam criticá-Lo por realizar Sua obra.

O Senhor do sábado

Os conflitos com os líderes judeus foram se intensificando, a tal ponto que os líderes enviaram pessoas para espionar Jesus, procurando meios para O acusar (Mc 3:2). Como eles seguiam as tradições rabínicas a respeito do sábado, e não as instruções bíblicas, eles tinham várias proibições totalmente sem sentido para o santo dia. O fato de Jesus e os discípulos pegarem algumas espigas de trigo ou de cevada e saciarem a fome nesse dia, foi considerado um “trabalho” proibido. Ao curar as mãos atrofiadas de um homem no sábado seguinte, Jesus lhes mostrou que é correto praticar o bem nesse dia. Eles, como resposta, começaram a fazer planos para matá-Lo (Mc 3:6).

Ao Jesus ensinar que “o sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do sábado” (Mc 2:27), que Ele é o Senhor do sábado (Mc 2:28), e que no sábado é lícito fazer o bem e salvar vidas (Mc 3:4), Ele não “aboliu” o quarto mandamento, mas mostrou o seu verdadeiro sentido. Ele não veio abolir os mandamentos de Deus, os quais Ele mesmo guardava. E Ele espera que os que O amam os guardem também (Mt 7:17; Jo 14:15; 15:10).

Duas histórias em estrutura de “sanduíche” (Mc 3:20-35)

Essa é a primeira de seis vezes em que Marcos usa uma estrutura literária chamada “sanduíche”. Essa estrutura mistura duas histórias para que o leitor procure por similaridades, diferenças e contrastes entre elas. Assim como um sanduíche consiste basicamente em um recheio e duas fatias de um pão, a “estrutura de sanduíche” começa uma história contada apenas em parte (é a primeira fatia do “pão”). Então a segunda história é contada inteira (esse é o “recheio” do sanduíche, sendo a parte principal). Logo depois, após a história do “recheio” ser concluída, então a história que havia sido interrompida é continuada e concluída (essa é a segunda fatia do “pão” desse “sanduíche” literário).

A primeira história, em que os parentes de Jesus pensavam que Ele estava louco (“fora de Si”) é a primeira fatia do “pão” dessa estrutura. Ela é apresentada em Marcos 3:20 e 21 e é interrompida pela segunda história, que é o “recheio” (Mc 3:22-30). Essa segunda história é a dos escribas acusando Jesus de expulsar os demônios com a ajuda do príncipe dos demônios. Logo que essa segunda história termina, a história da família de Jesus continua e é concluída nos versos 31 a 35, sendo essa a 2ª fatia do “pão”. Portanto, a estrutura fica assim:

3:20, 21 – História 1, 1ª fatia: os parentes de Jesus dizem que Ele está “fora de Si”;

3:22-30 – História 2, recheio: os escribas acusam Jesus de ter associação com Belzebu;

3:31-35 – História 1, 2ª fatia: os parentes de Jesus mandam chamá-Lo.

Aqui estão algumas possíveis lições, entre outras, que Marcos pode estar tentando mostrar ao vincular as duas histórias: (1) Os parentes de Jesus pensaram que Ele estava “fora de Si”; os escribas também, ao dizer que Ele estava fazendo parceria com os demônios; (2) Os parentes de Jesus pensavam que Ele estava louco (“fora de Si”), mas os escribas é que estavam loucos por associar as vitórias de Jesus contra os demônios ao príncipe dos demônios; (3) Jesus ensinou na história do meio (a do “recheio” da estrutura) que “uma casa dividida contra si mesma não pode subsistir” (Mc 3:25), referindo-Se à casa ou reino de Satanás, que não está dividido; ao mesmo tempo, a casa/família do próprio Jesus estava dividida, querendo prendê-Lo (Mc 3:21); (4) Assim como os escribas, os parentes de Jesus também estavam prestes a cometer o pecado contra o Espírito Santo.

 

Conclusão

Nessas cinco histórias, vemos o início das controvérsias, ou conflitos, entre os líderes religiosos e Jesus. Eles perderam o rumo dado pelas Escrituras e isso lhes deixou cegos em relação a Jesus e ao caráter de Sua missão. Além disso, também extraímos importantes lições dessas histórias: (1) Somos abençoados pelos verdadeiros amigos que nos levam a Jesus; (2) Há perigo no preconceito contra um grupo de pessoas que também pode ser atraída ao grande Médico e ser curadas; (3) As histórias mostram o contraste entre a bênção do sábado bíblico e as tradições humanas; (4) Estamos em perigo de nos tornarmos cegos para os ensinos de Jesus e pecarmos contra o Espírito Santo.

Conheça o autor dos comentários deste trimestre: Natal Gardino é mestre em Novo Testamento e doutor em Ministério pela Andrews University. Iniciou seu ministério em 2003 como pastor distrital e atuou em quatro diferentes regiões. Desde 2022 é professor de Novo Testamento no Seminário Adventista de Teologia na FAP (antigo IAP), no Paraná. É casado com Irineide Gardino, psicóloga clínica. O casal tem dois filhos: Kaléo e Nicholas.