Lição 13
22 a 28 de junho
Convertendo corações no tempo do fim
Sábado à tarde
Ano Bíblico: Sl 46–50
Verso para memorizar: “Eis que Eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível Dia do Senhor; ele converterá o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos a seus pais, para que Eu não venha e fira a Terra com maldição” (Ml 4:5, 6).
Leituras da semana: Ml 4:5, 6; Mt 3:2; 11:14, 15; 17:10; 1Rs 16:29–17:24; 18:20-45

Nossa vida é feita de fases. Às vezes estamos em uma fase boa; outras vezes, não. Em alguns períodos a família está intacta e forte; em outros tempos, ela está frágil ou até destruída.

Seja qual for a fase, o estágio ou a situação da nossa família, podemos e devemos viver à luz das promessas de Deus, apegando-nos a elas com todo o nosso coração, toda a mente e força, pois, no fim, elas são nossa única esperança. E que grandiosa esperança elas são! Não importa a fase em que nós ou nossa família estejamos, da Palavra de Deus emanam promessas que podemos reivindicar para nós, nossos amados, nossa família e nossa igreja.

Nesta última semana do trimestre, examinaremos algumas histórias, promessas e experiências bíblicas em diversos contextos. Neste estudo, buscaremos extrair lições para nós hoje, seja qual for a nossa condição; pois, não importa quem somos, onde estamos nem a fase que vivemos atualmente, provavelmente todos tenhamos lutas, medos e preocupações. Felizmente, adoramos um Deus que não apenas sabe o que enfrentamos, mas que certamente está à frente de todas essas coisas.



Domingo, 23 de junho
Ano Bíblico: Sl 51–55
A profecia dos corações convertidos

1. Compare a predição da vinda de Elias com as referências do Novo Testamento a esse evento. Que lições aprendemos com esses textos? Ml 4:5, 6; Mt 11:14, 15; 17:10; Mc 6:15; Lc 1:17

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Nos dias de Malaquias, o apelo de Deus à nação, “tornai-vos para Mim, e Eu Me tornarei para vós outros”, foi respondido com arrogância: “em que havemos de tornar?” (Ml 3:7). O frustrado profeta anunciou mais uma oportunidade de reavivamento. Evocando a reforma iniciada por Elias, de converter os corações (1Rs 18:37), Malaquias predisse a vinda do profeta Elias novamente para converter “o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos a seus pais” (Ml 4:6).

Desenvolveu-se uma tradição judaica de que Elias apareceria pessoalmente como o precursor do Messias (compare com Mt 17:10; Mc 6:15). No entanto, o Novo Testamento apresenta João Batista como um cumprimento daquela profecia (Mt 11:14, 15; Lc 1:17).

2. Em sua opinião, o que significa a frase “converter o coração”?

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Diversas aplicações são possíveis para esses textos: A frase se refere à reconciliação do povo de Israel com o Senhor. Deus, como Pai (Is 63:16), Se converteu de Sua ira, voltando-Se para Seus filhos (Mq 7:18, 19) e os chamou a retornarem a Ele (Is 44:22; Ml 3:7). A frase se refere à reconexão das gerações posteriores com seus fiéis antepassados mediante a renovação da aliança. O chamado profético para que o povo de Deus seguisse a fé dos patriarcas foi repetidamente feito no Antigo Testamento. A condição para que a terra continuasse como um abençoado lugar de habitação era a fidelidade à aliança (Dt 4:29-31). A frase se refere à restauração e renovação dos relacionamentos familiares. A relação entre pais e filhos é uma expressão prática de fidelidade à aliança com Deus. Aqui, também, o cumprimento das responsabilidades para com pais e filhos está ligado à contínua herança da terra e à bênção de Deus (Pv 2:21).

Qual é a relação entre a restauração do relacionamento com Deus e a restauração dos relacionamentos em nossa família? Por que um precede o outro?

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Segunda-feira, 24 de junho
Ano Bíblico: Sl 56–61
Reencontro da família

Jezabel, a esposa sidônia do rei Acabe, introduziu o culto a Baal em Israel. Esse fato acelerou o declínio da nação. Os ensinamentos de Deus sobre o casamento, a família e a sexualidade foram ofuscados por práticas como incesto, prostituição e outras perversões. Nessa disputa por adoração surgiu Elias, cujo nome significa “Jeová é o meu Deus”, uma repreensão a Baal.

3. Que experiência associou Elias à subversão das crenças pagãs e ao reencontro das famílias? (1Rs 16:29–17:24; compare com Lc 4:25, 26). Assinale a alternativa correta:

A. (  ) Sua fuga para o deserto.

B. (  ) A denúncia do pecado de Acabe e a ressurreição do filho da viúva.

Após anunciar a maldição da seca sobre a terra, Elias ficou “marcado”. Deus o abrigou em um lugar improvável: a casa de uma pobre viúva em Sarepta de Sidom, perto da cidade natal de Jezabel. Elias submeteu a viúva a um teste severo: pediu que ela preparasse para ele uma refeição com o azeite e a farinha que ela tinha, e ela deveria confiar seu futuro a Deus. A fé dessa mulher se tornou lendária. Jesus a elogiou (Lc 4:26). À medida que o azeite e a farinha se multiplicavam, a mulher compreendeu melhor o Senhor. Em seguida,  seu único filho adoeceu e morreu. Ao expressar seu pesar, ela refletiu as crenças pervertidas ao seu redor, e que afetavam Israel, segundo as quais, por causa do pecado de alguém, era exigido o sacrifício de um filho (1Rs 17:18; Jr 19:5; Mq 6:7).

4. Na experiência espiritual da viúva fenícia, qual foi o efeito do reencontro com seu filho? (1Rs 17:24). O que aprendemos com os comentários dela? Assinale “V” para verdadeiro ou “F” para falso:

A. (  ) Ela reconheceu que Elias era um homem de Deus.

B. (  ) Ela acreditou que Baal havia curado seu filho.

A resposta daquela mãe revela o efeito da mensagem de Elias. A fé em Deus e em Sua Palavra surge no coração quando, pelo Seu poder, a vida é restaurada, e a família é reunida. Muitos hoje concordam com as doutrinas pregadas, mas são “mornos” em sua experiência espiritual. No entanto, quando as verdades da Palavra de Deus são vivenciadas pessoalmente, e o reavivamento e a restauração ocorrem nos relacionamentos domésticos, a convicção vem sobre o coração com muito mais poder.

Que reencontros familiares você ainda espera? Que promessas de Deus lhe dão a esperança de que essa reunião ocorrerá em breve? Você está se apegando a elas?


Terça-feira, 25 de junho
Ano Bíblico: Sl 62–67
Convertendo corações no altar

5. Leia 1 Reis 18:20-45. Escreva nas linhas abaixo a essência desse episódio. Embora o contexto seja totalmente diferente, como os princípios vistos nessa história se aplicam à vida familiar?

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No monte Carmelo, Elias almejava uma renovação da aliança por parte de sua nação, um retorno à fé de seus pais, que traria cura ao povo, aos seus lares e terras.

A hora do sacrifício da tarde. Após o fracasso do sacrifício oferecido pelos sacerdotes pagãos, foi a vez de Elias. Ele foi intencional. A hora do dia chamava a atenção para o divino plano da redenção revelado no serviço do santuário (compare com Êx 29:41). O convite “Chegai-vos a mim” (1Rs 18:30) nos lembra do Salvador recebendo os pecadores (compare com Mt 11:28). Pais que sofrem com a desobediência dos filhos podem ter certeza de que Deus os ama assim como amava os israelitas. Deus trabalha incessantemente para atrair os rebeldes a Ele.

A ênfase de Elias no altar de Jeová corresponde, em nossos dias, à exaltação de Jesus e de Sua graça salvadora na família. O culto familiar é uma oportunidade de falar com Ele em oração, de conversar sobre Ele, de receber mais uma vez o dom gratuito da salvação e de dar ao nosso coração tempo para refletir sobre Seus ensinamentos.

A resposta que Elias havia pedido indicaria que Deus os tinha tomado de volta para Si. Em 1 Reis 18:37, o profeta suplicou: “Responde-me, Senhor, responde-me, para que este povo saiba [...] que a Ti fizeste retroceder o coração deles”. Não podemos voltar nosso coração para Deus; só podemos responder à Sua graça, e esta Ele dá livremente.

O fogo consumidor caiu, não sobre os culpados, mas sobre o sacrifício, apontando para Jesus, que foi feito “pecado por nós; para que, Nele, fôssemos feitos justiça de Deus” (2Co 5:21). Confissão e louvor irromperam dos lábios do povo. Visto que os falsos sacerdotes não responderam ao chamado de Deus, eles foram executados. Em seguida, a chuva refrescante acabou com a maldição sobre a terra.

Em qual condição está o “altar” do seu lar? Como você pode “reconstruir o altar” em sua família, se de fato ele precisa de alguma reconstrução?


Quarta-feira, 26 de junho
Ano Bíblico: Sl 68–71
Convertendo corações no Jordão

Juntamente com a profecia de Gabriel (Lc 1:17) e a confirmação de Jesus de que João Batista era o Elias prenunciado (Mt 11:14; 17:12, 13), os escritores dos evangelhos afirmaram que João Batista era o “mensageiro” que prepararia o caminho do Senhor (Mt 11:10; Mc 1:2; Lc 7:27; compare com Ml 3:1).

6. Mencione os principais aspectos da mensagem de João. Por que sua mensagem estava relacionada à “conversão dos corações”? Mt 3:2, 8; 14:4; Mc 1:4; Lc 3:3, 8, 9, 11, 13, 14

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Como um fazendeiro que lavra a terra firme a fim de prepará-la para receber a semente, João denunciava o pecado e insistia com os pecadores para que eles se arrependessem. A natureza humana é assim: sem autoavaliação, sem a consciência da nossa verdadeira condição, não sentimos a necessidade de algo melhor. A mensagem de João Batista chamava a atenção do povo à santidade das exigências de Deus e à necessidade que eles tinham de Sua perfeita justiça. O arrependimento genuíno é sempre marcado pela humildade e pela busca do auxílio divino para mudar o comportamento. Ao expor a hipocrisia superficial e egocêntrica daqueles que afirmavam ser filhos de Abraão, ele buscou revelar o significado mais profundo da fé de seus pais.

7. Como a mensagem de João Batista preparou o caminho para Jesus? (Jo 1:35-37; 3:27-30). Assinale a alternativa correta:

A. (  ) Ela apontava para o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. Assim, as pessoas passaram a segui-Lo.

B. (  ) A mensagem de João “diminuía” a pessoa e a obra de Jesus.

João havia recebido a revelação de que Jesus era o Cordeiro de Deus. Quando ele apresentou Cristo dessa maneira (Jo 1:29, 36), ele literalmente conduziu o povo ao Senhor. André e outro discípulo de João Batista, também chamado João, o autor do Evangelho que fez o relato daquele dia, deixaram o Batista e se tornaram discípulos de Jesus. A mensagem de Elias não apenas mostra a necessidade de arrependimento; ela identifica Aquele que salva do pecado; gera entusiasmo a respeito Dele e apresenta pessoas a Ele. Se João Batista entrasse em sua casa, o que ele lhe diria?



Quinta-feira, 27 de junho
Ano Bíblico: Sl 72–77
Convertendo corações nos últimos dias

Em certo sentido, como adventistas, entendemos que temos a função de João Batista. O arauto da reforma e do arrependimento buscou preparar o caminho para a primeira vinda de Jesus. Como movimento, entendemos que fazemos o mesmo em relação à volta de Cristo.

8. Com espírito de oração, leia Lucas 1:17. Como essas palavras captam nossa mensagem?

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Por meio da cruz, o Pai celestial converteu o coração de Seus filhos a Si e converteu o coração de Seus filhos uns aos outros. A mensagem de Elias apela às famílias que creiam nessa boa notícia incrível (2Co 5:18-21; compare com Ef 2:11-18) e que sejam pessoas cheias de graça, à medida que Seu Espírito produz nelas uma colheita de amor.

O mundo precisa desesperadamente de uma demonstração de cuidado altruísta, compromisso duradouro e dedicação inabalável a Deus. Por Sua graça, as famílias cristãs podem dar essa demonstração. No entanto, devemos nos lembrar de que a mensagem que temos para o mundo também é para nós. Enquanto os princípios do evangelho, da unidade, do amor e da abnegação não forem manifestos em nós, especialmente em nossa família, seremos incapazes para compartilhar essa mensagem com os outros. Todos os sermões eloquentes, toda a lógica e as apresentações da Bíblia não serão suficientes: o mundo precisa ver em nossa vida, especialmente em nossa vida familiar, o arrependimento, o coração convertido, o amor e o compromisso que pregamos. Assim como João Batista tinha um poder que transformou vidas e tornou eficaz sua pregação, podemos fazer o mesmo por meio da graça de Deus, mas apenas se estivermos dispostos a cooperar com o Senhor e consagrar a vida a Ele.

Por meio de Jesus, somos parte da família celestial (Ef 3:15). Portanto, quer sejamos uma família de uma ou mais pessoas, somos chamados a ser testemunhas do Deus que professamos servir, e nada pode tornar nosso testemunho mais eficaz do que mostrar ao mundo o que uma família, independentemente de seu tamanho, pode ser mediante o poder do evangelho.

Como podemos mostrar às pessoas mais próximas que as amamos e nos importamos com elas?


Sexta-feira, 28 de junho
Ano Bíblico: Sl 78–80
Estudo adicional

Textos de Ellen G. White: Profetas e Reis, p. 143-154 (“O Carmelo”); O Desejado de Todas as Nações, p. 97-108 (“A Voz do Deserto”).

“Nossa mensagem precisa ser tão direta quanto a de João. Ele repreendeu reis por sua iniquidade. Apesar do perigo que sua vida corria, ele nunca permitiu que a verdade vacilasse em seus lábios. Nesta época, nossa obra deve ser feita com a mesma fidelidade” (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 4, p. 1306).

Perguntas para discussão

1. Pergunte à classe qual é a relevância da mensagem de Elias para sua igreja. Como você pode ajudar sua comunidade a compreender a mensagem e seu papel em ajudar a difundi-la?

2. Peça aos alunos que compartilhem suas histórias de “conversão do coração”. Que mudanças ocorreram? Que diferença essas experiências fizeram na vida deles e de sua família?

3. Se entendemos que temos a função de João Batista, o que devemos esperar que aconteça conosco? Qual é a mensagem implícita nessa resposta?

4. Com a ajuda da classe, elabore uma espécie de “Declaração de Princípios da Família” que resuma a ideia bíblica de família. Quais critérios você usaria para elaborar esses princípios? O que você aprendeu neste trimestre que pode ajudá-lo a estabelecê-los? Esteja preparado para compartilhar sua resposta com toda a igreja.

5. Como pai ou mãe, quais promessas você pode reivindicar em favor de filhos que, pelo menos neste estágio, estão afastados do Senhor?

Respostas e atividades da semana:

1. A vinda de Elias profetizada por Malaquias se cumpriu na vida e ministério de João Batista. Ele veio no “espírito” de Elias para converter os corações dos pais aos filhos e restaurar verdades. Essa profecia do Antigo Testamento tem dupla aplicação. Jesus disse que Elias já tinha vindo e não o haviam reconhecido (João Batista), mas Ele também afirmou que Elias viria novamente. Entendemos que a obra desse Elias futuro é exercida pela igreja remanescente de Deus.

2. Comente com a classe as três possíveis explicações para a frase, descritas na Lição.

3. B.

4. V; F.

5. No monte Carmelo, Elias desafiou os profetas de Baal. Seu desejo era de que o povo voltasse a adorar o Senhor, o verdadeiro Deus. Semelhantemente, como família, às vezes nos afastamos uns dos outros e passamos por momentos difíceis. Nesses momentos em que nos afastamos uns dos outros, devemos “reconstruir o altar do Senhor” em nosso lar.

6. A essência da mensagem de João Batista era o batismo de arrependimento para remissão de pecados. Ele chamava o pecado pelo nome e convidava o povo a se arrepender. Essa mensagem sugere a conversão do coração, pois nos convertemos quando reconhecemos nosso pecado e nossa necessidade do Salvador e, então, nos arrependemos.

7. A.

8. Como Elias e João Batista, buscamos preparar um povo para o retorno do Senhor. Pregamos a restauração da verdade e o arrependimento dos pecados.



Resumo da Lição 13
Convertendo corações no tempo do fim

Se alguém lê as maldições da aliança apresentadas na Torá (Dt 28) ou as pungentes repreensões dos profetas (de Isaías a Malaquias), percebe um certo padrão. É algo assim:

A. Eu, Deus, salvei você e o tratei bem.

B. Você Me rejeitou.

C. Terrível destruição será o resultado de sua rebelião.

D. No fim, Eu o perdoarei, salvarei e restaurarei.

Às vezes, a parte C é tão desoladora e vívida (Dt 28; Ez 23) que hesitaríamos em usá-la para um momento devocional em família. Mas se continuássemos virando as páginas da Bíblia, surgiria uma luz de esperança – a certeza de que os profetas retornariam (Ml 4:5), corações se converteriam (Ml 4:6) e Deus restauraria todas as coisas.

Podemos aplicar essa esperança às famílias que estão desmoronando, aos cônjuges incrédulos e aos filhos que estão experimentando as coisas do mundo? A lição desta semana nos encoraja a fazer exatamente isso. A restauração divina deste planeta decaído pelo pecado é uma promessa irrevogável. Não podemos aplicar essa promessa de uma forma que comprometa o livre-arbítrio. Mas se alguém pode persuadir um coração, esse é o Espírito de Deus. Nessa esperança colocamos nossa confiança.

A experiência de Elias testemunha que Deus irá muito longe para recuperar a lealdade do Seu povo. Uma seca, a ressurreição do filho de uma viúva e um confronto com Baal, o deus tribal adversário, mostra que Deus não desistiu facilmente de Israel (1Rs 17:1, 22; 18:19).

Você consegue imaginar a conversa das famílias no momento do jantar na noite em que Israel viu fogo descer do céu? Quando Deus vê Israel, o que Ele realmente vê é o povo e suas famílias. A partir desse ângulo, todas as tentativas divinas para atrair Israel de volta a Si mesmo são esforços para alcançar as famílias.

João Batista é o Elias do Novo Testamento (Mt 11:13, 14). Ele tem o endosso de Jesus como sendo mais que um profeta e inigualável entre “os nascidos de mulher” (Mt 11:11). Sua mensagem e sua vida devem chamar nossa atenção, especialmente em relação à necessidade de encorajar os outros (e talvez a nós mesmos) a retornar para o Senhor.

Escritura

A vida e as palavras de João Batista oferecem um rico material para algumas lições sobre o tema do retorno ao Senhor, as quais poderiam ser usadas em vários contextos, incluindo a família. Os textos e comentários a seguir servem como ponto de partida para aprofundar o estudo dos professores e para ajudar na discussão em classe.

“Arrependam-se, pois o Reino dos Céus está próximo” (Mt 3:2).

Essa ordem de João é idêntica à frase que Jesus disse em Seu ministério (Mt 4:17). Ordenar às pessoas que se arrependam pode parecer insensível aos nossos ouvidos, mas é importante lembrar que João foi relativamente bem-sucedido. Pessoas eram batizadas, “confessando seus pecados” (Mt 3:6). O que proporcionou tal ímpeto a essa mensagem? Foi o fato de que algo grande estava chegando: o reino de Deus. Ter o reino de Deus finalmente entrando na história era o clímax da aliança, a esperança e o sonho de todo judeu. Diante dessa realidade, muitos devem ter exclamado: “A vinda do reino de Deus é o que tem sido esperado ao longo de muitas gerações!” João e Jesus impulsionaram a expectativa de Israel pelo reino de Deus e a sua esperança em relação à sua chegada
(Lc 11:20; 17:21). Sua mensagem, em grande parte, se aplica a nós hoje. A revolução que Jesus começou e o reino que Ele inaugurou ainda estão em plena atividade. O Espírito que foi derramado está acessível e continua mudando corações agora assim como ocorreu nos tempos do Novo Testamento. A consumação do reino de Cristo na Sua segunda vinda está se aproximando. Alguém poderia perguntar: O que você está esperando?

“Raça de víboras, quem vos induziu a fugir da ira vindoura?” (Mt 3:7).

Obviamente, a ordem para se arrepender não era forte o bastante para um fariseu ou saduceu (Mt 3:7). Geralmente, quando pensamos em “converter os corações” da família ou dos amigos ao Senhor, pensamos naqueles que não estão interessados em Deus ou naqueles que abandonam explicitamente toda aparência de ética cristã. Mas o que dizer dos membros da igreja que se tornaram frios e críticos? Quem os está advertindo sobre o perigo em que estão? A resposta geralmente é: Ninguém! Os fariseus e saduceus eram os líderes religiosos de seus dias, que, juntamente com outros em posições de respeito, viviam criticando os outros, mas não podiam tolerar críticas em relação a si mesmos. Deles, João pediu mais que o arrependimento verbal. Palavras são baratas; esses líderes eram mestres na prática de falar demais e fazer discursos religiosos. O imperativo de João para eles é um tanto obscuro nas traduções antigas: “Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento” (Mt 3:8). O que isso significa exatamente? Isso quer dizer que devemos dispensar o jargão religioso e, em lugar disso, praticar ações (frutos) que sejam dignas, evidenciem ou provem que nós nos arrependemos (mudamos, nos convertemos) diante de Deus. Nossas palavras, crenças e amor são todos autenticados por ações. Essa revelação externa de uma conversão interior é o teste em que o hipócrita, a menos que seja transformado, não pode passar.

“Pois veio João, que não comia nem bebia, e dizem: Tem demônio! Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizem: Eis aí um glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores!” (Mt 11:18, 19).

As igrejas locais e as infelizes panelinhas e politicagens que às vezes são ali encontradas podem atrapalhar os esforços sinceros de um crente para encorajar um amigo ou pessoa amada a voltar para Jesus. Quantas vezes foi dito: “Como posso convidar esse e aquele para a igreja, com tudo o que está acontecendo aqui?” Há definitivamente uma variedade de crenças e práticas dentro da nossa igreja que podem causar tensões. No entanto, o fato de que Jesus e João foram condenados porque aparentemente estavam em extremidades opostas deve oferecer alguma perspectiva sobre a realidade. O estilo de vida estrito de João fez com que ele fosse rotulado como endemoninhado. As associações preferidas de Jesus fizeram com que Ele fosse identificado como glutão e indulgente. Contudo, o Messias Jesus e o precursor profético João estavam ambos em perfeita sintonia. Existia uma profunda harmonia entre eles, ligada a um profundo compromisso com Deus e com a divulgação da mensagem do Seu reino.

Essa harmonia é uma notícia encorajadora para alguém que esteja voltando para o Senhor e comece a frequentar a igreja novamente. Isso significa que os diferentes grupos dentro de uma determinada igreja, embora pareçam muito diferentes, podem estar se esforçando para agradar ao mesmo Deus. Isso significa que Deus aceita sua adoração, por mais imperfeita que seja. Isso também significa que não é preciso descobrir qual grupo é o “certo” e, então, sentir-se obrigado a participar dele. Você nunca vai errar em passar para o lado de Jesus, julgando todas as coisas e retendo o que é bom (1Ts 5:21). Essa perspectiva não significa que todos estejam igualmente corretos no que eles afirmam. Mas deve servir para lembrar os membros que estão retornando que os grupos dentro da igreja não têm autoridade para preparar o cenário para a experiência de um indivíduo na igreja. Procure sempre a terceira opção entre dois extremos e lembre-se das palavras sábias de G. K. Chesterton:

“Todo o mundo moderno tem se dividido em conservadores e progressistas. O negócio dos progressistas é continuar cometendo erros. O negócio dos conservadores é evitar que os erros sejam corrigidos” (Illustrated London News [Jornal Ilustrado de Londres], 19 de abril de 1924. Disponível em: <https://www.christiantoday.com/article/the.wit.and.wisdom.of.gk.chesterton.10.quotes.to.make.you.think/54937.htm>).

João e Jesus viveram estilos de vida aos quais outros apontavam para desacreditar o relacionamento deles com Deus. Lembre às pessoas que retornam ao Senhor que, se muitos nos dias de Jesus agiram de maneira crítica para com o Filho de Deus e em relação ao maior “entre os nascidos de mulher”, as pessoas em nossos dias também podem fazer o mesmo. Elas devem se colocar no lugar desses homens e considerar um privilégio andar pelo caminho que eles trilharam. Por meio da comunhão com Deus, é possível se preparar para esse desafio.

“Convém que Ele cresça e que eu diminua” (Jo 3:30).

João Batista foi a primeira voz profética depois do intervalo de 400 anos desde Malaquias. Por intermédio dele, o retorno de Elias foi cumprido. João tinha discípulos que o chamavam de rabi. Ele recebeu o mais alto reconhecimento do próprio Messias. Sua fama era real e disseminada em Jerusalém. Mas sua influência e popularidade estavam prestes a despencar, em contraste com a grande fama de seu primo mais novo. Sua resposta a isso foi: “Vós mesmos sois testemunhas de que vos disse: eu não sou o Cristo, mas fui enviado como Seu precursor. O que tem a noiva é o noivo; o amigo do noivo que está presente e o ouve muito se regozija por causa da voz do noivo. Pois esta alegria já se cumpriu em mim. Convém que Ele cresça e que eu diminua” (Jo 3:28-30). Se há uma qualidade do caráter de João que vale a pena imitar é a sua humildade. O retorno ao Senhor e a uma igreja à qual pertencemos pode ser uma experiência humilhante. Mas a humildade é uma coisa maravilhosa. Se puder ser incorporada na jornada de alguém que volta a Cristo, a jornada será muito mais doce.

APLICAÇÃO PARA A VIDA

José convidou “ovelhas perdidas” de volta à igreja e, em seguida, observou que elas permaneciam amarguradas e frias, enquanto os sorridentes membros da igreja e velhos amigos os cumprimentavam amavelmente. Mais tarde, José perguntou-lhes como foi sua experiência e eles responderam: “Ninguém foi legal conosco. Apenas ficaram nos encarando. Provavelmente estivessem nos julgando”. O que realmente aconteceu foi que eles projetaram em todos os outros seus próprios sentimentos de amargura e ressentimento, enquanto os membros estavam fazendo tudo o que podiam para ser amáveis. Mas nutrir essa perspectiva permitiu que eles se afastassem da igreja e de Deus sentindo-se justificados porque “aquele ‘povo da igreja’ pensa que é melhor do que os outros”.

Oh, nessas situações considere a humildade de João Batista. Um homem que podia ver seus discípulos e sua influência migrarem para outro. Um homem cuja alegria não estava em ser o centro da admiração dos outros, mas em ver seu Senhor sendo exaltado. A igreja é um lugar de adoração. É um lugar para cantar a Deus, orar ao Senhor, estudar o Criador e entregar a vida a Ele. Se formos à igreja, mas ignorarmos o propósito pelo qual vamos – se ignorarmos a Deus – nossos egos feridos tomarão o Seu lugar.

1. Relate a história acima para a sua classe. Que tipo de trabalho de preparação deveria ser feito antes de trazer a “ovelha perdida” para dentro da igreja novamente?

2. Peça aos alunos que compartilhem testemunhos que ouviram sobre o motivo de alguém ter retornado à igreja. Há alguma característica comum nesses testemunhos? O que eles podem nos ensinar? Como eles podem nos ajudar a ter mais sucesso em nossos esforços para atrair e manter em nosso meio os membros que retornam?


Missionários cansados

O sol causticante da Amazônia tornava seu trabalho exaustivo. O pastor Reno Aguiar Guerra e a esposa, Natália, atracaram o barco no remoto vilarejo brasileiro de Democracia e bateu em cada porta, entregando convites de reuniões evangelísticas. Em seguida, os missionários fizeram um trajeto de 45 minutos em uma estrada de terra até outro vilarejo, onde também visitariam todas as casas. Ao mesmo tempo, três obreiros bíblicos paravam nas casas dos vilarejos vizinhos, convidando as pessoas para reuniões em um centro comunitário ao ar livre do vilarejo.

Os missionários realizaram essa tarefa diariamente durante um mês, antes de iniciar as séries evangelísticas. As pessoas foram para as reuniões, muitos viajam no bagageiro de três picapes alugadas e seguradas pelos missionários. Outras foram a pé. Mas poucos moradores de Democracia foram ao encontro diário de 150 pessoas.

Quando as reuniões entraram na segunda semana, Reno e Natália se cansaram. As longas caminhadas pela manhã e a aparente indiferença dos aldeões os desencorajaram. Algumas pessoas resmungavam que o casal se parecia com vendedores de porta em porta com suas visitas diárias. Outras olhavam com desconfiança para um prédio da igreja adventista que Reno contratou trabalhadores para construir. Os aldeões pertenciam a uma única denominação evangélica e falavam com preocupação sobre como as famílias foram divididas em uma aldeia vizinha quando outra denominação entrou naquela comunidade. Eles não queriam divisão em Democracia.

Depois de um dia particularmente cansativo, Reno e Natalia pareceram desfalecer no barco. “Por que estamos aqui?”, Reno perguntou. “O campo não parece estar maduro. Parece que ninguém aceitará a Bíblia.” Natália acrescentou: “Não quero fazer mais esse trabalho. Gosto muito de trabalhar, mas eles não querem aceitar a verdade.” Quase em desespero, Natalia abriu o aplicativo da Bíblia no celular e pressionou o botão para escolher aleatoriamente um verso: “Por favor, Senhor, mostre-nos porque estamos nesse lugar”, orou. O verso escolhido foi Gálatas 6:9: “E não nos cansemos de fazer o bem, pois no tempo próprio colheremos, se não desanimarmos.”

“Essa é nossa resposta!”, Natália exclamou, lendo o verso para Reno. No dia seguinte, uma senhora de meia idade chorou de alegria quando o casal parou em sua casa com o convite para as séries evangelísticas. “Esta é a minha igreja”, disse ela, apontando para o logotipo da Novo Tempo no cartão. “Esta é minha igreja há quatro anos e quero ser batizada”. Durante quatro anos, a mulher assistiu à TV Novo Tempo, afiliada brasileira do canal Hope Channel, e orou para que um pregador como os que se apresentavam no canal fosse ao vilarejo.

Em dezembro de 2017, a mulher estava entre as 50 pessoas que foram batizadas no fim das reuniões. Também foram batizadas duas irmãs, Franciene, 19, e Delciene, 16 anos, que começaram a participar depois que Natália encontrou o conselho bíblico para nunca desistir. Os pais das irmãs proibiram que elas fossem ir às reuniões, mas elas foram assim mesmo.

“Nosso pai não aceitou nossa fé e não quer que sejamos batizadas hoje, mas viemos mesmo assim”, Francine disse em um vídeo que Reno gravou para o dia do batismo. “A avó veio a nossa casa na noite passada conversar com ele. Mas disse que se nos batizássemos, seríamos punidas. Mesmo que nossa família não aceite nossa fé, queremos estar com Jesus.”

Ao ouvir as irmãs falarem sobre a fé, Reno se lembrou do sentimento de desânimo algumas semanas antes. “Pensei sobre dizer que ninguém aceitaria a Bíblia”, disse ele em uma entrevista. “Mas Deus trabalhava nos corações.” Os moradores que estavam preocupados que uma nova igreja criasse uma divisão mudaram de opinião. “Este é um tipo diferente de igreja”, disse um. “Vocês se importam conosco e não querem dividir a comunidade”, outro comentou.

Democracia foi o último local das três séries evangelísticas organizadas em 2017 por Reno, pastor do projeto barco-igreja Amazonia de Esperança, um projeto trimestral de 2016. Naquele ano, os primeiros 12 meses do barco-igreja em operação, Reno batizou 286 pessoas e plantou três igrejas. O barco – que tem uma sala de reuniões com ar-condicionado, projetor e sistema de som, e assentos para 150 pessoas – viaja para aldeias remotas ao longo do rio Amazonas. Devido à margem lamacenta que tornava impossível usar o barco para as reuniões em Democracia, o barco era usado para as outras campanhas evangelísticas.

Reno, 32 anos, que também é enfermeiro, e sua esposa de 32 anos procuram atender às necessidades físicas e psicológicas dos moradores enquanto compartilham a mensagem do evangelho. Eles não têm outra casa além das instalações do barco.

Após a experiência em Democracia, Reno e Natália se convenceram que desanimo não tem lugar na obra adventista. “Não somos nós quem fazemos o trabalho. É Deus quem prepara as pessoas antes de chegarmos”, disse Reno. “Não temos motivos para nos preocupar, porque Deus prepara as pessoas na selva amazônica através da televisão e de outros meios. O Senhor faz tudo. Nós somos apenas as ferramentas para guiar as pessoas até Ele.” Natalia, que deixou o emprego como advogada para se tornar missionária, diz: “Agradeço ao Senhor todos os dias pelo nosso trabalho.”

O casal expressa gratidão aos membros da igreja em todo o mundo por contribuírem para a compra do barco-igreja durante a oferta especial do quarto trimestre de 2016. “O barco-igreja é a maneira de Deus salvar pessoas que foram esquecidas pelos sistemas políticos, econômicos e de saúde”, disse Reno. “Mas essas pessoas não foram esquecidas por Deus.”

De acordo com Natália, “as pessoas nos vilarejos esperam por missionários e esperam conhecer Jesus. E Ele só precisa de uma pessoa que esteja disposta a dizer: 'Aqui estou, envie-me!'


Comentário da Lição da Escola Sabatina – 2º Trimestre de 2019

Tema Geral: Estações da família

Lição 13: 22 a 29 de junho

Convertendo corações no tempo do fim

Autor: Moisés Mattos

Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br

Revisora: Josiéli Nóbrega

Introdução: Circula em grupos de WhattsApp o texto abaixo em que se faz uma comparação entre duas tragédias americanas envolvendo Abraham Lincoln e John Kennedy.

Abraham Lincoln foi eleito para o Congresso dos Estados Unidos em 1846.

John F. Kennedy foi eleito para o Congresso em 1946.

Lincoln foi eleito presidente em 1860.

Kennedy foi eleito presidente em 1960.

A esposa de Lincoln perdeu um filho enquanto morava na Casa Branca.

A esposa de Kennedy perdeu um filho enquanto morava na Casa Branca.

Lincoln tinha uma secretária chamada Kennedy, que insistiu para que ele não fosse ao teatro.

Kennedy tinha uma secretária chamada Lincoln, que o instou a não ir a Dallas.

Lincoln e Kennedy foram baleados na parte de trás da cabeça na presença da esposa de cada um deles.

Lincoln foi baleado no teatro Ford.

Kennedy foi baleado em um Lincoln, fabricado pela Ford.

Os nomes Lincoln e Kennedy contêm, cada um, sete letras.

Lincoln e Kennedy foram mortos em uma sexta-feira. Seus assassinos eram sulistas.

O assassino de Lincoln era conhecido por três nomes, John Wilkes Booth, composto por quinze letras.

O assassino de Kennedy era conhecido por três nomes, Lee Harvey Oswald, composto por quinze letras.

Booth atirou em Lincoln em um teatro e fugiu para um depósito.

Oswald atirou em Kennedy em um depósito e fugiu para um teatro.

Oswald e Booth foram mortos antes de ser levados para julgamento.

O sucessor de Lincoln foi Andrew Johnson, nascido em 1808.

O sucessor de Kennedy foi Lyndon Johnson, nascido em 1908.

Tudo isso pode ser coincidência. Aliás, uma breve pesquisa na internet dirá que essa é uma lenda urbana americana de origem desconhecida, que contém partes muito contestáveis e que circula em muitas versões diferentes.

A exemplo das semelhanças entre essas duas histórias, na Bíblia existem alguns profetas que tiveram ministérios muito parecidos? Há, por exemplo uma relação entre Elias, João Batista e o Elias final (o remanescente). As últimas palavras do Antigo Testamento revelam uma poderosa profecia: “Eis que Eu vos enviarei o profeta Elias antes da vinda do grande e terrível Dia do Senhor; ele converterá o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos a seus pais, para que Eu não venha e fira a terra com maldição” (Ml 4:5, 6).

Converter o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais (Ml 4:6) é uma expressão que pode ter vários significados complementares entre si:

"A frase se refere à reconciliação do povo de Israel com o Senhor. Deus, como Pai (Is 63:16), Se converteu de Sua ira, voltando-Se para Seus filhos (Mq 7:18, 19) e os chamou a retornar a Ele (Is 44:22; Ml 3:7). A frase se refere à reconexão das gerações posteriores com seus fiéis antepassados mediante a renovação da aliança. O chamado profético para que o povo de Deus seguisse a fé dos patriarcas foi repetidamente feito no Antigo Testamento. A condição para que a terra continuasse como um abençoado lugar de habitação era a fidelidade à aliança (Dt 4:29-31). A frase se refere à restauração e renovação dos relacionamentos familiares. A relação entre pais e filhos é uma expressão prática de fidelidade à aliança com Deus. Aqui, também, o cumprimento das responsabilidades para com pais e filhos está ligado à contínua herança da terra e à bênção de Deus” (Pv 2:21; Lição de domingo).

Nesse contexto, podemos buscar na história bíblica o cumprimento dessa promessa:

I - Convertendo corações - uma breve história

1) No tempo de Elias

O tempo de Elias foi caracterizado por idolatria e generalizada apostasia entre o povo de Deus. Esse foi um período em que Acabe e sua esposa pagã, Jezabel, reinaram a seu bel-prazer. A Bíblia diz que Acabe "fez muito mais para irritar ao Senhor Deus de Israel, do que todos os reis de Israel que foram antes dele” (1Rs 16:33).

Por influência desse casal, os ensinamentos de Deus que exaltavam o casamento, a família e a pureza sexual foram ofuscados por práticas como incesto, prostituição e outras perversões. Dois episódios merecem ser brevemente analisados nesse contexto:

A) Viúva de sarepta

Como resultado do pecado houve uma seca em Israel e Elias foi acusado de ser o causador desse mal. Então, entrou em cena uma família (a da viúva de Sarepta) que deu ao profeta abrigo e proteção. Mesmo depois de receber os milagres de Deus no sustento da casa, a viúva viu seu filho morrer. Ela revelou uma crença da época segundo a qual a morte era um castigo por seu pecado (1Rs 17:18). No entanto, seu filho foi ressuscitado e ela reconheceu o poder de Deus e a identidade do profeta (1Rs 17:24). Há um contraste entre essa família humilde mas com fé em Deus, e a família de Acabe, que estava em completa rebelião contra o Senhor. Além disso, essa mãe ilustra o poder da fé dentro do lar. Mães e pais que oram por seus filhos fazem diferença e o processo de conversão acontece por obra do Espírito Santo. Esse é o processo de conversão do coração. “Se houve um tempo em que cada casa deve ser uma casa de oração, esse tempo é hoje. Pais e mães devem muitas vezes erguer o coração a Deus em humilde súplica por si e por seus filhos. Que o pai, como o sacerdote da casa, deponha sobre o altar de Deus o sacrifício da manhã e da tarde, enquanto a esposa e filhos se unem em oração e louvor. Em uma casa assim, Jesus gostará de demorar-Se” (Patriarcas e Profetas, p. 95, 96).

B) Elias e os profetas de Baal

Diante do quadro de apostasia do povo, Elias se encontrou com os profetas de Baal no monte Carmelo. O episódio que aconteceu ali é um tipo do Armagedom (Ap 16:16). Travou-se uma batalha entre o bem e o mal; entre a verdadeira e a falsa adoração. Baal tinha o perfil de um deus, e a imagem de um deus, mas não era Deus. O verdadeiro Deus estava do lado de Elias e se manifestou. "O fogo consumidor caiu, não sobre os culpados, mas sobre o sacrifício, apontando para Jesus, que foi feito “pecado por nós; para que, Nele, fôssemos feitos justiça de Deus” (2Co 5:21). Confissão e louvor irromperam dos lábios do povo. Visto que os falsos sacerdotes não responderam ao chamado de Deus, eles foram executados. Em seguida, a chuva refrescante acabou com a maldição sobre a terra” (Lição de terça-feira).

O grande objetivo de Elias era promover uma renovação da aliança e fazer com que o coração do povo se voltasse para Deus (1Rs 18:37). O ato de levantar do altar no Carmelo deve nos lembrar da importância de levantar o altar da família diariamente. Nele, pais e filhos renovam a aliança com Deus e uns com os outros. Infelizmente, "entre os membros ativos da Igreja Adventista do Sétimo Dia, 40% das famílias nunca fazem um culto doméstico, 27% realizam o culto diariamente e 33% o celebram apenas uma vez por semana" (S. Joseph Kidder, “Como criar cultos familiares edificantes”, em Willie e Elaine Oliver, Desenvolvendo Lembranças Familiares (Ministério da Família, União Central Brasileira, 2015), p. 52-57.

Ellen G. White tem uma clara advertência: “Se já houve tempo em que toda casa deveria ser uma casa de oração, esse tempo é agora” (Ellen G. White, Conselhos Sobre a Igreja, p. 155).

2) No tempo do novo Elias (João Batista)

João Batista veio preparar o coração do povo para receber o Messias que estava para chegar. Certos textos bíblicos parecem apontar nessa direção: Lucas 1:17, Mateus 11:13, 14 e Mateus 17:11-13. Neles se diz que João Batista viria “no espírito e poder de Elias”, que “Elias já [tinha vindo]” e que “[João era] Elias”. Nesses versos em que Jesus parece identificar a pessoa de Elias com João, ou João Batista com um ressurgimento do profeta Elias, deveríamos entender João não como sendo o Elias reencarnado, mas alguém que viria para cumprir uma missão semelhante à de Elias. Em Mateus 11:14, na frase “Este é Elias”, referindo-se a João, Jesus estava lançando mão de uma metáfora, como em outras ocasiões. Por exemplo, Ele Se declarou como sendo a “Porta” (Jo 10:9); quando estava na Ceia, tomando o pão, o Senhor disse: “Isto é o Meu corpo” (Mt 26:26). A Bíblia está repleta de metáforas que identificam a obra de alguém com ele mesmo. Ela diz que Jesus é a “Pedra” (1Co 10:4), mas toda pessoa de sã consciência não acredita que Ele seja uma pedra literal, mas trata-se de uma linguagem figurada que expressa Sua obra como sendo a base da igreja. De igual modo, as expressões que ligam João Batista a Elias têm por objetivo enfatizar que a missão de ambos era semelhante. Os dois tinham como alvo levar o povo ao arrependimento e à conversão bem como reafirmar a verdadeira adoração. “E converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus” (Lc 1:16).

Dessa forma, a ênfase está na semelhança da mensagem e no propósito da missão, não na pessoa. Evidências internas nos mostram que não havia preocupação dos autores bíblicos em identificar a pessoa de João Batista com Elias. Por exemplo, em João 10:41 lemos que “João não fez sinal algum.” No contexto do quarto evangelho, quer dizer que ele não fez milagres. Isso é verdade, pois notamos que Elias ressuscitou mortos, fez descer fogo do céu e fez outros sinais que não foram realizados por João Batista. No mesmo evangelho, diante da delegação que veio de Jerusalém para interrogá-lo, ele disse: “Não sou Elias” (Jo 1:21).

3) No tempo do último Elias (o remanescente)

Finalmente, o povo de Deus no tempo do fim (o remanescente de Ap 12:17) proclama a mesma mensagem de Elias, conclamando as pessoas e famílias ao arrependimento e “convertendo corações" para o Senhor. É interessante notar que, enquanto pregam aos outros, eles mesmos são transformados pelo que apregoam. As três mensagens angélicas de Apocalipse 14, falando de salvação e juízo, são semelhantes à pregação de Elias e João Batista.

Conclusão: O conteúdo salvífico deve hoje ser dirigido com o mesmo fervor e audácia de Elias e João Batista. Os três Elias (Elias, João Batista e o Remanescente) têm a mesma mensagem: “Nossa mensagem precisa ser tão direta quanto a de João. Ele repreendeu reis por sua iniquidade. Apesar do perigo que sua vida corria, ele nunca permitiu que a verdade vacilasse em seus lábios. Nesta época, nossa obra deve ser feita com a mesma fidelidade” (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 4, p. 1306).

Avancemos com a mensagem de Elias!

Conheça o autor do comentário: O Pastor Moisés Mattos graduou-se em teologia em 1989 e concluiu o mestrado na mesma área no ano 2000 pelo Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia. Cursou também uma pós-graduação em gestão empresarial. Serve à Igreja Adventista há 29 anos como professor de ensino religioso; pastor distrital; departamental em nível de Associação e União; presidente de Missão e Associação. Atualmente, exerce sua atividade como pastor na Associação Paulista Oeste-UCB. É Casado com a professora Luciana Ribeiro de Mattos, e pai de Thamires (jornalista) e Lucas (estudante de publicidade e propaganda).