Lição 6
01 a 07 de fevereiro
Da arrogância à destruição
Sábado à tarde
Ano Bíblico: Lv 1-4
Verso para memorizar: “É Ele quem muda o tempo e as estações, remove reis e estabelece reis; Ele dá sabedoria aos sábios e entendimento aos inteligentes” (Dn 2:21).
Leituras da semana: Dn 5; Ap 14:8; 17:4-6; Sl 96:5; Cl 1:15-17; Rm 1:16-32; Ec 8:11

Em Daniel 5, a Palavra de Deus apresenta um poderoso exemplo da arrogância humana que terminou de maneira impressionante e dramática. Embora Nabucodonosor tivesse levado muito tempo para aprender a lição, pelo menos ele a aprendeu. Já seu neto, Belsazar, não. Ao usar os utensílios do templo em uma orgia no palácio, o monarca os profanou. Esse ato de sacrilégio correspondia não apenas a uma contestação a Deus, mas a um ataque ao próprio Senhor. Assim, Belsazar encheu o cálice de suas iniquidades, agindo de maneira semelhante ao chifre pequeno (veja Daniel 8), que atacou os fundamentos do santuário de Deus. Ao remover o domínio de Belsazar, Deus prenunciou o que Ele fará contra os inimigos de Seu povo nos últimos dias. Os eventos narrados em Daniel 5 ocorreram em 539 a.C., na noite em que Babilônia caiu diante do exército medo-persa. Nessa ocasião, ocorreu a transição do ouro para a prata, predita em Daniel 2. 
Mais uma vez ficou evidente que Deus governa os assuntos do mundo.


Nesta semana iniciaremos o período dos Dez Dias de Oração e Resgate, de 6 a 15 de fevereiro. Ore e prepare-se para resgatar amigos.

Domingo, 02 de fevereiro
Ano Bíblico: Lv 5-7
O banquete de Belsazar

1. Leia Daniel 5:1-4; 1:1, 2. O que Belsazar fez de tão grave? Como isso revela seu verdadeiro caráter? Compare suas ações com Apocalipse 17:4-6. Quais paralelos encontramos?

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O rei ordenou que os utensílios sagrados do templo de Jerusalém fossem usados como recipientes para beber. Nabucodonosor havia se apoderado dos vasos do templo de Jerusalém, mas os tinha colocado na casa do seu deus, o que mostra que pelo menos ele respeitava o status sagrado daqueles objetos. No entanto, da maneira mais profana, Belsazar transformou os vasos sagrados em utensílios usados em uma festa idólatra.

Enquanto bebiam nos objetos sagrados, os nobres de Belsazar “deram louvores aos deuses de ouro, de prata, de bronze, de ferro, de madeira e de pedra” (Dn 5:4). Vale a pena observar que seis materiais foram mencionados. Os babilônios usavam o sistema sexagesimal (um sistema com base no número 60) em contraste com o sistema decimal usado hoje (que tem por base o número 10). Sendo assim, as seis categorias de deuses representam a totalidade das divindades babilônicas e, portanto, a plenitude do sistema religioso babilônico. Curiosamente, a ordem dos materiais segue a ordem dos componentes da estátua do sonho de Nabucodonosor, com exceção da madeira que substitui o barro. Como no sonho, a pedra aparece por último; embora nesse verso designe a composição material dos ídolos, a pedra também evoca o juízo de Deus sobre os impérios do mundo (veja Dn 2:44, 45), simbolizados por Babilônia.

Esse banquete serve como uma representação adequada da Babilônia do tempo do fim, conforme vista no livro do Apocalipse. Como Belsazar, a mulher, na Babilônia do tempo do fim, tem um cálice de ouro e oferece bebida contaminada às nações. Em outras palavras, por meio de falsas doutrinas e de um sistema de adoração distorcido, a Babilônia moderna atrai o mundo para o mal (Ap 17:4-6), alheia ao juízo que logo lhe sobrevirá.

De que maneira nossa sociedade e cultura profanam a verdade da Palavra de Deus? Como podemos ter cuidado para não participar dessa profanação, mesmo sutilmente? Apresente sua resposta para a classe no sábado.

Primeiro Deus - A fidelidade nos dízimos e ofertas nos ajudam a reverenciar a Deus.

Segunda-feira, 03 de fevereiro
Ano Bíblico: Lv 8-10
Um visitante indesejado

2. Leia Daniel 5:5-8. O que aconteceu? Por que o rei reagiu de modo tão aflito? Qual é a semelhança entre esse relato e Daniel 2? Por que essa semelhança é importante? (Veja Sl 96:5; Cl 1:15-17)

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Como Nabucodonosor havia feito em crises anteriores (Dn 2:2; 4:7), Belsazar chamou os astrólogos, os caldeus e os adivinhadores para esclarecer a misteriosa escritura na parede. E para ter a certeza de que eles dariam o melhor de si, o rei lhes prometeu honras extravagantes: (1) vestimenta de púrpura, uma cor usada pela realeza nos tempos antigos (Et 8:15); (2) uma corrente de ouro, que era um sinal de status social elevado (Gn 41:42); e (3) a posição de terceiro governante no reino. Essa última recompensa reflete com precisão as circunstâncias históricas de Babilônia naquela época. Visto que Belsazar era o segundo governante como co-regente junto ao seu pai, Nabonido, ele ofereceu a posição de terceiro governante. Mas, apesar das recompensas tentadoras, os sábios mais uma vez não apresentaram uma explicação.

Além de todos os seus pecados, o rei então tentou encontrar sabedoria no lugar errado. Os especialistas babilônicos não puderam descobrir o significado da mensagem. Ela estava escrita em sua própria língua, o aramaico, como veremos amanhã, mas eles não conseguiram entender o significado das palavras. Isso nos lembra do que o Senhor falou por meio de Isaías: “A sabedoria dos seus sábios perecerá, e a prudência dos seus prudentes se esconderá” (Is 29:14). Depois de citar esse verso, o apóstolo Paulo declarou: “Onde está o sábio? Onde, o escriba? Onde, o inquiridor deste século? Porventura, não tornou Deus louca a sabedoria do mundo? Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não O conheceu por sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que creem pela loucura da pregação” (1Co 1:20, 21).

Algumas verdades são importantes demais para que os seres humanos tentem decifrá-las por si mesmos. Por essa razão, o Senhor é quem nos revela essas realidades.


Em vista do que estava para ocorrer em Babilônia, qual seria a importância das recompensas prometidas a Daniel? O que isso revela sobre a transitoriedade das coisas do mundo? Por que precisamos sempre ter em mente a perspectiva da eternidade em tudo o que fazemos?

Terça-feira, 04 de fevereiro
Ano Bíblico: Lv 11, 12
A chegada da rainha

3. Leia Daniel 5:9-12. O que a rainha disse sobre Daniel que o rei já devia saber? O que a aparente ignorância de Belsazar quanto à existência de Daniel nos revela sobre o rei? Assinale a alternativa correta:

A. (  )Revela que o rei desconsiderava o passado de Daniel e seu Deus.
B. (  )Mostra que ele amava o Deus de Daniel e queria conhecê-Lo.

Visto que o salão de banquetes havia sido tomado de confusão por causa da mensagem misteriosa na parede, a rainha entrou e deu instruções ao atordoado rei. Ela lembrou o monarca sobre Daniel, cuja habilidade para interpretar sonhos e resolver mistérios tinha sido demonstrada durante a época de Nabucodonosor. Se Belsazar fosse tão inteligente quanto seu antecessor, ele saberia a quem recorrer para descobrir o significado dessa escrita misteriosa. A intervenção da rainha se mostrou necessária para o rei, que naquele momento parecia totalmente perdido quanto ao que fazer. Suas palavras soam como uma repreensão a Belsazar por ele ter negligenciado a única pessoa no reino que poderia interpretar a escrita misteriosa. Além disso, ela apresentou verbalmente ao monarca o currículo de Daniel: o profeta tinha o Espírito do Deus Santo, luz, inteligência e sabedoria divina, espírito excelente, conhecimento; era capaz de compreender, interpretar sonhos, resolver mistérios e explicar enigmas; ele era o chefe dos magos, astrólogos, caldeus e adivinhos na época de Nabucodonosor (Dn 5:11, 12).

A essa altura, novamente nos perguntamos por que Belsazar ignorou Daniel. O texto não oferece uma resposta direta a essa pergunta, mas presumimos que, naquele momento, Daniel, após ter servido ao rei pelo menos até o terceiro ano de seu reinado (Dn 8:1, 27), não mais estava no serviço ativo. Um fator poderia ser a idade do profeta. Ele provavelmente estivesse com cerca de 80 anos, e é possível que o rei tivesse substituído a idosa liderança por uma geração mais jovem. O rei também pode ter decidido ignorar Daniel porque não queria se comprometer com o Deus dele. Mas seja qual for a razão ou a combinação de razões, continua a ser surpreendente que alguém com um registro de trabalho como o de Daniel pudesse ter sido esquecido tão cedo.

Leia Romanos 1:16-32. De que maneira vemos o princípio expresso nesses versos manifestado não apenas nessa história, mas no mundo de hoje?

Primeiro Deus - Lembre-se de que não há felicidade verdadeira no caminho contrário à vontade de Deus.

Quarta-feira, 05 de fevereiro
Ano Bíblico: Lv 13, 14
Pesado e achado em falta

4. Leia Daniel 5:13-28. Qual foi a razão apresentada por Daniel para o iminente fim daquele rei? Assinale “V” para verdadeiro ou “F” para falso:

A.(  ) Ele havia se levantado contra o Senhor, trazendo os utensílios do templo para um banquete pagão, além de ter adorado deuses falsos.

B.(  ) Ele havia cobrado muitos impostos dos pobres.

Forçado pelas circunstâncias, o rei recorreu à consultoria de Daniel; porém, parece tê-lo feito com relutância. Isso revela mais sobre a sua atitude em relação ao Deus de Daniel do que em relação ao próprio Daniel.

Por sua vez, a resposta daquele idoso hebreu à oferta de recompensa do rei mostra suas prioridades e seu caráter. Também é provável que Daniel, conhecendo o significado das palavras misteriosas, percebesse a inutilidade da recompensa.

Daniel então fez três acusações ao rei.

Primeiramente, Belsazar havia ignorado completamente a experiência de Nabucodonosor. Caso contrário, ele teria se arrependido e se humilhado como seu antecessor.

Em segundo lugar, Belsazar havia utilizado os utensílios do templo para beber vinho e louvar seus ídolos. Nessa ocasião, Daniel mencionou, na mesma ordem apresentada anteriormente, os seis tipos de materiais usados para fazer ídolos.

Em terceiro lugar, o rei havia negligenciado a glorificação a Deus, Aquele “em cuja mão” estava a vida dele e todos os seus caminhos (Dn 5:23).

Tendo indicado os erros do rei, Daniel apresentou a interpretação. Vemos então que o grafite divino consistia em três verbos aramaicos (sendo que o primeiro foi repetido). O rei e seus sábios deveriam ter conhecido seu significado básico: MENE: “contado”; TEKEL: “pesado” e PERES [PARSIM]: “dividido”.

Com o exército medo-persa às portas de Babilônia, o rei e os sábios devem ter suspeitado de algum significado sinistro naquele escrito, mas os sábios não ousaram dizer nada desagradável ao rei. Somente Daniel provou ser capaz de decodificar a verdadeira mensagem em uma declaração que tivesse sentido, a fim de transmitir seu significado completo a Belsazar: “MENE: Contou Deus o teu reino e deu cabo dele. TEQUEL: Pesado foste na balança e achado em falta. PERES: Dividido foi o teu reino e dado aos medos e aos persas” (Dn 5:26-28). Essas não foram palavras de conforto e ânimo.


O juízo chegou rapidamente ao rei. Como podemos confiar em Deus nos casos em que, para o presente, a justiça e o juízo ainda não chegaram? (Veja Ec 3:17; 8:11; Mt 12:36; Rm 14:12).

Quinta-feira, 06 de fevereiro
Ano Bíblico: Lv 15, 16
A queda de Babilônia

5. Leia Daniel 5:29-31 e Apocalipse 14:8; 16:19; 18:2. Como a queda da Babilônia de Belsazar aponta para a queda da Babilônia do fim dos tempos?

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Quaisquer que fossem seus defeitos, Belsazar era um homem de palavra. Portanto, apesar das más notícias, ele ficou satisfeito com a interpretação dada por Daniel e, por essa razão, concedeu ao profeta os presentes prometidos. Parece que, admitindo a verdade da mensagem de Daniel, o rei reconhecia implicitamente a realidade do Deus dele. É interessante que o profeta, naquele momento, aceitou os presentes que havia recusado antes, provavelmente porque eles não podiam mais influenciar sua interpretação. Além disso, àquela altura, os presentes não tinham mais sentido já que o império estava prestes a cair. Portanto, talvez por uma questão de cortesia, o profeta aceitou as recompensas, sabendo que ele seria o terceiro governante do reino por apenas algumas horas.

Exatamente como foi anunciado pelo profeta, Babilônia caiu; e isso aconteceu rapidamente. Enquanto o rei e seus cortesãos bebiam, a cidade caiu sem sequer uma batalha. Segundo o historiador Heródoto, os persas cavaram um canal para desviar o rio Eufrates e marcharam para dentro da cidade pelo leito do rio. Naquela mesma noite, Belsazar foi morto. Seu pai, o rei Nabonido, já havia deixado a cidade, entregando-se mais tarde aos novos governantes. Assim chegou ao fim o maior império que a humanidade tinha conhecido até aquele momento. Babilônia, a cabeça de ouro, não mais existia.

“Belsazar havia recebido muitas oportunidades para conhecer e fazer a vontade de Deus. Ele tinha visto seu avô, Nabucodonosor, banido da sociedade dos homens. Ele tinha visto o intelecto, no qual o soberbo monarca se gloriava, ser levado por Aquele que o havia concedido. Ele tinha visto o rei ser expulso de seu reino e ser feito de companhia dos animais do campo. Mas o amor de Belsazar pela diversão e glorificação própria apagou as lições que ele jamais deveria ter esquecido. Além disso, ele havia cometido pecados semelhantes aos que trouxeram notáveis juízos sobre Nabucodonosor. O rei desperdiçou as oportunidades graciosamente concedidas a ele, deixando de usar as circunstâncias ao seu alcance para se familiarizar com a verdade” (Ellen G. White, Bible Echo, 25 de abril de 1898).

Quais oportunidades temos para nos tornar “familiarizados com a verdade”? O que isso significa? Quando poderemos dizer que estamos familiarizados com toda a verdade que precisamos saber?

Dez Dias de Oração e Resgate – 1 dia: hoje vamos orar por reavivamento pessoal.

Sexta-feira, 07 de fevereiro
Ano Bíblico: Lv 17-19
Estudo adicional

Grandes banquetes eram comuns nas cortes do mundo antigo. Os reis gostavam de dar festas extravagantes para mostrar sua grandeza. Embora não conheçamos os detalhes desse banquete em particular, sabemos que ele aconteceu quando o exército medo-persa estava pronto para atacar Babilônia. Mas, humanamente falando, não havia motivo para preocupação. Babilônia tinha muros fortificados, estoque de comida para muitos anos e muita água, pois o rio Eufrates fluía pelo centro da cidade. O rei Belsazar não viu problema em fazer uma festa enquanto o inimigo rodeava a cidade. Ele ordenou uma celebração importante, que logo se degenerou em orgia. Quanta arrogância humana, em contraste com o poder divino! Por meio de Daniel, Deus disse ao rei que, apesar das oportunidades que ele tivera para descobrir a verdade, ele não havia glorificado o Senhor, em cuja mão estava a vida dele e todos os seus caminhos (Dn 5:23).

“A história das nações fala a nós hoje. Deus tem designado um lugar em Seu grande plano para cada nação e cada indivíduo. Homens e nações estão sendo hoje postos à prova pelo prumo na mão Daquele que não erra. Todos estão por sua própria escolha decidindo seu destino, e Deus está superintendendo tudo para a realização dos Seus propósitos” (Ellen G. White, Profetas e Reis, p. 536).

Perguntas para discussão

1. De quais maneiras a sociedade e a cultura profanam a verdade de Deus? Como deveríamos, como igreja e como indivíduos, reagir a essas profanações?

2. O que é mais importante: o que sabemos ou nossa reação ao que sabemos? (Dn 5:22).

3. Quais princípios espirituais encontramos em Daniel 5:23? Como o texto nos adverte sobre a oposição a Deus? O que o texto revela sobre o Deus criador e mantenedor?

4. Mesmo sem saber o sentido das palavras, Belsazar ficou assustado (Dn 5:6). O que significa viver com uma consciência culpada?

Respostas e atividasdes da semana: 1. Belsazar mandou trazer ao banquete os utensílios sagrados do templo de Jerusalém para que seus convidados bebessem neles. Há um desvio de finalidade, pois ele tomou algo sagrado e usou de modo profano. Isso revela que ele não fazia distinção entre o santo e o profano. É possível observar paralelos entre as ações da mulher vestida de escarlate (Ap 17:4-6) e as ações de Belsazar. Ambos tinham um cálice de abominações na mão e estavam embriagados. 2. De repente, a mão começou a escrever palavras na parede, e o rei ficou apavorado. Ele mandou chamar os magos e feiticeiros e declarou que a pessoa que lesse e interpretasse as inscrições na parede seria honrada com ouro, púrpura e o terceiro lugar no reino. Assim como havia ocorrido com Nabucodonosor em Daniel 2, Belsazar ficou sem resposta, pois nenhum mago nem feiticeiro conseguiu ler a inscrição. Mais uma vez, o Deus do Céu atuou por meio de Daniel, o único que foi capaz de revelar a interpretação. 3. A. 4. V; F. 5. A Babilônia de Belsazar caiu pela corrupção moral e abominações cometidas diante do Senhor. Da mesma forma a Babilônia do tempo do fim cairá.


Dez Dias de Oração e Resgate – 2 dia: hoje vamos orar por cinco amigos e pelas dez horas de jejum que faremos amanhã.

Resumo da Lição 6
Da arrogância à destruição

ESBOÇO

TEXTO-CHAVE: Daniel 5

FOCO DO ESTUDO: Daniel 5:1-31; Provérbios 29:1; Salmos 75:7; Isaías 45:1, 2; Lucas 12:19, 20

Introdução

Há um estreito paralelismo entre os capítulos 4 e 5 de Daniel. Ambos os capítulos retratam de maneira vívida a soberania de Deus sobre os reinos do mundo. Em Daniel 4, o Senhor retirou o poder de Nabucodonosor por um determinado período de tempo. Em Daniel 5, o Altíssimo remove o poder de Belsazar e encerra o ciclo do reino babilônico.

Temas da lição:

1. Arrogância

Um tema que permeia o livro de Daniel e se encontra vividamente demonstrado no capítulo 5 é a arrogância dos poderes humanos em sua rebelião contra o Criador e tudo que representa Deus no mundo. Quando deveria estar mais concentrado em defender sua cidade contra o iminente ataque dos Medos e dos Persas, Belsazar estava oferecendo um extravagante banquete para seus oficiais.

2. Juízo

O blasfemo ato de Belsazar em contaminar os utensílios do templo, os quais representavam o próprio templo, constituiu um ataque direto ao próprio Deus. Nessa hora, o rei de Babilônia e o sistema que ele representava encheram o cálice da iniquidade deles. Naquele momento, o tribunal celestial pronunciou a sentença. Uma mão sobrenatural escreveu na parede do palácio a solene mensagem: MENE, MENE, TEQUEL e PARSIM.

Aplicação para a vida

Qual foi o mais flagrante pecado de Belsazar na noite da queda de Babilônia? Ainda mais grave do que oferecer uma festa hedonista, seu pior pecado foi a maneira pela qual ele tratou os utensílios do templo de Deus. O manuseio profano dos objetos sagrados simbolizava o desprezo de Belsazar pelo Deus de Israel e, finalmente, encheu o cálice da iniquidade de Babilônia. Contudo, a raiz das suas falhas se encontrava na sua rejeição em andar na luz que o Senhor lhe revelou por meio do Seu modo de tratar Nabucodonosor. A fim de evitar cometer o mesmo erro, devemos prestar muita atenção às experiências dos outros, tanto positivas quanto negativas. E o mais importante, devemos andar na luz que Deus tem derramado sobre nosso caminho mediante a Sua Palavra.

Comentário

1. Arrogância

A derradeira noite de Babilônia foi marcada por uma grande celebração. Os historiadores Xenofonte e Heródoto indicam que os babilônios estavam celebrando um festival habitual. A Bíblia não menciona as razões para a festa, mas estudiosos têm especulado que poderia ter sido o Festival Ak?tu de Ano Novo (primavera). Independentemente do motivo para a festa, com os medos e os persas prontos para atacar Babilônia (Dn 5:29-31), perguntamo-nos por que Belsazar estava festejando. O mais provável é que ele se sentisse seguro dentro da cidade, cercada por uma muralha com cerca de 7,5 metros de largura e 12 metros de altura. Dentro da cidade havia água abundante e suprimentos de comida para resistir a muitos anos de cerco. Então, Belsazar não abrigava nenhum temor de uma invasão tão iminente. A festa transmitia uma sensação de normalidade aos habitantes da cidade, apesar dos inimigos que se reuniam em volta dos muros da cidade.

No auge da celebração, Belsazar exaltou “aos deuses de prata, de ouro, de bronze, de ferro, de madeira e de pedra” (Dn 5:23), mas não glorificou ao Deus vivo. Aparentemente, ele havia se esquecido do que o Senhor tinha feito por meio de Daniel a fim de ensinar a Nabucodonosor. Contudo, o próprio ato de profanação de Belsazar indica que talvez ele não estivesse completamente inconsciente do Deus vivo. Ao tomar os utensílios sagrados do templo de Jerusalém para ser usados como taças de bebida naquela celebração profana, o rei babilônico demonstrou que não apenas se recusava a honrar o Deus dos hebreus, mas que exercia um desprezo intencional contra Ele. Ao profanar os utensílios do templo, o rei expressava o seu mais ultrajante desprezo pela realidade que esses objetos representavam, isto é, a adoração do verdadeiro Deus. Tais objetos, embora no exílio, permaneceram santos, e Belsazar deveria tê-los tratado com o mais absoluto respeito.

Isaías exigiu purificação dos exilados que levariam os utensílios sagrados de volta a Jerusalém (Is 52:11, 12). Nabucodonosor aparentemente entendeu a importância dos objetos do templo do Senhor quando os colocou no templo de seu deus. Ao contrário de seu antecessor, Belsazar não demonstrou nenhum respeito pelos utensílios do templo. Ao profaná-los em sua promíscua celebração, ele desafiou o próprio Deus.

A profanação dos utensílios sagrados por Belsazar se apresenta como outro episódio do longo conflito entre Babilônia e Jerusalém, descrito nas Escrituras. O termo Babilônia aparece pela primeira vez em Gênesis 11 (escrito como Babel na maioria das traduções), no episódio em que um grupo de rebeldes começou a construir uma torre para alcançar o céu. Desde então, um conflito entre Deus e Babilônia como uma representação das forças que se opõem ao Senhor e à Sua verdade aparece com muita frequência nas Escrituras. Quando os exércitos de Nabucodonosor invadiram Judá e destruíram completamente Jerusalém e o templo, parecia que Babilônia tinha vencido. Quando profanou os utensílios do templo de Deus, Belsazar parecia decidido a reafirmar tal aparência. Da mesma forma, ao louvar aos seus deuses e profanar os utensílios do templo, o rei de Babilônia pretendia fazer uma demonstração pública de desprezo contra o Deus dos judeus. Esse ato de profanação aponta para os ataques escatológicos (que aconteceriam no fim dos tempos) do chifre pequeno e do rei do Norte contra o povo de Deus e Seu santuário celestial, como descrito na parte profética do livro de Daniel. Posteriormente, o Apocalipse apresenta uma ilustração mais ampla do conflito entre Babilônia e Jerusalém, que culmina na destruição de Babilônia e no estabelecimento do reino eterno de Deus a partir da Nova Jerusalém.

2. Juízo

Em um momento divinamente escolhido na dissoluta orgia, uma misteriosa escritura aparece de repente na parede da sala do banquete. O rei imediatamente percebe a gravidade da situação. Embora não conseguisse ler a escrita, ele sentiu que fosse um terrível pronunciamento da iminente condenação. Mais uma vez, os magos e sábios do palácio não conseguiram produzir uma interpretação que satisfizesse ao rei. Foi somente por sugestão da rainha-mãe que o rei pediu que Daniel fosse levado à sua presença. Alguns eruditos identificam essa mulher com Nitocris, filha de Nabucodonosor, esposa de Nabonido e mãe de Belsazar.

Alguém pode se perguntar por que Daniel foi ignorado até aquele momento. A esse respeito, devemos ter em mente que Daniel havia servido até o terceiro ano de Belsazar (Dn 8:1, 27). Portanto, o idoso profeta não era estranho ao rei. Sobretudo, com base na atitude e no comportamento de Belsazar, parece que esse rei pode ter afastado Daniel por motivos políticos (religiosos).

Em sua apresentação perante o rei, o idoso profeta não mais usou a linguagem diferenciada como nas apresentações anteriores diante de Nabucodonosor. Depois de deixar claro que rejeitava as recompensas que o rei prometeu a quem interpretasse a escrita, Daniel falou ao rei nos termos mais severos. Acima de tudo, Daniel declarou a culpa de Belsazar por não aprender com a experiência de Nabucodonosor, particularmente quando esse foi expulso do trono por um período de sete anos (Dn 4). Assim, Belsazar deveria saber melhor: “Tu, Belsazar, que és seu filho, não humilhaste o teu coração, ainda que sabias tudo isto” (Dn 5:22). Portanto, a escritura na parede significava juízo para Belsazar e para Babilônia: MENE, MENE (“contou”), TEKEL (“pesou”), UPHARSIN (“e dividiu”). Ellen G. White diz que esses caracteres “luziam como fogo”, e que o rei e os outros pareciam estar “citados ante o tribunal do eterno Deus, cujo poder eles acabavam de desafiar” (Profetas e Reis, p. 524). A sentença foi pronunciada, o rei e o reino babilônico foram condenados. Apesar da interpretação desfavorável, o rei manteve sua palavra, recompensou Daniel e o tornou o terceiro governante do império babilônico, mesmo que apenas por algumas horas.

Naquela mesma noite, o inimigo desviou o curso do rio Eufrates – que corria através da cidade – até um pântano, e como o nível da água tinha abaixado, os soldados entraram em Babilônia por debaixo dos muros da cidade através do leito do rio. Belsazar foi morto e a poderosa Babilônia caiu diante dos medos e dos persas, em outubro de 539 a.C. A queda da Babilônia histórica – como o ouro deu lugar à prata – simboliza a derrota final da Babilônia espiritual no fim dos tempos, como foi sugerido nos capítulos proféticos de Daniel. Em Apocalipse, a queda da Babilônia no fim dos tempos está ligada à sexta praga, que resulta no secamento do rio Eufrates para preparar o caminho para os reis do Oriente (Ap 16:12). No fim, a cidade vitoriosa (Babilônia) é derrotada, e a cidade derrotada (Jerusalém) é estabelecida para sempre.

Aplicação para a vida

1. De que maneira você pode evitar que o erro de Belsazar (de não aprender com as experiências passadas de seu antecessor Nabucodonosor) se repita em sua vida hoje? Como você pode evitar cair na mesma armadilha de não aprender com a experiência dos outros?

2. Por que é importante saber o que Deus fez na história passada de Seu povo? O que acontece com aqueles que se esquecem do passado? Como você pode aprender sobre os atos de Deus no passado?

3. Em sua opinião, qual foi o pecado mais ofensivo de Belsazar? Justifique sua resposta.

4. Tente se imaginar no lugar de Daniel. Depois de ser desprezado, você é finalmente chamado para resolver o problema que os astrólogos, os caldeus e os adivinhos não conseguiram resolver. Como você se sentiria? Como você teria tratado o rei? Você teria aceitado as recompensas prometidas por ele?

5. Belsazar desprezou o verdadeiro Deus e louvou os deuses de ouro, de prata, de bronze, de ferro, de madeira e de pedra. Quais "deuses" hoje representam uma ameaça ao seu relacionamento com o Deus verdadeiro? Dinheiro? Status? Educação? Carreira?

6. Daniel acusou o rei de não glorificar “a Deus, em cuja mão está a tua vida e todos os teus caminhos” (Dn 5:23). Quão significativa é essa representação de Deus para você? Como você se sente sobre esse Deus? Ama? Teme?

7. De que maneira o juízo de Belsazar e a queda da Babilônia lhe asseguram que, finalmente, as forças do mal serão derrotadas? Que quadro do juízo e do caráter de Deus você pode vislumbrar a partir dessa narrativa?


Desafiando o sábado

Vincenzo Gallina, especialista em TI alemão, não compreendia o que estava acontecendo. A uma crise global parecia seguir outra: 9 de setembro, turbulência financeira na Europa, Criméia e crise migratória. Algo estava errado. Vincenzo se questionava se era o fim do mundo. Ele lutava para entender as decisões aparentemente incoerentes dos políticos, procurou respostas nos vídeos do YouTube e retornou à igreja de sua infância. Ele não havia frequentado somente os cultos dominicais, como também os cultos aos sábados e quartas-feiras. Os líderes da igreja ficaram tão impressionados com seu interesse em religião, que tentaram convencê-lo a se tornar pastor. Vincenzo não aceitou. Seu único objetivo era encontrar respostas aos eventos globais e viver uma vida santificada.

Nessa busca, ele abraçou três princípios importantes e os cultivou no coração: seguir a verdade não importa onde levasse; ser honesto com outros e especialmente consigo mesmo; e agir de modo coerente. Ler a Bíblia, entretanto, o deixou frustrado. Ele não entendia o que lia. Certa noite, ele orou desesperadamente pedindo que Deus enviasse alguém explicar a Bíblia. “Deus, me perdoe por não entender Sua Palavra”, orou. Em suas pesquisas no YouTube, ele encontrou o sermão de um evangelista adventista. Ao assistir ao vídeo, algo aclarou em sua mente. Ele gostou que o evangelista usava a Bíblia para corroborar com tudo que ele dizia.

Em pouco tempo, ele via cinco sermões por dia, sua mente absorvia esse novo conhecimento como uma esponja. Convenceu-se de que o sétimo dia era o dia sagrado e começou a frequentar uma igreja adventista da cidade, Colônia, aos sábados. Ele queria adorar o Deus Criador. Queria provar o equívoco do mal que diz ser impossível guardar os mandamentos de Deus. Ele queria ser honesto e seguir a verdade não importa onde quer que isso levasse.

O fato de que ainda morasse com os pais dificultou sua decisão em favor de uma vida santa. Seus pais não oravam antes das refeições e assistiam à TV aos sábados. Dúvidas surgiram em sua mente sobre a importância de guardar o sábado. Ele ponderou as palavras de Jesus em Marcos 2:27, E então lhes disse: "O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado.” Lembrou-se da fala de Paulo: “Porque vocês não estão debaixo da lei, mas debaixo da graça” (Rom 6:14), e deixou de guardar o sábado. 

Em uma noite de sexta-feira, após o pôr do sol, Vincenzo estava trabalhando no computador quando ouviu uma voz: “Você não está guardando um dos Meus mandamentos.” Então, lembrou-se de seu princípio de ser honesto com os outros e consigo mesmo. “Sim, não estou guardando o sábado”, Vincenzo disse. “Mas é realmente importante?” E voltou às suas atividades. “Você não está guardando a lei“, a voz insistia. “O que você está fazendo não é correto.” Ele questionou: “Mas é realmente tão importante guardar esse dia?” Tomando sua Bíblia, argumentou: “Jesus não disse que o homem é feito para o sábado? Não estamos mais debaixo da lei?” 

A voz não desistiu de falar. Finalmente, Vincenzo orou pedindo orientação. Ajoelhou-se e, com a Bíblia nas mãos, pediu a Deus uma resposta clara. “Você deseja que eu guarde o sábado? Esse dia é importante? Eu preciso de ajuda para tomar essa decisão.” Ele pensou que precisava criar uma oportunidade para Deus responder. Olhando a Bíblia em sua mão, decidiu abrir aleatoriamente e aceitar qualquer resposta que Deus lhe desse. Vincenzo fechou os olhos e abriu a Bíblia. Ao olhar a Bíblia leu Isaías 58:13, 14: "Se você vigiar seus pés para não profanar o sábado e para não fazer o que bem quiser em meu santo dia; se você chamar delícia o sábado e honroso o santo dia do Senhor, e se honrá-lo, deixando de seguir seu próprio caminho, de fazer o que bem quiser e de falar futilidades, então você terá no Senhor a sua alegria.”

Vincenzo começou a chorar. Ele não podia continuar trabalhando após uma resposta como essa. Desligou o computador e abriu a Bíblia. Desde então, Vincenzo não tem mais dúvida sobre a observância do sábado. Voltou a frequentar a igreja aos sábados e, agora aos 29 anos, ele é membro fiel da igreja adventista.

Parte da oferta do trimestre ajudará a reformar o prédio central da Marienhöhe Academy em Darmstadt, Alemanha. Muito obrigado por sua generosa oferta.

 

Dicas da história

• Pronúncia de Vincenzo: .
• Assistir ao vídeo sobre Vincenzo no YouTube: http://bit.ly/Vincenzo-Gallina.
• Fazer o download das fotos no Facebook (bit.ly/fb-mq) ou banco de dados ADAMS (bit.ly/Challenging-the-Sabbath).
• Fazer o download das fotos dos projetos do trimestre no site: bit.ly/eud-2020-projects.


Comentário da Lição da Escola Sabatina – 1º Trimestre de 2020
Tema Geral: Daniel
Lição 6 – 1º a 8 de fevereiro

Da arrogância à destruição

Autor: Marcelo Rezende
Editor: André Oliveira Santos
Revisora: Josiéli Nóbrega

Embora o texto do capítulo 5 de Daniel inicie uma nova história, o seu conteúdo deve ser entendido à luz do relato e da experiência de Nabucodonosor no capítulo anterior, apresentando um paralelo de contraste. Ambos os capítulos formam o centro da parte aramaica do livro, tendo no final do capítulo 5 o clímax desta seção. Daniel 4:37 encerra o louvor de Nabucodonosor com a afirmação de que Deus “pode humilhar os que andam na soberba”. O capítulo seguinte nos mostra como isso aconteceu na última noite da história do Império Neobabilônico.

A combinação de registros históricos antigos feitos por Heródoto, Xenofonte, juntamente com informações presentes na “Crônica de Nabonido”, nos permite vislumbrar detalhes de como a queda de Babilônia ocorreu: Os exércitos persas fizeram um canal com o objetivo de diminuir o fluxo do rio Eufrates, que cruzava a cidade, e dessa forma conseguiram entrar no espaço amuralhado de Babilônia, subjugando a cidade sem nenhuma batalha, no dia 12 de outubro de 539, 23 anos após a morte de Nabucodonosor. Daniel nos conta a mesma história, mas da perspectiva do que ocorria no interior do palácio naquela noite.

1 – Arrogância

Belsazar decidiu “reencenar” diante dos seus convidados a história da queda de Jerusalém, da conquista do reino de Judá e a subsequentes experiências de Nabucodonosor, seu avô (não era seu pai), com o Deus dos judeus, com o propósito de exaltar o poder do reino babilônico e de seus deuses. Tendo isso em mente, ele mandou trazer os tesouros e vasos sagrados do Templo, bebeu vinho neles e os utilizou na orgia de sua festa, oferecendo louvores aos “deuses de ouro, de prata, de bronze, de ferro, de madeira e pedra” (Dn 5:4), 6 elementos, número da adoração babilônica, quase oferecendo uma paródia do sonho da estátua de Nabucodonosor, demonstrando um possível conhecimento da história do sonho e um total desprezo por sua interpretação. Esse ato era uma negação de toda a experiência espiritual vivida por Nabucodonosor, o que poderia ser até mesmo entendido como um desrespeito à memória do rei, como também uma negação da situação política que ocorria do lado de fora do palácio, com a cidade sendo invadida pelos persas.

2 – Juízo

Daniel foi introduzido diante do rei por intermédio da rainha-mãe, possivelmente a avó de Belsazar, viúva do rei Nabucodonosor, que havia presenciado diversos episódios do relacionamento do antigo rei com Daniel e sua experiência de conversão. Seguindo a linha dos demais profetas do Antigo Testamento, Daniel realizou uma espécie de “Riv” (Dn 5:18-23), um tipo de julgamento formal de condenação para aqueles que haviam quebrado a aliança feita com Deus, que tinha como característica principal relembrar os atos misericordiosos da fidelidade divina no passado e que haviam sido desprezados pelos que foram beneficiados por eles.

O texto aramaico do capítulo 5 apresenta vários jogos de palavras que esclarecem detalhes da narrativa. A palavra “trazer” (nefak) aparece nos v. 2 e 3 para descrever as ações arrogantes e insolentes do rei contra Deus, o que “traz” contra ele o juízo anunciado pela mão que aparece (nefak) escrevendo na parede. As palavras escritas também formam um tipo de jogo – Mene, Mene, Tequel e Parsim. Cada uma dessas palavras representa medidas de peso utilizadas em transações comerciais: mene – mina (600 gr.); tequel – shekel (10 gr.) e parsim – meia mina (300 gr.), que, além de trazer a raiz do verbo “dividir” (prs, perisat – dividido), faz um trocadilho sonoro com a palavra “persas”, a nacionalidade dos soldados dos exércitos que precisamente naquele momento estavam conquistando Babilônia. A cada uma das quatro palavras escritas o profeta acrescentou uma interpretação feita também pelo uso de quatro palavras. O número quatro representava um ciclo completo: quatro reinos da estátua de Daniel 2 e quatro reis que governaram Babilônia após Nabucodonosor: Amel-Marduk, Neriglissar, Labashi-Marduk e Nabonido (pai de Belsazar, que dividiu o governo em co-regência com seu filho). Daniel leu as palavras como substantivos, mas as explicou como verbos passivos: mene – contado; tequel – pesado; e peres (forma singular de parsim) - dividido. A certeza da intepretação e da ação condenatória do juízo divino foi expressa pelo uso do tempo passado, que descreve ações como já concluídas.

É interessante notar também que as três palavras escritas na parede representam três medidas “completas” seguidas de uma palavra que representa a “metade” de uma medida inteira, criando um paralelo aos metais da estátua de Daniel 2, que era composta de três elementos “completos”: o ouro, a prata e o bronze, seguidos pelo ferro – o quarto material que foi dividido (incompleto). A mesma soma de medidas é encontrada na expressão usada para descrever a duração do tempo de perseguição do poder opressor do povo de Deus, que encarna o espírito babilônico na história, “um tempo, dois tempos e metade de um tempo (Dn 7:25; 12:7). Essa divisão atesta a certeza de que as ações humanas contra Deus, por mais poderosas e influentes que sejam, são todas incompletas e tem seu tempo de duração determinado por Ele. Acrescenta-se a essa ideia o significado do número 6, considerado sagrado para os babilônicos, que é uma clara afirmação da incompletude humana, que não alcança o 7 da perfeição divina.

A história da queda de Babilônia é usada em Apocalipse 17 para descrever profeticamente a destruição final do sistema de poder com base na união entre os poderes políticos e religiosos, em atuação no tempo do fim. O poder desse sistema babilônico é sustentado pelos povos, as águas sobre as quais Babilônia está assentada (Ap 17:15), representando toda a sociedade humana que alimenta esse sistema e é usada como massa de manobra para alcançar seus objetivos nefastos.

Estamos vivendo numa sociedade inserida nesse sistema, que está anestesiada pela busca do prazer e do sucesso e, como Belsazar em seu baquete, vive completamente alheia às ações do cenário espiritual atual e ignorante da proximidade da segunda vinda de Jesus. Mesmo para aqueles que têm consciência dessa realidade, Jesus faz uma advertência em Lucas 21:34: “Acautelai-vos por vós mesmos, para que nunca vos suceda que o vosso coração fique sobrecarregado com as consequências da orgia, da embriaguez e das preocupações deste mundo, e para que aquele dia não venha sobre vós repentinamente, como um laço”. Podemos não nos entregar ao “festim de Belsazar” na prática de nossa vida diária, mas “as consequências” do estilo de vida atual, os objetivos, prioridades e os valores que formam a base para a medida de sucesso presentes na visão de mundo de nossa sociedade hoje, podem dominar nossa vida e definir nossa personalidade. Devemos estar atentos a esse sutil domínio de Babilônia sobre nós.

Conheça o autor dos comentários para este trimestre:

Atualmente, Marcelo Rezende é pastor do distrito de São Carlos, na Associação Paulista Oeste. Há 20 anos é pastor e tem servido a igreja em diversas funções ministeriais. Possui mestrado em teologia bíblica com ênfase em teologia paulina pelo Unasp-Engenheiro Coelho. É casado com Simone Ramos Rezende e juntos têm dois filhos: Sarah (que nasceu em um dia 22 de outubro – os que estudarem a lição de Daniel entenderão!), e o caçula Daniel (o mesmo nome do profeta!).

 

1 Mervin Maxwell, Uma Nova Era Segundo as Profecias de Daniel, p. 86.
2 Jaques Doukhan, Secretos de Daniel – Sbiduría y sueños de un príncipe hebreo em el exílio, p. 86.
3 Zdravco Stefanovic, Daniel – Wisdom to the wise, p. 199.