Lição 10
28 de agosto a 03 de setembro
Descanso sabático
Sábado à tarde
Ano Bíblico: Ez 1-3
Verso para memorizar: “Seis dias vocês trabalharão, mas o sétimo dia será o sábado de descanso solene, santa convocação; não façam nenhuma obra; é sábado dedicado ao Senhor onde quer que vocês morarem” (Lv 23:3).
Leituras da semana: Gn 1:26, 27; Gn 9:6; 2Pe 2:19; Rm 6:1-7; Êx 19:6; Jo 5:7-16

Ouvimos todos os tipos de argumentos contra a guarda do sétimo dia, o sábado, não é mesmo? Coisas do tipo “Jesus mudou o sábado para o domingo”, ou que Jesus aboliu o sábado, ou que Paulo o anulou, ou ainda que os apóstolos substituíram o sábado pelo domingo em homenagem à ressurreição de Jesus. Nos últimos anos, surgiram argumentos mais sofisticados, alegando, por exemplo, que Jesus é nosso descanso sabático e que, portanto, não precisamos santificar o sábado nem qualquer outro dia. Sempre haverá o estranho argumento de que, descansando no sábado, estamos de alguma forma procurando obter o Céu. Por outro lado, alguns cristãos têm se interessado mais pela ideia de descanso, de um dia de repouso, e, embora argumentem que esse dia é o domingo ou que o dia não importa, assimilaram a noção bíblica de descanso e por que ela é importante.

Entendemos a perpetuidade da lei moral de Deus e que a obediência ao quarto mandamento não significa tentar obter o Céu, da mesma forma que a obediência aos outros mandamentos também não significa isso.

Nesta semana, continuaremos examinando o descanso que Deus nos deu no mandamento do sábado e por que ele é importante.



Domingo, 29 de agosto
Ano Bíblico: Ez 4-7
O sábado e a criação

De todos os Dez Mandamentos, somente o quarto começa com o verbo “lembrar”. Não está escrito: “Lembre-se de que você não deve furtar” ou “Lembre-se de que você não deve cobiçar”. Existe apenas “Lembre-se do dia de sábado [...]”. A ideia de “lembrar” pressupõe história; implica que algo aconteceu no passado do qual precisamos nos lembrar. Quando nos lembramos, fazemos conexões com o passado, e “lembre-se do dia de sábado, para o santificar”, marca um retorno direto à semana da criação.

1. Por que o ser humano é especial e radicalmente diferente do restante da criação de Deus? Por que é tão importante entender essa distinção? Gn 1:26, 27; 9:6

Quando nos lembramos da criação, vemos que fomos criados à imagem de Deus, algo que não é dito a respeito de nenhuma outra criatura. Os seres humanos são radicalmente diferentes de qualquer outra criatura no planeta, independentemente do quanto nosso DNA tenha algo em comum com outros animais. E, ao contrário da mitologia popular, não somos meros macacos avançados nem versões mais evoluídas de algum primata primitivo. Como seres humanos, feitos à imagem de Deus, somos singulares entre tudo o que Deus criou neste mundo.

2. Como a história da criação nos lembra de nosso relacionamento com as coisas criadas? Gn 2:15, 19

Perceber que Deus também criou nosso mundo nos lembra de nossa responsabilidade para com as coisas criadas. Devemos “ter domínio” sobre as criaturas. Ter domínio não significa abusar. Temos que governar como regentes de Deus. Precisamos interagir com o mundo natural como Deus o faria.

O pecado estragou e desordenou tudo, mas a Terra ainda é criação de Deus, e nada nos dá o direito de explorá-la em detrimento de outros seres humanos, o que tantas vezes acontece.

Além de ser um memorial de Deus como Criador, como a guarda do sábado nos ajuda a ter mais consciência de nossa necessidade de sermos bons mordomos do meio ambiente?


Segunda-feira, 30 de agosto
Ano Bíblico: Ez 8-10
Celebrando a liberdade

Como vimos, o sábado nos aponta para mais do que apenas os dias da criação. A segunda vez em que os Dez Mandamentos foram pronunciados, Moisés estava recapitulando os 40 anos de Israel no deserto. Dessa vez, a frase que apresenta a razão para santificar o sábado não diz respeito à criação, mas à libertação da escravidão e do cativeiro no Egito (Dt 5:12-15). Embora hoje não sejamos escravos no Egito, enfrentamos outro tipo de escravidão que, de certa forma, pode ser tão opressiva quanto aquela.

3. Que outras formas de escravidão enfrentamos hoje? Gn 4:7; Hb 12:1; 2Pe 2:19

O sábado é uma celebração da liberdade de tudo que nos mantém em cativeiro. No sábado somos lembrados de que existe libertação do pecado, não em nosso próprio poder, mas no poder de Deus, que é oferecido a nós pela fé. Também somos lembrados de que não merecemos essa liberdade. Os primogênitos israelitas foram salvos pelo sangue do cordeiro espalhado nos umbrais das portas na noite anterior ao êxodo do Egito (Êx 12). Também fomos salvos pelo sangue do Cordeiro e agora devemos andar na liberdade que é nossa em Cristo Jesus.

4. O texto de Romanos 6:1-7 pode ser relacionado ao que recebemos no sábado?

Em Deuteronômio 5:15 – “Lembre-se de que você foi escravo na terra do Egito e que o Senhor, seu Deus, o tirou de lá com mão poderosa e braço estendido” – o povo foi lembrado, novamente, de que a obra de Deus em seu favor o tinha salvado. Quanto mais devemos nós, como cristãos, perceber que somente a obra de Cristo e Seu poder nos salvam do pecado!

Esse mandamento nos ordena a descansar na salvação que Deus conquistou para nós mediante Seu braço poderoso. Somos libertos de nossas tentativas de justificação ao nos lembrarmos de que Deus é o Criador e que podemos confiar que Ele também nos recriará e nos libertará, hoje mesmo, da escravidão do pecado, se permitirmos que Ele trabalhe em nós.

Qual tem sido sua experiência com a escravidão do pecado? Como podemos nos apropriar das promessas que recebemos em Jesus de libertação dessa escravidão?


Terça-feira, 31 de agosto
Ano Bíblico: Ez 11-13
O estrangeiro dentro das tuas portas

5. Leia Êxodo 19:6. O que esse texto revela sobre a condição do antigo Israel? 1Pe 2:9

Israel tinha sido chamado do Egito para ser o povo da aliança de Deus – a nação por meio da qual o evangelho teria sido propagado ao mundo, caso eles tivessem permanecido fiéis. Eles eram o objeto do cuidado e do interesse especial de Deus, recebendo privilégios especiais e, ao mesmo tempo, responsabilidades especiais.

6. O que mais ocorre em Êxodo 23:12? Como Deus via os outros além dos israelitas?

Muitas pessoas não se dão conta da universalidade do sábado. O erro mais comum é dizer que o sábado foi apenas para os judeus, erro exposto nos primeiros dois capítulos de Gênesis. Afinal, Deus criou todas as pessoas; então, todos devem se lembrar do dia de sábado.

Embora devamos sempre ter em mente o que o sábado representa para nós, precisamos nos lembrar também do que ele nos revela sobre os outros. De certa forma, nosso descanso e relacionamento com o Criador e Redentor nos levará automaticamente a enxergar os outros com novos olhos, a vê-los como seres criados pelo mesmo Deus que nos criou, amados pelo mesmo Deus que nos ama e que morreu por eles, assim como por nós. Como vimos (Êx 20:10; Dt 5:14), os servos, os estrangeiros e até os animais deveriam participar do descanso sabático.

Até mesmo os estrangeiros que viviam em Israel, isto é, aqueles que ainda não participavam das promessas da aliança feitas a Israel, deveriam desfrutar do descanso sabático. Isso é muito revelador. Os seres humanos, e mesmo os animais, jamais deveriam ser explorados, nem abusados. Todas as semanas, assim como o povo hebreu, devemos ser lembrados poderosamente do quanto temos em comum com outras pessoas, e mesmo que desfrutemos de bênçãos e privilégios que outros não desfrutem, devemos nos lembrar de que ainda fazemos parte da mesma família humana e, portanto, devemos tratar os outros com respeito e dignidade.

Sua guarda do sábado poderia se tornar uma bênção para aqueles que não guardam esse dia? Ou seja, como você pode usar o sábado como testemunho para outras pessoas?


Quarta-feira, 01 de setembro
Ano Bíblico: Ez 14-17
O serviço ao próximo honra o sábado de Deus

No Novo Testamento, os líderes religiosos tinham a guarda do sábado como uma “arte”. Havia dezenas de proibições e regras estabelecidas para ajudar na santificação do sábado. Essas regras incluíam a proibição de amarrar ou desamarrar qualquer coisa, de separar dois fios, de apagar uma fogueira, de transportar um objeto entre um domínio privado e o domínio público, ou de transportar algo além de uma distância específica na esfera pública.

7. Que acusação foi feita contra Jesus em João 5:7-16?

Ignorando o milagre e a libertação do homem, os líderes ficaram obcecados com o fato de o homem curado carregar a cama em público no sábado. Em vez de ver como o “Senhor do sábado” (Mc 2:28) utilizava esse dia especial, os líderes se empenhavam em manter suas regras. À nossa maneira e em nosso contexto, não devemos cometer erros semelhantes.

8. Como Isaías 58:2, 3 descreve a intenção de Deus para a guarda do sábado?

Deus não deseja adoração vazia nem silêncio piedoso. Ele deseja ver Seu povo engajado com outras pessoas, especialmente os oprimidos e marginalizados. “Se vigiarem os seus pés, para não profanarem o sábado; se deixarem de cuidar dos seus próprios interesses no Meu santo dia; se chamarem ao sábado de ‘meu prazer’ e ‘santo dia do Senhor, digno de honra’; se guardarem o sábado, não seguindo os seus próprios caminhos, não pretendendo fazer a sua própria vontade, nem falando palavras vãs, então vocês terão no Senhor a sua fonte de alegria. Eu os farei cavalgar sobre os altos da terra e os sustentarei com a herança de Jacó, seu pai. Porque a boca do Senhor o disse” (Is 58:13, 14).

Buscar o nosso “prazer” (Is 58:13, ou nossos “interesses”) equivale a “profanar o sábado”. A vontade humana não faz parte do ideal de Deus para o sábado. Somos convidados a cuidar dos que lutam, que são cativos, famintos e nus, que caminham nas trevas, cujos nomes ninguém se lembra. Mais do que outros dias da semana, o sábado deve nos tirar do egoísmo e nos fazer pensar mais nos outros e nas necessidades deles do que em nós mesmos.



Quinta-feira, 02 de setembro
Ano Bíblico: Ez 18-20
O sinal de que pertencemos a Deus

Durante a Segunda Guerra Mundial, a Inglaterra esperava uma invasão iminente do exército alemão. Na medida do possível, foram feitos preparativos para defender a ilha natal. Fortificações adicionais foram instaladas nas praias. As estradas ofereceriam ao inimigo as rotas mais rápidas para seus objetivos e, consequentemente, foram instalados bloqueios em pontos estratégicos. As autoridades inglesas então fizeram algo estranho. Para atrasar e confundir o inimigo, as placas das ferrovias e as placas de trânsito foram removidas. Sinais gravados em pedra ou edifícios não podiam ser retirados, mas foram cobertos com cimento. Os sinais são importantes. Eles servem como indicadores e guias. Antes do GPS, todos tínhamos mapas e contávamos com os sinais da estrada.

9. Do que o sábado é um sinal? (Leia Êx 31:13, 16, 17). Como podemos aplicar essas palavras a nós, que cremos na perpetuidade da lei de Deus?

Embora essas palavras tenham sido ditas ao antigo Israel, nós que somos de Cristo somos “descendentes de Abraão e herdeiros segundo a promessa” (Gl 3:29), e o sábado hoje continua sendo sinal entre Deus e Seu povo. Êxodo 31 destaca que o sábado é sinal da aliança perpétua de Deus (Êx 31:16, 17). Esse sinal nos ajuda a “conhecer” o Criador, Redentor e Santificador. É como uma bandeira levantada a cada sete dias e que funciona para nos ajudar a lembrar, já que tendemos a esquecer.

O sábado é um lembrete constante de nossas origens, libertação, destino e responsabilidade para com os rejeitados e marginalizados. O sábado é tão importante que, em vez de irmos a ele, ele vem a nós a cada semana – uma lembrança perpétua de quem somos, de quem nos fez, do que Deus faz por nós, e do que Ele fará por nós no novo Céu e na nova Terra.

O Deus santo convida a humanidade, Sua parceira na aliança, a considerar o ritmo que governa o que realmente tem valor – o relacionamento salvífico entre o Criador e Suas obstinadas criaturas. A cada semana, com a força e a autoridade de Deus, somos ordenados a entrar no descanso que recebemos gratuitamente em Cristo, “o Autor e Consumador da fé, [...] o qual, em troca da alegria que Lhe estava proposta, suportou a cruz” (Hb 12:2).

Como você pode ter uma experiência mais profunda com Deus durante o sábado?


Sexta-feira, 03 de setembro
Ano Bíblico: Ez 21-23
Estudo adicional

Durante toda a semana cumpre-nos ter em mente o sábado e fazer a preparação indispensável, a fim de observá-lo conforme o mandamento. Não devemos observá-lo simplesmente como uma questão de lei” (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, v. 6, p. 353). “Todo o Céu celebra o sábado, mas não de maneira ociosa e negligente. Nesse dia todas as energias do coração devem estar despertas, pois vamos nos encontrar com Deus e com Cristo, nosso Salvador. Podemos contemplá-Lo pela fé. Ele está desejoso de refrigerar e abençoar cada pessoa” (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, p. 362).

“As demandas para com Deus são ainda maiores no sábado do que nos outros dias. Seu povo deixa então as tarefas comuns e passa mais tempo em meditação e adoração. Pedem-Lhe mais favores no sábado do que nos outros dias. Exigem-Lhe a atenção de modo especial. Anseiam Suas mais preciosas bênçãos. Deus não espera que o sábado passe para atender esses pedidos. A obra no Céu não cessa nunca, e o ser humano não deve descansar de fazer o bem. O sábado não se destina a ser um período inútil de inatividade. A lei de Deus proíbe trabalho secular no dia de repouso do Senhor; a atividade que constitui o ganha-pão deve ser interrompida; nenhum trabalho que vise prazer ou proveito mundanos é lícito nesse dia; mas, como Deus cessou Seu trabalho de criar e repousou no sábado, e o abençoou, assim o ser humano deve deixar as ocupações da vida diária e dedicar essas sagradas horas a um saudável repouso, ao culto e a boas obras. O ato de Cristo em curar o enfermo estava em perfeito acordo com a lei. Era uma obra que honrava o sábado” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 207).

Perguntas para consideração

1. Como ser mordomos do meio ambiente sem aderir a agendas políticas?

2. Como promover com mais fervor a mentalidade de servir? Como o sábado nos oferece mais oportunidades de fazer exatamente isso?

3. O sábado nos ajuda a ver as pessoas com os olhos de Deus. As diferenças raciais, étnicas, socioeconômicas e sexuais são irrelevantes, pois fomos feitos à imagem de um Deus que nos ama. O sábado nos ajuda a lembrar dessa verdade?

Respostas e atividades da semana:

1. Somos os únicos feitos à imagem e semelhança de Deus. Somos especiais. 2. Deus deu ao ser humano domínio sobre os outros seres vivos. A responsabilidade humana era cuidar do jardim e dos animais. 3. A escravidão do pecado. 4. Sim. O sábado é sinal da morte para o pecado e ressurreição para uma nova vida. 5. Israel devia ser um reino de sacerdotes e uma nação santa. 6. Deus ordenou que os israelitas e estrangeiros descansassem no sábado. 7. De que Ele transgredia o sábado, pois curava nesse dia. 8. O plano de Deus era que a guarda do sábado fosse prazerosa e de que cuidássemos dos interesses do nosso próximo nas horas sagradas. 9. De que Deus nos santifica e de que Ele é nosso Criador.



Resumo da Lição 10
Descanso sabático

ESBOÇO

Você já perdeu alguma coisa sem perceber que o que procurava estava bem à vista? Suponha que tenha perdido as chaves do carro. Você procurou por toda a casa, mas não conseguiu encontrá-las. De repente, lembrou que estavam no bolso do paletó pendurado no guarda-roupa ou na bolsa pendurada na cadeira da cozinha.

Deus nos deu o dom de lembrar. E se não o tivéssemos? E se a única coisa que pudéssemos conhecer fosse o presente? A vida seria terrivelmente complicada. Na lição desta semana, vamos voltar ao assunto do sábado e olhar para ele de uma perspectiva diferente. Você deve se recordar de que o quarto mandamento começa com a expressão “Lembre-se”. Nenhum dos outros mandamentos começa assim. Lembrar pressupõe que você já soubesse. O mandamento do sábado é um lembrete perpétuo para o mundo inteiro a respeito da autoridade criativa divina. Onde quer que estejamos no mundo, quer o reconheçamos ou não, o sábado vem a todos os seres humanos para lhes oferecer bênçãos a cada sétimo dia.

Em toda a Bíblia, o sábado nos lembra que Cristo nos redimiu, nos libertou, nos recriou e voltará para nos buscar. A lição ressalta o fato de que, no plano eterno de Deus, o sábado é um dia de bênção, deleite, adoração e serviço. Especialmente no sábado, quando nos demoramos em Sua presença, participamos do culto coletivo e O buscamos mais uma vez, Ele nos recria à Sua imagem.

COMENTÁRIO

Em 2008, foi publicado um artigo intitulado “Neuroteology: Are We Hardwired for God?” [Neuroteologia: somos projetados para Deus?]. O artigo cita Dean Hamer, um PhD geneticista comportamental. O autor do fascinante artigo, René J. Muller, PhD, afirma: “Em 2004, Hamer publicou The God Gene: How Faith is hardwired Into Our Genes [O Gene Divino: como a fé está interligada a nossos genes], apresentado em uma matéria de capa da revista Time sobre neuroteologia. Hamer deixou claro que utilizou em seu trabalho ferramentas das ciências naturais: ‘A primeira tarefa para qualquer cientista que tente ligar a genética à espiritualidade é mostrar que a espiritualidade pode ser definida e quantificada.’” “O trabalho de Hamer não é demonstrar a existência de Deus, que é domínio da religião, mas sim mostrar que a espiritualidade é um fenômeno real que pode ser descrito e medido. [...] A religião, acredita ele, está enraizada na educação, e a espiritualidade, na natureza humana” (René J. Muller, PhD, Psychiatric Times, Neurotheology: Are We Hardwired for God?, 2 de maio de 2008. Disponível em bit.ly/38r1NIt. Acessado em 8 de fevereiro de 2020). Hamer se une a um número cada vez maior de cientistas que creem que somos “projetados para Deus”.

O texto de Gênesis 1:26 relata a criação dos seres humanos. “E Deus disse: – Façamos o ser humano à Nossa imagem, conforme a Nossa semelhança”. Em Gênesis 1:27, a narrativa bíblica continua: “Assim Deus criou o ser humano à Sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”.

Os seres humanos foram criados à imagem de Deus. O que significa isso? Certamente, significa mais do que mera semelhança física. Animais e humanos procriam. A imagem divina tem a ver com a totalidade de quem somos física, mental, emocional e espiritualmente. Recebemos consciência, razão e julgamento para tomar decisões morais e éticas. Mas, acima de tudo, em nosso código genético, em nosso DNA, no nível mais profundo do nosso ser, está escrito que somos adoradores. O sábado preenche o vazio doloroso do coração e nos reconecta com nosso Criador. O sábado não é um requisito legalista ou uma instituição exclusivamente judaica. O sábado é uma celebração da vida que Cristo nos deu. É um lembrete para cuidar do meio ambiente ao nosso redor, que é objeto dos cuidados de nosso Criador.

O sábado e o meio ambiente

Quando Deus colocou Adão e Eva no Jardim do Éden, Ele os instruiu a cultivá-lo e guardá-lo (Gn 2:15). Adão também teve o privilégio de nomear todos os animais (Gn 2:19, 20). Nossos primeiros pais eram próximos da natureza em sua casa no jardim e foram instruídos por Deus a preservar seu ambiente natural. O sábado era um lembrete semanal de seu relacionamento com Deus e com o meio ambiente. Adorar o Criador também inclui cuidar de Sua criação. Atualmente, a poluição industrial está destruindo nosso planeta. “A poluição tóxica afeta mais de 200 milhões de pessoas em todo o mundo, de acordo com a Pure Earth [Terra Pura], uma organização ambiental sem fins lucrativos. [...] Os americanos geram 30 bilhões de copos de isopor, 220 milhões de pneus e 1,8 bilhões de fraldas descartáveis todos os anos, de acordo com a Green Schools Alliance [Aliança de Escolas Verdes].

“[...] A poluição na China pode alterar os padrões climáticos nos Estados Unidos. São apenas cinco dias para que a corrente de ar leve a poluição atmosférica da China para os Estados Unidos, impedindo que as nuvens produzam chuva e neve. Cerca de 7 milhões de mortes prematuras anualmente estão relacionadas à poluição do ar, de acordo com a Organização Mundial de Saúde. Isso representa uma em cada oito mortes em todo o mundo”. (Alina Bradford, “Pollution Facts and Types of Pollution” [Fatos sobre a poluição e tipos de poluição], Live Science, 28 de fevereiro de 2018. Disponível em bit.ly/3v9SlD1. Acessado em 8 de fevereiro de 2020). O sábado é como se fosse um toque de clarim que chama a atenção para o cuidado com a criação de Deus.

O sábado e a libertação

Ao reafirmar o mandamento do sábado para uma nova geração quase pronta para entrar na terra prometida, Moisés iniciou com as palavras “Guarde o dia de sábado” e concluiu com “Lembre-se de que você foi escravo na terra do Egito e que o Senhor, seu Deus, o tirou de lá com mão poderosa e braço estendido. Por isso o Senhor, seu Deus, ordenou que você guardasse o dia de sábado” (Dt 5:12, 15). O sábado é um sinal de libertação.

Os israelitas foram mantidos em cativeiro pelos egípcios durante séculos. Milagrosamente, Deus os libertou. Eles não se libertaram a si mesmos. Deus os libertou com Sua “mão poderosa”. O sábado é uma lembrança do poder divino para nos livrar de qualquer situação.

Na criação, Deus falou e nosso mundo veio à existência. A palavra divina é uma palavra todo-poderosa, criativa e transformadora. O sábado é um lembrete semanal de que não há nada impossível para o Senhor. Se Ele criou o mundo com Sua palavra, Ele pode recriar nosso coração. Se Ele trouxe a luz das trevas, pode iluminar a mente obscurecida. Se falou, e as árvores frutíferas apareceram com seus frutos maduros e deliciosos, Ele pode produzir o fruto do Espírito em nossa vida. Se Ele soprou vida em Adão, Ele pode soprar nova vida em nós. Romanos 6:1-7 fala da nova vida que Cristo nos dá quando morremos voluntariamente para a antiga vida, conforme manifestado na cerimônia do batismo. Há uma ligação direta entre a vida original que Deus criou no Éden e a novidade de vida que ocorre quando Deus recria nosso coração. No começo, Ele criou a vida, e mais uma vez Ele torna nossa vida nova. O sábado é um símbolo da criação e da nova criação de Deus.

O sábado como símbolo de renovação e bênção

Deus designou o sábado para toda a humanidade. Sua bênção revigorante, de acordo com as Escrituras, é para cada um de nós (Êx 23:12). As bênçãos do sábado não são exclusivas aos judeus. De acordo com o Antigo Testamento, elas se destinam a todas as pessoas. O sábado não é apenas um dia de adoração, mas também um dia para abençoar os outros. Nos relatos dos evangelhos, Jesus realizou mais milagres de cura no dia de sábado do que em qualquer outro dia. Para Ele, o sábado era um dia para tocar as pessoas com Sua graça curadora.

Considere o caso do enfermo no tanque de Betesda, localizado em Jerusalém, junto ao Portão das Ovelhas. Betesda significa “casa de misericórdia” ou “casa de graça”. Evidentemente, Jesus estava a caminho da adoração no sábado quando viu um homem que estava em uma condição horrível havia 38 anos. Relatando essa experiência, Ellen G. White menciona que enquanto estava “sozinho, em aparente meditação e oração [...] o Salvador viu um caso de extrema calamidade” (O Desejado de Todas as Nações, p. 201, 202). Era sábado, e Jesus sabia que esse ato de cura geraria grande controvérsia entre os fariseus. Os sacerdotes tinham 39 regulamentos diferentes que regiam o trabalho aceitável no sábado. Essas “exigências sem significado” e “restrições sem sentido” eram um “fardo insuportável” (O Desejado de Todas as Nações, p. 204). “Suas palavras eram como bálsamo para o espírito ferido. Tanto pelas palavras quanto pelas obras de misericórdia, Ele estava derrubando o opressivo poder das velhas tradições e mandamentos humanos e apresentando o amor de Deus em sua inesgotável plenitude” (O Desejado de Todas as Nações, p. 205).

Vendo Sua falta de esperança, Jesus perguntou ao pobre sofredor: “Você quer ser curado?” (Jo 5:6). Era impossível para o homem curar-se a si mesmo. Pela fé, ele respondeu à ordem do Salvador: “Levante-se, pegue o seu leito e ande” (Jo 5:8). Nova vida fluiu para cada nervo e tecido de seu corpo. Milagrosamente ele foi curado. Pela fé, aceitou a palavra de Cristo e agiu de acordo com ela. Esse milagre realizado no sábado, assim como cada uma das curas que Jesus realizou nesse dia, está intimamente ligado a uma verdade espiritual mais profunda. Ao aceitarmos a Palavra de Deus pela fé e agirmos de acordo com ela, somos curados. Esse milagre no sábado mostra que Jesus é tanto nosso Criador quanto nosso Redentor. Aquele que nos criou pode nos recriar e nos tornar inteiros novamente. Ele nos encontra onde estamos, vê nossas necessidades, transforma nosso desespero em esperança e nos redime por Sua graça.

APLICAÇÃO PARA A VIDA

O profeta Isaías exortou Israel a fazer uma reforma decidida em suas práticas da guarda do sábado. Em Isaías 58:13, 14, ele declara: “Se vigiarem os seus pés, para não profanarem o sábado; se deixarem de cuidar dos seus próprios interesses no Meu santo dia; se chamarem ao sábado de ‘meu prazer’ e ‘santo dia do Senhor, digno de honra’; se guardarem o sábado, não seguindo os seus próprios caminhos, não pretendendo fazer a sua própria vontade, nem falando palavras vãs, então vocês terão no Senhor a sua fonte de alegria. Eu os farei cavalgar sobre os altos da Terra.” Nos tempos bíblicos, colocar os pés em um pedaço de propriedade simbolizava posse. O sábado pertence a Deus. Nós não o possuímos. É Dele e, por isso, graciosamente Ele nos convida a encontrar nosso mais profundo deleite e maior prazer em adorá-Lo e abençoar outros no sábado.

• Como o sábado pode se tornar ainda mais significativo para você?

• Há algo na forma como você guarda o sábado que gostaria de mudar?

• Em suas prioridades, qual é a importância da adoração no sábado?

• Liste pelo menos três coisas específicas que você pode fazer para abençoar outras pessoas no sábado.


O Dilema de uma família iraquiana

Enquanto morava no Iraque, alguém contou ao líder de uma família sobre Jesus. Ele aprendeu a amá-Lo e se tornou adventista do sétimo dia. Entretanto, a mãe decidiu permanecer na sua religião tradicional. Depois de algum tempo, a vida se tornou difícil para a família no Iraque. O pai, temendo pela segurança da mãe e das duas filhas, mudou-se com a família para viver como refugiados nos Estados Unidos.

Depois de morar no Michigan por um ano, a família se mudou para a Califórnia, porque o pai não se adaptara ao inverno congelante de Michigan. As temperaturas mais baixas causaram dor nos ferimentos de guerra que sofreu no Iraque. Na Califórnia, os pais matricularam as filhas na escola pública. Porém, ele orava para que conseguisse um meio que possibilitasse o ingresso delas na escola adventista. Ele não tinha dinheiro para pagar a escola e, mesmo que tivesse, não conhecia nenhum adventista que pudesse mostrar onde encontrar uma instituição adventista. Ele continuou orando: “Por favor, Deus, ajude minhas filhas a receberem uma educação adventista. Ajude-nos a encontrar um irmão adventista.”

Certo dia, o pai visitou um banco de alimentos que distribuía suprimentos para as famílias necessitadas. Enquanto esperava para receber os alimentos, o pai começou a conversar com um voluntário e descobriu que o homem era um pastor adventista. Além disso, o voluntário contou que o projeto era organizado pela igreja adventista, que era proprietária de uma escola.

Ao chegar em casa o pai contou as boas noticias para a mãe. Eles economizaram para poder retornar aos estudos e conseguir empregos melhores para sustentar a família. Então decidiram usar esse precioso dinheiro para pagar as mensalidades das filhas. Pouco tempo depois, o pai chegou na escola com a mãe e as filhas de nove e onze anos. Entraram e se sentaram no escritório da diretora, com os rostos brilhando, como se esperassem por uma informação sobre o que fazer a seguir.

A diretora da escola e o pastor da igreja que estavam sentados do outro lado, olharam entre si e, em seguida, olharam para o pai, a mãe e as garotas. Ao verem a ansiedade no rosto dos pais e das garotas, ficaram muito comovidos. Mas o dinheiro economizado não era suficiente. “Queremos muito que as garotas estudem aqui”, a diretora disse. “Mas, infelizmente, esta quantia não é suficiente para pagar as mensalidades.” Então fez uma pausa e olhou novamente para o pastor. Ela viu compaixão nos olhos dele e sentiu coragem para continuar.

“Nós vamos matricular as garotas na escola”, ela disse. “Vamos dar um passo de fé e confiar que Deus proverá algum meio de pagar as mensalidades.” Os quatro adultos e as duas meninas ajoelharam-se ali mesmo, inclinaram a cabeça e o pastor orou: “Querido Deus, precisamos de Sua ajuda. Por favor envie a quantia necessária para a educação destas duas preciosas garotas.”

Pouco tempo depois que a familia saiu, a diretora recebeu um telefonema. Era da coordenadora do ministério de refugiados e imigrantes adventistas da Divisão Norteamericana. Ela havia telefonado para anunciar que tinha uma quantia para pagar os estudos de crianças refugiadas que desejassem estudar na escola da igreja. O dinheiro, ela afirmou, havia chegado das igrejas adventistas ao redor do mundo, através da oferta trimestral de 2011. A diretora mal podia acreditar no que ouviu. Rapidamente, telefonou para o pai das meninas e anunciou que o dinheiro para custear os estudos das filhas havia sido encontrado. “Sabia que Deus responderia nossa oração!”, o pai exclamou,

Parte da oferta do décimo terceiro sábado deste trimestre ajudará novamente os refugiados na Divisão Norte-Americana. Que Deus use as ofertas para responder a mais orações como a daquele pai. Imagine encontrar no Céu alguém que aprendeu sobre Deus e decidiu servi-Lo, graças à sua oferta!.

Informações adicionais

• O Informativo Mundial não revelou os nomes da família nem a localização delas, a fim de proteger sua privacidade.

• Faça o download das fotos no Facebook: bit.ly/fb-mq.

• Para outras notícias e informações sobre a Divisão Norte-americana acesse: bit.ly/NAD-2021.

Esta história ilustra os componentes seguintes do plano estratégico da Igreja Adventista, “I Will Go”: Objetivo de Crescimento Espiritual nº 2 – “fortalecer e diversificar o alcance dos adventistas nas grandes cidades, através da Janela 10/40, entre grupos de pessoas não-alcançadas e para religiões não cristãs” através da KPI 2.7, que diz: “cada Divisão identifica todas as populações imigrantes/refugiados significativos em seus territórios [e] tem iniciativas para alcançá-los”. Objetivo de Crescimento Espiritual nº 5 – “discipular indivíduos e famílias a terem uma vida espiritual satisfatória”, através do KPI 5.9, que diz: “aumento do número de crianças de famílias e igrejas adventistas estudando as escolas adventistas.” Conheça mais sobre o plano estratégico em IWillGo2020.org.


Comentário da Lição da Escola Sabatina – 3º Trimestre de 2021

Tema Geral: Descanso em Cristo

Lição 10 – 28 de agosto a 3 de setembro

Descanso sabático

Autor: Weverton Castro

Editoração: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br

Revisora: Josiéli Nóbrega

Introdução

O ser humano foi a última criatura que Deus criou na semana da criação. Porém, recebendo um destaque especial, tanto o homem, feito do pó da terra, quanto a mulher, feita da costela do homem, foram modelados pelas próprias mãos do Criador. Diferente das outras criaturas, o ser humano foi feito à imagem de Deus. Essa imagem envolvia o relacionamento com o Criador e com o próximo, bem como a responsabilidade de cuidar da natureza. Infelizmente, embora o pecado tenha manchado o plano original de Deus, o sábado, memorial da criação, é um constante lembrete do ideal para o qual precisamos retornar.

1. Criados para relacionamentos

Quando analisamos o propósito de Deus ao criar o ser humano, é possível identificar três direções, que apontam para os três níveis de relacionamento que a humanidade deveria cultivar:

I. De baixo para cima: é o tipo de relacionamento que o ser humano deve ter com Deus. Segundo o texto bíblico, na viração do dia, o próprio Criador vinha Se relacionar com Seus filhos (Gn 3:8).

II. De um lado para o outro: é o tipo de relacionamento que o ser humano deve ter com os outros de sua espécie. Na narrativa da criação, a primeira vez que Deus falou que algo não estava bom foi quando Ele Se referiu à solidão que o homem estava enfrentando por não ter outro de sua espécie (Gn 2:18).

III. De cima para baixo: é o relacionamento que o homem deve ter com a natureza. Tendo colocado o homem no jardim, Deus deu a ele o trabalho de cuidador, o que apontava para o aspecto protetivo do relacionamento que o ser humano deve ter em relação às coisas criadas (Ge 2:15).

Com a entrada do pecado, as três direções do relacionamento foram rompidas. O homem se escondeu de Deus (Gn 3:8), o casal se desentendeu e cada um jogou no outro a culpa pela existência do pecado (Gn 3:12, 13) e a natureza também sofreu as consequências do pecado humano (Gn 3:18).

Ao estudar o que foi perdido pelo pecado, compreendemos que o plano da salvação é a restauração das três direções relacionais rompidas na queda. Amar a Deus e ao próximo, e cuidar da natureza é a síntese do plano original de Deus elaborado no Éden. E a cada vez que guardamos o sábado, nos lembramos da criação e do ideal para o qual devemos retornar.

2. Livres para obedecer

Muitas pessoas, quando ouvem as palavras “lei” e “mandamentos” já as associam com algo negativo. Porém, cabe lembrar que a palavra lei, no hebraico, deriva do termo torah, o qual aponta para uma “instrução” e não uma obrigação autoritária. Em relação aos Dez Mandamentos, em Êxodo 20 encontramos o termo “dez palavras”. Ou seja, a compreensão correta da lei de Deus não deveria sugerir que os mandamentos seriam uma exigência de um ser tirano, mas deveria confirmar a verdade de que Seus mandamentos são instruções de um Pai de amor.

Outro aspecto importante é que muitas pessoas, quando abordam os Dez Mandamentos, ou as dez palavras de Êxodo 20, começam a ler os mandamentos a partir do verso 3, o qual já começa com a ordem “Não terás outros deuses diante de Mim” (Êx 20:3, ARA). Porém, os versos anteriores são cruciais para indicar o lugar da obediência no processo de salvação. Os primeiros versos declaram: “Então, falou Deus todas estas palavras: Eu sou o SENHOR, seu Deus, que o tirei da terra do Egito, da casa da servidão” (Êx 20:1, 2).

No contexto dos mandamentos de Êxodo 20, antes da obediência vem a libertação. Essa ordem é uma lembrança da teologia da salvação desenvolvida em toda a Bíblia: não obedecemos para ser salvos, mas obedecemos por estarmos salvos. Somente quem é livre pode obedecer a Deus.

Outro ponto é que em Êxodo 20 encontramos um convite para a mudança de senhorio. O povo havia sido liberto do Faraó para aceitar servir a um novo Senhor. Ou seja, no fim de tudo, nunca estamos livres de senhorios. Sempre estamos obedecendo a alguém. Nossa liberdade está em escolher servir aos deuses do Egito ou ao Deus, Criador dos céus e da Terra.

3. O resgate da forma correta de se guardar o sábado

A lição desta semana apresenta igualmente o conflito entre Jesus e os líderes religiosos do judaísmo de seu tempo em torno da guarda do sábado. O contexto trata da cura de um paralítico no tanque de Betesda, o qual recebeu do próprio Jesus a ordem para se levantar, tomar o leito e andar (João 5:8). Porém, ignorando o grande milagre que estava diante deles, os judeus se preocuparam com o “trabalho” do homem em carregar o leito no dia sagrado.

Esse é um ponto importante do ministério de Jesus em relação ao tema do sábado. Em várias passagens bíblicas, Ele enfrentou situação semelhante, sendo classificado por um grupo de judeus como transgressor da lei de Moisés por fazer certas atividades no sábado (ver Mateus 12:1-8; Marcos 2:23-28; Lucas 6:1-5).

Porém, ao analisar essas diferentes situações, é possível notar que (entenda bem este ponto), nos evangelhos Jesus não estava preocupado em ensinar sobre a validade do sábado. Ou seja, você não vai encontrar Jesus debatendo sobre a questão de que o sábado deveria ser guardado ou não. A razão para isso é que entre os judeus o sábado já era considerado sagrado, não havendo a necessidade de se ensinar isso. O problema dos judeus não era em relação à validade do sábado, mas sobre a maneira pela qual o sábado deveria ser guardado. A citação a seguir mostra como os judeus haviam transformado o sábado em um fardo:

“Nenhum aspecto do sistema judaico era tão marcante quanto sua extraordinária rigidez relativa à observância do sábado como dia de completo descanso. Com base no mandamento de Moisés, os escribas haviam formulado uma vasta lista de proibições e injunções, abrangendo toda a vida social, individual e pública, levando-a a extremos de ridícula caricatura. [...] Eram ilegais os nós dos cameleiros e marinheiros, e era igualmente ilegal atá-los ou desmanchá-los. Um nó que pudesse ser desmanchado com uma só mão, podia ser desfeito. Um sapato ou sandália, um odre de vinho ou de azeite e um vaso de pele podiam ser amarrados. Um cântaro junto a uma fonte podia ser preso ao cinto, mas não com uma corda […]. Acender ou apagar o fogo no sábado era um grande desrespeito ao dia, e nem mesmo em caso de enfermidade se permitia violar as regras rabínicas. Era proibido administrar eméticos no sábado, consertar um osso fraturado ou pôr no lugar uma junta deslocada, embora alguns rabis mais liberais afirmassem que tudo o que punha em perigo a vida invalidava a lei do sábado, porque os mandamentos tinham sido dados a Israel apenas para que pudesse viver por eles. Se uma pessoa fosse soterrada no sábado, podia ser socorrida se ainda estivesse viva, mas, se morresse, devia ser deixada no mesmo lugar, até que o sábado terminasse” (John Cunningham Geikie, Life and Words of Christ, 2018, cap. 38).

Ao resgatar o sentido original da guarda do sábado, que envolvia fazer o bem ao próximo e se aproximar de Deus, Jesus não transgrediu a lei de Deus, mas a tradição dos homens.

Conheça o autor dos comentários para este trimestre: Weverton de Paula Castro é pastor e professor de Teologia no Seminário Adventista da Faculdade Adventista da Amazônia (FAAMA). Ele é casado com a enfermeira Jozy Anne e é pai do pequeno André, nascido no início de 2021. Graduado em Teologia e Filosofia, tem mestrado intracorpus em Interpretação Bíblica (FADBA) e em Ciências da Religião (UEPA). Atualmente é doutorando em Educação Religiosa (Andrews University).