Você já se esforçou para criar algo (talvez uma obra de arte ou artesanato, uma refeição ou alguma outra obra criativa) que simplesmente foi quebrada ou rejeitada pela pessoa a quem você o deu? Se a resposta for afirmativa, você tem apenas um pequeno vislumbre do que Deus vivenciou quando criou o mundo e deu vida ao ser humano apenas para ver depois Sua criação destruída pelo pecado.
A Bíblia afirma que o mundo foi criado cuidadosamente e que tudo era “muito bom”. O sentimento de Deus em relação à Sua criação é evidente nos relatos de Gênesis 1 e 2. Esse é o contexto em que devemos ler a história da queda em Gênesis 3 e a tristeza Dele quando confrontou as pessoas que havia criado.
Surpreendentemente, Deus continua amando nosso mundo, apesar de milênios de pecado, violência, injustiça e completa revolta. E ainda mais admirável é que, quando pôs em ação Seu plano para redimir e recriar o mundo, Deus nos deu, como cristãos, funções a desempenhar no cumprimento de Seus planos maiores. Somos os recebedores de Sua graça; mas, com a graça recebemos também uma obra como colaboradores do nosso Senhor. Que responsabilidade solene e sagrada!
Este mundo e a vida que há nele; a vida das pessoas ao redor e o modo como interagimos com elas; nossa própria vida e a melhor maneira de vivê-la – tudo começa com Deus, porque “Nele vivemos, e nos movemos, e existimos” (At 17:28).
Eis o início da história bíblica: “No princípio criou Deus os céus e a Terra” (Gn 1:1). O fato de que Ele chamou a Terra à existência por Sua palavra mostra um poder e um processo que nem podemos começar a imaginar.
No entanto, Deus não criou à distância; Ele estava intimamente envolvido especialmente no que diz respeito à criação do primeiro ser humano (veja Gn 2:7).
1. Leia a história da criação dos primeiros seres humanos em Gênesis 1:26–31. Quais coisas importantes esse relato revela sobre Deus? E sobre as pessoas?
A. ( ) Deus criou a Terra de maneira ordenada e designou o homem, feito à Sua semelhança, para cuidar de todas as outras criaturas e viver em harmonia com com elas.
B. ( ) Deus criou por meio da evolução, visto que não há ordem em Sua criação.
Dizem que aprendemos muito sobre Deus quando passamos tempo na natureza, observando Sua criação e vendo nela aspectos do caráter do Criador. Mas também podemos ter vislumbres de como Ele criou o mundo quando examinamos nossa compreensão do próprio Deus. Por exemplo, se o Senhor é um Deus de ordem, devemos encontrar ordem em Sua criação. Ou se cremos que o Senhor é criativo, não devemos nos surpreender ao encontrar exemplos incríveis de criatividade no mundo que Ele criou.
De maneira semelhante, cremos que o Senhor é um Ser social e, portanto, consideramos os relacionamentos um elemento central na maneira pela qual Deus criou o mundo. Cada elemento do mundo foi criado em conexão com o restante da criação. Ele criou animais em harmonia relacional. Ele criou os seres humanos em um relacionamento com Ele mesmo, com os outros e com o restante da criação.
Embora nossa compreensão de Deus seja limitada em muitos aspectos, o que podemos aprender de Seu caráter deve nos levar a reconsiderar como o mundo deveria ser.
É fácil sentir saudades do Éden. Nas breves descrições do jardim que Deus criou como lar para Adão e Eva, há algo que desperta saudade e desejo em nosso coração. Podemos não entender como esse mundo funcionava, mas sentimos que gostaríamos de experimentá-lo.
Parece que Deus também teve o sentimento de satisfação e plenitude: “Viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom” (Gn 1:31). Deus fez algo ao mesmo tempo belo e funcional. O projeto era extraordinário, tanto na forma quanto na praticidade. Era cheio de vida e cor, mas também repleto de tudo que era necessário para que a vida florescesse. Não é de admirar que Deus continuasse parando para refletir e expressar que o mundo que Ele estava criando era bom.
2. Leia Gênesis 1. O que significa a repetida declaração de que “Deus viu que era bom”? Veja Gn 1:4, 10, 12, 18, 25, 31
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Embora escrita inteiramente após a queda, a Bíblia está repleta de celebrações do mundo natural, como em Jó 38 a 41 e Salmo 148. Devemos lembrar que essas celebrações não foram escritas como um vislumbre do mundo em sua forma original antes do pecado; elas foram escritas no tempo verbal presente, celebrando a bondade que ainda é evidente em nosso mundo.
Jesus também extraiu do mundo natural exemplos da bondade e do cuidado de Deus (veja, por exemplo, Mt 6:26, 28-30), recomendando nossa confiança Nele e a apreciação das simples dádivas que nos deixam admirados. Se abrirmos nossos olhos e observarmos as grandezas da criação, poderemos ver que somos verdadeiramente os recebedores dos maravilhosos presentes do Criador. Nossa resposta, mesmo em meio às provações, deve ser de gratidão e humilde entrega.
Como adventistas do sétimo dia – que celebram a criação e esperam o futuro reino de Deus – devemos perceber que as belezas, alegrias e bondade que vemos e experimentamos no mundo são vislumbres do que nosso mundo já foi e do que ele será novamente.
De acordo com o registro bíblico, o Jardim do Éden e a recém-criada Terra eram lugares de abundância e fartura, criados para que a vida florescesse e especialmente para que o ser humano fosse feliz.
Mas Deus também deu ao primeiro casal, e ao restante dos que viriam depois dele, uma função em Sua criação. Tendo como base o Seu método de criação, rapidamente se torna evidente que Adão e Eva deveriam ter um status especial nesse novo mundo.
Adão primeiramente recebeu a tarefa de nomear os animais e os pássaros (Gn 2:19). Em seguida ele recebeu outra função apresentada como uma bênção do próprio Deus: “E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a Terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra” (Gn 1:28).
3. Leia e compare Gênesis 1:28 e 2:15. Em uma frase, como podemos descrever a tarefa do ser humano?
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Muitas vezes, na história cristã, Gênesis 1:28 tem sido usado como uma licença para explorar e até mesmo para destruir o mundo natural. Obviamente o mundo foi criado para a vida, benefício e prazer da humanidade. Mas a responsabilidade humana é “cuidar dele e cultivá-lo”
(Gn 2:15; NVI).
Quando falamos sobre mordomia, frequentemente pensamos em dinheiro. Mas o primeiro mandamento de mordomia na Bíblia é a instrução para cuidar da Terra que Deus criou. A ordem dada a Adão e Eva também previa que a Terra fosse compartilhada com seus filhos e com as futuras gerações. No plano original, o mundo criado continuaria sendo uma fonte de vida, bondade e beleza para todo ser humano, e Adão e Eva teriam uma grande função no cuidado do mundo.
A Terra ainda é do Senhor (Sl 24:1), e somos chamados a ser mordomos de tudo o que Ele nos concedeu. Podemos também concluir que, em um mundo decaído, nossa responsabilidade como mordomos é ainda maior.
Deus deu a Adão e Eva algo que Ele não deu a nenhuma outra criatura da Terra: a liberdade moral. Eles eram seres morais de uma forma que as plantas e animais jamais poderiam ser. Deus valoriza tanto essa liberdade moral que permitiu que Seu povo escolhesse desobedecer. Ao fazer isso, Ele arriscou tudo o que havia criado com o objetivo maior de ter com Suas criaturas humanas um relacionamento fundamentado no amor e no livre-arbítrio.
Visto que essa liberdade moral também existia para os anjos, havia também um destruidor, alguém que desejava perturbar o mundo bom e pleno que Deus havia criado. O anjo rebelde buscou usar a criatura especial de Deus na Terra – o ser humano – para realizar seu objetivo. Falando por meio da serpente, o diabo questionou a plenitude e suficiência daquilo que Deus havia concedido (veja Gn 3:1-5). A principal tentação foi cobiçar mais do que o Senhor lhes tinha dado, duvidar de Sua bondade e confiar em si mesmos.
Nessa escolha foram arruinados os relacionamentos como Deus havia projetado. Adão e Eva não mais desfrutaram do relacionamento com o Criador para o qual haviam sido planejados (Gn 3:8-10). Esses dois seres humanos de repente perceberam que estavam nus e envergonhados, e o relacionamento entre eles foi alterado de forma quase irreparável. Sua interação com o restante da Terra também foi arruinada e se tornou hostil.
4. Leia Gênesis 3:16-19. O que esses versículos revelam sobre a modificação nas relações entre o ser humano e o mundo natural? Assinale a alternativa correta:
A. ( ) A relação entre o homem e a natureza tornou-se melhor.
B. ( ) Não mais havia harmonia entre o homem e o mundo natural.
Por causa do pecado, a vida ficou muito mais difícil. As consequências foram reais, especialmente porque afetaram a humanidade e seus relacionamentos. Em certo sentido, estamos distantes de Deus, o Criador. Nossa família também é afetada em muitos aspectos e, frequentemente, nosso relacionamento com os outros é um desafio. Lutamos até em relação ao ambiente natural e ao mundo em que vivemos. Todas as facetas da vida mostram a ruína causada pelo pecado.
Mas Deus não criou o mundo para que ele fosse assim. As “maldições” de Gênesis 3 vêm acompanhadas da promessa de que Deus recriaria nosso mundo e repararia os relacionamentos arruinados pelo pecado. Enquanto lutamos contra o pecado e seus efeitos, somos chamados a preservar a bondade original do mundo e a viver o plano que Deus tem para ele.
Com a entrada do pecado, não demorou muito para que o mundo “desmoronasse” ainda mais. Provocado pelo ciúme, incompreensão e ira, o primeiro assassinato envolveu os dois primeiros irmãos. Quando Deus questionou Caim sobre seu pecado, a resposta dele provavelmente tenha sido irônica e retórica: “‘Acaso, sou eu tutor de meu irmão?’” (Gn 4:9). A resposta inferida da pergunta inicial de Deus foi: “Sim, com certeza você é tutor do seu irmão”.
5. Leia Provérbios 22:2. O que está implícito nessa afirmação aparentemente simples? O que isso revela sobre nosso relacionamento com os semelhantes?
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Cada pessoa que encontramos é uma criatura de Deus, criada à Sua imagem, e ela faz parte da rede de relacionamentos que une a todos no mundo que Ele formou, embora a criação esteja fragmentada e arruinada. “Achamo-nos entretecidos na teia humana. O mal que sobrevém a qualquer parte da grande fraternidade humana põe todos em perigo” (Ellen G. White, A Ciência do Bom Viver, p. 345). Gostemos ou não disso, por causa desse elo comum, Deus nos deu uma responsabilidade para com Ele e em relação aos outros (Mt 22:37-39).
Em toda a Bíblia, é recorrente a afirmação de que Deus é o nosso Criador. Por exemplo, essa é uma das razões dadas para que nos lembremos do sábado (Êx 20:11) e para que adoremos a Deus no tempo do fim (Ap 14:7). É também uma motivação primária para que nos importemos com outras pessoas e nos interessemos pelos menos afortunados.
Estamos todos unidos pelo vínculo da nossa origem comum em Deus. “O que oprime ao pobre insulta Aquele que o criou, mas a Este honra o que se compadece do necessitado” (Pv 14:31). Esse vínculo poderia ser mais claro?
Deus, como nosso Criador, tem um direito sobre nós que requer a dedicação de toda a nossa vida, inclusive nossa adoração, serviço e cuidado pelos outros. Somos, de fato, “tutores” do nosso irmão, por mais difícil, frustrante e inconveniente que isso seja.
Texto de Ellen G. White: Patriarcas e Profetas, p. 44-51 (“A Criação”).
“‘Deus é amor’ (1Jo 4:8). Sua natureza, Sua lei são amor. Assim sempre foi; assim sempre será. ‘O Alto e o Sublime, que habita a eternidade’ (Is 57:15), cujos caminhos ‘são eternos’ (Hc 3:6), não muda. Nele ‘não pode existir variação ou sombra de mudança’ (Tg 1:17)” [...].
“Toda manifestação de poder criativo é uma expressão de amor infinito. A soberania de Deus compreende a plenitude de bênçãos a todos os seres criados” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 33).
“Se os homens cumprissem seu dever como fiéis mordomos dos bens de Deus, nenhum clamor haveria por pão, nenhum sofredor em penúria, nenhum desagasalhado em necessidade. É a infidelidade dos seres humanos que gera o estado de sofrimento em que está mergulhada a humanidade. [...] Deus fez dos homens Seus mordomos, e não deve ser feito responsável pelos sofrimentos, miséria, desamparo e necessidades da humanidade”
(Ellen G. White, Beneficência Social, p. 16).
Perguntas para discussão
1. Analise a última declaração de Ellen White acima. Quem é responsável por grande parte da pobreza que vemos? O que isso revela sobre a importância da mordomia fiel?
2. Durante milhares de anos o pecado tem arruinado a Terra. Apesar disso, ainda é possível ver o amor divino na criação? Considerando nossa fé no Criador, como podemos ajudar os outros a ver a bondade na Sua criação?
3. O que significa a palavra mordomia? A lição desta semana expandiu seu pensamento sobre o que é ser um mordomo, especialmente quando somos chamados por Deus?
4. Se nos lembrássemos de que todas as pessoas foram “criadas por Deus à Sua imagem”, nossa maneira de tratá-las seria diferente?
Resumo: Deus criou um mundo bom e perfeito e designou o ser humano, criado à Sua imagem, para cuidar da criação. Embora o pecado tenha arruinado os relacionamentos que Deus originalmente planejou para nós, ainda temos uma função a desempenhar como mordomos da criação e cuidadores de nossos semelhantes. Cumprir essa função é uma forma de honrar a Deus como Criador.
Respostas e atividades da semana:
1. A.
2. Deus viu que Sua criação era bela, perfeita e adequada à felicidade dos seres humanos e de todas as outras criaturas.
3. Adão e Eva deviam se multiplicar e dominar a Terra. No entanto, deviam cuidar do jardim do Éden.
4. B.
5. Todos somos iguais; portanto, devemos tratar nossos semelhantes como gostaríamos de ser tratados.
RESUMO DA LIÇÃO 1
Deus criou
Deslumbramento e admiração são essenciais para uma vida plena. Quando lemos o relato da Criação em Gênesis 1 e 2, ficamos impressionados ao ver Deus trazer o mundo à existência mediante a Sua palavra. Em seguida, O vemos concentrado em modelar a humanidade com Suas próprias mãos, criando homem e mulher à Sua imagem. Ficamos admirados e maravilhados diante do mistério da criação e, como o salmista, declaramos: “Quando contemplo os Teus céus, obra dos Teus dedos, e a lua e as estrelas que estabeleceste, que é o homem, que dele Te lembres e o filho do homem, que o visites?” (Sl 8:3, 4).
Nesta lição, ficaremos maravilhados com o caráter do Criador e apreciaremos Sua criação concluída. Por outro lado, lamentaremos os resultados do rompimento de nosso relacionamento com Deus e com a natureza. Esta lição nos desafia a ser mordomos na obra de Deus enquanto Ele nos chama a uma existência de amor, compaixão e cuidado neste mundo ferido.
Objetivo do professor:
Ao recapitular a lição desta semana, a classe deve examinar a seguinte questão: Nosso foco nas maravilhas da criação de Deus e o nosso chamado para cuidar de Sua Terra e de tudo o que nela há afetam nossas ações e atitudes?
Ilustração
O cientista Isaac Newton tinha um amigo ateu que, por não acreditar em Deus, preferia a teoria de que o Universo simplesmente “aconteceu”. Certo dia, durante uma visita de seu amigo, Newton lhe mostrou um modelo do sistema solar. O Sol, os planetas e as luas estavam todos em seu devido lugar. Os tamanhos das esferas planetária e lunar tinham a proporção exata e giravam em torno do Sol em suas velocidades relativas. O ateu ficou impressionado com o modelo. "É intrigante", disse ele, "quem criou tudo isso?" “Ninguém”, disse Newton, “simplesmente aconteceu” (Ministry 127, http://ministry127.com/resources/illustration/sir-isaac-newton).
Escritura
Albert Einstein declarou: “Quem não consegue mais parar para admirar e ficar extasiado enquanto contempla [a criação], está quase morto: seus olhos estão fechados”
(https://www.brainyquote.com/quotes/quotes/a/alberteins121255.html).
As maravilhas da criação indicam claramente um Criador inteligente: “Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom” (Gn 1:31).
A humanidade é parte da perfeita criação de Deus (Gn 1:31). E disse Deus: “Façamos o homem à Nossa imagem, conforme a Nossa semelhança” (Gn 1:26).
Pergunta para discussão: O que significa ser feito à imagem de Deus?
“Quando Adão saiu das mãos do Criador, ele trazia em sua natureza física, intelectual e espiritual a semelhança de seu Criador” (Ellen G. White, Educação, p. 15, ênfase acrescentada).
A imagem de Deus na humanidade também se reflete em Gênesis 1:28: “E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra”. Deus é capaz de criar; e Ele concedeu parte dessa capacidade à humanidade.
Comente com a classe: 1. Como Deus está usando você e sua igreja para restaurar “Sua imagem” de maneira integral nos que estão sofrendo na sua comunidade? 2. Na realidade, quanto é bom o "muito bom" de Deus? Cite alguns exemplos.
Aqui está um exemplo de quanto é bom o “muito bom”: “Se Adão, ao ser criado, não houvesse sido dotado de vinte vezes mais vitalidade em comparação com os homens de hoje, a humanidade já estaria extinta, com seus atuais estilos de vida que constituem uma transgressão da lei natural" (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, v. 3, p. 138, 139, ênfase acrescentada).
Na realidade, não sabemos exatamente o que Ellen G. White quis dizer quando se referiu à "vitalidade" [força vital]. Alguns cientistas sugerem que parte da resposta poderia ser encontrada nas organelas, "usinas geradoras de energia", que produzem energia na estrutura celular dos seres vivos. Essas casas de força são chamadas de mitocôndrias. Quanto mais mitocôndrias em seu corpo, mais energia você terá.
Pesquisas mostram que os atletas de resistência têm mais do que o dobro de mitocôndrias, “usinas geradoras de energia”, do que os não atletas. Quando calcularam a energia desses atletas, descobriu-se que tinham cerca de 25% mais energia (University of Southern Denmark Faculty of Health Sciences [Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade do Sul da Dinamarca], “Structure and Number of Mitochondria May Help Determine Muscle Endurance Research Shows” [Pesquisas mostram que a estrutura e a quantidade de mitocôndrias podem determinar resistência muscular]”, 2 de novembro de 2016).
Adão tinha 20 vezes (2000%) mais força vital do que as pessoas de hoje. Se um aumento em mitocôndrias está relacionado a um aumento de “força vital”, isso poderia significar que Adão tinha 20 vezes (2000%) mais mitocôndrias do que uma pessoa tem, em média, hoje em dia. Você consegue imaginar como seria estar na presença de Adão? Provavelmente você pudesse sentir a energia fluindo dele!
Adão e Eva não só foram dotados de grande força vital, mas também, “quando saiu das mãos de seu Criador, Adão era de elevada estatura e de bela simetria. Era mais de duas vezes mais alto do que os homens que agora vivem na Terra, e bem proporcionado” (Ellen G. White, Spiritual Gifts [Dons Espirituais] v. 3, p. 34, ênfase acrescentada).
Quando Deus disse que tudo o que havia criado era “muito bom”, é porque era MUITO bom mesmo!
Comente com a classe: 1. Como seria estar na presença de Adão, alguém com força vital 20 vezes superior à nossa? Como seria andar com ele? 2. Contraste o conceito da obra "muito boa" das mãos de Deus, que criou a humanidade à Sua imagem, com uma perspectiva evolucionista de que a humanidade é um produto do tempo + matéria + acaso. 3. Como a perspectiva evolucionista afeta nossa maneira de ver as pessoas?
Em nossa condição fragilizada, precisamos de uma "correção visual". Esses “óculos” espirituais nos permitem ver todas as pessoas como seres humanos feitos à imagem de Deus (Gn 1:26, 27), ainda que todos estejamos fragilizados e algumas pessoas não tenham a aparência ou não se comportem do jeito que você gostaria. É importante ver as pessoas com olhos de amor e respeito, não necessariamente como são agora, mas como serão depois que Deus restaurar a vida delas.
“O Senhor fica decepcionado quando Seu povo se estima como de pouco valor. Deseja que Sua herança escolhida se avalie segundo o preço que Ele lhe deu. Deus a queria, do contrário não enviaria Seu Filho em tão dispendiosa missão de redimi-la" (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 668).
Comente com a classe: Por que todas as pessoas são valiosas? Qual é a diferença entre orgulho e autoestima à luz da criação e da redenção? Como o alto preço de cada pessoa afeta o ministério de sua igreja?
Escritura
“Também disse Deus: Façamos o homem à Nossa imagem, conforme a Nossa semelhança; tenha ele domínio [que ele governe] sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra" (Gn 1:26). “E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra" (Gn 1:28). "Tomou, pois, o SENHOR Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar [arar] e o guardar [cuidar]” (Gn 2:15).
Domínio ou governo sobre as criaturas de Deus e sobre a Terra é parte do que significa ser feito à imagem de Deus. O Senhor é o Dono (Sl 24:1) da Terra e a governa; e nós somos Seus administradores, mordomos de Sua Terra e de Suas criaturas. Surpreendentemente, o Governante fez os seres humanos co-governantes com Ele!
Cada ser humano não está ligado apenas a outro ser humano; toda a criação está conectada. O próprio Deus está ligado às Suas criaturas. (Ver At 17:24-26.)
Considere as semelhanças encontradas nas Escrituras entre os seres humanos e os animais, ligando-os estreitamente. Tanto os seres humanos quanto os animais (a menos que haja indicação específica, os textos seguintes se referem a todos os seres vivos):
• Foram formados por Deus da terra [criaturas terrestres (Gn 1:24, 25; Gn 2:19); seres humanos (Gn 2:7) e pássaros (Gn 2:19). Embora não exista nenhum texto bíblico que diga que os animais marinhos foram formados da terra, os animais marinhos e os pássaros foram criados no mesmo dia: “Criou, pois, Deus os grandes animais marinhos e todos os seres viventes que rastejam, os quais povoavam as águas, segundo as suas espécies; e todas as aves, segundo as suas espécies. E viu Deus que isso era bom” (Gn 1:21). Ou os animais marinhos foram criados ex nihilo ou foram formados da terra. Uma vez que os animais marinhos e pássaros, como todos os seres vivos, retornam à terra quando morrem, podemos acreditar que eles foram criados a partir da terra, embora a criação ex nihilo seja possível).
• Seres humanos e animais têm fôlego de vida (Gn 2:7; Gn 7:15).
• Todos os seres recebem as bênçãos de Deus (Gn 1:21, 22, 28) e a afirmação divina (Gn 1:31).
• Originalmente receberam uma dieta vegetariana (Gn 1:29, 30).
• Várias criaturas são capazes de matar: seres humanos (Gn 4:8); animais selvagens (Gn 37:33; 2Rs 2:23, 24; Dn 6:24); animais domésticos (Êx 21:28-32), e répteis (Nm 21:6).
• Estão incluídos na aliança de Deus (Gn 9:12).
• Seres humanos e animais domésticos são beneficiários do descanso sabático (Êx 20:10).
• Todo primogênito de seres humanos e de animais domésticos é separado ao Senhor (Êx 13:12; Nm 3:13).
• Todos foram instruídos a ser fecundos e se multiplicarem (Gn 1:22; 1:28; adaptado de Jo Ann Davidson, “Who Cares? Environmental Ethics and the Christian” [Quem se importa? Ética Ambiental e o Cristão], em The Adventist Review, 25 de junho de 2009, p. 51-54).
Como sua teologia está ligada à sua ecologia? (Adaptado de uma declaração feita por Jo Ann M. Davidson: “We must link our theology with our ecology” [Devemos ligar nossa teologia à nossa ecologia]).
O que está incluído em nosso cuidado com "toda a Terra"? Como a sua atenção em relação ao meio ambiente, a toda a criação, e também ao dever de atuar como “tutor do [seu] irmão” (Gn 4:9) impacta seu estilo de vida e seu ministério? Peça aos membros da classe que compartilhem o que estão fazendo quanto a essas importantes questões.
Aplicação para a vida
Lembre-se de que o propósito de uma classe da Escola Sabatina não é meramente sentar-se e participar de uma boa discussão sobre fascinantes questões históricas e teológicas. Nesta lição, percebemos que o pecado rompeu os relacionamentos planejados originalmente para nós. Mas ainda temos um papel a desempenhar como mordomos das dádivas da criação e como protetores de nossos semelhantes. Com isso em mente:
1. Observe e aprecie o que resta de “muito bom” na natureza. Nesta semana, faça um passeio em meio à natureza. Olhe ao seu redor e observe todo o “bom” que você vê. Leve para casa uma bela pedra ou uma concha, uma pluma ou uma folha. Guarde-a como lembrete de que precisamos apreciar mais a criação de Deus.
2. Na próxima vez em que você e sua igreja se envolverem no serviço aos pobres, pergunte a si mesmo: “Será que nossas ações não estão tornando as pessoas escravas da nossa generosidade?” Em outras palavras, os serviços que você está oferecendo ajudam os pobres a se desenvolverem individualmente para que deixem de ser meros assistidos, auxiliando-os a vislumbrar um futuro melhor, enquanto nutre neles a consciência de que devem ser mordomos fiéis? Discuta sua resposta à luz desta reflexão: Se limitarmos nossa obra de assistência social à distribuição de pão amanhecido e outros alimentos toda quarta-feira, e as mesmas pessoas voltarem, mês após mês, ano após ano, por 10 anos, estamos falhando em ajudar os pobres a avançar na direção do domínio integral de sua vida. Pense no estabelecimento de ministérios paralelos que ofereçam capacitação em finanças, alfabetização, língua portuguesa, língua estrangeira, qualificação profissional, e assim por diante, que oferecerão um horizonte com muitas possibilidades para uma vida melhor.
Conquistando os pais alcóolatras
Os pais de Talitha Hoyato eram alcóolatras e viciados em jogos de azar. Eles viviam em Goroka, uma cidade montanhosa em Papua Nova Guiné e, ocupando muito tempo em satisfazer os vícios, costumavam se esquecer da filha de oitos ano em casa. Por isso, acharam muito bom quando uma bondosa vizinha pediu para adotá-la. A vizinha levou a pequena Talitha para casa e ensinou a ela para que a chamasse de “mamãe”.
Certo dia, às cinco horas da manhã, Talitha acordou com o alarme do relógio. Ela viu a mãe se levantar da cama, ajoelhar-se e conversar com Deus mencionar seu nome. Em seguida, abriu um livro de capa preta e o leu demoradamente.
No dia seguinte, o alarme a despertou no mesmo horário e, mais uma vez, observou a mãe orar e ler a Bíblia. Naquele dia, mais tarde, várias visitas chegaram e pediram conselhos para solução de problemas pessoais. A mãe de Talitha orava com as mulheres e compartilhava conselhos inspirados, daquele livro de capa preta que Talitha descobriu ser a Bíblia.
Talitha começou a imitar a mãe. Quando o alarme tocava ela também se ajoelhava para orar e, depois, lia a Bíblia. A mãe ensinou a compartilhar as lições aprendidas com a leitura da Bíblia. Enquanto orava, lia e testemunhava de Jesus, comprovou que Ele respondia às orações. Então, cada vez mais acreditou em Deus. Os anos se passaram, Talitha cresceu e foi batizada aos 17 anos.
Não muito tempo depois do batismo, a mãe informou que ela precisava voltar à casa dos pais biológicos. “Você tem certeza?”, Talitha perguntou em prantos. “Quer mesmo que eu volte?” Com lágrimas nos olhos, a mãe disse que era uma decisão muito difícil, mas acreditava que era a coisa certa a fazer. “Como você aceitou Jesus, chegou o momento de mostrar a seus pais o seu Salvador”, disse.
Talitha foi para a casa dos pais, que a receberam com surpresa. Porém, embora estivessem muito contentes com a volta da filha, eles não queriam ouvir sobre Jesus. Sempre que Talitha tentava, eles murmuravam algo grosseiro e se afastavam. Bem estabelecida em casa, ela fez amizade com seus três irmãos mais novos, dois meninos e uma menina que não conhecia, e continuava com o bom hábito de acordar às cinco da manhã para ler a Bíblia e orar.
Ela tentava conversar com os pais sobre o que lia, mas eles recusavam ouvir. Mas, quando eles dormiam, ela se aproximava da cama, lia as histórias bíblicas e orava por eles, sempre se lembrando do que a mãe adotiva dissera: “O trabalho de conversão não é nosso, é a obra de Deus.” Depois de um ano, a mãe concordou em ir à igreja, mas receava que os membros da igreja fossem zombar dela. Todos sabiam que era viciada em bebida alcóolica e jogos de azar. Talitha a tranquilizou. “Deus vê o coração”, disse. “Quando Jesus esteve na Terra, misturava-Se com pessoas como você. Por isso, não se preocupe com o que os outros podem falar. Existe alegria no céu quando um pecador se arrepende.”
A mãe adotiva de Talitha ficou muito feliz ao ver a mãe biológica na igreja. Ela cumprimentou-a e as três crianças com um grande abraço. “Não se preocupe se as pessoas julgarem você”, ela disse. “Deus vê o coração e tem um plano para sua vida.” O pai nada falou quando a mãe voltou da igreja. Talitha o convidou a se unir a eles, mas ele recusou. “Você é uma garota”, disse. “Não me diga o que fazer.”
Certo dia, Talitha leu em Daniel 4:28-37 que Deus transformou o rei Nabucodonosor em animal para que O conhecesse. Então, ela decidiu que mudaria o foco na oração em favor do pai. “Querido Pai! Se o Senhor pôde transformar um Rei em um animal para que percebesse que o Senhor é Deus, então olhe para meu pai, que é um homem comum. Por favor, faça algo que lhe cause dor para que ele O reconheça!”
Pouco tempo depois da oração, o pai foi preso. Ele trabalhava como engenheiro elétrico, não concluiu um trabalho que já havia sido pago e o contratante decidiu enviá-lo para a prisão. Depois de três meses, foi solto e começou a participar da classe batismal.
Talitha ficou muito feliz! Porém, um mês depois, o pai morreu de febre tifoide, aos 45 anos. Ela ficou sem entender o que aconteceu. Desejava que toda a família frequentasse a igreja todos os sábados. Mas, embora estivesse triste com a morte do pai, ficou feliz porque Deus respondeu à sua oração.
“Nem sempre acontece o que desejamos, mas o caminho de Deus é sempre perfeito”, ela diz. “Eu desejava que meu pai se tornasse adventista para que fossemos juntos para a igreja como família, mas isso não aconteceu. Porém, sou grata porque ele morreu acreditando em Jesus. E quando Ele vier, toda a família estará no Céu.” A mãe dela continua frequentando a igreja e, em breve, será batizada. Os irmãos também participam dos cultos.
Talitha, tem 19 anos e estuda Pedagogia. Ela é feliz por ter duas mães: a mãe biológica e a mãe adotiva. Ela diz: “Sempre agradeço a Deus por minha mãe adotiva, que me ensinou a ser discípula na tenra idade. Agora é parte de mim testemunhar de Cristo em todo lugar que for.”
Há três anos, parte da oferta trimestral ajudou a construir salas de Escola Sabatina na cidade que Talitha mora em Papua Nova Guiné. Ficamos agradecidos!
Comentário da Lição da Escola Sabatina – 3º Trimestre de 2019
Tema Geral: “Meus pequeninos irmãos”: servindo aos necessitados
Lição 1: 29 de junho a 6 de julho
Deus criou...
Autor: Geraldo L. Beulke Jr.
Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
Revisora: Josiéli Nóbrega
Frases como “Ele foi promovido e logo se esqueceu de onde veio” ou “Você conheceu a família dele antes de aceitar o pedido?” mostram a importância de conhecermos as origens para o entendimento de determinados contextos e a tomada de algumas decisões. Quando tentamos entender o contexto em que nos encontramos na história da salvação e tomamos decisões sobre nosso relacionamento com o semelhante, é necessário que voltemos às origens, estudando o relato de Gênesis.
Nossa maneira de tratar os outros depende, quase inteiramente, de como os vemos e de como nos vemos. O realismo bíblico sobre a natureza do homem é o antídoto para uma visão excessivamente elevada de nós mesmos e muito inferiorizada sobre o semelhante ou vice-versa.
NUNCA SE ESQUEÇA DE NOSSA DIGNIDADE
Nosso valor está encravado no registro da criação: “Criou Deus, pois, o homem à Sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou, e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a Terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céus e sobre todo animal que rasteja pela terra. [...] Tomou, pois, o SENHOR Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar. E o SENHOR lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 1:26-28; 2:15-17).
Conforme obervou John Stott, em seu livro Ouça o Espírito, Ouça o Mundo (p. 40, 41), podemos obervar 4 aspectos, a partir do texto bíblico acima, que atestam a dignidade humana:
1. Nossa racionalidade autoconsciente. Ao dialogar com o casal edênico, Deus demonstrou a capacidade de compreensão deles, a habilidade para pensar, processar e criar informação. Basta apenas um breve momento para lembrarmos de pessoas que marcaram nossa história pelo uso brilhante de sua mente. Pitágoras, Isaac Newton e Albert Einstein poderiam encabeçar a lista. Em nosso aprisco denominacional temos John Andrews, um de nossos melhores homens para seus dias. Não seria justo deixar fora dessa lista o brasileiro Rui Barbosa, que foi jurista, advogado, político, diplomata, escritor, filólogo, jornalista, tradutor e orador. Há inclusive, alguns mitos que gravitam em torno dessa figura e que valeriam uma breve pesquisa para compartilhá-los com sua unidade de ação. Se essas mentes se destacaram, a despeito dos efeitos do pecado, imagine o intelecto de Adão e Eva quando exalava perfeição!
2. Nossa capacidade de fazer escolhas morais. Deus conversa com seres capazes de distinguir entre certo e errado e fazer uma escolha moral: comer ou não comer do fruto da árvore da ciência do bem e do mal. Nossa consciência é mais do que uma voz interior. Ela representa uma ordem moral fora e acima de nós, que nos impulsiona a fazer o direito e desperta culpa quando praticamos o que é errado. O apóstolo Paulo se referiu a esse aspecto em Romanos 2:14-16.
3. Nossa administração criativa. Deus colocou o homem no jardim para cultivá-lo e o guardar. Isso implica arte. Poesias, pinturas, melodias, esculturas e prosas são testemunhas da dignidade humana ao revelarem tanta criatividade. Faça uma busca sobre obras como as de Michelangelo, Rembrandt, Salvador Dali, Mário Quintana e Giuseppe Verdi. Compartilhe com sua unidade de ação imagens e informações sobre elas. Além desse aspecto artístico, está nossa responsabilidade como administradores daquilo que Deus colocou sob nosso cuidado (Gn 1:28).
4. Nossa necessidade de relacionamentos de amor. Ao decidir criar a humanidade à Sua imagem e semelhança, e assim fazê-lo, entendemos que o aspecto da pluralidade divina (Trindade) foi expresso na pluralidade de Suas criaturas: macho e fêmea os criou. Fomos criados para relacionamentos de amor (Gn 2:18), pois o próprio Deus é amor. Nossos relacionamentos de amor atestam nossa dignidade, uma vez que são fruto de nossa semelhança com Ele.
NÃO SE ESQUEÇA DE NOSSA INDIGNIDADE
O capítulo 3 de Gênesis nos alerta sobre a entrada do pecado. Cedendo à insinuação de que poderia se tornar independente de Deus, o primeiro casal abriu o coração para a semente do pecado, que germinou rapidamente, aprofundou ao máximo suas raízes e produziu seus amargos frutos. Aliás, em Marcos 7:21-23, Jesus deixou claro que “[...] de dentro, do coração dos homens, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Ora, todos estes males vêm de dentro e contaminam o homem.”
A maldade humana revela quatro características:
1. A maldade humana tem alcance global. Jesus não está tratando de uma classe restrita de criminosos. Além de estar se dirigindo a uma plateia de pessoas refinadas, religiosas e criteriosas, Ele generaliza, tratando do coração “do homem” no sentido de humanidade.
2. A maldade humana tem natureza egocêntrica. Lemos 13 exemplos de desdobramentos da maldade humana e todos são uma forma de afirmação do ego, seja contra o próximo, seja contra Deus, corrompendo nossas relações de amor.
3. A maldade humana tem origem interna. Não é no ambiente nocivo nem na educação deficiente que encontramos a origem da maldade humana, embora esses sejam fatores a contribuir com o problema, mas em nossa natureza herdada e pervertida.
4. A maldade humana tem efeito contagioso. É como um manancial de águas. Se o manancial está contaminado, todo o fluxo está comprometido. E o que estiver nas margens sofrerá o efeito dessa contaminação: as amizades, o casamento, o trabalho, o dinheiro e a religião.
Note que parte do que é a imagem de Deus em nós consiste em nossa administração criativa (mordomia) e em nossos relacionamentos de amor. A semente do pecado, que frutificou no coração humano, contaminou a vida por meio desses dois aspectos, os gêmeos concebidos pelo pecado: orgulho e egoísmo. Eles nos assediam com a ilusão de que somos isentos de responsabilidade pela miséria e sofrimento na criação, num prisma global, e isentos de responsabilidade pela ruína dos nossos laços fraternos, num prisma mais individual.
Deus deseja restaurar Sua imagem na humanidade. Portanto, devemos permitir que Ele resgate sua dignidade e o torne um instrumento para a restauração da dignidade do semelhante. Neste trimestre, teremos muitas oportunidades para colocar isso em prática.
Conheça o autor do comentário: O pastor Geraldo L. Beulke Júnior é natural de Porto Alegre, RS. Graduou-se em Teologia no ano de 2003 e já serviu à Igreja tanto na obra educacional quanto distrital, nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Bahia e Espírito Santo. Atualmente, pastoreia o Distrito de Mangueiras, em Tatuí, São Paulo. Em 2014, concluiu o mestrado em Interpretação e Ensino da Bíblia, pelo SALT – FADBA, e está cursando o programa de doutorado em Teologia Pastoral pelo SALT – UNASP – EC. É casado com a pedagoga Elisama Gama Beulke, com quem tem três filhos: Lara, de 12 anos, Alícia, de 9, e William, de 1 ano.