O livro de Josué contém algumas cenas que podem parecer perturbadoras. Algumas pessoas questionam o conceito de uma guerra divina ou santa, segundo o qual um grupo de pessoas recebeu de Deus a ordem para destruir outro grupo de pessoas.
A questão da guerra divina no AT é desafiadora. Deus é descrito no AT como o Senhor Soberano do Universo; portanto, tudo o que acontece deve, de alguma forma, estar relacionado à Sua vontade direta ou indireta. Diante disso, é inevitável perguntar: “Como Deus poderia permitir essas coisas?” Na semana passada, vimos que o próprio Deus está envolvido em um conflito que é muito maior do que qualquer guerra ou batalha travada na história humana, uma batalha que permeia todos os aspectos de nossa vida. Vimos também que os eventos da história bíblica e secular podem ser compreendidos plenamente apenas à luz desse conflito.
Nesta semana, continuaremos a explorar a complexidade das guerras ordenadas por Deus, bem como as limitações e condições da guerra divina, a visão da paz eterna oferecida pelos profetas do AT e a relevância espiritual dessas guerras.
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1. Leia Gênesis 15:16; Levítico 18:24-30; Deuteronômio 18:9-14; Esdras 9:11. O que esses textos nos dizem sobre o plano maior de Deus em oferecer a terra de Canaã aos israelitas?
Precisamos ir além do livro de Josué para entender quão grave era a iniquidade das nações que habitavam Canaã. Podemos encontrar indícios no fato de que essas práticas abomináveis incluíam sacrifícios de crianças, adivinhação, feitiçaria, necromancia e espiritualismo (Dt 18:9-12).
A descoberta dos antigos textos ugaríticos (da cidade de Ras Shamra) trouxe mais informações sobre a religião e a sociedade cananita. Esses registros mostram que a condenação dessa cultura não era apenas compreensível, mas – pelos padrões morais do AT – totalmente justificada.
A religião cananita se baseava na crença de que os fenômenos naturais, que garantiam a fertilidade, eram controlados pelas relações sexuais entre deuses e deusas. Assim, eles entendiam a atividade sexual das divindades em termos de seu próprio comportamento sexual, e seus rituais religiosos envolviam práticas sexuais que tinham o objetivo de incitar os deuses e deusas a fazer o mesmo. Esse conceito deu origem à chamada prostituição “sagrada”, na qual homens e mulheres se envolviam em ritos de orgias – tudo isso como parte de suas práticas religiosas!
Uma nação jamais alcançará níveis morais mais altos do que os dos deuses que adora. Como resultado dessa compreensão de suas divindades, não é de admirar que as práticas religiosas dos cananeus incluíssem sacrifícios de crianças, contra os quais a Bíblia faz advertências específicas.
As evidências arqueológicas confirmam que os habitantes de Canaã ofereciam regularmente seus primogênitos em sacrifício aos deuses (na ver-dade, demônios) a quem adoravam. Pequenos esqueletos infantis esmagados encontrados em grandes jarros com inscrições de votos testemunham da religião degradante dos cananeus e do que isso significava para muitos de seus filhos.
A eliminação dos cananeus, portanto, não foi uma decisão repentina tomada por Deus no momento em que estava prestes a dar a terra de Canaã aos israelitas. Na verdade, os habitantes de Canaã receberam um longo tempo de graça, durante o qual tiveram a oportunidade de conhecer a Deus e Seu caráter por meio do testemunho dos patriarcas que viveram entre eles. Os cananeus tiveram todas as oportunidades, mas obviamente as desperdiçaram, e continuaram em suas práticas abomináveis até que o Senhor precisou pôr fim a elas.
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2. Leia Gênesis 18:25; Salmo 7:11; 50:6; 82:1; 96:10; 2 Timóteo 4:1, 8. O que esses versos dizem sobre o caráter moral de Deus? De que forma Seu papel como Juiz do Universo nos ajuda a entender a questão da guerra divina?
A santidade do caráter de Deus significa que Ele não tolera o pecado. Ele é paciente, mas o pecado deve receber seu salário final, que é a morte (Rm 6:23). Yahweh declarou guerra contra o pecado, independentemente de onde ele fosse encontrado, quer entre os cananeus ou no meio dos israelitas. Israel não foi santificado por participar de guerras santas, assim como outras nações não foram (Dt 9:4, 5; 12:29, 30), mesmo quando elas se tornaram o meio do juízo de Yahweh contra Sua nação escolhida. Diferentemente de outros povos do Antigo Oriente Próximo, os israelitas experimentaram a reversão da guerra santa, quando Deus não mais lutou por eles, mas contra eles, permitindo que seus inimigos os oprimissem (ver Js 7).
Todo o conceito de guerra santa pode ser compreendido apenas se for visto à luz da atuação de Deus como Juiz. Sob essa perspectiva, as guerras de conquista de Israel assumem um caráter completamente diferente. Em contraste com as guerras imperialistas de engrandecimento próprio, tão comuns no mundo antigo (e em nosso mundo atual), as guerras de Israel não tinham o objetivo de alcançar glória para o povo, mas de estabelecer a justiça e a paz de Deus dentro daquele território. Portanto, no âmago do conceito de guerra santa está a ideia do governo e da soberania de Deus, que estão em jogo na figura do Senhor como Guerreiro, assim como de Rei ou de Juiz.
Dizer que Yahweh é Guerreiro significa que, como Juiz, Ele está com-prometido em implementar, promover e manter o governo da lei, que é o reflexo de Seu caráter. A imagem de Deus como Guerreiro, semelhante à de Juiz e Rei, ensina que Yahweh não tolerará para sempre a rebelião contra Sua ordem estabelecida. Portanto, podemos dizer que o objetivo da atuação de Yahweh nunca é a guerra em si, ou mesmo a vitória em si, mas o restabelecimento da justiça e da paz. Em última análise, julgar e fazer guerra (ou promover a justiça) são a mesma coisa se Deus for o sujeito dessa ação.
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3. Leia Êxodo 23:28-30; 33:2; 34:11; Números 33:52; Deuteronômio 7:20. Compare esses textos com Êxodo 34:13; Deuteronômio 7:5; 9:3; 12:2, 3; 31:3, 4. O que essas passagens revelam sobre o propósito da conquista de Canaã e a extensão da destruição?
O propósito original de Deus para os cananeus não era aniquilá-los, mas, em vez disso, desapropriá-los do território. Quando examinamos as passagens que descrevem a maneira como Israel teve que se envolver nas batalhas da conquista, vemos que elas utilizam termos que descrevem a desapropriação, expulsão e dispersão dos habitantes da Terra Prometida. Por outro lado, os textos que ordenam que Israel deveria destruir algo se referem especialmente a objetos inanimados, como artigos de adoração pagã e objetos dedicados à destruição. Evidentemente, os locais de adoração pagã e os altares constituíam os principais centros da religião cananita.
A guerra santa se dirigia principalmente à cultura e à sociedade corruptas de Canaã. Para evitar a contaminação, Israel teve que destruir todos os elementos que estavam propagando a corrupção. No entanto, todos os habitantes de Canaã e aqueles que, individualmente, reconheceram a soberania de Deus antes ou mesmo durante a conquista de Canaã, puderam ser salvos por meio da imigração (Js 2:9-14; compare com Jz 1:24-26). A única parte da população cananeia condenada à destruição consistia naqueles que se retiraram para as cidades fortificadas, continuaram a se rebelar de maneira obstinada contra o plano de Deus para os israelitas e endureceram o coração (Js 11:19, 20).
No entanto, isso levanta uma questão: Se o propósito inicial da conquista de Canaã era expulsar os habitantes do território e não aniquilá-los, por que os israelitas tiveram que matar tantas pessoas?
Quando analisamos os textos bíblicos relacionados à conquista de Canaã, observamos que a intenção original da conquista era dispersar a população cananeia. Entretanto, os cananeus, assim como o rei do Egito, endureceram o coração e se apegaram à cultura a tal ponto que eliminar sua cultura significava que eles também deveriam ser destruídos.
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4. Leia Deuteronômio 20:10, 15-18; 13:12-18; Josué 10:40. Como a lei sobre a guerra e os procedimentos contra cidades idólatras em Israel, apresentados em Deuteronômio, nos ajudam a entender os limites da destruição na guerra em que os israelitas estavam envolvidos?
O texto hebraico usa um termo para descrever a destruição de pessoas na guerra: ??rem. Essa palavra se refere ao que é “condenado”, “amaldiçoado” ou “entregue à destruição”. Ela se refere a colocar pessoas, animais ou objetos inanimados, de maneira completa e irrevogável, dentro do domínio exclusivo de Deus, o que na guerra envolvia, na maioria dos casos, sua destruição. Precisamos entender o conceito e a prática do ??rem como a eliminação de um povo, no contexto de guerra, à luz do conflito de Yahweh com as forças do mal, onde Seu caráter e reputação estão em jogo.
Desde o surgimento do pecado no mundo, não há neutralidade: ou esta-mos do lado de Deus ou contra Ele. Um lado leva à vida eterna e o outro à morte eterna.
A prática da destruição total (??rem) descreve o justo juízo de Deus contra o pecado e o mal. O Senhor delegou a execução de parte de Seu juízo à Sua nação escolhida, o antigo Israel. A entrega à destruição estava sob Seu rígido controle teocrático, limitada a certo período da história (a conquista de Canaã) e a uma área geográfica definida (a antiga Canaã). As pessoas entregues à destruição foram aquelas que se rebelaram contra os propósitos de Deus e os desafiaram, rejeitando todo arrependimento. Portanto, a decisão de Deus de destruí-los não foi arbitrária nem nacionalista.
Além disso, Israel poderia esperar o mesmo destino se decidisse ado-tar o mesmo estilo de vida dos cananeus (ver Dt 13). À primeira vista, pode-ria parecer que cada lado da guerra divina tinha seu futuro pré-definido (os israelitas herdariam o território e os cananeus seriam destruídos). No entanto, havia a possibilidade de ir de um lado para o outro, como veremos nos casos de Raabe, Acã e os gibeonitas.
Portanto, as pessoas não eram arbitrariamente protegidas ou destruí-das. Aqueles que se beneficiavam do relacionamento com Yahweh podiam perder essa condição privilegiada caso se rebelassem, e aqueles que seriam entregues à destruição podiam se submeter à autoridade de Yahweh e viver.
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5. Como os textos seguintes descrevem o futuro que Deus havia planejado para Seu povo? Is 9:6; 11:1-5; 60:17; Os 2:18; Mq 4:3
Embora o foco principal da lição desta semana sejam as guerras do AT ordenadas e conduzidas por Deus, precisamos mencionar a presença de outro tema igualmente significativo dos escritos proféticos do AT: o futuro de paz na era messiânica. O Messias é descrito como o “Príncipe da Paz” (Is 9:6). Ele irá inaugurar um reino dominado pela paz, onde o leão e o cordeiro pastarão juntos (Is 11:1-8), no qual não haverá “mal nem dano” (Is 11:9), e onde a paz reinará (Is 60:17) e fluirá “como um rio” (Is 66:12).
6. Leia 2 Reis 6:16-23. O que essa história revela sobre os propósitos mais profundos de Deus para Seu povo e a humanidade?
Considere a história do exército sírio sendo alimentado por iniciativa de Eliseu. Em vez de matá-los (2Rs 6:22), ele lhes mostrou o ideal supremo, a paz, que sempre foi o desejo de Deus para Seu povo. É interessante observar que Eliseu estava totalmente ciente da superioridade do exército invisível que cercava o inimigo (2Rs 6:16, 17). Por mais que Deus esteja envolvido em um conflito cósmico que também afetou nosso planeta, o objetivo final da redenção não é um conflito perpétuo ou mesmo colocar o inimigo em um estado eterno de sujeição e servidão, mas, em vez disso, obter a paz eterna. Assim como violência gera violência (Mt 26:52), paz gera paz. A história conclui com estas palavras: “Assim, as tropas de Arã param de invadir o território de Israel” (2Rs 6:23, NVI).
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Leia, de Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 428-430 (“As muralhas de Jericó”).
Como tudo na Bíblia, é essencial conhecer o contexto e o pano de fundo. Como vimos, o conflito cósmico e o tema de Deus como Juiz são cruciais para entender as guerras contra os cananeus.
“Deus é tardio para Se irar. O Senhor deu às nações ímpias um tempo de graça para que pudessem se familiarizar com Ele e com Seu caráter. A condenação delas foi de acordo com a luz dada, pelo fato de haverem recusado receber essa luz e por terem escolhido seguir seus próprios caminhos em vez de os de Deus. O Senhor deu a razão pela qual não desapossou imediatamente os cananeus: é que a medida da iniquidade dos amorreus ainda não havia se enchido. Através de sua iniquidade, eles estavam gradualmente chegando ao ponto em que a longanimidade de Deus não mais poderia ser exercida [...]. Até que esse ponto fosse alcançado e a medida da iniquidade deles estivesse completa, a vingança de Deus seria adiada. Todas as nações tiveram um período de oportunidade. Aquelas que invalidaram a lei de Deus avançariam de um estágio de impiedade para outro. Os filhos herdariam o espírito rebelde dos pais e fariam pior do que eles haviam feito, até que a ira de Deus caísse sobre eles. A punição não foi menor por ter sido adiada” (Comentários de Ellen G. White, Comentário Bíblico Adventista, v. 2, p. 1110).
Perguntas para consideração
1. Deus é nosso Juiz pessoal, bem como o Juiz supremo do Universo. O que isso significa? O fato de Deus ser o Juiz é fundamental para o evangelho e para nossa salvação?
2. A história dos cananeus nos ajuda a compreender a paciência e a justiça de Deus? Como refletir o caráter de Deus na maneira de lidar com os outros?
3. Por que Deus respeita nossa liberdade de escolha? E qual é a relação entre amor e livre-arbítrio?
4. Embora o AT contenha histórias de guerra, ele prevê um futuro de paz. Qual é o papel dos cristãos na promoção da paz?
Respostas às perguntas da semana: 1. Deus entregou Canaã a Israel após séculos de paciência, pois os cananeus haviam enchido a terra de pecados: idolatria, sacrifícios humanos e feitiçaria. A conquista foi um julgamento divino, não mero expansionismo. 2. Deus é justo, julga com retidão e governa como Juiz supremo. Suas guerras não são arbitrárias, mas justiça contra o mal. 3. A conquista tinha dois propósitos: expulsar os cananeus gradualmente para evitar o caos; destruir a idolatria, pois ela corromperia Israel. 4. Deus limitou a destruição: cidades distantes poderiam fazer paz; cidades cananeias e idólatras eram julgadas totalmente para evitar contaminação espiritual da terra. 5. O plano final de Deus era estabelecer um reino de paz, governado pelo Messias, sem guerra, onde a justiça reinaria. 6. Deus protege Seu povo, mas Seu maior propósito é revelar Seu poder e misericórdia – até para com os inimigos. A guerra não era o fim; a redenção era o alvo.
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TEXTO-CHAVE: Js 10:42
FOCO DO ESTUDO: Gn 15:16; Lv 18:24-30; 2Tm 4:1, 8; Êx 23:28-30; Dt 20:10, 15-18; Is 9:6
ESBOÇO
Introdução: Conforme mencionado na semana passada, a questão da guerra divina no AT é desconcertante. Lidar com essa questão envolve entender a cosmovisão do conflito cósmico e analisar dados bíblicos adequadamente. O intérprete deve considerar pelo menos quatro aspectos ao revisar o registro bíblico.
Primeiro, leitores modernos com frequência impõem sua visão contemporânea da guerra às Escrituras. A guerra religiosa na teocracia do AT é única e deve ser interpretada de modo coerente.
Segundo, é fundamental compreender o contexto histórico de Canaã e sua religião para esclarecer os motivos pelos quais seus habitantes foram expulsos da terra.
Terceiro, nunca foi intenção de Deus destruir os habitantes da terra; Ele tinha planos melhores para eles. No entanto, por causa da persistência deles em continuar na rota da destruição, Deus exerceu Seu papel como Juiz. Sua natureza amorosa não pode permitir que o mal passe despercebido.
Finalmente, ao ler qualquer parte aparentemente problemática do AT, é fundamental observar a trajetória das intenções de Deus para Seu povo e a humanidade.
A guerra, com todas as suas sequelas aterrorizantes, nunca fez parte do plano de Deus para este mundo. Ele está trabalhando para restaurar a paz eterna em nosso mundo e no Universo. No entanto, para fazer isso, Ele precisa eliminar o mal de uma vez por todas, não apenas de uma forma poderosa, mas também de uma forma sábia.
COMENTÁRIO
O conceito bíblico de guerra santa
Em seu comentário sobre Êxodo, Douglas K. Stuart oferece uma caracterização perspicaz da guerra divina no sentido bíblico. Esse tipo de guerra, geralmente expressa pelo verbo em hebraico haram, ou o substantivo herem, envolve a destruição da vida humana em larga escala e, às vezes, da propriedade e da vida animal. Devido à sua pertinência, reproduzimos abaixo a lista de Stuart com alguns ajustes (adaptado de Douglas K. Stuart, Exodus: The New American Commentary, [Nashville: Broadman & Holman, 2006], v. 2, p. 395-397).
1. No cenário singular do antigo Israel, não havia espaço para exércitos profissionais. As batalhas eram conduzidas por amadores e voluntários, em um contraste marcante com as forças militares profissionais da antiguidade e com as que conhecemos atualmente.
2. Os soldados não eram pagos. Eles obedeciam aos comandos de Deus no contexto da aliança e não deviam lutar por ganho pessoal. Em muitos casos, isso significava que eles eram proibidos de tomar despojos ou saquear.
3. A guerra divina ou santa poderia ser travada somente para a conquista ou defesa da Terra Prometida naquela conjunção histórica específica. Após a conquista, qualquer guerra de agressão foi estritamente proibida. Israel foi chamado para lutar pela Terra Prometida em um contexto geográfico e histórico específico. Uma vez que eles conquistaram a terra e consolidaram seu território, os israelitas não deviam expandir as fronteiras da Terra Prometida por meio da guerra. Deus não havia chamado Seu povo para se tornar um império militar expansionista.
4. O início da guerra santa, considerada um ato divino, estava exclusivamente sob a autoridade de Deus, sendo anunciado por meio de Seus profetas escolhidos, como Moisés e Josué. Isso destaca que a guerra nunca deveria ser fruto de uma iniciativa humana, mas o cumprimento de um dever sagrado.
5. O envolvimento de Deus na guerra santa exigia preparação espiritual, que incluía jejum, abstinência sexual ou outras formas de autonegação. A cerimônia da circuncisão (Js 5:1-9) e a celebração da Páscoa (Js 5:10-12), no contexto da renovação da aliança, foram parte dessa preparação.
6. Um israelita que infringisse qualquer uma das regras da guerra santa passava a ser considerado um inimigo. Como tal violação era punida com a morte, o transgressor se tornava um herem, isto é, alguém destinado à destruição.
7. Por fim, o envolvimento direto de Deus nas batalhas garantiu vitórias rápidas e decisivas no contexto da guerra santa conduzida com fidelidade. Exemplos disso incluem várias batalhas durante a conquista (Js 6:16-21; Js 10:1-15) e episódios em que Israel ou Judá, com a ajuda divina, defenderam seu território contra poderosas forças invasoras (2Sm 5:22-25). Em contraste, há relatos negativos em que a ausência do envolvimento de Deus resultou em derrotas, como quando Israel enfrentou os amalequitas sem a permissão divina e foi derrotado em Hormá (Nm 14:39-45), ou quando sucumbiu ao pequeno exército de Ai (Js 7:2-4).
Com o término da nação teocrática, a aplicação dessas regras deixou de ser viável, tornando a guerra santa obsoleta. Contudo, o discurso religioso continua sendo utilizado como justificativa para guerras até os dias atuais. À luz das Escrituras, esse uso constitui uma distorção do texto bíblico, o que deve nos tornar ainda mais críticos e criteriosos diante da retórica empregada para legitimar conflitos nos tempos modernos.
As regras presentes demonstram o caráter único da guerra divina na Bíblia. A prática da guerra por Israel reflete um ajustamento divino da condição humana. No entanto, em uma cultura na qual a guerra, a brutalidade e a violência eram a norma, aprendemos por meio dessas regras três aspectos essenciais da guerra santa que devem ser mantidos em mente quando leitores modernos lidam com essas passagens bíblicas desconcertantes: (a) a guerra foi limitada a situações específicas; (b) as guerras justas foram definidas por Deus, o único que conhece o coração humano e o futuro; e (c) a guerra, em última análise, representou um desvio da trajetória divina de paz.
As boas-novas sobre a ira de Deus
A guerra divina é uma manifestação concreta da ira de Deus, não apenas em relação aos cananeus e outras nações, mas também em relação ao Seu próprio povo nos tempos bíblicos. As observações anteriores podem explicar a natureza da guerra divina, mas não explicam como harmonizar essas dimensões aparentemente contraditórias da personalidade de Deus: amor e ira. Na verdade, a ira de Deus não é um tópico popular hoje. O famoso teólogo protestante C. H. Dodd considerou a ira de Deus “uma frase arcaica” (Dodd, The Epistle of Paul to the Romans: The Moffatt New Testament Commentary [Nova York: Harper & Brothers Publishers, 1932], p. 20). Embora seja um tema menos abordado atualmente, a ira de Deus não pode ser ignorada, pois é mencionada 580 vezes no AT e 100 vezes no NT. Ela está fundamentada em quatro aspectos imutáveis do caráter divino.
Primeiro: Deus é santo. Israel foi chamado para ser santo porque o Senhor é santo (Lv 11:44). No livro de Isaías, Deus foi mencionado como o “Santo de Israel” 27 vezes (veja Is 1:4; Is 60:14). Na presença de Deus, os anjos declaram: “Santo, santo, santo” (Ap 4:8; Is 6:3). Sua santidade O diferencia dos seres humanos pecadores, que não conseguem suportar nem mesmo um vislumbre de Sua presença física sem cair desfalecidos no chão (Dn 10:8, 9; Ap 1:17). A santidade de Deus é incompatível com o mal, e é por isso que Ele abomina o pecado, com base nesse aspecto intrínseco de Sua natureza. Em seu diálogo com Deus, o profeta Habacuque exclama: “Tu és tão puro de olhos, que não podes suportar o mal nem tolerar a opressão” (Hc 1:13).
Segundo: Deus é justo. Davi afirma: “Por ser justo, o Senhor ama a justiça; os retos Lhe contemplarão a face” (Sl 11:7). Mesmo na esfera humana, esperamos que a justiça seja feita. É interessante ver como as pessoas corretamente exigem justiça quando confrontadas com a injustiça no nível humano, mas lutam com a ideia de Deus, como o Juiz supremo, administrando a justiça, condenando o mal e aqueles que o abraçam. Na imagem vívida das almas dos mártires sob o altar, eles clamam: “Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?” (Ap 6:10). Eles esperam justiça, pois Deus é justo.
Terceiro: Deus cria seres com livre-arbítrio. Deus não programou de modo arbitrário Suas criaturas para amá-Lo e obedecê-Lo. Precisamente por essa razão, elas podem fazer escolhas ruins que vão contra Sua santa vontade e desencadear consequências ruins. Essa prerrogativa é evidente no conceito da aliança, que implica um acordo entre duas partes. Refletindo sobre esse aspecto da aliança, Josué testificou a Israel: “Eu e a minha casa serviremos o Senhor” (Js 24:15).
Por fim: Deus é amor. Alguns podem achar intrigante como a ira de Deus pode revelar Seu amor. Em essência, Deus também é amor (1Jo 4:8). Ele declara Seu amor a Israel em termos compassivos: “Com amor eterno Eu a amei” (Jr 31:3). Indiferença, não ira, é o oposto de amor. Assim, um Deus indiferente pode ser digno de medo, mas nunca de devoção. Ele é tudo menos apático. Em termos humanos, os pais odeiam e reagem, de modo correspondente, ao que faz seus filhos sofrerem. Por que esperaríamos menos de Deus?
Claro, um Deus perfeito não experimenta a ira como nós. Em um sentido misterioso, Sua ira é perfeita e santa. Tal mistério está presente na cruz de Jesus, onde amor e ira, misericórdia e juízo, vida e morte estão poderosamente interligados. O derramamento da ira divina é genuíno e concreto. Ainda assim, para aqueles que confiam em Cristo, humildemente rendendo toda autoconfiança e orgulho aos pés de Sua cruz, não há razão para medo porque “o perfeito amor lança fora o medo” (1Jo 4:18). Além disso, Jesus experimentou a ira de Deus em nosso lugar.
APLICAÇÃO PARA A VIDA
Guerra Santa atualmente?
Considere como o discurso religioso tem sido usado para justificar e promover a guerra desde a antiguidade. No contexto cristão, as Cruzadas são um bom exemplo. Nessa campanha militar, sancionada pela Igreja Romana, o exército cruzado acreditava que estava em uma missão espiritual para libertar a Terra Santa dos invasores islâmicos.
Embora a maioria de nós concorde que qualquer nação tem o direito de se defender contra agressores, por que a retórica religiosa da guerra santa não deveria ser usada atualmente? (Lembre-se, na formulação da sua resposta, do conceito bíblico de guerra santa.)
Vitória por amor
A guerra entre o bem e o mal foi vencida de forma inesperada e não convencional por Jesus. Reflita com a classe sobre o seguinte pensamento:
“Em vez de lutar e 'vencer', Jesus escolheu 'perder'. Ou melhor, Ele escolheu perder pelos padrões do reino deste mundo para que pudesse vencer pelos padrões do reino de Deus. Sua confiança não estava no poder da espada, mas no poder do amor radical e autossacrifical, e assim Ele permitiu ser crucificado. Três dias depois, Deus vindicou Sua confiança no poder do amor sacrifical. Ele havia cumprido a vontade de Deus e, por meio de Seu sacrifício, derrotou a morte e as forças do mal que mantêm este mundo em escravidão” (Cl 2:13-15; Gregory A. Boyd, The Myth of a Christian Nation: How the Quest for Political Power Is Destroying the Church [Grand Rapids, MI: Zondervan, 2006] p. 39).
Como você pode aplicar o exemplo de amor sacrifical dado por Jesus ao lutar a guerra espiritual hoje?
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Uma luz e uma voz
Brasil | Andrielle
A casa não parecia promissora.
Andrielle estava indo de porta em porta para vender livros cristãos exatamente quando as restrições da Covid estavam sendo suspensas no Brasil. Sua coragem se esvaiu quando ela olhou para a imponente casa. Era uma grande mansão cercada por um muro alto. Ela não podia enxergar por cima do muro. Mas através do portão de ferro forjado, ela podia ver a entrada da casa cercada por árvores altas e majestosas.
Andrielle queria ir embora. Mas seu coração se sentiu impressionado a tocar a campainha do portão.
Ela não podia recusar ou ignorar o forte sentimento.
“Está bem, Senhor, eu vou”, disse ela. “Vou tocar a campainha três vezes. Mas se ninguém sair, eu vou embora. Terei feito a minha parte”.
Então ela tocou a campainha.
Sem resposta.
Ela tocou a campainha novamente.
Sem resposta.
Na terceira vez, a porta da mansão se abriu e revelou uma mulher baixa, de cabelos grisalhos.
Andrielle sinalizou para que a mulher se aproximasse.
Ela tinha certeza de que a mulher não a convidaria para entrar na casa. Ninguém queria visitantes em suas casas por medo de contrair Covid.
A mulher olhou para Andrielle demoradamente através do portão. Em seguida, acenou com a mão e abriu o portão.
“Por favor, entre”, disse ela.
Ela não perguntou nada. Foi tão simples.
Andrielle entrou na mansão e descobriu que o nome da mulher era Heidi. Ela era uma professora aposentada, e seu esposo era um rico proprietário de terras que possuía muitas propriedades na cidade.
Andrielle se apresentou e disse que estava vendendo livros.
Notando o interesse de Heidi, ela contou a história da redenção do começo ao fim.
“Depois que o pecado entrou no mundo, Cristo se fez carne e habitou entre nós”, disse ela. “Ele veio como um homem para viver em meio a todo o mal. O que Ele fez nos dá o direito à vida eterna. Em breve, Ele virá nas nuvens para nos levar para o Céu, onde não haverá mais dor, sofrimento e morte. Eu realmente desejo viver com Cristo. Eu quero que você esteja lá também. Eu quero encontrar você no Céu”.
Heidi começou a chorar. Ela tinha sua própria história para compartilhar.
“Quando você tocou a campainha, eu não queria deixá-la entrar”, disse ela. “Mas quando eu olhei pela porta, eu vi uma luz brilhando ao seu redor, e uma voz disse: 'Deixe-a entrar'. Eu nunca deixo estranhos entrarem em casa. Eu nunca abro o portão. Mas por causa da luz e da voz, eu deixei você entrar”.
Heidi falou de uma vida difícil, sem nenhuma esperança. Apesar de sua riqueza, ela não tinha amor, paz e alegria. Ela disse que tentou se matar quatro vezes, mas seu filho a impediu todas as vezes.
Então, Andrielle não teve dúvidas de que foi Deus que a impressionou a tocar a campainha.
Ela disse a Heidi: “Foi Deus quem me enviou aqui. Ele queria que eu lhe falasse sobre a dádiva da salvação para que você pudesse ter esperança novamente”.
A partir daquele dia, as duas mulheres se tornaram boas amigas.
Foi o dia em que Heidi percebeu pela primeira vez que Deus a amava e queria que ela vivesse para Ele.
Ore para que muitas pessoas no Brasil desejem se preparar para a breve vinda de Jesus com a ajuda da oferta do trimestre, também conhecida como oferta para projetos missionários. Parte da oferta vai ajudar a abrir uma igreja para os alunos do Instituto Adventista Pernambucano de Ensino, que está localizado na região do Brasil onde Andrielle mora. Muito obrigado por planejar uma oferta generosa para esse importante projeto de esperança.
Por Andrew McChesney
Dicas para a história
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• Saiba que hoje Andrielle é uma enfermeira missionária de 27 anos que está se preparando para voar para Palawan, nas Filipinas, para compartilhar as boas-novas do breve retorno de Jesus.
Comentário da Lição da Escola Sabatina de Adultos
4º trimestre de 2025
Tema geral: Lições de Fé no Livro de Josué
Lição 5 – de 25 a 31 de outubro de 2025
Deus luta por vocês
Autor: Volney da Silva Ribeiro
Editoração: Fernando Dias de Souza
Revisão: Rosemara Franco Santos
O Senhor luta por nós
O relato destaca que, “de uma só vez, Josué venceu todos estes reis e tomou suas terras, porque o Senhor, o Deus de Israel, lutava por Israel” (Js 10:42). Tal fato demonstra que Deus é o verdadeiro protagonista da vitória. Este aspecto possui significado teológico, pois indica uma vitória instantânea, completa e soberana, resultado da intervenção direta do Senhor.
As guerras do Antigo Testamento, frequentemente perturbadoras, revelam-se no contexto do grande conflito cósmico: não expressam capricho divino, mas uma ação pedagógica e protetora que preserva a promessa messiânica e evita a corrupção espiritual de Israel. A Escritura Sagrada esclarece que a guerra não é o ideal de Deus.
Canaã e justiça divina
A gravidade dos pecados dos cananeus revela que a ocupação da terra de Canaã pelos israelitas não se limitou a uma conquista territorial, mas constituiu uma intervenção divina com significado moral e espiritual, voltada à preservação da vida e à manutenção do plano redentor divino. As práticas religiosas dos cananeus, que incluíam sacrifícios infantis, necromancia, feitiçaria e rituais sexuais ligados à fertilidade, revelavam uma cultura corrompida, na qual a adoração dos deuses refletia e reforçava aspectos degradantes da conduta humana.
Achados arqueológicos, como ossadas infantis em jarros votivos, e registros ugaríticos demonstram que essa corrupção não era episódica, mas sistêmica, envolvendo toda a estrutura social e religiosa dessas nações. Em Sua soberania e paciência, Deus concedeu tempo e oportunidades para que conhecessem Sua vontade mediante o testemunho dos patriarcas e a exposição à Sua lei moral. A persistência no pecado, contudo, tornou inevitável uma intervenção decisiva e delimitada, assegurando que o mal não comprometesse o propósito divino em Israel e, consequentemente, na história da salvação.
Esse contexto evidencia o julgamento divino como expressão de Sua justiça perfeita, não sendo arbitrário nem impulsivo. Tal justiça protege a vida, preserva o plano redentor, impõe limites à maldade e manifesta a prevalência da santidade divina.
Caráter de Deus em ação
A santidade de Deus fundamenta Sua função como Juiz Supremo, pois revela Sua intolerância ao pecado e à injustiça. Sua ação na história reflete um compromisso absoluto com a moralidade e a ordem divina. Tal atributo implica consistência moral: a justiça divina pune o pecado, tanto dos cananeus quanto dos israelitas. Quando, então, Deus ordena a guerra, é para a restauração da ordem moral, em vez da destruição.
Deus sempre intervém na história humana para fazer justiça e manifestar Seu caráter. A intervenção divina evidencia que a rebelião contra Sua lei tem peso e relevância, pois o pecado traz consequências inevitáveis, e a santidade divina demanda o confronto e a eliminação do mal. As guerras de Israel, guiadas pela direção divina, manifestavam a santidade do Senhor ao preservar Seu padrão moral e impedir a propagação da corrupção.
Conquista e redenção
A conquista de Canaã revela que o propósito divino não era aniquilar povos ou nações, mas proteger Seu plano redentor e preservar Israel da corrupção moral e espiritual. Deus instruiu Israel a desapropriar o território e a dispersar a população, atacando especificamente os centros idólatras e os elementos culturais que propagavam o pecado, como altares, objetos de culto e práticas sociais corrompidas.
A obstrução da graça manifestou-se quando muitos cananeus, ao endurecerem o coração e resistirem à soberania divina, tornaram-se inseparáveis de sua cultura pecaminosa. Assim, sua destruição tornou-se inevitável, consequência do enraizamento da rebelião e da recusa em abandonar o mal. Tal situação demonstra que, diante do pecado persistente e da oposição deliberada à vontade divina, a remoção do mal torna-se necessária para preservar a santidade, a justiça e a vida.
Liberdade e juízo
A palavra hebraica herem significa “consagrado”, “condenado” ou “anátema”. O termo bíblico descreve aquilo que é colocado sob o domínio direto de Deus para ser destruído ou interditado (Js 6:17). Isso mostra que tais ações não são arbitrárias, mas refletem Seu juízo justo sobre o pecado persistente. Cada pessoa, cidade ou cultura submetida ao herem havia escolhido repetidamente rejeitar a autoridade de Deus, mantendo-se na idolatria e na corrupção. Nesse sentido, a lei de guerra apresentada em Deuteronômio e exemplificada em Josué define limites geográficos e temporais para o juízo e estabelece que as ações de Deus sempre refletem Seu caráter santo.
Vale destacar a dimensão do livre-arbítrio: nem os israelitas nem os cananeus estavam predestinados a um resultado inevitável. A conquista de Canaã representa uma reflexão sobre escolha e responsabilidade moral: Deus respeita a liberdade de cada indivíduo, mas não ignora a persistência no pecado. O princípio permanece válido em nossa época. Nossas decisões entre o bem e o mal têm consequências reais.
O reino da paz
Embora o Antigo Testamento retrate conflitos e guerras sob a direção divina, os textos proféticos também nos revelam uma eternidade de paz planejada por Deus para Seu povo, culminando no reinado do Messias como o “Príncipe da Paz” (Is 9:6). Essa paz transcende a mera ausência de conflito, representando uma transformação moral e cósmica, em que a justiça, a harmonia e a proteção da vida prevalecem. A narrativa de Eliseu e o exército sírio (2Rs 6:16-23) exemplifica esse princípio: o poder divino supera o visível e, ante a ameaça, manifesta paz em vez de destruição.
O propósito divino não é manter Seu povo em constante conflito, mas guiá-lo à redenção e à estabilidade moral e espiritual. Por isso, somos continuamente chamados a transformar divergências em atitudes que promovam reconciliação e preservação da vida. Para o crente contemporâneo, isso significa que cada ação, diante de desafios pessoais ou comunitários, deve refletir o caráter de Cristo. Nossa missão é promover a paz e atuar como instrumento de reconciliação.
Conclusão
A narrativa de Deus lutando por Seu povo revela um princípio eterno: Ele não age por capricho, mas para proteger a vida, afirmar a justiça e manifestar Sua santidade, conduz Seu povo do conflito à redenção plena. Cada intervenção divina no passado espelha o que Ele continua a fazer hoje, defendendo-nos contra o pecado e as forças que ameaçam nosso crescimento espiritual. O grande conflito cósmico, que permeia toda a história bíblica alcança sua culminância na paz prometida pelo Messias, demonstrando que a verdadeira vitória se manifesta na preservação da vida, na transformação moral e na construção de relacionamentos que espelham a santidade e o amor divino.
Esse princípio se aplica à nossa vida diária: as decisões, ações e relações são oportunidades para manifestar o caráter divino. Ao imitarmos Cristo em nossas escolhas, participamos do propósito eterno de Deus, contribuindo para um mundo no qual a santidade, a vida e a harmonia prevalecem. Tal conclusão nos convida a viver com esperança e coragem, sabendo que não lutamos sozinhos, uma vez que o Senhor luta por nós e garante a vitória sobre o mal.
Conheça o autor dos comentários deste trimestre: Volney da Silva Ribeiro é professor, escritor e teólogo. É graduado em Letras (português e espanhol) e em Teologia. Além disso, é pós-graduado em Gestão Educacional. Foi diretor pedagógico e administrativo de escola particular (2008 a 2010), vice-diretor de uma creche-escola (2024 e 2025) e consultor pedagógico da Associação Cearense da Igreja Adventista do Sétimo Dia (2020 a 2022). Desenvolve o ministério de pregação há mais de duas décadas e serve a Deus atualmente como primeiro-ancião na Igreja Adventista do Sétimo Dia de Aldeota, em Fortaleza, Ceará.

