Lição 4
20 a 26 de abril
Em defesa da verdade
Sábado à tarde
Ano Bíblico: RPSP: Ez 26
Verso para memorizar: “E assim como Moisés levantou a serpente no deserto, assim também é necessário que o Filho do Homem seja levantado, para que todo o que Nele crê tenha a vida eterna” (Jo 3:14, 15).
Leituras da semana: Dn 7:23-25; Ap 12:6, 14; Jd 3, 4; Ap 2:10; At 5:28-32; Sl 19:7-11; 1Jo 5:11-13

atual cidade turca de Izmir foi a cidade bíblica de Esmirna (Ap 2). Essa cidade de 100 mil habitantes floresceu no final do 1o e 2o séculos. Era próspera e leal a Roma. 

Uma vez por ano, os cidadãos de Esmirna deviam queimar incenso aos deuses romanos. No 2o século, Esmirna tinha uma comunidade cristã, e muitos não obedeciam à ordem. Policarpo, líder da igreja, foi martiri- zado na praça de Esmirna, queimado na fogueira por se recusar a trair seu Senhor queimando incenso aos deuses. Quando lhe pediram que repudiasse a Cristo, ele disse: “Eu O servi por 86 anos, e Ele não me fez nada de errado. Como posso falar mal do meu Rei que me salvou?” 

Muitos enfrentaram o martírio em vez de desistir da fé em Cristo. O sacrifício deles reaviva nossa coragem. O seu compromisso renova a nossa devoção. Nesta semana, estudaremos princípios bíblicos que motivaram os valdenses e os reformadores como Hus e Jerônimo a permanecer fiéis diante da ameaça de morte pelo mesmo poder que matou Policarpo: Roma papal. 

*Esta lição se baseia nos capítulos 4 a 6 do livro O Grande Conflito. 

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Domingo, 21 de abril
Ano Bíblico: RPSP: Ez 27
Perseguidos, mas triunfantes

1. Leia Daniel 7:23-25; Apocalipse 12:6, 14. A que períodos de tempo proféticos essas passagens se referem? 

Sempre que o povo permanece fiel a Deus, Satanás se enfurece. A perseguição vem em seguida. Daniel descreveu um tempo em que a igreja medieval faria guerra contra o povo de Deus e o oprimiria (Dn 7:21, 25). João descreveu esse mesmo período como um tempo em que a igreja seria forçada a fugir para o deserto, onde seria “sustentada durante um tempo, tempos e metade de um tempo” (Ap 12:14). “A mulher [a igreja], porém, fugiu para o deserto, onde Deus lhe havia preparado um lugar” (Ap 12:6). Os fiéis foram sustentados no deserto. A Palavra os fortaleceu e sustentou, à medida que o conflito se alastrava nesse longo e sombrio período de dominação papal. 

Os fiéis encontraram um “lugar preparado” para eles. Durante os tempos de sua maior provação, encontraram refúgio no amor e cuidado de Deus (ver Sl 46). 

Os 1.260 dias e o tempo, tempos e a metade de um tempo (Ap 12:6, 14) se referem ao mesmo período (3,5 tempos ou anos x 360 dias/ano = 1.260 dias). A profecia bíblica é frequentemente escrita em símbolos. Nas porções proféticas de Daniel e Apocalipse, um dia profético equivale a um ano literal (Nm 14:34; Ez 4:6). 

O princípio dia-ano não repousa apenas nesses dois textos, mas em amplo fundamento. William Shea, estudioso do AT, apresenta 23 linhas de evidência no AT para esse princípio. Os intérpretes têm usado esse princípio ao longo dos séculos. 

Os visigodos, vândalos e ostrogodos eram tribos que acreditavam nas doutrinas de forma diferente do ensino de Roma. Os 1.260 dias começaram quando a última dessas tribos bárbaras, os ostrogodos, foram expulsos de Roma em 538 d.C. O período de escuridão espiritual continuou até 1798 d.C., quando o general de Napoleão, Berthier, removeu o papa de Roma. Muitos foram martirizados nesse período porque obedeceram à Bíblia. Mesmo na morte, triunfaram. Em Cristo eram livres da culpa e do domínio do pecado, e vencedores “por causa do sangue do Cordeiro”. A vitória de Cristo na cruz era deles. A morte deles é um descanso até o retorno de Cristo. 

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Como o cumprimento das profecias bíblicas fortalece sua fé?


Segunda-feira, 22 de abril
Ano Bíblico: RPSP: Ez 28
A luz vence a escuridão

2. Leia Judas 3, 4. Que advertência há nessa passagem e como ela se aplica à igreja cristã em todos os tempos? 

O livro de Judas foi escrito antes de 65 d.C. para cristãos “amados em Deus Pai e guardados em Jesus Cristo” (Jd 1:1). Esses fiéis foram instados a “lutar pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos. Pois certos indivíduos [...] se infiltraram no meio [deles] sem serem notados. [Eram] pessoas ímpias, que transformam em libertinagem a graça do nosso Deus” (Jd 1:3, 4). Essa admoestação foi ainda mais significativa para os crentes na Idade Média depois que práticas pagãs inundaram a igreja e tradições humanas comprometeram a Palavra de Deus. Por muitos séculos, pessoas como os valdenses permaneceram como campeões da verdade. Eles acreditavam que Cristo era seu único Mediador e a Bíblia sua única fonte de autoridade. “Em cada época houve testemunhas de Deus – pessoas que guardavam no seu íntimo a fé em Cristo como único mediador entre Deus e o homem, que mantinham as Escrituras Sagradas como a única regra de vida e santificavam o verdadeiro sábado” (Ellen G. White, O Grande Conflito [CPB, 2021], p. 52). 

3. Que promessa Deus faz aos fiéis em face da própria morte? Ap 2:10 

As palavras de Apocalipse 2:10 foram escritas para a igreja em Esmirna. Um dos deuses padroeiros da cidade era Dionísio, o deus da festa e da fertilidade. Quando os sacerdotes de Dionísio morriam, colocava-se uma coroa na cabeça deles em seu cortejo fúnebre. João compara essa coroa terrena colocada por ocasião da morte com a coroa da vida, que será colocada na cabeça dos vitoriosos sobre as forças do mal. 

A coroa da vida inspirou os fiéis a suportar a morte por amor a Cristo. Ela motiva os crentes nas aflições e inspirou os valdenses na dor e na perseguição. Eles sabiam que veriam Jesus um dia e viveriam com Ele para sempre. A coroa da vida apela a nós: sofremos, mas uma recompensa nos espera se fixarmos os olhos em Jesus. 

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O que encoraja você nas dificuldades? Que promessas reivindica nesses momentos?


Terça-feira, 23 de abril
Ano Bíblico: RPSP: Ez 29
Coragem para permanecer em pé

Uma das características dos valdenses e dos reformadores era a lealdade absoluta a Deus, a obediência à autoridade das Escrituras e o compromisso com a supremacia de Cristo, não com o papado. A mente deles estava cheia de histórias de fé e coragem. 

Eles podiam dizer: “É mais importante obedecer a Deus do que aos homens” (At 5:29). Eles compreenderam que devemos ser “fortalecidos no Senhor e na força do Seu poder” (Ef 6:10). Levaram a sério o conselho de Jesus: “Conserve o que você tem, para que ninguém tome a sua coroa” (Ap 3:11). Em vez de se submeterem às tradições romanas, esses fiéis tiveram a coragem de defender as verdades da Palavra de Deus. 

Os valdenses foram um dos primeiros grupos a obter a Bíblia em sua língua. Jean Leger, um valdense que fazia cópias da Bíblia à mão, escreveu um comovente relato, que inclui desenhos, sobre essa atividade deles. Os valdenses copiavam secretamente as Escrituras em suas comunidades montanhosas no norte da Itália e no sul da França. Jovens eram instruídos por seus pais a memorizar grandes porções das Escrituras. Equipes de copistas da Bíblia trabalhavam juntas. Muitos desses jovens viajavam na Europa como mercadores compartilhando a verdade. Alguns se matriculavam em universidades e, à medida que a oportunidade surgia, compartilhavam partes das Escrituras com os colegas. Guiados pelo Espírito Santo, quando sentiam receptividade de alguém sincero, distribuíam partes da Bíblia. Muitos pagaram por sua fidelidade com a própria vida. Embora os valdenses não entendessem todos os ensinamentos bíblicos, eles preservaram a verdade da Palavra de Deus por séculos, compartilhando-a com outros. 

“A vereda dos justos é como a luz do alvorecer, que vai brilhando mais e mais até ser dia claro” (Pv 4:18). Salomão comparou o caminho pelo qual Deus conduz Seus filhos a um sol que se eleva. Se Deus simplesmente acionasse um interruptor cósmico e o sol brilhasse instantaneamente com todo seu resplendor, nos cegaria. Depois que a escuridão engoliu o mundo por séculos, Deus levantou homens e mulheres, comprometidos com a Sua Palavra, que continuaram a buscar mais luz. 

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Como podemos, refletindo a luz de Cristo, resplandecer em nossa comunidade?


Quarta-feira, 24 de abril
Ano Bíblico: RPSP: Ez 30
A estrela da manhã da Reforma

5. Que atitudes de Davi e Jeremias em relação à Palavra de Deus foram a pedra angular da Reforma? Sl 19:7-11; 119:140, 162; Jr 15:16 

Uma das verdades realçadas pela Reforma foi a alegria trazida pelo estudo das Escrituras, o que não era um exercício penoso, legalista nem rígido, mas um deleite. 

Ao estudarem as Escrituras, foram transformados. “O caráter de Wycliffe é um testemunho do poder educador e transformador das Sagradas Escrituras. Foram elas que fizeram ele ser o que foi. O esforço para aprender as grandes verdades da revelação comunica frescor e vigor a todas as capacidades. Expande a mente, aguça a percepção e amadurece o discernimento. O estudo da Bíblia enobrece todo pensamento, sentimento e aspiração como nenhum outro estudo consegue fazer. Dá estabilidade de propósitos, paciência, coragem e fortaleza; aperfeiçoa o caráter e santifica a alma. O estudo fervoroso e reverente das Escrituras – colocando a mente do estudante em contato direto com a mente infinita – daria ao mundo pessoas de intelecto mais forte e mais ativo, e de princípios mais nobres do que os que já existiram como resultado do mais hábil ensino que a filosofia humana proporciona” (Ellen G. White, O Grande Conflito [CPB, 2021], p. 78, 79). 

6. Que conselho Paulo deu a Timóteo a respeito da Palavra? 2Tm 2:1-3 

Os reformadores desejavam compartilhar a verdade que alegrava seu coração. John Wycliffe passou a vida traduzindo a Bíblia para o inglês por duas razões: A Palavra o transformou, e o amor de Cristo o motivou a compartilhar o que aprendeu. 

Antes de Wycliffe, havia muito pouco da Bíblia em inglês. O reformador morreu antes que Roma chegasse até ele, mas o papado desenterrou seus restos mortais, queimou-os e jogou suas cinzas no rio Swift. Mas, assim como essas cinzas foram espalhadas pela água, a Bíblia, a água da vida, se espalhou por toda parte como resultado de sua obra. Dessa forma, Deus o usou – “a estrela da manhã da Reforma”.

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Quinta-feira, 25 de abril
Ano Bíblico: RPSP: Ez 31
Animados pela esperança

7. Leia Hebreus 2:14, 15. Como os crentes da Idade Média experimentaram a realidade do grande conflito? 

O que encorajava os fiéis valdenses durante as perseguições? O que deu a Hus e Jerônimo, Tyndale e Latimer coragem para enfrentar as chamas e a espada? Fé nas promessas de Deus. Eles creram na promessa: “Porque Eu vivo, vocês também viverão” (Jo 14:19). Consideravam a força de Cristo suficiente para as maiores provações da vida. Encontravam alegria até mesmo na comunhão com Cristo em Seus sofrimentos. E sua fidelidade foi um poderoso testemunho para o mundo. 

Eles olharam além do presente. Sabiam, pela ressurreição de Cristo, que a morte era um inimigo derrotado. Para eles, o domínio da morte fora quebrado. Eles se apegaram às promessas da Palavra de Deus e foram vitoriosos. 

8. Leia João 5:24; 11:25, 26 e 1 João 5:11-13. Que garantias essas promessas lhe dão? Como elas nos ajudam nas provações? 

Hus não vacilou diante da prisão, da injustiça e da morte. Ele definhou na prisão por meses. As condições frias e úmidas acarretaram uma febre que quase acabou com sua vida. No entanto, “A graça de Deus o susteve. [...] ‘Escrevo esta carta na prisão e com as mãos algemadas’, dizia a um amigo, ‘esperando a sentença de morte amanhã. […] Quando, com o auxílio de Jesus Cristo, de novo nos encontrarmos na deliciosa paz da vida futura, você saberá como Deus Se mostrou misericordioso para comigo’” (Ellen G. White, O Grande Conflito [CPB, 2021], p. 90). 

A admoestação de Paulo é muito relevante: “Guardemos firme a confissão da esperança, sem vacilar, pois Quem fez a promessa é fiel” (Hb 10:23). Assim como as promessas de Deus sustentaram Seu povo em eras passadas, elas nos sustentam agora. 

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O que significa perder tudo por Cristo? O que se perde? (Mc 8:36). O que aprendemos com os valdenses e reformadores que pode nos sustentar no conflito final?


Sexta-feira, 26 de abril
Ano Bíblico: RPSP: Ez 32
Estudo adicional

Eles não receberam toda a luz que devia ser dada ao mundo. Por meio desses servos, Deus estava guiando o povo para fora das trevas do catolicismo; porém, havia muitos e grandes obstáculos a serem superados por eles, e Ele os guiou, passo a passo, conforme podiam suportar. Não estavam preparados para receber toda a luz de uma vez [...]. Como o impactante brilho do Sol do meio-dia sobre os que durante muito tempo permaneceram no escuro, causaria rejeição. Portanto, Deus a revelou aos dirigentes pouco a pouco, à medida que podia ser recebida pelo povo. [...] Outros fiéis obreiros deveriam surgir para guiar o povo ainda mais longe no caminho da Reforma” (Ellen G. White, O Grande Conflito [CPB, 2021], p. 86, 87). 

“Em outra carta, a um padre que havia se tornado discípulo do evangelho, Hus falou com profunda humildade de seus próprios erros, acusando-se de ‘ter sentido prazer em usar vestimentas suntuosas e ter gastado horas em ocupações fúteis’. Acrescentou então estes comoventes conselhos: ‘Que a glória de Deus e a salvação das pessoas ocupem sua mente, e não a posse de benefícios e bens. Cuidado para não adornar sua casa mais do que sua alma; e, acima de tudo, dê atenção ao edifício espiritual. Seja piedoso e humilde para com os pobres, e não consuma seus bens em festas’” (O Grande Conflito, p. 88, 89). 

Perguntas para consideração 

  1. O que é “luz progressiva”? Por que Deus revela a verdade gradualmente? Como esses princípios se aplicam à igreja de Deus hoje? 

  2. As novas descobertas da verdade se relacionam com verdades anteriores que o povo de Deus compreendeu? Por que a nova luz nunca deve contradizer a antiga luz? 

  3. A cultura promove valores, ideias e códigos morais que entram em conflito com o que a Bíblia ensina. Como lidamos com esses desafios? Podemos ser bons cidadãos e, ao mesmo tempo, não sucumbir a valores distorcidos que a cultura proclama? 

  4. Como a carta de Hus impacta seu pensamento? O que o impressiona nessa carta? 

Respostas e atividades da semana: 1. Aos 1.260 dias (1.260 anos proféticos), que começaram em 538 d.C. e continuaram até 1798 d.C. 2. A advertência de que os fiéis deveriam defender a verdade da Palavra de Deus, visto que práticas pagãs inundaram a igreja. 3. “Eu lhe darei a coroa da vida”. 4. Perseverança na obediência à Palavra de Deus. 5. Eles se deleitavam na Palavra de Deus e amavam Sua lei. 6. Que ele a transmitisse a pessoas fiéis e idôneas para que a transmitissem a outros. 7. Enfrentaram a perseguição e a morte por causa de sua fidelidade a Deus. Demonstraram confiança nas promessas Dele. 8. A morte é um inimigo derrotado. Se cremos em Cristo e somos fiéis, passaremos da morte para a vida eterna.

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Resumo da Lição 4
Em defesa da verdade

TEXTO-CHAVE: João 3:14, 15 

FOCO DO ESTUDO: Jo 14:6; Jd 3, 4; Ap 2:10; 1Jo 1:7; Jo 3:14, 15; Hb 11:6; At 4:12; Mt 10:18-20; Ap 1:9 

ESBOÇO 

Introdução: Os fiéis cristãos primitivos e da Idade Média se destacaram não somente por sua devoção pessoal a Deus e às Suas Escrituras, mas também pela atitude pública ao proclamarem os fundamentos do reino de Deus e da salvação. Nesta semana, continuare- mos a observar a postura firme da igreja ao lado de Deus no contexto do grande conflito, tanto ao longo dos períodos da Idade Média quanto durante o movimento da Reforma. Durante esse tempo, os primeiros reformadores e líderes eclesiásticos inspiraram-se no exemplo de Cristo e dos apóstolos, bem como nos mártires, como Policarpo. 

A era da reforma não abrange um período comum de perseguição; ao contrário, abarca um período profético de 1.260 anos, estendendo-se de 538 a 1798 d.C. Como ocorre nos demais períodos proféticos de perseguição, essa época também ressalta que o tempo da adversidade é limitado e que Deus detém o controle. 

Nesse tempo, muitos seguidores do cristianismo, como os valdenses, Wycliffe e Hus, não apenas enfrentaram perseguições nas mãos dos opositores de Deus, mas também assumiram uma postura ofensiva contra as influências das trevas espirituais. A missão dos verdadeiros cristãos e o segredo de seu poder consistiam em descobrir, amar e pro- clamar a Palavra de Deus, independentemente das consequências. 

O trabalho dos reformadores culminou em uma dupla realização, tanto para a huma- nidade como para Deus. A primeira realização deles foi compreender que o amor divino, manifestado em Suas Escrituras, transforma a vida de Seu povo e lhes dá esperança no reino de Deus. A segunda realização deles consistiu em proclamar a verdade das Escri- turas ao mundo, defendendo a identidade e a natureza de Deus, ambas distorcidas pelas influências malignas na grande guerra cósmica. As sombras espirituais cedem perante a proclamação da Palavra que ilumina o mundo com esperança e amor. 

Temas da lição: A lição desta semana enfatiza três temas principais: 

  1. A perseguição que a Igreja medieval promoveu contra os cristãos que professavam sua fé na Bíblia ocorreu durante um período profético limitado no tempo, com a supervi- são final de Deus, conforme previsto nas Escrituras. 

  2. Os valdenses, Wycliffe e Hus ilustram o que significa estar do lado de Deus, testemu- nhando e proclamando a Palavra Dele nos momentos mais sombrios do conflito cósmico. 

  3. A Palavra de Deus é nossa maior fonte de esperança e poder, permitindo-nos viver e permanecer ao lado Dele.

A raiz da perseguição 

De maneira geral, os historiadores da igreja costumavam categorizar as razões por trás da perseguição aos primeiros cristãos conforme as seguintes classes: 

  • Econômica (a profissão de fé de um crente impactava, e muitas vezes restringia, suas transações com estabelecimentos comerciais locais e regionais; At 19:23-27). 

  • Social (os cristãos se recusavam a participar de atividades imorais). 

  • Política (os cristãos eram feitos de bodes expiatórios, a fim de que se resolvessem problemas políticos). 

  • Religiosa (crenças, práticas e crescimento cristãos eram vistos como uma ameaça existencial às religiões dominantes). 

A origem fundamental de todas essas perseguições residia em Satanás. Qual era o propósito por trás de seu ataque aos cristãos na batalha contínua contra Cristo? Afinal, não foi ele quem, em primeiro lugar, acusou Deus de controle, opressão e restrição da liberdade? Por que Satanás agora se tornaria a principal fonte de perseguição e opressão? 

Podemos considerar duas hipóteses plausíveis. Primeiramente, Lúcifer baseou sua revolta e visão de uma nova ordem mundial em falsidades, loucas conjecturas e acusações falsas e prejudiciais contra Deus, Sua natureza, posição e domínio (Jo 8:44). Como mestre da mentira, Satanás não apenas distorceu a realidade para os outros, mas também se viu influenciado pelas próprias falsidades que espalhou e pelo ato de mentir em si. O engano distorce os alicerces da própria personalidade. Rapidamente, a mentira se torna uma força dominante, tentando se impor como verdade, indo de encontro às orientações da razão e da consciência. 

Ainda que a mentira seja uma criação da mente humana, ela exerce controle sobre as ações e condutas das pessoas. Por conseguinte, a mentira resulta em distorções significativas na percepção externa da realidade. A deformação da realidade ocorre porque a mentira não possui uma base natural de sobrevivência; não se alinha com a verdade objetiva e, por isso, busca moldar a realidade de acordo com seus próprios princípios. Em outra perspectiva, um confronto com a verdade simplesmente desqualificaria a mentira. Como resultado, esta necessitaria de constante esforço para existir. Qualquer tentativa de examinar a verdade é uma ameaça existencial à mentira, e, portanto, aquele que a aceita suprimirá qualquer tentativa de busca pela verdade. Por isso, a própria natureza maligna de Lúcifer, deturpada por suas próprias mentiras, estava agora agindo para reprimir qualquer tentativa do povo de Deus de receber, descobrir, viver e proclamar a verdade. 

Um segundo ponto é que não há liberdade sem Deus. O próprio Deus é livre. Ele nos criou à Sua imagem: livres e, portanto, morais e amorosos. Deus não apenas nos dotou de liberdade; como nosso Provedor, Ele constitui o padrão e o alicerce dessa liberdade, que, a propósito, não pode ser plenamente alcançada à parte de Deus ou em oposição a Ele. Qualquer tentativa de estabelecer total autonomia sem Deus, como Lúcifer queria, significaria privá-Lo de Seu status de Criador e Provedor. Além disso, tal empreendimento implicaria despojá-Lo de Sua posição. Portanto, visando a atingir uma autonomia total, Lúcifer concebeu sua rebelião contra Deus. Entretanto, logo percebeu que, para manter sua autonomia, seria necessário reprimir de forma constante a própria existência de Deus, que, por definição, era o Criador e Provedor. Mas não seria apenas isso, pois Lúcifer teria que reprimir qualquer inclinação, tanto dentro de si quanto nos outros, de se voltarem a Deus e aos princípios de Seu reino. Por essa razão, o maligno seria compelido a eliminar qualquer referência à presença de Deus. Portanto, uma vez que o povo de Deus dá testemunho da existência Dele e O adora como seu Criador e Provedor, Satanás não poderia permitir que a existência do povo de Deus continuasse sem ser perturbada. Fazer isso implicaria admitir o colapso de suas teorias, ou seja, que não existe verdadeira liberdade sem Deus e Seu governo. 

Valdenses, franciscanos e as Escrituras 

No começo do segundo milênio depois de Cristo, a Igreja Católica Romana havia se transformado em um gigante, estabelecendo-se de forma centralizada e hierárquica na Europa. Porém, era uma instituição corrupta. Os membros da Igreja não conseguiram ignorar tal degeneração, pois sentiram a urgência de investigar as origens da corrupção eclesiástica e de propor soluções. Desse processo surgiram ordens religiosas e mendicantes. 

No início do século 13, Francisco de Assis (1181-1226), oriundo de uma família abastada e familiarizado com os prazeres terrenos, passou por uma experiência mística de conversão, após a qual renunciou a todas as propriedades que possuía e declarou sua intenção de imitar a simplicidade de Cristo tanto quanto possível. Francisco fundou a ordem dos franciscanos, que defendia a virtude da pobreza. Os franciscanos eram conhecidos por suas pregações de rua. Em 1209, Francisco buscou o reconhecimento formal de sua ordem pelo papa Inocêncio III, que esteve no poder de 1198 a 1216. Depois de uma hesitação inicial, o papa atendeu ao pedido de Francisco em 1210. O líder religioso também fundou uma ordem feminina, a Ordem de Santa Clara, bem como a Ordem Terceira, que era composta por leigos. 

Poucas décadas antes, no término do século 12, Pedro Valdo (falecido em 1205), um próspero empreendedor do sudeste da França, também passou por uma conversão, abandonou suas posses materiais e promulgou a ideia de pobreza voluntária. Além disso, ele estabeleceu uma ordem que se destinava aos desfavorecidos e fez um apelo ao papado em busca de aprovação. Apesar de o papa Alexandre III, que liderou de 1159 a 1181, inicialmente ter aceitado o compromisso de pobreza de Valdo, seu sucessor, o papa Lúcio III, que ocupou a Sé papal de 1181 a 1185, condenou Valdo e seu movimento, os valdenses, como hereges, e proibiu-lhes a prática da pregação. O cenário agravou-se ainda mais nos séculos seguintes, quando a Igreja Católica Romana desencadeou intensas perseguições contra os valdenses, quase resultando em sua extinção. 

Vamos agora examinar as similaridades entre esses dois movimentos. Os fundadores de ambos os movimentos, Francisco de Assis e Pedro Valdo, vivenciaram experiências de conversão parecidas. Ambos os homens estabeleceram suas ordens com princípios espirituais similares: a ênfase na pobreza e a prática de pregações nas ruas. Ambos nutriam a aspiração de reformar a igreja e buscaram a aprovação papal para suas ordens. No entanto, elas tiveram relações radicalmente diferentes com o papado e, consequentemente, destinos e finais distintos. A solicitação de aprovação papal por parte dos franciscanos foi inicialmente recebida com certa hesitação, porém, mais tarde, foi atendida. Por outro lado, o voto de pobreza de Valdo, que inicialmente obteve a aprovação do papado, posteriormente foi revogado. Os franciscanos se transformaram em uma das ordens católicas romanas de maior influência (o atual papa, embora jesuíta, escolheu honrar Francisco de Assis adotando seu nome). Em contraste, os valdenses foram alvo de uma das mais cruéis perseguições da história. 

A pergunta fundamental sobre o motivo é mais relevante nessa análise. O que efetivamente distinguiu esses dois movimentos ou ordens? A resposta reside em sua fidelidade definitiva. Os franciscanos, muito possivelmente aprendendo com a trajetória de Valdo, asseguraram a aprovação papal ao oferecer uma lealdade inabalável à autoridade papal. Em outras palavras, os franciscanos reconheceram o papado como a máxima autoridade espiritual e temporal na Terra e se comprometeram a apoiar de maneira incondicional sua orientação em questões de doutrina e prática. 

Os valdenses, por outro lado, acreditavam que a autoridade suprema para a vida e ensinamentos emanava das Sagradas Escrituras de Deus. Por consequência, eles elegeram as Escrituras como o ponto central de seus estudos, pregações e existência. Como resultado, os valdenses prontamente identificaram e rejeitaram um número crescente de equívocos e concessões presentes na Igreja Católica Romana, como: (1) a veneração dos santos; (2) a maioria dos sete sacramentos católicos; (3) o conceito da transubstanciação; (4) a confissão auricular de pecados a sacerdotes humanos; (5) a prática do batismo infantil; (6) a venda de indulgências; (7) a doutrina do purgatório; (8) as orações pelos mortos. 

Em vez disso, os valdenses proclamaram que Deus é o único Criador e Salvador. Eles também proclamaram que Cristo é o único Mediador, doador da graça e perdoador dos pecados. Ensinaram também que o ato de adoração não se limitava ao ambiente físico das igrejas católicas romanas, mas poderia ser prestado a Deus em qualquer local. 

Os valdenses não receberam, em vida, a recompensa por sua fidelidade. Mas suas ideias e coragem ao defenderem a Palavra de Deus contra as concessões e as falsidades do diabo logo inspiraram as estrelas da manhã da Reforma, John Wycliffe e John Hus, bem como o restante do movimento da Reforma do século 16 em diante. Ainda que a sociedade humana não os tenha enaltecido, esses reformadores receberão o reconhecimento de Cristo em Seu glorioso retorno. Os valdenses e os demais reformadores seguiram a exortação de Paulo: “Pregue a palavra, esteja preparado a tempo e fora de tempo” (2Tm 4:2, NVI). Eles disseminaram, em sua trajetória, Bíblias completas ou fragmentos do livro sagrado e deixaram os resultados com o Espírito Santo. 

APLICAÇÃO PARA A VIDA 

  1. De que forma você poderia contribuir para difundir a Palavra de Deus de maneira impactante entre as pessoas que o cercam? 

  2. Elabore um plano com três pontos para ajudá-lo a fortalecer sua fidelidade a Deus durante períodos de perseguição. Compartilhe o plano com a classe da Escola Sabatina.

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Adeus ao passado

Para Vlad, a vida se centrava em dinheiro, dinheiro e dinheiro. Ele fez bastante dinheiro quando a União Soviética caiu e o Uzbequistão surgiu como um país independente no começo da década de 1990. Durante o dia, ele gerenciava uma pequena fábrica que produzia manteiga. Pela noite, ele dirigia um negócio ilegal de poker.

Vlad viveu uma vida boa com sua esposa, Marina, e juntos compraram vários apartamentos na capital de Uzbequistão, Tasquente.

Mas então Vlad foi pego e mandado para a prisão. Sua esposa o deixou. Tudo parecia estar desmoronando. Na prisão, Vlad pensou em Deus pela primeira vez. "Se me ajudares, eu acreditarei em Ti", ele orou. "Se não me ajudares, eu não acreditarei em Ti."

Um mês e dezoito dias depois, ele foi libertado da prisão. Ele era um homem livre sob uma anistia geral do presidente.

Vlad esqueceu sua oração e voltou a buscar dinheiro. Ele se casou novamente e trabalhou na Coreia do Sul por um tempo. Então, ele retornou ao Uzbequistão.

Seus pensamentos se voltaram para Deus quando sua segunda esposa, Alyona, começou a frequentar reuniões evangelísticas em uma Igreja Adventista do Sétimo Dia em Tasquente. Ela o convidou para ir também. Depois que as reuniões acabaram, eles continuaram indo à igreja. Para Vlad, a vida parou de girar em torno do dinheiro. A vida começou a girar em torno do amor-amor por Deus e amor pelas outras pessoas. Três anos se passaram, e Via d entregou seu coração a Jesus e foi batizado.

Então ele começou a trabalhar como um pioneiro da Missão Global, um missionário que compartilha o evangelho para seu próprio povo. Ele compartilhou o evangelho com vários uzbeques.Sua alta renda diminuiu para algumas centenas de dólares por mês.
Um teste de suas novas prioridades chegou quando ele foi contactado pela sua primeira esposa, Marina.

"Nós somos coproprietários de três apartamentos no centro da cidade", disse ela. "Dê-os para mim."

Marina estava morando em um dos apartamentos. Os outros dois estavam vazios. Vlad vivia com sua segunda esposa na casa da mãe dela. Para mudar titularidade da posse, Vlad apenas precisava de assinar alguns documentos no cartório. "Certo", disse Vlad.

"Vamos nos encontrar no cartório, e eu vou assinar a transferência para você."

A escrivã estava cheia de perguntas.

"Vocês são coproprietários desses três apartamentos?", ela perguntou para Vlad.

"Sim", respondeu ele.

"Você compreende que eles valem vários milhares de dólares?", perguntou ela.

"Sim",disse ele.

"Você os está dando para sua ex-esposa de graça?"

"Sim."

"Há quanto tempo vocês estão divorciados?"

"Doze anos."

"Onde você mora agora?"

"Com minha esposa na casa da mãe dela."

A escrivã olhou para Vlad surpresa.

Marina franziu a testa. Ela não gostou das perguntas da escrivã.

"O que você está fazendo?",disse ela. "Não se meta em nossos assuntos pessoais."

A escrivã pediu que Via d assinasse um doeu mento adiciona I afirmando que ele estava em seu juízo perfeito. Então, ela viu Vlad assinando a transferência dos apartamentos para Marina.

Quando ele terminou, ela balançou a cabeça, incrédula, e virou-se para Marina.

"Embora seu marido tenha esse ardente desejo de lhe dar os apartamentos, pergunte- lhe se ele possui outros apartamentos", disse ela.

Marina olhou paraVlad.

"Você possui outros?", ela perguntou.

"Não, isso é tudo o que tenho", disse ele.

Então ele pediu perdão a ela.

"Perdoe-me se eu a aborreci de alguma forma", disse ele.

Foi a vez de Marina olhar para Vlad com surpresa. "Você é louco", disse ela.

Vlad não se importou com suas palavras duras. Ele saiu do cartório todo alegre e com gozo em seu coração. Ele estava feliz em entregar os apartamentos. Eles faziam parte de uma vida passada sem Deus. Ele não precisava de nenhuma lembrança de seus velhos hábitos.

Vlad disse em uma entrevista que seu amor pelo dinheiro é coisa do passado. Hoje, ele ama a Deus e ama compartilhá-Lo com os outros.

"Deus supre todas as minhas necessidades", disse ele.

Parte das ofertas deste trimestre ajudará a abrir a primeira escola primária adventista do sétimo dia em Tasquente, Uzbequistão.

Por Andrew McChesney

Dicas para a história

  • Mostre a localização do Uzbequistão no mapa. Então, mostre Tasquente, a capital do Uzbequistão,e a futuro localização da escola adventista, um dos projetos da oferta do décimo terceiro sábado deste trimestre. 
  • Baixe as fotos desta história no Facebook: bit.ly/fb-mq.
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Comentário da Lição da Escola Sabatina – 2º Trimestre de 2024

Tema geral: O grande conflito

Lição 4 – 20 a 27 de abril

Em defesa da verdade

Autor: Eleazar Domini

Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br

Revisora: Rosemara Santos

 Introdução

Desde que o grande conflito foi transferido para a Terra, Santanás tem seus súditos: homens e mulheres que desprezam a santa lei de Deus, desobedecem às Suas palavras e perseguem aqueles cujo coração está voltado para a obediência a Deus e à Sua Palavra. Em contraste com os súditos do inimigo, encontram-se os filhos de Deus: homens e mulheres dispostos a obedecer ao Senhor a qualquer preço, mesmo que tal obediência lhes custe a vida. São fiéis na luz que possuem e vivem na atmosfera do Céu, mesmo estando rodeados pelas trevas do mundo.

O contraste entre os filhos de Deus e os filhos da desobediência já se inicia com Caim e Abel, intensificando-se com os descendentes de Caim e a linhagem de Sete. Após o dilúvio, a linhagem de Cam vai se afastando cada vez mais do Senhor e desobedecendo à Sua vontade. Um episódio marcante desse afastamento de Deus é a torre de Babel. Apesar da corrupção do mundo, Deus encontrou Abraão e o chamou para fazer dele uma grande nação. Por milênios, Israel, o povo de Deus, esteve em marcante contraste com as nações desobedientes ao redor. Em muitos momentos, entretanto, as influências das nações vizinhas sobre Israel foi tamanha que as práticas do povo escolhido se assemelhava às práticas dos povos pagãos. Na plenitude dos tempos, Cristo veio e estabeleceu sua igreja. A igreja cristã permaneceria fiel até o fim? Infelizmente, a resposta é não. Como vimos nas lições anteriores, o cristianismo logo recebeu influências corruptoras e introduziu heresias em seu meio. Mais que isso, passou a perseguir os que quiseram permancer fiéis a Deus e a Sua Palavra.

I – Os valdenses

Os assim chamados valdenses receberam esse nome por serem seguidores de Pedro Valdo, comerciante rico da região de Lyon, na França, que doou sua fortuna para viver com pouco. Provavelmente entre 1170 e 1180, Pedro Valdo encomendou de um clérigo uma tradução do Novo Testamento para o franco-provençal, língua local na época (ou talvez ele mesmo tenha traduzido, segundo fontes existentes). Por isso, ele foi reconhecido como sendo o mentor da primeira tradução da Bíblia em uma “linguagem moderna” que não fosse o latim. Isso trouxe duas consequências: Perseguição por parte da igreja, que acreditava que só ela poderia ter acesso às Escrituras, e fez com que a Pedro Valdo fosse atribuído o título de pré-reformador, lançando as bases ideológicas que culminariam na Reforma Protestante (Jones, W; The History of the Christian Church from the Birth of Christ to the Eighteenth Century. v. 2 [London: W. Myers, 1819]).

Os seguidores de Valdo, os valdenses, foram muito perseguidos pela Igreja Católica. No livro “Heróis de Todas as Épocas: a maravilhosa história dos valdenses”, são retratadas com fidelidade as perseguições extremas sofridas pelos valdenses. Eles escreviam à mão longos trechos das Escrituras e depois distribuíam pela Europa. Desde pequenos, os filhos eram encorajados a decorar livros inteiros da Bíblia. Os manuscritos sagrados em língua corrente eram escondidos em mercadorias e distribuídos àqueles que manifestavam interesse pela Palavra de Deus. Sangrentas batalhas foram travadas, e os valdenses quase foram aniquilados no século 17. O legado deles, entretando, permaneceu e influenciou outros homens de fé, como Wycliffe e Lutero. Sobre isso, O Grande Conflito [CPB, 2021], à página 65 diz: “Apesar das cruzadas contra eles e da desumana carnificina a que foram sujeitos, continuavam a mandar seus missionários para espalhar a preciosa verdade. Eram perseguidos até a morte; contudo, seu sangue regava a semente lançada, e esta não deixou de produzir fruto. Dessa maneira os valdenses testemunharam de Deus, séculos antes do nascimento de Lutero. Dispersos em muitos países, plantaram a semente da Reforma que se iniciou no tempo de Wycliffe, cresceu de forma ampla e intensa nos dias de Lutero e deve ser levada avante até o final dos tempos por aqueles que também estão dispostos a sofrer todas as coisas ‘por causa da Palavra de Deus e do testemunho de Jesus’ (Ap 1:9).” 

II – John Wycliffe

Também conhecido como a Estrela da Manhã da Reforma, Jonh Wycliffe foi um grande erudito e professor da Universidade de Oxford. Doutor em teologia e eloquente pregador, ele questionava as muitas fortunas da igreja e apelava para que houvesse um retorno à simplicidade. Começou também a questionar alguns dogmas católicos e isso suscitou perseguição contra ele. “Como professor de Teologia em Oxford, Wycliffe pregou a Palavra de Deus nos salões da universidade. Ele apresentava a verdade aos estudantes com tanta fidelidade que recebeu o título de ‘Doutor do Evangelho’” (O Grande Conflito, p. 73).

A maior obra de Wycliffe foi a primeira tradução da Bíblia para o inglês. “Como não se conhecia ainda a arte de imprimir, era somente por meio de um trabalho demorado e cansativo que os exemplares das Sagradas Escrituras podiam ser multiplicados. Tão grande era o interesse por se obter o Livro que muitos voluntariamente se empenharam na obra de o transcrever; mas era com dificuldade que os copistas atendiam à demanda. Alguns dos mais ricos compradores desejavam a Bíblia toda. Outros compravam apenas uma parte. Em muitos casos várias famílias se uniam para comprar um exemplar. Assim, a Bíblia de Wycliffe chegou rapidamente aos lares do povo” (O Grande Conflito, p. 74).

Naturalmente, a Igreja corrompida estava insatisfeita com esse trabalho e desejava muito colocar um fim à vida desse homem de Deus. Ele, porém, tinha o favor do rei da Inglaterra e, apesar dos esforços, a Igreja não conseguiu matá-lo. Ele descansou em paz. Não satisfeito, anos mais tarde, o papado ordenou que desenterrassem Jonh Wycliffe, queimassem seus ossos e os lançassem no rio Swift.

III – Jonh Huss e Jerônimo

Foi mediante os escritos de Wycliffe que João Huss, da Boêmia, foi levado a renunciar a muitos erros do catolicismo e entrar na obra da Reforma. [...] A mão divina estava preparando o caminho para a Grande Reforma” (O Grande Conflito, p. 80)

Huss foi um sacerdote católico que teve contato com os materiais de Wycliffe. Ao estudar, como homem sincero que era, ele logo passou a pregar reformas importantes e apontar os erros no papado. Claro, isso despertou a oposição da Igreja. A princípio, ele estava sozinho em seus estudos e pregações. Pouco tempo depois, “Jerônimo, que durante sua permanência na Inglaterra aceitara os ensinos de Wycliffe, uniu-se à obra da reforma. Daí em diante, os dois estiveram ligados durante toda a vida, e na morte não deveriam ser separados. Jerônimo possuía, em alto grau, uma mente brilhante, eloquência e conhecimento, dotes que conquistaram a simpatia do povo. Porém, quanto às qualidades que constituem a verdadeira força de caráter, Hus era maior. Seu discernimento calmo servia como restrição ao espírito impulsivo de Jerônimo, que, com verdadeira humildade, percebia o valor de seu companheiro e cedia aos seus conselhos. Com o trabalho de ambos, a Reforma avançou mais rápido” (O Grande Conflito, p. 86). O fim deles não foi como o de Wycliffe. Testemunharam com a própria vida em favor do evangelho. Jonh Huss morreu queimado numa estaca cantando as palavras “Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim”. Tempos depois, no mesmo local em que Huss morreu, Jerônimo foi levado para testemunhar de sua fé. O carrasco que atearia o fogo para matar-lhe, veio por trás de Jerônimo. Imediatamente, ele disse: “Venha com coragem pela frente; ponha fogo à minha vista. Se eu tivesse medo, não estaria aqui” (O Grande Conflito, p. 95).

 

Conclusão

Caminhamos para o tempo em que as perseguições contra os filhos de Deus se intensificarão. Alguns de nós poderemos testemunhar com a própria vida em favor do evangelho. Estamos preparados para morrer por Cristo? Há muitos que dizem ter disposição para morrer por Jesus quando sequer vivem por Ele. As histórias de fé e coragem desses homens do passado devem aquecer nosso coração de tal maneira que quando o tempo das provas vier, estejamos prontos, assim como eles estiveram.

Conheça o autor dos comentários deste trimestre: O Pr. Eleazar Domini é mestre em Teologia e apresentador do canal “Fala sério, pastor”, no YouTube. Serve à Igreja Adventista há mais de 14 anos e atuou em diferentes funções. Atualmente, exerce sua atividade como pastor nas igrejas de Danbury e Waterbury, Connecticut – EUA. É casado com Gisele Domini, farmacêutica, e é pai de Hannah e Isabella.