Imagine que você é um gentio, um grego, que aprendeu a estimar o Deus dos judeus. Você abandonou a adoração a muitos deuses e aceitou o único e verdadeiro Deus. Enquanto percorre os belos pátios e colunas estriadas do templo de Jerusalém, os sons de adoração suscitam seu louvor. Nesse momento, porém, você se vê confrontado por uma barreira de pedra de 1,20 metro de altura. Em vários pontos desse muro, com intervalos regulares, está gravada a seguinte mensagem em latim e grego: “Nenhum estrangeiro pode ultrapassar a barreira e o muro ao redor do templo. Qualquer um que for pego fazendo isso será culpado por sua própria morte subsequente.” Nesse momento , você se sente excluído, marginalizado e separado.
Em Efésios 2:11-22, Paulo vê a cruz de Cristo fazendo uma diferença dramática, destruindo esse tipo de barreiras e muros. Verticalmente, a cruz dissolve a separação e concilia os seres humanos com Deus. Horizontalmente, concilia as pessoas umas com as outras. A cruz removeu a inimizade e trouxe paz entre judeus e gentios, tornando-os “uma nova humanidade” (Ef 2:15). Juntos, eles se tornaram um novo templo, “morada de Deus no Espírito” (Ef 2:22).
O que essa verdade significa para n.s hoje?
Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!
1. Compare Efésios 2:1-3, a descrição anterior de Paulo sobre o passado gentílico dos destinatários, com Efésios 2:11, 12. O que ele destacou na nova descrição do passado deles?
Gentios que se tornaram crentes em Cristo e membros do Seu “corpo”, a igreja, outrora tinham sido totalmente separados de Israel e da salvação. Paulo considerava importante que se lembrassem desse passado (Ef 2:11). Eles estiveram “sem Cristo”, o Ungido, o Messias de Israel. Tinham sido “separados da comunidade [o Estado ou o povo] de Israel” e “estranhos às alianças da promessa”, inconscientes das promessas de salvação oferecidas ao longo da história. A separação de Israel e a salvação oferecida através de Israel significavam que antes os gentios não tinham esperança e estavam “sem Deus no mundo” (Ef 2:12).
Além disso, no passado, os gentios tinham vivido em grande contenda com os judeus. Paulo deu uma noção desse ódio arraigado referindo-se a um sintoma dele: insultos. Os judeus se referiam aos gentios, com escárnio, como “incircuncisão”, e os gentios se referiam aos judeus, com igual desdém, como “circuncisão” (Ef 2:11).
No entanto, Paulo apontou para algo radicalmente diferente: “Agora, em Cristo Jesus, vocês, que antes estavam longe, foram aproximados pelo sangue de Cristo” (Ef 2:13).
Quando Paulo afirmou que os gentios uma vez estiveram longe (Ef 2:17, 18), tomou emprestado de Isaías 57:19: “‘Criei a paz, paz para os que estão longe e para os que estão perto’, diz o Senhor, ‘e Eu o sararei.’” Em Cristo e por meio de Sua cruz, os gentios foram aproximados de tudo de que estavam separados: Deus, esperança e seus irmãos judeus. Eis a boa- nova subentendida na carta de Paulo: a cruz pode curar a grande ruptura entre judeus e gentios, e todas as nossas rixas e divisões podem ser resolvidas ali. Essa boa-nova nos convida a considerar as divisões que existem em nossa vida e na igreja e a refletir sobre o poder da cruz para suplantá-las.
Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!
“Ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um e destruiu a barreira, o muro de inimizade […]. O objetivo Dele era […] reconciliar com Deus os dois em um corpo, por meio da cruz” (Ef 2:14-16, NVI).
2. Como Paulo descreveu a cruz e o impacto da obra de Cristo? Como você resumiria o que ele disse sobre a cruz? De que modo ela muda nossos relacionamentos? Ef 1:7, 8; 4:32; 2:13, 14, 16; 5:2, 25
No contexto de Efésios 2:11-22, a cruz ofereceu três grandes recursos aos crentes: (1) Os gentios, que estavam “longe” de Deus e de Seu povo, foram “aproximados” de ambos, sendo agora filhos de Deus e irmãos dos judeus (Ef 2:13, 19); (2) A “inimizade” (echthran, palavra grega relacionada a echthros, “inimigo”) entre judeus e gentios foi destruída. A cruz removeu o que parecia ser o estado permanente de hostilidade em que judeus e gentios eram inimigos jurados (Ef 2:16, 17); (3) No lugar da hostilidade veio a reconciliação. Era plano de Cristo reconciliar “ambos em um só corpo com Deus, por meio da cruz” (Ef 2:16; Cl 1:19-22).
Como é a reconciliação? Como é estar reconciliado? Imagine um afastamento sério entre mãe e filha que se estabeleceu ao longo dos anos. Imagine esse rancor sendo dissolvido em uma onda de graça e perdão e o reencontro entre as duas. Isso é reconciliação. A reconciliação é vivenciada no momento em que um membro da igreja deixa de lado qualquer questão que o separe de outro membro e reconhece-o como um irmão amado, que aceita o que foi oferecido. Reconciliação não é um termo mecânico ou legal, e sim um termo interpessoal que celebra a cura de relacionamentos quebrados. Paulo ousou imaginar a poderosa obra de Cristo na cruz impactando os relacionamentos, não apenas entre indivíduos, mas também entre grupos de pessoas. Ele a imaginou invadindo nossa vida e destruindo as divisões, dissolvendo as brigas e renovando nossa comunhão e compreensão uns com os outros.
Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!
3. Que atitude Cristo tomou em relação à “lei dos mandamentos na forma de ordenanças”? Por que Ele fez isso? Ef 2:14, 15
Nesses versos, é provável que Paulo tenha feito menção à balaustrada ou muro que rodeava o pátio de Israel no Templo de Herodes com sua ameaça de morte. Paulo imaginou essa parede sendo derrubada e os gentios tendo acesso total à adoração a Deus (Ef 2:18). Qualquer parede desse tipo, disse Paulo, havia sido removida pela cruz, pois ali aprendemos que esses dois povos, judeus e gentios, são na verdade um.
Alguns acreditam que o texto de Efésios 2:14, 15 ensina que os Dez Mandamentos, incluindo o mandamento do sábado, foram “abolidos” ou “postos de lado” pela cruz. No entanto, em Efésios, Paulo demonstrou profundo respeito pelos Dez Mandamentos como um recurso para moldar o discipulado cristão. Ele citou o quinto mandamento (Ef 6:2, 3) e fez alusão aos outros (por exemplo, ao sétimo, Ef 5:3-14, 21-33; ao oitavo, Ef 4:28; ao nono, Ef 4:25; e ao décimo, Ef 5:5). Isso se harmoniza com as afirmações anteriores de Paulo sobre a lei (Rm 3:31; 7:12). Ele falou do uso indevido da lei, mas a honrou e assumiu sua continuidade. Assim, usar esses versos para insinuar que os Dez Mandamentos teriam sido abolidos, em especial à luz de todos os outros versos da Bíblia sobre a perpetuidade da lei divina, é claramente uma interpretação errônea da intenção do apóstolo.
Em vez disso, qualquer uso da lei para causar discórdia entre judeus e gentios e, especialmente, excluir gentios da parceria plena entre o povo de Deus e do acesso à adoração seria anátema a Paulo e um uso indevido da intenção divina para a lei. A “lei” em Efésios 2:14, 15 se refere aos aspectos cerimoniais da lei que separavam o judeu do gentio, representados na complexa expressão “a lei dos mandamentos na forma de ordenanças”, ou a todo o sistema de lei do AT conforme interpretado, ampliado e mal utilizado como um obstáculo para separar judeus de gentios.
Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!
4. Como Paulo resumiu o ministério de Cristo em Efésios 2:17, 18?
O conceito de paz é importante em Efésios, visto que a carta começa e termina com bênçãos de paz: “e a paz de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo” (Ef 1:2; Ef 6:23). Antes, em Efésios 2:11-22, Paulo argumentou que Cristo personifica a paz, “Porque Ele é a nossa paz”, e que Sua cruz produz paz (Ef 2:14-16). Cristo não só destrói algo – a hostilidade entre judeu e gentio –, mas cria uma nova humanidade, marcada por relacionamentos de reconciliação e paz (Ef 2:14-17). Tal paz não é apenas ausência de conflito, mas ecoa o conceito hebraico de shalom, a experiência de totalidade e bem-estar, no relacionamento com Deus (Rm 5:1) e com o próximo.
5. Como Paulo imaginava os crentes compartilhando a mensagem de paz de Jesus? Ef 4:3; 6:14, 15; compare Rm 10:14, 15 com Ef 2:17-19; Is 52:7; 57:19
Os evangelhos contêm exemplos de Jesus como pregador da paz. Em Suas mensagens de despedida aos discípulos, prometeu a eles e a nós: “Deixo com vocês a paz, a Minha paz lhes dou” (Jo 14:27). E concluiu: “Falei essas coisas para que em Mim vocês tenham paz. No mundo, vocês passam por aflições; mas tenham coragem: Eu venci o mundo” (Jo 16:33). Após Sua ressurreição, quando apareceu aos discípulos, repetidamente dizia: “Que a paz esteja com vocês” (Jo 20:19, 21, 26).
Em Efésios 2:17, 18, Paulo ressaltou que a pregação da paz de Cristo se estendia além do período de Seu ministério terrestre. Ele “anunciou paz” tanto aos “que estavam longe” (gentios antes de serem convertidos) como aos “que estavam perto” (judeus; comparar com Ef 2:11-13). Ao aceitar essa proclamação, todos os crentes experimentam uma bênção profunda.
Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!
6. Que conjunto culminante de imagens Paulo usou em Efésios 2:11-22 para assinalar a unidade entre judeus e gentios na igreja?
Efésios 2:1-10 ensina que vivemos em união com Jesus, enquanto os versos 11-22 ensinam que vivemos em união com os outros como parte de Sua igreja. A morte de Jesus tem benefícios verticais, no estabelecimento de nosso relacionamento com Deus (Ef 2:1-10), e horizontais, na consolidação de nosso relacionamento com os outros (Ef 2:11-22). Por meio da cruz, Jesus demoliu o que separava gentios de judeus, incluindo o uso indevido da lei com o propósito de ampliar o abismo (Ef 2:11-18). Jesus também construiu um incrível e novo templo composto por crentes. Gentios, antes excluídos da adoração nos lugares sagrados, se juntam aos judeus para se tornarem um novo templo. Todos se tornam parte da igreja, “santuário dedicado ao Senhor” (Ef 2:19-22), e têm o privilégio de viver em união com Jesus e os irmãos em Cristo.
7. Como comparar o uso da metáfora da igreja como templo nas seguintes passagens? Ef 2:19-22; 1Co 3:9-17; 2Co 6:14–7:1; 1Pe 2:4-8
Paulo empregou a metáfora do templo para representar a igreja numa figura culminante da plena inclusão de gentios na igreja. Antes banidos da adoração no “pátio de Israel” no templo, eles não só ganharam acesso, mas se tornaram materiais de construção para o novo templo para “morada de Deus no Espírito” (Ef 2:18, 22).
Os autores do NT empregaram a metáfora do templo para visualizar a santidade da igreja, o papel de Deus na fundação e no crescimento da igreja e a união dos crentes dentro dela. A metáfora foi usada em conjunto com a linguagem biológica (Ef 2:21, onde o templo “cresce”), e o processo de construção foi frequentemente realçado (Ef 2:22; “também vocês estão sendo edificados, junto com os outros”). Em vez de uma imagem estática, a igreja é capaz de reconhecer sua identidade como “santuário do Deus vivo” (2Co 6:16).
Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!
Estude o seguinte preâmbulo às perguntas para consideração listadas abaixo: Qual é o contexto de Efésios 2:11-22, que descreve os efeitos abrangentes da cruz sobre os relacionamentos humanos? Paulo abordou os relacionamentos entre judeus e gentios na igreja. Sua preocupação era que eles entendessem e vivessem seu status comum e reconciliado na família de Deus (Ef 2:19). No entanto, em Efésios, Paulo demonstrou um propósito abrangente. Seu tema é o supremo plano de Deus de unir todas as coisas em Cristo (Ef 1:9, 10), e seu escopo inclui “a família no Céu e na Terra” (Ef 3:15).
A unidade dos membros dentro da igreja, tema abordado em Efésios 2:11-22, tem um propósito mais amplo, revelado em Efésios 3:10: “para que agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus [em criar a igreja a partir de judeus e gentios] se torne conhecida dos principados e das potestades nas regiões celestiais”. Efetivando a união que Cristo obteve por meio da cruz, os crentes devem sinalizar que o plano divino final de unir todas as coisas em Cristo está em andamento. As reconciliações sinalizam o plano de um Universo unificado em Cristo. Por isso, é apropriado consultar os princípios bíblicos de Efésios 2:11-22, inseridos no contexto de Efésios como um todo, a respeito de um tema importante atualmente: relacionamentos entre grupos ou culturas.
Perguntas para consideração
- Que princípios vemos em Efésios 2:11-22 referentes aos relacionamentos étnicos? Qual é a abordagem distintiva e centrada em Cristo a respeito de como membros de um grupo étnico devem se relacionar com membros de outro grupo étnico?
- Tendo em vista o plano de Deus para o futuro da humanidade (Ef 1:9, 10; 2:11-22), é importante que a igreja trate das suas questões internas e conflitos entre culturas?
- Que problemas entre grupos étnicos existem em sua comunidade? Sua igreja pode desempenhar um papel positivo em efetivar a obra unificadora que Cristo já realizou na cruz? Como você pode participar disso?
Respostas e atividades da semana: 1. Eram “separados da comunidade [o Estado ou o povo] de Israel” e “estranhos às alianças da promessa”. 2. Os gentios foram aproximados de Deus e dos crentes judeus; a inimizade entre judeus e gentios foi destruída. No lugar da hostilidade, veio a reconciliação. A cruz traz reconciliação e destrói as barreiras da inimizade. 3. Jesus derrubou a parede de separação, abolindo a lei dos mandamentos na forma de ordenanças. Os judeus usavam a lei cerimonial de forma indevida para discriminar os gentios. 4. Cristo pregava a paz e a reconciliação. 5. Imaginava os cristãos vivendo em comunhão uns com os outros e pregando o evangelho da paz e verdadeira inclusão. 6. A imagem da construção de uma nova igreja. 7. Os autores do NT empregaram a metáfora do templo para visualizar a santidade da igreja, o papel de Deus na fundação e no crescimento da igreja e a união dos crentes dentro dela.
Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!
TEXTO-CHAVE: Efésios 2:13, 14
FOCO DO ESTUDO: Ef 2:11-22; Rm 3:31; Rm 7:12; Is 52:7; Is 57:19; Jo 14:27; 1Co 3:9-17
VISÃO GERAL
Introdução: Em Efésios 2:1-10, Paulo pinta um retrato incrivelmente belo e edificante de como Deus atua na salvação de uma pessoa. Ser salvo significa ser chamado pelo Messias, ser ressuscitado com Ele, ascender e ser exaltado com Ele. Mas essa descrição geralmente era aplicada aos judeus que esperavam ansiosamente por seu Messias-Salvador. Na interpretação judaica, quando o Messias viesse, esperava-se que Ele salvasse e exaltasse os judeus e destruísse e humilhasse os gentios. No entanto, Paulo emprega a linguagem de exaltação usada para descrever a salvação dos judeus e a aplica... também aos gentios!
Ao mesmo tempo, precisamos observar com cuidado que Paulo não proclama que agora os gentios são salvos porque são gentios ou que os judeus são salvos porque são judeus. Os judeus, que estavam “perto” de Deus (Ef 2:13), podiam viver o mesmo tipo de vida “sem Deus no mundo” (Ef 2:12 ) que os gentios viviam (Ef 2:1-10; Rm 2:17-26). Os gentios, por sua vez, não devem esquecer o modo de vida que viviam antes de encontrar e aceitar a Cristo. Assim, ambos os grupos foram igualmente salvos pela graça de Deus, manifestada em Jesus Cristo na cruz. É somente quando os judeus e os gentios estão em Cristo que eles estão salvos. Por outro lado, Paulo enfatiza que a salvação vem dos judeus (Ef 2:12; veja também Rm 9:4, 5; Jo 4:22). Afinal, “Deus havia escolhido os hebreus como Seus representantes na Terra”, pelo fato de “lhes confiar os oráculos divinos, e de o Messias ser um judeu” (Rm 9:4, 5; Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 5, p. 1040).
Temas da lição: O estudo desta semana abrange três temas principais:
- Cristo Jesus salva igualmente judeus e gentios, embora Deus primeiro tenha chamado os judeus para a missão de proclamar Sua salvação ao mundo;
- A salvação oferecida a todos pelo Senhor Jesus é universal porque Ele morreu na cruz proporcionando, dessa forma, a salvação para todo aquele que Nele crê (Jo 3:16). Assim, o muro de separação entre judeus e gentios se tornou irrelevante;
- Jesus Cristo não apenas destruiu o muro entre os judeus e os gentios, mas também constrói uma nova realidade, um novo templo de Deus, a igreja, onde judeus e gentios igualitariamente e unidos formam a igreja.
COMENTÁRIO
Derrubando aquela parede
Alguns cristãos entendem erroneamente que, em Efésios 2:16, Paulo prevê a paz entre judeus e gentios por meio da abolição da lei mosaica. Consequentemente, esses cristãos veem o Antigo Testamento e a Lei como irrelevantes para o cristianismo. No entanto, essa visão não é apenas uma má compreensão da teologia de Paulo, mas também uma conclusão contrária ao que ele escreveu.
Duas observações importantes são cruciais e devem ser ressaltadas aqui. Primeira, o contexto imediato de Efésios 2:16 de fato aponta para a ideia de que os gentios que queriam se unir ao povo de Deus encontraram um muro que os impedia de fazê-lo. Essa parede de separação era uma tragédia porque Deus chamou Israel à Sua graça e lhes deu a missão de proclamá-la ao mundo. No entanto, os israelitas confundiram seu chamado para experimentar a santidade, conferida pela graça, com isolacionismo e elitismo. Dessa forma, falharam em cumprir a missão de Deus para eles.
Alguns tendem a identificar o problema da inimizade descrita como gerada exclusivamente pelos judeus para manter os gentios longe do acesso a Deus. A principal implicação dessa visão é que o problema seria resolvido se Jesus simplesmente abolisse a lei judaica e estabelecesse uma nova religião. Sem dúvida, havia muita inimizade demonstrada pelos judeus contra os gentios. No entanto, o Antigo Testamento também testemunha a inimizade dos povos do mundo antigo manifestada contra Israel e Judá.
Paulo, no entanto, não se engaja em um projeto de reconciliação internacional tradicional de dois povos, com base na identificação de um terreno comum, em concessões de ambos os lados e na decisão política de tolerância mútua. Sim, Paulo afirma que tanto os judeus quanto os gentios são culpados, mas ele não diz que o principal problema desses dois grupos consiste simplesmente em sua animosidade mútua ou na falha em encontrar uma forma de conviverem pacificamente no mundo. No próprio contexto de Efésios 2, o apóstolo diz aos cristãos gentios em Éfeso que eles estavam “mortos em [...] transgressões”, não por causa dos judeus, mas por sucumbirem à sua própria natureza pecaminosa e a Satanás e porque eles eram arrogantes e achavam que tinham mais inteligência para saber como se salvar (Ef 2:1-5; veja também Rm 1:21-32).
Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!
Estudante do Seminário Relutante
Stanislav - 22 de julho
Após entregar seu coração a Jesus na adolescência, Stanislav se tornou muito ativo em sua igreja local na Sérvia. Ele pregava muitos sermões, mas nunca passou por sua cabeça se tornar um pastor.
Então, o pastor da igreja sugeriu que ele fosse a um retiro de um mês chamado “Um Mês para Jesus”.
Stanislav não queria ir. O evento era para jovens, e ele tinha por volta de 40 anos de idade. Ele balançou sua cabeça careca. Mas o pastor não aceitaria um não como resposta.
“Vai ser interessante”, disse o pastor.
“Se você não quer ir por você, vá pela igreja”, disse o pastor.
Então, Stanislav foi.
Para sua decepção, apenas uma pessoa era mais velha do que ele no retiro. Ele teve dificuldades para se encaixar com os jovens. Mas um pastor demonstrou interesse por ele.
“Você deveria ir ao nosso seminário adventista em Belgrado”, disse o pastor.
“Não, eu sou velho”, disse Stanislav. “Além disso, eu não vou à escola há anos. Eu esqueci como se escreve.”
Mas o pastor foi muito persuasivo. Ele foi tão fervoroso em seu apelo que eles até choraram juntos.
“OK”, Stanislav finalmente disse. “Mas se eu for para o seminário, perderei meu emprego.
Eu não tenho dinheiro para pagar minha mensalidade, e eu não tenho poupança.”
“Deus vai cuidar disso”, disse o pastor.
Stanislav prometeu orar e jejuar — e assim ele fez.
Imediatamente, as coisas começaram a acontecer. Enquanto Stanislav dava ré em seu carro no retiro, outro carro bateu nele. Ele pensou: “Sabe, talvez este seja um sinal para ir ao seminário”.
Então, ele jogou futebol com os jovens. Enquanto corria atrás da bola, ele bateu em uma árvore. Sangue espirrou por todo lado. Ele pensou: “Talvez este seja o segundo sinal”. Enquanto ele estava descansando ao ar livre, algo caiu em seu olho, fazendo-o inchar até fechar. Ele pensou: “Este definitivamente é um sinal. Só preciso melhorar um pouco e então eu irei”.
Então, ele ficou surdo de um ouvido.
Ele orou: “Certo, Deus. Esta é Sua vontade. Eu devo ir. Não vou nem esperar o retiro acabar”. Naquele momento, Stanislav sentiu uma voz perguntar: “Eu faria isso com você?”
Ele pensou: “Esse é um bom ponto. Mesmo que fosse a vontade de Deus que eu fosse, Ele não faria dessa maneira”.
Ele ficou no retiro. Depois, ele foi para o seminário. Mas ele não estava convencido de que era um tipo de pessoa para ser pastor. Ele pensou: “Provavelmente, eu vou falhar no vestibular”.
Mas ele passou.
Então ele pensou: “Beleza, mas eu tenho certeza de que vou reprovar na entrevista quando me perguntarem sobre minha vida e motivos”. Ele orou: “Deus, por favor, afaste de mim este cálice. Mas que seja feita a Tua vontade, não a minha”.
Stanislav passou na entrevista e foi admitido no seminário.
Stanislav não tinha dinheiro suficiente para cobrir a mensalidade. Ele não tinha tirado boas notas no Ensino Médio e tinha certeza de que ninguém contribuiria para suas necessidades financeiras.
Mas, para sua surpresa, o dinheiro brotava em sua conta à medida em que ele tirava vários 10. Ele não sabia de onde o dinheiro estava vindo, mas sempre cobria seus gastos.
As provas eram particularmente assustadoras. Durante seu primeiro ano, Stanislav estava preocupado, em particular, com o exame de teologia. Ele simplesmente não teve tempo para se preparar depois de ter sido solicitado a fazer seu próprio trabalho no campus e o trabalho de outros alunos que haviam ido embora antes. Stanislav conseguiu estudar apenas um terço dos materiais de teologia.
Ele orou: “Deus, Tu sabes que eu não fiz isso de propósito. Eu fiz o melhor que pude. Preciso de ajuda”.
Quando ele se sentou para fazer a prova, descobriu que todas as perguntas eram baseadas nos materiais que ele havia estudado! Ele passou facilmente no exame.
Aquele dia foi um marco para Stanislav. Ele percebeu que precisava ficar no seminário e estudar.
Stanislav se tornou um dos primeiros alunos do seminário a receber uma bolsa integral. Quando o outrora relutante aluno conversou com a Missão Global, ele estava apenas a algumas semanas de se formar.
“De ser um mau aluno, agora estou tirando vários 10, o que é muito legal”, disse o homem de 41 anos de idade. “Deus está operando. Eu não conseguiria fazer isso sem Ele.”
Obrigado por suas ofertas deste trimestre, três anos atrás, que ajudaram a abrir uma nova igreja na grande área metropolitana de Belgrado, Sérvia, onde Stanislav frequentou o seminário.
Por Andrew McChesney
Dicas para a história
-
Baixe fotos no Facebook: bit.ly/fb-mq.
-
Baixe publicações e fatos rápidos sobre a Divisão Transeuropeia: bit.ly/TED-2023.
Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!
Comentário da Lição da Escola Sabatina – 3º Trimestre de 2023
Tema geral: Efésios
Lição 5 – 22 a 29 de julho
Expiação horizontal: a cruz e a igreja
Autor: Matheus Cardoso
Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
Revisora: Rosemara Santos
Ideias principais
Em Efésios 2:11-22, Paulo continuou apresentando o plano da salvação e ajudando seus leitores a compreender a nova identidade que tinham em Cristo. Enquanto os versos 1 a 10 apresentam a expiação vertical – a reconciliação entre os pecadores arrependidos e Deus –, os versos 11 a 22 enfatizam a expiação horizontal – a reconciliação entre judeus e gentios.
A reconciliação com Deus deve levar naturalmente à reconciliação com os outros seres humanos. Judeus e gentios, antes separados, tornam-se “um só” povo (Ef 2:14), uma “nova humanidade” (verso 15) e um novo templo (verso 22). Essa é uma etapa essencial da reconciliação cósmica – o grandioso plano de Deus de, no fim dos tempos, “reunir sob a autoridade de Cristo tudo que existe nos céus e na terra” (Ef 1:10, NVT).
Texto-base da semana: Efésios 2:11-22
Antes do estudo da Lição da Escola Sabatina ou deste comentário, leia Efésios 2:11-22. Sugerimos uma tradução mais contemporânea da Bíblia, como a Nova Versão Internacional ou a Nova Versão Transformadora.
Notas de estudo
Para o estudo mais aprofundado do texto bíblico, sugerimos uma tradução mais literal, como a Nova Almeida Atualizada (que usamos abaixo).
2:11:
Portanto. A expiação horizontal – a reconciliação entre as pessoas umas com as outras (versos 11-22) – é consequência da expiação vertical – a reconciliação entre os seres humanos e Deus (versos 1-10).
Chamados incircuncisão. Um insulto que muitos judeus usavam para se referir aos gentios, indicando que eles não faziam parte do povo da aliança.
Aqueles que se intitulam circuncisão. A circuncisão era uma marca que definia a identidade judaica e da qual esse povo se orgulhava. Ao mesmo tempo, era uma expressão de desdém usada por muitos gentios, especialmente da cultura greco-romana, que consideravam a circuncisão uma prática infame.
2:12: Separados da comunidade de Israel. Isto é, os gentios “não tinham os privilégios do povo de Israel” (NVT). Na época do Antigo Testamento, gentios podiam se tornar parte do povo de Deus, mas, para isso, deviam, necessariamente, unir-se a Israel, o que acontecia especialmente por meio da circuncisão. Como Paulo explicou em Efésios 2:11-22, essas condições – que separavam judeus de gentios – foram removidas pela morte de Cristo.
2:13:
Mas agora. O grande contraste entre a condição passada e a atual, semelhante ao verso 4. Antes os gentios estavam longe de Deus e da salvação, mas agora foram aproximados por meio da morte de Cristo.
Vocês, que antes estavam longe, foram aproximados. Uma referência a Isaías 57:19.
2:14:
Ele é a nossa paz. Cristo não apenas trouxe paz e reconciliação com Deus, mas Ele próprio é a personificação da paz (Is 9:6; 52:7; Mq 5:5). O foco desse texto é a paz e reconciliação entre judeus e gentios, mas a reconciliação com Deus (expiação vertical) é o fundamento e a causa da reconciliação de uns com os outros (expiação horizontal). Por isso, o conceito de paz é essencial em Efésios (Ef 1:2; 2:17; 4:3; 6:15, 23).
De dois povos, judeus e gentios, Cristo fez um só. A antiga divisão da humanidade em dois grupos – judeus e gentios – foi superada por uma nova comunidade, a “igreja de Deus” (1Co 10:32) ou o “Israel de Deus” (Gl 6:16). Deus tem um só povo (formado por judeus e gentios) e um só meio de salvação (a graça mediante a fé em Cristo). A igreja se constitui “um só” povo (Ef 2:14), uma “nova humanidade” (verso 15) e “um só corpo” (verso 16), que tem acesso a Deus “por um só Espírito” (verso 18, NVI).
Derrubou a parede de separação. No pátio externo do templo de Jerusalém havia uma inscrição advertindo que os gentios que entrassem no espaço interno seriam responsáveis por sua própria morte. Essa barreira ilustra muito bem a separação que havia entre judeus e gentios.
2:15: Cristo aboliu a lei dos mandamentos na forma de ordenanças. Paulo não estava deixando de lado a obediência à lei de Deus, uma vez que ele a exaltou ao longo de seus escritos (por exemplo, Rm 3:31; 7:7-14; 8:4, 7; 13:8-10; 1Co 7:19; Gl 5:14; 6:2; Hb 8:8-10), inclusive na própria Carta aos Efésios (por exemplo, Ef 4:25, 28; 5:5; 6:2, 3).
A “lei dos mandamentos na forma de ordenanças”, mencionada em Efésios 2:15, são os aspectos da lei que tinham a ver com a separação entre Israel e as outras nações. Muitas leis cerimoniais do Antigo Testamento, especialmente a circuncisão, os rituais do templo e as festas religiosas, distinguiam Israel como o povo especial de Deus. O mundo estava dividido entre aqueles que podiam se aproximar de Deus (os que cumprissem essas leis) e aqueles que tinham que se manter a distância (os que não cumprissem essas leis). Por Sua morte, Cristo cumpriu essas cerimônias, reconciliando com Deus aqueles que creem e removendo a separação entre judeus e gentios (1Co 7:19; Gl 6:15).
Além disso, a distinção entre Israel e os gentios, que era estabelecida pelas leis cerimoniais, se tornou ainda maior com as leis criadas por muitos judeus, especialmente fariseus, com o propósito de separar judeus de gentios. Essas leis incluíam, por exemplo, cerimônias de purificação não prescritas pelo Antigo Testamento (Mc 7:2-5) e a ideia de que a associação com os gentios tornaria um judeu impuro (At 10:28).
A “lei dos mandamentos na forma de ordenanças”, portanto, se refere às duas coisas: “aos aspectos cerimoniais da lei [do Antigo Testamento] que separavam o judeu do gentio” e “a todo o sistema de lei do AT conforme interpretado, ampliado e mal utilizado como um obstáculo para separar judeus de gentios” (Lição da Escola Sabatina, 25 de julho).
Popularmente, muitos cristãos usam Efésios 2:15 como argumento contra a validade dos Dez Mandamentos ou do mandamento do sábado. É interessante observar, no entanto, que essa interpretação não é adotada pelos estudiosos cristãos mais respeitados (veja, por exemplo, os comentários sobre este versículo em Clinton E Arnold, Ephesians [Zondervan, 2010]; Steven M. Baugh, Ephesians [Lexham Press, 2015]; Darrell L. Bock, Ephesians: An Introduction and Commentary [IVP Academic, 2019]; Lynn H. Cohick, The Letter to the Ephesians [Eerdmans, 2020]; Harold W. Hoehner, Efésios: Comentário Exegético [Vida Nova, 2023]; Frank S. Thielman, Ephesians [Baker Academic, 2010]).
(Para estudo mais aprofundado de Efésios 2:15, veja Ivan T. Blazen, “Cristo aboliu a lei na cruz?”, em Interpretando as Escrituras: Descubra o Sentido dos Textos Mais Difíceis da Bíblia [CPB, 2015], p. 312-314.)
Cristo não só destruiu algo – a inimizade entre a humanidade e Deus, e entre judeus e gentios –, mas construiu uma nova comunidade, tão magnífica que é chamada de nova humanidade, e até mesmo “nova criação” (2Co 5:17, NVI; Gl 6:15, NVI). Essa nova humanidade, como Paulo destacou em Efésios 4 a 6, é marcada por relacionamentos de paz e harmonia.
2:17:
Cristo evangelizou paz. Mais do que destruir a inimizade, Cristo trouxe o que o Antigo Testamento em hebraico chama de shalom, isto é, uma experiência de plenitude – completa restauração, harmonia, integridade e bem-estar no relacionamento com Deus e com o próximo.
A vocês que estavam longe e paz também aos que estavam perto. Paulo usou a linguagem de Isaías 52:7 e 57:19 para descrever o que Cristo fez pelos “que estavam longe” (gentios) e os “que estavam perto” (judeus) de Deus e da salvação.
2:19: Assim. Em consequência da obra de Cristo, vocês, isto é, os gentios, não são mais estrangeiros e peregrinos, desprezados, sem direitos e excluídos do povo de Deus (veja o verso 12). Em vez disso, são concidadãos dos santos e membros da família de Deus, compartilhando de todos os direitos e privilégios do povo de Deus (Ef 1:11, 14).
2:21: Santuário dedicado ao Senhor. Uma tradução mais exata é “santuário santo no Senhor” (NVI) ou “templo santo para o Senhor” (NVT). Os gentios, que antes estavam excluídos do templo de Jerusalém, agora se tornaram o templo sagrado, isto é, a morada de Deus (veja 1Co 3:16, 17; 6:19; 1Pe 2:4-6), com pleno “acesso ao Pai” (Ef 2:18).
Conclusão
A separação entre judeus e gentios pode parecer distante para a maioria de nós, mas Paulo estava tratando das realidades abrangentes da história da salvação. Não poderia haver separação mais profunda entre a humanidade do que a que existia entre Israel e os gentios. No entanto, até mesmo essa hostilidade foi eliminada pela obra de Cristo.
O pecado trouxe desarmonia e inimizade não só entre Deus e os seres humanos, mas entre as pessoas. Em Efésios 2, o apóstolo Paulo expressou grande entusiasmo pelo que Deus fez e está fazendo por meio de Cristo. O fato de que Deus salva os pecadores arrependidos usando o mesmo método – a graça – deve levar à profunda humildade (Ef 2:8-10), que rompe todas as barreiras criadas pelo orgulho humano e fornece a base para a unidade do povo de Deus, uma nova humanidade, governada pelo segundo Adão, Cristo. Esse profundo “mistério” será o tema de Paulo no restante de Efésios.
Conheça o autor dos comentários para este trimestre: Matheus Cardoso é graduado em Teologia pelo Unasp-EC. Serviu à Casa Publicadora Brasileira como editor durante alguns anos e hoje atua como tradutor profissional para a Casa Publicadora Brasileira e outras instituições.
Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!