Lição 11
08 a 14 de junho
Famílias de fé
Sábado à tarde
Ano Bíblico: Jó 20, 21
Verso para memorizar: “Portanto, [...] corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que Lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus” (Hb 12:1, 2).
Leituras da semana: At 10:1-28, 34, 35; 1Co 2:2; 1Ts 5:21, 22; Jo 1:12, 13; 3:7; 1Jo 5:1

Não importa em que estágio da vida estejamos, nem o que temos passado, ou o que enfrentaremos adiante, o fato é que vivemos em um contexto cultural. Nossos pais, filhos, lar, família e até mesmo nossa igreja sofrem grande influência da cultura em que vivem. Embora houvesse outros fatores em jogo, a mudança do sábado para o domingo é um poderoso exemplo de como a cultura influencia a igreja de maneira intensa e negativa. Sempre que passamos por uma igreja e vemos uma placa indicando o horário de culto aos domingos, recebemos um claro lembrete da grande extensão do poder da cultura.

Famílias cristãs enfrentam desafios culturais o tempo todo. Às vezes as influências culturais podem ser boas; contudo, na maioria das vezes, são negativas.

A grande notícia é que o poder do evangelho nos dá luz, conforto e força para lidar com os desafios apresentados pela cultura. Nesta semana, examinaremos como podemos ser “famílias de fé” à medida que buscamos nos tornar “irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual” resplandecemos “como luzeiros no mundo” (Fp 2:15).



Domingo, 09 de junho
Ano Bíblico: Jó 22–24
Retenha o que é bom

À medida que o evangelho circula o mundo, os cristãos se deparam com diferentes culturas e práticas, muitas das quais se referem às relações familiares e sociais. Uma das grandes questões para os missionários cristãos é como eles devem se relacionar com as normas culturais.

1. Leia Atos 10:1-28, 34, 35. O que essa história ensina sobre a necessidade de superarmos nossas barreiras e preconceitos ao lidarmos com outras culturas? Assinale a alternativa correta:

A. (  ) Não devemos considerar as pessoas imundas nem indignas do nosso amor.

B. (  ) Devemos preservar nossa cultura e evitar pessoas de culturas inferiores.

Cristo morreu pelos pecados de todos em todos os lugares. Muitas pessoas simplesmente ainda não conhecem essa maravilhosa verdade. A missão evangelística do cristão é levar essa notícia juntamente com um convite que deve ser respondido. Visto que Deus não manifesta parcialidade, o cristão é chamado a tratar todos com respeito e integridade, dando-lhes a chance de aceitar as boas-novas que são para eles também.

2. O que os primeiros missionários cristãos concluíram em relação à apresentação do evangelho a outras culturas? Qual princípio podemos extrair dos textos a seguir? At 15:19, 20, 28, 29; 1Co 2:2; 1Ts 5:21, 22

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Embora toda cultura reflita a condição caída de seu povo, a cultura também pode possuir crenças compatíveis com as Escrituras, e até úteis para a causa do evangelho. O valor dado à família e à comunidade em muitas partes do mundo é um exemplo. Os cristãos podem apoiar e fortalecer o que é bom e de acordo com os princípios bíblicos.

Ao mesmo tempo, a verdade de Deus não deve ser comprometida. Lamentavelmente a história da igreja mostra que a transigência e a adaptação a culturas produziram uma miscelânea de crenças pseudocristãs que se apresentam como cristianismo. Satanás afirma ser o deus do mundo e espalha alegremente a confusão, mas Jesus redimiu este mundo, e Seu Espírito guia Seus seguidores a toda a verdade (Jo 16:13).

Sua fé é moldada pela cultura ou pela verdade bíblica? Como podemos discernir entre as duas?


Segunda-feira, 10 de junho
Ano Bíblico: Jó 25–28
O poder da cultura sobre a família

Porque Eu o escolhi para que ordene a seus filhos e a sua casa depois dele, a fim de que guardem o caminho do SENHOR e pratiquem a justiça e o juízo; para que o SENHOR faça vir sobre Abraão o que tem falado a seu respeito” (Gn 18:19).

Embora possa ter várias configurações, a família é o alicerce da sociedade; portanto, muitos traços culturais distintos de diversas sociedades estão diretamente ligados à família. Por exemplo, em uma cultura antiga, considerava-se responsabilidade do homem comer o cadáver de seus pais mortos; em outra, um homem que desejava uma noiva tinha que trazer ao pai dela um dote de cabeças encolhidas, cortadas de pessoas de uma tribo rival. Mesmo nos tempos modernos, ideias em relação a filhos, namoro, divórcio, casamento, pais, etc., variam muito. À medida que compartilhamos nossa mensagem com essas diversas culturas, precisamos nos relacionar com elas de maneira que, sem comprometer nossas crenças, evitemos problemas desnecessários. Ao mesmo tempo, em nosso lar, temos que estar bem conscientes de quais influências culturais afetam nossa família.

3. Como a cultura afetou a vida familiar nos exemplos a seguir? Quais princípios aprendemos com esses exemplos?

Gn 16:1-3: __________________________________________________________________________________________

Gn 35:1-4: __________________________________________________________________________________________

Ed 10: __________________________________________________________________________________________

1Rs 11:1: __________________________________________________________________________________________

Ninguém vive no vácuo; todos, inclusive nossa família, são afetados pela cultura em que vivem. Como cristãos, nossa responsabilidade é viver em nossa cultura da melhor maneira que pudermos, mantendo o que está em harmonia com nossa fé e, ao mesmo tempo, rejeitando totalmente o que conflita com ela.

Quais elementos da cultura são úteis à vida familiar e estão em harmonia com a Bíblia? Há coisas que não estão de acordo com as Escrituras? Como adaptar nossa fé à cultura sem comprometer as verdades bíblicas?

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Terça-feira, 11 de junho
Ano Bíblico: Jó 29–31
Sustentando a família nos tempos de mudança

A mudança é uma ocorrência inevitável e inquietante na família, independentemente da cultura em que vivemos. Algumas mudanças estão relacionadas à transição previsível ao longo do ciclo da vida. No entanto, muitas vezes a mudança é imprevisível, como mortes, desastres, guerras, doenças, tranferência para outro lugar ou mesmo fracasso na carreira. Muitas famílias enfrentam mudanças econômicas e sociais em sua comunidade e no país. Outras mudanças estão diretamente relacionadas à cultura.

4. Considere alguns exemplos de grandes mudanças enfrentadas por pessoas, algumas das quais foram traumáticas. Como as situações difíceis afetaram a vida familiar dessas pessoas e o que as ajudou nesses momentos? Você teria uma reação diferente?

Abraão, Sara e Ló (Gn 12:1-5): ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Ester (Et 2:7-9): ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Daniel, Ananias, Misael e Azarias (Dn 1): ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Com a mudança, vem a experiência da perda e a ansiedade pela incerteza quanto ao futuro imediato. Dependendo da capacidade que uma família tem de se adaptar às mudanças, essas experiências podem impulsionar as pessoas a novos níveis de crescimento e apreço pelas coisas espirituais, ou podem levar ao estresse e à ansiedade. Satanás explora o transtorno que as mudanças trazem, na esperança de introduzir dúvidas e desconfiança em relação a Deus. As promessas da Palavra de Deus, os recursos da família e dos amigos e a certeza de estar nas mãos de Deus ajudaram muitos heróis e heroínas da fé a lidar de maneira satisfatória com graves turbulências da vida.

Se você conhece alguém que está enfrentando uma mudança traumática, o que pode fazer para ajudá-lo e encorajá-lo?


Quarta-feira, 12 de junho
Ano Bíblico: Jó 32–34
Rumo à fé da primeira geração

5. Após a morte de Josué e de sua geração, qual crise de fé ocorreu em Israel? (Jz 2:7-13). Assinale “V” para verdadeiro ou “F” para falso:

A. (  ) Muitos começaram a reclamar das más influências culturais que eram toleradas no território de Israel.

B. (  ) O povo abandonou o Senhor e passou a adorar Baal e Astarote.

Estudos sobre a maneira pela qual os valores e crenças são transmitidos às gerações subsequentes revelam que os fundadores de uma instituição têm um nível muito alto de comprometimento com esses valores, pois foram os primeiros a defendê-los. Em uma ou duas gerações, muitos perdem de vista os princípios por trás dos valores. Eles podem concordar com a instituição, mas fazem isso por força do hábito. Nas gerações seguintes, os hábitos tendem a se cristalizar em tradições. A paixão dos fundadores desaparece.

6. Dizem que Deus não tem netos, apenas filhos. Em sua opinião, o que isso significa? Veja também Jo 1:12, 13; 3:7; 1Jo 5:1.

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Uma abordagem comum para transmitir valores às futuras gerações do cristianismo tem sido a seguinte: os mais velhos simplesmente comunicam aos jovens aquilo em que eles acreditam. No entanto, aprender as crenças dos pais ou da igreja não é ter fé pessoal. Ser cristão é mais do que pertencer a uma organização com uma história e uma doutrina. A verdadeira fé não é algo genético, algo transmitido naturalmente de uma geração à outra. Cada pessoa precisa conhecer Cristo por si mesma. Há um limite no que os pais podem fazer. A igreja, como um todo, e os pais, em especial, precisam fazer tudo o que puderem para criar um ambiente que desperte nos jovens o desejo de fazer essa escolha certa, mas, no fim, uma geração é salva ou perdida pela aceitação ou rejeição individual do evangelho.

Jean, ao abandonar o ateísmo, uniu-se à Igreja Adventista do Sétimo Dia após uma poderosa experiência de conversão. Ele se casou com uma mulher adventista e teve filhos que ele e sua esposa, naturalmente, criaram na fé. Um dia, pensando sobre a condição espiritual de seus filhos, ele disse: “Ah, se meus filhos tivessem a experiência que eu tive!” Se você pudesse conversar com Jean, o que teria dito a ele?


Quinta-feira, 13 de junho
Ano Bíblico: Jó 35–37
Mensageiros do século 21

Em sua popular paráfrase da Bíblia, A Mensagem, Eugene Peterson usou a palavra mensagem sempre que aparece a palavra bíblica para “evangelho”. As boas-novas sobre Jesus são verdadeiramente a mensagem ainda necessária para o mundo de hoje. As famílias cristãs são chamadas a vivenciá-la em conjunto e compartilhá-la na cultura em que vivem.

7. Como você resumiria a mensagem usando os seguintes textos? Mt 28:5-7; Jo 3:16; Rm 1:16, 17; 1Co 2:2; 2Co 5:18-21

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A primeira notícia anunciada pelos discípulos por toda parte foi a ressurreição de Jesus. As famílias cristãs de hoje se unem a uma longa fileira de mensageiros proclamando: “Ele ressuscitou”, como foi dito às mulheres que seguiam a Jesus (Mt 28:7). A realidade da Sua ressurreição torna digno de confiança tudo o que Cristo disse sobre Si mesmo, sobre Deus e Seu amor pelos pecadores, sobre o perdão e a certeza da vida eterna pela fé Nele.

Apaixonados pelo evangelho. As Escrituras apresentam vislumbres do amplo efeito do evangelho na vida dos primeiros seguidores de Jesus. Eles abriam suas casas para o estudo da Bíblia, oravam e comiam juntos, compartilhavam dinheiro e recursos e cuidavam uns dos outros. Famílias inteiras aceitaram a mensagem. De repente, eles se tornaram pessoas perfeitas? Não. Houve alguns conflitos e discórdias entre eles? Sim. Mas de certa forma esses seguidores de Cristo eram diferentes. Eles reconheciam a necessidade que tinham de Deus e uns dos outros. Eles colocavam como prioridade a unidade e a harmonia no lar e na igreja, esforçando-se para cumprir a oração que Jesus fez em João 17:20-23. Eles testemunhavam uns aos outros e aos incrédulos com ousadia, e até colocavam sua vida em risco por causa de suas crenças.

Assim deve ser conosco. Mesmo no século atual, preconceituoso para com as coisas religiosas, pessoas entusiasmadas ainda são ouvidas. O Espírito deseja encher o coração humano de entusiasmo pelo evangelho. Quando as boas-novas realmente se tornarem tão boas em nosso coração quanto são na Palavra, compartilhá-las se tornará algo espontâneo e incontrolável.

Quais mudanças precisam ser feitas em sua família para que ela seja melhor comunicadora da “mensagem” que fomos chamados a compartilhar?


Sexta-feira, 14 de junho
Ano Bíblico: Jó 38–42
Estudo adicional

Textos de Ellen G. White: Profetas e Reis, p. 479-490 (“Na Corte de Babilônia”); Obreiros Evangélicos, p. 324, 329 (“Palavras de Advertência), e 330, 331 (“Deus Não Faz Acepção de Pessoas”); Caminho a Cristo, p. 115-126 (“Alegria no Senhor”).

Deus não faz acepção de pessoas. “A religião de Cristo eleva o que a recebe a um plano mais alto de pensamento e ação, ao mesmo tempo que apresenta toda a família humana como sendo, semelhantemente, objeto do amor de Deus, sendo comprada pelo sacrifício de Seu Filho. Aos pés de Jesus vêm encontrar-se o rico e o pobre, o letrado e o inculto, sem nenhuma ideia de casta ou preeminência mundana. Todas as distinções terrestres desaparecem ao contemplarmos Aquele a quem nossos pecados traspassaram. A abnegação, a condescendência, a infinita compaixão Daquele que era tão exaltado no Céu, faz envergonhar o orgulho humano, a presunção e as castas sociais. A religião pura e imaculada manifesta seus princípios celestiais, levando à unidade todos quantos são santificados pela verdade. Todos se unem como pessoas compradas por sangue, igualmente dependentes Daquele que os redimiu para Deus” (Ellen G. White, Obreiros Evangélicos, p. 330).

Perguntas para discussão

1. Comente com a classe as respostas para a lição de domingo.

2. Na citação de Ellen G. White acima, encontramos alguns princípios que, se aplicados, revolucionariam nossa vida familiar. Quais são eles?

3. Sua igreja tem educado a geração mais jovem? O que você pode fazer para ajudar a igreja nessa importante tarefa?

4. Quais são os desafios de tentar transmitir nossa fé para outra geração?

5. A cultura influencia positivamente sua vida familiar? Ela traz influências negativas?

Respostas e atividades da semana:

1. A.

2. Os missionários não deviam impor seus costumes aos gentios, mas exortá-los a não se contaminarem com ídolos, evitando relações sexuais ilícitas, a carne de animais sufocados e o consumo de sangue. Devemos respeitar a cultura das pessoas e não julgá-la como inferior.

3. A. A pedido de Sara, Abraão teve relações sexuais com Agar. B. Jacó pediu aos seus familiares que lhe entregassem os deuses estranhos, pois ele faria um altar ao Senhor. C. Esdras verificou quantos filhos de Israel haviam se casado com estrangeiras, para que pudessem despedi-las, a fim de que Israel voltasse a ser fiel ao Senhor. D. Salomão teve mulheres estrangeiras.

4. A. Abraão saiu da sua terra e foi para um lugar desconhecido, indicado pelo Senhor. Em Canaã, ele foi abençoado e sua vida foi transformada. B. Ester saiu da casa de seu tio Mordecai para o palácio. Ela foi escolhida como rainha. C. Daniel, Hananias, Misael e Azarias foram capturados e levados para Babilônia, onde seus nomes foram mudados. Por serem inteligentes e fiéis, Deus os fez prosperar no palácio.

5. F; V.

6. Peça que a classe comente os textos.

7. Comente com a classe.



Resumo da Lição 11
Famílias de fé

A cultura pode ser amiga ou inimiga ao se envolver com a fé cristã. Famílias que desejam permanecer fiéis ao caminho radical do discipulado cristão geralmente enfrentam pressão cultural para comprometer os padrões de santidade. No entanto, a rejeição desnecessária das normas culturais atuais de alguém, em nome da religião, não é um sinal de santificação, mas de zelo equivocado que pode trazer descrédito ao nosso testemunho cristão. O discernimento cuidadoso entre quais são e quais não são as normas culturais compatíveis com o cristianismo pode ser uma fonte de intensa divergência entre os crentes (por exemplo, a intensificação das questões que levaram ao Concílio de Jerusalém no ano 49 d.C., descrito em Atos 15). Ouvido atento, atitude humilde e sensibilidade à direção do Espírito são necessários para permanecer biblicamente fiel e culturalmente sensível.

Enquanto as famílias cristãs definem qual é o apropriado nível de adaptação cultural, elas podem ter certeza de que não há espaço dentro do cristianismo autêntico para a desvalorização de nenhum ser humano, pois todos foram criados à imagem de Deus (Gn 1:26, 27; 9: 6). Se uma cultura menospreza algum grupo com base nos critérios de sexo, etnia, classe social, deficiências físicas ou mentais, idade etc., então há uma grande e justificável oportunidade de romper totalmente com essa cultura e revelar por meio de nossas ações um Deus que demonstra “imparcialidade” (Rm 2:11, At 10:34, Gl 2:6).

As famílias da Bíblia apresentam uma série de erros que nos permitem aprender muitas lições e evitar as falhas cometidas. Essas famílias foram influenciadas, pelo menos parcialmente, pelas culturas em que viviam. Desde o terrível erro de Abrão em relação a Agar (Gn 16) até a presença de ídolos na casa de Jacó (Gn 35), a cultura sempre exerceu sua pressão sobre o povo de Deus. Ao recapitular a lição da Escola Sabatina desta semana, enfatize a questão de que os que se encontram inconscientes das influências culturais em sua vida podem estar irrefletidamente se ajustando a elas.

Cultura: está em toda parte

O problema com a cultura é que ela é uma força motriz em nossa vida que escapa à reflexão rigorosa. No Ocidente, quando um amigo pergunta: “Você gostaria de tomar um lanche e um suco antes do trabalho?”, poucos demonstram surpresa quando são convidados, porque no Ocidente sair para tomar um lanche faz parte da cultura. Em vez disso, tente perguntar a um colega de trabalho: “Ei, você gostaria de sair para comer uma salada de frutas depois do trabalho?” A pessoa sorrirá de modo desconfiado e perguntará: “Você está falando sério?” Mas, qual é o motivo do espanto? Escolher uma salada de frutas é uma opção da mesma forma que o lanche e o suco. Mas, embora seja uma escolha muito mais saudável, a salada de frutas não conquistou seu lugar entre os alimentos tradicionais da cultura ocidental mais ampla, de modo que alguém parecerá excêntrico ao sugerir isso.

O caso citado acima é um exemplo relativamente inofensivo. Na próxima comissão, levante uma questão quanto às igrejas, se devem usar hinos mais antigos ou músicas de louvor mais contemporâneas, e prepare-se para um conflito cultural. Torna-se ainda mais complicado quando a música de outras culturas migra para áreas muito diferentes, criando tensões interculturais. Toda essa mistura e fusão servem para mostrar que a cultura está exercendo uma influência em todas as áreas. Às vezes as pessoas pensam que estão sendo astutas teologicamente ao criticar ou afirmar uma prática da igreja quando, na realidade, estão sendo compelidas pela cultura dominante ou subcultura da qual fazem parte. Estar ciente dessa dinâmica é útil em meio às várias visões da igreja. Os conservadores precisam ficar atentos para não “santificar” aspectos não essenciais de sua crença e prática, em um esforço para se proteger da cultura dominante. Por outro lado, os liberais devem ficar atentos para não “dispensar o que é santo” em uma tentativa de acomodar ao máximo a cultura dominante.

Cultura: exemplos

Visto que a Igreja Adventista do Sétimo Dia está espalhada pelo mundo, as influências culturais sobre a igreja são numerosas e variadas. As famílias da igreja em todo o mundo precisam analisar seu próprio ambiente cultural e indagar como podem resistir de modo mais eficaz à sua cultura ou tirar proveito dela para a expansão do reino de Deus. A lição cita alguns exemplos de como a cultura influenciou as famílias da Bíblia. Embora os exemplos sejam todos negativos, é instrutivo considerar como Deus cumpriu Sua vontade, apesar dos obstáculos culturais.

Abrão, Sarai e Agar

Conhecemos bem a história de como Abrão e Sarai, desesperados para ter um herdeiro natural, usaram a serva Agar como a solução para a infertilidade de Sarai (Gn 16:2). No mundo de hoje, a repetição dessa exata “solução” seria evitada na maioria dos casos. Porém, a barriga de aluguel é uma opção bem conhecida para os que desejam ser pais. A prática cultural da barriga de aluguel permaneceu, embora o método tenha mudado mediante a intervenção médica. A continuidade cultural, no entanto, nos ajuda a identificar melhor a história e a difícil situação de Sarai.

A promessa de Deus a Abrão era de que ele teria um herdeiro natural (no lugar de Eliézer; ver Gn 15:4). Na cultura do antigo Oriente Próximo se aceitava que uma esposa oferecesse outra mulher para ter filhos em seu nome. Portanto, essa era uma opção sempre presente. Essa situação levou Abrão e Sarai a tentar um atalho cultural para cumprir a promessa de Deus. Mas, em vez de ajudar a cumprir a promessa divina, essa prática, embora culturalmente aceita, interferiu no plano de Deus e causou sofrimento e dificuldades desnecessários a todos os envolvidos. Deus finalmente cumpriu Sua vontade (apesar do grave erro de Abrão e Sarai) por intermédio do nascimento de Isaque, e, além disso, cuidou dos desalojados Agar e Ismael. Pode-se inferir da narrativa que nem Sarai nem Abrão buscaram o conselho de Deus sobre o plano deles para ajudar no cumprimento da promessa divina; e pagaram caro por essa decisão (talvez durante a vida inteira).

Um princípio pode ser extraído dessa história: ao tentar cooperar com os planos de Deus utilizando certas práticas, simplesmente porque são aceitáveis culturalmente, podemos produzir mais mal do que bem. Se eles tivessem refletido com oração e uma dose de realismo, poderiam ter evitado todo o fiasco (Nas Escrituras, casamentos poligâmicos pacíficos são raros. Esse ponto é significativo se alguém acredita que as Escrituras refletem precisamente a história e a cultura das épocas).

Séculos mais tarde, a insistência obstinada de Israel em ter um rei para governá-los serviria como exemplo da acomodação cultural, com consequências desastrosas para o destino de toda a nação. E o povo disse: “Constitui-nos, pois, agora, um rei sobre nós, para que nos governe, como o têm todas as nações” (1Sm 8:5). Deus sabia que essa escolha era uma total rejeição de Si mesmo como rei da nação (1Sm 8:7), sem oferecer uma justificativa melhor do que o desejo de ser “como todos os outros”. Esse desejo por um rei é uma acomodação cultural no seu pior grau. Qualquer um que tenha lido o relato dos reis de Israel e dos reis de Judá sabe que, na maior parte da história da monarquia em Israel, a vontade deles de ter um rei resultou em desastre. Mas há dois pontos importantes dignos de nota: (1) Deus permitiu que eles fizessem essa acomodação cultural, escolhendo até mesmo o primeiro rei para eles; (2) Deus trabalhou dentro da estrutura da decisão pecaminosa de Israel, a ponto de incluir profecias messiânicas na monarquia. Que Deus é esse! Estabelecer um rei humano sobre Israel não era a vontade perfeita de Deus. Toda a história do Seu povo poderia ter sido muito diferente se ele tivesse escolhido permanecer, talvez, a única nação do planeta sem um líder humano visível. Mas Deus é capaz de iniciar o plano B, C ou D, a despeito das nossas escolhas. Ele não desiste facilmente do Seu povo.

Quando a igreja ou suas famílias fazem acomodações culturais pecaminosas, mesmo aquelas que têm efeitos duradouros, parece que Deus é grande o suficiente para contornar ou trabalhar decisões equivocadas. Ele não nos mantém sob um estado de contínua rejeição ou ira. As consequências naturais de nossas decisões equivocadas podem, às vezes, ser suficiente punição, como a monarquia de Israel (1Sm 8:9-19). Seria prejudicial usar esse ângulo da misericórdia de Deus como uma liberação para simplesmente seguir o fluxo cultural. A bondade e a paciência de Deus nesses aspectos são destinadas a “conduzir ao arrependimento”, e não a incentivar ainda mais o pecado (Rm 2:4, 5). O povo de Deus muitas vezes tropeça em si mesmo enquanto escolhe como viver a fé em suas respectivas culturas. No entanto, o Senhor sabe exatamente como inserir perfeitamente Seu reino em cada contexto cultural. Ao cooperarmos com Ele, o Senhor não só nos guia por intermédio da Sua Palavra e do Espírito Santo, mas também pode compensar nossos erros.

Cultura: uma ameaça

Devido à variada audiência cultural que essas lições estão alcançando, é difícil escolher quais tendências culturais antagônicas ao evangelho devemos mencionar. Destacar uma tendência significa negligenciar outras dez. Entretanto, a secularização ocidental é um fenômeno que está espalhando sua influência para além de suas fronteiras. A citação abaixo, de J. Gresham Machen, foi pronunciada na abertura da 101ª sessão do Seminário Teológico de Princeton, em 1912. Ela aborda uma secularização cultural que rebaixaria a mensagem cristã a um conto de fadas. No entanto, é ampla o suficiente no seu escopo para ser aplicada a qualquer ambiente culturalmente tóxico ao cristianismo:

“Falsas ideias são os maiores obstáculos para a receptividade do evangelho. Podemos pregar com todo o fervor de um reformador e, contudo, conseguir alcançar só um aqui e outro ali, se permitirmos que todo o pensamento coletivo da nação ou do mundo seja controlado por ideias que, pela força irresistível da lógica, impeçam que o cristianismo seja considerado algo mais do que uma ilusão inofensiva. Sob tais circunstâncias, o que Deus deseja que façamos é destruir o obstáculo na sua raiz” (“Christianity and Culture” [Cristianismo e Cultura], The Princeton Theological Review, v. 11, nº 1, 1913, p. 7).

APLICAÇÃO PARA A VIDA

Aqui estão alguns exercícios e reflexões que podem levar a classe da Escola Sabatina a pensar sobre cultura, cristianismo e famílias.

1. O “relativismo cultural” é um modelo útil para nos ajudar a entender as diferentes culturas a partir de suas próprias perspectivas. No entanto, torna-se problemático quando todas as práticas culturais são consideradas imunes a julgamentos morais. Como alguém poderia responder que um julgamento moral sobre uma prática cultural tem alguma validade objetiva?

2. Quais são as tendências culturais na sua comunidade que atuam contra o evangelho? Há alguma tendência operando em favor da verdade bíblica?

3. Pense nas parábolas em que Jesus descreveu o “reino de Deus” e use-as como uma referência para a cultura ideal. Como você reformularia sua própria cultura para se parecer mais com a celestial?

4. Pergunte aos alunos: Quais práticas entre os membros da igreja trazem preocupação e desafiam nossa fé? Escreva essas práticas em um quadro branco. Pergunte se existem ordens bíblicas claras contra qualquer uma das práticas mencionadas. Se não houver, discuta se essas práticas podem ser apenas questões culturais e não princípios bíblicos.


De marxista a adventista

Marita foi batizada aos 12 anos, no Brasil. Mas, na juventude, abandonou a igreja. Trinta e oito anos se passaram antes que deixasse de lado a fé no marxismo para se tornar uma força motriz para Deus em sua comunidade. “Os ideais do marxismo foram substituídos pelos ideais de Cristo na minha vida”, diz Maria, conhecida pelos amigos como Marita.

Criada por uma mãe adventista, Maria foi professora da Escola Sabatina e diretora de jovens na adolescência. Mas, aos 22 anos, deixou de ir à igreja após um líder dizer algo que a ofendeu. E a decisão de não retornar aumentou quando nenhum membro da igreja a visitou. Maria imergiu nos estudos de sociologia, abraçando os ensinos sobre direitos humanos do filósofo e sociólogo alemão Karl Marx. Vinte e cinco anos se passaram. Maria se casou, teve um filho e ficou viúva. Então se mudou para Montreal, Canadá, para fazer pós-graduação na Universidade de Quebec.

Enquanto estava naquele país, recebeu a visita surpresa de um pastor brasileiro, Luiz Santana, e a esposa, Leoni. O pastor Santana viajara aos Estados Unidos para participar de um casamento e, antes de voltar para o Brasil, ficou em Montreal por oito dias para visitar Maria, já que haviam frequentado a mesma igreja quando eram jovens. Diariamente, conversavam sobre a Bíblia e sobre o amor de Jesus por ela, convidando-a para voltar para Cristo. Maria ouvia polidamente, mas não mudou de opinião.

Dois anos se passaram e ela voltou ao Brasil para lecionar na universidade. A esposa do pastor Santana manteve o contato durante três anos, convidando-a para participar de estudos bíblicos. Certo dia, quando preparava uma aula, Maria notou que o primeiro manuscrito de Marx foi em 1844. Lembrou-se de que sua mãe havia dito que o movimento adventista começou em 1844, e ela pensou se o diabo poderia ter introduzido o marxismo para neutralizar a mensagem adventista. Ao comparar o marxismo com o adventismo, ela viu que Marx ensinou que as pessoas poderiam mudar o mundo através de seu próprio poder, e os adventistas acreditavam que as pessoas precisavam de Cristo.

Pouco tempo depois, Maria comentou em sua turma de pós-graduação em sociologia: “Agora acredito que Jesus foi um grande líder revolucionário, mas Ele não era o Filho de Deus.” Maria costumava dormir bem à noite, mas depois daquela aula, começou a ter insônia. No dia seguinte, uma aluna, Dinalva, aproximou-se dela e falou emocionada: “Professora, você disse na classe que não acredita que Cristo é o Filho de Deus. Eu não consegui dormir à noite toda. Senti que Deus queria que lhe dissesse que você não estava falando do seu coração. Por ser marxista, você não queria admitir que acredita em Jesus.”

Sem saber o que dizer, Maria apenas agradeceu: “Muito obrigada por me falar isso.” Duas semanas se passaram. Certo domingo, Maria almoçava em um restaurante quando ouviu um coral apresentar Maravilhosa Graça em uma igreja vizinha. Aquele era um hino que Maria cantava no coral adventista quando era adolescente. Maria deixou o restaurante e se sentou no último banco daquela igreja, para ouvir o coral. Momentos depois, Dinalva entrou e foi em sua direção. Ela abraçou a professora e, chorando, disse: “Eu sabia que a encontraria aqui! Estava em casa alimentando meu filho e tive a forte impressão de que precisava vir até aqui.”

Maria ficou impressionada! O encontro pareceu mais do que uma coincidência. Dinalva não morava perto e Maria escolhera um restaurante distante da universidade. Depois que a música terminou, as duas se separaram. A experiência convenceu Maria de que Deus queria que ela estudasse a Bíblia. Então, aceitou o convite da esposa do pastor, para participar do estudo bíblico semanal. Durante dez anos, ela recebeu estudos por meio do casal, mas não conseguiu aceitar que a Bíblia é a Palavra de Deus. Finalmente, a esposa do pastor Santana disse: “Você precisa pedir fé a Deus. Você perdeu a fé. Vou orar por você." Durante a oração, um desejo de ler a Bíblia em casa cresceu no coração de Maria. Dois meses depois, ela foi rebatizada.

Porém, surgiu um problema: ela não queria ir à igreja. “Por que não temos reuniões em uma casa?”, perguntou ao pastor. Os dois discutiram a ideia de estabelecer um local de encontro para pessoas que gostavam da Bíblia, mas que não queriam ir à igreja, e o pastor pediu que Maria elaborasse um plano para essa igreja. Os líderes da igreja revisaram a proposta e a igreja nasceu. Assim, o projeto Partilhando Jesus começou com 13 pessoas em 2004 e já batizou mais de 200 pessoas.

“As pessoas aprendem a amar a Igreja Adventista aqui, são convertidas e batizadas. Depois as enviamos para igrejas adventistas em torno de Salvador”, disse Maria, agora com 70 anos e com função de liderança na igreja em casa. O Projeto Partilhando Jesus receberá parte da oferta do décimo terceiro sábado deste trimestre. Ela sairá de sua casa alugada para um prédio maior, onde oferecerá aulas de culinária saudável e seminários de saúde.

“Nós temos muita música”, diz Maria. “Muitos pequenos grupos estudam a Bíblia e oram. E nós estamos realmente felizes, trabalhando e esperando a vinda de Jesus.”


Comentário da Lição da Escola Sabatina – 2º Trimestre de 2019

Tema Geral: Estações da família

Lição 11: 8 a 14 de junho

Famílias de fé

Autor: Moisés Mattos

Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br

Revisora: Josiéli Nóbrega

Introdução:

A lição desta semana trabalhou a questão da família em relação às mudanças impostas pela cultura. O que é cultura? Pode haver respostas diversas, mas em linhas gerais o termo significa o meio social em que fomos criados e vivemos. “Isto inclui nossa herança social e intelectual; nossa maneira de ver e perceber as coisas. Em um senso geral, a cultura resulta das lentes através das quais enxergamos o mundo e que nos fazem interpretar o mesmo mundo de maneiras diferentes” (Jack J. Blanco, Revelation/Inspiration, Church, and Culture; Journal of the Adventist Theological Society, 5/1, 1994, p. 107).

No decorrer da história, em diversas situações setores do cristianismo foram engolidos pela imposição da cultura da época. Só para citar um exemplo, a mudança do sábado para o domingo teve muita influência da cultura da época que rejeitou tudo o que tivesse conexão com os judeus, e o sábado era um desses elementos.

Voltando ao nosso tema, as famílias cristãs enfrentam desafios culturais o tempo todo. Às vezes as influências culturais podem estar de acordo com as nossas crenças e valores. Em outras ocasiões elas estão frontalmente em oposição ao cristianismo. Então, considerando que hoje as coisas se deslocam tectonicamente (de modo imperceptível), nosso desafio é saber enfrentar as tendências ao mesmo tempo em que as filtramos à luz de algo sólido e permanente: a Palavra de Deus. Assim, os nossos princípios não serão abalados.

I – Breve análise da relação entre cultura e fé

1. Desafios do mundo bíblico

Nos tempos bíblicos, a cultura de cada local trazia em si desafios à fé de uma pessoa ou família temente a Deus. Esses desafios podem ser vistos na:

A) Adoração

Os povos ao redor de Israel tinham seus próprios deuses e seu jeito de adorar. O patriarca Jacó e sua família foram afetados pela cultura local em que ídolos eram objetos usados não só na adoração, mas também eram itens que compunham uma herança (Gn 35:1-4). Uma rápida olhada em 1 Reis 18 mostra a grande diferença no estilo de adoração entre os profetas de Baal e Elias, o representante do Deus verdadeiro.

B) Casamento

O próprio Abraão foi afetado pela cultura poligâmica de seu tempo quando, “dando um jeitinho” teve um filho com a serva Agar, já que Sara não podia lhe dar filhos (Gn 16:1-3); Salomão cedeu aos encantos de muitas mulheres com as quais Deus havia dito que os filhos de Israel não deviam se envolver (1Rs 11:1).

C) Estilo de vida

Na Bíblia, temos exemplos positivos e histórias negativas envolvendo o estilo de vida, especialmente a respeito da nossa maneira de comer, beber, vestir e adornar-se. Daniel e seus companheiros deram um bom testemunho quantos aos alimentos servidos pelo rei Nabucodonosor (que eram contrários às recomendações divinas) quando os rejeitaram (Dn 1:5-15). Por outro lado, temos maus exemplos de Jezabel, uma estrangeira que trouxe para o povo de Deus sua cultura de adornos e idolatria (2Rs 9:30); da família de Jacó (Gn 35:4), e outros.

2. Desafios da cultura atual

Apesar da evolução tecnológica, muitas tentações e ameaças à família permanecem as mesmas. Claro que outras dificuldades surgiram do pensamento atual. Algumas, entre tantas, podem ser listadas:

A) Ideologia de gênero

Nos últimos anos, temos uma parcela das pessoas advogando a tal ideologia de gênero. Uma definição simples dela foi apresentada pela socióloga Arlene Denise Bacarji. Ela escreveu que "Ideologia de Gênero é uma ‘ideologia’ que atende a interesses políticos e sexuais de determinados grupos, que ensina, nas escolas, para crianças, adolescentes e adultos, que o gênero (o sexo da pessoa) é algo construído pela sociedade e pela cultura, as quais eles acusam de patriarcal, machista e preconceituosa. Ou seja, ninguém nasce homem ou mulher, mas pode escolher o que quer ser. Pois comportamentos e definições do ser homem ou mulher não são coisas dadas pela natureza e pela biologia, mas pela cultura e pela sociedade, segundo a ideologia de gênero” (Arlene Denise Bacarji, Ideologia de Gênero, em https://formacao.cancaonova.com/atualidade/ideologiadegenero/a-ideologia-de-genero/acessado em 16/12/2018).

B) Sexo livre

O sexo foi criado por Deus para procriação e para o prazer do ser humano. Deve ser praticado dentro dos limites do casamento (Gn 1:28; 2:24). Contudo, nossa sociedade simplesmente o banalizou. Hoje, pais incentivam seus filhos a ter, dentro de suas casas, o sexo entre namorados sob o pretexto da segurança. Nessa sociedade, o sexo obedece a uma regra que diz o seguinte: No mundo adulto, a pessoa escolhe quando, onde, como e com quem fazer ou não sexo. Infelizmente, a realidade demonstra que, em nosso tempo, namorados vivem como casados e casados vivem como desconhecidos entre as quatro paredes de sua falta de compromisso e infelicidade.

C) Diversões

A lista de opções de diversões cresce a cada dia. Para o cristão há coisas próprias e impróprias. Escolher o que é certo e de acordo com a vontade de Deus pode ser um desafio para as famílias. Uma boa dica vem dos escritos de Ellen White, que procura fazer uma diferenciação entre recreação e diversão. Ela escreveu: "Há diferença entre recreação e diversão. A recreação, na verdadeira acepção do termo – recriação – tende a fortalecer e construir. Afastando-nos de nossos cuidados e ocupações usuais, proporciona descanso ao espírito e ao corpo, e assim nos habilita a voltar com novo vigor ao sério trabalho da vida. A diversão, por outro lado, é procurada com o fim de proporcionar prazer, e é muitas vezes levada ao excesso; absorve as energias que são necessárias para o trabalho útil, e dessa maneira se revela um estorvo ao verdadeiro êxito da vida” (Educação, p. 207).

D) Relativização dos valores cristãos

O pós-modernismo tem a tendência de defender uma pluralidade ideológica e cultural. Nossa época é de síntese. As pessoas querem ter posições, mas querem ao mesmo tempo concordar com tudo. A pessoa tem uma cultura tecnológica, de informática avançada, mas crê em florais, astrologia e numerologia. Não há convicções, mas conveniências. Seu credo é mais produto de ajustes de convivência do que de crença pessoal. Pode-se ter grande zelo pela ecologia e desprezo pelo ser humano. As crenças e posturas são casuais e produto das circunstâncias. O evangelho pode ser verdade, mas é verdade para uma pessoa e não para outra. Há tantas verdades quanto há pessoas. Pois, nesse contexto plural, a família pode dar seu testemunho tanto quanto os apóstolos o fizeram no mundo pluralizado do primeiro século da era cristã. Isso exige espírito de urgência e relevância.

E) Falha na transmissão da fé entre pais e filhos

Nesse contexto plural, fica difícil fazer a transmissão da fé cristã de pais para filhos, seja por falhas dos progenitores, seja por pressão da própria sociedade. Kinnaman relata uma pesquisa de 2011, feita pelo Grupo Barna com jovens americanos que deixaram a fé cristã. Nela, 59% dos jovens estavam abandonando ou haviam abandonado a igreja. Quase dois quintos (38%) disseram atravessar um período em que duvidavam seriamente de sua fé. Um terço (32%) descreveram um período em que sentiram rejeição pela fé dos pais (David Kinnaman, Geração Perdida, Editora Universidade da Família, São Paulo, SP, 2014, p. 23).

II – Como ser relevante sem perder a identidade

O maior desafio da família cristã é ser relevante para o mundo sem perder sua identidade, seus valores. Alguns conselhos podem ser de bom proveito nessa intrincada relação:

A) Testar práticas culturais sempre pela Palavra de Deus

Nem tudo que uma cultura apresenta é sempre bom ou sempre mau. Mas culturas determinam valores, e valores afetam comportamentos. Então precisa-se decidir tendo como amparo o texto bíblico e seus valores permanentes (Jo 17:17; 1Ts 5:21-22).

B) Respeitar a cultura dos outros

Nem todos temos a mesma origem. Dentro de uma mesma família existem pontos de vista diferentes e não necessariamente errados em si mesmos. Da igreja cristã primitiva aprendemos que o princípio da tolerância pode ser aplicado também dentro do contexto familiar (At 15:20, 28, 29).

C) Transmitir a fé para as novas gerações

Logo na formação de Israel a recomendação para se repassar as palavras de Deus foi clara para os pais e mães: "E as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te” (Dt 6:7).

Esse modo de ensinar deve ser uma conjugação entre falar e viver. Na minha percepção, os jovens e as crianças estão mais interessados na coerência com que seus pais vivem a religião do que no que eles dizem crer. Não se pode esqucer de que "a verdadeira fé não é algo genético, não é algo transmitido naturalmente de uma geração a outra. Cada pessoa precisa conhecer Cristo por si mesma. Há um limite no que os pais podem fazer. A igreja como um todo e os pais, em especial, precisam fazer tudo o que podem para criar um ambiente que desperte nos jovens o desejo de fazer essa escolha certa, mas, no fim, uma geração é salva ou perdida pela aceitação ou rejeição do evangelho, uma pessoa de cada vez” (Lição de quarta-feira).

Conclusão: Richard Niebuhr fala de 3 posições básicas nessa relação entre o cristianismo e a cultura: Cristo contra a cultura; Cristo na cultura; Cristo acima da cultura (H. Richard Neibuhr, Christ and Culture; Nova Iorque, Harper & Row, 1951).

Isso demonstra a dificuldade que temos ao lidar com essa questão. O cristão está envolvido com a cultura. Não se pode ignorar que estamos no mundo e participamos de sua cultura. Jesus disse: "Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal” (Jo 17:15).

O grande problema não é o barco sobre a água; ele foi feito para isso. O grande problema é quando a água entra no barco. Falando em família, a maior dificuldade não é a cultura da qual ela faz parte, mas quando a parte ruim da cultura é assimilada e praticada. Muita gente faz como Ló em Sodoma. Vai se aclimatando aos poucos ao pecado. Deixa-se envolver gradativamente por ele. Aos poucos, o lixo midiático nos empurra valores anticristãos goela abaixo. O adultério dos casais e o desrespeito dos filhos para com os pais nas novelas se tornam comuns e aceitáveis para nós. Achamos interessante a apologia da violência. Ela se torna entretenimento, em vez de ser vista como pecado.

Oremos pelas nossas famílias!