Visitantes em Londres sobem a bordo da roda gigante chamada London Eye, uma atração turística. A 135 metros acima do rio Tâmisa, é possível ver o Big Ben, as Casas do Parlamento, catedrais e palácios e históricos. Para o estudioso do NT Nicholas Thomas Wright (“Tom” Wright), “a Carta aos Efésios em relação ao restante das cartas de Paulo é como a London Eye. Não é o mais longo nem o mais completo de seus escritos, mas oferece uma vista de tirar o fôlego de toda a paisagem. A partir dela, quando a roda gigante gira, como um pássaro, você tem uma visão elevada de um tema após o outro (Paul for Everyone: The Prison Letters [Londres: S. P. C. K. Society for Promoting Christian Knowledge Publishing], 2004, p. 3).
Em Efésios, Paulo não se concentrou em questões de interesse local. É como se ele estivesse se dirigindo aos crentes e às igrejas cristãs em todos os lugares que existissem. O ar atemporal da carta permite que a “vista de tirar o fôlego” apresentada pelo apóstolo invada nosso próprio mundo e nosso pensamento. Ao revisarmos cada capítulo, tenhamos em mente a seguinte pergunta: Que verdades importantes contidas em Efésios devem continuar a moldar nossa vida como crentes?
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Alguém descreveu Efésios como os Alpes do NT. Paulo, nosso guia de montanhismo, leva-nos a uma rápida ascensão em Efésios 1. Ficamos rapidamente sem fôlego e maravilhados com a vista do topo.
1. Reflita sobre Efésios 1. O que mais inspira você? Que cumes você vê?
Efésios 1:3-14 funciona como um mapa no cume de uma montanha que identifica os picos no horizonte, à medida que Paulo nos indica nosso lugar abençoado na vasta paisagem do plano de salvação. O cenário abrange toda a extensão da história da salvação, desde a eternidade passada até as ações divinas cheias de graça em Cristo e a eternidade futura. A redenção dos crentes reflete iniciativas divinas tomadas “antes da fundação do mundo” (Ef 1:4), que agora estão sendo desenvolvidas em nossa vida (Ef 1:7, 8, 13, 14). Essas estratégias anteriores à criação serão plenamente cumpridas no fim dos tempos (Ef 1:9, 10). Em seguida, “todas as coisas”, tanto “as do Céu” quanto “as da Terra” serão reunidas ou unidas em Cristo, e o plano de Deus para a “plenitude dos tempos” se cumprirá. Então, experimentaremos por completo o mistério da Sua vontade. Hoje, temos certeza de que a salvação centrada em Cristo na qual nos firmamos é parte importante do plano amplo para a redenção de “todas as coisas”.
Estar no topo de uma montanha inspira ação de graças. Em Efésios 1:15-19, Paulo agradeceu a Deus ao mesmo tempo em que orou para que os crentes experimentassem a salvação que o Senhor planejou para eles. Encontramo-nos em outra subida íngreme enquanto o apóstolo nos aponta para cima, para o Cristo ressuscitado, que ascendeu aos Céus e foi exaltado, que governa sobre todo poder imaginável para sempre (Ef 1:20-23).
Pela graça de Deus expressa em Cristo, podemos viver no topo da montanha!
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2. O que Deus fez por nós por meio de Seu Filho Jesus Cristo? Ef 2
“Mas Deus”. Essas duas palavras são cheias de esperança. Paulo descreveu o passado sombrio de seu público (Ef 2:1-10). Compartilhando a situação da humanidade, estavam em rebelião contra Deus, e sua vida era dominada pelo mal (Ef 2:1-3). Mas, o que Deus, em Sua misericórdia fez por eles e por nós? 1. Deu-nos vida com Cristo – a ressurreição de Cristo é nossa. 2. Exaltou-nos com Cristo – a ascensão de Cristo é nossa. 3. No Céu, Ele nos fez assentar com Cristo – a coroação de Cristo é nossa (Ef 2:4-7). Não somos apenas espectadores dos eventos da vida de Cristo que transformam o cosmos! Deus não toma essas atitudes por qualquer mérito nosso, mas por Sua graça. É Seu propósito que vivamos unidos a Jesus e pratiquemos “boas obras” (Ef 2:8-10).
Se Efésios 2:1-10 ensina que vivemos unidos a Jesus, Efésios 2:11-22 ensina que vivemos unidos uns aos outros como parte de Sua igreja. A morte de Jesus tem benefícios verticais, estabelecendo a relação do crente com Deus (Ef 2:1-10), e horizontais, consolidando nosso relacionamento com os outros (Ef 2:11-22). Pela cruz, Jesus destrói tudo o que separa os gentios dos judeus, incluindo o uso indevido da lei para ampliar a brecha (Ef 2:11-18). Jesus também constrói um incrível e novo templo composto por crentes. Gentios, antes excluídos da adoração em lugares sagrados do templo, se unem aos judeus para se tornarem um. Nós também nos tornamos parte da igreja de Deus, um “santuário dedicado ao Senhor” (Ef 2:19-22).
Pela graça, você tem o privilégio de viver este dia unido a Jesus e a seus irmãos.
Efésios 2:8-10 atua na conversão de muitos. Martinho Lutero encontrou nesses versos a graça que conquistou seu coração e descobriu também afirmações centrais para a Reforma: a salvação vem pela fé somente, pela graça somente, por Cristo somente e para a glória de Deus somente. Em 1738, dezoito dias após sua conversão na Rua Aldersgate, em Londres, John Wesley pregou na Universidade de Oxford, apresentado “um clamor do coração” e “o manifesto de um novo movimento”. A mensagem dele? Efésios 2:8. (A. Skevington Wood, “Strangely Warmed: The Wesleys and the Evangelical Awakening”, Christian History [revista], v. 5, n. 1 [1984]).
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3. Por que é importante e emocionante fazer parte da igreja de Deus? Ef 3
Somos encorajados quando ouvimos membros da igreja dizerem coisas positivas sobre a igreja. No entanto, o mais entusiasmado de nós fica aquém do rico testemunho de Paulo em Efésios 3 sobre a igreja. Ele começou com um relatório de suas orações pelos crentes em Éfeso (Ef 3:1; compare com 1:15-23), mas o interrompeu para falar sobre a criação da igreja por Deus (Ef 3:2-13), e depois completou o relato de oração (Ef 3:14-21). Ao longo do caminho, passamos a entender coisas importantes sobre o “plano” ou “mistério” de Deus:
- Na eternidade, Deus concebeu o “mistério” ou “o plano” sobre a igreja (Ef 3:3-5, 9, 11).
- Por meio da vida e da morte de Jesus, cumpre-se esse plano há muito tempo encoberto (Ef 3:11; compare com 2:11-22).
- Por meio da revelação, Paulo compreendeu “o mistério” da igreja e o surpreendente fato de que os gentios fariam parte dela (Ef 3:3-6).
- Paulo participou na divulgação dessa boa-nova como pregador aos gentios “das insondáveis riquezas de Cristo” (Ef 3:8, 9).
- Com muitos conquistados para Cristo, a igreja, composta por judeus e gentios, torna conhecida “a multiforme sabedoria de Deus” para os “principados e potestades nas regiões celestiais” (Ef 3:10), anunciando seu destino vindouro (compare com Ef 6:10-20). O plano de unir todas as coisas em Cristo (Ef 1:10) está em andamento, e o tempo desses poderes é curto.
Essa compreensão da igreja motivou Paulo a orar pelos crentes. Por que não o imaginar fazendo a oração sincera de Efésios 3:14-21 por você? Por que não o idealizar orando para que você seja “cheio de toda a plenitude de Deus” (Ef 3:19) e participe plenamente do incrível mistério revelado de uma igreja unificada?
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4. Em Efésios 4, Paulo pede aos crentes que parem de fazer algumas coisas e que se certifiquem de fazer outras. Quais são elas?
Efésios 4 começa e termina com apelos para cuidarmos uns dos outros como membros da igreja (Ef 4:1-3, 32). Entre esses apelos, Paulo apresentou forte apoio à ideia de que devemos nutrir a unidade na igreja. Ele começou listando sete elementos: Há um corpo, um Espírito, uma esperança, um Senhor (Jesus Cristo), uma fé, um batismo, um Deus e Pai (Ef 4:4-6). Estamos ligados por essas realidades espirituais. Estamos, de fato, unidos.
Embora a unidade seja uma certeza teológica, requer nosso esforço. Por isso, devemos fazer “tudo para preservar a unidade do Espírito” (Ef 4:3). Um modo de fazer isso é ser parte ativa do corpo de Cristo (Ef 4:7-16). Cada membro é uma parte habilitada do corpo e deve contribuir para a saúde dele (Ef 4:7, 16). E todos devem se beneficiar do trabalho dos apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres (Ef 4:11, 12). Estes, como ligamentos e tendões, têm uma função unificadora, ajudando-nos a crescer juntos em Cristo, que é a Cabeça do corpo (Ef 4:13, 15).
Paulo também disse: “Não mais sejamos como crianças, arrastados pelas ondas e levados de um lado para outro por qualquer vento de doutrina, pela artimanha das pessoas, pela astúcia com que induzem ao erro” (Ef 4:14). Essas palavras sugerem que a igreja primitiva enfrentava lutas internas devido à “artimanha das pessoas”.
Ao mover-se em direção ao apelo final, “sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando uns aos outros” (Ef 4:32), Paulo pediu aos crentes que evitassem a antiga dureza de coração (Ef 4:17-24), a ira e a fala ríspida, substituindo tudo isso pela linguagem boa para edificação e que transmite graça (Ef 4:25-31).
É fácil ler esse capítulo sobre a unidade quando tudo está em paz. É mais desafiador, e importante, lê-lo quando estamos envolvidos em conflitos. Você está se lembrando hoje de experimentar a unidade do corpo de Cristo, pela qual Ele morreu?
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5. Ao ler Efésios 5, reflita sobre como Paulo nos pede que vivamos o evangelho em nossos relacionamentos. Qual de suas exortações é especialmente significativa para você?
Se você começar a ler Efésios 5 do início, pode perder o pleno poder de um tema importante. Então, comece com Efésios 4:32, em que Paulo diz: “Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando uns aos outros, como também Deus, em Cristo, perdoou vocês.
Somos chamados a imitar em nosso comportamento em relação aos demais o perdão e a graça de Deus para conosco. Devemos refletir Deus! (Mt 5:43-48.)
Paulo comparou o estilo de vida que imita o amor de Deus com a abordagem pagã. Em vez de valorizar as pessoas como irmãos na família de Deus, o ser humano usa os outros para seus interesses e depois se gaba disso (Ef 5:3, 4). Paulo advertiu que tal abordagem não tem lugar no novo mundo que Deus está planejando (Ef 5:5-7).
Em vez disso, os crentes devem se afastar da escuridão de seu passado e viver “como filhos da luz” (Ef 5:8-10), imitando o amor do Pai. Mais uma vez, Paulo nos advertiu a nos afastarmos das “obras infrutíferas das trevas” feitas “em segredo” (Ef 5:11, 12). Por outro lado, devemos viver na luz. Em vez de desperdiçar a vida em embriaguez, aproveitemos o tempo louvando a Deus pelo Seu amor (Ef 5:13-21).
Paulo ampliou o tema de imitar o amor de Deus ao aconselhar maridos e esposas cristãos. O amor abnegado de Cristo pela igreja é o modelo para os maridos cristãos (Ef 5:25-33), enquanto a lealdade da igreja a Cristo é o modelo para as esposas cristãs (Ef 5:22-24). Em vez de usar o dom da sexualidade humana de forma pervertida e egoísta, o marido e a esposa cristãos se concentram em valorizar e estimar um ao outro, tornando-se “uma só carne” (Ef 5:28-33).
“Sejam imitadores de Deus, como filhos amados” (Ef 5:1). Pela graça de Deus, você é chamado para viver essa exortação em seus relacionamentos com os demais.
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Em Efésios 6 descobrimos que nós, a igreja, somos o exército que luta pela paz.
Em Efésios, Paulo retratou a igreja como o corpo de Cristo (Ef 1:22, 23; 4:11-16), como templo de Deus (Ef 2:19-22) e como a noiva/esposa de Cristo (Ef 5:21-33). Em Efésios 6:10-20, ele descreveu a igreja como o exército de Deus e fez um forte chamado à batalha. É uma passagem que oferece muitos riscos de má interpretação.
Poderíamos interpretar mal as palavras de Paulo como um chamado a pegar armas militares ou a sermos combativos em nossos relacionamentos. Paulo, porém, enfatizou a unidade, a fala edificante e a amabilidade (ver especialmente Ef 4:25–5:2). Ele descreveu as boas-novas de Deus como “o evangelho da paz” (Ef 6:15). Por meio dessa vívida metáfora militar, a igreja não é exortada a travar uma guerra no sentido tradicional. Em vez disso, devemos lutar pela paz na batalha espiritual contra o mal. Paulo entrou no campo de batalha do grande conflito e nos chamou para nos alistarmos no exército de Deus.
Devemos fazê-lo mediante uma avaliação realista do inimigo em vista, uma vez que não devemos subestimar as forças arregimentadas contra nós. Não confrontamos apenas inimigos humanos, mas “forças espirituais do mal, nas regiões celestiais” (Ef 6:12), lideradas por um general astuto, o diabo (Ef 6:11). No entanto, não precisamos ser intimidados por nossos inimigos. Deus está presente conosco na batalha (Ef 6:10) e nos proveu o melhor armamento, Sua própria armadura (Ef 6:11; compare com Is 59:15-17). Ele colocou à nossa disposição a verdade, a justiça, a paz, a fé, a salvação e o Espírito (Ef 6:13-17). Com Deus diante de nós e equipados da cabeça aos pés com a armadura que Ele proveu, não podemos falhar. A vitória está garantida.
Perguntas para consideração
- Se não somos salvos por obras, o que Paulo quis dizer ao escrever que fomos criados para boas obras (Ef 2:10)? Qual é o propósito das boas obras?
- Que poder opera em nós, e como ele deve se manifestar em nossa vida? (Ef 3:20)
Respostas e atividades da semana: 1. Comente com a classe. 2. Deus nos deu vida e salvação e nos uniu como uma família humana. 3. Porque a igreja de Deus faz parte do grande plano divino para a salvação da humanidade e para unir todas as coisas em Cristo. 4. Paulo pediu que fôssemos bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando uns aos outros e que evitássemos a antiga dureza de coração, a ira e a fala ríspida, substituindo tudo isso pela linguagem boa para edificação e que transmite graça. 5. Comente com a classe.
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TEXTO-CHAVE: Efésios 2:8-10
FOCO DO ESTUDO: Ef 1–6
VISÃO GERAL
Introdução: Enquanto a Epístola aos Efésios é a chave para o restante das epístolas paulinas, o estudo da lição desta semana é a chave que destrava todo o estudo sobre a Epístola aos Efésios, da seguinte forma:
A Lição da Escola Sabatina de domingo resume a estonteante visão paulina sobre o divino plano eterno e histórico de criação e redenção.
A lição de segunda-feira resume Efésios 2, que mostra a questão do estado sombrio de pecado e morte da humanidade, um estado sem promessas, sem esperança, sem Cristo e sem Deus no mundo. Entretanto, Paulo – e a Bíblia em geral – não termina com essa descrição sombria. Em vez disso, ele detalha os elementos fundamentais do evangelho, o mistério de Deus, que traz esperança à humanidade: em Cristo e com Ele, Deus nos ressuscita e nos exalta ao Seu santuário nas regiões celestiais. Além disso, em Cristo e com Cristo, nos tornamos o novo templo de Deus na Terra. Essa transformação é feita pela graça, que é o fundamento da fé, da vida e da missão cristãs.
O capítulo 3, revisado na lição de terça-feira, destaca o mistério de Deus sobre a criação da igreja.
A lição de quarta-feira (retomando Efésios 4) explica como os propósitos de Deus são alcançados quando Seus filhos do mundo inteiro estão unidos na verdadeira piedade, no uso de seus dons espirituais e na missão. É por isso que a unidade da igreja não é opcional para a existência dela.
Como a lição de quinta-feira (revisando Efésios 5) enfatiza, a unidade não pode ser alcançada sem abandonar a nossa passada exaltação do “eu”. Somente obtemos a unidade quando abraçamos nossa nova identidade e andamos em Cristo. Essa profunda transformação em Jesus afetará também todos os aspectos da nossa vida, incluindo a família (marido, esposa e filhos), a sociedade (grupos de pessoas e classes sociais) e a vida pessoal.
A lição de sexta-feira (Efésios 6) nos convida a ver a igreja como um exército dinâmico e unido, bem equipado para sua missão na batalha de proclamar o evangelho da paz do Senhor. Somente a paz de Cristo nos assegurará o sucesso e a vida. A vitória está garantida em Cristo. Nosso sucesso só depende de permanecer firmes em acreditar na vitória de Cristo e agir de acordo com ela.
Temas da lição: O estudo da lição desta semana é uma síntese de toda a Epístola aos Efésios, uma tentativa de destacar e entrelaçar todos os seus principais temas.
COMENTÁRIO
O mistério do evangelho
No coração da Epístola aos Efésios pulsa o fascínio do apóstolo pelo evangelho como um mistério agora decodificado. Ele começa sua carta celebrando o fato de que Deus “revelou o mistério da Sua vontade” (Ef 1:9), e esse mistério é sobre uma “herança” (Ef 1:11). Tal mistério não é sobre nosso estado desesperador e sombrio (Ef 2:1-4) nem sobre alienação, divisões e inimizades que o pecado trouxe para nós como indivíduos, famílias e sociedade humana (Ef 2:11, 12). A razão para essas divisões e inimizades não é nenhum mistério para nós em nossa condição pecaminosa. Nossa incapacidade de resolver o problema do pecado e da morte também não é um mistério (Ef 2:9; Jo 1:13). Como a história tem provado repetidas vezes, estamos todos dolorosamente cientes de que nenhuma invenção humana pode nos tirar do campo gravitacional do buraco negro do pecado. Em vez disso, o mistério sobre o qual Paulo fala é o milagre insondável do amor de Deus por nós! Pensávamos que Deus não nos amava. Pensávamos que Ele havia Se esquecido de nós, que Ele preferia os judeus e que os gentios estavam excluídos. Acreditávamos que o caso dos judeus estava perdido para sempre quando eles rejeitaram Jesus como o Messias.
Acontece que estávamos errados sobre Deus em todos esses aspectos. Quando Ele abriu Seus mistérios diante de Paulo, o apóstolo ficou chocado. Por isso, embora toda a epístola descreva esse mistério de diferentes perspectivas, o apóstolo volta, no centro da epístola, a chamá-lo de “o mistério” (Ef 3:3, 9), “o mistério de Cristo” (Ef 3:4), e, no final de sua carta, “o mistério do evangelho” (Ef 6:19). Esse mistério é ainda mais valioso, explica Paulo, quando percebemos que ele estava escondido das pessoas nos séculos e milênios passados, e Deus escolheu a geração de Paulo para viver naquele tempo histórico único em que o mistério dos mistérios foi totalmente revelado para que todos pudessem vê-lo (Ef 3:9; Rm 16:25; 1Co 2:7; Cl 1:26, 27; Cl 2:2). Que privilégio, que glória!
Podemos ver literalmente a exultação de Paulo com essa grande descoberta. Toda a vida dele é afetada, ou melhor, transformada pela verdade do evangelho. Como na parábola de Jesus sobre o tesouro encontrado (Mt 13:44), Paulo “vendeu” tudo o que tinha para obter e possuir esse tesouro secreto (Fp 3:4-8). Seu rosto transmitia que ele sabia algo que os outros não sabiam. No entanto, ao contrário do caçador de tesouros (Mt 13:44) ou do servo infiel (Mt 25:18), Paulo não escondeu seu tesouro misterioso na terra. Pelo contrário, quando Deus lhe revelou Seu mistério, o apóstolo embarcou em uma jornada mundial para contar a todos sobre ele. Esse mistério é sobre o fato de que Deus é amor. Ele nos criou por amor, Ele morreu em nosso lugar porque Ele é amor. Ele nos ressuscitou para habitar com Ele no Espírito em Sua santa habitação porque Ele é amor. Ele lutou por nós porque Ele é amor, e Ele voltará para nós porque Ele é amor. Esse mistério, nas próprias palavras de Paulo, “é Cristo em vocês, a esperança da glória” (Cl 1:27).
O fim do grande conflito
Um dia, a história do pecado acabará, mas o mistério de Deus não se esgotará. Descrevendo o fim do grande conflito, a linguagem e o espírito de Ellen G. White se harmonizam e reverberam plenamente com o espírito elevado de Paulo em sua Epístola aos Efésios:
“Todos os tesouros do Universo estarão abertos ao estudo dos remidos de Deus. Livres da mortalidade, alçarão voo incansável para os mundos distantes – mundos que estremeceram de tristeza diante do espetáculo da desgraça humana e ressoaram com cânticos de alegria ao ouvir as novas de uma alma resgatada. Com indescritível prazer, os filhos da Terra partilham da alegria e sabedoria dos seres não caídos. Participam dos tesouros do saber e do entendimento adquiridos durante séculos e séculos, na contemplação da obra das mãos de Deus. Com a visão desobstruída, olham para a glória da criação – sóis, estrelas e sistemas planetários, todos em sua ordem indicada, orbitando ao redor do trono da Divindade. Em todas as coisas, desde a menor até a maior, está escrito o nome do Criador, e em todas se manifestam as riquezas de Seu poder.
“E ao transcorrerem os anos da eternidade, receberão cada vez mais abundantes e gloriosas revelações de Deus e de Cristo. Assim como o conhecimento é progressivo, também o amor, a reverência e a felicidade aumentarão. Quanto mais as pessoas aprenderem a respeito de Deus, mais admirarão Seu caráter. Ao Jesus lhes revelar as riquezas da redenção e os impressionantes feitos no grande conflito com Satanás, o coração dos resgatados baterá com mais forte devoção, e com alegria mais arrebatadora dedilharão as harpas de ouro. E milhões de vozes se unirão para avolumar o poderoso coro de louvor.
“Toda criatura que há no Céu e sobre a Terra, debaixo da terra e sobre o mar, e tudo o que neles há, [dirá]: Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos” (Ap 5:13).
“‘Toda criatura que há no Céu e sobre a Terra, debaixo da terra e sobre o mar, e tudo o que neles há, [dirá]: Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos’ (Ap 5:13).
“O grande conflito terminou. Pecado e pecadores não mais existem. O Universo inteiro está purificado. Uma única pulsação de harmonia e felicidade vibra por toda a vasta criação. Daquele que tudo criou emanam vida, luz e alegria por todos os domínios do espaço infinito. Desde o minúsculo átomo até o maior dos mundos, todas as coisas, animadas e inanimadas, em sua serena beleza e perfeita alegria, declaram que Deus é amor” (Ellen G. White, O Grande Conflito [CPB, 2021], p. 560).
APLICAÇÃO À VIDA
1. Este é um estudo resumido. Incentive seus alunos a fazer seu próprio resumo da Epístola aos Efésios e compartilhá-lo com a classe da Escola Sabatina.
2. Quais são os três temas principais que permeiam a Carta de Paulo aos Efésios? Como esses temas se relacionam entre si? Peça aos alunos que identifiquem qual tema eles consideram o principal e quais os temas acreditam ser subordinados.
3. Peça aos alunos que imaginem que eles foram convidados a plantar uma nova igreja em uma área não evangelizada. Como a Epístola de Paulo aos Efésios pode ajudá-los a se preparar para um projeto tão ousado? Peça que identifiquem temas na Carta aos Efésios que poderiam ser uma mensagem evangelística para essa nova área. Em qual ordem seus alunos apresentariam esses temas? Além disso, solicite que façam uma lista dos princípios sobre os quais eles poderiam ajudar a estabelecer uma igreja vibrante, o mais próximo possível do modelo que o apóstolo Paulo imaginou e compartilhou em sua epístola.
Os princípios que seus alunos sugerirem devem ser úteis para o crescimento de uma igreja cheia da alegria da salvação. Que princípios adicionais seus alunos podem encontrar que ajudariam a conectar novos membros em Cristo e uni-los na vida e na missão da igreja? Que princípios inspirariam a igreja a ser guiada pelo poder do Espírito Santo por meio dos dons espirituais?
4. Oriente os alunos a identificar os princípios de Efésios estudados no trimestre que ajudariam os membros da igreja a ter um estilo de vida de acordo com o evangelho, princípios que desenvolveriam famílias felizes e construiriam relacionamentos saudáveis entre os diversos grupos.
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Fé contra todas as Probabilidades
Armands - 23 de setembro
O anúncio da senhora de 95 anos surpreendeu o pastor letão, Armands.
A mulher, Pauline, disse a ele que gostaria de transformar uma casa de dois andares em uma Igreja Adventista na capital da Letônia, Riga. Então, ela lhe apresentou os documentos de propriedade do edifício anteriores à Segunda Guerra Mundial.
Era o ano 1991, e a recém independente Letônia estava se preparando para restaurar os direitos de propriedade.
Pauline tinha exatamente esses papéis. Ela os guardava desde 1972, quando a proprietária original do edifício, Anna, fez o último desejo de que sua antiga casa fosse transformada em uma Igreja Adventista.
Armands nunca tinha tentado reivindicar uma propriedade antes, mas estava disposto a tentar. Ele pensou: “Por que não?”
A saga começou depois que uma mulher adventista chamada Anna perdeu sua propriedade quando a Letônia se tornou parte da União Soviética na década de 1940. Ela possuía um grande terreno com duas casas dentro. Uma casa tinha dois andares com dois apartamentos em cada andar. A outra casa térrea tinha três apartamentos.
Anna amava a Deus e à Igreja Adventista do Sétimo Dia de todo o coração. Ela acreditava que o regime soviético entraria em colapso um dia e que Deus restauraria sua propriedade. Ela pensava: “Como eu poderia reivindicar essa propriedade que uma vez me pertenceu e passá-la para a igreja?”
Ela discutiu seu desejo com um pastor adventista, mas ele não via uma saída para ela poder doar algo que não lhe pertencia.
“Irmã, nada pertence à senhora agora”, disse ele. “Como a senhora pode doar?”
Mas Anna confiava que os tempos mudariam. Se ela não vivesse o suficiente para reivindicar a propriedade e entregá-la para a igreja, então, encontraria alguém que pudesse ajudar. Ela decidiu escrever um testamento no qual deixaria a propriedade para uma amiga mais jovem, Pauline.
Em 1963, Anna assinou um testamento deixando a propriedade para Pauline com a condição de que ela a transferisse para a Igreja Adventista. Ela também passou os documentos de propriedade para Pauline. O testamento foi assinado por um advogado e duas testemunhas que eram membros da igreja.
Na realidade, era um documento fantasioso porque não tinha nenhum poder legal. Sob a lei soviética, Anna não possuía nada. A propriedade, como todas as outras antigas propriedades privadas, havia sido nacionalizada. Não havia sequer um indício de que algo mudaria. A Perestroika e a Glasnost estavam longe. Mas as duas testemunhas junto com Anna e o advogado assinaram o documento, confirmando que Anna já foi dona da propriedade.
Anna não viveu para ver seu sonho se tornar realidade. Ela morreu com 80 e poucos anos em 1972, quase 20 anos antes de a Letônia conquistar a independência.
Pouco depois de Letônia se tornar independente em 1991, Pauline resolveu cumprir sua promessa a Anna. Pauline já estava com 95 anos e apresentou o testamento e os documentos de propriedade ao pastor Armands. As duas testemunhas que haviam assinado o testamento ainda estavam vivas e orando para que o sonho de Anna se tornasse realidade. Armands concordou em ajudar, e Pauline assinou a procuração para ele. Ele precisava desenrolar a situação e explicar às autoridades que a propriedade pertencia a Pauline.
Foi um processo bem longo. Para complicar as coisas, os filhos e netos de Pauline, que não eram membros da igreja, exigiam que a propriedade fosse mantida na família.
Mas no fim, o sonho de Anna prevaleceu. Pauline recebeu a posse da propriedade e a entregou à Igreja Adventista. A igreja recebeu com gratidão o generoso presente e começou a realizar reuniões na propriedade. A construção de uma nova igreja na propriedade foi concluída em 2004, quatro anos após a morte de Pauline aos 104 anos.
Armands tem 76 anos e está jubilado. Ele vive em um apartamento na antiga propriedade de Anna. Ele ama contar a história de como Anna e Pauline olharam para a propriedade com olhos da fé. “A fé dessas duas irmãs é incrível”, diz ele.
Anna e Pauline tiveram fé em Deus, e a oferta deste trimestre proporcionará uma oportunidade de ensinar outras pessoas sobre fé. Parte da oferta do décimo terceiro sábado ajudará a construir um edifício na capital da Letônia, Riga, que servirá como um centro de influência com aulas de idiomas e uma academia. Obrigado por planejar ofertas generosas.
Por Andrew McChesney
- Saiba que o nome completo das pessoas desta história são Armands B?rzinš, Pauline Auni?a e Anna Terauds.
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Comentário da Lição da Escola Sabatina – 3º Trimestre de 2023
Tema geral: Efésios
Lição 14 – 23 a 29 de setembro
A essência de Efésios
Autor: Matheus Cardoso
Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
Revisora: Esther Fernandes
A Carta aos Efésios é um dos livros mais amados e estudados de toda a Bíblia. Durante três meses, os adventistas do sétimo dia de todo o mundo tiveram o privilégio de estudar, por meio da Lição da Escola Sabatina, esse livro tão importante e sublime da Palavra de Deus.
A Lição da Escola Sabatina resume o tema central da Carta aos Efésios afirmando que “ela traz uma visão do plano divino centrado em Cristo para a plenitude dos tempos e o papel da igreja nesse projeto” (29 de junho). O “plano supremo, final, de Deus” consiste em “unir em Jesus tudo, em todos os lugares” (4 de julho). Tudo aquilo que foi desfeito pelo pecado será restaurado por Cristo na consumação dos tempos.
Seguindo esse mesmo entendimento, o teólogo evangélico Frank Thielman conclui que os dois grandes temas de Efésios são “1) a unificação final do Universo por causa da morte, ressurreição e ascensão ao Céu de Cristo” e “2) a responsabilidade da igreja de proclamar, mediante sua unidade, esse objetivo final de Deus” (Teologia do Novo Testamento: Uma Abordagem Canônica e Sintética [Shedd Publicações, 2007], p. 471).
A Lição da Escola Sabatina apresenta um ótimo resumo da Carta aos Efésios, capítulo por capítulo. Isso é ideal para acompanhar o pensamento do escritor bíblico, percebendo o seu raciocínio e ênfases. Abaixo faremos um resumo de uma perspectiva temática, sintetizando os assuntos mais importantes abordados em Efésios. O material a seguir se baseia especialmente na obra de Clinton E. Arnold, Ephesians (Zondervan, 2010), p. 486-508.
- A grandeza e a glória de Deus
Paulo iniciou a Carta aos Efésios louvando e adorando a Deus pelo extraordinário plano da salvação que Ele executa por meio do Senhor Jesus Cristo (Ef 1:3-14). O Deus a quem Paulo proclamou é o único Deus justo, verdadeiro e santo, que é Soberano sobre toda a criação (Ef 4:6, 24) e, portanto, está infinitamente acima de todas as forças do mal.
Sabendo que a humanidade cairia sob a escravidão do pecado e do mal, o Deus triúno estabeleceu um plano-mestre pelo qual redimiria um povo para Si mesmo (Ef 1:4-6, 11, 12; 3:11). O Seu propósito é levar as pessoas a um relacionamento Consigo mesmo, aproximando de Si aqueles que antes estavam longe Dele (Ef 2:12, 13, 18; 3:12; 4:18). O que motiva Deus a fazer isso é o fato de que Ele é cheio de amor (Ef 1:4; 2:4; 3:17, 18; 5:2), misericórdia (Ef 2:4), bondade (Ef 2:7) e graça (Ef 1:7; 2:7, 8), mas também de infinito poder (Ef 1:19, 20; 3:18). O caráter perfeito de Deus O levou a apresentar um meio de triunfar sobre o aparentemente insuperável problema do pecado humano, que O separa daqueles a quem criou.
- O Cristo exaltado
Em Efésios, Paulo descreveu a Cristo nos termos mais elevados possíveis, como Aquele que está acima e é superior a todo poder do Céu e da Terra. O apóstolo destacou que a exaltação de Cristo em Sua morte e ressurreição demonstrou o Seu poder sobre todos os Seus inimigos espirituais, mencionados como “principados e potestades” (Ef 1:10, 21, 22). Na consumação dos tempos, essa soberania será concretizada plenamente e Deus reunirá “sob a autoridade de Cristo tudo que existe nos céus e na Terra” (Ef 1:10, NVT).
Antes da criação do mundo, o Deus triúno estabeleceu Cristo como o ponto focal do plano da redenção (Ef 1:4), de maneira que Ele é a base, o meio e o alvo de tudo o que Deus está realizando no Universo. Cristo, Sua pessoa e obra, é o próprio conteúdo do “mistério” – ou segredo revelado – do evangelho (Ef 3:4).
Ao assegurar a salvação por meio de Sua morte e exaltação à direita de Deus, Jesus tornou possível ao Seu povo desfrutar de um relacionamento pessoal e dinâmico Consigo próprio. Todas as bênçãos espirituais são concedidas “em Cristo” (Ef 1:3; 2:7): graça (Ef 1:6; 6:24), redenção (Ef 1:7), perdão (Ef 1:7) e acesso a Deus (Ef 3:12). Além disso, Cristo capacita o Seu povo para o serviço (Ef 4:7-12), oferecendo-nos tudo de que precisamos para crescer espiritualmente (Ef 4:15, 16; 5:29).
- O Espírito capacitador
Efésios tem sido considerada a “carta trinitária”, por sua ênfase nas três Pessoas da Trindade, e ela tem bastante a dizer sobre a Pessoa e a obra do Espírito Santo. O Espírito Santo não é apenas um poder ou força invisível, mas uma Pessoa divina que possui emoções e pode ser entristecida (Ef 4:30). Ao longo da carta, o Espírito é associado ao Pai e ao Filho e descrito como o Representante Deles na vida dos crentes (Ef 1:3-14; 2:19-22; 4:4-6).
Um dos destaques de Paulo é que o Espírito Santo traz a presença capacitadora de Deus à vida dos crentes. O Espírito Santo é Aquele por meio de quem temos acesso à presença e ao poder de Deus (Ef 1:16-19; 2:19-22; 3:16). Quando cremos em Cristo, o Espírito Santo passa a habitar em nosso coração, atuando como o “selo” que confirma que pertencemos a Deus (Ef 1:13; 4:30) e como a “garantia” de que receberemos nossa herança completa no retorno de Cristo (Ef 1:14).
- A salvação na dimensão presente
Embora Paulo tivesse muito a dizer sobre o aspecto futuro da salvação (veja o item 10: “A consumação dos tempos”, abaixo), em Efésios o apóstolo destacou que já participamos parcialmente do dia futuro em que o mal será destruído e o povo de Deus será plenamente redimido. Assim, Paulo declarou que hoje mesmo temos a salvação (Ef 2:8) e desfrutamos da vitória de Cristo sobre os Seus inimigos espirituais: Deus “nos deu vida juntamente com Cristo”; “juntamente com Ele nos ressuscitou e com Ele nos fez assentar nas regiões celestiais” (Ef 2:5, 6).
- O grande conflito cósmico
“O tema do conflito com os principados, poderes e autoridades [espirituais] é mais acentuado em Efésios do que em qualquer outra das cartas de Paulo” (Arnold, Ephesians, p. 496). De um lado, estão Deus, Cristo, o Espírito Santo e os anjos celestiais; do outro lado, estão “o comandante dos poderes do mundo invisível”, o “espírito que opera no coração dos que se recusam a obedecer” (Ef 2:2, NVT) e as “forças espirituais do mal nas regiões celestiais” (Ef 6:12, NVI).
Embora, como seres humanos, sejamos totalmente impotentes para lutar contra Satanás e os anjos caídos, o poder de Deus é infinitamente superior a eles e, na cruz, o Cristo exaltado já garantiu a vitória sobre eles (veja os itens 1: “A grandeza e a glória de Deus” e 2: “O Cristo exaltado”, acima).
Temos uma nova identidade através da obra de Cristo, por meio da qual participamos da vitória do único e verdadeiro Soberano do Universo (veja o item 6: “A nova identidade dos crentes em Cristo”, abaixo). Em Efésios, Paulo descreveu a missão da igreja mais especificamente no contexto desse grande conflito com as forças do mal (Ef 3:10; veja o item 9: “A missão de Paulo e a missão da igreja”, abaixo). Mais do que isso, desfrutaremos plenamente de nossa herança no dia em que Deus destruir completamente todas as forças espirituais hostis e todo o Universo for restaurado à perfeição original (Ef 1:10, 12, 14; veja o item 10: “A consumação dos tempos”, abaixo).
Refletindo os ensinos da Carta aos Efésios e da Palavra de Deus como um todo, Ellen G. White escreveu extensamente sobre o plano da salvação e a missão da igreja no contexto do conflito cósmico entre Cristo e Satanás. Dentre seus vários textos, queremos sugerir o estudo e a meditação de dois capítulos do livro O Desejado de Todas as Nações: “Deus Conosco” (p. 9-15) e “Está Consumado!” (p. 610-616). Veja também a abordagem recente de um autor adventista em John C. Peckham, Teodiceia do Amor: O Conflito Cósmico e o Problema do Mal (Casa Publicadora Brasileira, 2022).
- A nova identidade dos crentes em Cristo
No coração de Efésios encontramos a mensagem de que, por crermos em Jesus, desfrutamos de uma identidade totalmente nova. Essa identidade é a base para viver de uma maneira que agrada a Deus. Assim, o convite prático de Paulo nessa carta pode ser resumido assim: “Descubra tudo o que você é em Cristo Jesus e viva com base nessa nova identidade.”
Antes estávamos longe de Deus e mortos no pecado (Ef 2:1-5, 11, 12). Agora “Deus nos deu vida juntamente com Cristo” (Ef 2:5). Como resultado disso:
- recebemos a salvação (Ef 2:5, 8; 5:23);
- somos uma nova criação (Ef 2:10; 4:24);
- fomos aproximados de Deus (Ef 2:13) e temos acesso a Ele (Ef 2:18; 3:12);
- somos profundamente amados (Ef 3:17-19; 5:2);
- somos a herança de Deus (Ef 1:13, 18; 4:30);
- somos eleitos e predestinados para a salvação (Ef 1:4, 5, 11);
- somos redimidos (Ef 1:7), perdoados (Ef 1:7; 4:32) e santificados (Ef 1:1; 2:19; 5:26); e
- somos parte do novo templo de Deus (Ef 2:19, 22) e do corpo de Cristo (Ef 2:15, 16; 3:6; 4:16).
- A nova vida de obediência
A segunda parte da Carta aos Efésios (capítulos 4–6) está repleta de orientações bastante concretas e específicas a respeito da conduta cristã. Paulo desejava que seus leitores se livrassem dos pecados que caracterizavam a antiga vida e se apropriassem das virtudes que consistem na nova identidade em Cristo (Ef 4:1). Devemos andar como “filhos da luz” (Ef 5:8), que refletem a santidade de Deus (Ef 1:4; 5:27).
O alvo de cada cristão individualmente e da igreja corporativamente é alcançar a “medida da estatura da plenitude de Cristo” (Ef 4:13). Portanto, devemos ajudar uns aos outros nesse propósito (Ef 4:11-16). Somos salvos unicamente pela graça de Deus, e não por nossas obras, mas Deus criou uma nova humanidade – a igreja – exatamente com o objetivo de que ela faça boas obras e cumpra a Sua vontade (Ef 2:8-10).
- A igreja
Enquanto em outras cartas de Paulo a palavra “igreja” geralmente se refere às comunidades locais, em Efésios igreja é a totalidade do povo de Deus (Ef 1:22; 3:10, 21; 5:27). O apóstolo descreveu a igreja usando quatro metáforas: o corpo de Cristo (Ef 1:23, 23; 4:1-16), o edifício ou templo de Deus (Ef 2:19-22), a noiva de Cristo (Ef 5:21-33) e o exército do Deus vivo (Ef 6:10-20).
No contexto do grande conflito cósmico, Paulo descreveu que o propósito supremo da igreja é tornar a “multiforme sabedoria de Deus”, isto é, o Seu caráter e plano da salvação, “conhecida dos poderes e autoridades nas regiões celestiais” (Ef 3:10, NVI).
- A missão de Paulo e a missão da igreja
O apóstolo Paulo recebeu a responsabilidade especial de administrar a graça de Deus aos gentios (Ef 3:2, 7, 8). O plano de Deus envolvia criar uma comunidade formada por judeus e gentios, em pé de igualdade, unidos a Cristo e uns aos outros (Ef 2:14-18). Esse plano é descrito como o “mistério” (ou segredo revelado) do evangelho (Ef 3:4, 9).
Semelhantemente, Deus encheu a igreja com o poder e os recursos que ela precisa para cumprir sua missão mundial. Essa missão consiste em proclamar as boas-novas da salvação: Deus é rico em misericórdia e cheio de amor. Ao depositarmos a fé em Cristo, todos os pecados que antes nos afastavam de Deus podem ser perdoados e, assim, podemos viver em um novo relacionamento com Deus por meio de Cristo (Ef 2:1-10).
- A consumação dos tempos
Toda a Carta aos Efésios aborda o grandioso plano divino centrado em Cristo, cujo objetivo central é, na consumação dos tempos, “reunir sob a autoridade de Cristo tudo que existe nos céus e na Terra” (Ef 1:10, NVT). Essa será a “resolução definitiva para o problema da rebelião contra Deus – uma rebelião que envolve não apenas os seres humanos, mas os principados, poderes e autoridades [espirituais]” (Arnold, Ephesians, p. 507).
Efésios descreve o retorno de Cristo como o momento em que Ele apresentará “a Si mesmo” a “igreja gloriosa” como Sua noiva (Ef 5:27) e ocorrerá o “resgate” da “propriedade” de Deus (Ef 1:14). Esse relacionamento extraordinário e glorioso que teremos com Cristo por toda a eternidade é a “herança” bendita que receberemos (Ef 1:14; 3:6 5:5). A igreja purificada e glorificada – a noiva de Cristo – irá “mostrar, nas eras que hão de vir, a incomparável riqueza de Sua [de Deus] graça, demonstrada em Sua bondade para conosco em Cristo Jesus” (Ef 2:7, NVI). Esse futuro é a grande esperança de todos os crentes (Ef 1:18; 4:4).
Por causa de tudo o que Deus planejou para nós e tem realizado por nós através do Seu Filho e do Seu Espírito, Ele é digno de tudo o que podemos Lhe oferecer em amor, serviço e adoração por toda a eternidade.
“Àquele que é capaz de fazer infinitamente mais do que tudo o que pedimos ou pensamos, de acordo com o Seu poder que atua em nós, a Ele seja a glória na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre! Amém!” (Ef 3:20, 21, NVI).
Conheça o autor dos comentários para este trimestre: Matheus Cardoso é graduado em Teologia pelo Unasp-EC. Serviu à Casa Publicadora Brasileira como editor durante alguns anos e hoje atua como tradutor profissional para a Casa Publicadora Brasileira e outras instituições.