Lição 13
18 a 25 de junho
Israel no Egito
Sábado à tarde
Ano Bíblico: Sl 23-30
Verso para memorizar: “Assim, Israel habitou na terra do Egito, na terra de Gósen. Nela adquiriram propriedades, e foram fecundos, e muito se multiplicaram” (Gn 47:27).
Leituras da semana: Gn 46; Rm 10:12, 13; Gn 47; 48; At 3:25, 26; Gn 49; Fp 2:10; Gn 49:29–50:21

Gênesis inclui os últimos anos de Jacó e José juntos. Vimos Jacó (Israel) deixar Canaã (Gn 46) para se estabelecer no Egito (Gn 47), e lá ele morreu (Gn 49:29–50:21). No entanto, mesmo nesse cenário egípcio, ainda havia a perspectiva da terra prometida (Gn 50:22-26).

Assim que chegou ao Egito, Jacó abençoou Faraó (Gn 47:7-10), cumprindo assim (parcialmente, é claro) a promessa abraâmica de ser uma bênção para as nações (Gn 12:3). Posteriormente, prestes a morrer, Jacó abençoou os filhos de José (Gn 48) e também seus próprios filhos (Gn 49:1-28) e ainda fez previsões impressionantes a respeito de cada um deles no contexto das futuras 12 tribos de Israel (Gn 49:1-27).

O fato, porém, de que Israel “habitou” no exílio, no Egito, como estrangeiro, está em desacordo com a esperança da terra prometida. Embora o livro de Gênesis termine com os filhos de Israel no Egito, algumas das últimas palavras de José apontam para outro lugar: “José disse a seus irmãos: ‘Eu vou morrer em breve. Mas Deus certamente visitará vocês e fará com que saiam desta terra para ir à terra que jurou dar a Abraão, a Isaque e a Jacó’” (Gn 50:24).

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Domingo, 19 de junho
Ano Bíblico: Sl 31-35
Jacó vai a José

1. Leia Gênesis 46. Qual é o significado da partida de Jacó de Canaã?

Quando Jacó deixou Canaã, estava cheio de esperança. A certeza de que não sentiria mais fome e as boas-novas de que José estava vivo devem ter dado a ele o impulso de que precisava para deixar a terra prometida.

Sua partida relembra a experiência de Abraão, embora nesse caso ele estivesse indo para a terra prometida. Jacó ouviu a mesma promessa que Abraão ouviu de Deus, a saber, que Ele o tornaria “uma grande nação” (Gn 46:3; compare com Gn 12:2). O chamado divino nesse caso também é uma reminiscência da aliança de Deus com Abraão; em ambas as ocasiões, Ele usou as mesmas palavras tranquilizadoras, “não tenha medo” (Gn 46:3; Gn 15:1), que trazem a promessa de um futuro glorioso.

A lista abrangente dos nomes dos filhos de Israel que foram para o Egito, incluindo suas filhas (Gn 46:7), lembra a promessa divina de fecundidade a Abraão, mesmo quando ele ainda não tinha filhos. O número “setenta” (incluindo Jacó, José e seus dois filhos) expressa a ideia de totalidade. Refere-se a “todo o Israel” que foi para o Egito. Também é significativo que o número 70 corresponda ao número de nações (Gn 10), sugerindo que o destino de todas elas também estava em jogo na jornada de Jacó.

Essa verdade só se tornaria mais evidente muitos anos depois, após a cruz e a revelação mais completa do plano da salvação, que, é claro, foi para toda a humanidade, em todos os lugares, e não apenas para os filhos de Abraão.

Em outras palavras, por mais interessantes que sejam as histórias sobre essa família, a semente de Abraão e quaisquer lições espirituais que possamos tirar delas, esses relatos estão na Palavra de Deus pois fazem parte da história da salvação; são parte do plano divino para trazer a redenção para o maior número possível de pessoas neste planeta caído.

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Segunda-feira, 20 de junho
Ano Bíblico: Sl 36-39
Jacó se estabelece no Egito

Jacó tinha ouvido que José estava vivo. Apesar disso, Deus lhe deu “visões, de noite” (Gn 46:2) e ordenou que ele partisse. Jacó deixou a terra da promessa para ir ao Egito, que depois se tornou o único lugar aonde o povo de Deus não devia ir (Dt 17:16).

2. Que verdades e princípios espirituais encontramos nesse relato? Gn 47

“José levou cinco de seus irmãos para os apresentar ao Faraó e recebeu dele a concessão da terra para sua futura morada. A gratidão para com seu primeiro-ministro teria levado o rei a honrá-los, designando-os para cargos de Estado. Mas José, fiel ao culto a Jeová, procurou poupar seus irmãos das tentações a que estariam expostos em uma corte gentílica. Por essa razão, aconselhou-os a não omitir sua ocupação quando fossem interrogados pelo rei. Os filhos de Jacó seguiram esse conselho, tendo também o cuidado de declarar que tinham vindo para peregrinar na terra, não para se tornar habitantes permanentes ali, reservando assim o direito de partir, se quisessem. O rei indicou-lhes um local para morar, oferecido ‘no melhor da terra’ (Gn 47:6), o território de Gósen” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 192 [233]).

Sabiamente, Faraó não incentivou esses estrangeiros a se tornar mendigos, vivendo da generosidade de seu anfitrião. O monarca indagou sobre sua “ocupação” para que se adaptassem melhor ao ambiente. Ele também estava ansioso para usar seus conhecimentos e até sugeriu que o servissem como “responsáveis pelo gado” (Gn 47:3, 6).

Embora Jacó fosse o estrangeiro, o inferior, ele se colocou diante do chefe da terra e, como diz o texto, “abençoou Faraó” (Gn 47:7). Ele, o humilde estranho, foi quem abençoou Faraó, o governante do poderoso Egito? Por que deveria ser assim?

O verbo ‘amad lifney, “apresentar [colocar diante]” (Gn 47:7), é normalmente usado em contextos sacerdotais (Lv 14:11). Considerando que no antigo Egito o Faraó tinha a condição de sacerdote supremo, isso significa que, em sentido espiritual, Jacó estava em posição mais elevada do que o sacerdote supremo do Egito, o próprio Faraó.

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Somos “sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus” (1Pe 2:9). O que isso significa na forma de tratar os outros? Que obrigações a fé nos impõe?


Terça-feira, 21 de junho
Ano Bíblico: Sl 40-45
Jacó abençoa os filhos de José

À medida que Jacó se aproximava da morte, ele se lembrou de seu antigo retorno a Betel (Gn 35:1-15), quando recebeu de Deus a promessa renovada da “propriedade perpétua” (Gn 48:4) que foi dada a Abraão (Gn 17:8).

A esperança da terra prometida era, portanto, um pensamento reconfortante que alimentava sua esperança ao sentir a morte chegar. Jacó então se voltou para os dois filhos de José, que nasceram no Egito, e os abençoou, mas o fez no contexto da promessa futura sobre sua própria descendência.

3. Leia Gênesis 48. Por que Jacó abençoou os dois filhos de José, e não seus outros netos?

Os dois filhos de José, Manassés e Efraim, são os únicos netos que Jacó abençoou. Dessa forma, foram elevados da condição de netos à condição de filhos (Gn 48:5). Embora a bênção de Jacó indicasse uma preeminência do segundo (Efraim) sobre o primeiro (Manassés), diz respeito essencialmente a José (Gn 48:15).

O que vemos é um testemunho pessoal sobre a fidelidade de Deus a eles no passado e Sua promessa para eles no futuro. Jacó referiu-se ao Deus de Abraão e Isaque, que os alimentou e protegeu. É o mesmo Deus que o tinha “livrado de todo mal” (Gn 48:15, 16). Jacó também tinha em mente “o Deus de Betel” (Gn 31:13), com quem lutou (Gn 32:29) e que mudou seu nome de Jacó para “Israel” (Gn 32:26-29).

Ao se referir a todas essas experiências, em que Deus transformou o mal em bem, Jacó expressou sua esperança de que Deus não só cuidaria da vida presente de seus netos, como fez por ele e por José, mas iria ampará-los também no futuro, quando seus descendentes voltassem para Canaã. Essa esperança é clara em sua referência a Siquém (Gn 48:22), que não era apenas um pedaço de terra que tinha adquirido (Gn 33:19), mas também um lugar em que os ossos de José seriam enterrados (Js 24:32) e onde a terra seria distribuída às tribos de Israel (Js 24:1). Mesmo em meio a tudo o que aconteceu, Jacó manteve em mente as promessas de Deus, que havia dito que, por meio daquela família, seriam “benditas todas as famílias da terra” (Gn 12:3).

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A promessa de Gênesis 12:3 se cumpriu? Como obtemos essa bênção? (At 3:25, 26)


Quarta-feira, 22 de junho
Ano Bíblico: Sl 46-50
Jacó abençoa seus filhos

4. Leia Gênesis 49:1-28. Qual é o significado espiritual da bênção de Jacó sobre seus filhos?

Além das profecias sobre as tribos de Israel, Jacó viu o Messias e a esperança de salvação, indicada nas primeiras palavras de Jacó, “nos dias que virão” (Gn 49:1), uma expressão técnica que se refere à vinda do rei messiânico (Is 2:2; Dn 10:14).

O texto então passa pela linhagem futura de cada um desses homens. Esses não são destinos predestinados, como se Deus quisesse que cada um deles enfrentasse o que enfrentou; antes, são expressões do que seu caráter e o caráter de seus filhos trariam. O fato de Deus saber, por exemplo, que alguém matará um homem inocente é algo muito diferente de Deus ter desejado que o assassino fizesse isso.

5. Leia Gênesis 49:8-12. Que profecia é dada aqui e por que ela é importante?

Além do livre-arbítrio humano, Deus conhece o futuro e providenciou que seria por meio de Judá que o Messias viria. Judá (Gn 49:8-12), que é representado por um leão (Gn 49:9), refere-se à realeza e ao louvor. Judá geraria o rei Davi, mas também a Siló, isto é, Aquele que trará shalom, “paz” (Is 9:6, 7). “A Ele obedecerão os povos” (Gn 49:10).

Os judeus há muito veem isso como uma profecia messiânica que aponta para a vinda do Messias, e os cristãos também veem esse texto como apontando para Jesus. “A Ele obedecerão os povos” (Gn 49:10), o que, talvez, seja uma antecipação da promessa do NT de “que ao nome de Jesus se [dobrará] todo joelho” (Fp 2:10).

Como Ellen G. White escreveu: “O leão, rei da selva, é um símbolo apropriado dessa tribo, da qual veio Davi e o Filho de Davi, Siló, o verdadeiro ‘Leão da tribo de Judá’, perante quem todos os poderes finalmente se encurvarão, e todas as nações prestarão homenagem” (Patriarcas e Profetas, p. 195 [236]).

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Quinta-feira, 23 de junho
Ano Bíblico: Sl 51-55
A esperança da terra prometida

6. Leia Gênesis 49:29–50:21. Que grandes temas de esperança são encontrados na conclusão do livro de Gênesis?

A conclusão de Gênesis contém três assuntos que envolviam a esperança. Primeiro, é a esperança de que Israel retornasse à terra prometida. Moisés, autor do livro, descreveu a morte e o sepultamento de Jacó e de José como eventos que apontavam para a terra prometida. Imediatamente após sua bênção e profecia sobre as “doze tribos de Israel” (Gn 49:28), Jacó pensou em sua morte e encarregou seus filhos de sepultá-lo em Canaã, na caverna de Macpela, onde Sara estava sepultada (Gn 49:29-31). A narrativa que descreveu o cortejo fúnebre para Canaã tornou-se um precursor do êxodo do Egito.

Em segundo lugar está a esperança de que Deus transformaria o mal em bem. Após a morte e o sepultamento de Jacó, os irmãos de José ficaram preocupados com seu futuro. Temiam que José se vingasse deles. Eles foram e se prostraram diante dele, prontos para se tornar seus servos (Gn 50:18), um cenário que lembrava os sonhos proféticos de José. Ele os tranquilizou e lhes disse: “Não tenham medo” (Gn 50:19), uma frase que se referia ao futuro (Gn 15:1); porque, ainda que tivessem planejado o mal contra ele, “Deus o tornou em bem” (Gn 50:20) e mudou o curso dos eventos em direção à salvação (Gn 50:19-21; compare com Gn 45:5, 7-9). Ou seja, apesar de tantas falhas humanas, a providência de Deus prevaleceria.

Terceiro, foi apresentada a esperança de que Deus salvaria a humanidade caída. A história da morte de José nesse último verso de Gênesis é mais ampla do que apenas sua morte. Estranhamente, ele ordenou que seus ossos não fossem enterrados. Em vez disso, apontou para o tempo em que “Deus certamente [os visitaria]. Quando isso [acontecesse, deviam levar os seus ossos dali]” (Gn 50:25), o que eles fizeram, anos mais tarde, em obediência direta a essas palavras (ver Êx 13:19). A esperança da terra prometida, Canaã, é um símbolo, um precursor da esperança final da salvação, de restauração, de uma nova Jerusalém em um novo céu e uma nova Terra – a esperança final de todos nós, uma esperança garantida pela morte de Siló.

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Leia Apocalipse 21:1-4. Como esses versos representam nossa maior esperança? Sem essa promessa, que esperança temos senão a morte como o fim dos nossos problemas?


Sexta-feira, 24 de junho
Ano Bíblico: Sl 56-61
Estudo adicional

Leia, de Ellen G. White: Patriarcas e Profetas, p. 192-200 [233-240] (“José e seus irmãos”).

“A vida de José ilustra a de Cristo. Foi a inveja que moveu os irmãos de José a vendê-lo como escravo. Esperavam impedir que ele se tornasse superior a eles. [...]. Semelhantemente os sacerdotes e anciãos judeus tinham inveja de Cristo, temendo que Ele roubasse deles a atenção do povo. Mataram- No para impedir que Ele Se tornasse rei; mas, ao agirem assim, foi esse mesmo resultado que obtiveram.

“José, mediante seu cativeiro no Egito, tornou-se um salvador para a família de seu pai; contudo, esse fato não diminuiu a culpa de seus irmãos. Da mesma forma, a crucifixão de Cristo, pelos Seus inimigos, fez Dele o Redentor da humanidade, o Salvador de uma raça decaída e Governador do mundo inteiro. No entanto, o crime de Seus assassinos foi tão hediondo como se a mão providencial de Deus não tivesse dirigido os acontecimentos para Sua glória e o bem do ser humano.

“Assim como José foi vendido aos gentios por seus próprios irmãos, Cristo foi vendido aos piores de Seus inimigos por um de Seus discípulos. José foi acusado falsamente e lançado na prisão por causa de sua virtude; assim também Cristo foi desprezado e rejeitado porque Sua vida justa e abnegada era uma repreensão ao pecado; [...]. A paciência e humildade de José [...] e a nobreza de sua generosidade para com seus irmãos desnaturados representam o resignado sofrimento do Salvador [...] e Seu perdão não somente aos Seus assassinos, mas a todos que vão a Ele confessando seus pecados” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 198, 199 [239, 240]).

Perguntas para consideração

1. Depois que Jacó morreu, os irmãos de José temeram que Ele se vingasse. O que isso ensina sobre a culpa que nutriam? O que a reação de José nos ensina sobre o perdão?

2. Quais outros paralelos podemos encontrar entre a vida de José e a de Jesus Cristo?

3. Embora Deus conheça o futuro, somos livres nas escolhas que fazemos?

Respostas e atividades da semana: 1. Sua partida relembra a experiência de Abraão. Deus deseja estender a salvação para todos. 2. Embora fosse estrangeiro, considerado inferior, Jacó abençoou Faraó, que era considerado sacerdote supremo, demonstrando assim a superioridade de Jacó, pois ele era o servo do Deus vivo. 3. Para demonstrar a fidelidade de Deus a eles no passado e Sua promessa para eles no futuro. 4. Além das profecias sobre as tribos de Israel, Jacó viu o Messias e a esperança de salvação. 5. O Messias viria da tribo de Judá. Essa profecia é uma antecipação à promessa do NT de que todo joelho se dobrará ao nome de Jesus. 6. Esperança de que Israel retornará à terra prometida, de que Deus transformará o mal em bem e de que Deus salvará a humanidade caída.

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Resumo da Lição 13
Israel no Egito

TEXTO-CHAVE: Gn 47:27

FOCO DO ESTUDO: Gn 46–50; At 3:25, 26

Introdução: Essa última seção do livro de Gênesis nos leva ao final do período patriarcal com a morte de Jacó e José. Todo o clã de Jacó estava exilado no Egito. As últimas palavras do livro são “num caixão, no Egito”. A história da salvação parecia não ter um final feliz. No entanto, essa é a parte do livro que mais sugere esperança. O perfil de Israel como povo de Deus surge no horizonte. O prodigioso número de “setenta” que constitui a casa de Jacó (Gn 46:27) alerta o leitor para o destino espiritual desse povo. Jacó abençoou seus filhos (Gn 49:1-28) e predisse o futuro do que se tornariam as 12 tribos de Israel e a futura vinda do Messias, que salvaria Israel e as nações (Gn 49:10-12). As últimas palavras do livro, que ressoam com o tema da morte, de fato, são palavras que apontam para o futuro redentivo: antecipam o retorno à terra prometida em termos que relembram as primeiras palavras de Gênesis, introduzindo o evento da criação e o plantio do jardim do Éden. O princípio teológico subjacente é que Deus transforma o mal em bem (Gn 50:20). Essa é a lição que José compartilhou com seus irmãos para confortá-los e tranquilizá-los (Gn 50:21) e, com um propósito ainda mais importante, abrir seus olhos para a salvação de Deus no mundo (Gn 50:20).

COMENTÁRIO

A bênção de Jacó

Depois de reunir seus filhos (Gn 49:1, 2), Jacó os abençoou um após o outro, seguindo a ordem de nascimento, de Rúben, o mais velho, a Benjamim, o mais jovem (Gn 49:3-27). Essas bênçãos são, de fato, profecias que predizem o futuro (Gn 49:1). As palavras hebraicas be’akharit hayyamim, “nos dias que virão” (Gn 49:1), são uma expressão técnica que muitas vezes se refere à vinda do rei messiânico e à salvação escatológica (Is 2:2; Dn 10:14). O texto da bênção de Jacó, à medida que vai de seu primeiro filho, Rúben, para seu último filho, Benjamim, está, portanto, imbuído da tensão profético-escatológica.

Essa é a terceira vez no livro de Gênesis que uma bênção foi dirigida a um grupo de pessoas. A primeira bênção coletiva foi a de Deus para Adão e Eva (Gn 1:28). A segunda foi a bênção de Noé para seus três filhos (Gn 9:24-27). A bênção de Jacó está mais relacionada à bênção de Noé, pois ambas foram bênçãos paternais e até mesmo maldições; e ambas contêm profecias específicas revelando o futuro destino dos filhos. Ambas as bênçãos aparecem no início de uma nova era e ambas marcam os primeiros passos de uma nova raça. Portanto, a bênção de Israel tem um alcance universal. As bênçãos concluem com a referência às “doze tribos de Israel” (Gn 49:28). Essa foi a primeira menção bíblica das “doze tribos”. Claramente, o destino futuro de todo o Israel, com seus fracassos e sucessos, estava em consideração (compare Gn 49:1).

A vinda do Messias

As palavras usadas – “cetro”, “legislador” (ACF) – indicam que é um rei, e não uma tribo, o objeto da profecia. Esse versículo, Gênesis 49:10, também encontra eco na profecia de Balaão (Nm 24:17). A estrela de Jacó na profecia de Balaão corresponde ao leão de Judá na profecia de Jacó. Além disso, nossa passagem introduz um elemento temporal nesse governo (Gn 49:10). A vinda do Messias está inserida na história de Israel. No entanto, a preposição ‘ad ki, “até”, na frase “até Siló”, significa mais do que apenas um ponto de chegada. O hebraico ‘ad ki não se refere necessariamente a um fim, mas a um cumprimento ou a um clímax, expressando um superlativo (Gn 26:13; 41:19). Isso significa que a realeza de Judá atingiria seu clímax com a vinda de Siló. A dimensão universal dessa Pessoa é esclarecida nas próximas palavras: “A Ele obedecerão os povos” (Gn 49:10). Observe que, no texto hebraico, a palavra “povos” está no plural (‘amim).

O alcance universal desse Governante a quem os povos devem obediência sugere uma figura de dimensão messiânica e sobrenatural. A palavra Siló é o nome de uma pessoa, conforme indicado por seu paralelo com o nome Judá. A palavra hebraica está relacionada às palavras shalwah ou shalom (“paz”), sendo ambas sinônimas (Sl 122:7). Essa interpretação é atestada nas fontes cristãs e judaicas mais antigas e tem o mérito de se ajustar ao contexto da nossa passagem (Gn 49:11), que associa a vinda desse governante com o reinado de paz (compare Is 9:5, 6; Mq 5:5 [4]); Ef 2:14). Os dois últimos versos da bênção de Jacó a Judá (Gn 49:11, 12) descrevem o caráter e a missão do Messias. A palavra hebraica para “jumento” refere-se geralmente ao jumento usado para cavalgar (Jz 10:4). O jumento evoca paz e humildade (em contraste com o cavalo, que evoca guerra e arrogância [Pv 21:31]). A mesma associação de realeza e humildade é usada por Zacarias para descrever o “humilde” Rei davídico que montaria um jumento (Zc 9:9) e reinaria sobre o mundo inteiro, “de mar a mar [...] até os confins da terra” (Zc 9:10). Essa imagem nos lembra de Salomão, que montou na mula de seu pai para indicar que ele era o ungido, o verdadeiro herdeiro do trono davídico (1Rs 1:38-48). Da mesma forma, a ação de Jesus de “desprender” o jumento e andar nele apontam para essa tradição (Mc 11:2-11).

As outras imagens de “vinho” e “leite” e suas respectivas cores de vermelhos [vinho]/ olhos e branco/dentes evocam a abundância de vida e a paz e segurança que encheriam a terra prometida (Nm 13:23, 27). A referência aos olhos e aos dentes em nosso contexto, que significam plenitude do gozo, pretendia, então, sugerir a intensidade de vida e de paz total que caracterizaria o reino messiânico.

Do mal ao bem

Quando os irmãos de José foram até ele para pedir perdão (Gn 50:17), José lhes assegurou que não pretendia fazer nada de mal com eles.. Suas palavras, “não tenham medo” (Gn 50:19),são as mesmas palavras que Deus tinha usado para assegurar a Abraão seu futuro (Gn 15:1). Para aliviar a tensão, José se colocou no mesmo nível humano: “Será que eu estou no lugar de Deus?” (Gn 50:19). Jacó se dirigiu a Raquel com as mesmas palavras em resposta à sua queixa de não ter filhos (Gn 30:2). No entanto, para José aquilo era diferente. Enquanto para Jacó essas palavras foram uma expressão de sua raiva, para José elas expressavam seu amor por seus irmãos e eram destinadas a superar suas preocupações.

Quando José, inesperadamente, se referiu a Deus, sugeria que o perdão divino estava envolvido no perdão humano. José até se referiu à traição de seus irmãos como o mecanismo desse perdão: Eles “planejaram o mal”, porém “Deus o tornou em bem” (Gn 50:20). O que seus irmãos fizeram, que reconheceram com certeza como “mal”, foi transformado para “que se [conservasse] a vida de muita gente” (Gn 50:20). José não se contentou apenas em perdoar seus irmãos, mas tirou o sentimento de culpa deles, pois a atitude perversa deles se tornou em bem. Podiam encarar José e confrontar o futuro. José lhes assegurou isso com as mesmas palavras que envolviam o futuro: “Não tenham medo” (Gn 50:21; compare com Gn 50:19). José conclui prometendo que proveria para seus irmãos e seus filhos.

A salvação do mundo

Ao passo que o texto menciona uma sepultura para Jacó, mas não um caixão (Gn 49:29), para José, o texto menciona um caixão, mas não uma sepultura (Gn 50:26). José foi embalsamado, contudo não foi enterrado, por causa de sua esperança na terra prometida. Assim, José ordenou que seus ossos não fossem enterrados por ocasião de sua morte. Ele quis que seus ossos fossem transportados para Canaã junto com todo o povo de Israel. Nesse meio tempo, “embalsamaram o seu corpo e o puseram num caixão, no Egito” (Gn 50:26). O hebraico usa o artigo definido ba’aron, que significa literalmente “no caixão”, fortalecendo, dessa forma, o significado de que esse caixão não tinha sepultura.

Assim, o livro de Gênesis termina da mesma forma que termina o Pentateuco: com a morte, mas sem sepultura (Dt 34:6), e na perspectiva da terra prometida (compare Dt 34:1-4). O livro de Gênesis, como o Pentateuco, começa com a criação e o jardim do Éden (Gn 1–2) e termina com a perspectiva da terra prometida e a esperança da ressurreição dos mortos (Dt 34:6; compare com Jd 9). Essa coincidência literária não é acidental. Encontramos a mesma associação em outros lugares (Hb 11:1) e no início e no fim de vários livros da Bíblia (ver, por exemplo, Is 1:2; 66:22, 23; Ec 1:1-11; 12:14; Dn 1:12; 12:13; Jo 1:1-10; 21:22, 23), e até mesmo de toda a Bíblia (Gn 1–2; Ap 22:20).

APLICAÇÃO PARA A VIDA

A bênção de Jacó. Há uma história sobre um professor de NT que disse a seus alunos: “Se você quiser ser um bom cristão, terá que matar o judeu em você”. Então, um aluno respondeu: “Você quer dizer matar Jesus?” Como a bênção de Jacó para seus filhos se relaciona com você pessoalmente? É possível receber as bênçãos de Jacó enquanto nega seu componente judaico? O que torna essas bênçãos suas também?

A vinda do Messias. Como essa profecia se aplica a Jesus Cristo? Discuta as ricas imagens que são usadas em Gênesis 49:10-12 para caracterizar o Messias. De que modo a imagem de Cristo como “Legislador” se aplica à sua vida? Como a imagem de dentes e olhos, que significam alegria de vida e paz, afeta sua compreensão da vida cristã?

Do mal ao bem. Você se lembra de uma experiência em que uma ação perversa dirigida a você, com a intenção de prejudicá-lo, acabou sendo benéfica? Após essa ação, como suas experiências de sofrimento e injustiça desempenharam um papel na formação de seu caráter?

A salvação do mundo. De que modo nosso nome “Adventista do Sétimo Dia” mostra nossa crença na criação divina, com base na interpretação literal do livro de Gênesis? Como nosso nome sugere, qual é a associação entre nossa crença na criação divina e a esperança que temos na segunda vinda de Jesus?

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Expulso de casa

Minha família me criou em uma igreja evangélica na Angola, onde fui batizado por aspersão aos 14 anos. Porém, eu não estava satisfeito com meu conhecimento de Deus. Algo parecia não estar certo. Particularmente, uma doutrina da igreja adventista me atormentava. Eu pensava muito sobre o verdadeiro dia de guarda, e repetidamente me perguntava: “Por que os adventistas guardam o sábado e os outros protestantes guardam o primeiro dia da semana?”

A dúvida não saiu da mente e, finalmente, procurei vários líderes de minha igreja em busca de respostas. “Por que os adventistas vão à igreja no sábado, mas nós frequentamos a igreja aos domingos?” Eles falavam sobre celebrar a ressurreição de Jesus no Domingo. Mas, nenhum deles mostrou o verso na Bíblia indicando que Jesus havia mudado o dia de adoração do sábado para o domingo. As explicações dos líderes da igreja não me satisfizeram.

Então, comecei a assistir à Hope Channel na televisão. Os apresentadores do canal explicavam que, nos Dez Mandamentos, o sétimo dia, o sábado, é o dia sagrado. Aprendi que Deus havia separado o sétimo dia como santo na criação do mundo, e que Jesus observou o sábado quando viveu na Terra. Minha pergunta sobre o sábado foi respondida. Entendi porque os Adventistas adoravam no sétimo dia, e resolvi guardar o dia correto.

Dois anos após meu batismo por aspersão, decidi ser batizado por imersão, seguindo o exemplo de Jesus. Eu queria fazer parte da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Quando contei a meu pai, ele ficou furioso. Expulsou-me de casa e precisei mudar para a casa da sua irmã, minha tia. Embora não estivesse mais vivendo com meus pais, a tensão continuou crescendo. Meus parentes ameaçavam me espancar, e surgiu a incerteza sobre onde morar. No entanto, continuei frequentando a igreja no sábado e não desisti do batismo.

O pastor da minha antiga igreja entrou em contato com meu pai, e eles me convenceram a mudar para sua casa. Ele estava decidido a me persuadir a voltar para sua igreja. Conversou comigo e me aconselhou durante três semanas. Mas, não mostrou nenhum verso provando que Deus havia mudado o sábado para o primeiro dia da semana. Finalmente, ele pediu para sair de sua casa.

Parecia que as coisas não poderiam ficar piores. Na verdade, as coisas começaram a melhorar. Enquanto lia a Bíblia diariamente mais conhecia sobre Deus e Seu amor. Aprendi sobre Ellen White e comecei a ler seus livros. Louvado seja Deus, fui batizado por imersão na Igreja Adventista do Sétimo Dia de Nova Jerusalém, em Luanda, Angola, em 2021.

Agradeço a Deus pelas aflições que sofri. Elas me fortaleceram e me transformaram em um guerreiro feroz para o Salvador e fortaleceu minha confiança no poder maravilhoso de Jesus Cristo. Minhas feridas foram curadas e só restam as cicatrizes. Sou feliz no Senhor. Por favor, una-se a mim em oração para que eu consiga alcançar o coração dos meus amados a fim de que possamos, mais uma vez, adorar a Deus como uma família unida.

Parte da oferta trimestral ajudará na construção de uma Escola Adventista em Luanda, Angola, onde muitas crianças podem ouvir respostas às perguntas sobre Jesus. Muito obrigado pelas generosas ofertas.

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Comentário da Lição da Escola Sabatina – 2º Trimestre de 2022

Tema Geral: Gênesis

Lição 13 – 18 a 25 de junho de 2022

Israel no Egito

Autor: Wilian S. Cardoso

Editoração: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br

Revisora: Josiéli Nóbrega

O fim de Gênesis nos prepara para o início de Êxodo. Deus havia dito a Abraão que seus descendentes seriam peregrinos na terra do Egito durante 400 anos (Gn 15:13). E, agora, esse momento se tornou real. E não é à toa que, quando Deus apareceu para Jacó na sua ida para o Egito, Ele lhe disse que não temesse ir até lá (46:3). A razão para que ele não ficasse com medo foi que Deus mesmo executaria todo o processo para tirá-los do Egito e trazê-los de volta à terra prometida. Essa é uma promessa constantemente repetida nesses últimos capítulos de Gênesis. O próprio Jacó faz José prometer que ele enterraria seu corpo em Canaã (49:29), como testemunho ou garantia de que seus descendentes não permaneceriam no Egito.

Antes de morrer, contudo, Jacó concedeu uma série de bênçãos para cada um dos seus doze filhos. Esse é o ponto mais alto de todas as bênçãos e maldições pronunciadas desde a criação e a queda, e incluiu todos os patriarcas. Na verdade, bênção é um dos temas mais fundamentais de todo o livro de Gênesis. A ideia de usar as palavras a fim de criar coisas – matéria, sentimentos, relacionamentos, etc., é recorrente desde o início do livro. Deus criou com a palavra, Satanás descriou usando a mesma habilidade, e Deus escolheu a família de Abraão para ser veículo de Sua vontade de abençoar todas as famílias da Terra. Na verdade, creio ser perceptível que, mesmo uma leitura superficial de Gênesis revela a preeminência do tema da bênção juntamente com seu elemento antitético, a maldição.

Como vimos, literariamente Gênesis foi estruturado por meio de um arranjo de toldot (“gerações”), que, por sua vez, são desenvolvidas sob o tema da bênção divina, visando a apresentar as bases históricas que justificam a eleição e aliança de Deus com determinados personagens e Sua maldição com outros.1

Assim, esse padrão de gerações (ver tabela acima) é tecido por um fio que conecta tudo: a bênção de Deus (e eventuais maldições), que enfatiza o movimento inicial do plano divino de salvar.2

A bênção de Deus é um tema como poucos outros na Bíblia, pois abrange a totalidade da bondade de Deus para com a humanidade. E podemos ver que, desde o primeiro capítulo da Bíblia até o último, Deus busca sempre abençoar a humanidade (Gn 1:28; Ap 22:14, 15), até chegar o tempo em que a maldição não mais existirá (Ap 22:3). O que precisamos entender é que a bênção é, em si, a permissão de um privilégio. Antes da queda, ela envolvia dois elementos: a capacidade de criação por meio da procriação e a autoridade sobre a Terra (1:28). Em outras palavras, a bênção inicial foi uma ratificação divina de que a criação humana havia sido feita à imagem e semelhança de Deus, pois, como Ele, eles eram criadores e soberanos dentro de sua esfera de criação. Ou seja, a tentação da serpente foi uma oferta de algo que, relativamente, eles já possuíam e, ao mesmo tempo, maldição, por ser a inversão da bênção. Em lugar de se tornarem como Deus, a aceitação das palavras da serpente inverteu o status do casal – sua reprodução propagou o mal, além de perderem a Terra e o controle dela. Isto posto, a bênção pós-queda é, em essência, a restauração da imagem de Deus na humanidade a fim de restaurá-la ao seu status planejado. É por isso que a bênção é sempre marcada por dois elementos: a existência de uma linhagem divinal, marcada pela obediência a Deus, e a posse da terra. Dessa perspectiva, ser bendito por Deus significa desfrutar da garantia da proteção divina.

O uso do verbo barakh (“abençoar”) em Gênesis mostra que obter o dom da bênção incluía a capacidade de alcançar aquilo que havia sido prometido. Logo, a fonte final da bênção sempre é Deus, mesmo quando é comunicada por outro indivíduo.3

Diante de seu leito de morte, Jacó chamou todos os seus filhos para ouvir suas palavras de despedida recitadas de forma poética. E, curiosamente, as bênçãos de Jacó em Gênesis 49:1-27 são a primeira porção extensa de poesia hebraica em toda Bíblia e, consequentemente, o capítulo mais complexo de Gênesis. É igualmente curioso o fato de que, nesse capítulo, os nomes “Jacó” e “Israel” aparecem 10 vezes, isto é, 5 vezes cada um. O mesmo número das toldot (“gerações”) que percorrem todo o livro. Possivelmente, isso indicasse a dualidade pessoa-povo. Ou seja, de personalidades individuais para representantes tribais de uma completa nação.4 Em outras palavras, a bênção-promessa de gerar uma nação a partir de Abraão está praticamente cumprida. O segundo elemento da bênção, contudo, sobre a concessão da terra, é desenvolvido nos livros seguintes.

Portanto, esse é o momento em que a bênção de Deus é passada de um indivíduo, Jacó, para toda a nação, Israel. Mas acima de todas as bênçãos dadas, histórias contadas e promessas feitas nesse capítulo de fechamento, uma verdade permanece acima de todas as outras. Depois de tudo que seus irmãos fizeram, José não ficou chateado nem se tornou vingativo. Ao contrário, ele inclusive os perdoou, porque sabia de algo verdadeiro sobre como Deus trabalha. Assim, ele declarou: “Vocês, na verdade, planejaram o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem, para fazer, como estão vendo agora, que se conserve a vida de muita gente” (50:20). Deus converteu o mal em bem – é isso o que Deus faz no plano micro, e é isso que Ele está realizando igualmente no plano macro. Esse é o grande tema da bênção que percorre todo o livro de Gênesis. Deus toma a pecaminosidade, o engano, a trapaça, a perda, a depravação e o egoísmo dos seres humanos e tira deles o bem. Desde a queda de Adão e Eva, a confusão das línguas, o engano de Jacó e Rebeca, a venda de José, ou o episódio em que Judá dormiu com a nora, entre outras situações, constantemente Deus tem tirado o bem a partir do mal. Ele faz isso a fim de cumprir um único propósito: para “que se conserve a vida de muita gente”

Muitos anos à frente, as cenas são outras, mas o tema é o mesmo. As pessoas buscaram ferir Jesus ao aprisioná-Lo, forjando um julgamento ilegítimo, batendo Nele, mesmo Ele sendo um Inocente, até finalmente o assassinarem em uma cruz. Eles visavam ao mal, mas Deus ao bem. Ao machucar Jesus desse modo, Deus realizou Seu maior propósito: trazer o Descendente perfeito para que, com Sua bondade, esmagasse o mal para sempre e “a vida de muita gente” fosse salva. Jesus é o Descendente que pisou sobre a cabeça da serpente. Ele é o Filho de Abraão, Isaque e Jacó, que trouxe e continua trazendo a bênção a todas as famílias da Terra (12:3), a fim de que todas as famílias da Terra possam possuir a terra eterna. De uma linhagem de benditos, surgiu o mais perfeito de todos, a bênção encarnada, o qual veio e morreu para que todo aquele que Nele crê não pereça, mas tenha vida eterna (Jo 3:16).

Jesus, também, é Aquele que nos tirará deste atual Egito em que nos encontramos, a fim de levar-nos para Sua terra prometida eternal. A vida e obra de Jesus sobre esta Terra foi e é a realização suprema do primeiro elemento da bênção de Deus que se tornou real. O segundo elemento, a terra, conforme Ele mesmo disse, ainda está sendo preparada (Jo 14:1-3). E para que essa parte da bênção se torne realidade na nossa geração e na nossa existência, ainda será desenvolvida em outro livro, o livro da nossa história com Deus – o livro da vida. Portanto, mantenhamos a fé de Abraão, a comunhão de Isaque, a perseverança de Jacó, a integridade de José, e o coração arrependido de Judá, e aguardemos o dia em que receberemos a plenitude da bênção, quando, pelo Filho, estaremos todos em uma só terra, a nova Terra. Você aceita o chamado para a aliança de salvação e declara sua fé nas promessas de Deus, vivendo de acordo com a vontade do Senhor?

Referências:

1 ROSS, Allen P. Creation and Blessing: a guide to the study and exposition of Genesis. Grand Rapids, MI: Baker, 1988, p. 65.

2 HAMILTON, Victor. Handbook on the Pentateuch. Grand Rapids, MI: Baker, 1982, p. 18.

3 Ibid., p. 66.

4 SARNA, Nahum M. Genesis. The JPS Torah Commentary. Philadelphia, PA: Jewish Publication Society, 2001, p. 331.

Conheça o autor dos comentários para este trimestre: Wilian Cardoso é casado com Carem. É pai de Sarah, Noah e de Shai. É bacharel em Teologia e Filosofia, mestre em Interpretação Bíblica e em Estudos do Antigo Oriente Médio. Trabalhou como pastor da Comunidade Judaico-Adventista de Manaus por 8 anos e também como professor de Filosofia e Sociologia. Atualmente trabalha como professor para o Israel Institute of Biblical Studies filiado à Universidade Hebraica de Jerusalém e se dedica à família e à vida acadêmica.