Certa vez, Billy Graham contou a história de quando foi visitar soldados em um hospital de campanha, sendo conduzido pelo general daqueles homens. Um jovem soldado “estava tão mutilado que permanecia deitado de bruços em uma engenhoca de lona e aço”. Um médico sussurrou para Graham: “Duvido que ele volte a andar”. O soldado fez um pedido ao general: “Senhor, [...], eu lutei por você, mas nunca o vi. Posso ver seu rosto?”. Então, o general se abaixou, deslizou por baixo da engenhoca de lona e aço e conversou com o soldado. Enquanto Graham observava, uma lágrima caiu do soldado na face do general.
À época do nascimento de Jesus, a humanidade estava mutilada e ensanguentada, necessitando de uma visão curativa de Deus. É como se a humanidade implorasse: “Ó, Deus, poderíamos ver o Teu rosto?”. Ao enviar Seu Filho a este planeta, o Pai enviou o Mestre dos mestres em uma missão: mostrar Seu rosto à humanidade. Desde então, temos o maravilhoso privilégio de contemplar “o conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo” (2Co 4:6).
Ao observarmos o Mestre dos mestres vir à Terra, o que aprendemos com Ele?
1. Quais são os argumentos mais importantes defendidos pelo apóstolo a respeito de Jesus no início da epístola aos Hebreus? Hb 1:1-4
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Os autores do Novo Testamento salientaram repetidamente uma ideia importante: Jesus veio à Terra para mostrar ao ser humano quem é o Pai. No passado, a revelação de Deus tinha vindo de maneira fragmentada por meio dos profetas; em Jesus, no entanto, a revelação final e completa de Deus chegou até nós.
Além disso, Jesus “é o resplendor da glória” de Deus (Hb 1:3). Como seres humanos pecadores, não podíamos suportar o acesso total à glória do Senhor. Como Filho encarnado, Jesus refletiu essa glória. Ela foi abrandada na humanidade de Cristo, para que pudéssemos vê-la e entender claramente o caráter de Deus.
Jesus também é “a expressão exata do Seu Ser” (Hb 1:3). O termo usado aqui, a palavra grega charact?r, às vezes é usado para designar a impressão produzida por um selo na cera ou a representação estampada em uma moeda. Portanto, Jesus “é a perfeita semelhança do próprio Deus” (Hb 1:3; NTLH).
Se desejamos conhecer o Pai, devemos ouvir atentamente o que o Mestre dos mestres disse sobre Ele. Além disso, também devemos observar o Mestre dos mestres. O Pai é visto no Filho.
2. Leia 2 Coríntios 4:1-6. Quem é Jesus e o que aprendemos com Ele? (Compare com Hebreus 1:1-4).
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Quando instruíam as pessoas sobre Deus, Paulo e seus companheiros buscavam refletir o próprio ministério de ensino de Jesus acerca do Pai. Sendo “a imagem de Deus” (2Co 4:4), Jesus nos trouxe o conhecimento de Deus, o Pai. Semelhantemente, Paulo evitou enganos e distorções da Palavra de Deus, mas apresentou a verdade claramente (2Co 4:2).
Assim como Deus, na criação, usou a luz para dissipar as trevas, Ele nos deu Seu Filho, Jesus, para dissipar falsas visões sobre Ele e para nos mostrar a verdade sobre Deus. “Na face de Cristo” adquirimos o conhecimento mais claro do Pai (2Co 4:6).
No comovente prólogo de seu evangelho (Jo 1:1-18), João falou sobre Jesus como o “Verbo” eterno. As alegações de João a respeito de
Jesus não são tímidas nem limitadas; elas são ousadas e de alcance universal. Jesus já existia antes de o mundo existir – ou seja, desde a eternidade. Na realidade, Jesus é o Agente da criação (Jo 1:2, 3). Ele é “a luz dos homens” (Jo 1:4) e, como o Verbo que veio ao mundo, Ele “ilumina a todo homem” (Jo 1:9).
3. Segundo João, qual foi o resultado de Cristo ter se tornado um ser humano? Como Verbo, que luz Ele trouxe? Quais qualificações Ele possui para realizar tal feito? Jo 1:14, 18
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“A luz apareceu quando as trevas do mundo eram mais intensas [...]. Havia apenas uma esperança para a humanidade: a de que [...] o conhecimento de Deus fosse restaurado no mundo. Cristo veio para restaurar esse conhecimento. Veio para remover o falso ensino pelo qual os que pretendiam conhecer a Deus O haviam representado de maneira errada. Veio para manifestar a natureza de Sua lei e revelar em Seu caráter a beleza da santidade” (Ellen G. White, Educação, p. 74-76).
Todas as ações de Jesus durante Sua vida na Terra tinham um único propósito: “a revelação de Deus para o reerguimento da humanidade” (Educação, p. 82).
4. O próprio Jesus disse: “Quem Me vê a Mim vê o Pai” (Jo 14:9). Qual foi o contexto dessa declaração? Por que Ele disse isso? Jo 14:1-14
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É tentador criticar a declaração precipitada de Filipe (Jo 14:8). Após anos de íntima comunhão com Jesus, ele ainda não havia entendido o ponto essencial da encarnação – de que Jesus tinha vindo para mostrar o caráter do Pai. Talvez os professores de hoje encontrem algum conforto no fato de que um dos discípulos do Mestre dos mestres tenha se saído tão mal! A declaração de Filipe provavelmente esteja registrada não para nos dar motivos para criticá-lo, mas para nos dar uma oportunidade de nos examinarmos. Há quanto tempo andamos com Jesus? Será que entendemos Jesus melhor do que Filipe? “Quem Me vê a Mim vê o Pai”.
5. Qual era a preocupação de Paulo em relação à comunidade cristã de Filipos? Fp 2:1-4; 4:2, 3. Assinale a alternativa correta:
A.( ) A questão da saúde dos membros da igreja de Filipos.
B.( ) A preocupação de Paulo era a unidade dos membros.
Filipenses 2:1-11 é uma das passagens mais profundas da Bíblia. Ela apresenta a preexistência de Cristo, Sua divindade, encarnação, humanidade e aceitação da morte na cruz. Esse texto descreve o longo, difícil e descendente caminho que Jesus trilhou do Céu ao Calvário (Fp 2:5-8). E descreve como o Pai exaltou Jesus a uma posição de adoração universal (Fp 2:9-11). Muitas verdades maravilhosas estão presentes nesses versos!
6. Como Paulo introduziu Filipenses 2:5-11? Dos eventos da vida de Jesus celebrados por Paulo, quais, em sua opinião, ele esperava que os cristãos refletissem em sua vida? Fp 2:6-11
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Paulo esperava que os cristãos de Filipos, que eram inclinados a discussões, aprendessem com Jesus e com Sua encarnação. Se Cristo adotou a forma humana, “assumindo a forma de servo, tornando-Se em semelhança de homens” (Fp 2:7), e até Se submeteu à crucifixão, quanto mais eles deveriam se submeter uns aos outros por amor?
Somos lembrados de que há muito a aprender com o Mestre dos mestres. Aprendemos com as mensagens que Jesus compartilhou durante Seu ministério terrestre, com os milagres que Ele realizou e com Sua maneira de agir com os outros. Podemos moldar nossos relacionamentos com os outros conforme o exemplo da Sua grande complacência e disposição de trocar as glórias do Céu pela manjedoura (Que lição essa reflexão traz para nós!).
Por outro lado, o mundo muitas vezes nos convida a nos exaltar, a nos orgulhar de nossas realizações. Aprendemos uma lição diferente na manjedoura de Belém e com o Mestre – que a grande obra divina de educação e salvação é realizada, não quando nos exaltamos, mas quando nos humilhamos diante de Deus e servimos aos outros.
Muitas vezes, os relacionamentos humanos desmoronam. Acabamos nos afastando uns dos outros. Passamos a desconfiar de amigos íntimos. No entanto, relacionamentos arruinados podem ser restaurados. Quando isso acontece, experimentamos o milagre da reconciliação. Poucas experiências humanas são tão agradáveis e doces quanto essa.
7. Por que a reconciliação está no centro da encarnação de Cristo e de Sua função como Mestre? (2Co 5:16-21). Assinale a alternativa correta:
A. ( ) Porque Cristo veio nos reconciliar com o Pai.
B. ( ) Porque Jesus Se tornou pecaminoso para nos reconciliar com Deus.
Se nos sentimos abençoados quando um relacionamento com outro ser humano é restaurado, não devemos nos sentir maravilhados quando somos reconciliados com Deus? Em 2 Coríntios 5:16-21, Paulo esclareceu quem é o responsável pela reconciliação – Deus, o Pai, assumiu a liderança em restaurar nosso arruinado relacionamento com Ele. E o Senhor realizou essa obra de reconciliação “por meio de Cristo” (2Co 5:18). “Deus estava em Cristo reconciliando Consigo o mundo” (2Co 5:19).
Contudo, não devemos simplesmente ser consumidores das alegrias da reconciliação, mas aprender com o Mestre dos mestres. Em Sua encarnação, Jesus participou da obra da reconciliação. E nós também somos convidados a participar dela. Deus nos reconciliou Consigo por meio de Cristo. E agora nós, juntamente com Paulo, recebemos “o ministério da reconciliação” (2Co 5:18).
Colossenses 1:15-20 é um texto maravilhoso acerca da encarnação. Considerado um hino, a primeira metade do trecho fala sobre a função de Cristo na criação (Cl 1:15-17), e a última metade focaliza Sua função na redenção (Cl 1:18-20). Mediante a função de Cristo como Criador-Redentor, Deus reconcilia Consigo todas as coisas. A obra de reconciliação que Ele realiza por meio de Cristo é de escala cósmica, impactando “todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus”, “havendo feito a paz pelo sangue da Sua cruz” (Cl 1:20).
Embora nossa obra não se compare com a escala cósmica da obra do Mestre como reconciliador, somos convidados a participar do “ministério da reconciliação” em nossa esfera (2Co 5:18). Era isso que estava na mente de Jesus quando Ele orou: “Assim como Tu Me enviaste ao mundo, também Eu os enviei ao mundo” (Jo 17:18)?
Em um momento, eles eram um grupo de pastores comuns que cuidavam de um rebanho mediano de ovelhas ao redor de uma cidade pequena. No momento seguinte, eles foram o alvo de uma incrível aparição de anjos com notícias surpreendentes, maravilhosas e que abalaram o mundo. Motivados por aquela cena, passaram a procurar o Bebê anunciado.
8. Imagine-se com os pastores, contemplando a manjedoura. O que você vê? Lc 2:8-20
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Devemos admirar os primeiros discípulos do Mestre: José, Maria e os pastores. As condições humildes do nascimento de Jesus não davam nenhuma indicação do milagre da encarnação – de que, na Pessoa daquela Criança, Deus havia Se tornado Um com a humanidade. No entanto, com a ajuda de visões, sonhos e anjos, aqueles primeiros discípulos Dele foram capazes de olhar além da aparência exterior do nascimento de Jesus. Os pastores compartilharam com outras pessoas a identidade daquele Bebê, dizendo que Ele era “o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lc 2:11; compare com Lc 2:17).
9. Como os magos do Oriente reagiram às notícias do nascimento de Jesus? Qual foi a reação de Herodes? (Mt 2:1-12). Assinale a alternativa correta:
A.( ) Herodes e os magos ficaram felizes com a notícia do nascimento de Jesus.
B.( ) Herodes ficou alarmado; os magos, porém, buscavam adorá-Lo.
Antes de contar Sua primeira parábola ou realizar Seu primeiro milagre, o Mestre já era digno de adoração por ser quem Ele é. A fim de compreender plenamente o posterior ministério de ensino de Jesus, precisamos nos unir a esses primeiros discípulos, os magos do Oriente, em sua adoração ao Senhor. Aquele cujos ensinamentos admiramos é mais do que um educador sábio. Ele é Deus, que veio habitar com os homens. A educação cristã está fundamentada na adoração a Cristo.
Juntamente com os magos do Oriente, os pastores e anjos, somos chamados a adorar a Cristo, o Rei recém-nascido, e a ver Nele a realidade do próprio Deus.
Texto de Ellen G. White: Educação, p. 73-83 (“O Mestre enviado por Deus”).
“Todo verdadeiro trabalho educativo centraliza-se no Mestre enviado por Deus. De Sua obra hoje, exatamente como da que estabeleceu há mil e oitocentos anos*, o Salvador fala [...]. ‘Eu Sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim’ (Ap 1:17, 18; 21:6). Na presença de um Mestre assim, e de oportunidades como essas para educação divina, é mais que insensatez procurar educação fora Dele. É inútil procurar ser sábio distante da Sabedoria, querer ser verdadeiro ao mesmo tempo em que se rejeita a Verdade, procurar iluminação fora da Luz e existência sem a Vida; enfim, deixar o Manancial de água viva e cavar cisternas rachadas que não retêm água. [...] ‘Se alguém tem sede, venha a Mim e beba. Quem crer em Mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva’. ‘A água que Eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna’” (Jo 7:37, 38; 4:14; Ellen G. White, Educação, p. 83).
“Caro professor, [...]. Como o mais elevado preparo para o seu trabalho, indico-lhe as palavras, a vida e os métodos do Príncipe dos professores. Convido-o a considerá-Lo. Nele está seu verdadeiro ideal. Contemple-O e gaste tempo meditando nisso, até que o Espírito do Mestre divino tome posse de seu coração e de sua vida. ‘Refletindo, como um espelho, a glória do Senhor’, você será transformado ‘na Sua própria imagem’ (2Co 3:18).”
“Esse é o segredo do poder sobre seus alunos. Reflita Jesus” (Educação, p. 282).
*Esta declaração foi publicada em 1903.
Perguntas para consideração
1. Quais valores e ações são importantes para os professores e alunos que levam a sério a ideia de aprender com a encarnação do Mestre dos mestres?
2. Pais e professores cristãos têm um alto padrão – refletir o caráter de Deus, revelado na encarnação de Jesus. O que devemos fazer quando não atingimos esse padrão?
3. O que o nascimento, a vida e a morte de Jesus nos ensinam sobre o caráter de Deus? Por que isso é tão reconfortante para nós, especialmente em tempos de grandes provações?
Respostas e atividades da semana: 1. Deus sempre Se comunicou com a humanidade, mas, nos últimos tempos, Ele Se revelou por meio de Seu Filho, que é a expressão exata do Seu ser. Jesus é o Criador, Redentor e está assentado à direita da Majestade. 2. Jesus é a “imagem de Deus”. Ele nos faz conhecer o resplendor da glória de Deus. 3. A partir da encarnação do Verbo, vimos a glória de Deus. Cristo, o Unigênito do Pai, O revelou. 4. Os discípulos desejavam ver o Pai. Jesus deu essa declaração a fim de mostrar aos discípulos que, por meio do Filho, eles viam o Pai. 5. B. 6. Ele os exortou a ter o mesmo sentimento que houve em Jesus: a humildade. Os eventos foram a encarnação e a morte na cruz. Devemos nos humilhar perante o Pai e servir às pessoas. 7. A. 8. O Filho de Deus. 9. B.
ESBOÇO |
Se Jesus nunca tivesse proferido uma palavra, ainda assim poderíamos passar a vida aprendendo com Ele. O fato de ter deixado o Céu para vir a este mundo, somado às Suas ações enquanto aqui esteve, revela muito sobre o caráter do Salvador. Talvez seja por isso que as epístolas do Novo Testamento apresentem relativamente poucas citações das palavras de Jesus e, em vez disso, enfatizem quem Ele é e a vida que viveu.
Conhecer Jesus é como adquirir um produto e levar dois. Conhecer Jesus implica aprender de Outro. “Replicou-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta” (Jo 14:8). Pode-se ouvir a dor e a surpresa na voz de Jesus ao responder: “Há tanto tempo estou convosco [...]” (Jo 14:9). Ele esperava que Seus discípulos soubessem o que o autor de Hebreus afirmou, que Ele mesmo é “o resplendor da glória e a expressão exata do” Pai (Hb 1:3). Um tema cristológico importante no Novo Testamento é que Jesus revela como é Deus. Seu rosto revela o rosto do Pai (2Co 4:6). Ao ensinar a Bíblia, devemos apresentar as doutrinas à luz do caráter divino. Esse caráter é mais bem visto no Único que pode dizer com exclusividade: “Quem Me vê a Mim vê o Pai” (Jo 14:9). Portanto, independentemente das experiências das pessoas, do número de textos bíblicos citados ou da reverência pelas doutrinas denominacionais, a vida de Cristo deve sempre servir como correto direcionamento das descrições que fazemos de Deus.
COMENTÁRIO |
Ilustração
Então, quem é Jesus de Nazaré? Em geral, a resposta depende de quem está perguntando. Durante uma reunião, um pastor de outra denominação me perguntou quem era Jesus. Por causa do contexto e de quem estava perguntando, eu sabia sua intenção. O pastor não queria saber se Jesus era o Messias ou a revelação do Pai ou nosso melhor amigo. Ele queria saber se eu acreditava que Jesus era o eterno, preexistente, onipotente, onisciente e tudo o mais que indica que Jesus realmente é Deus. Os discípulos, por outro lado, deram uma resposta diferente da minha. No relato de Mateus, aparece a seguinte resposta de Pedro: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16:16). No relato de Lucas, o discípulo disse: “És o Cristo de Deus” (Lc 9:20); em Marcos, ele simplesmente disse: “Tu és o Cristo” (Mc 8:29). Obviamente, o caráter messiânico foi a questão mais importante durante Seu ministério. À medida que o tempo passa, às vezes as questões e perguntas sobre Jesus mudam. Embora o Senhor não mude, pode ser vantajoso, com base no contexto e na nossa audiência, modificar nossa ênfase na maneira como O apresentamos.
A definição de quem é Jesus pode ser comunicada de várias maneiras. Lembre-se de que o público ajuda a restringir as opções. Aqui está um exemplo extremo: Um menino no leito de morte não precisa ouvir sobre a união hipostática da natureza divina e humana de Jesus, conforme articulado pelo Concílio de Calcedônia (451 d.C.). Ele precisa de um amigo que o conforte. Ocasiões diferentes oferecem oportunidades para discussões acadêmicas sobre os detalhes da pessoa de Cristo. Como educadores, é imperativo que reconheçamos diferentes contextos ministeriais e conheçamos a Cristo o suficiente para compartilhar o ângulo certo de Sua personalidade que melhor se adapte ao momento.
Escrituras
“Passar o bastão” é uma expressão que remete aos corredores gregos que passavam uma tocha em uma corrida de revezamento em que o último corredor cruzava a linha de chegada com a tocha na mão. As Escrituras revelam esse ato de passar o bastão como emocionante e sóbrio ao mesmo tempo. Como ressalta a lição, Jesus veio revelar como é o Pai. Em certo sentido, o Pai passou o bastão para o Filho, para que o rosto de Cristo iluminasse o caráter do Pai diante do nosso olhar. Aqui estão alguns trechos bíblicos que ilustram isso:
• Ele “é o resplendor da glória” do Pai (Hb 1:3).
• Jesus é “a expressão exata” de Deus” (Hb 1:3).
• Precisamos ver “a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus” (2Co 4:4).
• “Ele mesmo resplandeceu em nosso coração, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo” (2Co 4:6).
• “Quem Me vê a Mim vê o Pai” (Jo 14:9).
Não há dúvida de que os autores do Novo Testamento queriam que chegássemos à conclusão de que, quando vemos Jesus, estamos contemplando uma imagem precisa de como é o Pai.
Assim, Jesus cumpriu Sua parte na corrida. Ele passou o bastão? Sim, Ele o fez. É claro que Ele continua sendo, e sempre será, a imagem mais perfeita do Pai, mas passou o bastão para Seus seguidores, numa expressão de responsabilidade e privilégio compartilhados.
Observe a “comissão” que Ele deu a Seus discípulos – uma comissão que pode até ser maior do que a chamada “Grande Comissão” (Mt 28:18-20). Depois de pronunciar duas vezes a paz aos Seus discípulos, Ele proclamou: “Assim como o Pai Me enviou, Eu também vos envio” (Jo 20:19, 21). Nunca a pequena palavra “assim” foi tão honrada por carregar tal significado. Do mesmo modo como o Pai enviou Jesus para mostrar ao mundo quem Ele (o Pai) é, Cristo agora nos envia para mostrar ao mundo quem Ele (Jesus) é. O bastão foi passado.
Não é de admirar que a colocação desse santo fardo sobre os ombros dos discípulos esteja inserido entre dois atos de capacitação. Primeiro, Cristo pronunciou “paz” sobre eles enquanto os deixou contemplar Suas cicatrizes. Lentamente tirou o manto para que pudessem ver e tocar o lado perfurado pela lança e segurar Suas mãos cicatrizadas: “Apalpai-Me e verificai [...]” (Lc 24:39). Enquanto estavam amontoados em volta do Salvador ressuscitado, Ele disse novamente: “Paz seja convosco”, como se quisesse estabelecer uma conexão entre Suas feridas e a paz com a qual Ele os estava abençoando (Jo 20:19-21). Eles agora tinham uma paz (shalom) que realmente excedia todo entendimento e os conduzia à reconciliação com Deus (Fp 4:7; Rm 5:1). Em seguida lhes disse que os estava enviando da maneira como Seu Pai O tinha enviado, mas não antes de um ato final. Ele soprou sobre os discípulos e disse: “Recebei o Espírito Santo” (Jo 20:22). Esse seria o segredo do sucesso. A influência renovadora e habilitadora do Espírito de Deus lhes permitiria refletir seu Salvador.
Ao pensar em Jesus passando o bastão da revelação para Seu povo, vários versos que reforçam a ideia de que fomos criados e redimidos para esse fim nos vêm à mente:
• Jesus é a imagem expressa de Deus (Hb 1:3), e a humanidade foi criada à imagem Dele, conforme lemos em Gênesis: “Façamos o homem à Nossa imagem” (Gn 1:26).
• Jesus é a imagem de Deus, e devemos ser restaurados à imagem de Cristo: “Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de Seu Filho” (Rm 8:29). “E todos nós [...] contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados [...] na Sua própria imagem” (2Co 3:18).
• Jesus é a luz do mundo (Jo 8:12), mas nós também somos: “Vós sois a luz do mundo” (Mt 5:14).
• Jesus é o Verbo feito carne (Jo 1:14), em quem “habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade” (Cl 2:9); por extensão, o povo de Deus é chamado o “corpo de Cristo” (1Co 12:27).
Poderíamos continuar com a lista de paralelos entre a missão de Jesus de revelar a verdade sobre Deus a este mundo e como Ele qualificou Seu povo para continuar a mesma missão. Nossa oração é que, até o fim, carreguemos o bastão que Cristo nos deu, para iluminar o mundo com o conhecimento de Seu caráter.
Ilustração
Certa vez um evangelista apresentou algumas ideias sobre o que é ter a imagem divina. Conforme abordado na lição, em Hebreus 1:3 diz que Cristo é a expressão exata do Pai. Em grego, a palavra traduzida como “expressão exata” é charakt?r, que denotava primeiramente a ferramenta usada pelo escultor para fazer gravação. Finalmente, essa palavra passou a indicar a marca ou impressão feita por essa ferramenta, uma impressão similar à que se vê em uma moeda. O objetivo era fazer uma reprodução exata da imagem do rei nessas moedas. Uma vez perguntaram a Jesus se era lícito pagar impostos a César. Jesus pediu que Lhe mostrassem a moeda do tributo, então perguntou ao público de quem era a imagem impressa ali, ao que responderam: “De César”. Em seguida, o Senhor disse a famosa frase: “Dai, pois, a César o que é de César” (Mt 22:21). Da mesma forma, Cristo um dia retornará à Terra procurando Suas “moedas”. Quando o fizer, precisará fazer a mesma pergunta feita dois mil anos atrás: “De quem é a imagem nestas moedas?” Se carregarmos a imagem Dele e tivermos o nome do Pai impresso em nossas frontes (Ap 22:4), será uma boa notícia ouvir: “Dai [...] a Deus o que é de Deus” (Mt 22:21). Deus reunirá Suas moedas e finalmente poderemos voltar para casa.
Aplicação para a vida
Falar como cristão, frequentar a igreja, explicar doutrinas e chamar a si mesmo de cristão nunca substituirá o que é ser realmente um cristão. Não existe um público que entenda melhor essa diferença do que os filhos que observam cada movimento de seus pais, professores e líderes religiosos. Eles podem não ser capazes de expressar isso, mas estão avaliando consciente ou inconscientemente a educação adventista com base na maneira de viver dos adventistas. Esse é o ponto principal. Por isso, se queremos que a educação adventista seja bem-sucedida, é inegociável que a imagem de Deus seja mantida em nossa vida diária.
1. Como saber se sou um cristão genuíno?
2. Por que a responsabilidade e o comprometimento devem desempenhar um papel importante entre os servidores da igreja e de suas instituições, em que um professor ou líder pode influenciar centenas ou talvez milhares de crianças?
3. Quanto podemos confiar na opinião dos alunos para determinar se alguém é um professor piedoso que deve continuar empregado pela igreja?
4. O título desta lição é “Jesus como Mestre dos mestres”. Você considera que nossa família e nossas escolas passam essa ideia de forma clara? Caso contrário, como poderíamos ensinar nossos filhos de maneira que os levasse a dizer: “Hoje fui ensinado por Jesus”?
Dois sonhos inesquecíveis
Nasci em uma família não cristã e sou a primogênita de seis garotas. Desde muito nova, sentia-me atraída pelo estilo de vida cristã. Algum tempo depois, apaixonei-me por um rapaz adventista, Ravi, entreguei o coração a Jesus e nos casamos. Vivemos felizes por três meses. Então, adoeci. Eu sofria vários desmaios repentinos ao longo do dia. Meus pais pensavam que os demônios me atacavam porque eu aceitara o cristianismo e abandonara a religião da família. Entretanto, meu pai sugeriu que chamasse um pastor adventista para orar.
Ravi e eu fomos à casa do pastor de nossa cidade, Bengaluru, e ele impôs as mãos sobre minha cabeça. “Se for da Sua vontade, Senhor, que ela siga em sua nova vida como cristã, por favor use-a poderosamente em Seu ministério e tire todo o poder satânico”, ele orou.
Naquela noite, enquanto meu esposo dormia tranquilamente, tive um sonho perturbador. Sonhei que um grupo de homens usando túnicas pretas se reuniam ao meu redor. Um deles era muito mais alto que o restante, e gritava para mim. Um homem de preto segurou minha mão forte e apontou para o homem alto e zangado. “Por que você frequenta a igreja adventista?”, ele perguntou. “Aquele homem alto é seu deus. Você deve prestar adoração a ele. Você não pode ir a Jesus.” O homem realmente estava furioso, e eu, com muito medo para encará-lo, abaixei a cabeça e chorei.
Momentos depois, alguém usando uma túnica branca se aproximou por trás e colocou as mãos nos meus ombros. Eu não consegui ver sua face, somente suas vestes. Senti o toque gentil e suave. Com voz melodiosa e gentil, disse: “Não temas. Estou com você.” Gesticulando para o homem alto vestido de preto, ele acrescentou: “Agora, você pode olhar para o rosto dele.” Com a segurança das mãos nos meus ombros, fixei meus olhos no zangado homem. Seu semblante era cruel e cheio de ira em minha direção.
Na manhã seguinte, Ravi e eu voltamos para a casa do pastor para contar o sonho. “O homem que colocou as mãos nos seus ombros era o Senhor Jesus”, o pastor disse. Oramos juntos e, a partir daquele dia, os desmaios pararam.
Comentário da Lição da Escola Sabatina – 4º Trimestre de 2020
Tema Geral: Educação e redenção
Lição 5 – 24 a 31 de outubro de 2020
Jesus como Mestre dos mestres
Autor: Pastor Weverton Castro
Supervisor: Adolfo Suárez
Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
Revisora: Josiéli Nóbrega
Introdução
O escritor Philip Yancey, em seu livro intitulado “O Jesus que eu nunca conheci”, declara que aprendeu muito sobre a necessidade da encarnação quando cuidou de um aquário. O motivo é que os animais dentro da água necessitavam de muitos cuidados para continuar vivos, tais como alimento, limpeza regular do ambiente, oxigenação da água, entre outras coisas. Porém, com o passar do tempo Yancey percebeu que, apesar de todo o seu cuidado, ele não recebia nenhuma manifestação de gratidão. Ao contrário, cada vez que se aproximava, os peixes se escondiam com medo. Por que aquilo acontecia?
A razão é que ele era muito grande diante de animais tão pequenos. A única forma de “falar” com os peixes de maneira que eles pudessem entender seria se tornando um peixe. Embora as proporções sejam infinitamente maiores, de certa forma, em Jesus, Deus Se tornou humano para Se revelar para a humanidade. Através de Jesus nós enxergamos quem é Deus e ouvimos Sua voz falando em sotaque humano.
1. Revelando o Pai
O início do grande conflito no Universo começou quando um anjo quis ser igual a Deus. Lúcifer, o anjo mais importante no Céu, desejou tomar o lugar que pertencia ao Criador (Is 14:14). Porém, esse anjo tinha uma concepção errada da Divindade. Em sua mente, ser igual a Deus seria subir no mais alto nível do Céu, se assentar no trono e ser adorado por todo o Universo (Is 14:12).
No entanto, Deus desceu ao palco central do grande conflito, e, mediante Jesus, revelou para todo o Universo o que é ser igual a Deus. Nascido em uma humilde manjedoura, criado por uma família modesta e vivendo de forma simples, Cristo mostrou que a Divindade não é movida pelo desejo de ser servida, mas de servir (Mt 20:28).
Jesus “veio para remover o falso ensino pelo qual os que pretendiam conhecer a Deus O haviam representado de maneira errada. Veio para manifestar a natureza de Sua lei e revelar em Seu caráter a beleza da santidade” (Ellen G. White, Educação, p. 74-76).
2. Lendo a mente do Mestre dos mestres
Um dos maiores sermões de Jesus foi pregado sem a necessidade de nenhuma palavra. A cena foi a da última ceia com Seus discípulos. Naqueles tempos um dos piores trabalhos, odiados até pelos escravos, era o de lavador de pés. Como as estradas eram empoeiradas, quando as pessoas chegavam às casas, na porta havia um servo para lavar seus pés.
No episódio em questão, os discípulos chegaram à casa para participar de uma refeição com Jesus (Jo 13:1-35). Todos estavam sujos e, como de costume, um judeu não comia sem se lavar. Porém, um problema apareceu. À porta estava o balde e a toalha, mas não havia servo para lavar os pés dos convidados. Um silêncio tomou conta da sala. Por conta da situação em que estavam, ninguém tocou no alimento, porém, ninguém, igualmente, se prontificou para a função tão humilhante de servo.
A cena mudou quando Um dos participantes Se levantou e caminhou em direção à porta. Jesus tomou o balde e a toalha e caminhou em direção ao discípulo conhecido pelo seu espírito orgulhoso. Pedro, assustado com a atitude de Cristo, tentou recusar o serviço. Mas Jesus lavou os pés de todos, inclusive do discípulo que o Senhor sabia que O havia traído por algumas moedas de prata.
Você consegue imaginar o impacto desse “sermão” de Jesus? O Criador do Universo lavando os pés de criaturas pecadoras! O apóstolo Paulo, em Filipenses 2:1-11, descreve a trajetória descendente de Cristo, o qual abandonou o trono, encarnou como ser humano, Se submeteu à morte, a pior morte daqueles tempos, morte de cruz.
3. Os primeiros discípulos de Jesus
Todo o Antigo Testamento apontava para a primeira vinda do Messias. Cada sacrifício ofertado no templo sagrado apontava para o Cordeiro de Deus que viria tirar o pecado do mundo (Jo 1:29). Os judeus, privilegiados porque tinham a revelação de Deus, cantavam sobre o Messias, pregavam sobre o Messias e estudavam sobre o Messias. As profecias messiânicas apontavam com detalhes a data, o local e o contexto do nascimento do Messias.
O Messias então nasceu, conforme havia sido profetizado. Porém, contrariando a expectativa do Universo, o povo que tanto falava do Messias, não estava preparado para recebê-Lo. Ellen White descreve esta cena em tons escuros: “Anjos foram à terra do povo escolhido”. Começaram a passear de um lado para o outro, mas não havia celebração pela chegada do Messias. “Com pasmo os mensageiros celestiais viram a indiferença do povo a quem Deus havia chamado para comunicar ao mundo a luz da sagrada verdade. A nação judaica havia sido conservada como testemunho de que Cristo havia de nascer da semente de Abraão e da linhagem de Davi; no entanto, não sabiam que Sua vinda se achava então às portas”. Nenhum sacerdote ou levita, rei ou imperador estava lá para receber o Filho de Deus. Ao contrário, a recepção foi feita por pastores de ovelhas e estrangeiros que vieram de longe para saudar o Messias.
Juntamente com os magos do Oriente e os pastores – os primeiros discípulos de Cristo – bem como os anjos, somos chamados a adorar a Cristo, o Rei que nasceu neste mundo para nos salvar, e a ver Nele a realidade do próprio Deus.
Quantas lições podemos aprender dessa cena! Hoje, somos nós que cantamos e pregamos sobre a segunda vinda de Jesus. Porém, quando Ele chegar, estaremos prontos para encontrar nosso Mestre? Estaremos entre os Seus discípulos?
Conclusão
O Deus da Bíblia é diferente de qualquer deus pagão. Enquanto no paganismo os ofertantes se sacrificavam para alcançar o favor das divindades, Jesus Cristo nos mostra que é Deus que Se sacrifica para resgatar Seus filhos.
Jesus é o maior Professor que nos ensina como Deus é. Em lugar de ser servido, Ele serviu. Em vez de condenar, Ele perdoou. Em vez de julgar, Ele amou. Por meio de Jesus podemos olhar para Deus sem medo, pois Ele nos revela que nosso Criador Se importa conosco, a ponto de pisar no chão empoeirado de nosso planeta, vestir a nossa roupa, comer da nossa comida, falar o nosso idioma, simplesmente porque Ele quer ser conhecido por nós, para que nos relacionemos com Ele em amor.
Conheça o autor dos comentários para esta semana: O Pastor Weverton Castro é doutorando em Educação Religiosa pela Andrews University e é professor de Teologia na FAAMA.
1 WHITE, Ellen. O Desejado de Todas as Nações, p. 455.
2 WHITE, Ellen. O Desejado de Todas as Nações, p. 23.
3 Ibid.