Os capítulos iniciais de Hebreus falam de Jesus como o Filho de Deus, o Governante sobre os anjos, “o resplendor da glória de Deus e a expressão exata do Seu Ser” (Hb 1:3). Jesus é o Filho do Homem, pouco menor do que os anjos, que adotou a natureza humana com toda a sua fragilidade, até a morte (Hb 2:7).
Deus diz sobre Jesus: “Você é Meu Filho” (Hb 1:5). Jesus Se referiu aos filhos humanos como Seus “irmãos” (Hb 2:12). O Pai declarou a soberania divina do Filho (Hb 1:8-12). O Filho afirmou Sua fidelidade ao Pai (Hb 2:13, primeira parte).Em Hebreus 1, Jesus é o divino Senhor, Criador, Sustentador e Soberano.
Em Hebreus 2, Ele é o Sumo Sacerdote humano, misericordioso e fiel. Em resumo, Sua descrição como Irmão fiel e misericordioso é retratada na descrição do Filho como a manifestação suprema do Deus Criador Eterno (Hb 1:1-4).
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1. Leia Levítico 25:25-27, 47-49. Quem poderia resgatar alguém que tivesse perdido a propriedade ou a liberdade devido ao empobrecimento?
A lei de Moisés estipulava que, se alguém viesse a empobrecer a ponto de ter que vender a propriedade, ou a si mesmo, para sobreviver, ele receberia a propriedade ou a liberdade de volta no ano do jubileu, o quinquagésimo ano, o “grande” ano sabático em que dívidas eram perdoadas, propriedades reclamadas e liberdade proclamada.
Porém, como cinquenta anos era muito tempo, a lei de Moisés também estipulava que o parente mais próximo poderia pagar a parte que ainda era devida e, assim, resgatar seu parente muito antes.
O parente mais próximo era também quem garantia que a justiça fosse feita em caso de homicídio. Ele era o vingador do sangue que perseguiria o assassino de seu parente próximo e o puniria (Nm 35:9-15).
2. Leia Hebreus 2:14-16. Como Jesus e nós somos descritos nessa passagem?
A passagem nos descreve como escravos do diabo e Jesus como nosso Redentor. Quando Adão pecou, os seres humanos caíram sob o poder de Satanás. Como resultado, não temos por nós mesmos poder para resistir ao pecado (Rm 7:14-24). E, ainda pior, havia uma pena de morte exigida pela transgressão, a qual não poderíamos pagar (Rm 6:23). Portanto, a situação do ser humano seria aparentemente desesperadora.
Contudo, Jesus adotou nossa natureza humana e Se tornou carne e sangue como nós. Tornou-Se nosso Parente mais próximo e nos redimiu; não teve vergonha de nos chamar de “irmãos” (Hb 2:11).
Paradoxalmente, ao tomar nossa natureza e nos redimir, Jesus revelou Sua natureza divina. No AT, o Redentor de Israel, seu Parente mais próximo, é Yahweh (Sl 19:14; Is 41:14; 43:14; 44:22; Jr 31:11; Os 13:14).
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Hebreus diz que Jesus não Se envergonhava de nos chamar de irmãos (Hb 2:11). Apesar de ser um com Deus, nos abraçou como parte de Sua família. Essa solidariedade contrasta com a vergonha pública que os leitores de Hebreus sofreram em suas comunidades (Hb 10:33).
3. Leia Hebreus 11:24-26. De que forma as decisões de Moisés exemplificam o que Jesus fez por nós?
Você já imaginou o que significava para Moisés ser chamado de “filho da filha de Faraó”? Ele foi uma figura importante no império mais poderoso da época, recebeu o mais alto treinamento civil e militar e se tornou notável. Estevão disse que Moisés era “poderoso em palavras e obras” (At 7:22). Ele havia se tornado “favorito dos exércitos do Egito” e o faraó “tinha resolvido fazer de seu neto adotivo seu sucessor no trono” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 245). Moisés abandonou esse privilégio ao escolher se identificar com os israelitas, escravos sem instrução e sem poder.
4. Leia Mateus 10:32, 33; 2 Timóteo 1:8, 12 e Hebreus 13:12-15. O que Deus nos pede?
Depois de sofrer perseguição e rejeição, muitos dos hebreus começaram a se sentir envergonhados de Jesus. Por suas ações, alguns correram o risco de expor Jesus “à zombaria”, em vez de honrá-Lo (Hb 6:6). Assim, Paulo constantemente chamou os leitores a conservar firme a confissão de sua fé (Hb 4:14; 10:23).
Deus quer que reconheçamos Jesus como Deus e nosso Irmão. Como Redentor, Ele pagou nossa dívida; como nosso Irmão, foi enviado pelo Pai para mostrar o caminho para sermos “conformes à imagem de Seu Filho, a fim de que Ele seja o primogênito entre muitos irmãos” (Rm 8:29).
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Hebreus diz que Jesus adotou a natureza humana para que pudesse nos representar e morrer por nós (Hb 2:9, 14-16; 10:5-10). Eis o fundamento do plano da salvação e nossa única esperança de vida eterna.
5. Leia Mateus 16:17; Gálatas 1:16; 1 Coríntios 15:50 e Efésios 6:12. A que debilidades da natureza humana essas passagens relacionam a expressão “carne e sangue”?
A expressão “carne e sangue” enfatiza a fragilidade humana (Ef 6:12), falta de compreensão (Mt 16:17; Gl 1:16) e sujeição à morte (1Co 15:50). Jesus foi feito como Seus irmãos “em todas as coisas” (Hb 2:17), o que significa que Ele Se tornou humano. Jesus não apenas “parecia” humano, mas era verdadeiramente um de nós.
No entanto, a carta também diz que o Senhor era diferente de nós em relação ao pecado. Primeiro, Ele não cometeu nenhum pecado (Hb 4:15). Segundo, tinha uma natureza humana, mas era “santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores” (Hb 7:26). Temos tendências malignas, a escravidão ao pecado está arraigada em nossa natureza. Somos carnais, vendidos à escravidão do pecado (Rm 7:14-20). O orgulho e outras motivações pecaminosas poluem até mesmo nossas boas ações. Contudo, a natureza de Jesus não foi prejudicada pelo pecado. Se Ele tivesse sido “carnal, vendido à escravidão do pecado”, como nós, também teria precisado de um Salvador. Em vez disso, veio como Salvador e Se ofereceu como sacrifício “sem mácula” a Deus por nós (Hb 7:26-28; 9:14).
Jesus destruiu o poder do diabo morrendo como a oferta imaculada pelos pecados, tornando possível o perdão e a reconciliação com Deus (Hb 2:14-17). Jesus também destruiu o domínio do pecado ao nos dar o poder para ter vida justa pelo cumprimento da promessa da nova aliança de escrever a lei em nosso coração (Hb 8:10). Ele derrotou o inimigo e nos libertou para que servíssemos “ao Deus vivo” (Hb 9:14). A destruição de Satanás, entretanto, acontecerá no juízo final (Ap 20:1-3, 10).
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6. Leia Hebreus 2:10, 17, 18 e 5:8, 9. Qual era a função do sofrimento na vida de Jesus?
O apóstolo diz que Deus aperfeiçoou Jesus “por meio de sofrimentos”. Essa expressão é surpreendente. O autor disse que Jesus é “o resplendor da glória de Deus e a expressão exata do Seu Ser” (Hb 1:3) e que Ele é santo, inculpável, sem mácula (Hb 4:15; 7:26-28; 9:14; 10:5-10). Isso significa que Jesus não teve que superar nenhum tipo de imperfeição moral ou ética.
No entanto, Hebreus diz que Jesus passou por um processo de “aperfeiçoamento” que Lhe deu os meios para nos salvar. Ele foi aperfeiçoado para ser nosso Salvador.
1. Jesus foi “aperfeiçoado” pelos sofrimentos para Se tornar o Capitão da nossa salvação (Hb 2:10). Teve que morrer na cruz como um sacrifício a fim de que o Pai pudesse ter os meios legais para nos salvar; foi a oferta de sacrifício perfeita, a única. Como Deus, Ele pode nos julgar; mas, por Seu sacrifício, também pode nos salvar.
2. O Filho aprendeu obediência por meio de sofrimentos (Hb 5:8). A obediência era necessária para duas coisas: tornar Seu sacrifício aceitável (Hb 9:14; 10:5-10) e torná-Lo nosso exemplo (Hb 5:9). Jesus aprendeu a obediência porque nunca a tinha experimentado. Como Deus, a quem Ele teria que obedecer? Como o Filho eterno e Um com Deus, Ele foi honrado como Governante do Universo. Portanto, Jesus não passou da desobediência à obediência, mas da soberania e domínio à submissão e obediência. O exaltado Filho de Deus tornou-Se o obediente Filho do Homem.
3. Os sofrimentos revelaram Jesus como Sumo Sacerdote misericordioso e fiel (Hb 2:17, 18). Os sofrimentos não O tornaram mais misericordioso, mas foi por Sua misericórdia que Ele Se ofereceu para morrer na cruz para nos salvar (Hb 10:5-10; compare com Rm 5:7, 8). Foi por meio dos sofrimentos que a realidade do amor fraterno de Jesus foi verdadeiramente expressa e revelada.
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Outra razão pela qual Jesus adotou nossa natureza humana e viveu entre nós foi para que pudesse ser nosso exemplo, o único que poderia ser um modelo da maneira certa de viver diante de Deus.
7. Leia Hebreus 12:1-4. Segundo o apóstolo, como devemos correr a corrida espiritual da vida cristã?
Nessa passagem, Jesus é a culminância de uma longa lista de personagens de exemplos de fé. O texto chama Jesus de “Autor e Consumador da fé”. A palavra grega archegos (“fundador”) também pode ser traduzida como “pioneiro”. Jesus é o Pioneiro da corrida no sentido de que corre à frente dos crentes. Hebreus 6:20 chama Jesus de nosso “Precursor”. A palavra “Autor” dá a ideia de que Ele demonstrou fé em Deus da maneira mais pura possível. Essa passagem ensina que Jesus é o primeiro a ter corrido nossa corrida com sucesso e que aperfeiçoou a arte de viver pela fé.
Hebreus 2:13 diz: “Eu porei Nele a Minha confiança.” E ainda: “Eis aqui estou Eu e os filhos que Deus Me deu.” Essa referência é uma alusão a Isaías 8:17, 18.
Isaías disse essas palavras em face de uma terrível ameaça de invasão por parte do reino do Norte de Israel e da Síria (Is 7:1, 2). Sua fé contrastava com a falta de fé de Acaz, o rei (2Rs 16:5-18). Deus exortou Acaz a confiar Nele e a pedir um sinal de que o livraria (Is 7:1-11). Deus já havia prometido que protegeria Acaz como Seu próprio filho, e graciosamente ofereceu-lhe um sinal para confirmar essa promessa. O rei, no entanto, recusou-se a pedir um sinal e, em vez disso, enviou mensageiros a Tiglate- Pileser, rei da Assíria, dizendo: “Eu sou seu servo e seu filho” (2Rs 16:7). Que triste! Acaz preferiu ser “filho” de Tiglate-Pileser a ser filho de Deus.
Jesus, entretanto, confiou em Deus e em Sua promessa de que Ele colocaria Seus inimigos sob Seus pés (Hb 1:13; 10:12, 13). Deus fez a mesma promessa a nós, e precisamos crer Nele, assim como Jesus fez (Rm 16:20).
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Jesus disse: “Eis aqui estou Eu e os filhos que Deus Me deu” (Hb 2:13). Patrick Gray sugere que Jesus é descrito como guardião de Seus irmãos. O sistema romano de tutela impuberum determinava que, com a morte do pai, “um tutor, muitas vezes um irmão mais velho, tornava-se responsável pelo cuidado dos filhos menores e de sua herança até que atingissem a maioridade, aumentando assim o dever natural do irmão mais velho de assumir o cuidado de seus irmãos mais novos” (Godly Fear: The Epistle to the Hebrews and Greco-Roman Critiques of Superstition [Atlanta: Society of Biblical Literature, 2003], p. 126). Por isso, Hebreus se refere a nós como irmãos de Jesus e como Seus filhos. Sendo Irmão mais velho, Jesus é nosso Tutor, Guardião e Protetor.
“Cristo veio à Terra, tomando sobre Si a humanidade e constituindo-Se Representante do homem, para mostrar, no conflito com Satanás, que o homem, tal como Deus o criou, unido ao Pai e ao Filho, poderia obedecer a todo reclamo divino” (Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 253).
“Em Sua vida e ensinos, Cristo deu um perfeito exemplo do abnegado ministério que tem sua origem em Deus. Ele não vive para Si. Criando o mundo, mantendo todas as coisas, Ele está constantemente ministrando em benefício de outros. ‘Faz o Seu Sol nascer sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos’ (Mt 5:45). Esse ideal de ministério Deus confiou a Seu Filho. A Jesus foi dado pôr-Se como Cabeça da humanidade, para que por Seu exemplo pudesse ensinar o que significa servir” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 649).
Perguntas para consideração
1. Jesus Se tornou nosso Irmão para nos salvar. Virar as costas para isso seria trágico?
2. É importante para nós que Jesus não tenha nascido na escravidão do pecado (Rm 7:14)? Foi importante para os israelitas que Moisés não fosse escravo como eles? A história de Moisés nos ajuda a entender o que Jesus fez por nós?
3. Ainda que o sofrimento resulte em algum bem, ele, em si, é algo bom?
Respostas e atividades da semana: 1. Um parente próximo. 2. Nós somos descritos como escravos, e Jesus como nosso Redentor. 3. Moisés recusou privilégios e preferiu ser maltratado com o povo de Deus. 4. Que não nos envergonhemos Dele. 5. Limitação, fraqueza, falta de compreensão, sujeição à morte. 6. Aperfeiçoamento, aprendizagem da obediência e revelação da Sua misericórdia. 7. Com perseverança, tendo Jesus como exemplo e olhando para Ele.
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TEXTOS-CHAVES: Lv 25:25-27; Hb 2:14-16; 11:24-26; 1Co 15:50; Hb 5:8, 9; 12:1-4
ESBOÇO
Temas da liçãoSe compararmos Hebreus 1 com Hebreus 2 temos um quadro de contrastes. Em Hebreus 1, Cristo é superior aos anjos (Hb 1:6), ao passo que em Hebreus 2, Ele é inferior a eles, ao menos, por certo tempo (Hb 2:9). Em Hebreus 1, Cristo está próximo a Deus, à Sua direita (Hb 1:13); em Hebreus 2, está perto de nós e não Se envergonha de nós, Seus irmãos (Hb 2:11). Ao comparar o Cristo pré-encarnado com a natureza humana, Hebreus afirma que Cristo adotou a natureza de carne e sangue para ser como nós (Hb 2:14). Além disso, morreu como nós, seres humanos (Hb 2:14). Mas a grande diferença entre nossa morte e a Dele é que Sua morte realizou o que a nossa jamais poderia efetuar: livrou “todos os que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida” (Hb 2:15). Cristo é como nós, mas diferente de nós. Ele foi verdadeiramente humano, mas sem pecado (Hb 4:15). Como Moisés, que escolheu a vergonha em vez da fama (Hb 11:25), Cristo não Se importou em Se tornar humano e morrer na cruz. Ele Se tornou como nós para que pudéssemos nos tornar como Ele. Ao nos tornarmos semelhantes a Ele, Ele não Se envergonha de nós (Hb 2:11). No entanto, perdemos esse vínculo quando, tendo recebido a salvação, novamente O expomos “à zombaria” (Hb 6:6). Os humanos passam por provações e testes, que produzem resistência e, finalmente, maturidade de caráter. Paulo descreveu Jesus de maneira semelhante. Ele “aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu” e foi “aperfeiçoado” (Hb 5:8, 9). Como Jesus aprendeu obediência? Em algum momento, Ele foi desobediente? Essa noção iria contradizer Hebreus 4:15, que diz que Jesus foi provado em tudo, como nós, mas permaneceu sem pecado.
COMENTÁRIO
“Tendo sido aperfeiçoado”O texto de Hebreus 5:7-9 apresenta vários desafios. O texto diz: “Ele, Jesus, nos dias da Sua carne, tendo oferecido, com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas a Quem O podia livrar da morte, foi ouvido por causa da Sua reverência. Embora fosse Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu e, tendo sido aperfeiçoado, tornou-Se o Autor da salvação eterna para todos os que Lhe obedecem” (Hb 5:7-9).
Essa passagem levanta ao menos três questões que merecem respostas. Primeira: Paulo nos diz que Cristo ofereceu orações a Deus, que era capaz de salvá-Lo da morte, e Ele foi ouvido. Jesus foi ouvido e salvo da morte? Segunda questão: Jesus aprendeu a obediência.
Como Ele aprendeu a obediência? Em algum momento Ele foi um Filho desobediente? Terceira: Jesus foi aperfeiçoado. Ele não foi perfeito o tempo todo, sem pecado? Trataremos de cada uma dessas questões em ordem.
Jesus foi ouvido e salvo da morte? O verso 7 começa com a frase “nos dias da Sua carne” (Hb 5:7), que é uma referência clara à existência humana de Cristo. Ao passar pela experiência anterior ao Getsêmani e no Getsêmani, os evangelhos nos dizem apenas que Jesus estava em perigo. Em Mateus 26:38, Ele diz: “A Minha alma está profundamente triste”. Em Mateus 26:38 e Marcos 14:33, 34, Jesus disse: “A Minha alma está profundamente triste”. Em João 12:27, Ele disse: “Agora a Minha alma está angustiada”. Contudo, nenhum desses relatos registra que Ele orou com “forte clamor e lágrimas” (Hb 5:7). Esse detalhe é uma contribuição de Hebreus à narrativa do Getsêmani. As orações e súplicas de Jesus foram oferecidas “a quem O podia livrar da morte” (Hb 5:7), mas não foram oferecidas para que Ele pudesse ser salvo da morte a todo custo. Em que sentido, então, Deus O ouviu? Jesus não orou para ser poupado da morte, mas para que a vontade divina fosse feita (Mt 26:39). O Pai não livrou Jesus da crucifixão, mas, por meio de Sua ressurreição, O livrou do poder da morte infligida pela crucifixão. Portanto, Jesus foi ouvido, pois a vontade divina foi feita, e Jesus foi trazido de volta à vida. Paulo até nos contou o motivo pelo qual a oração de Cristo foi ouvida: “por causa da Sua reverência” (Hb 5:7). Por causa do temor reverente de Cristo pela vontade divina, Sua oração foi ouvida, e Ele foi ressuscitado.
Como Jesus aprendeu a obediência? Essa pergunta sugere que Cristo pode ter sido desobediente. Essa possibilidade, no entanto, é claramente refutada por Hebreus 4:15, que afirma que Ele foi obediente durante toda a Sua vida. Cristo aprendeu a obediência por meio da submissão (Hb 5:7) e do sofrimento (Hb 5:8). O texto grego emprega um jogo de palavras, emathen/epathen (“aprendeu/sofreu”), no verso 8, semelhante ao provérbio: “sem dor, não há ganho” [em inglês, “no pain, no gain”]. Jesus aprendeu a obediência, em parte, ao Se conformar totalmente à vontade divina no Getsêmani. No entanto, visto que Cristo não era apenas Deus, mas também humano, Ele teve que aprender a obediência em Seu papel vocacional como Salvador. Como Deus, Ele não tinha pecado, mas como humano, precisou aprender a obediência e a submissão à vontade divina, assim como nós, seres humanos. Como Deus, Jesus nunca precisou aprender a Se submeter. No entanto, em Sua experiência humana, quando chamado para morrer, teve que superar Seu instinto humano mais básico de autopreservação (“se é possível, que passe de Mim este cálice!” [Mt 26:39]) e submeter-Se. Sendo assim, aprendeu a obediência submissa. Sobre o Mestre, Paulo declarou em Filipenses: “tornando-Se obediente até a morte, e morte de cruz” (Fp 2:8).
A título de comparação, lemos que a geração do Êxodo se caracterizava por alguns elementos: era rebelde e colocava sempre Deus à prova; tinha coração endurecido (Hb 3:8, 9); não compreendia os caminhos de Deus (Hb 3:10). Na carta aos hebreus, Paulo resume essas características como incredulidade e pecado (Hb 3:12, 13, 17, 19), bem como desobediência (Hb 3:18). Rebelião, desobediência, pecado e infidelidade caminham juntos. Em contraste, Hebreus aplica a Cristo um conjunto diferente de termos. Ele é “sem pecado” (Hb 4:15) e “fiel” (Hb 2:17; Hb 3:2, 6). Devemos entender a obediência de Cristo em Hebreus 5:8 à luz desse conjunto de características opostas, conforme evidenciado pela geração do Êxodo, em Hebreus 3:8-11, 15-19. Em seguida, identificaremos prontamente a obediência de Cristo como uma educação que é parte integrante de nossa própria fé e confiança em Deus (compare com Rm 1:5; 16:26). Assim como Cristo aprendeu a obediência como ser humano, submetendo-Se à vontade divina e confiando na vontade de Deus sobre a Sua própria vontade, devemos fazer o mesmo (Ap 14:12).
Resta ainda uma pergunta: Por que Hebreus 5:9 afirma que Cristo foi “aperfeiçoado”? Afinal, Ele já não era perfeito? O verso anterior ajuda a responder a essa indagação: “Embora fosse Filho, aprendeu a obediência por meio do que sofreu” (Hb 5:8). Paulo concluiu: Portanto, “tendo sido aperfeiçoado, tornou-Se o Autor da salvação eterna para todos os que Lhe obedecem” (Hb 5:9). Assim, o aperfeiçoamento de Jesus resultou da obediência que Ele aprendeu por meio do sofrimento, e isso O habilitou a ser nosso Sumo Sacerdote celestial. Em resumo, podemos dizer que a oração de Cristo Àquele que era capaz de salvá-Lo da morte foi ouvida porque Ele orou para que fosse feita a vontade divina. Como resultado, Ele foi trazido de volta à vida. Ele aprendeu a obediência ao Se submeter a Deus e confiar Nele. Finalmente, Cristo foi feito nosso Sumo Sacerdote perfeito por meio da obediência, para que pudesse Se tornar “o Autor da salvação eterna para todos os que Lhe obedecem”, ou seja, nós (Hb 5:9).
Perguntas para reflexão
1. Se Cristo estava sujeito à obediência e a aprendeu em Sua experiência humana, quão importante é a obediência para nós? 2. Como poderei andar no Jardim do Éden na nova Terra se nunca experimentar o Jardim do Getsêmani (isto é, submeter-me à vontade divina aqui e agora)? Por que essas duas experiências caminham juntas? 3. Em sua opinião, por que o ser humano tem dificuldade em obedecer às autoridades? Como poderíamos evitar uma reação negativa semelhante quanto à submissão à autoridade divina? 4. Por que muitas vezes há uma tensão no coração humano entre amar a Deus e obedecer- Lhe? Como João 14:15 pode nos ajudar a resolver esse problema?
Cristo como nós, mas diferente de nós
Como vimos, Cristo é retratado como muito superior aos anjos. Na verdade, Ele é descrito como a expressão exata do próprio Ser de Deus (Hb 1:3). Portanto, Ele é digno de adoração (Hb 1:6), de acordo com o primeiro capítulo de Hebreus. No segundo capítulo, Ele é descrito como inferior aos anjos por um período de tempo. Porém, não é apenas isso. Jesus, ao adotar “carne e sangue” e o sofrimento que essa experiência acarreta, compartilhou plenamente o destino de Seus irmãos humanos (Hb 2:14). A maneira pela qual “foi feito menor do que os anjos” não foi simplesmente por Sua encarnação, mas por Seu sofrimento na morte (Hb 2:9). O Filho entrou de tal forma na esfera humana que abraçou a mortalidade em contraste com os anjos, que não enfrentam a morte.
O que Cristo realizou O capacitou a Se tornar um “misericordioso e fiel Sumo Sacerdote [...] para fazer propiciação pelos pecados do povo” (Hb 2:17).
Pergunta para reflexão: No exato momento em que este comentário é escrito, as pessoas em todo o mundo estão com medo de se infectarem e morrer pelo novo coronavírus. Como os atos de Cristo ao adotar nossa carne e sangue e compartilhar nosso destino nos ajudam quando enfrentamos ameaças tão nefastas e doenças terminais?
APLICAÇÃO PARA A VIDA
Considere esta declaração de Ellen G. White sobre a natureza humana de Cristo: “Muitos pretendem que era impossível Cristo ser vencido pela tentação. Nesse caso, não teria sido colocado na posição de Adão; não poderia haver obtido a vitória que aquele deixou de ganhar. Se tivéssemos, em certo sentido, um mais probante conflito do que Cristo teve, então Ele não estaria habilitado para nos socorrer. Mas nosso Salvador Se revestiu da humanidade com todas as suas contingências. Tomou a natureza do homem com a possibilidade de ceder à tentação. Não temos que suportar coisa nenhuma que Ele não tenha sofrido” (O Desejado de Todas as Nações, p. 117).
Pergunta para reflexão: Que consolo e esperança há em saber que Jesus suportou tudo o que somos chamados a suportar?
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Conhecendo a Bíblia
Ângelo Pereira
Chamo-me Ângelo Pereira. Em meu coração sempre desejei estudar a Bíblia, mas meu líder dizia que ela estava disponível somente para os padres. Deixe-me contar o que aconteceu. Cresci em uma família cristã e sempre fui membro ativo em minha igreja em Kodo, um vilarejo do Timor-Leste.
Quando eu estava com 23 anos, comecei a ajudar os jovens da igreja. Aos 27 anos, participei de uma iniciativa missionária para sair do vilarejo. Os líderes notaram meu entusiasmo e, quando eu estava com 31 anos, pediram que eu liderasse uma das igrejas locais. Durante doze anos, conduzi a congregação e preguei todos os domingos, usando um livro de doutrinas da igreja.
Então, Mário, obreiro bíblico adventista, apareceu no vilarejo. Ele se aproximou enquanto cuidava da horta e se ofereceu para ajudar. Enquanto trabalhávamos lado a lado, ele me falava sobre verdades bíblicas que, até então, eram desconhecidas para mim. Eu queria aprender mais! Minha oportunidade surgiu em uma importante reunião de líderes da minha igreja. Quando tivemos a oportunidade de falar, sugeri que cada um recebesse cursos bíblicos e uma Bíblia para usar nos ensinos de nossas congregações.
“Senhor”, o bispo que presidia respondeu, “não podemos ensinar a Bíblia porque ela só pode ser estudada pelos padres. Podemos oferecer um curso básico sobre nossas doutrinas para que possa ensinar à sua congregação.” Quando a reunião terminou, meu coração estava inquieto. “Por que não posso estudar a Bíblia?”, me questionei. Então, orei, pedindo ao Senhor: “Quem é o verdadeiro Deus? Preciso conhecê-Lo para que possa ensinar minha congregação sobre Ele.”
Ao retornar para casa, meu coração permaneceu inquieto e procurei pelo obreiro bíblico adventista. “Você pode me dar um curso bíblico?”, perguntei. “Estou pronto para estudar a Bíblia com você por um ano.” Abrimos a Bíblia e estudamos as 28 crenças fundamentais da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Após vários meses, terminamos o curso e ele disse: “Agora você conhece a verdade. Por favor, não continue ensinando falsas doutrinas em sua congregação porque, se você ensinar o que não é verdade, não poderá entrar no Reino do Céu.”
Eu sabia que Mário falava a verdade, pois conhecia as palavras de Jesus aos discípulos: “Todo aquele que desobedecer a um desses mandamentos, ainda que dos menores, e ensinar os outros a fazerem o mesmo, será chamado menor no reino dos céus; mas todo aquele que praticar e ensinar estes mandamentos será chamado grande no Reino dos céus” (Mateus 5:19). Eu quero ser chamado para o reino do céu. Senti tristeza e culpa ao lembrar do meu passado. Imediatamente renunciei ao cargo de líder da congregação, mas não consegui abandonar a igreja. Durante seis anos, lutei em oração: “Senhor, quando conseguirei fazer parte do Seu povo?”
Certo dia, enquanto passava pela casa do meu tio, o vi conversando com Mário. Um desejo irresistível de ser batizado encheu meu coração e entregar a vida ao Salvador que havia se tornado meu amigo durante o curso bíblico. “Quando haverá outro batismo?”, perguntei a Mário. “Posso me batizar?” Imediatamente, ele entrou em contato com o pastor adventista e, depois que fizeram arranjos especiais devido às restrições da COVID-19, fui batizado, juntamente com os pais de minha esposa, em 2020.
Estou muito feliz por ser membro da Igreja Adventista do Sétimo Dia Mundial. Por favor, orem para que minha esposa e meus filhos também queiram seguir a verdade de Deus.
Há seis anos, as ofertas ajudaram a construir a primeira e única escola adventista na capital do Timor-Leste, Dili. Parte da oferta deste trimestre ajudará a construir um residencial para que as crianças dos vilarejos distantes das montanhas como Kodo possam estudar. Desde já, agradecemos as ofertas.
Informações adicionais
• Peça que um homem apresente este relato na primeira pessoa.
• Leia a história de outro homem que foi alcançado pelo ministério de Mário (semana passada).
• Faça o download das fotos no Facebook: bit.ly/fb-mq.
• Para mais notícias do Informativo Mundial das Missões e outras informações da Divisão do Pacífico Norte-Asiático, acesse: bit.ly/ssd-2022.
Esta história ilustra os seguintes componentes do plano estratégico do “I Will Go” [Eu irei] da Igreja Adventista: objetivo de crescimento espiritual nº 5 – “discipular indivíduos e família na vida espiritual”. A construção da escola ajudará a concluir o objetivo missionário número 4 – “fortalecer as instituições adventistas na defesa da liberdade, saúde integral e esperança através de Jesus, restaurando pessoas à imagem de Deus.” Saiba mais sobre o plano estratégico em IWillGo2020.org.
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Comentário da Lição da Escola Sabatina – 1º trimestre de 2022
Tema geral: Hebreus: mensagem para os últimos dias
Lição 4 – 15 a 22 de janeiro de 2022
Jesus, nosso Irmão fiel
Autor: Adriani Milli Rodrigues
Editoração: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
Revisora: Adriana Seratto
Uma das situações difíceis para um homem é tentar demonstrar empatia diante das dores de uma esposa grávida e compreensão da situação. Não porque a esposa não queira receber palavras de benevolência do marido, mas porque ela pode preferir o conforto de outra mulher que já esteve grávida. Uma vez que essa mulher já passou pela mesma experiência, ela tem melhores condições de entender e ajudar alguém que esteja em uma situação semelhante. Essa é uma ilustração aproximada do que Hebreus nos ensina sobre Jesus Cristo. Ele não nos auxilia apenas na condição divina de Criador e Sustentador de todas as coisas nem na qualidade divina de “Resplendor da glória de Deus” e “expressão exata do seu Ser” (Hb 1:2, 3). Ele não nos oferece ajuda somente porque foi entronizado na majestade celestial. Antes, Seu compassivo e misericordioso auxílio se caracteriza também pela dimensão humana de Sua encarnação. Essa dimensão O coloca na condição de Rei messiânico davídico e Sumo Sacerdote.
Se o capítulo 1 de Hebreus ressalta a extraordinária superioridade e exaltação do Filho, o capítulo 2 sublinha a Sua profunda identificação com a humanidade em termos de sofrimento e morte. Conforme destacamos na lição anterior, a tônica do início da epístola de Hebreus é que Deus fala escatologicamente pelo Filho. Vimos também que, na epístola, a fala divina se refere mais aos eventos que ocorrem na vida e obra do Filho do que nas Suas palavras em si. Nesse sentido, a ascensão e entronização de Cristo como Rei messiânico davídico é uma fala divina de cumprimento profético das promessas escatológicas de Deus. Mas essa não é a única parte dessa fala. É preciso também ouvir a voz de cumprimento divino nos eventos que dizem respeito à encarnação do Filho, Seu sofrimento e morte.
Embora esses eventos sejam eloquentes a respeito das promessas de Deus, podemos notar também que as duas falas principais de Jesus Cristo em Hebreus, que, como já enfatizado, são citações do Antigo Testamento, salientam a Sua profunda identificação com a humanidade. A primeira fala em Hebreus 2:11 a 13 é uma combinação de citações do Salmo 22:22 e Isaías 8:17 e 18, respectivamente: “É por isso que Jesus não Se envergonha de chamá-los de irmãos, dizendo: ‘A Meus irmãos declararei o Teu nome, no meio da congregação Eu Te louvarei.’ E, outra vez: ‘Eu porei Nele a Minha confiança.’ E, ainda: ‘Eis aqui estou Eu e os filhos que Deus Me deu.’” Por sua vez, a segunda fala do Filho é uma citação do Salmo 40:6 a 8, introduzida pela ideia da encarnação: “Por isso, ao entrar no mundo, Cristo disse: ‘Sacrifício e oferta não quiseste, mas preparaste um corpo para Mim; não Te agradaste de holocaustos e ofertas pelo pecado. Então Eu disse: ‘Eis aqui estou! No rolo do livro está escrito a Meu respeito. Estou aqui para fazer, ó Deus, a Tua vontade’” (Hb 10:5-7). Nesse contexto, a vontade de Deus envolve o sacrifício de Jesus Cristo para a salvação e santificação dos crentes. Como Hebreus 10:10 indica, “Nessa vontade é que temos sido santificados, mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas.”
Portanto, nessas duas falas do Filho em Hebreus a Sua condição humana é crucial. Na primeira fala, em Hebreus 2:11 a 13, a encarnação significa que Jesus Cristo passa a fazer parte da família humana. De fato, ele não Se envergonha de nos chamar de irmãos (Hb 2:11). Na segunda fala, em Hebreus 10:5 a 7, a encarnação de Cristo é essencial para o Seu sacrifício, por meio do qual a salvação e santificação dos Seus irmãos humanos é realizada. Se na primeira fala Ele não tem vergonha dos Seus irmãos, na segunda fala Ele demonstra que Seu sacrifício resulta de um compromisso firmado com a vontade de Deus para a salvação de Seus irmãos.
Levando em conta o forte contraste entre honra e vergonha no mundo antigo, é curioso notar que a epístola contenha várias referências à realidade da vergonha pública, isto é, a desonra. Ao recusar o título de “filho da filha de Faraó”, Moisés não teve vergonha dos maus-tratos que receberia com o seu povo, nem do desprezo “por causa de Cristo” (Hb 11:24-26). A própria audiência imediata de Hebreus foi alvo de insultos e maus-tratos em seus sofrimentos e perseguições (Hb 10:33). Com efeito, a crucifixão de Cristo é associada à ideia de vergonhosa exposição à zombaria (Hb 6:6). Nesse ponto, a identificação com os irmãos e o sacrifício de Cristo são colocados sob a categoria de um contexto de vergonha em potencial, que felizmente não define a atitude de Cristo. É interessante observar que a epístola combina a queima do corpo do animal fora do arraial nos ritos do santuário levítico com a morte de Cristo fora da cidade, uma vez que ambos os ambientes são tidos como lugares de vergonha. Nesse contexto, o apóstolo apela: “Saiamos, pois, a Ele, fora do acampamento, levando a mesma desonra que Ele suportou” (Hb 13:13).
A ideia de que Cristo participou de nossa “carne e sangue” (Hb 2:14) não se refere meramente à noção de encarnação, mas, sobretudo, à fragilidade humana, no sentido de mortalidade. Por isso, a sequência de Hebreus 2:14 e 15 indica que Ele “participou dessas coisas, para que, por Sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo, e livrasse todos os que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida.” Deve-se destacar, entretanto, que a profunda identificação de Cristo com a humanidade pressupõe uma distinção fundamental, a saber, o pecado. Diferente da nossa, a humanidade de Cristo não é marcada pelo pecado (Hb 4:15), mas sim pela fragilidade da morte, que é o problema final do qual a morte de Cristo nos liberta. Portanto, a morte de Cristo não constitui apenas a Sua identificação com a nossa mortalidade, mas representa, felizmente, a resolução desse nosso problema.
É nesse contexto que podemos entender as surpreendentes afirmações de que Jesus “aprendeu obediência” e foi “aperfeiçoado”. Como a humanidade de Cristo não é marcada pelo pecado, o foco dessas afirmações está em Seu sofrimento e morte. Em outras palavras, a aprendizagem não envolve um movimento de desobediência para obediência nem aperfeiçoamento em termos de imperfeição moral para perfeição. O que se tem em vista é que o Filho “aprendeu obediência” e foi “aperfeiçoado” na Sua nova condição humana, e a obediência tem como foco a obediência à vontade de Deus, que envolve o sacrifício de Sua vida para a salvação da raça humana (Hb 10:9, 10). A obediência para a morte é um aperfeiçoamento no sentido de que ela torna o sacrifício aceitável para a salvação dos crentes (Hb 2:10; 9:14) e qualifica o Filho como fiel e misericordioso Sumo Sacerdote que pode nos socorrer quando somos tentados a desanimar e pecar por conta das provas e sofrimentos (2:17, 18).
Que bom que Cristo não Se envergonha de nos chamar de irmãos! Ao encarnar, Ele trilhou o caminho do sacrifício para a nossa salvação e também entende a nossa situação, não apenas como Deus mas também como Homem. Que oportunidade e privilégio para nós!
Conheça o autor dos comentários para a Lição deste trimestre: Adriani Milli Rodrigues é o coordenador da graduação em Teologia no Centro Universitário Adventista de São Paulo. Possui doutorado (Ph.D) em Teologia Sistemática na Andrews University (EUA) e mestrado em Ciências da Religião pela Umesp. Natural do Espírito Santo, ele trabalha no Unasp desde 2007. É casado com a professora Ellen e tem uma filha, a Sarah, de 7 anos.
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