Lição 8
12 a 18 de fevereiro
Jesus, o Mediador da nova aliança
Sábado à tarde
Ano Bíblico: Nm 4-6
Verso para memorizar: “Mas agora Jesus obteve um ministério tanto mais excelente, quanto é também Mediador de superior aliança instituída com base em superiores promessas” (Hb 8:6).
Leituras da semana: Hb 7:11-19; 8:10-12; Jr 31:31-34; Hb 8:1-6; Êx 24:1-8; Ez 36:26, 27

Ao viver uma vida perfeita e morrer em nosso lugar, Jesus mediou uma aliança nova e superior entre nós e Deus. Por meio de Seu sacrifício na cruz, cancelou a pena de morte que nossas transgressões exigiam e tornou possível a nova aliança.

Em Hebreus 10:5-10, observamos que Jesus manifestou a obediência perfeita exigida pela aliança. A passagem faz alusão ao Salmo 40, que originalmente se refere ao desejo de Davi de render a Deus total obediência: “Eis aqui estou, no rolo do livro está escrito a meu respeito; agrada-me fazer a Tua vontade, ó Deus meu; a Tua lei está dentro do meu coração” (Sl 40:7-8). O salmo expressou a condição da aliança de Deus com Israel: obediência como um deleite e uma lei que estivesse escrita no coração (Dt 6:4-6). O que Davi poderia apenas desejar fazer, Jesus realizou.

Para Paulo, esse salmo adquiriu um significado especial com a encarnação de Jesus. O Filho personificou a obediência da nova aliança. Ele é nosso exemplo. Fomos salvos, não apenas por Sua morte, mas também por Sua obediência perfeita.

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Domingo, 13 de fevereiro
Ano Bíblico: Nm 7, 8
A necessidade de uma nova aliança

1. Leia Hebreus 7:11-19. Por que houve necessidade de uma nova aliança?

De acordo com Hebreus, o fato de Jesus ter sido nomeado Sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque implicava que uma nova aliança havia sido inaugurada. A antiga foi dada com base no sacerdócio levítico (Hb 7:11). Os sacerdotes levitas atuavam como mediadores entre Deus e Israel, e a lei excluía qualquer outra pessoa desse ofício. O autor conclui, então, que uma mudança do sacerdócio implicaria uma mudança da lei do sacerdócio, bem como da aliança (Hb 7:12, 18, 19).

O problema com a aliança antiga era que ela não podia oferecer perfeição (Hb 7:11). Paulo estava falando sobre o sacerdócio levítico e seu ministério (sacrifícios, festas, etc.). Os sacrifícios de animais oferecidos nesse sistema não podiam oferecer purificação verdadeira e total do pecado, nem acesso a Deus (Hb 10:1-4; 9:13, 14; 10:19-23).

O fato de que uma nova aliança era necessária não significa que Deus tivesse sido injusto com Israel quando lhe deu a antiga. O ministério levítico e os serviços do tabernáculo foram projetados para protegê-los da idolatria e para apontar-lhes o futuro ministério de Jesus. Hebreus enfatiza que os sacrifícios eram “uma sombra dos bens vindouros” (Hb 10:1).

Ao encaminhar as pessoas a Jesus, os sacrifícios deviam ajudá-las a depositar esperança e fé no “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1:29; Is 53). Isso é o que Paulo aponta ao dizer que “a lei se tornou nosso guardião para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados pela fé” (Gl 3:24) ou que “o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê” (Rm 10:4).

Em outras palavras, mesmo os Dez Mandamentos, por melhores e perfeitos que sejam, não podem prover a salvação (Rm 3:20-28; 7:12-14). Eles apresentam um padrão perfeito de justiça, mas não oferecem justiça, assim como olhar-se no espelho pode mostrar as rugas da idade, porém não pode apagá-las. Para uma justiça perfeita, precisamos de Jesus como nosso Substituto.

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Por que a lei não pode nos salvar? Afinal, se guardamos todos os mandamentos, por que isso não nos salva?


Segunda-feira, 14 de fevereiro
Ano Bíblico: Nm 9-11
Nova e renovada

2. Compare Hebreus 8:10-12 com Deuteronômio 6:4-6, 30:11-14 e Jeremias 31:31-34. Qual é a natureza da nova aliança?

A promessa de uma nova aliança em Hebreus remete a Jeremias. De acordo com o profeta, a promessa divina de uma nova aliança foi, na verdade, uma renovação da aliança que Deus havia feito primeiro com Israel por meio de Moisés (Jr 31:31-34). Pode-se argumentar, então, que Jeremias 31 não estava estritamente falando de uma “nova” aliança, mas de uma “renovação” da original com Israel. A palavra hebraica para nova, hadashah, pode ter o sentido de “renovar” e de “totalmente nova”.

O problema com a antiga aliança foi que o povo a tinha quebrado (Hb 8:8, 9). A aliança não era defeituosa; as pessoas sim. Se Israel tivesse visto através dos símbolos a vinda do Messias e depositado fé Nele, a aliança não teria sido quebrada. No entanto, ao longo da história israelita houve muitos crentes pelos quais os propósitos da aliança se cumpriram e que tinham a lei no coração (Sl 37:31; 40:8; 119:11; Is 51:7).

Embora a nova aliança seja uma renovação da antiga, há um sentido em que ela é, de fato, nova. A promessa de Jeremias de uma “nova aliança” não previa simplesmente uma renovação das condições que existiam antes do exílio, que foram quebradas e renovadas várias vezes porque a nação havia caído constantemente em apostasia. E isso porque as pessoas simplesmente não estavam dispostas a cumprir sua parte na aliança com Deus (Jr 13:23).

Assim, Deus prometeu fazer uma “coisa nova” (Jr 31:22). A aliança não seria como a que o Senhor havia feito “com seus pais” (Jr 31:32). Por causa da infidelidade do povo, as promessas que Deus fez sob a aliança mosaica nunca foram cumpridas. Em virtude da garantia dada pelo Filho (Hb 7:22), Deus cumpriria os propósitos de Sua aliança. Deus não mudou Sua lei nem diminuiu Seus padrões; em vez disso, enviou Seu Filho como garantia (Hb 7:22; 6:18-20). É por isso que essa aliança não tem maldições, só bênçãos, pois Jesus a cumpriu com perfeição.

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Leia 2 Timóteo 2:13. O que podemos aprender com a fidelidade de Deus ao Seu povo e aos Seus planos quando consideramos nosso relacionamento com os outros e nossos planos?


Terça-feira, 15 de fevereiro
Ano Bíblico: Nm 12-14
A nova aliança tem um Mediador melhor

3. Leia Hebreus 8:1-6. Por que Jesus é um Mediador melhor da aliança?

O termo grego mesit?s (“mediador”) deriva de mesos (“meio”) e denota aquele que anda ou fica no meio. Esse termo técnico era usado para se referir a alguém que cumpria uma ou mais das seguintes funções: (1) árbitro entre duas ou mais partes; (2) negociador ou corretor de negócios; (3) testemunha no sentido legal da palavra; ou (4) fiador e, portanto, alguém que garantia a execução de um contrato.

“Mediador” é uma tradução muito restrita para mesit?s, pois focaliza apenas os dois ou três primeiros usos do termo grego. Entretanto, Hebreus enfatiza a quarta função. Jesus não é “mediador” no sentido de resolver uma contenda entre o Pai e os seres humanos nem um pacificador que reconcilia as partes descontentes, nem uma testemunha que certifica a existência de um contrato ou seu cumprimento. Em vez disso, Jesus é o Fiador da nova aliança (Hb 7:22). Em Hebreus, o termo “mediador” é equivalente a “fiador”. Ele garante que as promessas da aliança serão cumpridas.

A morte de Cristo satisfez as reivindicações da primeira aliança com Israel, que havia sido quebrada (Hb 9:15-22). Nesse sentido, Jesus é o Fiador que assumiu todas as obrigações legais violadas. Por outro lado, a exaltação do Filho no Céu garante que as promessas de Deus aos seres humanos serão cumpridas (Hb 6:19, 20). Ao ressuscitar Jesus e colocá- Lo à Sua direita, o Pai mostrou que nos ressuscitará e nos levará para Ele.

Jesus é um Mediador maior do que Moisés, pois ministra no santuário celestial e Se ofereceu como sacrifício perfeito por nós (Hb 8:1-5; 10:5-10). O rosto de Moisés refletia a glória de Deus (Êx 34:29-35), mas Jesus é a glória de Deus (Hb 1:3; Jo 1:14). Moisés falou com Deus face a face (Êx 33:11), porém Jesus é a Palavra de Deus (Hb 4:12, 13; Jo 1:1-3, 14).

Sim, Cristo atendeu às exigências de obediência da aliança. Diante disso, qual é o papel da obediência em nossa vida?

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Quarta-feira, 16 de fevereiro
Ano Bíblico: Nm 15, 16
A nova aliança tem superiores promessas

Podemos ser tentados a pensar que a nova aliança tenha “superiores promessas” no sentido de que apresenta recompensas maiores do que a antiga (uma pátria celestial, vida eterna, etc.). A verdade é que Deus ofereceu aos crentes do AT as mesmas recompensas que nos oferece (leia Hb 11:10, 13-16). Em Hebreus 8:6, as “superiores promessas” tratam de diferentes tipos de promessas.

A aliança entre Deus e Israel foi uma troca formal de promessas. Deus tomou a iniciativa de libertar Israel do Egito e prometeu conduzi-lo à terra prometida.

4. Compare Êxodo 24:1-8 e Hebreus 10:5-10. Quais são as semelhanças e diferenças entre essas duas promessas?

A aliança entre Deus e Israel foi ratificada com sangue, aspergido tanto sobre o altar, que representava Deus, quanto sobre as doze colunas, que representavam o povo. O povo de Israel prometeu obedecer a tudo o que o Senhor havia dito.

“A condição para a vida eterna ainda é a mesma que sempre foi: perfeita obediência à lei de Deus, perfeita justiça, exatamente como era no Paraíso, antes da queda de nossos primeiros pais. Se a vida eterna nos fosse concedida sob qualquer condição inferior a essa, a felicidade de todo o Universo estaria correndo perigo. Estaria aberto o caminho para que o pecado com toda a sua miséria se perpetuasse” (Ellen G. White, Caminho a Cristo, p. 62).

Deus satisfez as exigências da nova aliança, pois deu Seu próprio Filho para vir e viver uma vida perfeita a fim de que as promessas da aliança pudessem ser cumpridas Nele, e então oferecidas a nós, pela fé em Jesus. A obediência de Jesus garante as promessas da aliança (Hb 7:22). Ela requer que Deus dê a Ele Suas bênçãos, as quais então são concedidas a nós. Aqueles que estão “em Cristo” desfrutarão dessas promessas com Ele. Em segundo lugar, Deus nos dá Seu Espírito Santo para nos capacitar a cumprir Sua lei.

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Cristo satisfez as exigências da aliança; portanto, o cumprimento das promessas de Deus para nós não é incerto. Como isso ajuda a entender o significado de 2 Coríntios 1:20-22?


Quinta-feira, 17 de fevereiro
Ano Bíblico: Nm 17-19
A nova aliança e o novo coração

5. Compare as promessas da nova aliança em Jeremias 31:33 e Ezequiel 36:26, 27. Como elas se relacionam?

O primeiro documento da aliança foi escrito por Deus em tábuas de pedra e depositado na arca da aliança como testemunha (Êx 31:18; Dt 10:1-4). Documentos escritos em pedra, no entanto, podem ser quebrados; e pergaminhos podiam ser cortados e queimados (Jr 36:23).

Entretanto, Deus escreveria Sua lei no coração do povo. O coração se refere à mente, o órgão da memória e do entendimento (Jr 3:15; Dt 29:4), onde se tomam as decisões conscientes (Jr 3:10; 29:13).

Essa promessa não simplesmente garantiria a todos o acesso à lei e o conhecimento dela, mas também promoveria uma mudança no coração da nação. O problema de Israel era que seu pecado estava “escrito com um ponteiro de ferro e com ponta de diamante, gravado na tábua do seu coração” (Jr 17:1). O povo tinha um coração duro (Jr 13:10; 23:17); portanto, era-lhe impossível fazer o certo (Jr 13:23).

Jeremias não anunciou uma mudança na lei, pois o problema não era a lei, mas o coração. Deus queria que a fidelidade de Israel fosse uma resposta grata ao que o Senhor havia feito por ele; assim, deu-lhe os Dez Mandamentos com um prólogo histórico, expressando Seu amor e cuidado (Êx 20:1, 2). Deus queria que Israel obedecesse às Suas leis como um reconhecimento de que Ele queria seu bem, fato revelado na grande libertação do Egito. Sua obediência deveria ser uma expressão de gratidão, uma manifestação da realidade do relacionamento entre eles.

O mesmo é verdade para nós. O amor e o cuidado de Jesus em morrer por nós é o prólogo da nova aliança (Lc 22:20). A verdadeira obediência vem do coração como expressão de amor (Mt 22:34-40). Esse amor é a marca distintiva da presença do Espírito Santo na vida do crente. Deus derrama Seu amor sobre nós por meio de Seu Espírito (Rm 5:5), que é expresso em amor (Gl 5:22).

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Se o antigo Israel devia amar a Deus, mesmo sem a compreensão da morte de Cristo, quanto mais nós devemos amá-Lo? Como a obediência manifesta a realidade desse amor?


Sexta-feira, 18 de fevereiro
Ano Bíblico: Nm 20, 21
Estudo adicional

“Se nosso coração for renovado à semelhança de Deus, se o amor divino estiver nele implantado, é claro que viveremos em obediência à lei de Deus. Quando o princípio do amor domina o coração, quando o ser humano é renovado segundo a imagem Daquele que o criou, a promessa do novo concerto é cumprida: ‘Porei no seu coração as Minhas leis e sobre a sua mente as inscreverei’ (Hebreus 10:16). E se a lei estiver escrita no coração, claramente ela moldará a vida. A obediência – nosso serviço e compromisso de amor – é o verdadeiro sinal do discipulado. [...] ‘Aquele que diz: Eu O conheço e não guarda os Seus mandamentos é mentiroso, e nele não está a verdade’ (1 João 2:4). Em vez de dispensar as pessoas da obediência, é a fé – e somente a fé – que nos torna participantes da graça de Cristo, capacitando-nos a obedecer. [...]

“Quanto mais perto você estiver de Jesus, mais cheio de faltas se sentirá a seus próprios olhos, pois sua visão ficará mais clara, e suas imperfeições serão vistas em amplo e distinto contraste com a natureza perfeita de Cristo. Isso é prova de que os enganos de Satanás perderam seu poder, e que a influência vivificante do Espírito de Deus está despertando você.

“Quem não reconhece a própria pecaminosidade não consegue desenvolver um amor mais profundo por Jesus. A pessoa que é transformada pela graça de Cristo passará a admirar Seu caráter divino; mas o fato de não enxergar a própria deformidade moral é uma inequívoca evidência de que não tivemos uma visão da beleza e da excelência de Cristo” (Ellen G. White, Caminho a Cristo, p. 60, 61, 64, 65).

Perguntas para consideração

1. Segundo Ellen G. White, quanto mais nos aproximarmos de Cristo, mais veremos os nossos pecados. Como evitar que nossos defeitos destruam nossa fé?

2. A lei está sendo escrita em nosso coração. O que isso significa? A compreensão e a prática dessa verdade ajudam a evitar o legalismo, as “obras mortas” (Hb 9:14)?

Respostas e atividades da semana: 1. Porque a antiga aliança não podia oferecer perfeição. 2. Na nova aliança, a) Jesus é o Fiador que cumpre com perfeição as promessas e reivindicações da aliança; b) a lei é escrita em nosso coração. 3. Ele ministra no santuário celestial; Ele é a glória de Deus; Ele é a Palavra de Deus; Ele oferece um sacrifício perfeito. 4. A antiga aliança foi ratificada com o sangue de animais, e o povo prometeu obedecer, mas foi infiel; a nova aliança foi ratificada com o sangue de Cristo, que prometeu obedecer ao Pai salvando a humanidade. 5. Deus imprime a lei na mente e no coração do povo, dando-lhe um novo coração e o dom do Espírito, que o capacita a obedecer.

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Resumo da Lição 8
Jesus, o Mediador da nova aliança

TEXTOS-CHAVES: Hb 7:11-19; 8:10-12; Jr 31:31-34; Hb 8:1-6; Êx 24:1-8; Ez 36:26, 27

ESBOÇO

Temas da lição

A antiga aliança foi dada com base no sacerdócio levítico. Como parte desse acordo, somente os levitas atuavam como mediadores entre Deus e os israelitas. No entanto, o livro de Hebreus fala sobre como Jesus foi nomeado Sumo Sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque. Além disso, Paulo lembrou o fato de que Jesus não era da tribo de Levi (Hb 7:14), e sim da tribo de Judá. Portanto, de acordo com as leis do sacerdócio levítico, Ele não era elegível para atuar como sacerdote. Contudo, foi nomeado para esse ofício pelo próprio Deus: “Você é Sacerdote para sempre” (Hb 7:21).

Pode-se indagar com legitimidade como Alguém da tribo de Judá poderia Se tornar Sacerdote, dadas as restrições levíticas. Somente os levitas deveriam servir no templo. Logicamente, uma mudança teria que ocorrer primeiro. Paulo enfatizou que tal mudança no sacerdócio exigiria uma mudança correspondente nas leis do sacerdócio (Hb 7:12). A mudança nessas leis, por sua vez, levaria à mudança da aliança. A primeira aliança foi com os levitas e a segunda com Cristo. Por que mudança completa? A lição deixa claro que a antiga aliança não podia limpar a consciência dos pecados (Hb 10:4; 9:14), purificação esta que é a justiça de Cristo imputada a nós. Esses sacrifícios de animais apontavam para Cristo, o verdadeiro “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (Jo 1:29). Com a nova aliança tem-se não apenas um Árbitro, um Negociador ou uma Testemunha, mas um Fiador que garante que as promessas da aliança serão cumpridas. Finalmente, nessa nova aliança, Deus internalizará Suas leis nas pessoas escrevendo-as “sobre o seu coração” (Hb 8:10).

COMENTÁRIO

A superioridade de Melquisedeque

Várias vezes em Hebreus (Hb 5:6, 10; 6:20), Cristo é retratado como um Sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque. Em Hebreus 7, Paulo dedicou um tempo a esse sacerdote com o propósito de traçar a natureza do sacerdócio de Cristo. Ao mesmo tempo, afirmou que o sacerdócio de Cristo é superior ao sacerdócio levítico.

Existem apenas duas referências no AT a Melquisedeque: Gênesis 14:18 e Salmo 110:4. Hebreus resume o relato de Gênesis e estabelece que Melquisedeque é um sacerdote (Hb 7:1), que é semelhante a Cristo (Hb 7:3) e que é superior a Abraão (Hb 7:4). A narrativa de Gênesis descreve a primeira guerra registrada na Bíblia. Abraão perseguiu os quatro reis invasores que tinham levado cativo seu sobrinho Ló. Depois de libertar os prisioneiros, Abraão voltou para casa. No caminho, Melquisedeque, o rei-sacerdote de Salém (Jerusalém), encontrou Abraão com pão e vinho, detalhe que falta no relato de Hebreus. O primeiro abençoou o último, e o último devolveu o dízimo ao primeiro (Hb 7:1, 2). O que então torna Melquisedeque superior aos sacerdotes levitas? Primeiro, Melquisedeque é apresentado “sem pai, sem mãe, sem genealogia” e “não teve princípio de dias nem fim de existência” (Hb 7:3). No mundo greco-romano, não ter pai significava ser filho ilegítimo e não ter mãe indicava que o filho era de uma mulher de baixo nível social. Para os judeus, porém, não ter genealogia significava que a pessoa não poderia se qualificar para o sacerdócio levítico. Melquisedeque era uma figura divina, como alguns concluíram? Não; ele aparece de repente em cena, em Gênesis 14, e desaparece com a mesma rapidez, sem qualquer menção à sua origem familiar. Como o registro de Gênesis não fala de seu pai, mãe, nem genealogia, Paulo usou Melquisedeque como um exemplo perfeito da natureza eterna de Cristo, ideia apoiada pela seguinte descrição: “não teve princípio de dias nem fim de existência, mas feito semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre” (Hb 7:3).

Além disso, os levitas são novamente comparados com Melquisedeque em Hebreus 7:8: “Aqui”, isto é, no sistema levítico, “homens mortais” recebem os dízimos de seus companheiros israelitas, mas “ali”, ou seja, no caso de Melquisedeque, os dízimos são recebidos por “aquele de quem se testifica que vive”. A mortalidade dos levitas é contrastada com a ausência de registro da morte de Melquisedeque, em Gênesis 14.

Melquisedeque nunca morreu? Sim, morreu, mas, visto que sua morte não está registrada nas Escrituras, Paulo viu nele um exemplo perfeito para a eternidade de Cristo. Essa ausência era um princípio usado por escritores antigos. O silêncio da Escritura sobre determinado ponto é tomado como evidência de que algo não existia. Melquisedeque entra na narrativa sem ancestralidade e sai sem um relato de sua morte, o que aponta tipologicamente para Aquele que é eterno. Dado que Melquisedeque aponta para a eternidade e os levitas eram finitos, Melquisedeque é superior a eles.

Em segundo lugar, Melquisedeque é superior aos levitas porque abençoou Abraão, o patriarca, descrito como aquele que recebeu a promessa (Hb 6:13; 7:6). Assim, “evidentemente, não há dúvida de que o inferior [Abraão] é abençoado pelo superior [Melquisedeque]” (Hb 7:7). Melquisedeque não é apenas superior aos levitas por causa de seu sacerdócio permanente – mas também é superior porque abençoou Abraão.

Terceiro, Melquisedeque é superior aos levitas porque até “Abraão, o patriarca, pagou o dízimo tirado dos melhores despojos” (Hb 7:4). O bisneto Levi e seus descendentes basicamente devolveram o dízimo por meio de Abraão a esse sacerdote de Deus, não levítico, Melquisedeque (Hb 7:9, 10). A ausência da genealogia levítica não impediu Melquisedeque de receber o dízimo de Abraão. Da mesma forma, a ausência da genealogia levítica não poderia impedir Jesus de servir como Sacerdote. Os levitas foram ordenados pela lei a receber dízimos de seus companheiros israelitas e, por sua vez, a devolver os dízimos dos dízimos recebidos (Nm 18:21-26). Paulo relatou essa tradição (Hb 7:5). A lógica de seu argumento é óbvia. Melquisedeque é maior do que Abraão; consequentemente, ele deve ser maior do que Levi. Por extensão, o sacerdócio de Melquisedeque é maior do que o sacerdócio levítico. Se isso é verdade, o sacerdócio de Cristo é superior ao de qualquer sacerdote humano no tabernáculo ou templo terrestre. Portanto, Ele é chamado de sacerdote “para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque” (Hb 7:17). Em resumo, Melquisedeque é superior aos levitas por causa de seu sacerdócio permanente. Ele abençoou Abraão, o ancestral dos levitas, e os levitas devolveram os dízimos a Melquisedeque por meio de Abraão.

A superioridade do sacerdócio de Cristo

Com base no que foi dito, o sacerdócio de Cristo é superior ao sacerdócio levítico por vários motivos.

Primeiro, Cristo Se tornou Sacerdote pelo “poder de vida que não tem fim” (Hb 7:16) e por designação divina, conforme o testemunho do Salmo 110:4; não por meio da descendência física com base nos requisitos legais arônicos (Êx 29). O sacerdócio de Cristo está intimamente ligado a quem Ele é. Sim, Cristo morreu, mas Ele ressuscitou (Hb 13:20). Ele foi “exaltado acima dos Céus” (Hb 7:26) e agora está sentado “à direita do trono da Majestade nos Céus” (Hb 8:1), onde “pode salvar totalmente os que por Ele se aproximam de Deus, vivendo sempre para interceder por eles” (Hb 7:25).

Além disso, os sacerdotes levitas eram nomeados por herança. Nenhum deles teve um sacerdócio perpétuo, “porque a morte os impede de continuar” (Hb 7:23). Em contraste, Cristo “porque continua para sempre, tem Seu sacerdócio imutável” (Hb 7:24) e vive “sempre para interceder por eles” (Hb 7:25). Cristo é descrito por Hebreus como Alguém que “continua para sempre”, “pode salvar totalmente” e vive sempre (Hb 7:24, 25). Simplificando, Ele é superior aos sacerdotes humanos porque tem imortalidade em comparação com a transitoriedade humana.

Em segundo lugar, Deus confirmou o sacerdócio de Seu Filho por meio de um juramento: “O Senhor jurou e não Se arrependerá: ‘Você é sacerdote para sempre’” (Hb 7:21). Juramentos são promessas solenes que muitas vezes evocam um testemunho divino. Visto que Deus não podia jurar por um poder maior quando prometeu descendentes a Abraão, “jurou por Si mesmo, dizendo: ‘certamente Eu o abençoarei e multiplicarei os seus descendentes’” (Hb 6:13, 14). Para a geração do Êxodo, Deus jurou: “‘Não entrarão no Meu descanso’” (Hb 3:11). Quando o Senhor faz um juramento, Ele o cumpre fielmente. É por isso que Jesus “Se tornou Fiador de superior aliança” (Hb 7:22). Os levitas, por outro lado, foram introduzidos ao sacerdócio por ordem divina (Êx 28:1), não por um juramento. Portanto, Cristo é superior a eles.

Finalmente, Ele é superior aos sacerdotes levitas porque é moralmente perfeito. Os sacerdotes da linhagem de Arão sacrificavam diariamente, embora no final das contas de forma ineficaz (Hb 10:1-4). Eles ofereciam sacrifício primeiramente por seus próprios pecados antes de oferecer sacrifício pelos outros. Em contraste, Cristo Se ofereceu como um sacrifício sem pecado uma vez por todas (Hb 7:27). Esse Sacerdote é apropriado para nós, pois é “santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores e exaltado acima dos Céus” (Hb 7:26). Embora esses termos sejam praticamente sinônimos, possuem nuances ligeiramente diferentes. Cristo era moralmente separado, inculpável e não era maculado pelo pecado. Esses atributos O tornam superior à linhagem arônica de sacerdotes (ver At 2:27; Hb 4:15).

Em resumo, Jesus é melhor do que os levitas porque é imortal, foi confirmado por um juramento divino e é moralmente perfeito.

APLICAÇÃO PARA A VIDA

Pense em como Cristo é comparado com Melquisedeque em Hebreus 7. Melquisedeque é considerado tanto rei de Salém quanto sacerdote do Deus Altíssimo (Hb 7:1).

1. Por que Melquisedeque é retratado como tendo um papel duplo? Compare essa dualidade de papéis com a de Cristo, que é, primeiramente, Sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque, mas, em segundo lugar, um membro da tribo real de Judá.

2. A que a tribo de Judá está principalmente associada (ver Gn 49:10)? Como Cristo cumpre os dois papéis?

3. Como você veria o pecado, se, cada vez que transgredisse, custasse um cordeiro ou um touro, dependendo de sua posição social (talvez uma bicicleta ou um carro nos dias de hoje)?

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O ônibus missionário

Zelindo, de 42 anos, vivia em uma ilha do Oceano Índico. Sendo proprietário de uma loja no Timor-Leste, orou por um ônibus para não-fumantes em uma ilha do Oceano Índico. “Senhor, quero abandonar o tabaco, a bebida e alimentos impuros. Não quero vender cigarros, bebidas alcoólicas, café ou chá. Mas as pessoas continuam abusando do tabaco e das bebidas. Por favor, ajude-me! Quero comprar um ônibus para nãofumantes.” Em seguida, entrou em contato com a irmã na cidade indonésia de Surubaya, com o objetivo de pesquisar o preço de um ônibus. Ela enviou uma mensagem de texto respondendo que normalmente custava $35.000, mas havia encontrado um ônibus por $31.500.

Entusiasmado, Zelindo falou sobre o ônibus com o irmão, Fernando, que lhe ofereceu $10.000. Ele precisava depositar $15.000, por isso transferiu de sua poupança. Após três meses, enviou os $6.500 que faltavam. Ele planejava usar os $10.000 emprestados do irmão para pagar, quando o ônibus chegasse por navio em Dili, capital de Timor-Leste. Num domingo pela manhã, Zelindo recebeu um telefonema informando que o ônibus havia chegado no porto e que poderia buscá-lo no dia seguinte. Ele precisava levar os $10.000, mas não estava preocupado porque o irmão havia prometido.

Naquela noite, Zelindo e a esposa contaram o lucro da loja da semana anterior. Normalmente, a quantia era de $10.000 a $13.000, mas dessa vez eles contaram $28.000. Os dois se entreolharam: “O que está acontecendo?”, ele perguntou. Na manhã seguinte, foi ao encontro do irmão a fim de pegar a quantia prometida. Mas Fernando disse: “Eu ia te ligar, mas esqueci. Queria dizer que não posso te ajudar com os $10.000”. Zelindo sorriu. Ficou feliz, ao perceber que Deus já o havia ajudado. Ele tinha a quantia necessária para pagar o ônibus em sua loja.

O ônibus, que recebeu o nome de Salvation (Salvação), tornou-se bem conhecido por toda a ilha, especialmente com mulheres grávidas e mães com seus filhos. Além da proibição do cigarro, música de louvor era tocada enquanto o ônibus viajava pelas cidades. Na lateral do ônibus, havia uma grande faixa proclamando as três mensagens angélicas de Apocalipse 14 sobre o retorno de Jesus.

“As pessoas gostam muito do ônibus, porque não é permitido fumar”, Zelindo explica. Até a polícia aprovou. Certo dia, um membro da igreja chamou Zelindo por telefone. Ele morava na segunda maior cidade de Timor-Leste, Baucau, e disse que a polícia chegou ao principal terminal de ônibus e falou com os motoristas: “Vocês deveriam ser como o Salvation, onde não permitem que ninguém fume no ônibus. Deveriam seguir seu exemplo.”

As pessoas pediram a Zelindo para expandir seu serviço de ônibus para outros distritos. Ele responde que está orando ao Senhor por ajuda para comprar um segundo ônibus. Através de seu exemplo, cinco pessoas estão se preparando para o batismo. Enquanto isso, ele dá seu testemunho: “Deus tem abençoado meu negócio. Louvo a Deus por permitir que conduza pessoas a Ele através do ônibus e das minhas lojas.”

Em 2015, parte da oferta trimestral ajudou a construir a primeira escola adventista na capital de Timor-Leste, Dili. Parte da oferta ajudará a construir um residencial nessa escola. Com aproximadamente 1,3 milhão de habitantes, somente 700 são adventistas. E assim como o ônibus de Zelindo, a escola cumpre um papel importante em compartilhar Jesus.

 

Informações adicionais

• Faça o download das fotos no Facebook: bit.ly/fb-mq.

• Para outras notícias do Informativo Mundial das Missões e informações da Divisão do Pacífico Norte-Asiático, acesse: bit.ly/ssd-2022.

 

 

Esta história ilustra os seguintes componentes do plano estratégico do “I Will Go” [Eu irei] da Igreja Adventista: objetivo de crescimento espiritual nº 1 – “reavivar o conceito de missão mundial e sacrifício pela missão como um modo de vida que envolva não apenas os pastores, mas todos os membros da igreja, jovens e idosos, na alegria de testemunhar por Cristo e de fazer discípulos”; objetivo missionário nº 2 – “fortalecer e diversificar o alcance dos adventistas... entre grupos de pessoas não-alcançadas e para religiões não cristãs”; objetivo de crescimento espiritual nº 5 – “discipular indivíduos e família na vida espiritual”. A construção da escola ajudará a concluir o objetivo missionário número 4 – “fortalecer as instituições adventistas na defesa da liberdade, saúde integral e esperança através de Jesus, restaurando pessoas à imagem de Deus.” Saiba mais sobre o plano estratégico em IWillGo2020.org.

 

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Comentário da Lição da Escola Sabatina – 1º trimestre de 2022

Tema geral: Hebreus: mensagem para os últimos dias

Lição 8 – 12 a 19 de fevereiro de 2022

Jesus, o Mediador da nova aliança

 

Autor: Adriani Milli Rodrigues

Editoração: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br

Revisora: Josiéli Nóbrega

 

A aliança de Deus com Seu povo é um dos temas mais belos das Escrituras. Ao detalhar o desejo amoroso de Deus de Se relacionar com Seu povo, sem desconsiderar a inquietante assimetria entre a absoluta santidade de Deus e a pecaminosidade do povo, o tema da aliança indica a forma como pela qual esse relacionamento pode se tornar possível. No contexto do Novo Testamento, das 33 ocorrências do termo grego para aliança (diath?k?), 17 aparecem na epístola aos Hebreus (7:22; 8:6, 8-10; 9:4, 15-17, 20; 10:16, 29; 12:24; 13:20), o que representa mais que a metade do total de ocorrências. Curiosamente, a maior parte delas aparece nos capítulos 8 a 10, que têm como foco a obra sacerdotal de Cristo, que se fundamenta em Seu único sacrifício.

Assim, na Epístola aos Hebreus, a aliança é um conceito fundamental para a compreensão do sacrifício de Cristo e Seu sacerdócio no santuário celestial. Sem a moldura mais ampla da aliança, as ideias de sacrifício e mediação, e mesmo de juízo, não recebem a devida articulação em nossa mente, em comparação com a impressionante simetria que encontramos na organização da mensagem de Hebreus. As seções de exposição doutrinária da epístola elaboram especialmente as noções cristológicas de sacrifício único e mediação contínua, enquanto as seções de exortação pastoral alertam, em particular, sobre o perigo da condenação do juízo para aqueles que rejeitam o sacrifício e a mediação de Cristo. Em ambos os casos, tanto na exposição doutrinária quanto na exortação pastoral, os benefícios do sacrifício e mediação, de um lado, bem como o risco de juízo condenatório, de outro, fazem mais sentido à luz da compreensão da aliança de Deus com Seu povo.

O tema da aliança constitui o pano de fundo principal da exposição doutrinária da obra sacerdotal de Cristo nos capítulos 8 a 10. A primeira ocorrência de diath?k?, em Hebreus 7:22, aparece na seção doutrinária de 5:1-10 e de 7:1-28, que precede a seção dos capítulos 8 a 10 e antecipadamente anuncia a temática da aliança ainda na discussão da nomeação sumo sacerdotal de Jesus Cristo, de acordo com a ordem de Melquisedeque. Em 7:22, a nomeação sacerdotal de Jesus significa que ele é “Fiador” (NAA, ARA, ARC) ou “garantia” (BJ, NVI, NTLH) de uma aliança superior. Esse tema é retomado e elaborado no capítulo 8, que repete a definição de sacerdócio já apresentada em 5:1, agora em 8:3. Na primeira menção dessa definição, o foco está na nomeação sacerdotal, que é o foco de elaboração da seção 5:1-10 e 7:1-28. Conforme 5:1 salienta, “Cada sumo sacerdote, sendo escolhido dentre os homens, é constituído nas coisas relacionadas com Deus, em favor dos homens, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados” (ênfase suprida). Agora, na seção de 8:1–10:18, cujo foco está na obra sacerdotal, a mesma fórmula é retomada em 8:3, mas com essa nova ênfase: “Pois todo sumo sacerdote é constituído para oferecer dons e sacrifícios; por isso, era necessário que também esse Sumo Sacerdote tivesse o que oferecer” (ênfase suprida). É precisamente nesse contexto que a menção à aliança superior mencionada em 7:22 e retomada em 8:6, que retrata a obra sacerdotal de Jesus na condição mais ampla de Mediador de uma aliança superior. Não é por acaso que Hebreus sublinha várias comparações entre o sacerdócio de Jesus Cristo com a figura mediatória de Moisés (cf. 3:1-6; 8:5; 9:19).

Contudo, a ideia de uma nova e superior aliança não é criada pela Epístola aos Hebreus. Antes, a base para isso é o próprio Antigo Testamento, mais especificamente Jeremias 31:31-34. Assim como o sacrifício superior do corpo de Jesus (Sl 40:6-8; cf. Hb 10:5-10), o Seu sacerdócio superior de acordo com a ordem de Melquisedeque (Sl 110:4; cf. Hb 5:6, 10; 6:20; 7:17, 20) e o papel do santuário celestial como verdadeiro santuário (Êx 25:40; cf. Hb 8:5, 9:11, 12, 24) são profeticamente anunciados no próprio Antigo Testamento para, então, ter seu cumprimento cristológico elaborado em Hebreus, de igual maneira a menção à nova aliança trabalha precisamente com o anúncio profético de Jeremias 31:31-34, que é citado em bloco em Hebreus 8:8-12, constituindo a maior citação do Antigo no Novo Testamento, e citada novamente, agora de maneira parcial, em Hebreus 10:16, 17. Portanto, se a nova aliança não é uma invenção do Novo Testamento, mas uma promessa profética apresentada no próprio Antigo Testamento, qual seria o problema da aliança anterior? Isto é, qual seria a necessidade de uma nova aliança?

A Epístola aos Hebreus responde essas questões significativas de duas maneiras complementares. A primeira tem caráter objetivo e diz respeito à dimensão ritual da aliança. A segunda tem caráter subjetivo e se refere à postura do povo de Deus em relação à aliança. Essa segunda resposta, com foco subjetivo, é enfatizada na própria citação de Jeremias 31:31-34. De fato, o autor de Hebreus introduz essa citação comentando que “se aquela primeira aliança tivesse sido sem defeito, de maneira alguma estaria sendo buscado lugar para uma segunda aliança” (8:7). Nas palavras de Hebreus 8:8, a busca dessa aliança superior necessariamente envolve uma repreensão aos chamados pais israelitas, especialmente no contexto da mensagem de Jeremias: “Eles não continuaram na Minha aliança” (8:9). Por isso, na realidade da nova aliança, Deus deseja não apenas perdoar os pecados de Seu povo infiel à aliança (8:12) mas colocar também Sua lei na mente e no coração dele (8:10). Obviamente, como esse trecho de Hebreus sobre a nova aliança é uma citação de Jeremias, esse desejo divino não surge no Novo Testamento, já que ele é expresso nos tempos do Antigo Testamento. De fato, esse desejo divino é mesmo anterior ao tempo do profeta Jeremias, visto que ele remete aos desejos de Deus em relação a Israel nas promessas de misericórdia registradas em Deuteronômio, que se projetavam para a renovação da aliança mesmo após um período de exílio do povo de Israel. Assim, já na aliança de Deus com Israel em Deuteronômio, Deus expressa o desejo de circuncidar o coração de seu povo (Dt 30:6). Nessa perspectiva, a nova aliança é uma continuação da aliança anterior, visto que ela cumpre os propósitos divinos que já caracterizavam a aliança de Deus com Israel. Nesse sentido, ela é nova em termos de uma renovação da aliança para o povo de Deus, que foi infiel à aliança. Aliás, tomando a história do povo de Deus como um todo, Hebreus 9:15 enfatiza que o sacrifício de Jesus Cristo tinha por objetivo “a remissão das transgressões que foram cometidas sob a primeira aliança.”

Com respeito ao caráter objetivo da necessidade de uma nova aliança, Hebreus 9:1 explica que a aliança pressupõe um santuário e serviços rituais. No entanto, o santuário, o sacerdócio e os rituais da primeira aliança não constituíam a realidade final da salvação divina, mas tipologicamente representavam, para usarmos a linguagem de Hebreus, “uma sombra dos bens vindouros” (10:1). De acordo com Hebreus 8:5, o santuário israelita foi construído à luz do modelo do verdadeiro santuário celestial. Com respeito ao sacerdócio, Hebreus 7:23-28 indica que a linhagem levítica do sacerdócio era composta por sacerdotes mortais e falhos, diferente do Cristo ressuscitado, nosso perfeito e imortal Sumo Sacerdote. Por sua vez, os sacrifícios de animais realizados por esses sacerdotes eram inúmeros e repetitivos, em contraste com o único e efetivo sacrifício de Cristo (10:1, 2; 9:25-28). Nenhuma dessas características da aliança com Israel fazia dela uma aliança ruim. Muito pelo contrário, corretamente entendida, ela é uma estrutura necessária, mas provisória, que aponta (e antecipa em forma de tipos) para a realidade que se cumpriria com o Sacerdote perfeito (Cristo) que atua no verdadeiro santuário no Céu com base no Seu sacrifício superior, realizado de uma vez por todas. Nesse sentido, a nova aliança é o cumprimento histórico do que a antiga aliança apresentava em seus tipos.

Se, do ponto de vista objetivo, a passagem dos tipos ou sombras (antiga aliança) para a realidade do sacerdócio de Cristo já realça a expectativa dessa nova aliança, do ponto de vista subjetivo essa expectativa se torna ainda mais urgente, dada a falibilidade e as iniquidades do povo de Deus. Portanto, a nova aliança representa tanto o cumprimento histórico dos tipos e sombras (aspecto objetivo) quanto o perdão e a santificação do povo de Deus que necessita ser redimido (aspecto subjetivo). Como Sumo Sacerdote da nova aliança no santuário celestial, Cristo media o perdão divino dos nossos pecados como também a inscrição da lei divina em nosso coração. Que privilégio é viver no contexto da nova aliança!

Conheça o autor dos comentários para a Lição deste trimestre: Adriani Milli Rodrigues é o coordenador da graduação em Teologia no Centro Universitário Adventista de São Paulo. Possui doutorado (Ph.D) em Teologia Sistemática na Andrews University (EUA) e mestrado em Ciências da Religião pela Umesp. Natural do Espírito Santo, ele trabalha no Unasp desde 2007. É casado com a professora Ellen e tem uma filha, a Sarah, de 7 anos.

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