A ideia de que um homem considerado culpado e executado na cruz fosse adorado como Deus era uma ofensa às pessoas da antiguidade. A referência escassa à cruz na literatura romana mostra a aversão a esse pensamento. A lei dos judeus declarava que o homem que fosse pendurado no madeiro era amaldiçoado por Deus (Dt 21:23).
Os primeiros temas encontrados nas pinturas de túmulos cristãos foram o pavão (que supostamente simbolizava a imortalidade), a pomba, a palma do atleta vitorioso e o peixe. Mais tarde, surgiram outros temas: a arca de Noé; Abraão sacrificando o carneiro em lugar de Isaque; Daniel na cova dos leões; Jonas sendo expelido pelo peixe; um pastor carregando um cordeiro; ou representações de milagres como a cura do paralítico e a ressurreição de Lázaro. Esses eram símbolos de salvação, vitória e cuidado. A cruz, por outro lado, transmitia uma sensação de derrota e vergonha. No entanto, ela se tornou o símbolo do cristianismo. Paulo chamou o evangelho de “palavra da cruz” (1Co 1:18).
Nesta semana, analisaremos a cruz no livro de Hebreus.
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Hebreus 9:15 explica que a morte de Jesus como sacrifício teve o propósito de oferecer “remissão das transgressões que foram cometidas sob a primeira aliança”, a fim de que o povo de Deus pudesse receber “a promessa da herança eterna”.
No antigo Oriente Próximo, uma aliança entre duas pessoas ou nações era algo sério que envolvia uma troca de promessas sob juramento, e isso implicava a suposição de que os deuses puniriam os que quebrassem o voto. Muitas vezes essas alianças eram ratificadas por meio do sacrifício de um animal.
Por exemplo, quando Deus fez uma aliança com Abraão, a cerimônia envolveu o ato de cortar animais ao meio (Gn 15:6-21). As partes caminhariam entre os pedaços em reconhecimento de que aqueles animais representavam o destino de quem quebrasse a aliança. Somente Deus andou entre os animais, com o propósito de comunicar a Abraão que Ele não quebraria Sua promessa.
1. Compare Gênesis 15:6-21 e Jeremias 34:8-22. O que esses textos ensinam sobre a aliança?
A aliança com Deus deu a Israel acesso à terra prometida como herança. Envolvia, no entanto, um conjunto de mandamentos e a aspersão de sangue sobre um altar, o que apontava o destino da parte que quebrasse a aliança. Hebreus diz que “sem derramamento de sangue não há remissão” [dos pecados] (Hb 9:22).
Quando Israel quebrou a aliança, Deus enfrentou um dilema doloroso. A aliança exigia a morte dos transgressores, mas o Senhor amava Seu povo. Se Ele simplesmente desviasse o olhar ou Se recusasse a puni-los, Seus mandamentos seriam invalidados, e este mundo mergulharia no caos.
Porém, o Filho de Deus Se ofereceu como Substituto. Ele morreu em nosso lugar para que pudéssemos receber “a promessa da herança eterna” (Hb 9:15, 26; Rm 3:21-26). Isto é, Ele defenderia a santidade de Sua lei e, ao mesmo tempo, salvaria os que a violassem. Isso só poderia ser realizado por meio da cruz.
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A morte de Jesus proporcionou perdão ou remissão de nossos pecados. Contudo, isso envolve muito mais do que o cancelamento da penalidade pela quebra da aliança. O sistema sacrifical israelita tinha cinco tipos diferentes de sacrifícios para expressar a riqueza do significado da cruz de Cristo.
2. Leia Efésios 3:14-19. Qual foi o pedido de Paulo em favor dos crentes?
O holocausto (ou oferta queimada) exigia que todo o animal fosse consumido no altar (Lv 1). Ele representava Jesus, cuja vida foi consumida por nós. Mesmo sendo igual a Deus, Jesus “Se esvaziou, assumindo a forma de Servo” (Fp 2:5-8).
A oferta de cereais demonstrava gratidão pela provisão divina do sustento para Seu povo (Lv 2). Também representava Jesus, “o pão da vida” (Jo 6:35, 48), por meio de Quem temos a vida eterna.
A oferta de sacrifício pacífico implicava uma refeição comunitária com amigos e família para celebrar o bem-estar (Lv 3). Representava Cristo, cujo sacrifício nos proporcionou paz (Is 53:5; Rm 5:1; Ef 2:14). Também enfatiza que devemos participar do sacrifício de Jesus comendo Sua carne e bebendo Seu sangue (Jo 6:51-56).
A oferta pelo pecado ou oferta de purificação provia expiação pelos pecados (Lv 4:1–5:13). Esse sacrifício enfatizava o papel do sangue do animal – que representava sua vida – para oferecer redenção dos pecados (Lv 17:11) e apontava para o sangue de Jesus, que nos redime dos nossos pecados (Mt 26:28; Rm 3:25; Hb 9:14).
A oferta pela culpa ou de reparação (Lv 5:14–6:7) proporcionava perdão nos casos em que a reparação ou restituição era possível. O perdão de Deus não nos livra da responsabilidade de reparar ou restituir, sempre que possível, a quem prejudicamos.
Os sacrifícios do santuário nos ensinam que a experiência da salvação é mais do que apenas aceitar Jesus como nosso Substituto. Também precisamos “alimentar-nos” Dele, compartilhar Seus benefícios com outros e reparar a quem prejudicamos.
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3. Como o sacrifício de Jesus é descrito nestas passagens? Hb 7:27; 10:10
Os sacerdotes levitas – que tinham de ser “em maior número, porque a morte os [impedia] de continuar” (Hb 7:23) – são comparados a Jesus, que vive para sempre e tem um sacerdócio imutável (Hb 7:24, 25). Os sacerdotes levitas “todos os dias” (Hb 7:27) e “todos os anos” (Hb 9:25) ofereciam dons e sacrifícios “ineficazes para aperfeiçoar aquele que presta culto” (Hb 9:9; 10:1-4).
Jesus, no entanto, ofereceu a Si mesmo “uma vez por todas”, “um único sacrifício” (Hb 10:10, 12-14) que purifica nossa consciência (Hb 9:14; 10:1-10) e aniquila o pecado (Hb 9:26). Seu sacrifício é superior ao de animais, pois Ele era o Filho de Deus (Hb 7:26-28), que cumpriu perfeitamente a vontade do Pai (Hb 10:5-10).
A descrição do sacrifício de Jesus como tendo ocorrido “uma vez por todas” tem várias implicações importantes.
Primeiro, Seu sacrifício é eficaz e nunca será superado. Os sacrifícios dos sacerdotes levitas eram repetidos porque não eram eficazes; caso contrário, “não teriam deixado de ser oferecidos? Porque os que prestam culto, tendo sido purificados uma vez por todas, não mais teriam consciência de pecados!” (Hb 10:2).
Em segundo lugar, os diferentes tipos de sacrifícios do AT se cumpriram na cruz. Jesus não apenas nos purifica do pecado (Hb 9:14), mas provê santificação (Hb 10:10-14) ao afastar o pecado de nós (Hb 9:26). Antes que os sacerdotes se aproximassem de Deus no santuário e ministrassem em favor de seus semelhantes, eles tinham que ser limpos e santificados, ou consagrados (Lv 8; 9). O sacrifício de Jesus nos limpa e nos consagra (Hb 10:10-14) para que possamos nos aproximar de Deus com confiança (Hb 10:19-23) e servi-Lo como “sacerdócio real” (Hb 9:14; 1Pe 2:9).
O sacrifício de Jesus também alimenta nossa vida espiritual; oferece um exemplo que precisamos seguir. Hebreus nos convida a fixar os olhos em Jesus, especialmente nos eventos da cruz, e seguir Sua liderança (Hb 12: 1-4; 13:12, 13).
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4. O que é dito sobre a obra de Cristo no santuário celestial? Hb 9:22-28
A ideia de que o santuário celestial precisava ser purificado fazia sentido no contexto do santuário do AT, que é um símbolo do governo divino (1Sm 4:4; 2Sm 6:2), e a maneira pela qual Deus lida com o pecado de Seu povo afeta a percepção da justiça de Seu governo (Sl 97:2). Sendo Governante, Deus é o Juiz de Seu povo e espera-se que Ele seja justo, vindicando os inocentes e condenando os culpados. Portanto, quando perdoa o pecador, Ele carrega a responsabilidade judicial. O santuário, que representa o caráter e o governo divinos, está contaminado, pois Deus carrega nossos pecados quando nos perdoa (Êx 34:7; Nm 14:17-19, a palavra hebraica original para “perdoar” [n???’] nesses versos significa “carregar, suportar”).
O sistema de sacrifícios no santuário israelita ilustra esse ponto. Quando alguém buscava perdão, trazia um animal como sacrifício em seu favor, confessava seus pecados sobre ele e o abatia. O sangue era borrifado nas pontas do altar ou aspergido diante do véu do templo no primeiro compartimento. Desse modo, o pecado era simbolicamente transferido para o santuário. Deus carregava os pecados do povo.
No sistema israelita, a purificação ou expiação dos pecados ocorria em duas etapas. Durante o ano, pecadores arrependidos traziam sacrifícios para o santuário. Esses sacrifícios purificavam as pessoas de seus pecados e os transferiam para o santuário, para o próprio Deus. No fim do ano, no Dia da Expiação, que era o dia do juízo, Deus purificava o santuário, liberando Sua responsabilidade judicial ao transferir os pecados para o bode expiatório, Azazel, que representava Satanás (Lv 16:15-22).
Esse sistema de duas fases, representadas pelos dois compartimentos no santuário terrestre, modelo do santuário celestial (Êx 25:9; Hb 8:5), permitia que Deus mostrasse misericórdia e justiça ao mesmo tempo. Quem confessava os pecados durante o ano mostrava lealdade a Deus observando um descanso solene e afligindo-se no Dia da Expiação (Lv 16:29-31). Aqueles que não mostravam lealdade eram eliminados (Lv 23:27-32).
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5. Leia Romanos 3:21-26; 1:16, 17 e 5:8. O que a redenção na cruz para o perdão dos nossos pecados revela sobre Deus?
O perdão dos pecados envolve duas fases na mediação de Jesus nos dois compartimentos do santuário celestial. Primeiro, Jesus removeu nossos pecados e os carregou na cruz a fim de oferecer perdão a todos que crerem Nele (At 2:38; 5:31). Ele também inaugurou uma nova aliança, que Lhe permite pôr a lei de Deus no coração dos crentes por meio do Espírito Santo (Hb 8:10-12; Ez 36:25-27).
A segunda fase desse ministério consiste em um juízo, o juízo pré-advento, que ainda estava no futuro do ponto de vista de Hebreus (Hb 2:1-4; 6:2; 9:27, 28; 10:25). Esse juízo se inicia com o povo de Deus e é descrito em Daniel 7:9-27, Mateus 22:1-14 e Apocalipse 14:7. Seu propósito é mostrar a justiça de Deus ao perdoar Seu povo. Nele, o registro da vida de cada um será aberto para o Universo. O Juiz mostrará o que aconteceu no coração dos crentes, como aceitaram Jesus como Salvador e Seu Espírito na vida.
Ao falar sobre esse juízo, Ellen G. White escreveu: “O homem não pode por si mesmo defender-se dessas acusações. Em suas vestes manchadas de pecado, confessando sua culpa, ei-lo perante Deus. Mas Jesus, nosso Advogado, apresenta um eficaz rogo em favor de todos os que, mediante arrependimento e fé, confiaram a Ele a guarda de sua vida. Defende- lhes a causa e derrota seu acusador com os poderosos argumentos do Calvário. Sua perfeita obediência à lei de Deus, mesmo até à morte de cruz, conferiu- Lhe todo o poder no Céu e na Terra, e Ele pleiteia de Seu Pai misericórdia e reconciliação para o homem culpado. [...] Mas, conquanto devamos reconhecer nosso estado pecaminoso, temos que confiar em Cristo como nossa justiça, nossa santificação e redenção. Não podemos contestar as acusações de Satanás contra nós. Cristo, unicamente, pode pleitear eficazmente em nosso favor. Ele é capaz de silenciar o acusador com argumentos fundamentados não em nossos méritos, mas nos Dele” (Testemunhos Para a Igreja, v. 5, p. 450, 451).
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Textos de Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 741-757 (“A Glória do Calvário”); p. 758-764 (“Está Consumado”).
Jiri Moskala explicou a natureza do juízo pré-advento. Deus “não irá exibir meus pecados como na vitrine de uma loja. Antes de tudo, irá apontar para Sua incrível graça transformadora e, diante do Universo, como a verdadeira Testemunha da minha vida, Ele explicará minha atitude, meus motivos, meu pensamento, minhas ações, minha orientação e direção de vida. Jesus testificará que cometi erros, transgredi Sua lei, mas me arrependi, pedi perdão e fui transformado por Sua graça. Ele proclamará: ‘Meu sangue é suficiente para o pecador Moskala, sua orientação de vida está em Mim, sua atitude em relação a Mim e às pessoas é calorosa e altruísta, ele é confiável, ele é Meu servo bom e fiel’” (Toward a Biblical Theology of God’s Judgment: A Celebration of the Cross in Seven Phases of Divine Universal Judgment, [Journal of the Adventist Theological Society 15, 2004], p. 155).
“Os seres remidos e os não caídos terão na cruz de Cristo seu estudo e seu cântico. Será visto que a glória que resplandece no rosto de Jesus Cristo é a glória do amor abnegado. À luz do Calvário, ficará evidente que a lei do amor que renuncia é a lei da vida para a Terra e o Céu, que o amor que ‘não procura os seus interesses’ (1Co 13:5) tem sua fonte no coração de Deus [...]” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 19, 20).
Perguntas para consideração
1. Há uma tendência de oferecer sacrifícios em troca de salvação (atos de penitência, serviço ou autoprivação). Como essas práticas devem ser vistas à luz do sacrifício de Jesus e do fato de que a cruz pôs fim a todos os sacrifícios (Dn 9:27; Hb 10:18)?
2. Qual é o papel do sacrifício do cristão? Jesus disse que precisamos tomar nossa cruz e segui-Lo (Mt 16:24); Paulo disse que devemos oferecer o corpo em “sacrifício vivo” (Rm 12:1). Qual é a relação entre essas instruções e Hebreus 13:15, 16?
Respostas e atividades da semana: 1. A aliança é um compromisso sério. As duas partes devem cumprir seu voto. 2. Que Deus lhes fortalecesse, que Cristo habitasse no coração deles, que eles fossem alicerçados em amor e que pudessem compreender e conhecer o amor de Cristo. 3. Um sacrifício definitivo, feito uma vez por todas. 4. Ele comparece diante de Deus no santuário celestial para oferecer Seu sangue em nosso favor. 5. Que Deus é misericordioso e justo.
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TEXTOS-CHAVES: Hb 9:15; Gn 15:6-21; Jr 34:8-22; Ef 3:14-19; Hb 7:27; 10:10; 9:22-28
ESBOÇO
Temas da lição
Hebreus deixa claro que a morte substitutiva de Jesus era inevitável, porque “sem derramamento de sangue não há remissão” (Hb 9:22). O sangue representa a vida do substituto. Os sacrifícios eram necessários porque as alianças em geral eram ratificadas por meio de sacrifícios de animais. Quando Israel quebrou a aliança, a exigência de que o transgressor morresse cumpriu-se em Jesus, que morreu uma vez por toda a humanidade. Os levitas ofereciam sacrifícios continuamente porque estes não eram eficazes.
O AT descreve mais de um tipo de oferta. Levítico enumera ofertas queimadas para expiação, ofertas de cereais em gratidão pela provisão divina, ofertas de comunhão para refeições comunitárias com a família e amigos, ofertas pelo pecado para a redenção em casos de pecados involuntários e ofertas de reparação para casos de restituição (ver Lv 1–6). Da perspectiva do AT, o santuário era contaminado pelos pecados diários do povo. Por isso, havia a necessidade do Dia da Expiação, ocasião em que o santuário era purificado e os pecados eram removidos.
COMENTÁRIO
Como vimos na semana passada, Hebreus 7 fala sobre Melquisedeque, que era superior à linhagem arônica de sacerdotes. Consequentemente, Cristo é superior ao sacerdócio levítico porque Ele é Sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque. Hebreus 8 fala sobre a superioridade da segunda aliança, cuja eficácia se discute em Hebreus 9:15. A primeira, estabelecida com os levitas, era defeituosa e não podia remover os pecados (Hb 7:11; 9:9).
Em Hebreus 9, Paulo também falou do sacrifício superior de Cristo. Por que é superior? Primeiro, Sua oferta não foi aplicada no santuário terrestre, mas no celestial (Hb 9:23, 24). Em segundo lugar, o sangue que Ele ofereceu não foi de um animal, mas o Seu próprio sangue (Hb 9:25, 26). Finalmente, o sacrifício de Cristo foi definitivo (Hb 9:12, 28; “uma vez por todas”) e eficaz (Hb 9:14; “purificará a nossa consciência”; Hb 10:14; “aperfeiçoou para sempre”), em contraste com os sacrifícios de animais (Hb 10:1, 4).
O dilema do altar de incenso no santíssimo
Hebreus 9 apresenta o que parece ser uma discrepância. Nos versos 3 e 4 está escrito: “Por trás do segundo véu se encontrava o tabernáculo que se chama o Santo dos Santos, ao qual pertencia um altar de ouro para o incenso e a arca da aliança totalmente coberta de ouro, na qual estava uma urna de ouro contendo o maná, o bordão de Arão, que floresceu, e as tábuas da aliança.” Esse texto parece estar em desacordo com Êxodo 30:6: “Ponha o altar [o altar de incenso] em frente do véu”, o que indica que ele não estava no santíssimo, mas no lugar santo, junto com o candelabro e a mesa com os pães consagrados. Nesse altar de incenso, Arão deveria queimar incenso “cada manhã” (Êx 30:7). Outras passagens no Pentateuco também colocam o altar de incenso no lugar santo, não no lugar santíssimo (Êx 40:5, 26). Então, por que Paulo situou o altar de ouro do incenso no lugar santíssimo?
Como explicar essa aparente discrepância?
Paulo pode ter pensado: “Embora localizado no salão maior (isto é, o lugar santo), o altar de incenso (compare com Êx 30:1-10; 1Cr 28:18) ‘pertencia ao debir’ (o lugar santíssimo na Septuaginta, tradução grega do AT). Parece que a queima de incenso realizada nesse altar tinha um efeito direto no lugar santíssimo onde Deus manifestava Sua presença entre os querubins. Afinal, a fumaça do incenso provavelmente se espalhava pela sala interior. Isso pode explicar por que Hebreus posiciona o altar de incenso no lugar santíssimo” (The Seventh-day Adventist International Bible Commentary, verbete sobre Hebreus 9:4).
Observe que, em grego, o autor de Hebreus não afirma realmente que o altar de incenso ficava no segundo compartimento; apenas que o santíssimo “tinha” o altar. A palavra traduzida como “tinha” pode ser traduzida como “contido”, mas esse não é necessariamente seu significado ou o único.
“A conexão entre o altar e o lugar santíssimo indicada aqui pode ser atribuída ao fato de que sua função estava ligada ao lugar santíssimo. O incenso oferecido nesse altar era direcionado para o propiciatório no santíssimo. Ali, Deus manifestava Sua presença entre os querubins; e, ao subir o incenso com as orações dos adoradores, ele enchia o lugar santíssimo, bem como o santo. O véu que separava os dois compartimentos não se estendia até o teto. Assim, o incenso podia ser oferecido no lugar santo, o único lugar em que os sacerdotes comuns podiam entrar, e ainda alcançar o segundo compartimento, para o qual era indicado” (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 7, p. 487).
Independentemente do que se quer dizer em Hebreus 9:4, o foco de Paulo não parecia estar nos compartimentos e na mobília, uma vez que o verso 5 diz: “Dessas coisas não falaremos, agora, com mais detalhes”. Essa frase indica que mais importante do que a mobília e sua localização é o ponto que Paulo queria enfatizar ao se referir a eles, ou seja, a superioridade do sacrifício de Cristo.
“O incenso que subia com as orações de Israel representa os méritos e a intercessão de Cristo, Sua perfeita justiça, que pela fé é atribuída ao Seu povo e que é a única que pode tornar aceitável a Deus o culto de seres pecadores. Diante do véu do lugar santíssimo, estava um altar de intercessão perpétua; e diante do lugar santo, um altar de expiação contínua. Deveriam se aproximar de Deus por meio do sangue e do incenso – símbolos que apontam para o grande Mediador, por intermédio de quem os pecadores podem se aproximar de Jeová, e por meio de quem unicamente a misericórdia e a salvação podem ser concedidas à alma arrependida e crente” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 353).
Morte substitutiva de Cristo
Substituição e satisfação são termos que têm despertado muitas críticas. Deus de fato precisava de algum tipo de substituição para a penalidade dos pecados da humanidade? O que significa substituição? Nesse contexto, substituição significa que Alguém toma o lugar de outra pessoa a fim de levar sua punição com o propósito de salvá-la.
Quanto ao segundo termo, satisfação, devemos perguntar: o que precisava ser satisfeito? A Bíblia apoia o conceito de morte substitutiva? A substituição ocorreu no caso de Abraão. Quando ele estava no Monte Moriá para sacrificar seu filho Isaque, “Abraão pegou o carneiro e o ofereceu em holocausto, em lugar de seu filho” (Gn 22:13, ênfase acrescentada). Na narrativa da Páscoa, a vida foi poupada por substituição. Mas os únicos primogênitos do sexo masculino poupados foram aqueles cujas famílias sacrificaram um cordeiro e colocaram seu sangue nas ombreiras das portas (Êx 12:7, 13). Todo o sistema sacrifical tinha por base a substituição. Como a penalidade para o pecado é a morte, o animal substituto era morto, poupando assim a vida do pecador (Lv 17:11).
Voltando ao NT, observamos que João Batista identificou Jesus como “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (Jo 1:29, ênfase acrescentada). Paulo declarou: “Pois também Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi sacrificado” (1Co 5:7). Na carta aos Efésios, o apóstolo foi claro: “Cristo nos amou e Se entregou por nós, como oferta e sacrifício de aroma agradável a Deus” (Ef 5:2, ênfase acrescentada). Em Romanos, Paulo afirmou que Deus provou Seu amor “pelo fato de Cristo ter morrido por nós quando ainda éramos pecadores” (Rm 5:8, ênfase acrescentada). A Bíblia está cheia de substituições e linguagem que denota o pecado. (Para mais exemplos, veja Is 53:12; Mc 10:45; 2Co 5:14; 1Tm 2:6; Hb 9:28; 1Pe 2:24). Hebreus coroa esse tópico com a declaração indiscutível, embora frequentemente ignorada, de que “sem derramamento de sangue não há remissão” (Hb 9:22). Que sangue? Não pode ser o sangue de animais, “porque é impossível que o sangue de touros e de bodes remova pecados” (Hb 10:4). Portanto, tem que ser o sangue, a vida, de Cristo.
Jesus levou nossos pecados e morreu por nós. Por isso, não devemos vê-Lo como alguém que não tenha interesse direto na nossa salvação, um terceiro, um indivíduo separado de Deus e da humanidade. Tal visão distorceria muitíssimo o entendimento sobre a expiação. Cristo seria retratado então como Alguém que simplesmente aplaca a ira do Pai. Deus, por Sua vez, seria considerado Alguém que pune o inocente Jesus apenas para que nós, os culpados, pudéssemos sobreviver. A unidade quebrada entre o Pai e o Filho vem à tona na forte declaração paulina de reconciliação, na qual o Pai age por meio do Filho: “Tudo isso [a nova criação em Cristo] provém de Deus, que nos reconciliou Consigo mesmo por meio de Cristo” (2Co 5:18).
Nosso Substituto não foi Cristo sozinho, nem Deus sozinho, mas Deus em Cristo, que era Deus e Homem. Deus em Cristo Se colocou como Substituto em nosso lugar. Assim, as objeções a uma expiação substitutiva desaparecem. Não há nada de imoral (transgressão da lei) nesse caso, porque o Substituto dos infratores é o Legislador. A cruz não é uma barganha transacional com o diabo nem uma troca para satisfazer a lei. Mas, como Deus, Cristo nos reconciliou Consigo mesmo. (Para um estudo mais aprofundado sobre substituição, ver John R. W. Stott, The Cross of Christ [InterVarsity Press, 1986]).
APLICAÇÃO PARA A VIDA
1. No contexto da substituição feita por Cristo, considere o refrão do hino intitulado “O Maior Milagre” (Hinário Adventista do Sétimo Dia, 198): “Mas um maior milagre me comove o ser; tão insondável é, não posso compreender: Que o meu eterno Deus, em Seu grande amor, a mim salvasse pobre pecador!” O que isso significa para você pessoalmente?
2. Por que a substituição é tão central em todo o plano da salvação? O pecado exigiu o autossacrifício de “Deus em Cristo” para resolver o problema e nos oferecer a esperança da vida eterna. O que isso nos diz sobre quanto o pecado é mau?
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Perseguida por causa da fé
Kina, ofegante e suando, correu até a casa do pastor adventista e bateu na porta em um vilarejo em Laos. A garota havia conseguido desatar as cordas que os pais tinham usado para atar as mãos dela. Eles haviam batido nela, o irmão mais velho lhe deu um tapa no rosto e chutou o seu corpo. Seu crime? A vida da garota virou de cabeça para baixo porque decidira ser batizada em nome de Jesus Cristo na igreja adventista do sétimo dia.
Muito amorosos e cuidadosos no passado, os pais se voltaram contra ela e começaram a espancá-la na tentativa de forçá-la a retornar à sua religião tradicional. Entretanto, Kina permaneceu firme e recusou desistir da fé. Sua corajosa calma em frente ao sofrimento era surpreendente. Seus novos amigos adventistas não ofereciam nenhum privilégio especial. Eles eram um pequeno grupo de crentes, a maioria mulheres, composto de pobres camponeses, agricultores e operários lutando para sobreviver.
Talvez Kina estivesse tocada por seu amor. Talvez Jesus, através do Espirito Santo, a abençoara com uma profunda paz e esperança que lhe deu forças para permanecer corajosa contra a perseguição e as pressões de sua própria carne e sangue. Algo sobre Jesus a impressionou tanto que estava disposta a arriscar tudo por Ele. Mas, por quanto tempo a garota suportaria? Quanto tempo ela seria capaz de enfrentar as surras e abusos das mãos dos pais e do irmão? Onde ela poderia ir em busca de ajuda e abrigo?
Kina não tinha nenhum lugar para ir e temia voltar para casa. Ela não podia buscar ajuda dos parentes porque também poderiam fazê-la desistir da fé em Jesus e voltar ao animismo. Não poderia ir às autoridades porque o chefe também era seu parente e pensaria que ela, como filha, deveria obedecer aos pais em todas as coisas. Obedecer aos pais é uma coisa boa e sensata de se fazer. É a coisa normal a fazer no Laos e é até bíblica. Efésios 6:1 diz: “Filhos, obedeçam a seus pais no Senhor, pois isso é justo” (NVI). Mas até que ponto os filhos devem obedecer aos pais?
Com o corpo coberto de hematomas escuros, Kina refugiou-se na casa do pastor. Mas não pôde ficar muito tempo. O pastor a enviou rapidamente para ficar com um de seus parentes de confiança, antes que os pais viessem encontrá-la. Cinco dias depois, Kina ainda estava se escondendo dos pais. Ela não podia voltar para casa. Tinha medo de voltar porque os membros de sua família a haviam espancado muitas vezes. Da última vez, seu pai até pegou uma arma e disparou um tiro alto na cabeça dela.
Embora ferida fisicamente, o impacto das ameaças e espancamento, seu estado mental permanece pouco claro.
Ore por Kina. Ore para que ela tenha forças para enfrentar as adversidades trazidas por sua família. Ore para que os anjos do Senhor a protejam e a salve de severos ferimentos. Ore para que os pais e outros membros da família tenham o coração amolecido e que vejam a luz do evangelho ou, pelo menos, permitam que a filha tenha liberdade para seguir sua consciência. Talvez ela consiga um passaporte e estude em um internato adventista em outro país. Ore para que os membros da igreja possam encarar situações trágicas com sabedoria.
Parte da oferta trimestral ajudará na construção de uma escola em Laos, para que garotas como Kina possam estudar. Agradecemos pelas ofertas missionárias que ajudam a espalhar o evangelho ao redor do mundo.
Informações adicionais
• Kina é um pseudônimo.
• Faça o download das fotos no Facebook: bit.ly/fb-mq.
• Para mais notícias do Informativo Mundial das Missões e outras informações da Divisão do Pacífico Norte-Asiático, acesse: bit.ly/ssd-2022.
Esta história ilustra os seguintes componentes do plano estratégico do “I Will Go” [Eu irei] da Igreja Adventista: objetivo missionário nº 2 – “fortalecer e diversificar o alcance dos adventistas nas grandes cidades (...) entre grupos de pessoas não-alcançadas e para religiões não cristãs”; objetivo missionário nº 3, “fazer do desenvolvimento de recursos para missões a religiões não cristãs e sistemas de crenças uma alta prioridade”; e objetivo missionário nº 4 “fortalecer as instituições adventistas na defesa da liberdade, saúde integral e esperança através de Jesus, restaurando pessoas à imagem de Deus.” Saiba mais sobre esse projeto em IWillGo2020.org.
Comentário da Lição da Escola Sabatina – 1º trimestre de 2022
Tema geral: Hebreus: mensagem para os últimos dias
Lição 9 – 19 a 25 de fevereiro de 2022
Jesus, o sacrifício perfeito
Autor: Adriani Milli Rodrigues
Editoração: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
Revisora: Josiéli Nóbrega
Embora os ritos de nossa vida religiosa contemporânea não sejam caracterizados pela prática do sacrifício de animais, como era o caso dos ritos da vida religiosa dos israelitas no Antigo Testamento, a linguagem de sacrifício continua sendo fortemente utilizada em nossos dias. Essa linguagem religiosa contemporânea do sacrifício se refere especialmente ao sacrifício de Jesus na cruz que nos traz salvação. Ao mesmo tempo, há também uma aplicação contemporânea mais ampla da linguagem de sacrifício para a vida diária. Essa aplicação ampla revela o conceito geral que temos acerca do sacrifício, a saber, a ideia de sofrimento. Com base na ideia de sofrimento, pensamos na morte de Cristo como sacrifício na cruz do Calvário. A partir da noção de sofrimento ou privação, mencionamos que “fizemos um sacrifício” em alguma situação de nossa vida. Curiosamente, essa aplicação ampla do sacrifício na vida contemporânea pressupõe um outro aspecto do conceito de sacrifício: a ideia de que ele de alguma forma resultará, em última instância, em algo bom. Em outras palavras, é um sofrimento ou privação que, de alguma forma, trará resultados positivos que tornam o sacrifício compensador ou eficaz. Embora essa aplicação geral seja usada para situações na vida contemporânea (“fazer um sacrifício”), essa ideia provavelmente derive da compreensão de que o sacrifício de Cristo é um sofrimento que resultou em algo compensador ou eficaz, que é a nossa salvação.
Até agora nosso texto introdutório trabalhou com a compreensão popular do sacrifício. É bem verdade que as ideias de sofrimento e compensação parecem encontrar fundamento na concepção bíblica de sacrifício. Contudo, a Bíblia, e em especial a Epístola aos Hebreus, contém ideias mais profundas acerca do sacrifício, especialmente quando contemplamos a eficácia do perfeito sacrifício de Cristo.
Em Hebreus, o tema do sacrifício de Cristo é particularmente desenvolvido a partir dos capítulos 9:11 a 10:18. No entanto, a definição de sacerdócio apresentada em 5:1 para introduzir a discussão da nomeação sacerdotal de Jesus Cristo (“Cada sumo sacerdote, sendo escolhido dentre os homens, é constituído nas coisas relacionadas com Deus, a favor dos homens, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados” [ênfase suprida]), inclui o oferecimento de sacrifício como aspecto ritual constitutivo da identidade sacerdotal. As ofertas no Antigo Testamento eram diversas, conforme apresentado na lição de segunda-feira, e detalhadas especialmente em Levítico 1–7 (holocaustos, ofertas de manjares/cereais, ofertas pacíficas, oferta pelo pecado/purificação e oferta pela culpa/reparação). À luz da totalidade dos serviços do santuário, todas as ofertas se cumprem em Cristo no contexto da nova aliança. No entanto, a definição de identidade sacerdotal em Hebreus 5:1 parece enfatizar, em particular, a oferta pelo pecado, que sublinha especialmente o elemento do sangue. Aliás, a discussão da nomeação e identidade sacerdotal de Jesus Cristo em 5:1-10 e 7:1-28 é concluída com a afirmação de que Ele é “santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores e exaltado acima dos Céus, que não tem necessidade, como os outros sumos sacerdotes, de oferecer sacrifícios todos os dias, primeiro, por seus próprios pecados, depois, pelos do povo; porque fez isto uma vez por todas, quando a Si mesmo ofereceu” (7:26, 27). Essa conclusão ressalta dois elementos significativos acerca da superioridade do sacrifício de Jesus. Primeiramente, a eficácia do Seu sacrifício está diretamente ligada à condição moral de Sua Pessoa: Ele é “santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores e exaltado acima dos céus” e, portanto, não necessita oferecer sacrifícios por Si mesmo. Em segundo lugar, a perfeição de Seu sacrifício se caracteriza pelo fato de que, diferente dos sacrifícios sacerdotais do Antigo Testamento, Seu sacrifício em favor dos pecados do povo não necessita ser repetido continuamente (o que é contínuo em Hebreus é a intercessão de Jesus, que obviamente é fundamentada em Seu único sacrifício – cf. 7:24, 25). Antes, Seu sacrifício foi realizado de “uma vez por todas” (Hb 9:28; 10:12).
A repetição da fórmula sacerdotal de 5:1 em 8:3 (“Pois todo sumo sacerdote é constituído para oferecer dons e sacrifícios; por isso, era necessário que também esse Sumo Sacerdote tivesse o que oferecer” [ênfase suprida]), tem o propósito de elaborar agora a temática da oferta sacrifical de Cristo no contexto da nova aliança e, por isso, reforça o sacrifício como fator crucial para a atividade sacerdotal. Como a lição de domingo adequadamente salienta, a conexão entre sacrifício e aliança é profundamente enraizada na teologia bíblica do Antigo Testamento (cf. Gn 15:6-21; Jr 34:8-22) e claramente afirmada em Hebreus 9:15: “Por isso mesmo, Ele é o Mediador da nova aliança, a fim de que os que foram chamados recebam a promessa da herança eterna, visto que houve uma morte para remissão das transgressões que foram cometidas sob a primeira aliança.” Curiosamente, embora o sacrifício de Jesus obviamente se refira ao Seu sofrimento (Hb 9:26) e à oferta do Seu corpo (Hb 10:10) na cruz do Calvário, a oferta desse sacrifício também tem uma dimensão celestial. Ao inferir da fórmula sacerdotal (“todo sumo sacerdote é constituído para oferecer dons e sacrifícios”) que era necessário que Cristo como Sumo Sacerdote também “tivesse o que oferecer”, o apóstolo argumenta que, se Jesus “estivesse na Terra, nem mesmo sacerdote seria, visto existirem” os sacerdotes terrestres “que oferecem os dons” no santuário terrestre, que é “figura e sombra das coisas celestiais” (8:4, 5). Nesse ponto, o texto de Hebreus menciona o verdadeiro santuário celestial que serviu de modelo para a construção do santuário terrestre (cf. 8:5). Portanto, de algum modo, o sacrifício de Cristo foi oferecido no santuário celestial. Essa ideia é coerente com o quadro de ofertas do Antigo Testamento, especialmente a oferta pelo pecado, que não eram concluídas com a imolação da vítima no altar, mas, tendo em vista o complexo mais amplo dos ritos do santuário, terminavam com a manipulação posterior do sacrifício por parte do sacerdote para que a oferta fosse aceita pelo Senhor. Desse modo, a ascensão de Cristo ao santuário celestial foi fundamental para a finalização da oferta do sacrifício (cf. Hb 9:11, 12). Essa entrada se relaciona especialmente com os ritos de inauguração da aliança que se deram por ocasião da inauguração do santuário na época de Moisés, que incluiu a consagração com sangue do santuário e todo o seu mobiliário (cf. Hb 9:18-21). Em realidade, Hebreus 9:11-28 parece ter em vista um complexo de atividades sacerdotais de Jesus, todas com base no Seu único sacrifício, que se estendem desde (a) Sua ascensão e entrada no santuário celestial, cumprindo tipologicamente os ritos de inauguração dos tempos de Moisés em termos da inauguração da nova aliança por Cristo no santuário celestial; (b) pontuando também a necessidade de purificação do santuário celestial (Hb 9:23), que destaca o cumprimento tipológico do Dia da Expiação e se conecta com a profecia das 2.300 tardes e manhãs de Daniel 8:14; e (c) termina com uma ênfase na segunda vinda de Cristo (Hb 9:28).
Assim, o perfeito sacrifício de Cristo se destaca pela singular eficácia demonstrada no fato de ter sido oferecido de uma vez por todas, mas também pela contínua eficácia no sentido de fundamentar todas as ações sacerdotais de Cristo, desde Sua ascensão até o Seu retorno. No momento em que vivemos, que se aproxima do Seu retorno, Seu sacrifício precisa ser eficaz em nossa vida. Permita que as ações sacerdotais de Cristo lhe tragam salvação por meio desse sacrifício precioso!
Conheça o autor dos comentários para a Lição deste trimestre: Adriani Milli Rodrigues é o coordenador da graduação em Teologia no Centro Universitário Adventista de São Paulo. Possui doutorado (Ph.D) em Teologia Sistemática na Andrews University (EUA) e mestrado em Ciências da Religião pela Umesp. Natural do Espírito Santo, ele trabalha no Unasp desde 2007. É casado com a professora Ellen e tem uma filha, a Sarah, de 7 anos.