Lição 12
14 a 20 de setembro
Julgado e crucificado
Sábado à tarde
Ano Bíblico: RPSP: Lc 2
Verso para memorizar: “Por volta das três horas da tarde, Jesus bradou em alta voz: ‘Eloí, Eloí, lamá sabactâni ?’, que significa: ‘Meu Deus! Meu Deus! Por que Me abandonaste?’” (Mc 15:34, NVI).
Leituras da semana: Mc 15; Lc 13:1; Sl 22:18; Jo 20:24-29; Jo 1:1-3; Dn 9:24-27

Marcos 15 é o centro da narrativa da Paixão. Apresenta o julgamento de Jesus, Sua condenação, a zombaria dos soldados, Sua crucifixão, Sua morte e Seu sepultamento. Os acontecimentos desse capítulo são apresentados com detalhes nítidos e cristalinos, provavelmente porque o autor deixou os fatos falarem por si mesmos. 

Ao longo desse capítulo, a ironia desempenha um papel importante. Por isso, é bastante útil ter uma definição clara do que é ironia. 

A ironia geralmente contém três componentes: 1) dois níveis de significado; 2) os dois níveis estão em conflito ou contrastam entre si; e 3) alguém não vê a ironia, não percebe o que está acontecendo e não sabe que sofrerá as consequências. 

No estudo desta semana, desde a pergunta de Pilatos: “Você é o rei dos judeus?”, passando pelos soldados zombadores, a inscrição acima da cruz e a zombaria dos líderes religiosos, que diziam: “Salvou os outros, a Si mesmo não pode salvar” (Mc 15:31), até o surgimento inesperado de José de Arimateia, o capítulo 15 de Marcos está repleto de dolorosas ironias que, no entanto, revelam verdades poderosas sobre a morte de Jesus e o que ela significa. 

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Domingo, 15 de setembro
Ano Bíblico: RPSP: Lc 3
Você é o rei dos judeus?

1. Quais tipos de situações irônicas ocorrem nessa passagem? Mc 15:1-15 

Pôncio Pilatos foi governador da Judeia de 26 a 36 d.C. Ele não era bondoso, e várias de suas ações provocaram sofrimento aos habitantes da nação (Lc 13:1). O julgamento de Jesus, conduzido pelos líderes judeus, resultou em uma sentença de morte por blasfêmia. Mas, sob o domínio romano, os judeus não podiam executar pessoas na maioria dos casos. Por isso, levaram Jesus a Pilatos para que fosse condenado. 

O texto bíblico não menciona qual foi a acusação feita contra Jesus diante de Pilatos, mas é possível averiguá-la com base na pergunta que Pilatos Lhe fez: “Você é o rei dos judeus?” (Mc 15:2). No AT, o povo de Israel ungia os seus reis; portanto, não é difícil concluir que o termo Messias (“Ungido”) possa ter sido distorcido para sugerir que Jesus reivindicava homenagem como rei e, portanto, estava em competição com o imperador. Assim, a acusação apresentada ao Sinédrio era de blasfêmia, enquanto a acusação apresentada ao governador era de conspiração, que levaria à morte. 

A ironia é que Jesus era o rei dos judeus e o Messias. As acusações de conspiração e blasfêmia foram equivocadas. Ele deveria ter recebido homenagem e adoração. Porém, Jesus ainda agia como rei. Sua resposta a Pilatos: “O senhor está dizendo isso” (Mc 15:2), foi evasiva. Ele não negou o título nem o afirmou. Isso poderia sugerir que Ele fosse um rei, mas de um tipo diferente (Jo 18:33-38). 

Marcos 15:6 menciona o costume de libertar um prisioneiro na Páscoa. Pilatos perguntou se a multidão queria que ele libertasse o “rei dos judeus” (Mc 15:9) e, embora possa ter dito isso de forma irônica, a ironia estava atuando contra ele. 

Marcos 15:9 e 10 é um exemplo de percepção e, ao mesmo tempo, de ausência de percepção. Pilatos percebeu que os líderes haviam entregado Jesus por inveja, mas não percebeu que, ao questionar a multidão, estava fazendo o jogo dos líderes. Eles agitaram a multidão e gritaram para que Jesus fosse crucificado. Pilatos recuou. A crucifixão era uma forma terrível de morte, especialmente para alguém considerado inocente. É dolorosamente irônico que um governador pagão quisesse libertar o Messias, enquanto os líderes religiosos desejassem que Ele fosse crucificado. 

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O que pode impedi-lo de seguir a multidão quando a pressão para fazer isso é grande?
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Segunda-feira, 16 de setembro
Ano Bíblico: RPSP: Lc 4
Salve, rei dos judeus!

2. O que os soldados fizeram a Jesus? Isso é relevante? Mc 15:15-20 

Os romanos espancavam os prisioneiros a fim de prepará-los para a execução. A vítima era despida, amarrada a um poste e depois açoitada com chicotes de couro aos quais eram amarrados pedaços de ossos, vidro, pedras e pregos. 

Depois que Jesus foi chicoteado, os soldados continuaram Sua humilhação, vestindo-O com um manto de cor púrpura, pondo uma coroa de espinhos em Sua cabeça e zombando Dele como rei dos judeus. Os soldados (chamados de “tropa” ou “coorte”, speiran em grego; Mc 15:16, ARC), eram um grupo com 200 a 600 homens. 

A ironia da cena é evidente para o leitor, porque Jesus realmente era o Rei, e as palavras zombeteiras dos soldados proclamavam essa verdade. A ação dos soldados era uma paródia de como eles saudavam o imperador romano com as palavras: “Salve, imperador César!” Assim, há uma comparação implícita com o imperador. 

Os soldados zombaram de Jesus batendo em Sua cabeça com um caniço, cuspindo Nele e pondo-se de joelhos em falsa homenagem. Essas três ações são expressas no original grego com o tempo verbal imperfeito. Nesse cenário, esse tempo expressa a ideia de ação repetitiva, ou seja, eles continuavam a espancá-Lo, a cuspir Nele e a ajoelhar-se em falsa homenagem. Jesus suportou tudo em silêncio. 

No padrão típico de execução romana por crucifixão, era exigido que o condenado carregasse a cruz despido até o local da execução. O objetivo, mais uma vez, era humilhar e envergonhar completamente a pessoa diante da comunidade. 

Os judeus, no entanto, abominavam a nudez pública. Marcos 15:20 observa que os soldados removeram o manto púrpura e colocaram as próprias roupas de Jesus em volta Dele. Assim, aparentemente essa foi uma concessão que os romanos fizeram aos judeus naquele momento e local. 

Pense em toda a ironia: os soldados se curvaram e prestaram “homenagem” a Jesus como rei, em atitude de zombaria, embora Jesus realmente fosse o Rei, não apenas dos judeus, mas também o Rei deles. 

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Aqueles homens não sabiam o que faziam. A ignorância os desculpará no dia do juízo?
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Terça-feira, 17 de setembro
Ano Bíblico: RPSP: Lc 5
Crucifixão

3. Que ironia terrível e dolorosa ocorre nessa passagem? Mc 15:21-38 

Jesus foi uma vítima silenciosa, controlada por pessoas decididas a matá-Lo. Até Sua prisão, Jesus realizou muitas ações. Mas agora Ele era o alvo da ação. Embora fosse um robusto pregador, acostumado a caminhar durante horas, o espancamento, a fome e o sono O enfraqueceram. Um desconhecido teve que carregar a Sua cruz. 

Na cruz, as vestes de Jesus foram removidas e se tornaram propriedade dos soldados, que tiraram a sorte para ver quem ficaria com elas (Sl 22:18). A crucifixão não envolvia excessivo derramamento de sangue. Os pregos usados para prender uma pessoa à cruz (Jo 20:24-29) provavelmente eram cravados nos pulsos, abaixo das palmas das mãos, onde não correm grandes vasos sanguíneos. (Em hebraico e em grego, a palavra traduzida como “mão” pode se referir tanto à mão quanto ao antebraço.) A palma da mão não possui as estruturas necessárias para suportar o peso do corpo na crucifixão. O nervo mediano passa pelo centro do antebraço e seria esmagado pelos pregos, causando uma dor terrível no braço. Era difícil respirar. Os crucificados tinham que empurrar os pés pregados e flexionar os braços, o que causava dor agonizante. A asfixia por exaustão era uma das possíveis causas da morte. 

Jesus foi zombado e humilhado na crucifixão. Marcos destaca o “tema do segredo e da revelação”. Jesus pedia silêncio a respeito de quem Ele era. Por isso, títulos cristológicos como “Senhor”, “Filho de Deus” e “Cristo” não ocorrem com frequência na narrativa. Isso muda na cruz. Jesus não podia mais Se manter escondido. Ironicamente, foram os líderes religiosos que usaram esses títulos para zombar de Jesus. Aqueles homens estavam condenando a si próprios! 

Em Marcos 15:31, os líderes disseram: “Salvou os outros, a Si mesmo não pode salvar.” Insinuando que Jesus estivesse desamparado na cruz, eles indicaram que Ele havia ajudado outras pessoas (o verbo grego significa “salvar”, “curar” e “resgatar”). Ironicamente, eles estavam admitindo que Jesus era o Salvador. E mais: a razão pela qual Ele não pôde, ou não quis, salvar-Se era que, na cruz, Ele salvou os outros. 

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Leia João 1:1-3. Pensando nesse texto, o que a morte de Cristo significa para você?
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Quarta-feira, 18 de setembro
Ano Bíblico: RPSP: Lc 6
Abandonado por Deus

4. Quais são as únicas palavras de Jesus na cruz que foram registradas em Marcos? O que a morte de Cristo significa para todos nós? Mc 15:33-41 

Marcos apresenta a cruz como um lugar de profundas trevas, em termos físicos e espirituais. Uma escuridão sobrenatural desceu sobre o Calvário naquela sexta-feira, desde o meio-dia até as três horas da tarde (Mc 15:33). 

As palavras de Jesus na cruz são chamadas de “clamor do abandono”. Cristo orou, clamando a Deus, perguntando por que havia sido abandonado. Ele estava citando o Salmo 22:1. Outras referências ao mesmo salmo ocorrem em Marcos 15:24 e 29, indicando que as Escrituras estavam se cumprindo na morte de Jesus. Mesmo em meio às conspirações malignas dos homens, a vontade de Deus estava sendo cumprida. 

As palavras “Eloí, Eloí” (transliteração do aramaico ‘elahi) foram traduzidas no original grego: “Deus Meu, Deus Meu”. Seria fácil imaginar que Jesus chamou Elias (aramaico ’elahi [“Meu Deus é Yahweh”]). Esse foi o erro de alguns espectadores. 

Chama a atenção o paralelo dessa passagem com o batismo de Jesus: 

Esses paralelos indicam que, assim como o batismo de Jesus representa o início de Seu ministério, profetizado em Daniel 9:24-27, o que ocorreu na cruz foi a culminação, ou objetivo, de Seu ministério, quando Ele morreu como resgate por muitos (Mc 10:45). A morte de Jesus também cumpriu parte da profecia de Daniel 9:24-27. O véu do templo rasgado aponta para o cumprimento do sistema sacrificial, quando o tipo encontrou o antítipo e começou uma nova fase da história da salvação. 

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Apesar das conspirações, os propósitos de Deus se cumpriram. Independentemente do que aconteça ao redor, temos certeza de que a bondade divina vai prevalecer?
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Quinta-feira, 19 de setembro
Ano Bíblico: RPSP: Lc 7
Colocado para descansar

5. O que significa a intervenção de José de Arimateia, especialmente quando os discípulos de Jesus haviam fugido? Mc 15:42-47 

Depois da morte de Cristo, ocorreram várias situações bastante tocantes espiritualmente, e outras extremamente importantes em termos históricos. 

José de Arimateia aparece uma única vez em Marcos. Ele era um membro respeitado do Sinédrio e fazia parte do que pode ser chamado de “elite urbana”. Por ser rico e respeitado, tinha posição junto ao governador, o que explica como poderia ter se aproximado de Pilatos e pedido o corpo de Jesus. É um detalhe comovente que um membro do conselho tenha demonstrado tanto interesse no sepultamento de Jesus. Mas, em meio a tudo isso, onde estavam os discípulos de confiança de Jesus? 

Um detalhe importante é que a morte de Jesus foi verificada. Marcos 15:43 menciona que José pediu o corpo de Jesus. Contudo, Pilatos ficou surpreso ao saber que Ele já tinha morrido (Mc 15:44). Por isso, convocou o centurião encarregado da crucifixão e perguntou se Jesus realmente tinha morrido. O centurião confirmou que sim. 

Isso é importante porque posteriormente alguns disseram que Jesus não havia morrido na cruz, mas apenas desmaiado. O testemunho do centurião ao governador romano contraria essa afirmação. Afinal, os romanos sabiam executar criminosos. 

José levou uma mortalha de linho para envolver Jesus e colocou Seu corpo em um túmulo escavado na rocha, o qual era grande o suficiente para que pessoas entrassem nele (Mc 16:5). Marcos nota que, além de José de Arimateia, duas mulheres viram o local: Maria Madalena e Maria, mãe de (outro) José. Essas duas, juntamente com Salomé, assistiram à crucifixão a distância; as três iriam ao túmulo no domingo de manhã para, segundo pensavam, completar o trabalho de embalsamar Jesus (Mc 16:1). 

Por que essas mulheres são mencionadas? Porque elas testemunhariam que o túmulo estava vazio (Mc 16) e, portanto, seriam testemunhas da ressurreição de Jesus. 

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É irônico que os seguidores de Jesus tenham “desaparecido” enquanto um membro do Sinédrio, o órgão que condenou Jesus, tenha se tornado um “herói” nessa história. Como ter certeza de que, em momentos cruciais, também não estaremos ausentes?
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Sexta-feira, 20 de setembro
Ano Bíblico:
Estudo adicional

Leia, de Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 580-595 (“No tribunal de Pilatos”), p. 596-609 (“A glória do Calvário”), e p. 610-616 (“Está consumado”). 

“Pilatos desejava libertar Jesus. Contudo, viu que não podia fazer isso e ainda conservar sua posição e honra. Em vez de perder seu poder no mundo, escolheu sacrificar uma vida inocente. Quantos, para escapar de prejuízo ou sofrimento, também sacrificam um princípio! A consciência e o dever apontam um caminho, e o interesse egoísta indica outro. A corrente se dirige vigorosamente para o lado errado, e aquele que consente com o mal é levado para as densas trevas da culpa” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 594). 

“A iniquidade de todos nós foi posta sobre Cristo como nosso Substituto e Fiador. Ele foi contado como transgressor para nos livrar da condenação da lei. A culpa de todo descendente de Adão pesava sobre Ele. A ira de Deus contra o pecado e a terrível manifestação de Seu desagrado por causa da iniquidade encheram de profunda tristeza o coração de Seu Filho. [...] Não podia ver a face reconciliadora do Pai. O afastamento do rosto divino [...] penetrou em Seu coração com uma dor que nunca poderá ser bem compreendida pelo ser humano. Essa agonia era tão grande que Ele mal sentia a dor física” (O Desejado de Todas as Nações, p. 605). 

Perguntas para consideração 

  1. A teologia da substituição era central para Ellen G. White (e para a Bíblia; ver Is 53). Qualquer teologia que diminua o papel central da substituição e da morte de Cristo em nosso lugar, recebendo em Si mesmo a penalidade pelos pecados, é uma falsa teologia. Você concorda? 
  2. Quem ou o que seria o “Barrabás” hoje, pedido em lugar de Jesus? 
  3. O que a história de José de Arimateia nos ensina sobre não julgar pelas aparências? 
  4. Você consegue ensinar Daniel 9:24-27? Isso é importante? 

Respostas e atividades da semana: 1. Temos as seguintes ironias: Jesus foi acusado de Se declarar Filho de Deus e Rei dos judeus, o que Ele era, de fato; o governador pagão queria libertar Jesus, enquanto os líderes religiosos judeus queriam matá-Lo; o povo preferiu libertar o criminoso e condenar o Inocente; Pilatos percebeu a injustiça das acusações, mas deixou com o povo e os líderes a decisão de qual preso seria libertado. 2. Vestiram Jesus com um manto púrpura, colocaram uma coroa de espinhos na Sua cabeça e O saudaram como Rei dos judeus. Embora a intenção fosse zombar de Jesus, ironicamente eles homenagearam o verdadeiro Rei dos judeus e do mundo inteiro. 3. Jesus estava tão fraco que não conseguiu carregar a cruz; as vestes de Jesus foram usadas para revestir outras pessoas; os escribas e sacerdotes disseram que Jesus não pôde Se salvar porque salvou os outros. 4. “Deus Meu, Deus Meu, por que Me desamparaste?” A morte de Jesus garante nossa salvação. 5. A intervenção de José de Arimateia foi o cumprimento da profecia de Isaías 53. Ironicamente, em vez dos discípulos, um membro do Sinédrio cuidou do sepultamento de Jesus.

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Resumo da Lição 12
Julgado e crucificado

TEXTO-CHAVE: Marcos 15:26, 32, 43 

FOCO DO ESTUDO: Marcos 15 

ESBOÇO 

Introdução: Marcos 15 apresenta três cenas principais relacionadas ao julgamento, à crucifixão e à ressurreição de Jesus. Esses eventos nos oferecem uma compreensão sobre a natureza do reino de Deus. Primeiro, Marcos examina o papel que o Sinédrio desempenhou na condenação de Jesus. Nesse evento, os sacerdotes e outros líderes judaicos são apresentados como antagonistas. Em seguida, Marcos dedica espaço considerável de sua narrativa para descrever o papel de Pôncio Pilatos na condenação e julgamento de Jesus. Por fim, o evangelho narra as ações de José de Arimateia, que depositou o corpo de Jesus no túmulo que lhe era destinado. 

Temas da lição: O estudo desta semana está dividido em três seções: 

1. O Sinédrio e a condenação de Jesus. Nesta seção, vamos examinar a atitude do Sinédrio e do sumo sacerdote em relação a Jesus antes de Sua crucifixão. 

2. A aprovação da autoridade romana na condenação de Jesus. Nesta seção, vamos explorar o papel de Pôncio Pilatos no julgamento de Jesus. 

3. José de Arimateia e o reino de Deus. Marcos destaca brevemente as ações de José de Arimateia após a morte de Jesus. 

COMENTÁRIO 

Condenado pelo Sinédrio e pelos sacerdotes 

Marcos 14 descreve o papel ativo que os sacerdotes e outros líderes da nação desempenharam na prisão de Jesus (Mc 14:1). Quando Judas foi negociar o ato de traição, “eles, ouvindo isto, se alegraram” (Mc 14:11). Os sacerdotes, os escribas e os anciãos conspiraram entre si na trama para matar Jesus. A trama deles fica evidente ao enviarem “uma multidão com espadas e porretes” para prender Jesus (Mc 14:43). 

Jesus é preso e levado a julgamento. Inicialmente, esse julgamento ocorreu no Sinédrio. Marcos 14:53 a 55 descreve a cena: “E levaram Jesus ao sumo sacerdote, e então se reuniram todos os principais sacerdotes, os anciãos e os escribas. [...] E os principais sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam algum testemunho contra Jesus para O condenar à morte.” Aparentemente, foi o sumo sacerdote quem liderou a reunião do Sinédrio, bem como o julgamento interrogatório de Jesus (Mc 14:60, 61). Além disso, foi ele quem apresentou aos membros do Sinédrio o argumento final para condenar Jesus. Marcos descreve essa ação com as seguintes palavras: “O sumo sacerdote tornou a interrogá-Lo: – Você é o Cristo, o Filho do Deus Bendito? Jesus respondeu: – Eu sou, e vocês verão o Filho do Homem sentado à direita do Todo-Poderoso e vindo com as nuvens do céu. O sumo sacerdote, rasgando as suas vestes, disse: – Por que ainda precisamos de testemunhas? Vocês ouviram a blasfêmia. Qual é o parecer de vocês? E todos O julgaram réu de morte” (Mc 14:61-64, grifo nosso). Assim, foi nessa reunião do Sinédrio, ocorrida com a presença dos líderes religiosos mais importantes da nação, que Jesus foi condenado e sentenciado à morte. 

Mais tarde, os líderes do Sinédrio tentaram obter uma confirmação legal da sentença pré-acordada. Para tanto, aparentemente em outra reunião, os membros do Sinédrio decidiram levar Jesus perante Pôncio Pilatos como parte de uma estratégia para obter uma sentença de condenação da autoridade romana. Marcos inicia o capítulo 15 dizendo: “Logo pela manhã, os principais sacerdotes entraram em conselho com os anciãos, os escribas e todo o Sinédrio; e, amarrando Jesus, levaram-No e O entregaram a Pilatos” (Mc 15:1). 

O Sinédrio era o “conselho judicial supremo [...] do judaísmo, possuindo 71 membros, localizado em Jerusalém. Ele ocupa lugar de destaque nas narrativas dos evangelhos sobre a Paixão como o órgão que julgou Jesus, e é mencionado novamente em Atos como o tribunal judicial que investigava e perseguia a crescente igreja cristã” (Philip Wesley Comfort e Walter A. Elwell, eds., Tyndale Bible Dictionary [Carol Stream, IL: Tyndale House Publishers, 2001], p. 1165). Embora a região da Judeia estivesse sob domínio do governo romano, em algumas questões ela estava sob a jurisdição do Sinédrio. “Procuradores, como Pôncio Pilatos ou Félix, dependiam de tribunais ou conselhos judaicos para lidar com inúmeros assuntos administrativos” (Joel B. Green e Lee Martin McDonald, eds., The World of the New Testament: Cultural, Social, and Historical Contexts [Grand Rapids, MI: Baker Academic, 2013], p. 270). Como já mencionado, durante o primeiro século d.C., o Sinédrio era constituído por sacerdotes, fariseus, saduceus, escribas e anciãos (Mc 15:1; At 23:1, 6). O papel dos sacerdotes, especialmente do sumo sacerdote, era predominante nas assembleias. 

O antagonismo dos sacerdotes em relação a Jesus fica evidente na resposta deles ao Seu ministério, especialmente em Jerusalém. Pilatos “bem percebia que era por inveja que os principais sacerdotes lhe haviam entregado Jesus” (Mc 15:10). A hostilidade deles para com Cristo era tão evidente que, no verso seguinte, Marcos descreve a exigência que fizeram a Pilatos para condenar Jesus à morte: “Os principais sacerdotes incitaram a multidão no sentido de que lhes soltasse, de preferência, Barrabás” (Mc 15:11). 

Quando Jesus foi crucificado, os sacerdotes (junto com os escribas), “zombando, diziam entre si: – Salvou os outros, a Si mesmo não pode salvar. Que o Cristo, o Rei de Israel, desça agora da cruz para que vejamos e creiamos” (Mc 15:31, 32). É irônico que quando Jesus estava morrendo na cruz, os sacerdotes, fora de si, tenham declarado que Aquele que estava na cruz era o Messias, o Rei de Israel! Embora Jesus seja mencionado como rei diversas vezes em Marcos 14, Pilatos é quem enuncia essa verdade com mais clareza. Mas mesmo os líderes da nação israelita O confirmaram como o Messias e Rei de Israel, embora em atitude de zombaria. Eles não sabiam que, com a morte de Jesus, a necessidade de realizar sacrifícios no santuário terrestre estava prestes a cessar. Marcos 15:37 diz: “Jesus, dando um forte grito, expirou”, e no verso seguinte, o evangelho relata que “o véu do santuário se rasgou em duas partes, de alto a baixo” (Mc 15:38).

O templo agora estava aberto. Assim, não fazia mais sentido continuar oferecendo sacrifícios de animais, pois o Cordeiro de Deus já havia sido abatido. Qualquer pessoa que aceitasse o sacrifício de Jesus poderia se tornar parte de Seu reino. As fronteiras do reino foram ampliadas, e o convite para aderir a ele estendeu-se a todas as nações. 

A aprovação de Roma garantida no julgamento de Jesus 

A cidade de Jerusalém, onde ocorreram os eventos do julgamento e crucifixão de Jesus, pertencia à região da Judeia. Anos antes, Herodes, o Grande, havia governado essa área, incluindo a região da Galileia. Ele havia construído um palácio em Jerusalém. Agora, na época de Jesus, a região da Judeia estava sob a supervisão e o controle direto do Império Romano. Assim, era considerada província romana, com um governador nomeado pelos romanos. Nesse período específico da vida de Jesus, o governador nomeado era Pôncio Pilatos. 

Portanto, foi diante de Pilatos que os sacerdotes levaram Jesus para garantir uma sentença oficial de morte. O evangelho de Marcos indica que as ações de Pilatos foram, em última análise, ditadas pelo seu desejo de agradar a multidão sanguinária. No julgamento de Jesus, Pilatos vacila entre as convicções da sua consciência e sua fraqueza moral. Ele luta para libertar Jesus, embora não encontre razão para condená-Lo. O evangelista descreve o dilema de Pilatos em Marcos 15:12 a 15. Depois de interrogar Jesus, Pilatos não consegue encontrar nenhum motivo para condená-lo. Ele então pergunta aos sacerdotes: “O que, então, vocês querem que eu faça com este a quem vocês chamam de Rei dos judeus?” (Mc 15:12). Então, em Marcos 15:13, quando os sacerdotes gritam: “Crucifique-O!”, Pilatos responde: “Que mal fez Ele?” Finalmente, em Marcos 15:15, o evangelho nos dá um vislumbre do que havia no coração do procurador romano e da razão que o motivou a condenar Jesus à morte por crucifixão: “Então Pilatos, querendo contentar a multidão, lhes soltou Barrabás. E, depois de mandar açoitar Jesus, entregou-O para ser crucificado.” 

Ironicamente, foi Pilatos, e não os líderes judeus, quem mencionou diversas vezes o reino de Deus, ao identificar Jesus como o Rei dos judeus. Jesus trouxe a possibilidade do reino de Deus para a nação, mas o convite foi rejeitado pelos seus líderes. O governador secular reconheceu Jesus como Rei, e Jesus permitiu ser chamado assim. Da perspectiva de Pilatos, Jesus morreu como “o Rei dos judeus”. De acordo com o evangelho de João, “Pilatos escreveu também um título e o colocou no alto da cruz. E o que estava escrito era: ‘Jesus Nazareno, o Rei dos Judeus’” (Jo 19:19). 

É importante esclarecer que Pilatos, ao designar Jesus como Rei dos judeus, não reconhecia a dimensão espiritual do reino de Deus. Ele disse a Jesus: “Você não me responde? Não sabe que tenho autoridade tanto para soltar Você como para crucificá-Lo?” (Jo 19:10). Jesus imediatamente situou as coisas na perspectiva cósmica adequada: “O senhor não teria nenhuma autoridade sobre Mim se de cima não lhe fosse dada” (Jo 19:11). Em outras palavras, Jesus disse a Pilatos: “Eu não sou apenas o Rei dos judeus, mas também estou acima de todos os poderes e reinos da Terra, incluindo o seu.” Essas palavras tocantes atingiram a mente de Pilatos, de modo que ele “queria soltá-Lo” (Jo 19:12). Contudo, a compreensão de Pilatos sobre o reino de Deus era limitada pela ideia de que não havia rei superior a César (veja Jo 19:12, 15) – que, naturalmente, era o título do imperador romano.

Ellen G. White menciona por que Pilatos permitiu que Jesus fosse crucificado: “Pilatos cedeu às exigências da multidão. Em vez de arriscar sua posição, preferiu entregar Jesus para ser crucificado. Mas, apesar de suas precauções, exatamente o que temia ocorreu mais tarde. Suas honras foram retiradas, foi removido de seu alto posto e, lesado pelo remorso e o orgulho ferido, deu fim à própria vida pouco depois da crucifixão de Cristo” (O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 594). 

José e o reino de Deus 

Mesmo que os líderes religiosos não tenham reconhecido a autoridade de Jesus ou o Seu reino, e mesmo que a perspectiva de Pilatos sobre a realeza de Jesus fosse limitada pela sua própria cosmovisão pagã, houve alguém que creu e aceitou o reino sobre o qual Jesus pregou: José de Arimateia, um preeminente membro do Sinédrio. O evangelho de Marcos diz que ele “também esperava o reino de Deus”, e “dirigiu-se ousadamente a Pilatos e pediu o corpo de Jesus” (Mc 15:43). A proclamação de Cristo teve um efeito poderoso na vida desse importante membro da sociedade israelita. As obras de Jesus estavam começando a produzir os primeiros frutos. O capítulo termina relatando as ações desse líder judaico, um homem que encontrou em Jesus o Rei da sua vida e de todos os seus bens. José de Arimateia assumiu todas as responsabilidades e despesas do sepultamento de Jesus. Quando a maioria dos discípulos estava longe e a nação havia rejeitado o reino, havia um homem, José de Arimateia, que reconheceu que “o tempo [estava] cumprido, e o reino de Deus [estava] próximo” (Mc 1:15). 

APLICAÇÃO PARA A VIDA 

Pilatos quase foi persuadido a libertar Jesus da condenação da cruz. No entanto, as pessoas gritaram: “Se você soltar este homem, não é amigo de César!” (Jo 19:12). Pergunte aos membros de sua classe: Que princípios e fatores moldam e motivam seus pensamentos e decisões? 

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Tesouro verdadeiro

Costa Rica | Jahiquel

Jahiquel era um garoto pobre que vivia em uma família pobre na Costa Rica. Enquanto crescia, ele não tinha muita coisa. Mas aos 16 anos, começou a usar uma corrente grossa de outro no pescoço e anéis de ouro nos dedos.

A gangue do bairro começou a suspeitar. O líder da gangue, apelidado de “O Diabo”, pensou que Jahiquel poderia estar lidando com drogas sem a sua aprovação. Ele instruiu um membro da gangue para fazer contato com Jahiquel por meio das redes sociais e perguntar: “A sua corrente foi feita de ouro de verdade?”

Jahiquel tinha orgulho de possuir joias de ouro de verdade e respondeu com uma palavra: “Sim”. Ele sabia que a mensagem tinha vindo de um membro da gangue. Ele já havia pertencido àquela gangue antes, mas a abandonou para se juntar a outra. Agora, em vez de vender drogas, ele estava roubando casas e sequestrando pessoas para pedir resgate. Ele tinha comprado suas joias de ouro com os ganhos ilícitos da gangue.

Horas depois, às 7 horas naquela noite, Jahiquel viu o membro da gangue acelerando em sua direção em uma moto. Jahiquel estava do lado de fora da casa de sua avó, onde acabara de chegar para passar a noite. Ele tinha vindo a pé da casa de sua mãe, onde ele ficava durante o dia.

Sentado atrás do membro da gangue na moto estava o irmão do membro da gangue. Com horror, Jahiquel viu o irmão levantar uma pistola 9mm e começar a atirar. Ele reconheceu a arma. Ele tinha vendido ao irmão vários meses antes.

Rapidamente, oito balas perfuraram o corpo de Jahiquel: duas em suas pernas e cinco em seu peito e estômago. Ele caiu no chão, apavorado. Estava assustado demais para gritar ou se mover. Pensamentos invadiram sua mente. Ele se lembrou de quando era menino e uma tia adventista o ensinou a orar e ler a Bíblia. Ele percebeu que havia cometido um erro ao participar de gangues. Ele orou: “Deus, me perdoe”.

O tempo pareceu parar. Então ele ouviu a moto fugir. Um carro passou, mas não parou. A avó saiu da casa e se inclinou sobre Jahiquel.

Um segundo carro passou e parou. Duas pessoas saíram, colocaram Jahiquel dentro e o levaram para o hospital.

Jahiquel acordou no dia seguinte às 3 horas da tarde. Ele estava conectado a uma máquina que o ajudava a respirar. Ele tinha 23 pontos no meio do estômago. Ficou sabendo que quase havia morrido. Adventistas da igreja de sua tia estavam orando por sua sobrevivência por horas. Agora ele estava vivo, e isso era um milagre.

A partir daquele dia, ele decidiu viver para Jesus.

Três anos mais tarde, Jahiquel está estudando para se tornar um barbeiro. Ele compartilha sua história com outros jovens, encorajando-os a encontrar um significado na vida através de Deus e não das gangues. Ele os exorta para encher suas mentes com coisas boas e permanecer perto de Deus.

Em sua própria vida, ele se arrepende de ter enchido a mente de lixo quando era adolescente e confia que Deus a encherá de coisas boas quando passar tempo com a Bíblia. Afinal, o apóstolo Paulo diz: “E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12:2, ARC).

“Eu quero pensar em coisas boas e não quero lembrar do passado”, diz Jahiquel. “Agora eu leio a Bíblia todos os dias de manhã e à noite. Eu acordo cedo para orar. É um processo. Eu sei que, com a ajuda de Deus, posso ir longe”.

Os dois irmãos que o atacaram nunca foram levados à justiça porque ele não revelou suas identidades à polícia. Ele ainda mora no mesmo bairro e entende que entregá-los colocaria ele, a mãe e a avó em risco.

Quanto às suas joias de ouro, ele as perdeu no dia do ataque. Ele não sabe quem as pegou, mas não se importa. Ele encontrou o verdadeiro tesouro que não pode ser usado. O verdadeiro tesouro é o que Ele tem em seu coração.

Essa história missionária fornece uma visão interna da vida na Costa Rica e dos desafios missionários do país. Parte das ofertas deste trimestre ajudarão a abrir um centro de influência que ajudará a compartilhar o amor de Jesus com crianças que, como Jahiquel, correm o risco de serem influenciadas pelas drogas e gangues na Costa Rica. Obrigado por suas ofertas generosas.

Por Andrew McChesney

Dicas para a história

  • Mostre a Costa Rica no mapa.
  • Pronúncia para Jahiquel como DJEI-kel.
  • Assista a um curto vídeo no YouTube sobre Jahiquel: bit.ly/ Jahiquel-IAD.
  • Baixe as fotos desta história pelo Facebook: bit.ly/fb-mq
  • Compartilhe publicações missionárias e fatos rápidos sobre a Divisão Interamericana: bit.ly/iad-2024

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Comentário da Lição da Escola Sabatina – 3º Trimestre de 2024

Tema geral: O Evangelho de Marcos

Lição 12 – 14 a 21 de setembro

“Julgado e crucificado”

 

Autor: Natal Gardino

Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br

Revisora: Rosemara Santos

Na lição desta semana vemos o quanto Jesus sofreu para nos resgatar do pecado. A própria humanidade que Ele veio salvar tornou Seus últimos momentos muito mais difíceis e dolorosos. Mas a zombaria, os escárnios e mesmo a tortura não desviaram Jesus de Sua missão de nos salvar.

A ironia a respeito do Rei

O livro de Marcos está repleto de ironias: Jesus sendo preso como se fosse um salteador enquanto soltam um criminoso perigoso em Seu lugar; Pilatos perguntando aos judeus: “Querem que eu solte o Rei dos judeus” (Mc 15:9); os soldados fazendo reverência zombeteira e dizendo: “Salve, Rei dos judeus” (15:18, 19); a frase “Salvou os outros, e a Si mesmo não pode salvar” (15:31); todas ferindo o coração de Deus e revelando verdades que eram ridicularizadas.

Mesmo sofrendo toda essa zombaria, dor e humilhação, Jesus ainda estava preocupado em salvar. O próprio Pilatos sentiu que havia algo diferente a respeito Daquele Acusado. Quando Pilatos Lhe perguntou: “Tu és Rei dos judeus?” (Mc 15:2), Jesus respondeu de tal modo que o fizesse refletir sobre o assunto para tomar uma decisão: “O senhor está dizendo isso”, disse Ele. Ellen G. White diz que Jesus “sabia que o Espírito Santo estava trabalhando em Pilatos e deu-lhe oportunidade de reconhecer a própria convicção” (O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 583). Nesse instante, de acordo com ela, “Pilatos compreendeu a intenção de Jesus, mas o orgulho surgiu em seu coração. Não queria reconhecer a convicção que tomava conta dele” (ibid.). Pilatos perdeu a chance de se tornar súdito do verdadeiro Rei e do verdadeiro reino. Mas outros ainda O reconheceriam, assim como fez o centurião romano que estava em frente de Jesus quando O viu morrer (Mc 15:39).

A cruz

A morte de cruz era uma forma de tortura extremamente cruel. A vítima poderia sofrer por dias até morrer. A cruz de Jesus, apesar de ter sido prevista por Deus (Sl 22:16), não foi planejada por Ele. Ao contrário, a cruz foi um instrumento de tortura de Satanás para tornar muito mais difícil a missão de Jesus e tentar impedi-la. Jesus não precisava passar por isso, pela cruz, para nos salvar. Esse foi um sofrimento além daquele que já O oprimia e O fazia suar sangue: a separação do Pai.

Horas antes da cruz, no jardim do Getsêmani, Jesus já estava começando a sangrar devido ao peso do pecado da humanidade sobre Si, que causava separação entre Ele e o Pai (Is 59:2). A tortura da cruz – prevista por Deus mas não planejada por Ele – tinha o propósito diabólico de fazer com que Jesus desistisse de Sua missão, ou que Ele morresse assassinado.

Um assassinato não nos salvaria dos nossos pecados. Herodes já havia tentado assassinar Jesus quando Ele ainda era apenas um bebê. Satanás tentou em várias outras ocasiões provocar a Sua morte. Contudo, Jesus não nos substituiria simplesmente por morrer. Muito menos sendo assassinado. Ele teria que morrer em nosso lugar, assumindo os nossos pecados, sendo assim separado de Deus (Is 59:2).

Foi isso o que angustiou Seu coração até a morte (Mc 14:34; Sl 22:14). Foi isso o que fez com que Ele nos representasse e tomasse o nosso lugar. Foi por isso que “Pilatos admirou-se de que Ele já tivesse morrido” (Mc 15:44). Jesus morreu na cruz, mas não por causa dela. Assim, apesar de sua devida importância, a cruz não foi o instrumento de nossa salvação; ela foi um palco, expondo ao Universo o quanto Jesus amou a humanidade. Ele amou as pessoas até o fim (Jo 13:1).

Por que Me abandonaste?

As palavras de Jesus: “Deus Meu, Deus Meu, por que Me desamparaste?” (Mc 15:34) não querem dizer que Ele estava confuso a respeito de Sua situação ou que Ele estivesse cobrando o Pai por havê-Lo abandonado inesperadamente. Na verdade, Jesus estava citando a primeira metade do Salmo 22:1, que diz exatamente essas mesmas palavras. Seu objetivo era revelar aos que contemplavam a horrível cena que Ele era o cumprimento daquele Salmo que descreve o Messias pendurado na cruz e as pessoas ao redor, contemplando.

O Salmo 22, de Davi, descreve os inimigos ao redor, dizendo: “Confiou no Senhor! Ele que O livre! Salve-O, pois Nele tem prazer” (Sl 22:8). Esse salmo também descreve “cães” e malfeitores cercando esse Alguém que teve Suas mãos e pés traspassados (v. 16). Além disso, o verso 18 diz: “Repartem entre si as Minhas roupas e sobre a Minha túnica lançam sortes”.

Portanto, Jesus não exprimiu essa frase por estar supostamente confuso ou por imaginar que Deus O tivesse abandonado inadvertidamente. Apesar de Sua dor, Ele Se preocupou em despertar a atenção das pessoas ao Seu redor para as Escrituras, para perceberem que Ele era o cumprimento das profecias até mesmo naquela situação.

O descanso sabático na criação e na redenção

É muito verdadeira a frase que diz que somos de Deus duas vezes: pela criação e pela redenção. Somos de Deus por Ele nos ter criado à Sua imagem e em perfeita santidade; e, ao nos perdermos por causa do pecado, o Senhor nos resgatou por meio de Sua morte substitutiva.

O sábado marca a conclusão desses dois grandes momentos. Após haver criado o primeiro casal, Deus disse que tudo era “muito bom” (Gn 1:31) e descansou no sábado (Gn 2:1-3). Cerca de quatro mil anos depois, pendurado na cruz, após ter dito “está consumado” e morrer em nosso lugar, Jesus foi posto para “descansar” no dia do Senhor (Mc 15:42; 16:1).

Isso deve significar muito para nós a respeito da importância desse dia. Cada sábado deve ser para nós a lembrança de que somos do Senhor pela criação e novamente pela redenção.

Conclusão

Jesus é nosso grande Substituto e Salvador. “Em troca da alegria que Lhe estava proposta”, que é a nossa salvação, Ele “suportou a cruz, sem Se importar com a vergonha, e agora está sentado à direita do trono de Deus” (Hb 12:2). Olhemos firmemente para Ele, o Autor e Consumador de nossa fé!

Conheça o autor dos comentários deste trimestre: Natal Gardino é mestre em Novo Testamento e doutor em Ministério pela Universidade Andrews. Iniciou seu ministério em 2003 como pastor distrital e atuou em quatro diferentes regiões. Desde 2022, é professor de Novo Testamento do Seminário Adventista de Teologia na FAP (antigo IAP), no Paraná. É casado com Irineide Gardino, psicóloga clínica. O casal tem dois filhos: Kaléo e Nicholas.