Lição 6
30 de julho a 05 de agosto
Lutando com toda a energia
Sábado à tarde
Ano Bíblico: Is 27-29
Verso para memorizar: “É para esse fim que eu me empenho, esforçando-me o mais possível, segundo o poder de Cristo que opera poderosamente em mim” (Cl 1:29).
Leituras da semana: Jo 16:5-15; Cl 1:28, 29; 1Pe 1:13; Mt 5:29; Gn 32

Um homem e uma mulher participavam de um programa de entrevistas. Ambos tiveram o filho assassinado. O filho da mulher tinha sido assassinado 20 anos antes, e sua ira e amargura eram maiores do que nunca. O homem experimentava algo totalmente diferente. A filha dele tinha sido assassinada por terroristas alguns anos antes. Ele falou sobre o perdão para os assassinos e de como Deus transformou sua dor. Por mais terrível que fosse seu sofrimento, aquele homem se tornou uma ilustração de como o Senhor pode trazer cura nos momentos mais sombrios da vida.

Como duas pessoas podem reagir de maneira tão diferente? Que mudança espiritual ocorre na vida de um cristão, permitindo que ele amadureça nos crisóis da vida, em vez de ser completamente dominado por eles?

Resumo da semana: Qual é o papel de nossos desejos e força de vontade na batalha contra o eu e o pecado? Como podemos evitar o erro de permi- tir que nossos sentimentos governem nossas decisões? Por que devemos perseverar e não desistir quando passamos por um crisol?

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Domingo, 31 de julho
Ano Bíblico: Is 30-33
O Espírito da verdade

Você já orou assim: “Por favor, Deus, faze-me bom!”, mas pouco pareceu mudar? Como é possível nossa vida ainda permanecer a mesma se oramos para que o grande poder divino transformador opere em nós? Sabemos que Deus nos oferece recursos sobrenaturais ilimitados. Desejamos tirar proveito de tudo isso; contudo, pode ser que nossa vida não mude de uma forma que corresponda ao que o Senhor oferece.

Por quê? Embora o Espírito tenha poder ilimitado para nos transformar, é possível, por escolha própria, restringir o que Deus pode fazer.

1. Leia João 16:5-15. Jesus chama o Espírito Santo de “Espírito da verdade” (Jo 16:13). O que isso sugere que o Espírito faz por nós?

Embora o Espírito Santo possa nos trazer a verdade sobre nossa pecaminosidade, Ele não pode nos obrigar a nos arrependermos. Também pode nos mostrar a grande verdade sobre Deus, mas não pode nos forçar a crer Nele nem a Lhe obedecer. Se fizesse isso, mesmo que da maneira mais leve, perderíamos nosso livre-arbítrio, e Satanás O acusaria de manipular nossa mente e nosso coração e, portanto, trapacear no grande conflito. Quando a controvérsia começou no Céu, nosso Pai não obrigou Satanás nem qualquer anjo a acreditar que Ele era bom e justo, nem obrigou os anjos a se arrependerem. No Jardim do Éden, quando novamente havia muita coisa em jogo, o Criador foi claro sobre a árvore no meio do jardim, mas não impediu que Adão e Eva exercessem seu livre-arbítrio para desobedecer. Deus não agirá de forma diferente conosco. Assim sendo, o Espírito apresenta a verdade sobre Deus e o pecado e diz: “Tendo em vista o que lhe mostrei, o que você fará?”

O mesmo se dá quando estamos no crisol. Em alguns casos, sofremos precisamente porque não obedecemos ou não nos arrependemos dos pecados. Para que nosso Pai atue em tais casos, devemos escolher de forma consciente abrir as portas do arrependimento e da obediência para que o poder divino nos transforme.

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Quais convicções o “Espírito da verdade” lhe trouxe recentemente? Você tem ouvido Sua voz? E, o mais importante, que escolhas tem feito com seu livre-arbítrio?


Segunda-feira, 01 de agosto
Ano Bíblico: Is 34-37
A combinação divino-humana

Qual foi sua maior conquista? O que quer que tenha sido, isso não aconteceu simplesmente porque você rolou para fora da cama pela manhã. Se quisermos alcançar algo que valha a pena, isso leva tempo e esforço. O discipulado cristão não é diferente.

2. Leia Colossenses 1:28, 29. Embora Paulo tenha dito que Deus atuava nele, de que forma mostrou que o esforço humano estava incluído? Veja Deuteronômio 4:4; Lucas 13:24; 1 Coríntios 9:25; Hebreus 12:4.

Em Colossenses 1:29, há uma revelação muito interessante da maneira pela qual Paulo compreendia seu relacionamento com Deus nessa obra. Ele disse que se empenhava segundo o poder divino.

A palavra “empenhar-se” significa “trabalhar até à exaustão”. Era usada principalmente para os atletas em treinamento. O verbo “esforçar”, que vem em seguida, pode significar em alguns idiomas “agonizar”. Então, temos a imagem de um atleta que luta de todas as formas para vencer. Paulo acrescentou algo novo a essa ideia, pois ele se esforçava não com tudo o que tinha, mas com tudo o que Deus lhe dava. Sendo assim, podemos tirar uma conclusão simples sobre o ministério de Paulo: foi um ministério realizado com grande esforço pessoal e disciplina, mas desempenhado com o poder de Deus. Essa relação funciona exatamente da mesma forma à medida que buscamos desenvolver o caráter de Cristo em nós.

É importante se lembrar disso, neste mundo em que muitos querem obter cada vez mais mediante cada vez menos esforço. Essa ideia também adentrou o cristianismo. Alguns evangelistas cristãos prometem que, se você apenas crer, o Espírito Santo virá sobre você com um poder sobrenatural incrível e fará grandes milagres. Mas isso é uma perigosa meiaverdade, pois pode nos levar a concluir que basta apenas esperar que o poder de Deus venha enquanto ficamos assentados confortavelmente!

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Qual é a sua própria experiência com o tipo de esforço de que Paulo falou? Você tem lutado contra a voz de Deus, que fala ao seu coração, e tem resistido ao chamado Dele? Como você pode se render à vontade divina?


Terça-feira, 02 de agosto
Ano Bíblico: Is 38-40
Vontade disciplinada

Um dos maiores inimigos da nossa vontade são os sentimentos. Somos bombardeados com imagens e músicas que apelam aos nossos sentidos, desencadeando emoções (ira, medo ou luxúria), sem que percebamos. Com que frequência pensamos em coisas como “O que desejo comer hoje no jantar?” “O que estou com vontade de fazer hoje?” “Eu me sinto bem em comprar isso?” Os sentimentos se tornaram intimamente envolvidos em nossas decisões. Eles não são necessariamente ruins, mas o que sinto a respeito de algo pode ter pouco a ver com o que é certo ou melhor. Na verdade, nossos sentimentos podem mentir para nós (“enganoso é o coração mais do que todas as coisas” [Jr 17:9]) e criar uma falsa imagem da realidade, levando-nos a fazer escolhas erradas e nos preparando para um crisol de fabricação própria.

3. Que personagens bíblicos fizeram escolhas com base em sentimentos, em lugar da Palavra de Deus? Quais foram as consequências? Veja, por exemplo, Gênesis 3:6; 2 Samuel 11:2-4; Gálatas 2:11, 12.

4. Leia 1 Pedro 1:13. Com o que Pedro estava preocupado, e o que ele queria que seus leitores fizessem?

Pedro entendia que a mente é o leme do corpo. Tire o controle da mente e seremos controlados por quaisquer sentimentos que soprarem em nosso caminho.

Imagine caminhar por uma estrada estreita até a casa do Pastor. Ao longo da estrada, existem muitos caminhos que levam a diferentes direções. Alguns deles conduzem a lugares que não gostaríamos de visitar. Outros parecem tentadores e apelam para nossos sentimentos, emoções e desejos. Se, porém, pegarmos qualquer um deles, sairemos da estrada certa e seguiremos por um caminho do qual pode ser extremamente difícil de sair.

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Que decisões importantes estão diante de você? Pergunte-se honestamente: “Como posso saber se estou fundamentando minhas escolhas em sentimentos, emoções e desejos, em oposição à Palavra de Deus?”


Quarta-feira, 03 de agosto
Ano Bíblico: Is 41-44
Compromisso radical

“Se o seu olho direito leva você a tropeçar, arranque-o e jogue-o fora. Pois é preferível você perder uma parte do seu corpo do que ter o corpo inteiro lançado no inferno” (Mt 5:29).

5. Reflita sobre as palavras de Jesus no verso acima. Você as chamaria de radicais? Por quê?

A ação radical é necessária, não porque Deus tornou a vida cristã difícil, mas porque nós e nossa cultura nos afastamos muito dos planos divinos para nós. Muitas vezes as pessoas acordam e se perguntam: “Como pude me distanciar tanto de Deus?” A resposta é sempre a mesma: apenas um passo de cada vez.

Leia Mateus 5:29, 30. Jesus estava falando no contexto do pecado sexual. No entanto, os princípios básicos se aplicam também a outros pecados e podem se relacionar ao nosso crescimento em Cristo de modo geral.

6. Qual é o ponto crucial em Mateus 5:29, 30? Somos de fato chamados literalmente a nos mutilarmos?

Jesus não nos aconselhou a prejudicar nosso corpo fisicamente, de forma nenhuma! Em vez disso, Ele nos chamou a controlar nossa mente e, portanto, nosso corpo, custe o que custar. Os versos não dizem que devemos orar e que Deus removerá instantaneamente as tendências pecaminosas de nossa vida. Às vezes, o Senhor graciosamente faz isso por nós, mas muitas vezes Ele nos chama a um compromisso radical de desistir de algo, ou começar a fazer algo, que talvez nem tenhamos vontade de fazer. Isso pode ser um intenso crisol! Quanto maior for a frequência das escolhas certas, mais fortes nos tornaremos e mais fraco será o poder da tentação em nossa vida.

Deus às vezes usa crisóis para chamar nossa atenção quando há tantas distrações barulhentas ao nosso redor. É na provação que percebemos que nos afastamos para bem longe de Deus. O sofrimento pode ser o chamado divino para que tomemos uma decisão radical de retornar ao plano de nosso Pai para nós.

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Quinta-feira, 04 de agosto
Ano Bíblico: Is 45-48
A necessidade de perseverar

7. A Bíblia relata que Jacó lutou com Deus (Gn 32). O que essa história nos diz sobre perseverança, mesmo em meio a grande desânimo? (Antes de responder, tenha em mente o contexto da situação de Jacó).

Podemos saber o que é certo e exercer nossa vontade para fazer a coisa certa; mas sob pressão pode ser muito difícil nos apegarmos a Deus e às Suas promessas. Isso porque somos fracos e temerosos. Portanto, uma das forças importantes do cristão é a perseverança, a capacidade de seguir em frente apesar de querer desistir.

Jacó é um dos maiores exemplos bíblicos de perseverança. Muitos anos antes, ele havia enganado seu irmão, Esaú, e seu pai para conseguir o direito de primogenitura (Gn 27), e, a partir disso, viveu fugindo com medo de Esaú querer matá-lo. Mesmo tendo recebido promessas maravilhosas da orientação e bênção divinas em seu sonho de uma escada alcançando o Céu (Gn 28), ele ainda sentia medo. Jacó estava desesperado para obter de Deus a garantia de que tinha sido aceito e de que as promessas feitas a ele muitos anos antes ainda eram vigentes. Enquanto lutava contra Alguém que na verdade era Jesus, Jacó teve seu quadril deslocado. A partir daquele momento, não teria sido possível continuar lutando, pois a dor era insuportável. Deve ter havido uma mudança sutil da luta para a dependência. Jacó se apegou a Jesus em meio a uma dor terrível até receber a garantia da bênção. Então, Jesus disse a ele: “Deixe-Me ir, pois já rompeu o dia” (Gn 32:26).

Jacó foi abençoado porque suportou a dor. Isso também acontece conosco. Deus pode “deslocar nosso quadril” e então nos chamar a nos apegarmos a Ele por meio da dor. Deus permitiu que as cicatrizes dolorosas permanecessem: Jacó ainda mancava quando se encontrou com seu irmão. Aparentemente, era uma fraqueza, mas para Jacó era uma indicação de sua força.

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Que escolhas práticas você pode fazer (amizades, estilo de vida, leituras, hábitos de saúde, vida espiritual) que o ajudarão a perseverar com o Senhor em meio ao desânimo e à tentação?


Sexta-feira, 05 de agosto
Ano Bíblico: Is 49-51
Estudo adicional

Leia, de Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 158-164 [195-203] (“A noite de luta”); Caminho a Cristo, p. 43-48 (“O desejo de ser bom”).

“Essa vontade, que constitui tão importante fator no caráter humano, foi, pela queda, entregue ao domínio de Satanás, e desde então ele tem atuado no homem o querer e o realizar, segundo a sua vontade, mas para inteira ruína e miséria humanas” (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, v. 5, p. 439 [515]).

“A fim de receber o auxílio de Deus, o ser humano deve reconhecer sua fraqueza e deficiência; deve aplicar seu próprio coração na grande mudança a ser realizada em si e despertar para a necessidade de oração e esforço fervorosos e perseverantes. Hábitos e costumes errados devem ser repelidos. [...]. Muitos jamais atingem a posição que poderiam ocupar, porque esperam que Deus faça por eles aquilo que Ele lhes deu poder para fazer por si mesmos. Todos os que se habilitam a ser úteis devem ser educados pela mais estrita disciplina mental e moral, e Deus os ajudará” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 208 [248]).

Perguntas para consideração

  1. Reconhecemos que nossa vontade foi, pela queda, “entregue ao domínio de Satanás”? Ao nos concentrarmos no caráter de Jesus, como podemos entender melhor nossa condição decaída e a grandeza da graça divina para conosco?
  2. Quais foram os sentimentos e desejos de Jesus no Getsêmani (Mt 26:36- 42), em contraste com a vontade divina? O que aprendemos com esse exemplo?
  3. Quais são as particularidades da cultura que atuam para quebrar nossas defesas e nos deixar vulneráveis aos ataques de Satanás? O que fazer para conscientizar outros membros da igreja sobre esses perigos, bem como ajudar os que precisam de apoio?
  4. Você conhece alguém que há muito tempo não frequenta os cultos, que esteja se preparando para desistir ou já tenha desistido? Como encorajar essa pessoa?

Respostas e atividades da semana: 1. Ele nos convence de toda a verdade sobre o pecado e a justiça de Deus.

2. Ele disse que se empenhava e se esforçava o máximo possível. 3. Adão e Eva: o pecado entrou no mundo; Davi: traiu e matou; Pedro: foi repreendido por Paulo. 4. Que fossem sóbrios, ou seja, que dominassem seus sentimen- tos. 5. Comente com a classe. 6. Não. Ele nos chamou a controlar nosso corpo, custe o que custar. 7.  Em vez de desistir devido à dificuldade e ao medo, devemos nos apegar a Deus e perseverar.

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Resumo da Lição 6
Lutando com toda a energia

TEXTO-CHAVE: Cl 1:29

FOCO DO ESTUDO: Gn 32; Mt 5:29; Jo 16:5-15; Cl 1:28, 29; 1Pe 1:13

ESBOÇO

A lição desta semana focaliza vários elementos essenciais que nos ajudam a construir uma estratégia tríplice para superar os crisóis. Primeiro, sob a orientação do Espírito Santo, devemos cultivar a compreensão da verdade sobre Deus, sobre o mal e sobre nós mesmos no contexto imediato de nossa vida e no contexto mais amplo do grande conflito. Embora seja verdade que apenas compreender nossa situação não é o bastante, esse é o ponto de partida fundamental sobre o qual os outros elementos são colocados para se construir a reação correta ao crisol. Precisamos saber por que as coisas acontecem e responder a estas perguntas: De que lado escolhemos ficar? Por quê?

Em segundo lugar, devemos compreender a natureza de nosso livre-arbítrio. Deus é so- berano e nos dá a salvação e todas as coisas boas para viver e prosperar. No entanto, Ele nos criou com verdadeira liberdade, sem a qual não seríamos os mesmos. É por isso que Ele nos capacita e nos chama a exercer nosso livre-arbítrio. Além disso, o Senhor nos convida a colaborar com Ele na grande obra de salvação e no desenvolvimento de Seu reino. Terceiro, essa colaboração requer de nós compromisso sério e perseverança. Não podemos colaborar com dois reis que estão em guerra um com o outro. Devemos conhecer a verdade, escolher o justo e amoroso Rei do Céu, harmonizar nossa vida com Seus princípios e nos comprometer com a causa de Seu reino, não importa o que aconteça. Esses princípios nos darão a energia plena e sempre renovável para lutar e vencer no crisol desta vida.

Temas da lição

A lição desta semana destaca três temas importantes:

  1. O papel da verdade para superar crisóis.

  2. O papel de nosso livre-arbítrio para ser vencedor nas provações.

  3. O papel do compromisso e da perseverança na vitória em meio ao sofrimento.

COMENTÁRIO

Visão de Agostinho e Pelágio sobre a liberdade e o poder da vontade

Muitos cristãos acham difícil entender como nosso livre-arbítrio se relaciona com a origem do mal e do sofrimento, bem como com a salvação. Alguns caem em um dos dois extremos, conforme ilustrado pelo acirrado debate do século 5º entre o britânico asceta Pelágio, que se estabeleceu em Roma (c. 355-420), e Agostinho (354-430), o bispo de Hipona, no norte da África.

O debate foi sobre o livre-arbítrio e a salvação. Tendo chegado a Roma e visto a frouxidão espiritual e moral dos cristãos na capital do Império Romano Ocidental, Pelágio concluiu que o problema estava enraizado nos ensinamentos de Agostinho sobre o pecado original e a graça.

Assim, Pelágio decidiu enfrentar o bispo de Hipona (atual cidade de Annaba, no nordeste da Argélia). Agostinho ensinava que Deus é amor e a essência do amor é a liberdade (não há amor sem liberdade). Além disso, sugeria que Deus criou um Universo perfeito e bom e criou os humanos à Sua imagem, o que significa que eles foram criados perfeitos, bons, amorosos e livres. Assim, de acordo com Agostinho, quando Adão e Eva abusaram de sua liberdade e pecaram, geraram o pecado original. Como consequência, foram cobertos de culpa, sua natureza mudou de perfeita para pecaminosa, e eles perderam a liberdade. Ainda podiam perceber o bom ou o perfeito, mas não podiam vivê-lo.

O que Agostinho propôs foi que o pecado é mais do que um ato ou erro individual; ele é uma condição da existência humana separada e contrária a Deus. O pecado original compreendia culpa e propensão para o mal. Após a queda, todos os humanos se tornaram pecadores, opinava Agostinho, porque nascemos com a culpa de Adão e com uma natureza pecaminosa que escraviza nossa vontade e nossa vida. Assim, Agostinho acreditava que não podemos ser salvos simplesmente ao escolhermos fazer o bem, porque somos pecadores; não podemos ser salvos simplesmente por receber uma instrução ou incentivo ou seguir um exemplo, porque não podemos eliminar a culpa de Adão. Nem temos o poder de superar nossa condição pecaminosa e fazer o bem, afirmava. Em sua opinião, a única maneira de ser salvo é morrer para a natureza pecaminosa e ressuscitar para outra natureza, se isso for possível. Mas, de acordo com Agostinho, não podemos fazer nem mesmo isso por nós mesmos. A única maneira de ser salvo é pela graça de Deus. Em Sua graça, explicou Agostinho, Deus exerce Sua vontade soberana e decide nos salvar por Si mesmo: Ele remove a culpa de Adão e a nossa por meio de Sua graça e do sacramento do batismo, subjuga nossa natureza pecaminosa por meio da habitação do Espírito Santo, que regenera em nós uma nova natureza espiritual e nos dá o poder de viver uma vida justa. Por essa razão, Agostinho introduziu o conceito de predestinação divina: porque somos escravizados pelo pecado após a queda, não podemos nos arrepender por nós mesmos; assim, Deus predestina alguns de nós para a salvação e o restante para a perdição.

Pelágio pensava que a posição de Agostinho levava à fraqueza espiritual, já que os cristãos colocariam a culpa de sua decadência moral no pecado de Adão e Eva e evitariam a responsabilidade pelo pecado e pelo mal. Por isso, Pelágio propôs outra perspectiva. Como Agostinho, ele acreditava que Deus havia criado um Universo perfeito e os humanos como seres livres. O mal se originou na escolha livre de Adão de pecar. No entanto, Pelágio rejeitava a ideia de Agostinho de que os humanos herdam uma natureza pecaminosa e a culpa de Adão. De acordo com Pelágio, o pecado de Adão afetou apenas ele e não seus filhos. Assim, raciocinou, a inocência e o livre-arbítrio da posteridade de Adão foram totalmente preservados e, portanto, cada criança que nasce no mundo nasce com uma natureza perfeita e um livre-arbítrio funcional.

Além disso, Pelágio afirmou que todos os humanos pecam, não porque nasceram com a culpa e a natureza pecaminosa de Adão, mas todos pecamos porque nascemos e vivemos em um ambiente social corrupto, exercemos nossa vontade e escolhemos pecar. De acordo com o filósofo, uma pessoa é culpada não por causa da culpa herdada de Adão, mas devido à sua própria escolha de pecar. Portanto, ele afirmava, Deus nos responsabiliza pelos nossos pecados, pois somos verdadeiramente livres. Deus nos chama para levar uma vida justa porque sabe que podemos fazer isso. Jesus teve uma vida perfeita e nos mostrou que isso é possível. Sim, vivemos pela graça de Deus, mas, na visão de Pelágio, a graça divina consistia no fato de que Ele nos criou com livre-arbítrio, nos deu Sua lei e instruções para viver uma vida justa e perfeita e nos deu o exemplo de Jesus. Além disso, Ele nos dá perdão em Jesus no caso de cairmos em pecado e nos dá a orientação do Espírito Santo em nossa jornada espiritual. Para leitura adicional sobre o debate Agostinho- Pelágio, ver, por exemplo, Alister E. McGrath, Christian Theology: An Introduction, 5a ed. (Oxford, Reino Unido: Wiley-Blackwell, 2011), p. 18-20.

Cada um dos dois contendedores foi, sem dúvida, sincero e destacou pontos positivos. No entanto, ambos caem em extremos. Agostinho cai na predestinação e no sacramentalismo (a graça de Deus vem a nós por meio dos sacramentos). Pelágio cai em um tratamento superficial do pecado e da salvação pelas obras. A verdade está na Bíblia! As Escrituras apresentam Deus como amor (Jo 3:16; 1Jo 4:8, 16). Ele criou Adão e Eva inocentes (Gn 1:31; 2:25; Ec 7:29) e com liberdade de escolha (Gn 2:15-17). No entanto, nossos pais escolheram pecar (Gn 3:6).

A Bíblia deixa claro que o pecado não é um simples ato passado de Adão e Eva. Em vez disso, o relato da queda em Gênesis descreve mudanças imediatas e profundas na natureza, nos relacionamentos, no ambiente, no estilo de vida e nos descendentes deles (Gn 3:7-24; 4:1-16). O apóstolo Paulo afirmou que, com Adão, o pecado e a morte “entraram” no mundo (invadiram o planeta) e o permearam no espaço e no tempo (Rm 5:12-14). O pecado trouxe sofrimento, morte e condenação a todos (Rm 5:16-18). Por causa da transgressão de Adão, muitos “se tornaram pecadores” (Rm 5:19). Por essa razão, todos nascem em pecado e nenhum nasce justo (Rm 3:9-18, 23; Sl 14:1-3; 51:5). Portanto, a Bíblia rejeita o pelagianismo e apresenta o pecado como mais do que um ato humano individual. Em vez disso, o pecado é descrito como uma força externa e interna que escraviza e destrói toda a humanidade em todos os aspectos. Diante dessa perspectiva sombria, Paulo exclamou desesperadamente: “Miserável homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?” (Rm 7:24). Por si mesma, a humanidade não pode resolver o problema do pecado e do mal. A única esperança para a humanidade pecadora está no ministério sacrifical e transformador de Jesus Cristo (Rm 3:24, 25; 5:6-19; 7:25) e no ministério regenerativo e mediador do Espírito Santo, que nos dá um novo coração (Ez 36:26, 27; Jo 3:5-8; Rm 8:3-6, 9-17).

Além disso, a Bíblia não ensina o conceito agostiniano de predestinação e sacramentalismo. Sim, na base do ensino bíblico da salvação está sempre a iniciativa, a intervenção, a solução (o sacrifício de Cristo) de Deus e Seu poder para a redenção (Gn 3:8, 15; Êx 20:2; Rm 5:6-8). No entanto, Deus não predestinou alguns para a salvação e outros para a perdição. Em vez disso, sempre deu a todos a liberdade individual de escolha (Js 24:15) e responsabiliza indivíduos e nações pela aceitação ou rejeição de Sua salvação (ver, por exemplo, Gn 4:4-12; 15:16). O texto áureo do evangelho declara: “Deus amou o mundo detal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo o que Nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16). A Bíblia insiste em dizer que Deus convida a todos e deseja que todos sejam salvos (Ez 33; Jo 1:12, 13; 1Tm 2:4; 2Pe 3:9; 1Jo 2:2; Ap 22:17). E, uma vez que as pessoas respondem ao convite de Deus, cooperam com Ele na obra de salvação (2Pe 1:10; Tg 4:8; Ap 3:20). As Escrituras também rejeitam qualquer visão sacramental da graça divina. O NT enfatiza que Deus dá a todos nós Sua graça, somente, e diretamente, por meio de Jesus Cristo (At 4:12; Hb 5:9; 7:24, 25; 9; 10).

Historicamente, a maioria dos cristãos rejeitou Pelágio e abraçou o entendimento de Agostinho de que todos os humanos nascem com uma natureza pecaminosa e que o pecado é para eles uma força invencível. Os católicos romanos integraram em sua teologia a ideia de Agostinho, de que todos os humanos herdam a culpa de Adão, e a necessidade dos sacramentos, mas rejeitaram seu conceito de predestinação. Em contraste com essa posição, o protestantismo em geral rejeitou a ideia de Agostinho de que herdamos a culpa de Adão e que a graça de Deus vem por meio dos sacramentos, mas grande parte do protestantismo aceitou, erroneamente, seu conceito de predestinação. Na esteira do Iluminismo, as sociedades modernas e pós-modernas tendem a rejeitar as ideias agostinianas e a raciocinar mais em harmonia com Pelágio. Para alcançar pessoas nessas sociedades, precisamos enfatizar os ensinamentos bíblicos sobre o livre-arbítrio e nossa profunda responsabilidade pela nossa história individual e coletiva, mas também compartilhar o ensino bíblico sobre a seriedade do poder do pecado e nossa única esperança de salvação em Jesus Cristo. Essa ilustração nos ajuda a compreender que conhecer a verdade é essencial para entender o sofrimento e as provações em nossa vida. Além disso, esse conhecimento nos ajuda a entender nossa própria natureza e o poder do livre-arbítrio e a sempre buscar e aceitar o auxílio, a orientação e o poder divinos para vencer nossos crisóis.

APLICAÇÃO PARA A VIDA

  1. Disciplina espiritual e graça barata. Agostinho e Lutero ensinaram a predestinação como uma celebração da graça de Deus. Esse conceito tem levado alguns a pensar que, se formos irreversivelmente eleitos e salvos, não participaremos do processo de salvação. Esse conceito, chamado de “graça barata”, leva cristãos a demonstrar falta de disciplina espiritual. Se Deus me elegeu, por que orar, ler a Bíblia, vigiar, participar da comunidade de fé e evangelizar? O pietismo de Philipp Spener do final do século 17, no contexto luterano alemão, e vários movimentos do Grande Despertamento nos séculos 18 e 19 na América do Norte responderam a esse perigo propondo programas deliberados de disciplina espiritual para famílias e comunidades. Qual é o estado da disciplina espiritual na sua família e na comunidade? Quais mudanças são necessárias para ter disciplina espiritual (ver Cl 1:28, 29; 1Co 9:23-27)? Elabore um projeto para promover um
  2. Compromisso sério. Qual é o nível do nosso comprometimento com Deus e com o Seu evangelho? Esse compromisso com o Senhor sustenta a nossa fidelidade em meio aos sofrimentos e perseguições que enfrentamos por causa da verdade? Como aprofundar o nosso relacionamento com Deus?

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Linda Pedra

Jaqueliny

Brasil | 30 de julho

 Ao longo de um rio ondulado, na região central do Brasil, está uma cidade chamada Itapaci, que significa “Pedra Bonita”. 

Há um bom motivo para chamar Itapaci de “Pedra Bonita”. A cidade está localizada em uma região tropical conhecida por ricos depósitos de minerais. Os mineiros procuram cristais como a mica, usada para dar brilho e cintilação aos cosméticos. Os mineiros também procuram ouro. Com belos cristais e ouro cintilante, a cidade poderia ser chamada de “A bela pedra do Brasil”.

Mas nem tudo parecia lindo para Jaqueliny, uma dentre os 18.500 mo- radores da cidade. Problemas pessoais estavam se acumulando em sua vida, e ela não sabia a quem recorrer. Então, uma amiga, Maria Rita, convidou Jaqueliny para ir a um grupo de mulheres na Igreja Adventista do Sétimo Dia.

Jaqueliny gostou do grupo de mulheres e passou a frequentar todas as terças-feiras. Ela soube que a igreja também tinha outras reuniões e logo estava indo a todas as reuniões regulares, quatro dias por semana. Isso era algo novo para ela.

Apesar de Jaqueliny ter sido criada em uma família cristã, ela realmente não conhecia a Deus. Quando pequena, foi batizada na igreja de sua família e, mais tarde, participou de sua primeira comunhão lá. Ela ia à igreja todos os domingos, mas seu coração estava vazio. Ela não sentia a presença de Deus em sua vida e raramente lia a Bíblia ou meditava sobre suas passagens sagradas.

Sua amiga Maria Rita, que foi criada em um lar adventista, ficou en- cantada com o fato de Jaqueliny estar ansiosa para ir à igreja quatro dias por semana.

As duas mulheres começaram a ter conversas sinceras sobre Deus. Maria Rita perguntou a Jaqueliny o que ela achava do sábado e do estado dos mortos. Jaqueliny nunca tinha lido o que a Bíblia diz sobre o sábado ou o estado dos mortos e estava curiosa para saber mais. Ela começou a ler a Bíblia sozinha, procurando a verdade revelada por Deus. Ela meditou nas passagens sagradas da Bíblia.

Quando Maria Rita se ofereceu para estudar a Bíblia com ela, ela aceitou de bom grado. Ficou fascinada ao ver que Deus delineou princípios para uma boa saúde na Bíblia. Embora a mensagem da Igreja Adventista centrada na Bíblia tocasse seu coração, ela ficou especialmente impressionada ao saber que a igreja tinha uma mensagem de saúde. Ela havia se formado em nutrição e, quando viu que a Igreja Adventista dá grande ênfase à dieta e a um estilo de vida saudável, sentiu que Deus a estava conduzindo à igreja.

Os estudos bíblicos nem sempre foram fáceis. Às vezes, Jaqueliny não estava pronta para aceitar uma nova verdade. Mas, enquanto ela estudava, cresceu em seu coração o desejo de entregar sua vida completamente a Jesus.

Ela terminou os estudos bíblicos com Maria Rita, e elas começaram um novo estudo sobre o livro do Apocalipse. No Apocalipse, ela leu sobre um lugar mais bonito que Itapaci, a “Pedra Bonita do Brasil”. Ela leu sobre a Nova Jerusalém “que descia do céu, da parte de Deus, preparada como uma noiva enfeitada para o seu noivo” (Ap 21:2). Ela leu que os alicerces das muralhas da cidade eram adornados com todos os tipos de pedras preciosas, incluindo jaspe, safira e esmeralda (Ap 21:19). Ela leu que a cidade era “de ouro puro, semelhante a vidro límpido” e suas ruas eram “de ouro puro, como vidro transparente” (Ap 21:18, 21). Ela leu a promessa de Jesus de dar uma linda pedra branca a cada pessoa que vive na Nova Jerusalém. Jesus diz: “Ao vencedor [...] darei uma pedrinha branca, e, sobre essa pedrinha, um novo nome escrito, o qual ninguém conhece, exceto aquele que o recebe” (Ap 2:17). Jaqueliny estava pronta para se mudar.

Hoje, Jaqueliny é uma testemunha brilhante em sua cidade, a “Pedra Bonita do Brasil”. Ela ora para que Deus a use para preparar seu marido, sua filha e muitos outros para encontrar Jesus e se mudar para a Nova Jerusalém, a “Bela Rocha do Universo”.

“Agradeço a Deus por colocar pessoas maravilhosas em minha vida e sei que tudo contribui para o bem, porque Ele tem um plano para minha vida e para a sua”, disse ela. “Agradeço a Jesus por tudo o que sou e tudo o que tenho. Agradeço a Ele por me amar tanto, embora eu não mereça isso. Quero continuar crescendo em Cristo e trazer muitas pessoas a Ele.”

Obrigado por planejar uma oferta generosa para o décimo terceiro sábado, em 24 de setembro, que ajudará a estabelecer quatro novas igrejas no Brasil para que outras pessoas, como Jaqueliny, possam assistir às reuniões da igreja e aprender mais sobre Jesus e Sua breve vinda.

 Dicas para a história 

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  • Baixe publicações sobre a missão e fatos rápidos da Divisão Sul-Americana no site bit.ly/sad-2022.

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Comentário da Lição da Escola Sabatina – 3º trimestre de 2022

Tema geral: Provados pelo fogo

Lição 6 – 30 de julho a 6 de agosto de 2022

Lutando com toda a energia

Autor: Célio Barcellos

Editoração: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br

Revisora: Rosemara Santos

 

A reação de Pedro em cortar a orelha do soldado Malco, no Jardim do Getsêmani (Jo 18:5-11), na ocasião em que Judas estava traindo Jesus, mostra que, se o ser humano não dominar os níveis de adrenalina e cortisol em seu corpo, certamente os comandos cerebrais desencadearão atos reativos capazes de provocar tragédias. A ação precipitada de Pedro denota falta de conhecimento da causa de Jesus e do propósito do Seu ministério. De acordo com Ellen G. White, os seguidores de Cristo “haviam pensado que o Mestre não seria preso” (O Desejado de Todas as Nações, p. 558).

A frase “toda ação provoca uma reação” é muito verdadeira neste mundo de pecado. Claro que a mesma frase pode ser aplicada para ações boas que redundam em outras melhores. Contudo, no que se refere a nervos agitados, nem sempre o resultado da reação é agradável, como vemos no caso da recente atitude do ator Will Smith em plena festa do Oscar 2022, ao dar um tapa no rosto do também ator Chris Rock, que de forma indelicada e desrespeitosa fez piada sobre o cabelo raspado de Jada Pinkett, esposa de Smith e portadora de alopecia, doença que provoca queda de cabelo.

A ação de Cristo em curar a orelha do soldado (Lc 22:51) é um corte profundo na alma orgulhosa que se precipita em reação e que se nega a permitir a ação do Espírito Santo para a cura de ressentimento e ódio alimentados. De acordo com Wiersbe, a “espada de Pedro simboliza a rebelião contra a vontade de Deus. Pedro deveria ter entendido que Jesus seria preso e Se entregaria voluntariamente a seus inimigos” (W. W. Wiersbe, Comentário Bíblico Expositivo, v. 5, p. 483).

Certamente, o maior dilema do ser humano é controlar seus impulsos, especialmente quando o mal atinge a si mesmo ou a alguém que ele ama. Jesus estava no Getsêmani em oração, buscando forças do Céu para enfrentar as provações. Para chegar até o jardim, Ele atravessou o ribeiro de Cedron, local em que eram descartadas as sujeiras em Jerusalém. Para ter a atitude de Jesus, e não a de Pedro, precisamos abandonar as sujeiras desta vida que insistem em nos perturbar e nos levar a reações desastrosas.

Contudo, uma pessoa que se dedica à vontade de Deus e é dependente do Espírito para a prática das boas obras (Gl 5:22), evitará o foco da reação e permitirá que seus atos sejam da plena dependência do evangelho. Até porque, de acordo com o apóstolo Paulo, o “evangelho é o poder de Deus” (Rm 1:16). E o poder de Deus é algo mais poderoso do que qualquer explosão atômica que o homem possa provocar. O poder divino quebranta corações e faz o orgulhoso, arrogante ou violento se render ao impacto transformador da Palavra de Deus.

Assim como Adão e Eva erraram e sofreram os danos do seu erro, cada ser humano, ao praticar algum ato ilícito, sentirá o calor do crisol. O próprio Pedro, depois de acompanhar Jesus no trajeto doloroso do Getsêmani até a casa do sumo sacerdote, onde o Senhor seria julgado, acabou traindo o Mestre. Após esse ato vergonhoso, Pedro saiu em desespero, como se não tivesse mais jeito para a sua vida. Ele ficou numa situação tão ruim que estava desistindo do ministério. Seu erro foi tão grave que ele se escondeu envergonhado.

Será que escrevo para alguém que está enfrentando uma angústia na alma e parece que não tem mais jeito? Parece que o perdão de Deus não alcança você, e quanto mais você tenta sair do crisol da provação ou da angústia, mais difícil fica a situação? De repente, está envergonhado por um ato impensado ou até mesmo calculado, mas que está lhe custando muito caro neste momento? Procure abrir seu coração a Jesus e permita que Ele o abrace assim como fez com Pedro. Não queira resolver as coisas à sua maneira, mas do jeito de Deus.

De acordo com Ellen G. White, para ocorrer a mudança de rumo, somente “por meio de Cristo podemos ter harmonia com Deus e com a santidade”. E isso só ocorre por meio do arrependimento (At 2:37, 38). O “arrependimento inclui a tristeza pelo pecado e o afastamento dele” (Caminho a Cristo, p. 21). Louvado seja Deus porque Pedro se arrependeu quando Cristo o procurou à beira-mar, após Sua ressurreição! (Jo 21:1-17). A reação de Pedro desta vez foi ficar quieto, administrando seu orgulho para, no momento certo, falar com Cristo, não de maneira prepotente e reativa, mas com a atitude de um pecador arrependido.

Por ocasião da adolescência, meu primo Marcos foi passar uma temporada em nossa casa. Eu fiquei muito feliz por sua companhia, pois eu vivia sozinho com meus avós. Em nossas idas e vindas na pequena Vila de Itaúnas, local bucólico no litoral norte capixaba, extrapolamos o horário marcado para o retorno. Já era noite e ficamos com medo de bater à porta e decidimos entrar pelos fundos da casa. À época, tinha um pé de maracujá e tivemos a ideia de fazer uma espécie de rede para passar a noite.

No entanto, me veio à mente que, se dormíssemos fora de casa, seria pior. Para chamar a atenção, começamos a dar gargalhadas para soar que estávamos no quintal. O meu avô foi verificar o barulho e nos colocou para dentro. Entramos com desconfiança, com medo de apanhar. No entanto, ele disse que não bateria em nós naquele momento. Tomamos banho, jantamos e fomos dormir tranquilos, achando que estava tudo em paz. Porém, no outro dia, bem cedinho, acordamos com uma tira de couro aquecendo nossas pernas e lombos. Meu primo Marcos fez um escândalo muito grande, gritando e chorando. Lembro-me dele saltando da cama ainda com o lençol no corpo, desesperado pelas lambadas nas pernas e nos lombos.

Atualmente, quando reencontro meu primo e nos recordamos do episódio, damos gargalhadas. O que me vem à mente é que, quando meu avô disse “hoje não”, à época eu não havia captado que naquele momento não seríamos corrigidos, mas que poderíamos ser corrigidos depois. Afinal, ele não disse que não nos corrigiria. Esse é o único incidente em que me lembro do meu avô me disciplinando com uma surra. Normalmente, minha avó era mais enérgica nesse sentido. Mas quero dizer que a lição valeu e nunca mais cheguei fora do horário. A correção pode causar dor, mas se mostra um bom remédio para a desobediência.

Falando à igreja de Laodiceia, Jesus diz que repreende e disciplina a quem Ele ama (Ap 3:19). Há situações em que o inimigo de Deus causa sofrimento às pessoas. Mas há muito sofrimento causado por más escolhas dos seres humanos. Mesmo permitindo o sofrimento, o desejo de Deus é que possamos aprender com as aflições que enfrentamos e sair mais fortes delas. Cristo curou a orelha do soldado no Getsêmani para repreender Pedro por sua precipitação e para mostrar que o Seu reino não é de violência.

Cada ser humano precisa agarrar a mão de Cristo e lutar com toda energia para suportar as provações. Enquanto houver este mundo de pecado haverá lutas intensas no crisol da provação. O melhor é seguir as orientações divinas, e não tentar resolver os problemas da maneira humana. Continue firme na promessa, mesmo que tenha que passar por aflições. Não faça justiça com as próprias mãos, não se precipite, mas entregue tudo nas mãos de Jesus Cristo. No fim, Deus promete que vai restaurar todas as coisas e nos dar a paz e o descanso eterno.

Conheça o autor dos comentários para este trimestre: Célio Barcellos é pastor no distrito de Pirassununga, na Associação Paulista Central. Atualmente cursa jornalismo e possui MBA em Liderança Missional. Contribui com artigos em veículos denominacionais e seculares, além de transcrever palestras e pregações para auxiliar a igreja. É natural de Itaúnas/Conceição da Barra, ES. Casado com Salomé Barcellos, tem dois filhos, Kairos Álef, de 18 anos, ilustrador e estudante de Arquitetura, e Krícis Barcellos, de apenas 10 anos.