Lição 9
26 de agosto a 01 de setembro
Maridos e esposas juntos na cruz
Sábado à tarde
Ano Bíblico: RPSP: Sl 112
Verso para memorizar: “Maridos, que cada um de vocês ame a sua esposa, como também Cristo amou a igreja e Se entregou por ela, para que a santifi casse, tendo-a purifi cado por meio da lavagem de água pela palavra, para a apresentar a Si mesmo como igreja gloriosa, sem mancha, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito” (Ef 5:25-27).
Leituras da semana: Ef 5:21-33; Fp 2:3, 4; Ez 16:1-14; 2Co 11:1-4; Gn 2:15-25

Em Efésios 5:21-33, Paulo se aprofundou na ideia da submissão dos crentes uns aos outros (Ef 5:21). Em seguida, aconselhou esposas cristãs (Ef 5:22-24) e maridos cristãos (Ef 5:25-32) e concluiu com uma instrução para ambos (Ef 5:33).

Nessa orientação, os estudantes da Bíblia da atualidade podem ouvir o Cristo ressuscitado falar dos nossos relacionamentos. Estaremos prontos a ouvi-Lo quando entendermos Efésios 5:21–6:9 como a maneira de Paulo aplicar o grande tema da carta (unidade), mas, nesse caso, na família cristã. Embora tenha feito uma crítica severa às estruturas sociais imperfeitas da velha natureza (Ef 4:22), ele também celebrou a criação de uma nova humanidade (ver Ef 2:15) na humanidade mais ampla, que possui estruturas sociais defeituosas. De dentro dessas estruturas, os crentes demonstram que um novo poder, o Espírito Santo (Ef 2:22; 3:16; 5:18-21; 6:17, 18), e uma nova ética padronizada em Cristo (Ef 4:13, 15, 20-24, 32; 5:2, 10, 17, 21-33) foram desencadeados, os quais apontam para o cumprimento final do plano divino para Seu povo e para o mundo.

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Domingo, 27 de agosto
Ano Bíblico: RPSP: Sl 113
Conselho para esposas cristãs

Paulo iniciou a seção sobre relacionamentos com Efésios 5:21, passagem que conecta duas partes (Ef 5:1-20 e Ef 5:22-33), em que defendeu que os membros da igreja se submetessem uns aos outros (Mc 10:42-45; Rm 12:10; Fp 2:3, 4). Os crentes devem fazer isso “no temor de Cristo” (Ef 5:21) – a primeira de várias vezes que Paulo identificou o relacionamento com Cristo como o mais importante e determinante.

1. O que Paulo quis dizer ao exortar os membros da igreja a se submeter uns aos outros? Como entender esse conceito? Ef 5:21

Paulo também convidou as esposas a se sujeitar ao “marido, como ao Senhor” (Ef 5:22), indicando que falava da submissão de esposas aos seus respectivos maridos (1Pe 3:1, 5). Quando Paulo disse que as esposas deviam fazer isso “como ao Senhor”, quis dizer que cada esposa deve se submeter ao marido como se ele fosse Cristo ou quis dizer que Cristo é o foco verdadeiro e mais elevado da submissão?

À luz de Efésios 6:7, em que se pede que os escravos sirvam “como se estivessem trabalhando para o Senhor e não para pessoas”, e Colossenses 3:18, em que as esposas são convidadas a se submeter aos maridos “como convém no Senhor”, deve-se optar pelo último, ou seja, Cristo é o foco verdadeiro e mais elevado da submissão. As esposas são crentes que devem honrar a Cristo acima dos maridos.

Em Colossenses e em Efésios, Cristo, e apenas Ele, é identificado como o cabeça da igreja, que é Seu corpo (Ef 1:22; 5:23; Cl 1:18), “sendo Ele próprio o salvador do corpo” (Ef 5:23). Por analogia, o marido é “o cabeça da esposa” (Ef 5:23), sendo que a fidelidade da igreja a Cristo serve como modelo para a lealdade da esposa ao marido. A passagem pressupõe um casamento amoroso, e não disfuncional. Esse verso não deve ser interpretado de modo a permitir abusos.

À luz do que lemos, note este texto: “Se o marido é grosseiro, rude, impetuoso, egoísta, ríspido e opressor, não diga jamais que o marido é o cabeça da esposa, e que ela deve em tudo ser-lhe sujeita; pois ele não é o Senhor nem é o marido no verdadeiro significado do termo” (Ellen G. White, O Lar Adventista [CPB, 2021], p. 92).

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Segunda-feira, 28 de agosto
Ano Bíblico: RPSP: Sl 114
A igreja como a noiva de Cristo – parte 1

2. Compare Efésios 5:25-27, 29 com a menina abandonada de Ezequiel 16:1-14. Que elementos dessa história Paulo repetiu em seu esboço?

Ao criar a metáfora do casamento-matrimônio para a igreja e seu relacionamento com Cristo (Ef 5:25-27, 29), Paulo se baseou de modo criativo nos costumes e papéis de um casamento de sua época. Em relação à igreja como noiva, Cristo é o noivo que:

(1) Ama a igreja como noiva (Ef 5:25). Nunca devemos nos esquecer disso!

(2) Entrega a Si próprio como dote de casamento. No contexto de antigos arranjos de casamento, o noivo “comprava” a noiva com o “dote de casamento”, que geralmente era uma grande quantia em dinheiro e objetos de valor, tão grande que a economia de antigos vilarejos dependia desse costume. Cristo pagou o preço máximo pela igreja como Sua noiva, visto que “Se entregou por ela” (Ef 5:25). Na encarnação e na cruz, Ele Se entregou como dote de casamento.

(3) Lava Sua noiva. A preparação da noiva era uma parte importante das antigas festas de casamento. Assim como hoje, eram as damas de honra e os parentes da noiva que a preparavam para a cerimônia. Paulo, porém, imaginou o divino Noivo preparando Sua noiva para o casamento! É Ele quem a santifica e a purifica “por meio da lavagem de água” (Ef 5:26), uma provável referência ao batismo.

(4) Comunica a palavra da promessa. Essa purificação é realizada “pela palavra” (Ef 5:26), apontando para a palavra da promessa que o divino Noivo fala à Sua noiva, talvez no contexto da cerimônia de noivado (compare com Ef 1:3-14; 2:1-10, observando as promessas de Deus aos crentes no momento da conversão deles). O antigo noivado era diferente do noivado moderno e tinha um conjunto muito mais sério de negociações, que incluía um acordo escrito sobre o dote do noivo (pago pelo noivo) e o dote da noiva (bens da família da noiva que ela traria para o casamento).

(5) Prepara e enfeita a noiva. Quando a noiva é finalmente apresentada ao seu noivo, ela está fabulosamente bonita e surge em esplendor impecável (Ef 5:27). Cristo não só lava a noiva; Ele também a prepara e a adorna.

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Como esses versos ajudam a entender o que Cristo sente por nós? Isso nos conforta?


Terça-feira, 29 de agosto
Ano Bíblico: RPSP: Sl 115
A igreja como a noiva de Cristo – parte 2

3. Que elementos do casamento antigo Paulo usou para chamar a atenção dos coríntios? Quando acontece a apresentação? 2Co 11:1-4

Usando um elemento final do casamento antigo, em Efésios 5:25-27 Paulo retratou Cristo como Aquele que: (6) Apresenta a noiva (a Si mesmo!). Antigamente, a noiva era apresentada pelo padrinho, pelos padrinhos ou por seu pai; nunca pelo noivo! Paulo, porém, imaginou Jesus apresentando a igreja como Sua noiva.

O apóstolo usou costumes e funções do casamento para destacar o relacionamento de Cristo com a igreja num padrão cronológico corrente: 1. Noivado. Cristo Se entregou pela igreja (como “dote pela noiva”) e assim noivou com ela (Ef 5:25). 2. Preparação para a cerimônia de casamento. As atenções do Noivo continuam em Seus esforços para santificar e purificar a noiva (Ef 5:26). 3. A cerimônia de casamento em si. As atenções de Cristo no presente têm em vista a “apresentação” da noiva no casamento (Ef 5:27). Esse último elemento olha para a celebração de casamento, quando Cristo, o Noivo, voltará para reivindicar a igreja como noiva e apresentá-la a Si mesmo (compare com 2Co 11:1, 2; Cl 1:21-23, 28).

Os casamentos antigos geralmente começavam com um desfile noturno (Mt 25:1-13). O noivo e seu cortejo se reuniam na casa do noivo, o novo lar do casal, e com grande cerimônia começavam um desfile. Iluminada por tochas e acompanhada de música alegre e cadenciada e grande regozijo, a multidão se movimentava em direção à casa do pai da noiva. Reunindo- se lá com a noiva, ou encontrando o desfile da noiva no caminho, a procissão conduzia o casal à sua nova casa, onde os convidados se estabeleciam em uma festa de uma semana que culminaria na cerimônia de casamento, quando a noiva seria apresentada ao noivo.

Quando Paulo retratou Cristo apresentando a igreja a Si mesmo, fez referência a esse grande cortejo e ao momento da apresentação. Ao fazê- lo, mostrou um retrato comovente do retorno de Cristo como uma futura cerimônia de casamento, quando o longo noivado entre Cristo e Sua igreja estará completo, e o casamento será celebrado.

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Que mensagem devemos tirar de todas essas imagens positivas, felizes e esperançosas?


Quarta-feira, 30 de agosto
Ano Bíblico: RPSP: Sl 116
Ame sua esposa como a si mesmo

4. Que novo argumento Paulo usou para encorajar maridos a praticar o amor terno para com suas esposas? Ef 5:28-30

As regras para a família cristã (Ef 5:21–6:9) revelam um contexto social desafiador. Em Efésios 5:28-30, Paulo se dirigiu aos maridos que, seguindo o padrão frequente da época, podiam escolher odiar seu próprio corpo (Ef 5:28, 29), maltratando suas esposas e batendo nelas. No mundo greco-romano dessa época, o poder legal do “pai de família” (latim, pater familias) era amplo. Ele podia punir duramente ou até mesmo matar a esposa, filhos e escravos e estar dentro dos direitos legais (embora exercer tal poder de maneira extrema fosse cada vez mais restringido pela opinião pública).

Em Efésios 5:25-27, Paulo detalhou o maior exemplo de amor, o amor de Cristo pela igreja, um modelo muito diferente dos exemplos da época. Antes de expor um novo argumento, ele apontou outra vez para esse exemplo, pedindo aos maridos que fizessem “assim também” (Ef 5:28) como Jesus, que “Se entregou” por Sua noiva, a igreja, e atende todas as suas necessidades (Ef 5:25-27). Paulo desafiou os maridos a se afastar das práticas de seu tempo e procurar estar à altura do amor de Cristo.

Em Efésios 5:28-30, o apóstolo mostrou uma nova lógica para apoiar o amor dos maridos por suas esposas: o amor-próprio. Paulo apresentou uma verdade incontestável: “ninguém jamais odiou o seu próprio corpo” (pelo menos ninguém que esteja saudável). Um marido não fere a si mesmo nem bate em seu próprio corpo. Em vez disso, “o alimenta e cuida dele” (Ef 5:29). Em uma tentativa de eliminar a dureza e a violência contra esposas, Paulo convidou o marido a se identificar com a esposa. O marido é um com sua esposa, de modo que machucá-la não é nada menos que automutilação, e a maioria das pessoas em sã consciência não faz isso.

Voltando ao exemplo de Jesus, Paulo argumentou que o próprio Cristo pratica o autocuidado ao valorizar os crentes que são “Seu corpo” (Ef 5:29, 30). Ele aconselhou o marido a moldar o comportamento em relação à esposa, segundo a maneira como ele trata a si próprio e, finalmente, segundo a maneira como Cristo o trata.

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O que o exemplo de Jesus ensina sobre amar as pessoas da nossa própria família?


Quinta-feira, 31 de agosto
Ano Bíblico: RPSP: Sl 117
Uma só carne: o modelo para o casamento

5. Estude o relato da criação (Gn 2:15-25). O que ocorre na história antes da declaração de que o marido e a mulher são “uma só carne”? Gn 2:24

Uma chave para aplicar o conselho de Paulo a esposas e maridos é considerar a citação de Gênesis 2:24 em Efésios 5:31 como seu ápice. Enquanto meditava sobre a criação, Paulo considerou as necessidades das congregações e a saúde dos relacionamentos contidos nelas. Ele ouvia em Gênesis 2:24 uma mensagem que ecoava através do tempo. Pelo plano divino, o casamento é destinado a ser um relacionamento de “uma só carne”, com unidade sexual espelhada na unidade emocional e espiritual, e unidade emocional e espiritual trazendo significado para o relacionamento sexual.

Ao escolher Gênesis 2:24, Paulo selecionou uma declaração sobre o casamento feita antes da queda e a aplicou ao relacionamento entre maridos e esposas. Em nosso mundo pós-queda, a exploração desenfreada do relacionamento sexual entre homem e mulher revela o quanto a ideia de que a união sexual representa a subjugação da mulher está profundamente enraizada nas culturas modernas. Paulo argumentou que o relacionamento sexual, refletido em Gênesis, não é de subjugação, mas de união. Não simboliza nem efetiva o domínio do macho, mas a união entre marido e mulher, tanto que eles são “uma só carne”. Assim, consideramos Efésios 5:21-33 e Gênesis 2:24 uma teologia importante, contracultural e corretiva do casamento e da sexualidade.

Nesse mesmo contexto, Paulo falou no verso seguinte sobre um grande mistério (Ef 5:32). Isso inclui ambos os lados da metáfora dupla que Paulo vinha discutindo: o casamento cristão compreendido à luz do relacionamento de Cristo com a igreja e o relacionamento de Cristo com a igreja entendido à luz do casamento cristão.

O casamento é enaltecido ao ser comparado com o relacionamento entre Cristo e a igreja. Além disso, pensando na ligação da igreja com Cristo através das lentes do casamento carinhoso, obtemos nova clareza sobre o relacionamento com Cristo.

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Efésios 5:33 serve como resumo do conselho de Paulo em Efésios 5:21-32? Se você é casado, como pode implementar mais plenamente esses princípios em seu casamento?


Sexta-feira, 01 de setembro
Ano Bíblico: RPSP: Sl 118
Estudo adicional

Leia Testemunhos Para a Igreja, v. 7, p. 42-46 (“Responsabilidades da Vida Conjugal”); O Lar Adventista, p. 89-94 (“Obrigações Mútuas”).

Ellen G. White constantemente instava os cônjuges a deixar de tentar controlar um ao outro: “Não intentem impor um ao outro seus desejos. Não é possível fazer isso e ao mesmo tempo reter o amor mútuo. Sejam bondosos, pacientes, longânimos, corteses e cheios de consideração mútua” (O Lar Adventista [CPB, 2021], p. 93).

Ela comentou sobre a interpretação e aplicação de Colossenses 3:18 (e Ef 5:22-24): “Não raro se faz a pergunta: ‘Não deve a esposa ter vontade própria?’ A Bíblia claramente afirma que o marido é o cabeça da família [...] (Ef 5:22). Se essa injunção terminasse aqui, poderiam dizer que a posição da esposa não é nada invejável [...]. Muitos maridos ficam nas palavras: ‘As mulheres sejam submissas ao seu próprio marido’, mas leiamos a conclusão do mesmo verso: ‘como ao Senhor’ (v. 22).

“Deus pede que a esposa conserve Seu temor e Sua glória sempre diante de si. Inteira submissão deve ser somente ao Senhor Jesus Cristo, que a comprou como propriedade Sua, pelo infinito preço de Sua vida. [...] Sua submissão ao marido deve estar na base da indicação de Deus: ‘como ao Senhor’” (Ef 5:22; O Lar Adventista [CPB, 2021], p. 90, 91).

Perguntas para consideração

  1. Efésios 5:21-33 seria uma passagem ultrapassada que não mais se refere aos relacionamentos cristãos, pois impõe um modelo de casamento focado na autoridade e no domínio do marido? Que elementos da passagem justificariam sua resposta?
  2. O que Efésios 5:21-33 oferece a pessoas com problemas matrimoniais?
  3. Alguns argumentam que o relato da criação (Gn 1; 2) é uma metáfora e que houve bilhões de anos de evolução. Paulo usou o relato porque o considerava literal?
  4. O conceito de “uma só carne” nos ajuda a entender a santidade do casamento? E por que os casais devem fazer todo o possível para proteger essa santidade?

Respostas e atividades da semana: 1. Devemos nos submeter uns aos outros como a Cristo, sendo servos. 2. A salvação, a purificação, os enfeites, a aliança e o amor a ela dedicado. 3. O noivado, a preparação para a cerimônia e a cerimônia em si. A apresentação da noiva acontecerá no retorno de Cristo. 4. O esposo deve amar sua esposa como a si mesmo. Ora, “ninguém jamais odiou o seu próprio corpo”. Em vez disso, cuida dele e o trata bem. 5. Adão recebeu a responsabilidade de cuidar do jardim e dar nome aos animais; a mulher foi criada a partir da costela de Adão, para que o homem não ficasse sozinho; Deus então estabeleceu o casamento, em que homem e mulher devem ser uma só carne.

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Resumo da Lição 9
Maridos e esposas juntos na cruz

TEXTO-CHAVE: Efésios 5:25-27

FOCO DO ESTUDO: Ef 5:21-33; Fp 2:3, 4; Ez 16:1-14; 2Co 11:1-4; Gn 2:15-25

VISÃO GERAL

Introdução: O tema da unidade percorre a Epístola aos Efésios como um fio de ouro. A unidade se aplica não apenas à relação entre judeus e gentios na igreja (Ef 2). Ao longo da epístola, Paulo discute como a unidade é produzida pelo Deus triúno, pela salvação, pelo batismo, pela fé, pelos dons espirituais, pela presença do Espírito Santo em nós, pela transformação do nosso modo de vida de acordo com o padrão de Cristo e pela sabedoria cristã. Finalmente, para Paulo, a unidade em todos os seus aspectos só é possível em Cristo.

Paulo traz para o seu legítimo lugar a sua discussão sobre a unidade da igreja como a nova humanidade: a família. Se já houve algum exemplo ou um modelo de unidade, esse exemplo é a família. A família só pode estar unida em Cristo da mesma forma que os gentios e os judeus estão unidos em Cristo e todos os membros da igreja estão unidos em um só corpo, o corpo de Cristo. Na família, as esposas se submeterão ao marido em Cristo , e o marido amará a esposa “no Senhor”. O aspecto divino dentro da relação conjugal significa que devemos ver a família como Deus a vê. Esse aspecto divino também significa que a família deve cumprir a função e o propósito que o Senhor lhe deu na criação: ser “uma só carne”, uma unidade indivisível. Os dois são um, mas não apenas por causa dos benefícios mútuos, mas porque Deus assim os criou, porque Deus ordenou que fosse desse jeito. A unidade da família aponta para além dela mesma, assim como a unidade da igreja aponta para a unidade do Deus triúno e Seu relacionamento com a humanidade.

Temas da lição: Este estudo se concentra em três temas principais:

  1. Unidade no relacionamento entre marido e esposa;
  2. A única maneira pela qual a família mantém sua unidade é estar “no Senhor”, o que significa que seus membros se submetem uns aos outros conforme designado por Deus na criação e como foi confirmado pelo amor sacrifical de Jesus ;
  3. Uma família que está “no Senhor” não deveria experimentar abusos, adultério ou violência, pois, no Senhor, marido e esposa aprendem a se respeitar e amar.

COMENTÁRIO

A teologia paulina da família

Efésios 5:21-33 é uma discussão cristológica e eclesiológica. Como em outras epístolas, Paulo mistura uma sólida discussão teológica ( doutrina de Cristo e doutrina da igreja) em suas considerações práticas. A teologia bíblica não existe simplesmente com o propósito de conceber um sistema intelectual bonito e coerente; a mensagem prática de Paulo sempre é construída sobre o fundamento sólido da teologia bíblica.

Por isso, o apóstolo não aborda a família como se fosse um tema secundário que poderia ser abordado com soluções tiradas da sabedoria humana, da psicologia ou da sociologia. Em vez disso, ele coloca sua discussão sobre a família no contexto das doutrinas cristãs: Deus, a criação, Cristo, a salvação e a igreja. Paulo não usa a família para ilustrar essas doutrinas, mas usa essas doutrinas para ilustrar a família!

Como no caso da igreja, Paulo não aceita que a abordagem do assunto da família cristã seja determinada pelas realidades da nossa natureza e da sociedade humanas decaídas. Em vez disso, ele segue o princípio interpretativo “desde o princípio” de Jesus (“mas não foi assim desde o princípio”; Mt 19:8), que ajuda a igreja cristã e sua teologia a se orientarem para a restauração dos ideais de Deus para nós, em lugar de legitimar as realidades do mundo pecaminoso. A forma como Paulo fala sobre a família no contexto dessas doutrinas cristãs fundamentais mostra que a família cristã não pode ser submetida a concessões.

Submissão e amor

A linguagem de “submissão e amor”, referindo-se às relações entre homem e mulher, tem causado debates, atraindo até críticas para o cristianismo, sendo considerado misógino. No entanto, essas reações estão baseadas na compreensão equivocada da mensagem.

Vários pontos podem nos ajudar a entender melhor essa passagem:

1. As atitudes do marido e da esposa vêm do contexto de submissão de um ao outro (Ef 5:21), como resultado de serem cheios do Espírito Santo (Ef 5:18).

2. A esposa se submete ao marido, não como a um chefe, mas como a Cristo, seu Salvador e Protetor. O significado de submissão é manter o marido em alta consideração, respeitando, reconhecendo e apreciando seu esposo como protetor e auxiliador. A Bíblia não apresenta nenhum fundamento para a ideia de considerar a esposa inferior ao marido e, portanto, em sujeição a ele como a um superior. Ao contrário, Paulo ensina a atitude correta de humildade e respeito que a esposa deve ter pelo marido. O cristianismo proclama a igualdade de dignidade de homens e mulheres em Cristo. Esse fato não deve levar as mulheres a adotar uma atitude de arrogância e superioridade em relação aos maridos. Em vez disso, a atitude da esposa deve ser de fidelidade amorosa e solidária.

3. Os maridos, por sua vez, devem se lembrar de que as mulheres percebem o amor em termos de cuidado e proteção. O amor do marido é como o amor sacrifical do Senhor pela igreja. Paulo ensina o homem a ter a atitude de humildade, apreço e amor pela esposa.

4. É verdade que Paulo comparou a submissão da esposa com a submissão da igreja, e o amor do marido com o amor de Cristo. Contudo, ele não faz essa comparação de forma vaga, misturando conceitos teológicos, dando assim base para relacionamentos hierárquicos entre homens e mulheres ou para uma visão sacramental do casamento. Pelo contrário, o apóstolo imediatamente qualifica sua comparação e explica com muito cuidado exatamente o que ele quis dizer e quais são os pontos de comparação. Essa comparação se refere às atitudes e formas de se submeter um ao outro e de expressar o amor.

João Crisóstomo (347-407 d.C.), o famoso pregador e patriarca da igreja em Constantinopla, usou suas habilidades para descrever o amor do marido por sua esposa:

“Você gostaria de ter sua esposa obediente a você, como a igreja é para Cristo? Tome o mesmo cuidado providencial por ela, como Cristo tem pela igreja. Mesmo que lhe seja necessário dar a vida por ela, e ser cortado em pedaços dez mil vezes, e suportar e sofrer qualquer sofrimento – não o recuse. Embora você deva passar por tudo isso, ainda assim você não vai ter nem chegado perto de fazer algo como Cristo fez. Pois você está fazendo isso por alguém a quem já está ligado, mas Ele o fez por alguém que virou as costas para Ele e O odiou. Da mesma forma, quando Ele colocou a Seus pés aquela que Lhe deu as costas, que O odiava, desprezava e ignorava, não por ameaças, nem por violência, nem por terror, nem por qualquer outra coisa do tipo, mas por Seu amor incansável; assim também se comporte para com sua esposa. Sim, embora você a veja o menosprezando, desdenhando e ignorando, ainda assim por sua grande consideração por ela, pelo amor, pela bondade, você poderá colocá-la a seus pés. Pois não há nada mais poderoso para influenciar do que esses laços, e especialmente para o marido e a mulher. Alguém poderá ser capaz, talvez, de prender um servo pelo medo; mas nem mesmo ele, pois logo ele começará a escapar e irá embora. Mas a companheira de sua vida, a mãe de seus filhos, a base de todas as suas alegrias, nunca deve ser acorrentada pelo medo e pelas ameaças, mas com amor e bom humor. Pois que tipo de união é essa, em que a esposa treme pelo marido? E que tipo de prazer sentirá o próprio marido, se morar com sua esposa como se fosse uma escrava, e não como com uma mulher livre? Sim, embora você deva sofrer alguma coisa por causa dela, não a repreenda, pois nem Cristo fez isso” (Homilias de João Crisóstomo, Arcebispo de Constantinopla, sobre a Epístola de Paulo aos Efésios, citado em Philip Schaff, ed., Saint Chrysostom: Homilies on Galatians, Ephesians, Philippians, Colossians, Thessalonians, Timothy, Titus, and Philemon [Grand Rapids, MI: Eerdmans Printing Company, 1983], v. 13, p. 144).

A doutrina adventista sobre casamento e família

A teologia da família é tão importante que algumas igrejas incluíram a família na lista de suas doutrinas (ver a Confissão de Fé de Westminster, artigo 24). Infelizmente, algumas igrejas, como a Igreja Católica Romana, a Igreja Ortodoxa Oriental e a Igreja Anglicana, chegaram ao extremo de ver o casamento e a família como um sacramento.

A visão dos Adventistas do Sétimo Dia sobre a família, especialmente com foco no relacionamento entre os cônjuges, é expressa na crença fundamental 23: “O casamento foi divinamente estabelecido no Éden e confirmado por Jesus como união vitalícia entre um homem e uma mulher, em amoroso companheirismo. Para o cristão, o compromisso matrimonial é com Deus bem como com o cônjuge, e só deve ser assumido entre parceiros que partilham da mesma fé. Mútuo amor, honra, respeito e responsabilidade constituem a estrutura dessa relação, a qual deve refletir o amor, a santidade, a intimidade e a constância da relação entre Cristo e Sua Igreja. [...] Conquanto algumas relações de família fiquem aquém do ideal, os consortes que se dedicam inteiramente um ao outro, em Cristo, podem alcançar amorosa unidade por meio da orientação do Espírito e a instrução da Igreja. Deus abençoa a família e quer que seus membros ajudem uns aos outros a alcançar completa maturidade. [...] Crescente intimidade familiar é uma das características da mensagem final do evangelho” (Associação Ministerial da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia (org.), Nisto Cremos: As 28 Crenças Fundamentais da Igreja Adventista do Sétimo Dia, 8ª ed. [Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2008], p. 365).

A Igreja Adventista também oferece uma reflexão adicional sobre a família por meio de declarações oficiais. Sua declaração de 1996 sobre o “Casamento” (veja a seguir) está claramente associada a Efésios 5, embora a declaração da Igreja não use referências bíblicas. No entanto, vários pontos dessa declaração destacam a importância teológica do casamento e da família:

Primeiro, a declaração relaciona o casamento com a natureza do Deus bíblico triúno e santo: “Decorrendo da diversidade dos dois gêneros humanos, a unidade do casamento reflete de um modo singular a unidade na diversidade da Divindade”.

Em segundo lugar, a família simboliza a relação de Deus com a humanidade: “Através das Escrituras, a união heterossexual no matrimônio é exaltada como um símbolo da união entre a Divindade e a humanidade. É um testemunho humano do amor altruísta de Deus e do concerto com Seu povo. A harmoniosa associação de um homem e uma mulher no matrimônio é um microcosmo da unidade social que tem sido valorizada como um ingrediente central de sociedades estáveis”.

Terceiro, a declaração enfatiza que as famílias estão em estado de pecado e precisam de restauração: “Por ter o casamento sido corrompido pelo pecado, a pureza e beleza do matrimônio conforme foi designado por Deus precisa ser restaurada. Por meio de uma apreciação da obra redentiva de Cristo e da obra do Seu Espírito no coração humano, o propósito original do matrimônio pode ser recuperado e sua deleitosa e saudável experiência percebida por um homem e uma mulher que unem sua vida em um concerto matrimonial” (Igreja Adventista do Sétimo Dia, Declarações Oficiais da Igreja [Casa Publicadora Brasileira, 2005], p. 64, 65. Comissão Administrativa da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia, 23 de abril de 1996).

A Igreja Adventista emitiu declarações adicionais condenando o abuso e a violência na família (Declarações Oficiais da Igreja, 2005, p. 8. Comissão Administrativa da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia; Sessão da Associação Geral em Utrecht, Holanda, de 29 de junho a 8 de julho de 1995), e com afirmação e apoio às mulheres em contextos difíceis (Declarações Oficiais da Igreja, 2005, p. 115. Comissão Administrativa da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia; Sessão da Associação Geral em Utrecht, Holanda, de 29 de junho a 8 de julho de 1995).

APLICAÇÃO À VIDA

  1. De que forma as famílias ou a igreja podem se tornar centros de reconciliação familiar?
  2. Preparem três apresentações como parte de um projeto para promover os relacionamentos cristãos entre marido e mulher na comunidade.
  3. Peça aos alunos que identifiquem e expliquem três diferenças principais entre o modo como a Bíblia e sua cultura local veem o relacionamento entre marido e mulher. Você pode citar três maneiras pelas quais podemos corrigir os relacionamentos na família a fim de nos aproximarmos do modelo bíblico?

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Testando o Pai, Testando Deus

Um pai estava dirigindo pela Polônia com seu filho adolescente, Tomasz, à noite.

Enquanto eles viajavam, o pai falava sobre as maravilhosas experiências que ele havia tido com Deus na estrada.

“Quando estou dirigindo meu carro e alguma coisa acontece fazendo com que o carro se quebre, Deus geralmente me ajuda”, disse o pai. “Um mecânico vem ao resgate, ou alguém para o carro para me ajudar, ou meu carro quebra perto de uma garagem com um mecânico.”

Tomasz ouviu seu pai sem nenhuma reação visível em seu rosto.

Após um tempo, o pai e o filho pararam em um posto de gasolina.

Quando o pai tentou ligar o motor, não funcionou. 

Agora Tomasz tinha uma reação visível em seu rosto. Ele sorriu.

“Olhe, pai”, disse ele. “Agora podemos testar o que o senhor disse. Deus realmente o ajuda quando o senhor tem problemas com o carro?”

O pai foi até à encarregada do posto de gasolina.

“Você tem um mecânico disponível?”, perguntou ele.

“Você está brincando?”, a mulher respondeu. “São 23h. Reserve um quarto em um hotel e tente pela manhã.”

O pai balançou a cabeça.

“Não”, disse ele. “Eu preciso mostrar ao meu filho como Deus guia minha vida.”

O pai saiu do carro e ligou para um mecânico que o havia ajudado com o carro uma semana antes.

O mecânico deu um palpite sobre o que havia de errado com o carro. Mas o pai não conseguia entender suas instruções sobre como consertar o carro e, de qualquer forma, não tinha nenhuma ferramenta com ele.

Tomasz saiu do carro enquanto o pai estava falando ao telefone e disse: “Pai, ali tem um grupo de mecânicos que têm problemas com o carro e estão esperando por uma peça de reposição. Talvez eles possam dar uma olhada no carro”.

“Chame-os”, disse o pai.

Os mecânicos vieram e consertaram o carro em cinco minutos. O pai ficou feliz.

“Tomasz, você vê como Deus age?”, disse com um sorriso.

Então, ele agradeceu aos mecânicos, pagou-lhes e deu-lhes um livro sobre Deus. Os mecânicos agradeceram e saíram. Exceto um. Ele ficou para trás. “Eu reconheço você”, disse ele.

“Oh?” o pai disse. “Muitas pessoas se parecem. Talvez você tenha me confundido com alguém que se parece comigo.”

“Não”, o homem insistiu. “Eu reconheço você. Eu o vi em um programa de Páscoa na Igreja Adventista do Sétimo Dia.”

O pai se lembrou do programa. Ele havia ajudado a liderar o programa. Ele atuava como diretor jovem da Igreja Adventista na Polônia na época.

“Sim, era eu”, disse o pai.

O homem disse: “Eu era adventista, mas eu não sou mais”.

O pai olhou para o homem com profunda compaixão no rosto.

“Não é nenhuma coincidência que estamos aqui e que eu tive problemas com meu carro para que pudéssemos nos encontrar e conversar”, disse ele.

O pai orou com o homem e deu-lhe um livro sobre Deus.

Então, eles se separaram.

O pai, cujo nome é Ryszard Jankowski, não sabe o que aconteceu com o homem.

“Mas eu tenho certeza de que Deus nos guia de maneiras maravilhosas quando O seguimos,” diz ele.

Obrigado por suas ofertas em 2017, pois elas ajudaram a construir um estúdio de televisão para o Hope Channel Polônia. Hoje, Ryszard Jankowski, é o presidente da Igreja Adventista do Sétimo Dia na Polônia e orador periódico na Hope Channel Polônia, filial local do Hope Channel Internacional.

Por Andrew McChesney

Dicas para a história

-Ryszard Jankowski se pronuncia: ri-TSARD YAN-kov-sky.

-Visite o site do Hope Channel Polônia (em polonês) em: hopechannel.pl.

-Baixe as fotos no Facebook: bit.ly/fb-mq.

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Comentário da Lição da Escola Sabatina – 3º Trimestre de 2023

Tema geral: Efésios

Lição 10 – 26 de agosto a 2 de setembro

Maridos e esposas juntos na cruz

 

Autor: Matheus Cardoso

Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br

Revisora: Rosemara Santos

Ideias principais

Em Efésios 5:21 a 6:9, Paulo apresentou instruções práticas de como os cristãos devem se relacionar no lar. Orientações semelhantes aparecem no Novo Testamento em Colossenses 3:18 a 4:1 e 1 Pedro 2:18 a 3:7. Em Efésios, essas diretrizes de conduta são dirigidas a três grupos: esposas e maridos, filhos e pais, e escravos e senhores.

Devemos entender os ensinos de Paulo a respeito do lar cristão dentro do contexto mais amplo da carta, cujo tema central é o grandioso plano divino centrado em Cristo: na consumação dos tempos, Deus “reunirá sob a autoridade de Cristo tudo que existe nos Céus e na Terra” (Ef 1:10, NVT). Por isso, os cristãos são chamados a desenvolver relacionamentos caracterizados por amor e unidade (Ef 4:3), que reflitam esse plano, que se concretizará plenamente na segunda vinda de Cristo.

Texto-base da semana: Efésios 5:21-33

Antes do estudo da Lição da Escola Sabatina ou deste comentário, leia Efésios 5:21-33. Sugerimos uma tradução mais contemporânea da Bíblia, como a Nova Versão Internacional ou a Nova Versão Transformadora.

Notas de estudo

Para o estudo mais aprofundado do texto bíblico, sugerimos uma tradução mais literal, como a Nova Almeida Atualizada (que usamos abaixo).

5:21:

Sujeitem-se uns aos outros. Os cristãos são chamados a desenvolver relacionamentos com base no amor altruísta e sacrifical, caracterizados pela negação dos desejos egoístas e pela preocupação com as necessidades dos outros (Mc 10:42-45; Rm 12:10; Fp 2:3, 4). A submissão que deve caracterizar os relacionamentos cristãos não é motivada pelo medo das pessoas nem pelo desejo de obter vantagens pessoais, mas pelo temor a Cristo (NVI).

5:22:

Esposas, que cada uma de vocês se sujeite a seu próprio marido. O conceito de submissão, por mais desafiador que pareça a muitos leitores atuais, não é aplicado só à esposa, mas, em primeiro lugar, a todos os cristãos (Ef 5:21).

Em Efésios 5:22, “o significado de submissão é manter o marido em alta consideração, respeitando, reconhecendo e apreciando seu esposo como protetor e auxiliador” (Lição da Escola Sabatina, edição do Professor, p. 118).

Em Efésios 5:22-24, Paulo falou a respeito das posições de liderança e submissão no contexto do casamento. Apesar dessa distinção de papéis sociais e sexuais, homem e mulher são iguais diante de Deus em termos de valor, dignidade e salvação. Paulo destacou essa igualdade ao reafirmar a mulher, por exemplo, em “(a) sua sexualidade (1Co 7:4), (b) sua aceitação sob a graça de Deus (1Co 11:11, 12), (c) sua elegibilidade para o dom profético (v. 5), (d) seu lugar privilegiado como objeto da atenção e solicitude masculina (Ef 5:28, 29) e (e) sua igualdade categórica em Cristo Jesus (Gl 3:28)” (Calvin B. Rock, “Casamento e Família”, em Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia [CPB, 2011], p. 813).

Como a esposa pode ser igual ao marido e, ao mesmo tempo, submissa a ele? Uma forma bastante didática de compreender essa questão é o fato de que tal linguagem também é aplicada ao relacionamento entre Cristo e Deus, o Pai.

“Submissão não implica inferioridade (cf. Gl 3:28), mas uma diferença funcional, uma vez que Cristo Se submete ao Pai em termos funcionais [Jo 14:28; 1Co 11:3; 15:24, 28]” (Bíblia de Estudo Thomas Nelson [Thomas Nelson Brasil, 2023], sobre Ef 5:22). “A submissão de Cristo ao Pai não indica posição inferior, mas implementação de uma função complementar num esforço conjunto. Esse conceito elimina a possibilidade de que, pela ordem da criação, Deus tenha destinado um sexo para mandar em outro” (Rock, “Casamento e Família”, p. 812).

Como ao Senhor, isto é, “como convém no Senhor” (Cl 3:18). A submissão da esposa a Cristo é o fundamento da submissão da esposa ao marido e indica os limites desta. “Tal submissão exclui qualquer obediência servil ao marido, sobretudo se aquilo que ele exigir não estiver em harmonia com a vontade do Senhor para o matrimônio” (Leo Ranzolin Jr., “Deve a esposa ser submissa ao marido?”, em Interpretando as Escrituras: Descubra o sentido dos textos mais difíceis da Bíblia [CPB, 2021], p. 316).

5:23:

O cabeça da esposa, como também Cristo é o cabeça da igreja. Ser o “cabeça” indica exercer liderança. “O senhorio de Cristo sobre a igreja é o modelo para o relacionamento entre marido e esposa: Cristo é o cabeça da igreja e, como tal, Ele a salvou. A ênfase não está na autoridade que Cristo exerce sobre a igreja, mas no que Ele fez por ela, uma ideia que controla toda a discussão” de Efésios 5:25-33 (Richard Sabuin, “Ephesians”, em Andrews Bible Commentary, v. 2: New Testament [Andrews University Press, 2022], p. 1722).

5:24:

Se sujeite em tudo. Em todas as áreas da vida, não em toda e qualquer situação, especialmente se tratando de algo contrário à vontade de Deus.

5:25:

As instruções dirigidas ao marido são três vezes mais longas (nove versículos; 41 palavras no original em grego) que as dirigidas à esposa (três versículos; 116 palavras em grego). O papel de liderança do marido não tem como modelo a estrutura social greco-romana, mas o exemplo abnegado de Cristo. Nessas orientações, os maridos “são admoestados não a dominar, mas a amar a esposa” (Ranzolin Jr., “Deve a esposa ser submissa ao marido?”, p. 317; grifo no original).

Maridos, que cada um de vocês ame a sua esposa. No contexto greco-romano em que Paulo vivia, o dever do marido era exercer autoridade absoluta sobre a esposa, recebendo permissão para maltratá-las e, em casos mais extremos, até tirar a vida delas. “Exortações para que o marido ame a esposa são raras na literatura greco-romana e nos textos judaicos [da época de Jesus e dos apóstolos]. Fora do Novo Testamento, nos códigos que contêm instruções dirigidas a famílias, homens jamais são exortados a amar a esposa” (Clinton E. Arnold, Ephesians [Zondervan, 2010], p. 383).

Como também Cristo amou a igreja, isto é, de modo sacrifical, pois Se entregou por ela (Jo 10:11, 15, 17; 15:13). Todos os relacionamentos do cristão devem ter como modelo o amor sacrifical de Cristo (Ef 5:2). A dedicação do marido à esposa deve revelar esse amor altruísta de maneira ainda mais profunda. “Os maridos devem seguir o exemplo de Cristo, sacrificando amorosamente seus próprios interesses para o benefício da esposa” (Bíblia de Estudo Thomas Nelson, sobre Ef 5:25).

“Paulo redefiniu o exercício da liderança em termos do amor de Cristo pela igreja; Ele exerceu Sua liderança sobre a igreja ao amá-la, e esse amor foi manifestado em Sua morte sacrifical em favor dela” (Sabuin, “Ephesians”, p. 1722).

Portanto, a liderança do marido “deve ser encarada não como uma privilegiada superioridade, mas como uma solene e sacrifical responsabilidade” (Rock, “Casamento e Família”, p. 813).

5:28, 29:

Assim também. Amando-a a ponto de se sacrificar por ela, assim como Cristo amou a igreja (Ef 5:25).

O marido deve amar a sua esposa como ama o próprio corpo. [...] o alimenta e cuida dele, como também Cristo faz com a igreja. Atender às necessidades, respectivamente, da esposa e da igreja, além de cuidar dela, “é a função do marido como cabeça da esposa e de Cristo como cabeça da igreja” (Sabuin, “Ephesians”, p. 1722).

 5:31:

“O homem deixará o seu pai e a sua mãe e se unirá à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne” é uma citação de Gênesis 2:24. Esse é o auge de toda a argumentação de Paulo: o marido deve amar a esposa por causa da íntima união que existe entre ambos – sua esposa é parte integrante dele.

5:33:

Cada um ame a própria esposa como a si mesmo, e que a esposa respeite o seu marido. Nessa frase, Paulo apresentou um resumo e conclusão das orientações dos versos 21 a 32. “A conduta específica exigida [do casal] pode ser resumida assim: a mulher deve se submeter ao seu marido e respeitar sua liderança amorosa, e o marido deve tratar a esposa com o mesmo cuidado que tem por si mesmo e, mais ainda, com o tipo de amor que lhe permitiria sacrificar a vida por ela. Para ambos os parceiros, há uma motivação cristológica que advém principalmente da analogia com Cristo e a igreja” (Andrew T. Lincoln, Ephesians [Word, 1990], p. 389, citado em Ranzolin Jr., “Deve a esposa ser submissa ao marido?”, p. 318).

Para estudo mais aprofundado do entendimento adventista sobre igualdade, submissão e liderança no contexto do casamento, veja Calvin B. Rock, “Casamento e Família”, em Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia [CPB, 2011], p. 812, 813; Leo Ranzolin Jr., “Deve a esposa ser submissa ao marido?”, em Interpretando as Escrituras: Descubra o sentido dos textos mais difíceis da Bíblia [CPB, 2021], p. 315-318.

Conclusão

Ellen White aplica as orientações bíblicas de Efésios 5:21-33 de maneira bastante clara e prática:

“Deus pede que a esposa conserve Seu temor e Sua glória sempre diante de si. Inteira submissão deve ser somente ao Senhor Jesus Cristo, que a comprou como propriedade Sua, pelo infinito preço de Sua vida. Deus lhe deu uma consciência, que ela não pode violar impunemente. Sua individualidade não pode ser submersa na do marido, pois ela é propriedade de Cristo. É um erro imaginar que com cega devoção deve ela fazer tudo exatamente como seu marido manda, quando ela sabe que em assim procedendo atrairia danos sobre seu corpo e espírito, que foram resgatados da escravidão de Satanás. Existe Um que é mais importante aos olhos da esposa do que o marido: é seu Redentor, e sua submissão ao marido deve estar na base da indicação de Deus: ‘como ao Senhor’ (Ef 5:22). [...]

“Nem o marido nem a esposa deve pensar em exercer governo arbitrário sobre o outro. Não intentem impor um ao outro seus desejos. Não é possível fazer isso e ao mesmo tempo reter o amor mútuo. Sejam bondosos, pacientes, longânimos, corteses e cheios de consideração mútua. Pela graça de Deus, vocês podem ter êxito em fazer felizes um ao outro, como prometeram no voto matrimonial” (Ellen G. White, O Lar Adventista [CPB, 2021], p. 91, 93).

Conheça o autor dos comentários para este trimestre: Matheus Cardoso é graduado em Teologia pelo Unasp-EC. Serviu à Casa Publicadora Brasileira como editor durante alguns anos e hoje atua como tradutor profissional para a Casa Publicadora Brasileira e outras instituições.