Lição 5
27 de julho a 02 de agosto
Milagres à margem do lago
Sábado à tarde
Ano Bíblico: RPSP: Ml 1
Verso para memorizar: “Jesus, porém, não o permitiu; ao contrário, ordenou-lhe: – Vá para a sua casa, para os seus parentes, e conte-lhes tudo o que o Senhor fez por você e como teve compaixão de você” (Mc 5:19).
Leituras da semana: Mc 4:35-41; Sl 104:1-9; Mc 5:1-43; Nm 27:17

O ministério de Jesus esteve grandemente concentrado na Galileia, especialmente dentro e ao redor do mar da Galileia, um lago de aproximadamente 21 quilômetros de comprimento e 13 quilômetros de largura. É o maior corpo de água da região e era o centro da vida das pessoas que viviam nas proximidades.

Marcos 4 termina com Jesus e Seus discípulos atravessando o mar da Galileia. Surgiu uma tempestade, que Jesus acalmou falando ao vento e às ondas. Marcos 6 termina com uma cena semelhante, mas desta vez Jesus andou sobre as águas em direção aos discípulos que estavam no barco. Entre essas cenas na água há vários milagres de Jesus que foram feitos em terra e a primeira atividade missionária de Seus discípulos. Essas histórias são o assunto do estudo desta semana.

A característica predominante dessas histórias espetaculares é que elas permitem que o leitor perceba quem é Jesus. Ele é o único capaz de acalmar uma tempestade, curar um endemoninhado, curar uma mulher que simplesmente tocou em Suas vestes, ressuscitar uma menina, pregar em Sua cidade natal, enviar Seus discípulos em uma missão evangelizadora, alimentar 5 mil homens com alguns pães e peixes e andar sobre as águas – demonstrações incríveis de poder que ajudaram os discípulos a compreender que Ele é o Filho de Deus.

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Domingo, 28 de julho
Ano Bíblico: RPSP: Ml 2
Acalmando a tempestade

1. Leia Marcos 4:35-41. O que aconteceu nessa história e que lições podemos tirar dela sobre quem é Jesus? 

No início de Marcos 4, Jesus entrou em um barco para ensinar a multidão que estava na praia. Em Marcos 4:10 a 12, parece que Ele deve ter saído do barco e conversado com os discípulos em particular. Agora, depois de um longo dia de ensino, os discípulos levaram Jesus no barco “assim como estava”, isto é, muito cansado. Ele imediatamente adormeceu na almofada do barco, que estaria na popa. Uma grande tempestade surgiu no lago, e o barco corria o risco de afundar quando os discípulos acordaram o Mestre. De maneira contundente, Jesus ordenou que o vento e as ondas se aquietassem. Uma grande calmaria veio sobre o lago, e os discípulos ficaram espantados com a demonstração do poder divino. 

2. Leia o Salmo 104:1-9. Como a imagem de Yahweh nesse texto se compara a Cristo acalmando a tempestade? 

A história de Marcos 4:35 a 41 se encaixa em um padrão bíblico comum, o de uma “teofania” – manifestação visível de Deus ou de um de Seus anjos. Cinco características são comuns nesses eventos: (1) a demonstração do poder divino; (2) o medo humano; (3) a ordem: “Não tema”; (4) as palavras da revelação para a qual Deus ou o anjo apareceu; e (5) resposta humana à revelação. Quatro das cinco características estão nessa história: acalmar a tempestade é a demonstração do poder divino, o medo dos discípulos é o medo humano. A pergunta: “Por que vocês estão com tanto medo?” (Mc 4:40, NVI) corresponde a “Não tema”. A pergunta dos discípulos: “Quem é este [...]?” (Mc 4:41) é a resposta humana. O que está ausente são as palavras da revelação. Esse detalhe que falta se encaixa no tema do segredo e da revelação que percorre todo o livro, no qual a verdade sobre Jesus será revelada. A pergunta dos discípulos: “Quem é este que até o vento e o mar Lhe obedecem?” leva o leitor a preencher a resposta das palavras que faltam na revelação: Ele é o Filho de Deus, o próprio Senhor. 

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Como aprender a se apoiar no poder de Deus e a confiar nele em todas as situações?


Segunda-feira, 29 de julho
Ano Bíblico: RPSP: Ml 3
Ouvindo um sussurro acima de um grito

3. Leia Marcos 5:1-20. O que podemos aprender sobre o grande conflito nesse relato extraordinário e, mais uma vez, sobre o poder de Jesus? 

Se a noite anterior no lago foi inesquecível, a chegada aos gerasenos na manhã seguinte também foi impressionante. A história do endemoninhado apresentada é comovente. Rompendo com todas as restrições, ele vivia nos túmulos e se feria com pedras. “Ninguém podia prendê-lo” (Mc 5:4). Então ele se encontrou com Jesus. 

O homem correu para Jesus – nenhuma palavra é dita sobre os discípulos (que provavelmente fugiram). Quando o homem se aproximou de Jesus, prostrou-se diante Dele. A palavra “prostrou-se” traduz o verbo grego proskyne?, geralmente traduzido como “adorar”. Aparentemente o homem reconheceu que Jesus era Alguém que poderia ajudá-lo. Mas, quando abriu a boca, os demônios dentro dele gritaram para Jesus, que podia ouvir o pedido de ajuda sussurrado do homem acima dos gritos dos demônios. Quando eles pediram que fossem mandados para uma manada de porcos, Jesus permitiu que entrassem nos porcos. A manada, que era cerca de dois mil, desceu o precipício e se afogou. Foi um desastre financeiro para os proprietários. 

É incrível que os demônios sabiam quem é Jesus, e sabiam que eram impotentes diante Dele. Por isso, “imploraram” duas vezes (Mc 5:10, 12, NVI) para fazer o que tinham pedido. Os demônios conheciam o poder que Jesus tinha sobre eles. 

Essa história tem duas características predominantes. Primeiro, está cheia de elementos relacionados à impureza ou contaminação cerimonial, conforme a lei do AT: túmulos e mortos (Nm 19:11, 16), o sangramento (Lv 15) e os porcos (Lv 11:7). 

Mas, em segundo lugar, sobressaindo-se aos diversos elementos de impurezas está a batalha entre os poderes do bem e as forças do mal. Jesus expulsou os demônios (vantagem de Jesus), e os demônios mataram os porcos (vantagem de Satanás). Os habitantes da cidade pediram que Jesus saísse (vantagem de Satanás), mas Jesus enviou de volta o homem curado como Sua testemunha (grande vitória de Jesus). Aquele era um missionário improvável, mas ele tinha uma história incrível para contar. 

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Essa história oferece esperança de que o poder de Jesus pode ajudá-lo em suas lutas?


Terça-feira, 30 de julho
Ano Bíblico: RPSP: Ml 4
Na montanha-russa com Jesus

Líderes religiosos como Jairo geralmente não tinham amizade com Jesus (Mc 1:22; 3:2, 6; Lc 13:14). Então, é provável que ele estivesse desesperado. Isso se confirma pelo fato de que Jairo se prostrou aos pés de Jesus. O apelo dele é compreensível para qualquer pai – a filha dele estava morrendo. Mas ele tinha fé de que Jesus podia ajudá-lo. Sem dizer uma palavra, Jesus foi com Jairo até a casa dele. 

5. O que interrompeu a viagem em direção à casa de Jairo? Mc 5:25-34 

A história é interrompida de maneira repentina, dando lugar a outra cena, que desperta compaixão – uma mulher que há terríveis doze anos enfrentava uma doença. Essa história de Jairo e da mulher é a segunda história em formato de sanduíche relatada em Marcos (veja Mc 3:20-35, que estudamos na lição 3). Nessa história, os personagens colocados em contraste, Jairo e a mulher, pedem ajuda a Jesus. 

A mulher chegou por trás de Jesus e tocou em Suas vestes. Ela imediatamente ficou bem. Mas Jesus parou e perguntou: “Quem tocou na Minha roupa?” (Mt 5:30). 

A mulher enferma de repente foi curada. No entanto, ela temia que Jesus ficasse irado com o que havia ocorrido. Vários pensamentos devem ter passado por sua mente em pouco tempo. Mas Jesus desejava curar não só o corpo dela, mas também sua alma. 

Então, o texto volta a Jairo (Mc 5:35-43). Ele também deve ter experimentado vários sentimentos. Jesus disse que a menina não estava morta, mas dormindo. Ele expulsou os que estavam ali e foi para a sala em que estava a menina. Tomando a mão dela, disse: “Talitá cumi!” (Mc 4:41). Marcos traduziu essas palavras como: “Menina, [...] Levante-se!”. Mais literalmente, a palavra talitá significa “cordeiro”, um termo carinhoso para se referir a uma criança. A ordem de manter o evento em segredo faz parte do tema do segredo e da revelação que percorre Marcos e aponta para quem é Jesus e para o fato de que, em última análise, Ele não pode permanecer oculto.

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Quarta-feira, 31 de julho
Ano Bíblico: RPSP: Mt 1
Rejeição e aceitação

6. Por que as pessoas da cidade de Jesus O rejeitaram? Mc 6:1-6 

Normalmente, quando alguém que veio de uma cidade pequena se torna popular, os habitantes do lugar ficam muito contentes. Mas não foi o que ocorreu com os de Nazaré. Eles ficaram ofendidos e surpresos com o sucesso de Jesus como Mestre e operador de milagres. A transformação de carpinteiro em mestre parecia difícil de aceitar. Pode ter havido alguma hostilidade porque Ele fez a maioria de Seus milagres em Cafarnaum (Lc 4:23). E Jesus já havia tido um desentendimento com Sua família (Mc 3:31-35). 

7. Leia Marcos 6:7-30. Como a missão dos doze apóstolos estava em contraste com a decapitação de João Batista? 

Essa é a terceira história em formato de sanduíche em Marcos (ver a lição 3). A missão dos apóstolos de pregar em todos os lugares está em contraste com a prisão e morte de João Batista. Os discípulos deviam viajar com pouca bagagem e depender de pessoas para o seu sustento. Essa estratégia tornava os missionários dependentes das pessoas a quem serviam, o que os ligava àqueles que precisavam de sua mensagem. 

João Batista, porém, não tinha esse vínculo com Herodes e sua família. Sua morte ocorreu de forma chocante, pois a conspiradora Herodias se aproveitou da ambivalência e da luxúria de Herodes. A filha de Herodias acrescentou ao plano escandaloso o pedido grotesco de que a cabeça de João fosse entregue em um prato. 

O silenciamento de João ocorreu ao mesmo tempo em que os apóstolos pregavam o arrependimento, assim como o Batista havia feito. A morte de João prenuncia a de Jesus. João foi morto e sepultado, e é dito que teria ressuscitado (Mc 6:14-16, 29), como aconteceria com Jesus (Mc 15; 16). Essas histórias paralelas apontam para uma crise que seria enfrentada por Jesus e Seus seguidores. 

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Você já foi rejeitado ou passou por uma crise difícil de entender? O que aprendeu com essa experiência que possa ajudá-lo na próxima vez que algo semelhante acontecer?


Quinta-feira, 01 de agosto
Ano Bíblico: RPSP: Mt 2
Um tipo diferente de Messias

8. Como Jesus lidou com diferentes problemas messiânicos? Mc 6:34-52 

 

Depois que os discípulos retornaram de sua missão, foram com Jesus descansar em uma área remota a leste do mar da Galileia. Mas uma multidão havia chegado ao local antes deles. Eles eram como ovelhas sem pastor. Então Jesus os ensinou durante o dia. 

À tarde, os discípulos recomendaram que a multidão fosse mandada embora para procurar comida, mas Jesus lhes disse para alimentar a multidão. O diálogo que se segue (Mc 6:35-38) ilustra que os discípulos estavam pensando em termos humanos sobre como resolver o problema. No entanto, Jesus resolveu o problema alimentando a multidão de modo miraculoso com apenas cinco pães e dois peixes. 

As características dessa história se encaixam no conceito popular sobre o Messias na época de Jesus. A expectativa era que o Messias libertasse Israel de seus inimigos, trazendo justiça e paz. Um grande número de homens em um ambiente desértico facilmente teria conotações militares de revolta (Jo 6:14, 15; At 21:38). 

Essa noção é fortalecida pela referência ao fato de que Jesus viu o povo “como ovelhas que não têm pastor” (Mc 6:34), uma citação de Números 27:17, em que Moisés pediu a Deus que nomeasse um líder para Israel depois dele. Essa linguagem sobre um pastor para o povo de Deus aparece em outras partes do AT, geralmente com referência à falta de um líder ou rei em Israel (1Rs 22:17; 2Cr 18:16; Ez 34:5, 6). 

Jesus não atendeu às falsas expectativas, mas mandou embora Seus discípulos e dispensou a multidão. Em vez de liderar uma rebelião contra Roma, o que Ele fez? Foi para uma montanha a fim de orar – algo diferente do que as pessoas esperavam. 

Em lugar do entendimento popular do Messias como um rei que libertaria Israel, Jesus veio para libertar as pessoas da escravidão do pecado. Ao andar sobre as águas Ele mostrou aos discípulos que é, de fato, o Senhor da natureza, mas não veio para governar. Ao contrário, veio para dar a vida em resgate por muitos (Mc 10:45). 

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O que essa história ensina sobre a importância de entender corretamente as profecias? Se a falsa compreensão da primeira vinda de Cristo levou pessoas à ruína espiritual, quanto mais uma falsa compreensão poderia fazer em relação à Sua segunda vinda?


Sexta-feira, 02 de agosto
Ano Bíblico: RPSP: Mt 3
Estudo adicional

Leia, de Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 261-268 (“Tempestade no mar”), e p. 269-272 (“O toque da fé”). 

“Em todos os que estão sob a direção de Deus, deve-se ver uma vida que não se harmonize com o mundo, seus costumes ou práticas; e todos precisam ter uma experiência pessoal na obtenção do conhecimento da vontade divina. Precisamos ouvir individualmente Sua voz a nos falar ao coração. Quando todas as outras vozes silenciam e em sossego esperamos perante Ele, o silêncio da alma torna mais distinta a voz de Deus” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 286). 

“Seus corações descontentes perguntavam por que Jesus podia realizar tão grandiosas obras como as que tinham presenciado e não podia também dar saúde, força e riqueza a todo o Seu povo, libertá-lo de seus opressores e exaltá-lo ao poder e à honra. O fato de Ele alegar ser o Enviado de Deus, mas recusar ser rei de Israel, era um mistério que não podiam entender. Sua recusa foi mal interpretada. Muitos concluíram que não ousava afirmar Seus direitos, porque Ele próprio duvidava do divino caráter de Sua missão. Dessa forma, abriram a mente à incredulidade, e a semente que Satanás lançara deu fruto segundo sua espécie na forma de incompreensão e deserção” (O Desejado de Todas as Nações, p. 301, 302). 

Perguntas para consideração 

  1. Se alguém lhe perguntasse: “Do que Jesus o libertou?”, o que você responderia? 
  2. Por que Deus às vezes permite que pessoas boas como João Batista sofram injustiça? Que consolo ou esperança encontramos, apesar dessas realidades difíceis? 
  3. Que lições uma igreja pobre acha na multiplicação dos pães e peixes? 
  4. Compare as ideias populares atuais acerca de Jesus com a descrição Dele em Marcos 5 e 6. O que dizer dos que usam Jesus para obter poder e domínio político? 

Respostas e atividades da semana: 1. Uma tempestade atingiu o barco em que Jesus e os discípulos atravessavam o mar da Galileia. Os discípulos ficaram com medo enquanto Jesus dormia e parecia que o barco afundaria. Jesus acalmou o mar. 2. Deus é o Soberano que criou o mundo e controla as forças da natureza. 3. O rapaz foi dominado pelas forças do mal, mas o poder de Jesus o libertou dos demônios. 4. Humildade para reconhecer que precisava de Jesus, desespero, determinação e coragem. 5. Jesus foi tocado por uma mulher que buscava a cura para a doença que a fez sofrer por doze anos. Ele parou para falar com ela. 6. Por causa da incredulidade deles diante dos milagres e do destaque de Alguém que saiu do meio deles. Eles não acreditavam que Alguém que havia saído do meio deles pudesse ter Se tornado tão poderoso. 7. Os apóstolos estavam pregando livremente e realizando maravilhas, sendo aceitos e sustentados pelo povo; João Batista estava preso e perplexo, sendo rejeitado e perseguido. 8. Para os perdidos, Ele ensinou a verdade; para os famintos, Ele multiplicou pães e peixes; quando queriam entronizá-Lo, Ele subiu ao monte da oração; para os discípulos com medo da tempestade, Ele acalmou o mar.

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Resumo da Lição 5
Milagres à margem do lago

TEXTOS-CHAVE: Marcos 5:6-9, 22-34 

FOCO DO ESTUDO: Marcos 5 

ESBOÇO 

Introdução: Marcos 5 e 6 cobrem tópicos semelhantes aos de Marcos 1. Nos capítulos 5 e 6, observamos Jesus realizando ações como expulsar demônios, curar pessoas e pregar o evangelho. Assim, nosso estudo examinará eventos selecionados de ambos os capítulos que abarcam essa gama de tópicos. 

Temas da lição: O estudo desta semana considera três milagres de Jesus. O primeiro relato é a história de um homem que tinha espírito imundo e era membro de uma comunidade gentílica. As outras narrativas são a história de uma mulher “impura”, que era membro da comunidade judaica, e a ressurreição da filha de Jairo. 

1. Jesus e a “legião”. Marcos relata que Jesus viajou até a terra dos gerasenos, uma comunidade gentílica, e “logo um homem possuído de espírito imundo veio dos túmulos ao encontro de Jesus” (Mc 5:2). Como resultado desse encontro, Ele curou o homem. 

2. Jesus e a cura de duas filhas. Quando Jesus retornou à Sua própria comunidade, Jairo, um dos chefes da sinagoga, veio ao Seu encontro “e Lhe disse com insistência: – Minha filhinha está morrendo” (Mc 5:23). Jesus curou a filha de Jairo, além de uma mulher que sofria de hemorragia. 

COMENTÁRIO 

Jesus e a “legião” 

Marcos com frequência apresenta detalhes geográficos para destacar o ministério de Jesus em lugares distantes de Sua cidade natal. Esses elementos narrativos indicam uma intenção clara da parte de Jesus de alcançar os gentios no próprio território deles. Por exemplo, em Marcos 4:35, Jesus diz aos Seus discípulos: “Vamos passar para a outra margem.” Novamente, em Marcos 5:1, é fornecida outra referência geopolítica: “Jesus e os discípulos chegaram à outra margem do mar, à terra dos gerasenos.” 

A cidade dos gerasenos (Gerasa) era um distrito de Decápolis (Mc 5:20). O fato de que “uma grande manada de porcos estava pastando ali pelo monte”, perto da cidade (Mc 5:11), nos ajuda a inferir que era uma cidade gentílica. Kelly R. Iverson oferece uma apresentação exata do ministério de Jesus no território gentílico. Ele afirma: “O episódio sinaliza o início de uma série de viagens deliberadas feitas por Jesus ao território gentílico. O primeiro encontro com gentios fora da pátria judaica ocorre a leste do mar da Galileia, na região de Gerasa. [...] A história do endemoninhado geraseno enfatiza o poder de Jesus, inaugura uma missão entre os gentios e prenuncia um futuro ministério em território gentílico. É uma missão preparatória que pavimenta o caminho para Seu retorno à região mais tarde na narrativa” (Mc 7:31-37; Kelly R. Iverson, Gentiles in the Gospel of Mark: “Even the Dogs Under the Table Eat the Children’s Crumbs” [Londres: T & T Clark, 2007], p. 20). 

Assim, a última parte de Marcos 4 e o início de Marcos 5 revelam uma transição no ministério de Jesus de um ambiente judaico para uma localidade gentílica. No entanto, há um elemento comum que Jesus encontrou em cada um desses dois locais: forças demoníacas. De acordo com Marcos, Jesus iniciou Seu ministério entre os judeus. Seu primeiro milagre ocorreu dentro de uma sinagoga (um ambiente judaico) na qual um homem com espírito imundo gritou: “O que Você quer conosco, Jesus Nazareno? Você veio para nos destruir? Sei muito bem quem Você é: o Santo de Deus!” (Mc 1:24). 

Agora, quando Jesus inicia Seu ministério entre os territórios gentílicos, vemos um cenário semelhante. Marcos 5:2 nos diz: “Ao desembarcar, logo um homem possuído de espírito imundo veio dos túmulos ao encontro de Jesus.” Tanto na sinagoga judaica quanto entre os gentios, havia pessoas com espíritos imundos que precisavam ser curadas. Em ambas as situações, havia homens que eram mantidos em cativeiro por demônios. Jesus veio para restaurar essas pessoas ao reino de Deus. 

Marcos 5:7 a 9 descreve um diálogo entre Jesus e os demônios. A interação segue um padrão semelhante, conforme visto em Marcos 1:23 a 25. “Gritando em alta voz: – O que Você quer comigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Por Deus, peço-Lhe que não me atormente!” (Mc 5:7). É interessante observar que os demônios reconheceram quem era Jesus: “o Santo de Deus” (Mc 1:24); “Você é o Filho de Deus!” (Mc 3:11); e o “Filho do Deus Altíssimo” (Mc 5:7). Notavelmente, algumas declarações cristológicas do evangelho de Marcos vêm da boca dos demônios. Entre os mestres de Israel, o próprio povo de Deus, não existe confissão de igual força e significado. 

Consideremos a informação que Marcos apresenta sobre o homem possuído por muitos demônios. O homem afirma que seu nome é Legião. Uma legião era uma unidade militar romana com cerca de três a seis mil soldados de infantaria (veja Robert H. Stein, Mark [Grand Rapids, MI: Baker Academic, 2008], p. 255). Não importa quão oprimido um ser humano possa ter ficado por essa força maligna, não existe entidade demoníaca que possa resistir ao poder do Deus Altíssimo ou vencê-lo. 

A condição daquele endemoninhado era cruel e sangrenta. Marcos 5:5 descreve o sofrimento dele: “Andava sempre, de noite e de dia, gritando por entre os túmulos e pelos montes, ferindo-se com pedras.” 

A respeito do endemoninhado, Larry W. Hurtado escreveu: “O homem é descrito como totalmente cativo aos poderes do mal e além de qualquer ajuda humana (Mc 5:2-4). Além disso, sua habitação do meio dos túmulos, a ‘morada’ dos mortos, quase o torna um zumbi, um morto-vivo. Por último, ele destrói a si mesmo (v. 5) e obviamente vive em tormento. Tudo isso é uma imagem poderosa de como o NT descreve a condição dos seres humanos separados de Cristo: espiritualmente mortos e escravos do mal” (Mark [Peabody, MA: Hendrickson, 1989], p. 83). 

Marcos 5:4 também nos diz que “ninguém conseguia dominá-lo”. “Ninguém”, diz Marcos, até que Jesus vai a ele. Após o encontro com Jesus, “o que antes estava dominado pela legião” (v. 15) e que era endemoninhado agora está assentado calmamente, vestido e em perfeito juízo. Esse poder de libertação é encontrado somente em Jesus Cristo. Aquele que repreendeu o vento e disse ao mar: “Acalme-se! Fique quieto!” (Mc 4:39) também pode ordenar aos espíritos malignos: “Saia desse homem!” (Mc 5:8). Todos os poderes das trevas são subjugados pela autoridade de Jesus. 

Jesus e a cura de duas filhas 

Em Marcos 5:21, é introduzida uma nova seção narrativa: o incidente em que Jesus intervém em favor de duas filhas de Deus: “certa mulher, que, havia doze anos, vinha sofrendo de uma hemorragia” (v. 25) e a filha de Jairo. 

Essa seção contém mais um marco geopolítico na jornada de Jesus: Ele tinha “voltado de barco para o outro lado” (v. 21). Jesus voltou do trabalho em uma região gentílica, e agora a cena muda novamente para um cenário judaico. Marcos confirma essa mudança na intervenção de Jesus em favor do chefe da sinagoga, Jairo. Esse homem importante entra em cena com a mesma atitude do endemoninhado de Marcos 5:6: caindo aos pés de Jesus (v. 22). O pedido de Jairo em favor de sua filha foi: “Venha impor as mãos sobre ela, para que seja salva e viva” (v. 23, grifo nosso). 

Nesse momento, uma mulher desesperada interrompe a narrativa. Devemos ter em mente que Jesus acabou de restaurar um homem que estava possuído por uma legião de espíritos imundos. E agora Ele volta a atenção compassiva para uma mulher impura. Por causa da doença, ela estava ritualmente impura e vivia separada da vida religiosa de Israel. As instruções dadas a Moisés dizem: “Quando uma mulher tiver um fluxo de sangue por muitos dias fora do tempo da sua menstruação, ou quando tiver fluxo do sangue por mais tempo do que o habitual, todos os dias do fluxo ela ficará impura, como nos dias da sua menstruação” (Lv 15:25). 

O comentarista M. Eugene Boring acrescenta outra dimensão ao sofrimento relativo à doença daquela mulher: “Visto que o sangramento vaginal impedia o casamento e era razão para divórcio, no entendimento da cultura da qual ela fazia parte, a mulher não podia cumprir a função de mulher, de gerar nova vida como mãe.” Além disso, ela empobreceu por ter gastado todo o dinheiro com médicos, mas sem sucesso. O comentarista acrescenta: “Assim como o leproso de Marcos 1:40, a vida daquela mulher era, na verdade, uma morte em vida, e a cura dela seria uma restauração à vida. Como a criança que esperava na casa de Jairo, ela estava além de toda esperança humana” (Mark: A Commentary [Louisville, KY: Westminster John Knox Press, 2006], p. 159, 160). No fim, Jesus restaura duas pessoas à vida: uma mulher, quase morta, física e socialmente (considere a vida de alguém com hemorragia durante 12 anos numa sociedade cujas leis recomendavam o isolamento por causa da sua condição); e a filha de Jairo, uma menina de 12 anos que estava literalmente morta. 

Em ambos os casos, um toque de cura surge na narrativa. A mulher toca as vestes de Jesus, e Ele toca na mão da menina. Porém, o autor esclarece aos leitores que não foi o toque da mulher que lhe trouxe a cura. Pelo contrário, foi a fé, tanto da mulher que sangrava quanto de Jairo, que trouxe o resultado desejado. No primeiro caso, Jesus confortou a mulher, dizendo: “Filha, a sua fé salvou você” (Mc 5:34). No segundo caso, Ele encorajou o pai da menina, Jairo, a persistir em crer que sua filha ressuscitaria (Mc 5:36). 

APLICAÇÃO PARA A VIDA 

Marcos, assim como os outros três evangelistas, retrata o antagonismo de alguns dos mestres judeus e líderes da sinagoga em relação a Jesus. No entanto, esse antagonismo não limita o ministério de Cristo na sinagoga nem Seu trabalho em favor das pessoas de Sua comunidade. Por exemplo, Marcos 1:21 narra que Jesus e os discípulos “entraram em Cafarnaum, e, logo no sábado, Jesus foi ensinar na sinagoga”. Seu primeiro milagre registrado no evangelho de Marcos ocorreu na sinagoga: “Justo naquele momento, havia na sinagoga deles um homem com espírito imundo” (v. 23, NVI; grifo nosso). Então, em Marcos 5:22, Jesus serve a “um dos chefes da sinagoga”. 

Às vezes, enfrentamos divergências com alguns líderes ou outros membros de nossa comunidade eclesiástica. Até que ponto permitimos que essas divergências afetem nossas convicções ou nossas relações com a comunidade? Como o exemplo de Jesus nos dá noção adequada de como proceder nessas situações? 

Jesus saiu de Sua própria comunidade de fé para alcançar pessoas de comunidades gentílicas. O que estamos fazendo a fim de alcançar para o reino de Deus pessoas que estão além dos nossos muros? Considere, em sua resposta, Marcos 6:34: “Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão e compadeceu-Se dela, porque eram como ovelhas que não têm pastor. E começou a ensinar-lhes muitas coisas.” 

 

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Jerry, a cápsula do tempo

Dominica | Antônia

No primeiro dia de aula, a professora Antônia estava diante de sua turma do terceiro ano com uma caixa de biscoitos embrulhada em papel de presente branco, rosa, preto e cinza. As crianças olhavam curiosas enquanto ela distribuía pedaços de papel amarelo e verde.

“Isso é uma cápsula do tempo”, disse Antônia, apontando para a caixa.

Apontando para os papéis, ela acrescentou: “Em seu papel, escreva seu nome e alguma coisa que você gostaria de orar a respeito, neste período escolar”.

Apontando para os papéis, ela acrescentou: “Em seu papel, escreva seu nome e alguma coisa que você gostaria de orar a respeito, neste período escolar”.

As crianças escreviam com entusiasmo seus pedidos de oração na Escola Primária Adventista do Sétimo Dia de Ebenezer.

Antônia disse que também colocaria seu pedido de oração na caixa.

“Isso é sério para mim”, disse ela. “Eu acredito que Deus pode mudar minha vida”.

As crianças escreveram as coisas que desejavam.

Depois que a cápsula foi selada, um menino levantou a mão.

“Podemos dar um nome para a cápsula do tempo?”, perguntou ele, animado.

Quando a professora acenou com a cabeça, ele exclamou: “Jerry, a cápsula do tempo!”

Todas as crianças aplaudiram e vibraram.

Em seguinda, o garoto orou sobre a caixa.

“Muito obrigado pelo Jerry”, disse ele.

A cápsula do tempo foi uma ferramenta de ensino que Antônia ouviu de um professor de outra escola adventista poucos dias antes de iniciar o novo ano letivo na Dominica. Ela gostou da ideia de incorporar uma lição espiritual às atividades sociais que geralmente marcavam o primeiro dia de aula na Escola Primária Adventista do Sétimo Dia de Ebenezer.

Com o passar das semanas e dos meses, as crianças se revezavam segurando Jerry e orando.

“Ajude-nos a alcançar nossos objetivos”, orou uma delas.

“Realize nossos desejos”, pediu outra.

Quando convidados como o diretor da escola, pastores e líderes da igreja visitavam a sala de aula, as crianças pediam que eles segurassem a caixa e orassem por seus pedidos.

Na metade do ano letivo, uma garotinha acenou sua mão no ar.

“Senhorita, senhorita! Eu tenho algo para dizer”, disse ela.

Ela disse que Deus havia respondido seu pedido de oração. Ela havia escrito em seu pedaço de papel que queria ler melhor, e agora podia.

Então várias mãozinhas se levantaram. As crianças falaram sobre orar por notas mais altas e alcançá-las.

Duas crianças disseram que elas tinham conseguido passar tempo com seus pais, que moravam em outras ilhas.

Uma garota disse que tinha orado por um irmãozinho ou irmãzinha, e uma tia que tinha tido um bebê, havia se mudado para uma casa perto da sua.

Quando os louvores das crianças terminaram, Antônia abaixou sua cabeça e fez uma oração de agradecimento. Ela mencionou Marcos 9:23:

“Ao que Jesus respondeu: [...] 'Tudo é possível ao que crê'”, disse ela.

Parte das ofertas deste trimestre ajudará a Escola Primária Adventista do Sétimo Dia de Ebenezer a se expandir para um prédio novo e maior. A escola, inaugurada em 1976, é constantemente classificada entre as 10 melhores das 62 escolas de ensino fundamental da Dominica. Mas o edifício da escola está lotado com 160 crianças desde o jardim da infância até o quarto ano. A várias quadras de distância, outros 40 alunos do quinto e sexto ano estudam em uma sala de aula improvisada em outro prédio separado. Mais pais querem enviar seus filhos para a escola, mas simplesmente não há espaço. Obrigado por planejar uma oferta generosa para o dia 28 de setembro.

Por Andrew McChesney

Dicas para a história

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Comentário da Lição da Escola Sabatina – 3º Trimestre de 2024

Tema geral: O Evangelho de Marcos

Lição 5 – 27 de julho a 3 de agosto

Milagres à margem do lago”

 

Autor: Natal Gardino

Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br

Revisora: Rosemara Santos

Nesta semana, analisamos alguns eventos da vida de Jesus que aconteceram nos arredores do Mar da Galileia, que era o centro da vida comercial e do dia a dia dos discípulos.

Jesus dá ordens ao mar, pois Ele é Deus

Os discípulos ficaram impressionados porque Jesus, simplesmente com a autoridade de Sua palavra, controlou a fúria do vento e das ondas. Por isso, eles ficaram “possuídos de grande temor” e diziam uns aos outros: “Quem é Este que até o vento e o mar Lhe obedecem?” (Mc 4:41). Esse espanto é compreensível quando lemos as palavras do salmista dizendo que apenas Jeová pode fazer isso: “Com a Tua repreensão as águas fugiram” (Sl 104:7).

Além disso, uma coisa que também nos impressiona é o fato de que Jesus conseguia dormir em meio a tão grande tormenta. Por isso, Marcos dá detalhes importantes antes de narrar a cena da tempestade. Primeiro ele diz em 4:35 que já era tarde. Depois, Jesus foi despedir a multidão, o que pode ter levado mais um tempo considerável. E então revela que os discípulos O levaram no barco “assim como [Ele] estava” (Mc 4:36), uma provável referência à Sua exaustão no fim de um longo dia. Além disso, precisamos levar em conta que Ele Se levantava de madrugada para orar.

Por isso, não é de admirar que Ele aproveitava o longo tempo de travessia para dormir profundamente no barco. Além disso, Sua confiança em Deus era tão grande que Ele podia descansar com segurança. Como disse o salmista: “Em paz me deito e logo pego no sono, porque só Tu, Senhor, me fazes repousar seguro” (Sl 4:8). Jesus é o nosso exemplo perfeito!

O endemoninhado restaurado à imagem de Deus

A história do endemoninhado geraseno (em Marcos e Lucas), ou gadareno (em Mateus) é fascinante. Ela revela como o diabo pode destruir a imagem de Deus no ser humano. Ao mesmo tempo, ela também mostra como Deus pode restaurar novamente à Sua imagem um ser humano totalmente desfigurado por Satanás. Apenas Mateus relata que eram dois indivíduos que estavam nessa deplorável situação. Provavelmente, um deles despertava mais temor e chamava mais a atenção devido à sua força e violência (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, [CPB 2013], v. 5, p. 657, 658). Por isso, Marcos e Lucas só focam em um deles. Mas Jesus curou os dois.

No tempo de Jesus, era comum a possessão demoníaca. O diabo estava dominando os seres humanos de tal modo que estes jamais poderiam se livrar da força do mal. Havia “exorcistas ambulantes” que tentavam lidar com essa situação, mas eles não podiam fazer nada com suas rezas, produtos milagrosos e superstições (At 19:13-16). Por isso, Jesus veio exatamente “na plenitude dos tempos” (Gl 4:4) não apenas para perdoar o ser humano, mas para lhe dar poder/autoridade sobre toda a força do maligno (Lc 10:18, 19).

Há uma palavra que chama a atenção nessa história, que é o verbo parakaléo, “rogar” ou “pedir com insistência”. Quatro vezes ela é usada: duas em relação aos demônios, que “rogaram” a Jesus que os enviasse para os porcos; outra em relação à população da cidade, que “roga” a Jesus que vá embora; e outra em relação aos ex-endemoninhados, que agora estavam em pleno juízo, e “rogam” a Jesus que lhes deixe ir embora com Ele. Curiosamente, como Jesus sabe de tudo, Ele atendeu aos três primeiros rogos, mas não atendeu a esse, que para nós parece ser o mais “lógico”.

Porém, se esses homens fossem com Jesus, as portas do evangelho estariam fechadas para aquela cidade que havia acabado de mandá-Lo embora. Além disso, esses dois homens não cresceriam espiritualmente se fossem apenas ouvintes de Jesus. Ao ficarem na cidade, atuando como testemunhas de tudo o que Jesus lhes havia feito, esses homens fizeram um grande trabalho evangelístico, de maneira que a cidade estava de portas abertas para Jesus quando Ele voltou lá algum tempo depois (Mc 5:20; ver Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2005], p. 340, 341). Louvado seja Deus!

Duas histórias em uma: a estrutura literária em forma de sanduíche

Estudamos a terceira história em “formato de sanduíche” no Evangelho de Marcos. Trata-se de um recurso literário que ele usa seis vezes em seu evangelho para extrair lições de duas histórias entrelaçadas. Dessa vez, a história externa, ou seja, a que é dividida em duas metades (assim como o pão do sanduíche), é a história da filha de Jairo (Mc 5:21-24; 5:35-43). E a história do meio, o “recheio” (pois aparece entre as duas metades da outra história), é a da mulher com hemorragia (Mc 5:25-34).

Aqui estão alguns exemplos de como essas duas histórias têm paralelos: 1) “Doze anos” é a idade da filha de Jairo e também o tempo em que a mulher sofria de sua enfermidade; 2) a mulher tocou na roupa de Jesus, e Jesus tocou na menina; 3) Jesus chama as duas de “filha”. O que mais você consegue perceber entre essas duas histórias entrelaçadas?

Um Messias não político

Quando Jesus multiplicou os pães e alimentou a todos com abundância, os discípulos e a multidão viram Nele o grande Messias político-militar que aguardavam para libertar a nação de Israel do poder dos romanos. No relato paralelo de João, vemos um detalhe importante: após haver multiplicado os pães, “Jesus ficou sabendo que estavam para vir com a intenção de fazê-Lo rei à força. Então Ele Se retirou outra vez, sozinho, para o monte” (Jo 6:15). Antes, porém, de Se retirar, Ele abaixou o ânimo de todos e “fez com que Seus discípulos entrassem no barco e fossem adiante Dele para o outro lado, enquanto Ele despedia as multidões” (Mc 6:45; Mt 14:22). Só depois Ele subiu ao monte para orar. A palavra original em grego (anankazo = “fez com que”), revela que Jesus os obrigou a entrar no barco e ir embora adiante Dele. É a mesma palavra traduzida como “obrigar” ou “impelir “em Atos 26:11; Gálatas 2:3; 6:12. Isso nos revela que eles também tiveram que ter os ânimos acalmados em relação a querer proclamá-Lo ali como Rei.

Eles não entendiam como Jesus seria o Messias sem ser um rei político-militar aqui na Terra. Eles interpretaram mal o milagre dos pães nesse sentido, “pois o coração deles estava endurecido” (Mc 6:52).

Conclusão

Nos eventos relatados ao redor do Mar da Galileia, extraímos muitas lições: vemos a humanidade de Jesus ao dormir exausto sobre uma almofada; vemos Sua divindade ao acalmar a tempestade, ao expulsar demônios e ao restaurar completamente os que eram possuídos pelas forças malignas; vemos Seu amor ao curar duas filhas; e vemos que os discípulos desenvolveram uma teologia errada a respeito do Messias, e não podiam enxergar o caráter de Seu reino, que não era político-militar. Essas são lições para todos os tempos e todos os lugares. Que essas lições sejam aprendidas e vividas!

Conheça o autor dos comentários deste trimestre: Natal Gardino é mestre em Novo Testamento e doutor em Ministério pela Andrews University. Iniciou seu ministério em 2003 como pastor distrital e atuou em quatro diferentes regiões. Desde 2022 é professor de Novo Testamento no Seminário Adventista de Teologia na FAP (antigo IAP), no Paraná. É casado com Irineide Gardino, psicóloga clínica. O casal tem dois filhos: Kaléo e Nicholas.