Lição 4
20 a 26 de julho
Misericórdia e justiça em Salmos e Provérbios
Sábado à tarde
Ano Bíblico: Ec 9-12
Verso para memorizar: “Defendei o pobre e o órfão; fazei justiça ao aflito e necessitado. Livrai o pobre e o necessitado; tirai-os das mãos dos ímpios” (Sl 82:3, 4; ARC).
Leituras da semana: Sl 9:7-9, 13-20; 82; 101; 146; Pv 10:4; 13:23, 25; 30:7-9

Os livros de Salmos e Provérbios descrevem a experiência com Deus nas coisas comuns da vida, não apenas em momentos de adoração ou em outras atividades religiosas. Enquanto o livro de Provérbios oferece uma gama de conselhos da sabedoria prática, desde relacionamentos e família a negócios e governo, os Salmos são uma coletânea de cânticos que compreende uma variedade de emoções e experiências espirituais, desde lamentos e louvores exultantes e tudo o mais. Sabemos que nossa fé deve fazer a diferença em todos os aspectos e experiências da nossa vida, pois Deus tem especial interesse em cada um deles.

Entretanto, toda reflexão sobre a vida neste mundo decaído dificilmente ignora a injustiça que tanto permeia a condição humana. Na verdade, ela é repetidamente descrita como algo com que nosso Senhor Se importa e procura aliviar. Ele é a esperança dos desesperados.

Embora possamos tocar apenas brevemente no que esses livros declaram sobre o assunto, talvez esta lição possa inspirá-lo a ser mais proativo em atender às necessidades dos pobres, oprimidos e negligenciados. Que o estudo resulte na sua decisão de responder a esse chamado de Deus!



Domingo, 21 de julho
Ano Bíblico: Ct 1-4
Salmos: cânticos de esperança para os oprimidos

Como já observamos, Deus vê e ouve pessoas em aflição e dificuldade. Na maioria das vezes, nos Salmos, vemos o clamor de pessoas que confiavam em Deus, mas não viam a justiça sendo feita. As afirmações sobre a bondade, a justiça e o poder de Deus pareciam sufocadas diante da injustiça e opressão vivenciadas e observadas pelas vozes desses cânticos.

No entanto, esses são os hinos dos que ainda estavam cantando. Nem sua vida nem sua fé haviam se extinguido. Ainda havia esperança; e a urgência era que Deus agisse antes que fosse tarde demais, antes que o mal triunfasse, antes que os oprimidos fossem destruídos pelo peso do mal trazido contra eles. Dessa maneira, os escritores dos Salmos tentaram preencher a lacuna entre as declarações de sua fé e as provações e tragédias da vida.

1. Leia o Salmo 9:7-9, 13-20. Com base no texto, você imagina as circunstâncias em que Davi estava? Pode sentir a tensão entre sua fé na bondade de Deus e sua experiência? Como fica sua fé em meio às provações?

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Ao longo dos Salmos, a repetida resposta a essa tensão é a esperança e a promessa do bom e justo juízo de Deus. O mal e a injustiça parecem triunfar por enquanto, mas Deus julgará os malfeitores e os injustos. Eles serão punidos, enquanto os que eles feriram e oprimiram serão restaurados e renovados.

Na obra Lendo os Salmos, C. S. Lewis descreveu sua surpresa inicial com o entusiasmo e o anseio pelo juízo de Deus expressados repetidamente nos Salmos. Observando que muitos leitores da Bíblia hoje consideram o juízo como algo a ser temido, ele considerou a perspectiva judaica original e escreveu: “Centenas e milhares de pessoas que foram despojadas de tudo o que possuíam e que tinham o direito inteiramente ao seu lado seriam, por fim, ouvidas. É claro que elas não temiam o juízo. Sabiam que seu caso era inquestionável – desde que conseguissem ser ouvidas. Quando Deus viesse, sua causa, por fim, seria julgada” (C. S. Lewis, Lendo os Salmos
[Viçosa, MG: Editora Ultimato, 2015], p. 19).

Nos Salmos, vemos esperança para os oprimidos, mesmo agora, em meio a seus sofrimentos e decepções.

Quais razões temos para considerar a ideia de juízo uma coisa positiva e não algo a ser temido?



Segunda-feira, 22 de julho
Ano Bíblico: Ct 5-8
“Faça alguma coisa, Deus!”

2. Leia o Salmo 82. Qual é a mensagem desse cântico para nós? Assinale a alternativa correta:

A. (  ) Podemos ser parciais no julgamento, pois todos são diferentes.

B. (  ) Devemos julgar com justiça, defendendo os pobres e aflitos.

Apesar da organização e dos estatutos de sociedade dados por Deus à nação israelita, em vários momentos de sua história o povo não conseguiu cumprir esse plano. Muito facilmente Israel se tornou como as nações ao seu redor, vivenciando em um modelo de injustiça e opressão. Líderes e juízes cuidavam apenas de si mesmos, e o favor deles podia ser comprado com suborno. Sem os tribunais para proteger o povo, as pessoas comuns e os pobres, em especial, estavam sujeitos à exploração.

O Salmo 82 é uma resposta a essa situação. Ele descreve a função de Deus como Juiz supremo e retrata uma cena em que o Senhor julga os líderes e até mesmo os juízes do povo. Esse salmo enfatiza que aqueles que preenchem tais funções na sociedade “são apontados para agir como juízes sob Sua administração” (Ellen G. White, Profetas e Reis, p. 198). Eles mantêm sua posição e conduzem seu trabalho como representantes e subordinados de Deus. Na visão do salmista, a justiça de Deus é um modelo de como deveria funcionar a justiça terrestre, e a sua percepção apresenta a medida com a qual serão julgados essa justiça ou injustiça e aqueles que a dispensam.

O salmo termina com um pedido específico para que Deus aja (Sl 82:8), intervenha e interrompa a injustiça tão predominante na nação. Como muitos salmos, essa poesia dá voz aos que não têm voz, aos oprimidos cujas vozes foram silenciadas pelos sistemas injustos em que eles viviam e trabalhavam.

O Salmo 82 faz uma apelação a Deus em Sua posição de Juiz supremo e soberano Governante do Universo. Não existe tribunal nem autoridade superior para os quais tal apelação possa ser feita.  Existe a segurança de que mesmo que os tribunais terrestres não ouçam os clamores dos pobres e oprimidos, ainda há uma inegável oportunidade de pedir ajuda.

Em certos momentos da vida podemos nos ver como vítimas da injustiça, mas em outros podemos cometê-la. No Salmo 82, encontramos discernimento e sabedoria, quer sejamos os oprimidos ou os opressores. Deus também Se preocupa com os juízes injustos, descrevendo-os como Seus filhos, e deseja que eles escolham viver melhor (veja Sl 82:6). Portanto, há esperança até para os que estão do lado dos opressores, se eles permitirem que Deus os transforme.



Terça-feira, 23 de julho
Ano Bíblico: Is 1-4
Promessas de um rei

3. Leia o Salmo 101. Embora escrito para líderes, qual conselho importante podemos extrair para nós, seja qual for nossa posição na vida? Assinale “V” para verdadeiro ou “F” para falso:

A. (  ) Devemos buscar justiça apenas para nós mesmos.

B. (  ) Precisamos promover a justiça em todos os aspectos e para todas as pessoas.

Salmo 101 é um texto para líderes. Acredita-se que esses versos foram compostos por Davi nos seus primeiros dias como rei de Israel. Eles podem até ter sido adaptados de votos que ele fez no momento de sua coroação. Em sua experiência como guerreiro de Saul e depois sendo fugitivo dele, Davi testemunhou por si mesmo como um rei que “perde a cabeça” pode prejudicar a nação e a própria família. Davi decidiu que ele seria um líder diferente.

Poucos de nós somos líderes políticos ou de uma nação, mas temos funções em que temos a oportunidade de influenciar e encorajar os outros. Essas atribuições podem ser em nossa vida profissional, no envolvimento comunitário, na família ou na igreja. Como Ellen G. White comentou sobre um desses contextos de liderança, “os votos de Davi, registrados no Salmo 101, devem ser os de todos sobre quem repousam as responsabilidades de zelar pelas influências do lar” (Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, p. 119).

Quando tivermos oportunidade, devemos estar preparados para sugerir e defender esses princípios aos que ocupam posições de liderança. E todos nós, em nossa liderança e esferas de influência, temos a oportunidade de aplicar os princípios de liderança de Davi a fim de que sejamos uma bênção para os outros.

O ponto de partida para Davi foi honrar a Deus por Sua misericórdia e justiça (Sl 101:1), que se tornaram o fundamento de tudo o que Davi buscou defender em sua liderança. Ele buscou aprender e praticar essas características em sua vida e obra. Para fazer isso, ele teve que resistir às tentações de praticar delitos, corrupção e desonestidade, os quais são armadilhas especiais aos que estão em posições de liderança.

Sabendo da importância dos bons conselheiros para ajudá-lo a fazer o que era correto, Davi prometeu buscar pessoas confiáveis e nomear oficiais honestos. Justiça e misericórdia deveriam marcar sua liderança, mesmo entre os que trabalhavam com ele.

Ainda que não estejamos numa posição em que tenhamos conselheiros e oficiais, como podemos preencher nossa vida com influências que nos ajudem a viver e a liderar com justiça e misericórdia em favor dos que precisam?


Quarta-feira, 24 de julho
Ano Bíblico: Is 5-7
Andando com o Senhor

Ao nos aproximarmos do fim do livro de Salmos, as exclamações de louvor parecem aumentar cada vez mais. Os cinco últimos Salmos começam com a ordem simples e direta: “Louvai ao Senhor!”; porém, o primeiro deles, o Salmo 146, tem como a principal razão para esse louvor um foco especial no interesse de Deus pelos pobres e oprimidos.

4. Leia o Salmo 146. Qual é a mensagem dele para nós? O que Deus estava dizendo, especialmente nos versos 5 a 9?

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Com a mesma certeza de que Deus é o Criador deste mundo (veja Sl 146:6), esse Salmo descreve Sua obra contínua como juiz, provedor, libertador, curador, auxiliador e defensor. Esses atributos têm seu foco em pessoas que necessitam especificamente desse tipo de ajuda. É uma visão inspiradora do que Deus faz e busca fazer em nossa vida, em nossa comunidade e em nosso mundo.

Às vezes pensamos no cuidado para com os necessitados como algo que devemos fazer porque Deus mandou. Mas o Salmo 146 declara que Deus já cuida deles – e somos convidados a nos unir a Ele. Quando trabalhamos contra a pobreza, a opressão e a doença estamos verdadeiramente trabalhando com Deus dentro dos Seus propósitos. Que maior privilégio pode haver do que participar com o Senhor do cumprimento de algo tão inspirador quanto o Salmo 146?

No entanto, também existem benefícios para nós. Muitas vezes, os cristãos falam de sua busca por Deus e do seu desejo de ter um relacionamento mais próximo com Ele. Contudo, o Salmo 146:7-9 e muitos outros na Bíblia indicam que uma forma de encontrar Deus é participar do que Ele faz. Portanto, se Ele trabalha para erguer os pobres, doentes e oprimidos, como o Salmo 146 declara, também deveríamos trabalhar com Ele. “Cristo veio a este mundo para andar e trabalhar entre os pobres e sofredores. Eles receberam a maior parte da Sua atenção. E hoje, na pessoa de Seus filhos, Ele visita os pobres e os necessitados, aliviando os angustiados e sofredores. [...]

“Eliminando-se o sofrimento e a necessidade não teríamos nenhuma forma de compreender a misericórdia e o amor de Deus, não conheceríamos o compassivo e complacente Pai celestial. Jamais o evangelho assume uma expressão maior de graça do que quando é levado às regiões mais desfavorecidas e necessitadas” (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, v. 7, p. 226).

 

Qual tem sido sua experiência de proximidade com Deus ao servir aos outros?


Quinta-feira, 25 de julho
Ano Bíblico: Is 8-10
Provérbios: misericórdia para com os necessitados

Como uma coleção de ditados de sabedoria, o livro de Provérbios trata de uma diversificada série de assuntos e experiências da vida. Entre eles estão reflexões sobre a pobreza, riqueza, contentamento, justiça e injustiça – e, às vezes, sob diferentes ângulos. A vida nem sempre é simples e fácil, e Provérbios nos alerta para as diferentes circunstâncias e escolhas que influenciam a maneira de viver, mesmo entre os que são fiéis a Deus.

5. Leia e compare Provérbios 10:4; 13:23, 25; 14:31; 15:15, 16; 19:15, 17; 30:7-9. De acordo com esses textos, o que é relevante em relação às questões de riqueza, pobreza e ajuda aos necessitados?

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Provérbios enfatiza a preocupação e atenção que Deus tem para com os pobres e vulneráveis. Às vezes, as pessoas são pobres devido às circunstâncias, más escolhas ou exploração, mas sejam quais forem as causas de sua situação, o Senhor ainda é descrito como seu Criador (Pv 22:2) e Defensor (Pv 22:22, 23). Não devemos oprimir nem nos aproveitar dessas pessoas, quaisquer que sejam seus erros.

Embora Provérbios apresente uma vida melhor por meio da escolha da sabedoria e da obediência a Deus, as riquezas nem sempre são resultado da bênção do Senhor. A fidelidade a Deus é sempre vista como mais importante e, em última análise, mais recompensadora do que o ganho material: “Melhor é o pouco, havendo justiça, do que grandes rendimentos com injustiça” (Pv 16:8).

Outra questão em Provérbios é a honestidade e o tratamento justo nos negócios, no governo e na administração da justiça (veja Pv 14:5, 25; 16:11-13; 17:15; 20:23; 21:28; 28:14-16). A mensagem de Provérbios não se concentra apenas na vida dos indivíduos, mas também apresenta uma visão de como a sociedade deve funcionar para o benefício de todos, especialmente para aqueles que precisam de proteção. Somos lembrados novamente de que, em seu melhor desempenho, aqueles que governam e lideram o fazem com a ajuda de Deus (veja Pv 8:15, 16) e devem agir como agentes de Sua graça, tendo compaixão dos necessitados.

É fácil sentir pena de quem está em má situação. Como, porém, podemos transformar esse sentimento em ação?


Sexta-feira, 26 de julho
Ano Bíblico: Is 11-14
Estudo adicional

Estudo adicional

Texto de Ellen G. White: Patriarcas e Profetas, p. 746-755 (“Os Últimos Anos de Davi”). Consulte a obra Lendo os Salmos, p. 17-26 (“O ‘Juízo’ no Livro de Salmos”), de C. S. Lewis.

“Os salmos de Davi passam por uma série completa de experiências, desde as profundezas da culpabilidade consciente e condenação própria até a fé mais sublime e a mais exaltada comunhão com Deus. O registro de sua vida declara que o pecado pode apenas trazer ignomínia e desgraças, mas mostra que o amor e a misericórdia de Deus podem alcançar as maiores profundidades, e que a fé erguerá a pessoa arrependida para que participe da adoção de filhos de Deus. De todas as declarações que Sua Palavra contém, isto é um dos mais fortes testemunhos da fidelidade, da justiça e da misericórdia de Deus em Sua aliança” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 754).

Pense na sabedoria no livro de Provérbios: “Tais são princípios que dizem respeito ao bem-estar da sociedade e das associações tanto seculares como religiosas. São estes princípios que dão segurança à propriedade e à vida. Tudo que contribui para que a confiança e a cooperação sejam possíveis, o mundo deve à lei de Deus, conforme se acha em Sua Palavra e ainda se encontra delineada, em traços muitas vezes obscuros e quase obliterados, no coração dos homens” (Ellen G. White, Educação, p. 137).

Perguntas para discussão

1. Em quais aspectos você se considera um líder e alguém numa posição de influência? Como você pode ser um agente de justiça nesses aspectos?

2. Pense na cultura e nas estruturas sociais em que você vive. O que está ao seu alcance fazer pelos necessitados?

3. Como os princípios de justiça e equidade fortalecem a sociedade?

4. Embora o livro de Provérbios se concentre na sabedoria para se ter uma vida feliz e próspera, o que ele revela sobre Deus?

Resumo: Salmos e Provérbios enfatizam os desafios de viver fielmente em meio às experiências e provações. Eles apresentam a visão de Deus para sociedade e Sua preocupação para com os pobres e oprimidos. Ele protege os que são, muitas vezes, ignorados ou explorados. E se Deus age assim, nós devemos agir assim também.

Respostas e atividades da semana:

1. Pergunte aos alunos: Quais situações da vida de Davi se encaixam na descrição desses textos?

2. B.

3. F; V.

4. Além de nos criar, o Senhor nos defende, nos ajuda e cuida de nós. Devemos fazer o mesmo aos necessitados.

5. O preguiçoso vive na pobreza, mas o diligente acaba enriquecendo. Não é bom ser muito pobre nem ser muito rico, pois na pobreza podemos acabar roubando e pecando contra Deus, e na riqueza podemos negligenciá-Lo. Deus recompensa aquele que se compadece do pobre. Se insultamos o pobre, insultamos a Deus; se honramos os pobres, honramos a Deus.

 



Resumo da Lição 4
Misericórdia e justiça em Salmos e Provérbios

A música serve como uma ferramenta de auxílio à memorização. Cantando, aprendemos melhor o alfabeto. Da mesma forma, uma das melhores maneiras de memorizar versos das Escrituras é transformá-los em música. Os salmistas entenderam implicitamente essa conexão entre memória e música, entre a mensagem que Deus lhes havia concedido e a melodia como um veículo para transmitir essa verdade.

Não é de admirar, portanto, que clamores e apelos pela misericórdia e justiça divinas sejam expressos em forma de melodia nos Salmos. Nessas letras divinamente inspiradas, encontramos expressões de profundo anseio e desejo pela presença de Deus. Encontramos orações fervorosas e cânticos sagrados de alegria, de ira por causa da injustiça, de louvor, de arrependimento, de confiança e até de lutas dos crentes contra o desespero. Essas orações e canções são expressas em formas belas e inspiradoras.

De maneira idêntica, no livro de Provérbios, encontramos semelhantes temas e exortações para que dependamos da justiça e da misericórdia de Deus. Por meio do recurso de máximas e representações figurativas, o esplendor da infinita sabedoria de Deus nos confronta. Nesse encontro, Deus ilumina Seu povo com orientações no sentido de que expressemos compaixão aos excluídos, oprimidos e marginalizados.

Esta lição destaca as canções de esperança para os oprimidos e necessitados de misericórdia e justiça.

Objetivos do professor:

• Desafiar os membros da classe a reconhecer o desejo de Deus por compaixão e Seu juízo intencional em favor dos que sofrem.

• Convidar os alunos a ouvir o clamor dos que não têm voz, nas palavras do Salmo 82, e levá-los a rogar pela intervenção divina em favor deles, uma vez que as cortes terrestres falharam em ouvir suas súplicas.

• Discutir os princípios de liderança justa à luz dos quais o rei Davi prometeu viver.

• Incentivar a classe a implementar esses princípios em seus círculos de influência menores e mais íntimos.

• Assegurar aos membros da classe que Deus sustentará os oprimidos e desfavorecidos, e trará a liberdade a eles.

• Enfatizar que Deus nos chama para ser colaboradores em Seus esforços.

• Motivar os membros da classe a seguir o exemplo divino.

• Finalmente, à medida que procuramos compreender os temas da justiça e da misericórdia, tentar responder com a classe às seguintes perguntas: Por que nós e a igreja existimos?

 

Escritura

O rei Davi foi a única pessoa que Deus descreveu como um “homem segundo o Meu coração” (At 13:22). Contudo, Davi não viveu sem pecado. Ele cometeu adultério com Bate-Seba, pecando gravemente contra ela e depois fez um arranjo para que Urias, seu marido, fosse morto. Em resposta a isso, o profeta Natã se aproximou do rei com a convincente história do homem rico que tomou a única cordeirinha do homem pobre.

Em 2 Samuel 12:5, 6, o veredito de Davi à parábola de Natã foi que o homem rico devia ser morto e, pelo que tinha roubado, mediante a morte da cordeirinha, ele deveria restituir quatro vezes mais. Quando Davi foi confrontado com o fato de que ele era o criminoso, não deu desculpa. Sua resposta foi simples e direta: “Pequei contra o SENHOR" (2Sm 12:13).

Davi se arrependeu profundamente. Consequentemente, Deus lhe estendeu misericórdia igualmente profunda, pois o próprio Davi não teve que morrer por causa do seu pecado e o Senhor permitiu que ele continuasse reinando sobre Israel. Mas a misericórdia que Deus estendeu a Davi não eliminou as consequências que incluíram a morte de quatro de seus filhos: 1. O filho recém-nascido (2Sm 12:13-19) morreu 7 dias após o seu nascimento; 2. Amnon (2Sm 13:28, 29) foi assassinado por ordem do seu meio-irmão Absalão; 3. Absalão (2Sm 18:9-15) foi morto por Joabe; 4. Adonias (1Rs 2:19-25) foi executado por ordem de Salomão.

Depois da sua queda e subsequente contrição, Davi escreveu o Salmo 51, um dos seus poemas mais comoventes. Ali, ele expressou seu completo remorso e arrependimento. Davi pediu a Deus que o perdoasse e lhe concedesse misericórdia: “Compadece-Te de mim, ó Deus, segundo a Tua benignidade; e, segundo a multidão das Tuas misericórdias, apaga as minhas transgressões. [...] Pois eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim” (Sl 51:1, 3).

Comente com a classe: Por que Deus demonstrou tanta misericórdia ao rei Davi e ainda assim permitiu as terríveis consequências dos seus pecados? Como a misericórdia e a justiça se relacionam mutuamente?

Escritura e Ilustração

“Socorrei o fraco e o necessitado; tirai-os das mãos dos ímpios. Levanta-Te, ó Deus, julga a Terra, pois a Ti compete a herança de todas as nações” (Sl 82:4, 8).

Os Salmos revelam que as pessoas têm dificuldade para compreender a razão da injustiça e da desigualdade no mundo (ver, por exemplo, o Salmo 73). As inúmeras e incessantes tragédias sem explicação que acontecem em todo o mundo levam as pessoas a questionar: Por que pessoas inocentes sofrem nas mãos de pessoas más? Por que Deus não impede que a violência aconteça? Quando é que vão acabar a opressão e a violência, que parecem aumentar em intensidade e frequência a cada dia?

Somente nos Estados Unidos, três tiroteios em massa, excepcionalmente brutais, abalaram o país num período de 17 meses, entre junho de 2016 e dezembro de 2017, como se segue:

  • • 5 de novembro de 2017 – Um atirador entrou durante um culto em uma pequena igreja em Sutherland Springs, Texas, e atirou, matando 26 pessoas e deixando outras 20 gravemente feridas.
  • • 1º de outubro de 2017 – Em Las Vegas, Nevada, um atirador abriu fogo da janela de seu quarto de hotel no 32 andar. Ele atirou em uma grande multidão de pessoas que estavam assistindo a um concerto musical ao ar livre, deixando 58 mortos e mais de 500 feridos. Esse crime foi o tiroteio em massa mais mortal cometido por um indivíduo nos Estados Unidos.
  • • 12 de junho de 2016 – Um atirador matou 49 pessoas e feriu outras 50 em uma boate em Orlando, Flórida.

Convide os membros da classe para ler em voz alta o Salmo 73:2-16 e o Salmo 82. O que essas passagens ensinam sobre a dura realidade da opressão e injustiça humanas neste mundo?

Encerre sua discussão lendo o restante do Salmo 73. No verso 17, o salmista disse que não entendia por que os ímpios prosperavam “até que [entrou] no santuário de Deus e [atinou] com o fim deles” (Sl 73:17). Como a doutrina do santuário, com seu ensinamento de um juízo em que devemos enfrentar o registro de nossa vida, ajuda a colocar esta vida, com sua injustiça e desigualdade, na perspectiva correta? Leia também 1 Coríntios 4:5 e 2 Tessalonicenses 1:3-10. Como esses versículos, juntamente com o Salmo 73, o ajudam com suas perguntas sobre a justiça de Deus e a injustiça neste mundo? (Para um estudo mais aprofundado, leia o livro de Habacuque.)

Ilustração

O Salmo 146:7-9 descreve as atividades do nosso Deus. Como Seu povo, somos convidados a nos juntarmos a Ele em Sua obra.

À luz desse salmo, considere o seguinte relato:

Todos os anos, certo pastor local organizava um retiro para os líderes da igreja. No último retiro, eles discutiram duas questões:

1. De que maneira Deus está atuando em nossa comunidade?

2. Onde e como Deus deseja que nos unamos a Ele?

Se sua classe for grande o suficiente, divida-a em grupos para responder as duas perguntas do pastor. Como sua classe pode se juntar a Deus naquilo que Ele já está fazendo em sua comunidade por meio de outras pessoas e organizações? Se possível, use um quadro ou uma folha de papel para listar as coisas boas que estão acontecendo na sua igreja. Pergunte: Como nossa igreja pode participar dessas coisas boas que já estão acontecendo e apoiá-las? Comece a estabelecer planos. Se você não sabe o que está ocorrendo em sua comunidade, crie uma agenda para visitar os líderes da comunidade. Pergunte a eles sobre o que está acontecendo e como sua igreja pode ajudar.

Ilustração

No momento em que um determinado trem deixava uma grande estação, o cobrador começou seu trabalho de coletar os bilhetes de passagens. Ele olhou para o bilhete do primeiro passageiro e disse: “Amigo, acho que você está no trem errado!” O homem respondeu: “Mas o agente que me vendeu a passagem me disse que este era meu trem”. O cobrador decidiu verificar com o agente que lhe havia vendido o bilhete e descobriu que quem estava no trem errado era ele mesmo! (Fonte desconhecida, Sermon Illustrations [Ilustrações para Sermões], <http://www.sermonillustrations.com/a-z/l/leadership.htm>).

Perguntas para Discussão: Quando um líder está perdido, como seus seguidores podem permanecer no caminho certo? Depois de seu pecado com Bate-Seba, como o rei Davi permaneceu no caminho certo, governando com justiça e misericórdia? Estude o Salmo 101 com sua classe.

Escritura

John Stott, um defensor da justiça e da misericórdia apresenta um retrato dos pobres conforme encontrado no livro de Provérbios. Esse retrato tem como base três versos em Provérbios: 14:31, 29:7 e 31:8. Se possível, com alguns dias de antecedência, distribua essas três passagens a diferentes membros da classe. Peça-lhes que preparem alguns comentários sobre o que esses versos significam para eles. Convide-os a compartilhar seus comentários com o restante da classe.

1. Provérbios 14:31: "O que oprime ao pobre insulta Aquele que o criou, mas a Este honra o que se compadece do necessitado”.

Nossa atitude em relação aos pobres é refletida em nossa atitude para com Deus. Nossa atitude para com Deus, por sua vez, é refletida por meio da nossa atitude em relação aos pobres. Os pobres têm a dignidade deles dada por Deus e são de valor inestimável. Pegue uma nota de Real que esteja bastante usada e mostre para a classe. Pergunte a eles: “Quanto vale esta nota desgastada? Será que vale menos porque está velha e desbotada?”

2. Provérbios 29:7: “Os justos [retos] levam em conta [conhecem] os direitos [justiça] dos pobres, mas os ímpios não se importam com isso [não entendem]” (NVI).

Leia esse versículo junto com a classe, enfatizando primeiro os justos [retos], em seguida o cuidado, e depois a justiça. Discuta o que significa na prática cada uma das palavras destacadas. Como esse verso esclarece o que significa ser justo ou ímpio?

Leia 2 Coríntios 8:13, 14 com os alunos. Observação: a palavra igualdade aparece duas vezes. A palavra grega isoteis é traduzida aqui como igualdade e pode significar justiça ou equidade – que, por sua vez, deve ser aplicada a todas as pessoas. Mostre uma figura da balança da justiça para ilustrar o conceito: igualdade = justiça.

3. Provérbios 31:8: “Erga a voz em favor dos que não podem defender-se, seja o defensor de todos os desamparados” (NVI).

A versão Almeida Revista Corrigida apresenta a última parte desse verso de forma contundente: "pelo direito de todos os que se acham em desolação."

Esses versos retratam claramente a terceira característica do retrato bíblico dos pobres: Os pobres são impotentes e sem voz. Como nós e a nossa igreja podemos erguer a voz pelos desamparados e que não têm voz? Que lugar a defesa dos pobres e dos oprimidos ocupa na missão da igreja? Observe como o Espírito Santo e Jesus desempenham o papel de Advogados em favor de frágeis seres humanos. Ver João 14:26 e 1 João 2:1.

A palavra grega parákl?tos, que aparece em João 14:26, algumas vezes é traduzida como Advogado, Consolador ou Ajudador. Uma das características de Deus é que Ele é Defensor, e Sua igreja deve refletir Seu caráter.

Aplicação para a vida

Apresentamos duas histórias para compartilhar com a classe. Incentive os alunos a aplicá-las à sua experiência.

1. Dietrich Bonhoeffer foi um corajoso defensor da justiça e da misericórdia, e acabou preso por causa disso. Ele escreveu da prisão: “Aqui e ali as pessoas fogem da discussão pública para o santuário da virtuosidade privada. Mas os que agem dessa maneira precisam fechar sua boca e seus olhos para a injustiça ao seu redor” (Dietrich Bonhoeffer, Letters and Papers from Prison [Cartas e Documentos da Prisão]: The Enlarged Edition, New York: Touchstone, 1997, p. 5).

Perguntas para discussão: O que a declaração de Dietrich Bonhoeffer acima significa para você? Quais implicações ela tem quando vivemos como cristãos adventistas onde há injustiça e falta de misericórdia?

2. Alex e vários homens em sua igreja passaram a noite se revezando para ajudar um abrigo para moradores de rua. Foi ali que Alex conheceu Greg, que havia acabado de sair da prisão, e disse: “Perdoe-me se não sorrio muito; perdi um dente por causa de uma briga na prisão." O Espírito Santo impressionou Alex a fazer algo sobre o sorriso de Greg. Alex contou a história de Greg à sua classe da Escola Sabatina e a um bondoso dentista da congregação. A generosidade da classe e do dentista resolveu o problema de Greg. Ele disse com lágrimas: "Não quero estragar meu novo visual, então parei de fumar". Depois acrescentou ao amigo: “Veja Alex! Eu tenho meu sorriso de volta”. Alex concluiu que existe uma relação entre a Escola Sabatina e a compaixão. Como sua classe pode fazer acontecer uma história como essa?


Exercitando para Jesus

Herik Dun Siope, que cresceu em um lar adventista, estava voando alto como esportista nas artes maciais. Ele representou as Ilhas Salomão nos Jogos do Pacífico Sul no Taiti. Em seguida, representou seu país nos Jogos do Pacífico Sul em Fiji. E ganhou medalhas.

Então, começou a trabalhar como desenhista arquitetônico. Casou-se e teve quatro filhos. Raramente lia a Bíblia ou ia à igreja. Finalmente, deixou de praticar atividades físicas e começou a comer muito alimentos processados como peixe frito, batata frita, frango e coca-cola. Onze anos se passaram e Herik ganhou peso até alcançar 105 quilos, muito acima do peso ideal, 65 quilos.

Certo dia, ele começou a sentir dores no pé esquerdo. Com as semanas passando, uma dor dilacerante atingiu a perna. Ele procurou tratamento médico, mas nada ajudou e ele ficou impossibilitado de caminhar. Herik começou a ficar desesperado. Sabia que o sangue não circulava na perna e temeu que pudesse perdê-la. Então, lembrou-se de Deus e orou: “Ajude-me a encontrar o medicamento adequado. Eu fui ao médico, mas ninguém conseguiu resolver o problema.”

Pouco tempo depois de ter feito a oração, um parente idoso apareceu em sua casa, em Honiara, capital das Ilhas Salomão. Disse ter sentido uma forte impressão de que deveria visitá-lo e perguntar porque não conseguia andar. Herik contou sobre a dor e a falta de medicamento. “Tudo bem, eu irei ajudá-lo”, o homem falou. Em seguida, preparou um remédio caseiro e tratou Herik diariamente. Após três semanas, Herik conseguia ficar em pé, mas ainda não conseguia caminhar. “Você perdeu a força muscular da perna e precisa exercitá-la”, disse.

Herik agradeceu a Deus pela cura e orou: “Deus, quero ser usado por Ti. Quero abençoar outras pessoas. Mostre-me Seu plano para minha vida.” Após a oração, Herik sentiu que precisava perder peso. Ele dormia mal, sentia dor nas costas e perdia o fôlego quando caminhava. Sabia que a dor na perna tinha relação com o excesso de peso. Mas, Mas como diminui-lo? Ele se lembrou o livro Conselhos Sobre o Regime Alimentar, de Ellen White. Lendo-o, ficou impressionado com esta informação: “Como nossos primeiros pais perderam o Éden pelo apetite indulgente, nossa única esperança de o reconquistar é por meio da firme negação do apetite e da paixão” (p. 59). 

Herik fez grandes mudanças na dieta. Deixou de usar alimentos processados e, depois de muito esforço, eliminou bebidas com cafeína. Também deixou o açúcar e os laticínios. Adotou o plano dietético original de Deus, baseado em frutas, vegetais, grãos e nozes. Também procurou não comer tarde da noite e não exagerar na quantidade.

Além da alimentação, Herik voltou a exercitar-se, primeiro em caminhadas diárias; depois, aprendeu exercícios aeróbicos que pudesse fazer em casa. Em 12 meses, ele perdeu 40 quilos, e voltou ao peso ideal. Ficou mais saudável e passou a fazer flexões e outros exercícios que não conseguia, mesmo quando praticava artes maciais. 

Agora, dois anos depois, Herik tem 46 anos e ministra aulas gratuitas de condicionamento físico a pessoas com excesso de peso em um auditório de propriedade adventista. Mais de 200 pessoas de várias religiões participam das aulas quatro dias por semana. Também realiza seminários nos departamentos de saúde do país e trabalha com empresas privadas. Seus conselhos têm fundamento nos ensinos de Ellen White – e ele diz que as pessoas perdem peso e melhoram o estilo de vida.

“Percebi que Deus quer me usar e isso fortaleceu minha vida espiritual”, disse Herik. “Agradeço a Deus pela bênção que Ele me deu, para que possa ser uma bênção para os outros de maneira tão simples.”

Parte da oferta deste trimestre apoiará a “Save 10.000 Toes” (Salvando 10.000 pés), um projeto para combater o diabetes nas Ilhas Salomão. “Save 10.000 Toes” – que se refere à amputação dos dedos dos diabéticos – começou em dezembro de 2017 e financia o programa comunitário de exercícios de Herik. Agradecemos por suas ofertas missionárias da Escola Sabatina.


Comentário da Lição da Escola Sabatina

3º Trimestre de 2019

Tema Geral: “Meus pequeninos irmãos”: servindo aos necessitados

Lição 4: 20 a 27 de julho

MISERICÓRDIA E JUSTIÇA EM SALMOS E PROVÉRBIOS

Autor: Geraldo L. Beulke Jr.

Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br

Revisora: Josiéli Nóbrega

Finalizando o capítulo de sua autoria, na obra O Evangelho em Roupa de Trabalho, Elias Brasil conclui que todos os gêneros do Antigo Testamento “retratam a solidariedade como característica do próprio Deus a ser imitada por aqueles que dizem manter um relacionamento com Ele. Segundo Seu caráter misericordioso, Deus abençoa e recompensa os que demonstram misericórdia para com o necessitado enquanto, da mesma forma, julga e pune os que negligenciam as necessidades do pobre ou oprimem o fraco” (p. 29). Na lição desta semana, examinamos o que os Salmos e Provérbios nos falam sobre o serviço aos necessitados.

JUSTIÇA PARA OS OPRIMIDOS

É provável que a maior concentração de termos para identificar o pobre seja encontrada nos livros poéticos, a começar pelo livro de Jó, que descreve o cuidado para com os desfavorecidos como a principal característica de quem teme a Deus: “Ouvindo-me algum ouvido, esse me chamava feliz; vendo-me algum olho, dava testemunho de mim; porque eu livrava os pobres que clamavam e também o órfão que não tinha quem o socorresse. A bênção do que estava a perecer vinha sobre mim, e eu fazia rejubilar-se o coração da viúva. Eu me cobria de justiça, e esta me servia de veste; como manto e turbante era a minha equidade. Eu me fazia de olhos para o cego e de pés para o coxo. Dos necessitados era pai e até as causas dos desconhecidos eu examinava. Eu quebrava os queixos do iníquo e dos seus dentes lhe fazia eu cair a vítima” (Jó 29:11-17; veja também 30:25; 31:16, 17, 19, 20, 21). Já os Salmos, além de retratarem praticamente todas as emoções do coração humano, incluindo o desespero e o clamor por justiça, descrevem como justiça o ato de ajudar o pobre (Sl 112:9) e a opressão do necessitado como um dos crimes dos perversos (Sl 109:16). O pobre clama a Deus por ajuda (Sl 34:6; 70:5; 86:1; 109:21, 22) e recebe a esperança de que Ele responderá (Sl 69:32, 33). Nos Salmos, Deus é visto como o refúgio dos humildes (Sl 14:6), como seu amparo e libertador (Sl 40:17) e como provedor (Sl 68:10). Em resumo, essa porção da poesia hebraica nos ensina que Deus Se preocupa com o pobre e o necessitado (Sl 35:10; 113:7; 132:15; 140:12) e nos intima a fazer o mesmo. O texto da lição de segunda ainda nos lembra que no Salmo 82:6 há esperança mesmo para os opressores, caso desejem e permitam que Deus os transforme.

MISERICÓRDIA PARA OS NECESSITADOS

Embora o livro de Provérbios apresente algumas causas para a pobreza, como a preguiça (Pv 6:10, 11; 10:4; 20:13; 24:33, 34), a indisciplina (Pv 13:18), a falta de ação (Pv 14:23), a ociosidade (Pv 28:19), a precipitação (Pv 21:5) e os vícios (Pv 21:17; 23:20, 21), nem toda pobreza é merecida. E independentemente da causa, há esperança. Em Seu cuidado para com os necessitados, Deus nos chama a agir com compaixão, generosidade e justiça. Note o chamado das seguintes passagens: “Quem se compadece do pobre ao Senhor empresta [...]” (Pv 19:17; 14:21); “O generoso será abençoado porque dá do seu pão ao pobre” (Pv 22:9); “Abre a boca, julga retamente e faze justiça aos pobres e aos necessitados” (Pv 31:9).

Entretanto, é essencial entender que compaixão, generosidade e justiça para com os pobres e necessitados não consiste em mero assistencialismo que mantém as pessoas presas à condição de pobreza. Ellen White entendeu perfeitamente esse aspecto da ajuda aos pobres e deixou uma orientação divinamente inspirada e apropriada para nossos dias, quando a igreja é assediada por filosofias que aparentam compaixão, mas estão centradas no homem e servem aos objetivos do inimigo de Deus:

“Podemos dar aos pobres e prejudicá-los, ensinando-os a depender de outros. [...] A verdadeira caridade ajuda os homens a se ajudarem a si mesmos. […] A verdadeira beneficência significa mais que simples dádivas. Significa um real interesse no bem-estar dos outros. Cumpre-nos buscar compreender as necessidades dos pobres e dos aflitos, e conceder-lhes o auxílio que mais benefício lhes proporcione. Dedicar pensamentos e tempo e esforço pessoal custa muitíssimo mais que dar meramente dinheiro. Mas é a verdadeira caridade” (Beneficência Social, 199).

Conheça o autor do comentário: O pastor Geraldo L. Beulke Júnior é natural de Porto Alegre, RS. Graduou-se em Teologia no ano de 2003 e já serviu à Igreja tanto na obra educacional quanto distrital, nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Bahia e Espírito Santo. Atualmente, pastoreia o Distrito de Mangueiras, em Tatuí, São Paulo. Em 2014, concluiu o mestrado em Interpretação e Ensino da Bíblia, pelo SALT – FADBA, e está cursando o programa de doutorado em Teologia Pastoral pelo SALT – UNASP – EC. É casado com a pedagoga Elisama Gama Beulke, com quem tem três filhos: Lara, de 12 anos, Alícia, de 9, e William, de 1 ano.