Embora tenha sido escrita há muitos anos, a Bíblia é a revelação da verdade divina ao mundo. Um dos aspectos da verdade é o ensino sobre a natureza humana: tanto na antiga Judeia antes de Cristo quanto no Brasil do século 21, a constituição dos seres humanos é essencialmente a mesma: somos pecadores necessitados da graça divina.
Isso inclui os ricos e poderosos, os quais, nos tempos bíblicos, não eram diferentes dos ricos e poderosos dos tempos modernos, em espe- cial no tocante à busca por riqueza, fama e poder, muitas vezes (mas nem sempre) à custa dos vulneráveis. No entanto, Deus está preocupado com a salvação dos ricos e poderosos da mesma forma que Se preocupa com a salvação dos pobres e necessitados. A Bíblia dá exemplos emocionantes de personagens poderosos, ou ricos, ou ambos, e como Deus os usou para abençoar as nações: Abraão, Isaque, Jó, Salomão e José, para citar alguns.
Nesta semana, vamos explorar a missão de Deus para com os ricos e poderosos. Acompanhe-nos nessa jornada enquanto vemos como o Pai alcançou algumas dessas pessoas e como está chamando e preparando os adventistas do sétimo dia para testemunhar a esse grupo de pessoas no presente também.
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Como Adventistas do Sétimo Dia, cremos no que é conhecido como “expiação ilimitada”. Isso significa que, em contraste com alguns cristãos, acreditamos que a morte de Cristo foi por toda a humanidade, não apenas por um grupo especial de predestinados para a salvação. Visto que Deus “deseja que todos sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade” (1Tm 2:4), Jesus Se ofereceu como sacrifício “pelos nossos pecados – e não somente pelos nossos próprios pecados, mas também pelos do mundo inteiro” (1Jo 2:2). Por isso, todos foram escolhidos “antes da fundação do mundo […] Nele” (Ef 1:4), ainda que nem todos O escolham em contrapartida. Por isso, na Bíblia, todos os tipos de pessoas são alcançadas por Deus.
1. Leia Daniel 4. O que aconteceu com o rei, e o que isso nos diz sobre a salvação de um dos homens mais poderosos do mundo?
Um exemplo marcante de como Deus alcança incrédulos poderosos é a história do rei Nabucodonosor. O juízo divino foi executado sobre ele de maneira semelhante ao que ocorreu com alguns reis israelitas (2Cr 32:25, 26; 1Rs 14:21-31; 1Sm 28). O relato de Nabucodonosor, que caiu em si e reconheceu o Criador, mostra que Deus Se preocupa com os ricos e poderosos, bem como com os fracos e necessitados. No verso 37, o homem mais poderoso da Terra declarou: “Agora eu, Nabucodonosor, louvo, engrandeço e glorifico o Rei do céu, porque todas as Suas obras são verdadeiras, e os seus caminhos são justos. Ele tem poder para humilhar os orgulhosos” (Dn 4:37). Como seria bom se todos os altivos mortais entendessem essa verdade!
O que podemos aprender com essa história? Primeiro, Deus usa crentes comprometidos, como Daniel, para ser uma ponte a fim de alcançar poderosos incrédulos. Em segundo lugar, Deus pode intervir diretamente no processo de testemunho, a fim de alcançar incrédulos. Nabucodonosor foi humilhado por Deus devido ao seu orgulho e arrogância, e, embora tenha sido uma história dramática, há outras maneiras pelas quais os orgulhosos podem ser humilhados.
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Cristo morreu por todos, não importando a posição social da pessoa. Deus alcança também os poderosos e espera que sigam a Sua luz (ver Ellen G. White, Atos dos Apóstolos [CPB, 2021], p. 264).
2. Leia 2 Reis 5:1-19. Como podemos alcançar pessoas para o Senhor?
Em 2 Reis 5:17-19, Naamã fez dois pedidos incomuns depois que Deus o curou da lepra. Primeiro, pediu permissão para levar duas mulas carregadas de terra de Israel para a Síria com o propósito de adorar o Deus vivo. Ele declarou: “Este seu servo nunca mais oferecerá holocausto nem sacrifício a outros deuses, a não ser ao Senhor” (2Rs 5:17).
Embora Naamã agora acreditasse no único Deus verdadeiro, seu primeiro pedido mostra que as influências pagãs ainda tinham algum domínio sobre seu pensamento.
O comandante sírio considerava o Deus de Israel como uma divindade que deveria ser venerada em solo nativo daquela terra. Embora Naamã reconhecesse a realidade de que não havia Deus além do Senhor de Israel, ele não havia se despojado totalmente da noção de que Deus estava, por algum meio particular, conectado à terra de Israel. Assim, em seu próprio país, ele desejava adorar a Deus em solo israelita.
A segunda petição de Naamã mostra a sinceridade de sua fé. Embora tenha decidido servir apenas ao Deus do céu, ele percebeu que não seria fácil cumprir essa resolução. O rei da Síria ainda adorava Rimmon, e, em sua ocupação, Naamã serviria como acompanhante do rei. Embora Naamã não tivesse intenção de abandonar seus deveres para com o rei, ele não desejava se curvar em adoração a Rimmon. Naamã não desejava fazer concessão à idolatria.
Eliseu respondeu ao pedido de Naamã dizendo: “Vá em paz” (2Rs 5:19). “Estas palavras não devem ser consideradas como uma aprovação ou desaprovação ao pedido de despedida de Naamã. Ele devia partir em paz, não em dúvida ou inquieta incerteza. Deus tinha sido bondoso com ele, e ele devia encontrar felicidade e paz no conhecimento e na adoração a Deus. [...] Deus conduz os novos conversos, passo a passo, e sabe o momento adequado para pedir uma reforma em determinado assunto. Esse princípio deve sempre ser levado em conta pelos que trabalham para a salvação de outros” (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 2, p. 968, 969).
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Nicodemos era culto. A Bíblia o descreve como um dos principais dos judeus (Jo 3:1). Jesus Se referiu a ele como mestre de Israel (Jo 3:10). Ele tinha boa compreensão da Bíblia e fome espiritual do Senhor. Da perspectiva humana, ele parecia um seguidor de Deus, pois guardava todos os mandamentos e era um líder respeitado. Ele era poderoso e rico. Muitos consideram isso como sinal de que Deus o havia abençoado. No entanto, essas condições não passavam de aparências superficiais.
3. Leia João 3:1-12. O que essa história revela sobre as necessidades espirituais de Nicodemos e sobre como Jesus as abordou?
Quando Nicodemos foi a Jesus, ele tentou manter as aparências e sua condição atual. Mas Deus conhecia o seu coração. Da mesma forma, Ele conhece o coração e as necessidades de todos os ricos e poderosos, independentemente de sua origem. Nicodemos foi a Jesus porque os ensinos do Mestre o tinham convencido. Seu orgulho o impediu de confessar abertamente Jesus como Senhor, mas aquela noite o transformou para sempre. Mesmo depois de estar convencido de que Jesus foi enviado por Deus, ele ainda não assumia publicamente que era seguidor de Jesus Cristo.
4. Leia João 7:43-52; 19:39. O que esses textos nos dizem sobre Nicodemos e Jesus?
Podemos ver nesses versos que Nicodemos tinha sido claramente impactado por Jesus, tanto que procurou protegê-Lo quando Jesus estava vivo e, em seguida, O honrou em Sua morte. Sem dúvida, o Senhor havia alcançado Nicodemos, que, apesar de seu conhecimento e sabedoria, tinha uma grande necessidade do Salvador, assim como todos nós temos.
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5. Leia Mateus 19:16-22. Que lições podemos aprender com essa história, em que, em contraste com a de Nicodemos, a pessoa não aceitou Jesus?
A interação de Jesus com o jovem governante rico mostra que a riqueza pode ser uma armadilha muito perigosa. Observe as palavras: “E ainda lhes digo que é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus” (Mt 19:24). É claro que isso não significa que os ricos não possam ser salvos. Significa apenas que, se essas pessoas não forem cuidadosas, suas riquezas podem ser um impedimento para a salvação.
No fim, ricos e pobres têm o mesmo destino: a sepultura. Isso significa que os ricos necessitam tão desesperadamente da salvação quanto qualquer outra pessoa. A despeito do que o dinheiro possa comprar, ele não pode isentar ninguém da morte. Essa isenção acontece apenas como um presente, oferecido gratuitamente por Jesus a quem quer que a reivindique pela fé. “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em Mim, ainda que morra, viverá” (Jo 11:25).
6. Leia Lucas 19:1-10. O que fez a diferença nessa história, em contraste com a do jovem rico?
Zaqueu respondeu a Jesus de um modo que, infelizmente, o jovem rico não fez. Observe que Jesus não disse a Zaqueu para vender o que tinha e dar aos pobres, como fez com o jovem rico. Certamente Jesus sabia quanto o jovem rico estava ligado ao dinheiro, e foi por isso que Jesus disse que ele devia tomar aquela atitude de renúncia. Em contrapartida, embora não saibamos tudo o que foi falado quando Jesus esteve na casa de Zaqueu, ele foi convencido por Jesus e sabia que tinha que fazer algumas mudanças em sua vida, principalmente no que se referia à sua riqueza.
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Jesus sabia como fazer amizade com os poderosos. Ele era admirado e respeitado por muitas dessas pessoas e, ao mesmo tempo, também era desprezado por muitos. As pessoas poderosas que foram a Jesus em busca de ajuda sentiram que Ele Se importava com elas. Além disso, muitos dos ricos e poderosos não foram abertamente a Jesus de imediato; eles esperaram até que tivessem certeza de que Jesus era verdadeiramente o Filho de Deus. Foi assim com Nicodemos e com José de Arimateia.
7. Leia Mateus 27:57-60 (ver também Mc 15:43-47; Lc 23:50-53; Jo 19:38-42). Como o Senhor usou um homem rico que havia sido impactado?
Até esse momento, não ouvimos nada de José de Arimateia. De repente, esse homem rico aparece, quase do nada, e é usado para o cumprimento da profecia. Deus usou e continuará a usar os ricos para Seus propósitos. Por isso, no cumprimento da missão, a igreja deve alcançá-los também.
Nessa obra, o primeiro desafio é fazer amizade com pessoas poderosas. Permita que Deus dirija os encontros com tais pessoas. Jesus fez isso; elas se tornaram testemunhas de Sua mensagem, cura e poder. Elas foram convencidas “nos bastidores” de que Ele era o Filho de Deus.
Pessoas poderosas procurarão associar-se com o ministério genuíno por uma série de razões. Elas querem fazer parte de algo bom que está mudando a vida das pessoas. Elas sabem que o envolvimento com essa obra pode mudar também a vida delas. Essa é a maneira sutil pela qual ricos e poderosos podem obter a ajuda de que precisam sem divulgar publicamente suas necessidades.
Uma outra etapa é começar um ministério genuíno como uma avenida pela qual ricos e poderosos participem do serviço de Deus. Reserve algum tempo para investir na vida dos ricos e poderosos em sua sociedade.
Desafio: Adicione à sua lista de oração diária algum incrédulo que esteja em posição de poder, alguém com quem você possa entrar em contato.
Desafie-se: Envie uma carta ou e-mail para alguém em posição de poder – mesmo que você nunca tenha visto essa pessoa – e diga que está orando por ela.
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Leia, de Ellen G. White, A Ciência do Bom Viver, p. 125-130 (“O ministério em favor dos ricos”; Refletindo a Cristo [MM 1986, 19 de novembro], p. 329 (“A escrava mostra interesse por Naamã”).
Jesus ama os pobres e os ricos. Ele morreu por príncipes e por indigentes e conhecia a maneira mais eficaz de alcançar o coração. Ele advertiu: “É mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus” (Mc 10:25). Somos desafiados a alcançar pessoas poderosas com o evangelho de Cristo. Elas precisam tanto de salvação quanto qualquer pessoa, mesmo que, infelizmente, não percebam isso por causa da “segurança” que acreditam que sua riqueza ofereça.
“Muito se diz quanto ao nosso dever para com os pobres negligenciados. Não se deveria, porém, dar alguma atenção aos negligenciados ricos? Muitos consideram essa classe um caso perdido […]. Milhares de ricos têm baixado ao túmulo inadvertidos. Mas, por mais indiferentes que pareçam, muitos entre eles são almas oprimidas” (Ellen G. White, A Ciência do Bom Viver [CPB, 2021], p. 125).
Perguntas para consideração
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Jesus quebrou barreiras de castas e classes ao ministrar aos ricos e aos pobres. Como abordar a questão da lacuna entre ricos e pobres, tão arraigada na sociedade?
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Jesus disse: “O que foi semeado entre os espinhos é o que ouve a palavra, porém as preocupações deste mundo e a fascinação das riquezas sufocam a palavra, e ela fica infrutífera” (Mt 13:22). O que Jesus quis dizer com “fascinação das riquezas”? Somente os ricos ficam fascinados pelas riquezas?
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Conhecer a verdade não é o mesmo que ser salvo por ela. É importante saber a diferença entre as duas coisas? Se conhecer a verdade não salva, o que nos salva?
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Por quais razões o jovem rico rejeitou Jesus ao passo que Zaqueu O aceitou?
Respostas e atividades da semana: 1. Nabucodonosor foi humilhado por Deus devido ao seu orgulho. Deus Se importa com os poderosos. 2. Mudanças na visão de mundo levam tempo. Devemos ter paciência e sabedoria ao lidar com os que vêm de outras culturas e religiões. 3. Embora Nicodemos tivesse muito conhecimento das Escrituras, ele tinha sede de Deus e necessidades espirituais. Deus conhecia seu coração. Jesus abordou essas necessidades com amor e firmeza. 4. Nicodemos buscou proteger Jesus, e, após a morte do Senhor, ele levou mirra e aloés para ungir o corpo de Jesus. 5. O jovem rico era apegado às suas riquezas. As riquezas podem ser um impedimento para a salvação de muitos. 6. Zaqueu foi convencido por Jesus e sabia que tinha que fazer mudanças em sua vida, principalmente quanto às riquezas. 7. José de Arimateia foi usado para o cumprimento da profecia ao sepultar Jesus em seu túmulo novo.
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ESBOÇO
O verso para memorizar desta semana faz parte do discurso de Jesus sobre o custo de ser Seu discípulo. Em Seus ensinos a respeito do discipulado, Jesus mencionou regularmente a necessidade de calcular o custo de segui-Lo, que pode ser bastante alto. Mateus 16:24-28 e Lucas 14:25-33 são dois dos textos-chaves para entender o ensino de Jesus sobre o que significa segui-Lo (ver também Mc 8:34-37; Lc 9:23-25). É importante notar que em Seus ensinos sobre o discipulado, Jesus não fala sobre a malignidade do dinheiro ou sobre a perdição dos ricos. Simplesmente nos adverte para que não deixemos que nossas pos- ses atrapalhem nossa busca por viver a eternidade com Ele. Nenhuma das coisas que o dinheiro pode nos proporcionar – prazeres, poder, renome – nos trará algum benefício definitivo se, por causa delas, perdermos a eternidade.
Embora a Bíblia não condene as riquezas, adverte sobre o perigo potencial delas. De acordo com Paulo, a “raiz de todos os males” é o “amor ao dinheiro”, não o dinheiro em si (1Tm 6:10). Pessoas ricas e poderosas, bem como pessoas pobres e desvalidas, são igual- mente bem-vindas no reino de Deus. Como Pedro reconheceu na casa de Cornélio, “Deus não trata as pessoas com parcialidade; pelo contrário, em qualquer nação, aquele que O teme e faz o que é justo Lhe é aceitável” (At 10:34, 35). Deus está tão interessado na salvação dos ricos e poderosos quanto na salvação dos pobres e desvalidos.
COMENTÁRIO
O custo de ser discípulo de Jesus
Em Mateus 16:24, Jesus usa uma linguagem radical para destacar a natureza inegociável do custo de segui-Lo: “Se alguém quer vir após Mim, negue a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me” (ver também Lc 14:26, 27). Jesus não desejava seguidores que fossem movidos apenas pelo desejo de se beneficiar dos inúmeros milagres que Ele realizava. Segui-Lo para obter a satisfação de nossos desejos seria equivalente a buscar um relacionamento oportunista com Ele. Em vez disso, Jesus deseja que Seus seguidores morram diariamente para interesses próprios, desejos egoístas e quaisquer ambições que impeçam o relacio- namento com Ele. Seu chamado para calcular o custo de segui-Lo foi um convite aos Seus ouvintes para, acima de tudo, compreenderem e aceitarem os termos de segui-Lo.
Jesus também requer de Seus seguidores uma devoção que supera o instinto de pre- servar a própria vida. Os discípulos devem priorizar sua devoção a Ele acima da própria vida. Como símbolo de uma morte inevitável e extremamente excruciante, tomar a cruz para seguir Jesus simboliza o compromisso com o custo mais alto possível de ser Seu discípulo. Assim como carregar uma cruz literal era um ato de submissão aos romanos, tomar a própria cruz para seguir a Jesus refere-se ao chamado para que Seus discípulos submetam-se completamente a Ele. Discipulado não é ter Jesus à nossa disposição. Em vez disso, é transferir para Ele a propriedade de tudo o que nos pertence. Jesus é direto porque não deseja que ninguém se aliste para o discipulado com Ele e depois seja surpreendido pelo alto custo necessário para fazê-lo. Jesus não quer que Seus discípulos sejam possuídos por nada ou qualquer pessoa além Dele.
Em Lucas 14, Jesus menciona dois absolutos ligados ao custo de ser Seu discípulo. O primeiro absoluto é “se alguém”, no versículo 26, e “quem”, no versículo 27 – isto é, todas as pessoas. Longe de se referirem a uns poucos escolhidos, os pronomes “se alguém” e “quem” indicam que o custo de ser discípulo de Jesus se aplica a todo indivíduo que deseja segui-Lo, não importando a posição social. O segundo absoluto é renunciar “a tudo o que tem” (Lc 14:33). Renunciar a tudo para seguir Jesus não significa apenas renunciar a alguma coisa fisicamente, mas também abandonar emocionalmente o que já renunciamos fisicamente, de modo que não sejamos dominados por aquilo. Jesus estava basicamente desafiando aqueles que pensavam em segui-Lo a deixar de lado a própria agenda e aceitar a agenda Dele. Esse absoluto enfatiza o fato de que um discípulo não deve permitir que nada se interponha no caminho da entrega completa a Cristo. A expectativa de Jesus é que toda pessoa que deseja segui-Lo esteja absolutamente disposta, a qualquer momento, a abrir mão de todos os relacionamentos, de todas as posses e até mesmo da própria vida. Jesus exige uma mudança de atitude de cada indivíduo que deseja segui-Lo, levando a um compromisso diário de pertencer a Ele a qualquer custo. Essa expectativa divina é uma advertência para toda pessoa que deseja ser Seu discípulo, para que não tente fazer Dele simplesmente um meio para alcançar os próprios fins. Jesus espera que Seus discípulos troquem a própria vontade pela vontade Dele e entreguem totalmente o controle de seu destino a Ele.
O amor de Deus pelos ricos e poderosos
Deus está tão interessado na salvação dos ricos e poderosos quanto na salvação dos desvalidos e necessitados. Cristo morreu por todas as pessoas, independentemente de sua origem, etnia, sexo ou condição social. Seu sangue tem mérito suficiente para resgatar todo ser humano da perdição do pecado. Consequentemente, cada pessoa tem acesso à Sua oferta gratuita de perdão e aceitação diante de Deus. Em resumo, a abrangência da morte expiatória de Cristo é ilimitada: está acessível a todos os pobres, bem como a todos os ricos (Jo 3:16; 2Co 5:15; 1Tm 2:3-6). Se fizermos na internet uma busca pela expressão “o amor de Deus pelos pobres”, encontraremos um número de resultados bem maior do que “o amor de Deus pelos ricos”. Devemos enfatizar, contudo, que Ele ama igualmente cada ser humano, porque todas as pessoas foram criadas à Sua imagem e todas estavam incluídas na morte substitutiva de Cristo. Embora nem todos sejam salvos, toda pessoa que já viveu ou está vivendo agora teve ou tem acesso a Deus, seja por meio da revelação geral (a natureza), da revelação particular (a obra providencial de Deus entre os não convertidos) ou da revelação especial (Jesus Cristo e a Bíblia). Atos 14:17 diz que Deus “não deixou de dar testemunho de Si mesmo” aos seres humanos. No Céu, haverá pessoas que foram bilionárias durante a vida terrena, bem como pessoas que viveram em extrema pobreza. Entre os redimidos também haverá pessoas que foram consideradas grandes intelectuais na Terra, bem como outras que nunca aprenderam a ler ou escrever.
As Escrituras mencionam indivíduos ricos e poderosos que amavam e temiam a Deus. Os exemplos do Antigo Testamento incluem Abraão, Isaque, Jó e Davi. Os exemplos do Novo Testamento incluem Mateus (Mt 9:9), Zaqueu, o chefe dos publicanos (Lc 19:1, 2), o apóstolo Paulo (At 9), o eunuco etíope (At 8:26-40) e Cornélio, o centurião romano (At 10). O diferencial dessas pessoas não estava tanto naquilo que possuíam, mas em seu relacionamento e comprometimento com Deus, independentemente da riqueza que possuíam.
Além desses exemplos de pessoas ricas e poderosas que não permitiram que a riqueza e o poder prejudicassem seu relacionamento com Deus, há também o exemplo daqueles que deixaram que suas riquezas os impedissem de entregar a vida a Jesus. Um exemplo bem conhecido é o do jovem rico, que rejeitou o convite de Cristo para segui-Lo depois de perguntar o que precisava fazer para herdar a vida eterna. Mesmo que o jovem rico tenha rejeitado o convite de Jesus, Marcos 10:21 diz que Ele ainda o amava. Ainda que Jesus tenha pedido que ele vendesse todos os seus bens e desse o dinheiro aos pobres antes de segui-Lo, isso não significa que os ricos não possam ser Seus discípulos. Nesse caso específico, o problema era que as riquezas desse jovem rico eram um obstáculo para que ele entregasse o coração a Deus. O coração do jovem estava tão apegado às riquezas que todo o seu comprometimento e lealdade pertenciam a elas.
O momento adequado para apresentar a mensagem
Depois de ser curado da lepra, Naamã fez dois pedidos que hoje pareceriam bastante enigmáticos: (1) ele pediu permissão para levar ao seu país duas mulas carregadas de terra de Israel como sinal de seu compromisso de que não adoraria outros deuses, a não ser o Deus vivo, que Israel adorava (2Rs 5:17); e (2) pediu permissão para se encurvar com o rei no santuário do deus Rimom, não como ato de adoração, mas como parte de seu trabalho. Afinal, era o braço direito do rei e precisava estar ao lado dele onde quer que fosse (2Rs 5:18).
Se esses dois pedidos não fossem estranhos o suficiente, a resposta de Eliseu ao pedido de Naamã seria preocupante em muitos círculos missionários de hoje: “Vá em paz” (2Rs 5:19). A resposta surpreendente de Eliseu não foi um incentivo para que Naamã continuasse com as práticas idólatras. O profeta sem dúvida acreditava que Deus continuaria trabalhando na vida de Naamã. Com aquela confissão, Naamã deu um grande passo em sua jornada espiritual. O próprio Deus havia direcionado seu encontro com Eliseu. O profeta elogiou esse progresso e provavelmente pensou que essa atitude de Naamã indicava que Deus já havia iniciado o processo de transformação do coração dele e continuaria essa obra ao longo do tempo.
Em João 16:12 está escrito: “Tenho ainda muito para lhes dizer, mas vocês não o podem suportar agora”. Depois de três anos e meio orientando Seus discípulos, Jesus lhes diz que ainda tinha muitas coisas para revelar a eles, mas que não o faria porque não estavam preparados para assimilar. Jesus conhecia a capacidade deles de compreender novas verdades. No entanto, escolheu revelar-lhes apenas o que sabia ser essencial no momento, deixando o restante para o ministério do Espírito Santo na vida deles. Ellen G. White aconselha: “Contudo, embora o instrutor da verdade deva ser fiel na apresentação do evangelho, ele nunca deve apresentar uma quantidade tão grande de conteúdo que os ouvintes não possam apreendê-lo porque é novo para eles e de difícil compreensão” (Evangelismo [CPB, 2023], p. 141).
APLICAÇÃO PARA A VIDA
Parte significativa da existência humana gira em torno do dinheiro: adquiri-lo, gastá-lo, guardar parte de nossos ganhos e, acima de tudo, ser fiel nos dízimos e nas ofertas. O dinheiro, e especialmente a maneira como nos relacionamos com ele, não deve ser encarado levianamente. As pessoas ricas não são as únicas que correm o perigo de ficarem hipnotizadas pelas posses terrenas. Os pobres também podem se tornar escravos do pouco que têm ou do desejo de adquirir mais, a ponto de correrem o risco de perder de vista a eternidade.
Como cristãos, é importante que a nossa maneira de lidar com o dinheiro e tudo o que ele pode proporcionar não prejudique nosso relacionamento com Deus. Devemos ter em mente dois fatos importantes em relação a esse tema: (1) a fragilidade dos investimentos terrenos: todas as aquisições que o mundo tem a oferecer (prazer, segurança, poder, etc.) são passageiras; e (2) no dia em que comparecermos diante de Deus e prestarmos conta de nossa vida, seremos avaliados pelo caráter que desenvolvemos e não pela quantidade de nossos bens.
Como Deus não trata as pessoas com parcialidade, Ele deseja que ricos e poderosos se tornem discípulos de Cristo. O que mais importa para Deus não é o que está em nossas mãos, mas o que está em nosso coração. Os exemplos bíblicos de pessoas ricas e poderosas nos ensinam que esse grupo de pessoas também pode ser receptivo ao evangelho. Os cristãos comprometidos têm a responsabilidade de orar para que Deus atue diretamente no testemunho deles a fim de alcançar incrédulos ricos e influentes. Acima de tudo, devemos orar para que o Espírito Santo nos use como pontes para alcançar essas pessoas.
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Seguindo a Verdade
Gana | Obede
O avô sugeriu que Obede estudasse em uma escola adventista em Gana, país da África Ocidental. Mas o padrasto de Obede era total mente contra a ideia.
"Não permitirei que ele vá para aquela escola porque ele vai voltar adventista", disse o padrasto de Obede, que era pastor de outra denominação cristã.
Então, Obede acabou se matriculando em uma escola de internato do governo. E foi lá que, de qualquer forma, ele aprendeu sobre os adventistas.
Enquanto estava no internato, Obede adorava todos os domingos com outros alunos em uma das salas de aula. Ele adorou fielmente ano após ano.
No final de seu último ano, os alunos das séries inferiores foram mandados para casa enquanto ele e a turma de formandos passariam um mês se preparando para as provas finais. Com tão poucos alunos no campus, os cultos de domingo foram suspensos.
Um domingo se passou. Dois domingos se passaram. Três domingos se passaram. Obede sentiu falta dos encontros dominicais.
No último fim de semana antes das provas finais, Obede viu três colegas de classes saindo do campus no sábado de manhã. Eles estavam bem-vestidos e disseram que estavam indo à igreja.
"Posso ir com vocês?", perguntou Obede.
Obede seguiu os dois rapazes e a moça para a Igreja Adventista do Sétimo Dia. Ele ficou maravilhado ao ouvi-los cantar uma música especial durante o culto. Ele jamais havia ouvido uma música cantada em harmonia, e as palavras da música tocaram seu coração. Eles cantaram "Até Então" (Novo Hinário Adventista do Sétimo Dia, nº 486).
Na segunda-feira seguinte, ele pediu à garota adventista, Sandra, que lhe emprestasse seu hinário. Ele queria copiar a letra da música que havia ouvido no sábado. Sandra deu a ele o hinário e o ensinou a cantar a música. Então Obede pediu a Sandra para ensinar outras músicas do livro. Os dois cantaram muitos hinos juntos durante a semana das provas finais.
Os hinos despertaram o interesse de Obede pela Igreja Adventista, e ele quis saber mais.
Mas o que seu padrasto diria? Ele lembrou que seu padrasto não queria que ele fosse para a escola adventista e que ele havia expressado medo da possibilidade de Obede ser tornar adventista.
Após se formar no Ensino Médio, Obede voltou para casa para o verão. Ele passou as férias ajudando sua mãe a vender peixe frito e banku (um prato típico ganense feito com massa de milho fermentada e massa de mandioca) na beira da estrada. Ele não ousava ir à igreja no sábado, mas queria desesperadamente adorar a Deus na Igreja Adventista. Ele viu que a Igreja Adventista local tinha cultos de oração às quartas-feiras das 79 às 20h. Então ele teve um plano. Ele deixou a mãe por uma hora na quarta-feira à noite, dizendo a ela que precisava usar o banheiro. O banheiro de casa era muito longe para ir caminhando, mas havia um banheiro público que não era muito longe de onde eles vendiam a comida. O banheiro público calhava deser perto da Igreja Adventista.
Por dois meses, Obede frequentou a Igreja Adventista nas noites de quarta-feira. Ele aprendeu novos hinos e novas verdades sobre Deus na Bíblia. Ele sabia que havia encontrado a verdade.
Quando entrou na universidade naquele outono, ele imediatamente procurou alunos adventistas no campus. Quando os encontrou, ele se uniu a eles na adoração aos sábados. Em pouco tempo, ele foi batizado.
O avô de Obede ficou emocionado quando soube que seu neto havia se tornado adventista. No entanto, seu padrasto ficou chateado. Mas, com o passar do tempo, ele acabou aceitando a decisão.
Hoje, Obede trabalha como assistente administrativo da sede da União do Sul de Gana em Acra, Gana. Ele diz que é importante seguir a verdade mesmo que os pais ou outros tentem impedi-lo.
"Quando você encontra a verdade e sabe que é a verdade, não deve permitir que nada o distancie da verdade", disse ele. "Você deve seguir o que sabe que é a verdade e, no tempo determinado por Deus, Ele permitirá que você adore na igreja."
Parte das ofertas deste trimestre ajudará a expandir a educação adventista em Gana. Os fundos serão destinados à construção de novas salas de aula e dormitórios na Escola de Formação em Enfermagem e Obstetrícia, que abriu com 22 alunos em 2015 e agora tem 770 alunos. Essa é uma verdadeira escola missionária, onde apenas 30 por cento dos alunos são adventistas. Obrigado por suas generosas ofertas.
Por Andrew McChesney
Dicas para a história
A lição da Escola Sabatina dos adultos desta semana descreve como a fidelidade dos amigos de um paralítico sem esperança o ajudou em Lucas 5:17-26 (ver domingo, 19 de novembro). Como a fidelidade dos amigos adventistas de Obede o ajudou? Possíveis respostas: simplesmente indo à igreja no sábado, os amigos conduziram Obede a uma fé mais profunda. Fé produz fé. A fé dos amigos se tornou a fé de Obede, e ele foi fiel à verdade que aprendeu. Peça à classe da Escola Sabatina para identificar maneiras pelas quais eles podem ser ajudadores para seus amigos (ver segunda-feira,20 de novembro).
Baixe as fotos no Facebook: bit.ly/fb-mq.
Baixe publicações e fatos rápidos sobre a Divisão Africana Centro-Ocidental: bit.ly/wad-2023.
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Comentário da Lição da Escola Sabatina – 4º Trimestre de 2023
Tema geral: Missão de Deus, minha missão
Lição 9 – 25 de novembro a 2 de dezembro
Missão em favor dos poderosos
Autor: Marcelo Ferreira Cardoso
Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
Revisora: Rosemara Santos
Objetivo geral: Apontar os desafios de se alcançar com o evangelho as pessoas mais abastadas e ricas.
Objetivos específicos
- Destacar através das histórias de alguns personagens ricos e poderosos a ação divina para salvar pessoas que se encontram em posição de destaque na sociedade.
- Entender como as riquezas e posições sociais podem se tornar barreiras para que essas pessoas aceitem o evangelho.
- Reafirmar a necessidade de preparação para alcançar os ricos e poderosos com a mensagem de salvação.
Introdução
Quando lemos de forma isolada algumas passagens da Bíblia que abordam temas como dinheiro e riqueza, podemos subentender erroneamente que Deus Se coloca em oposição às riquezas e as condena (Mc 10:25; 1Tm 6:10; Ec 5:10). Fica evidente, porém, após uma leitura mais detalhada dos textos, que o problema não está no dinheiro e na riqueza em si, mas no apego a elas, quando as colocamos no lugar do próprio Criador.
Deuteronômio 8:17, 18 enfatiza onde deve estar depositada nossa confiança: “Portanto, não pensem: ‘A minha força e o poder do meu braço me conseguiram estas riquezas’. Pelo contrário, lembrem-se do Senhor, seu Deus, porque é Ele quem lhes dá força para conseguir riquezas; para confirmar a Sua aliança, que sob juramento, prometeu aos pais de vocês, como hoje se vê” (grifo acrescentado).
A lição desta semana apresenta a história de seis personagens na Bíblia que, além de serem possuidores de muitos bens, eram também pessoas extremamente influentes na sociedade em sua época. Entenderemos através da vida dessas pessoas como, muitas vezes, barreiras são levantadas em virtude de sua posição social, impedindo que haja uma entrega completa a Deus, e como a igreja deve agir estrategicamente para alcançar essas pessoas.
Parte 1 – A soberba precede a queda
A presunção e a soberba são sentimentos caracterizados pela pretensão de superioridade sobre outras pessoas e que levam a ações ostensivas de arrogância. A Bíblia condena tal sentimento que afasta os soberbos da confiança em Deus e as levam a confiar em si mesmas, transformando-as em seres de espírito orgulhoso e superiores (Pv 16:18). Não é à toa que dizem que o dinheiro e o poder muitas vezes não mudam a personalidade de alguém, só revelam aquilo que já são.
A lição inicia contando a história de Nabucodonosor, alguém extremamente poderoso e rico, mas que em algum momento de sua vida foi alcançado pela infinita misericórdia do Senhor. Nabucodonosor já havia conquistado tudo que era possível à sua época, tornando-se o governante do maior império mundial vigente no seu tempo. Deus, por outro lado, já tinha apresentado inúmeros indicativos claros, por meio do sonho da estátua e através da própria vida de Daniel, que Ele e não o rei babilônico, tinha o domínio sobre todas as coisas, inclusive a própria vida do monarca da Babilônia.
Com Naamã não foi diferente. São evidentes as semelhanças entre a história de Nabucodonosor e o relato sobre o comandante do exército sírio. Os dois não eram apenas pessoas ricas, mas também poderosas dentro do seu círculo de influência. Dessa forma, o ponto a se destacar é a forma como esses homens se voltaram para Deus, tendo infelizmente que passar por provações para que pudessem se desarmar do orgulho e abrir o coração ao Criador. Deus não deseja atingir as pessoas dessa maneira, contudo, muitas só se deixam alcançar quando são literalmente quebradas pelas circunstâncias adversas. É justamente nesse momento que percebem que toda a riqueza e poder de nada valem perante os percalços do caminho.
O psicólogo Abraham Maslow estabeleceu no ano de 1943 um princípio da psicologia que ficou conhecido como hierarquia das necessidades. Nesse estudo, Maslow conclui que todo ser humano constrói a sua vida em torno de felicidades e realizações, tendo cinco categorias específicas e em ordem de importância: necessidades fisiológicas, necessidades de segurança, necessidades de amor/relacionamento, necessidades de estima e necessidades de realização pessoal (FRED, Ted. Gestão da Marca: estratégia e marketing [Rio de Janeiro, E-papers serviços editoriais], 2003, p.58).
Em sua pirâmide, Maslow aponta que, quanto mais básicas forem as necessidades não atendidas, devido a circunstâncias casuais ou fatalidades, mais fragilizado se encontrará o ser humano e, consequentemente, mais aberto para aceitar ou ouvir o que antes o seu orgulho e presunção não permitia. Por essa razão, como instrumentos de Deus devemos estar sempre atentos aos sinais e interpretar o momento exato em que essas pessoas estejam mais suscetíveis para ouvir e aceitar o evangelho.
Enquanto o momento da fragilidade não ocorria, Daniel e a serva israelita de Naamã nunca deixaram de testemunhar com a própria vida por meio do seu caráter e de pequenos atos que apontavam para o Mestre (Profetas e Reis [CPB, 1995], p. 108, 207). Aqui está o grande segredo dos verdadeiros missionários de Deus: eles nunca perdem a oportunidade de deixar marcas positivas que influenciam silenciosamente os incrédulos, os quais são atraídos quando contemplam a vida cristã abnegada e coerente dos servos de Deus.
Muitas vezes, em circunstâncias naturais, o coração das pessoas se encontra fechado ao evangelho, mas uma fenda é estabelecida por meio das adversidades que surgem sob a soberania divina. Então, o testemunho pessoal e silencioso de um missionário trabalha como uma cunha para escancarar a fenda já estabelecida e levar as pessoas à submissão.
Parte II – Buscando sentido para a vida
Um dos pontos mais interessantes apresentados na lição é o retrato do trabalho de Jesus com as pessoas ricas e influentes do Seu tempo. Jesus conseguia atraí-las pelo Seu ensino e simplicidade na apresentação de princípios fundamentais da vida religiosa, algo que os próprios religiosos da época combatiam e tentavam a todo custo dificultar. Foi exatamente isso que chamou a atenção de Nicodemos, um doutor da lei e influente membro do sinédrio (Fundamentos da Educação Cristã [CPB, 2007], p. 517). Na prática, Nicodemos era alguém que se apresentava como profundo entendedor da Palavra, mas no fundo sentia uma enorme ignorância quanto à espiritualidade.
O dinheiro, a fama e a inteligência não são capazes de preencher o vazio existencial dos que acreditam que a vida se resume a essas coisas. Há no coração humano um espaço tão grande que só pode ser preenchido por Jesus. Nenhuma satisfação terrena é suficiente para suprir o vazio da alma. A lição retrata muito bem essas circunstâncias, não somente na vida de Nicodemos, que tinha influência por meio do conhecimento, mas também na vida de três personagens que obtiveram essa posição por meio do dinheiro: José de Arimateia, o jovem rico e Zaqueu.
Cada um desses homens teve sua oportunidade diante de Jesus. Eles manifestaram diferentes reações, que espelham o comportamento humano perante as chances apresentadas por Deus para nos salvar. No caso do jovem rico, a fortuna apresentava-se como um tesouro de maior valor que o Céu e que se colocava como um obstáculo à sua própria indagação, sobre qual era o caminho da vida. Ele tinha tudo e ao mesmo tempo não tinha nada. Possuía os tesouros da Terra, mas era incapaz de abrir mão deles, tornando-os seus objetos de adoração.
Zaqueu era o maioral dos publicanos, um alto funcionário público, chefe da coletoria de impostos de Jericó. Ele trabalhava para o governo romano, ou seja, ele tirava do seu próprio povo e entregava ao inimigo. Porém, Zaqueu não era odiado somente por isso, seus compatriotas sabiam que ele roubava um pouco daquilo que recolhia, tornando-se rico por essa prática desonesta.
Contudo, o mais interessante está na ironia por trás do seu nome: Zaqueu significa honesto, honrado, tudo o que ele não era. Mas, nem o seu dinheiro e nem a sua vida dissoluta o impediram de ter um encontro com Jesus. Algo que chama a atenção nessa história é o fato de Jesus estar disposto a salvar tanto os bons quanto os maus, tanto os honestos quanto os desonestos.
José de Arimateia, ao contrário de Zaqueu, era respeitado na sociedade, sendo membro do sinédrio, assim como Nicodemos. Seu nome aparece nos evangelhos somente após a crucifixão do Mestre, quando ele solicitou a Pilatos que lhe desse o corpo de Jesus para que pudesse sepultá-Lo em seu próprio túmulo. A Bíblia afirma que José de Arimateia “aguardava o Reino de Deus” (Mc 15:43), ou seja, é possível que ele tenha tido em algum momento um encontro com Jesus, tornando-se, portanto, um dos Seus seguidores a distância.
Notadamente, percebe-se um padrão na atitude de Jesus em relação aos ricos e poderosos que O procuravam. Ele sempre foi discreto ao lidar com pessoas ricas e influentes quando elas não queriam ser expostas. Por isso, assim como fez Jesus, devemos ser prudentes e agir da mesma forma.
Conclusão
No livro Evangelismo, uma coisa que você não pode fazer no Céu, Mark Cahill apresenta a necessidade de estarmos sempre preparados para o chamado de Deus. Em um mundo em que há pessoas ricas ou pobres, importantes e simples, no fim das contas, todos padecem da mesma necessidade, que é um sentido para a vida vazia. Alguém disse: “Parece que ninguém está contando a ninguém sobre Alguém que pode salvar todo mundo”. Pense sobre isso e certifique-se de que você não seja um ninguém e sim alguém que contará a um mundo perdido sobre Jesus, o único que pode salvá-los (São Paulo: Shedd Publicações, 2008, p. 164, 165). Não deixe de aproveitar as oportunidades que Deus dá a você a todo momento para testemunhar do Seu amor.
Conheça o autor dos comentários deste trimestre: Marcelo Ferreira Cardoso é casado com Elda Cardoso, cirurgiã-dentista, e pai de dois maravilhosos filhos, Rafael e Helena Cardoso. Graduou-se em Teologia no UNASP-EC (2000), é mestre (2018) e doutorando em Ciências das Religiões pela FUV – Faculdade Unida de Vitória. No início de seu ministério, trabalhou como capelão no Colégio Adventista de Taguatinga, DF (2001), foi pastor distrital em Araguatins, TO (2002-2003) e Formosa, GO (2004). Atuou também como evangelista na Associação Paulista Sul (2005-2008) e União Sul-Brasileira (2009-2016). Atualmente, é professor de Teologia e coordenador da área aplicada do SALT com sede na Faculdade Adventista do Paraná.