Paulo escreveu aos filipenses: “É verdade que alguns proclamam Cristo por inveja e rivalidade, mas outros o fazem de boa vontade. Estes o fazem por amor, sabendo que estou incumbido da defesa do evangelho; aqueles, porém, pregam Cristo por interesse pessoal, não de forma sincera, pensando que assim podem aumentar meu sofrimento na prisão. Mas que importa? Uma vez que, de uma forma ou de outra, Cristo está sendo pregado, seja com fingimento, seja com sinceridade, também com isto me alegro; sim, sempre me alegrarei” (Fp 1:15-18).
Palavras poderosas! “Seja com fingimento, seja com sinceridade”, Cristo é pregado – e era isso que importava para Paulo. O ideal, porém, é que nos- sas motivações para pregar a Cristo, para a missão e para alcançar outros com as boas-novas tenham como base o amor e a verdade, não ambição egoísta, inveja nem rixa.
Sendo assim, quais são algumas das motivações para pregar a Cristo, e de que maneira podemos nos preparar para fazer isso?
Nesta semana, veremos alguns acontecimentos na igreja primitiva que podem nos dar orientação quanto a essas partes cruciais da missão.
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1. Qual foi a reação dos que ouviram sobre o Cristo ressurreto? Lc 24:1-12
Várias mulheres foram ao túmulo bem cedo no domingo, após a morte de Jesus. Levaram consigo especiarias; portanto, é provável que estivessem indo cuidar do corpo do Mestre, já que o sábado havia terminado. Como esperavam encontrar um túmulo ainda selado, ficaram chocadas ao encontrar a tumba vazia. Sem saber o que fazer, sentiram medo quando dois homens com vestes brilhantes apareceram. No entanto, eles tinham uma mensagem para elas. Relembrando as palavras do Senhor, contaram às mulheres que Jesus havia ressuscitado, conforme dissera. Felizes com a notícia, rapidamente voltaram aonde os discípulos e outros seguidores de Jesus se encontravam e contaram o que tinham visto e ouvido, pois a emoção delas não podia ser contida. Isto é, compartilharam com outros o que ouviram sobre Cristo.
Como as mulheres devem ter se sentido? Tinham acabado de ter uma experiência incrível, que as deixou maravilhadas, mas os discípulos chamaram essa experiência de “delírio” e não acreditaram nelas. Assim, sem saber se deveria acreditar nas mulheres ou não, Pedro correu para o túmulo para ver por si mesmo.
Para Pedro – e para muitos de nós – há uma hesitação em aceitar algo simplesmente porque alguém o disse. Embora Pedro tenha ouvido o relato das mulheres, ele só compartilhou da experiência delas mais tarde. A princípio, tudo o que viu foi um túmulo vazio, e isso o deixou “admirado com o que tinha acontecido” (Lc 24:12). Sua experiência no túmulo não foi a mesma das mulheres.
Independentemente da reação de Pedro, assim que as mulheres ouviram a notícia sobre Jesus, quiseram compartilhá-la. Que motivação maior para a missão pode haver do que contar a outros sobre o que Jesus fez por nós? Que estímulo maior pode haver do que espalhar as boas-novas da salvação em Cristo, nossa esperança?
Precisamos ter uma experiência pessoal com Deus antes de compartilhá-la. Nosso desejo de dividir com os outros o que tanto amamos deve ser parte crucial de nossa motivação para a missão. Afinal, não podemos repartir o que não temos!
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2. Leia Lucas 24:36-49. O que aconteceu e por que essa foi uma experiência tão crucial para os apóstolos?
A princípio, os discípulos não creram por medo. Então, quando viram Jesus e tiveram certeza de que Ele estava vivo, não creram por causa da alegria (Lc 24:41). Você já sentiu que algo era bom demais para ser verdade? Essa foi a experiência dos discípulos e dos outros no cenáculo.
Contudo, se Jesus os tivesse deixado apenas com essa experiência, quando Ele partisse, talvez a fé deles não tivesse perdurado. Com o tempo, o poder da experiência poderia se dissipar; eles se esqueceriam, ou começariam até a questioná-la. Jesus não Se contentou apenas em mostrar-lhes Suas cicatrizes e comer peixe diante deles. Ele os conduziu à Palavra e lhes mostrou o fundamento profético de Sua obra e de Seu ministério. Não importava quão grande fosse a experiência que tivessem com Ele, Jesus ainda queria que a fé deles fosse fundamentada na Palavra de Deus (Lc 24:44).
Também encontramos nesse relato uma motivação para o testemunho: a Palavra de Deus. Jesus sabia que, para solidificar a experiência dos discípulos, eles precisavam entender por que Ele teve que morrer e o que Sua ressurreição significava. Era necessário que a cosmovisão deles fosse mudada de um reino político e terreno para a grande solução para o pecado e a vitória de Cristo sobre a morte. O evangelho era muito mais do que conquistar a soberania política para Israel. Revelava a vitória de Cristo sobre Satanás e garantia que um dia a maldade seria destruída, a Terra seria recriada, e Deus estaria entre o Seu povo. Ele “lhes abriu o entendimento” (Lc 24:45) para que compreendessem essas verdades, que deveriam compartilhar com o mundo.
Nossas experiências com Jesus não podem firmar-se sem o fundamento da Palavra, incluindo as profecias que apontam para a história e para os eventos que incluem o primeiro e o segundo adventos de Cristo e conduzem a eles. Com essas verdades firmemente compreendidas, estaremos prontos e motivados para a missão.
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Lucas 24 termina com a ascensão de Jesus ao Céu (Lc 24:50-53). Mas esse não é o fim da história. Lucas prosseguiu com o livro de Atos. Pouco antes de Jesus subir ao Céu, Ele deu aos discípulos uma missão, uma promessa e instruções imediatas para esperarem em Jerusalém pelo “poder que vem do alto” (Lc 24:49; At 1:4-8).
Jesus instruiu os discípulos a esperar em Jerusalém até que Ele cumprisse Sua promessa de enviar a promessa do Pai (o Espírito Santo), que os capacitaria a ser testemunhas em Jerusalém, Judeia, Samaria e além.
3. Leia Atos 1:12-26. O que os discípulos, que naquela época totalizavam cerca de 120 homens e mulheres, faziam enquanto esperavam?
Jesus tinha dado aos discípulos uma missão clara: deveriam ser testemunhas Dele ao mundo. Então, enquanto esperavam, preparavam-se para sua missão de duas maneiras. Primeiro, continuaram unidos em oração e súplica. Não tinham dúvidas quanto à missão que Jesus lhes dera, e todos a aceitaram. Isso os inspirou a se unir em oração. Lucas não informa o que oravam, mas é bem provável que estivessem orando por sabedoria, força e coragem para cumprir a missão. Que exemplo para nós!
A segunda coisa que fizeram enquanto esperavam foi se preparar logisticamente para a missão. Judas entregara Jesus para a execução e depois tirou a própria vida. Isso havia deixado uma vaga entre os doze. Então, enquanto esperavam, os discípulos buscaram orientação divina e escolheram um substituto. Estavam se organizando e planejando o início da missão. Pedro liderou a tomada de decisões. Ninguém contestava suas ações, pois viam nelas a sabedoria de Deus. Havia entendimento e confiança de que Deus agia, trabalhava e se movia no meio deles. Esse tempo de espera não foi ocioso, mas cheio de propósito e ação orientada para a missão.
Enquanto esperamos o derramamento do Espírito Santo para nos ajudar a concluir a missão, devemos encorajar uns aos outros (Hb 10:24, 25), orando pelo Espírito. Devemos estar alinhados com a prioridade divina – a salvação dos perdidos.
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Atos 2 registra o derramamento do Espírito Santo no Pentecostes. Enquanto os seguidores de Jesus estavam orando, apareceram línguas de fogo sobre a cabeça deles. Reconheceram então que o poder prometido do Espírito Santo havia sido dado.
4. Leia Atos 2:1-41. O que aconteceu com os discípulos como resultado do recebimento do Espírito Santo no Pentecostes?
Os discípulos falaram em outras línguas (At 2:4). O crucial é que Deus capacitou cada um em benefício dos incrédulos. A bênção não foi dirigida apenas para o benefício deles. Não foi dada para habilitá-los para o Céu, nem para facilitar a negociação em línguas estrangeiras. Foi dada para cumprir a missão para com os perdidos. Deus chama Seus seguidores a usar seus dons para o bem da missão. Temos dons: há maior chamado do que usar o que recebemos para alcançar outros?
O derramamento do Espírito fez com que muitos se arrependessem da rejeição ao Messias, pois certamente alguns desses estavam em Jerusalém quando Ele morreu. Pense no poder: Pedro os acusou de terem crucificado o Cristo. Eles perceberam o que tinham feito. Convictos, exclamaram: “Que faremos, irmãos?” (At 2:37).
No entanto, até mesmo eles puderam ser perdoados. Pedro lhes disse: “Arrependam-se, e cada um de vocês seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos seus pecados, e vocês receberão o dom do Espírito Santo” (At 2:38).
Trabalhando juntos, em harmonia com o Espírito Santo e uns com os outros, esses seguidores de Jesus pregaram o arrependimento e o perdão dos pecados – mesmo para aqueles que podiam ter estado diretamente envolvidos na crucifixão de Jesus! Esse é o poder do evangelho. Se essa mensagem não nos motiva para a missão, o que nos motivará? Somos chamados a espalhar o evangelho ao mundo pecaminoso, caído e corrupto com pessoas pecadoras, caídas e corruptas. Nosso trabalho não é julgar, mas testemunhar do poder de Jesus.
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Atos 2 termina com uma bela imagem de como era a igreja primitiva. Atos 2:41 diz que houve “um acréscimo naquele dia de quase três mil pessoas”. Poderíamos ler isso para dizer que alguém fez as contas e acrescentou o número de novos crentes ao número de crentes existentes e estabeleceu um novo total de membros para o grupo. Mas esse é um entendimento superficial. Subentendida na escolha das palavras está a ideia de que esses crentes recém-batizados se tornaram parte do grupo como iguais.
Entretanto, uma função central da igreja cristã primitiva era o discipulado. À medida que novos membros eram adicionados, eles eram discipulados de três maneiras. Primeiro, continuavam a ser ensinados na doutrina e na comunhão dos apóstolos. As palavras “doutrina” e “comunhão” nesse texto significam literalmente “instrução” e “companheirismo”. A pregação dos apóstolos confrontava crenças incorretas e oferecia novas explicações para o que as pessoas estavam vendo e experimentando. Mas não as ensinava a viver essa nova verdade na prática. Em vez disso, a aplicação da verdade à vida acontecia no relacionamento ocorrido no grupo. Os novos crentes eram cuidadosa e intencionalmente discipulados por meio do ensino direto, bem como por meio da participação na vida diária dos outros crentes, tudo sob a supervisão e liderança dos apóstolos espiritualmente maduros e fundamentados.
A pregação pobre diz às pessoas o que fazer, mas não como fazer. No entanto, mesmo que se leia livros ou se ouça sermões que expliquem como fazer, não existe melhor forma de aprender algo do que ver pessoas fazendo e, em seguida, imitá-las. Paulo sabia disso e instruiu seus seguidores a imitá-lo como ele havia imitado Jesus (1Co 11:1). Quando outros podem ver você e a realidade de sua experiência com Cristo, isso irá impactá-los também.
Desafio: Pense em alguém que você gostaria que fosse um crente. Ore todos os dias para que ele tenha uma experiência pessoal com Jesus.
Desafio: Quem você está discipulando e levando a um relacionamento com Jesus? Procure maneiras de trazer essa pessoa à comunhão com outros crentes.
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Nosso trabalho missionário deve brotar do amor e da gratidão profunda pelo que Jesus fez e faz em nossa vida. Qualquer outra motivação é equivocada. Manter-se imerso na Palavra e em sintonia com ela é a chave para o sucesso do evangelismo.
“Nossa vida deve estar ligada à vida de Cristo, Dele receber continuamente, participar Dele, o Pão vivo que desceu do Céu, e prover-se de uma fonte sempre fresca, que sempre produz abundante tesouro. Se tivermos o Senhor sempre diante de nós e deixarmos o coração transbordar em ações de graças e louvores a Ele, teremos frescor contínuo em nossa vida religiosa. Nossas orações terão a forma de uma conversa com Deus, como se falássemos com um amigo. Ele nos falará pessoalmente de Seus mistérios. Frequentemente uma sensação agradável e alegre da presença de Jesus virá sobre nós. O coração arderá muitas vezes em nós, quando Ele Se achegar para comungar conosco, como o fazia com Enoque. Quando essa for em verdade a experiência do cristão, será vista em sua vida simplicidade, mansidão, brandura e humildade de coração, que mostrarão a todos que com ele mantêm contato que esteve com Jesus e Dele aprendeu” (Ellen G. White, Parábolas de Jesus [CPB, 2022], p. 71, 72).
“Na vida que se centraliza no eu, não pode haver crescimento nem frutificação. Se você aceita Cristo como Salvador pessoal, deve se esquecer de si mesmo e procurar auxiliar os outros. [...] Fale do amor de Cristo, conte de Sua bondade. [...] Recebendo o Espírito de Cristo, o Espírito do amor altruísta e do serviço ao próximo, você crescerá e produzirá fruto. [...] Sua fé aumentará. Suas convicções se aprofundarão. Seu amor será mais perfeito” (Parábolas de Jesus [CPB, 2022], p. 34).
Perguntas para consideração
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Em Filipenses, Paulo falou que pessoas pregavam Cristo por inveja, rivalidade ou ambição egoísta. Como evitar esse erro?
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Qual tem sido a sua experiência com o amor de Deus? Você poderia pregar com sinceridade e honestidade sobre a bondade de Deus? Qual seria o seu testemunho?
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Qual tem sido a sua experiência em esperar no Senhor e confiar Nele com fé?
Respostas e atividades da semana: 1. Não acreditaram. 2. Jesus apareceu no meio deles. Jesus fundamentou essa experiência na Palavra. 3. Estavam unidos em oração e súplica. Também tomavam decisões a respeito da missão. 4. Receberam dons que os capacitaram a cumprir a missão de pregar o evangelho. 5. Uma imagem de relacionamento, instrução e comunhão.
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ESBOÇO
Enquanto motivação é o desejo ou a razão que temos para fazer algo por alguém, prepara- ção envolve uma ação para se planejar de modo que as coisas sejam realizadas. A motivação tem que ver com algo que nos leva ou impulsiona a agir. A preparação torna possível que os planos sejam concretizados. Jesus e o que Ele fez por nós oferecem a motivação para a mis- são (Rm 5:8). Mas, além disso, Ele também nos concedeu o Espírito Santo, capacitando-nos assim a cumprir Sua vontade e a incumbência da missão (Mt 28:18-20; Jo 14:15-31; 20:21, 22).
O fato de que “nós amamos porque Ele nos amou primeiro” (1Jo 4:19) indica causa e efeito, isto é, a razão que nos motiva a responder e agir. Quando respondemos ao amor de Deus, nós o fazemos proclamando e vivendo em palavras e ações as boas-novas de que Jesus é nosso Salvador e Senhor. Ao compartilharmos a verdade contida em Sua Pala- vra, essa verdade alcançará ouvidos receptivos e produzirá muito fruto à medida que o Espírito Santo trabalha. Ao mesmo tempo, devemos estar preparados para o fato de que muitas pessoas vão rejeitar a Palavra, fazendo com que ainda outras percam a esperança.
COMENTÁRIO
O Deus missionário
“A história da missão de Deus em favor da humanidade perdida é a maior história já contada. A história começa no Antigo Testamento imediatamente após a queda de Adão e Eva e continua ao longo do período patriarcal e da história de Israel. Os evangelhos registram o evento central da missão de Deus – o nascimento, ministério, morte expia- tória, ressurreição e ascensão de Cristo. A história bíblica continua no livro de Atos e nas epístolas, com o início da igreja cristã, e termina com o clímax apocalíptico da missão divina no Apocalipse. A missão de Deus é a narrativa central de todo o cânon bíblico, de Gênesis a Apocalipse” (Gorden R. Doss, Introduction to Adventist Mission [Department of World Mission, Andrews University, 2018], p. 1).
A “grande metanarrativa da Bíblia […] mostra Deus trabalhando em um projeto abran- gente para restaurar a Terra e todo o cosmos ao seu estado original e perfeito. As narrati- vas da Bíblia, de Gênesis a Apocalipse, descrevem aspectos do projeto de missão cósmica de Deus. O tema global é que o soberano, gracioso e amoroso Deus triúno iniciou Sua mis- são e a completará perfeitamente” (Gorden R. Doss, Introduction to Adventist Mission, p. 22).
Assim, a história da redenção nos motiva a nos prepararmos e nos envolvermos na missão de Deus, na Sua história. Como um Deus missionário, nosso Pai Se importa com as pessoas e quer abençoá-las por meio de nós; por isso, Ele nos ordenou ir a todos os povos, línguas, tribos e nações.
Devemos nos perguntar: por que Cristo nos manda ir e pregar o evangelho? Por que Deus precisa que você esteja motivado e preparado para se unir a Ele na missão? Algumas dessas razões podem ser encontradas no livro Passaporte Para a Missão (Casa Publicadora Brasileira, 2011), p. 32-41. Abaixo está um resumo desse conteúdo:
Jesus é a fonte exclusiva de vida e salvação, e as pessoas precisam saber sobre Ele
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João 3:36: “Quem crê no Filho tem a vida eterna; quem se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida.”
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Atos 4:12: “E não há salvação em nenhum outro, porque debaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos.”
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1 João 5:12: “Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida.”
Jesus é o divino Filho de Deus
Ele não reivindica apenas ser um bom mestre (como outros líderes religiosos), um grande líder (como Moisés ou Davi) ou algum tipo de semideus ou deus menor (como encontramos em outras religiões). Nenhuma outra das grandes religiões mundiais reivindica que seu fundador é ou foi Deus.
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Jesus reivindica ser plenamente divino, isto é, ter igualdade com Deus (Jo 8:58, 59; 10:30-33).
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Os discípulos de Jesus também proclamaram destemidamente a Sua divindade (Mt 16:14-16). A prova que deram para suas reivindicações foi a ressurreição de Jesus (1Co 15:14-20). Se Deus O ressuscitou, então o que Ele disse é verdade.
Jesus oferece uma salvação sem paralelos – a salvação pela graça por meio da fé
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“Vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2:8, 9, NVI).
Nenhuma outra religião mundial oferece esse tipo de salvação. Outras religiões, de fato, podem ter padrões elevados, defender comportamento ético, promover leis de saúde, exaltar uma filosofia nobre ou produzir boas pessoas. Mas creem que as pessoas podem salvar a si mesmas por meio daquilo que fazem! O fundamento das religiões não cristãs é que a salvação vem pelas obras.
Jesus oferece salvação universal – disponível a todos, mas possível somente para quem a aceita
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“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo o que Nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16).
A oferta de salvação inclui todas as pessoas do mundo. A verdade é que Deus deseja que todas as pessoas ouçam a mensagem – as boas-novas de que Ele oferece salvação gratuita com base unicamente em Jesus. Na Grande Comissão, Jesus deixa claro que devemos tomar parte na comunicação das boas-novas às outras pessoas.
Se alguém lhe perguntasse por que você é adventista do sétimo dia e o que o motiva à missão, o que você responderia? Como a singularidade da mensagem adventista nos motiva a cumprir a missão no mundo?
Embora a maioria das crenças individuais dos adventistas do sétimo dia sejam compartilhadas por outros cristãos, o “pacote” completo dessas crenças é sem igual entre os grupos cristãos. Abaixo estão três convicções que norteiam o que cremos e como somos motivados e preparados para a missão, e como compreendemos nossa missão.
Convicção 1: Jesus virá pela segunda vez – e essa vinda será visível, literal e iminente (em breve)
Antes do movimento adventista, a maioria dos cristãos não acreditava em uma volta literal de Cristo ou não a enfatizava. Muitos eram pós-milenistas, isto é, criam que haveria um milênio de paz e prosperidade na Terra, e somente depois disso Jesus voltaria. Os cristãos ansiavam e se empenhavam por esse milênio, não pela segunda vinda de Cristo. Os adventistas do sétimo dia creem, com base na Bíblia, que a verdadeira esperança do mundo não está em um milênio terrestre, mas na “bendita esperança” da volta de Jesus (Tt 2:13).
Abaixo está um resumo de nossas crenças sobre a segunda vinda:
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Os adventistas do sétimo dia aceitam e proclamam a promessa da segunda vinda (Jo 14:1-3; Ap 22:7, 12, 20).
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Essa vinda será literal (At 1:11).
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A segunda vinda é retratada como visível (Mt 24:30; Ap 1:7).
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Todos os sinais apontam para a proximidade e iminência da segunda vinda de Jesus. O Salvador empregou várias vezes a expressão “sem demora” (Ap 22:7, 12, 20; ver Mt 24:4-28; Lc 21:7-28).
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O povo de Deus verá Jesus (Jo 14:3) e estará com Ele para sempre (1Ts 4:17).
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Os mortos ressuscitarão (1Ts 4:13-16) e os crentes receberão a imortalidade (1Co 15:53).
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Não haverá mais lágrimas, dor e morte (Ap 21:3, 4).
Essa mensagem é essencial para nossa missão hoje, pois muitas pessoas necessitam ouvir as boas-novas da bendita esperança. O maior desafio que enfrentamos, no entanto, é o mundo não cristão. Milhões, ou bilhões, de muçulmanos, hindus, budistas e adeptos de religiões tradicionais nunca ouviram dessa esperança. Devemos contá-la a eles. Jesus deseja que eles ouçam a respeito de Sua volta.
Convicção 2: Deus chama os crentes à obediência por amor e a levar a sério o discipulado
À luz da volta de Jesus, devemos fazer cuidadosa preparação. É importante um discipulado de fidelidade e obediência. Os adventistas sempre creram que Jesus é nosso Salvador e sempre enfatizaram que a verdadeira fé se manifesta em fazer Dele também o Senhor. As pessoas salvas por Jesus devem alegremente fazer Dele o seu Senhor e segui-Lo em sinal de gratidão. Cremos que tanto o evangelho quanto a lei de Deus são essenciais e estão em harmonia assim como os dois remos de um barco. A lei nos conduz a Cristo e serve como nosso padrão de vida. Jesus nos livra da condenação da lei, e o Espírito Santo escreve a lei de Deus em nosso coração. Por isso, os adventistas:
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Sustentam todos os Dez Mandamentos, incluindo o negligenciado quarto mandamento do sábado, crendo que Jesus o estabeleceu na criação (Gn 2:2, 3), o reiterou nos Dez Mandamentos (Êx 20:8-11) e o confirmou durante Seu ministério (Mc 2:27).
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Creem que o sábado é um poderoso símbolo do poder criativo de Deus (Gn 2:2, 3; Êx 20:8-11), de Sua graça salvífica (Êx 20:2; Dt 5:12-15) e do descanso final da redenção no novo céu e na nova Terra (Hb 4:1-11, especialmente o versículo 9).
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Aceitam o senhorio de Cristo em todas as áreas da vida, incluindo casamento, família, vestuário, recreação, regime alimentar, etc. (Ef 5:21–6:4; Fp 4:8, 9; 1Co 6:19, 20; 1Tm 2:8-10).
Em um mundo que rejeita padrões de moralidade e decência, o cristianismo adventista deve promover uma vida santa. Em um mundo em que a pressa e a correria levam a elevados níveis de estresse, os cristãos, sob o senhorio de Cristo, podem encontrar alegria e repouso no sábado. Eles devem demonstrar em sua vida a graça salvífica e o senhorio de Jesus.
Convicção 3: Deus restaura nos crentes a vida integral em Cristo
Os cristãos não vão para o Céu como almas desencarnadas; a segunda vinda de Cristo vai restaurar completamente a vida. Portanto, devemos nos preparar para a segunda vinda como pessoas integrais. Deus deseja nos restaurar como pessoas completas. A salvação envolve cada parte da vida e do ser. Jesus deseja que tenhamos vida plena e integral. Ele diz: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10:10) [ou “a tenham plenamente”, NVI; ou desfrutem de uma “vida completa”, NTLH]. Nossa motivação e preparação para o cumprimento da missão são mais do que nunca necessárias em um mundo enfermo, cheio de vícios e vivendo na ignorância, um mundo que carece desesperadamente da mensagem de Jesus, Aquele que Se importa conosco e que ministra a todos os aspectos da nossa vida. Este mundo, que está perecendo, necessita da esperança de uma vida nova e plena, que se torna possível pelo poder e graça de Deus.
APLICAÇÃO PARA A VIDA
Enquanto aguardamos a segunda vinda de Cristo, o fazemos estudando a Palavra de Deus e cantando Seus louvores em comunhão com o corpo de Cristo (a igreja) à medida que somos capacitados para o serviço dedicado à humanidade. Não deve haver ociosidade, nem tempo a perder, pois cada momento deve ser usado para a preparação e o envolvimento na missão de Deus. Seguimos em frente crendo em Suas promessas. “E não nos cansemos de fazer o bem, porque no tempo certo faremos a colheita, se não desanimarmos” (Gl 6:9).
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Como seria nossa vida se colocássemos em prática as ideias do parágrafo anterior? Podemos nos motivar e nos preparar ao ouvir a Palavra de Deus? Explique. O envolvimento no serviço de Deus nos prepara para a missão? Discuta.
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Você realmente crê que Jesus é o Filho único de Deus, que nos oferece a bênção inigualável da salvação, que é um presente gratuito? Por quê? Essa mensagem o motiva e faz diferença em sua vida? Em caso afirmativo, de que maneira? Como essa mensagem influenciou a missão dos primeiros cristãos? Como ela influencia e como deve influenciar sua missão?
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Como igreja, sempre apresentamos nossa mensagem singular no que diz respeito a Jesus de uma forma que nos motiva para a missão? Explique. O que mais podemos fazer para nos preparar e aprimorar nessa área?
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Estrangulado pela mão invisível
Guiné | Theophane
Algo assustador aconteceu enquanto Theophane se preparava para ir à escola na região ocidental da África, no país de Guiné, em um sábado de manhã. Alguém agarrou sua garganta.
Mas Theophane não conseguia ver quem o havia agarrado. Tudo o que ele sabia era que estava sendo estrangulado e não conseguia respirar. Apavorado, ele saiu de casa e correu para a escola. Após algum tempo, ele conseguiu respirar normalmente outra vez.
Mas aquilo era apenas o começo. Quando Theophane menos esperava, ele sentia a mão invisível fechando sua garganta e cortando seu suprimento de ar. Com falta de ar, ele fugia e tentava encontrar um Iuga ronde pudesse respirar.
O pai de Theophane o levou ao hospital, mas o médico não encontrou nada de errado.
"Você está normal", disse ele.
O pai de Theophane o levou para outro hospital. Mas, outra vez, o médico não conseguiu encontrar nada de errado.
"Está tudo bem com você", disse ele.
Mas Theophane sabia que algo estava errado. Não estava tudo bem. Ele não conseguia respirar!
O pai o levou a um hospital psiquiátrico, e o médico prescreveu uns comprimidos. Theophane se sentiu melhor após tomar os remédios, mas eles não pararam os ataques. Após um tempo, os remédios não ajudavam de maneira nenhuma. Ele não sabia o que fazer.
Foi nessa má fase que uma voz falou com ele.
"Vá à igreja",disse avoz.
Theophane não entendia. Ele havia ido à igreja todos os domingos desde que era um menininho.Um a no antes, ele havia parado de i r e não via motivo para voltar. Ele ignorou a voz.
Mas os ataques continuaram ocorrendo, e a voz era insistente.
Vá à igreja",dizia.
Theophane começou a pensar se Deus estava Se comunicando com ele. Assim, ele começou a ler a Bíblia e descobriu que dormia melhor à noite após lê-la. Ele decidiu voltar a ir à igreja com sua família aos domingos.
Foi então que o tio de Theophane veio visitá-lo.
Theophane contou ao seu tio sobre os ataques que o deixavam lutando para respirar. Ele falou sobre a voz inflexível dizendo-lhe para ir à igreja.
O tio de Theophane era adventista do sétimo dia e trabalhou como pioneiro de Missão Global na Guiné. Um pioneiro de Missão Global é um missionário que compartilhaJesus com grupos de pessoas não alcançadas em seu próprio país. O tio de Theophane geralmente trabalhava com pessoas que não eram cristãs, mas agora ele viu que seu próprio sobrinho precisava de ajuda.
"Você deveria vir à Igreja Adventista para orar", disse o tio. "Essa seria a melhor solução para você."
No sábado seguinte, Theophane foi para a igreja com seu tio e passou o dia inteiro lá. Ele voltou para casa após o pôr do sol, cheio de paz interior que ele jamais havia experimentado antes. Naquela noite, ele dormiu mais tranquilamente do que havia dormido em muitos meses.
Após isso, Theophane ia à Igreja Adventista todos os sábados e também aos cultos de oração aos domingos e quintas-feiras. Em todas as reuniões, as pessoas oravam por ele. Elas pediam que Jesus interviesse e parasse os ataques demoníacos.
Com o passar do tempo, os ataques foram diminuindo até que pararam. Theophane percebeu que a igreja era importante. Ele havia estado além da ajuda dos médicos. Só Jesus era capaz de salvá-lo. Ele entregou seu coração a Jesus e entrou para a Igreja Adventista do Sétimo Dia.
Obrigado por sua oferta do décimo terceiro sábado de três anos atrás que ajudou uma escola adventista a se expandir com novas salas de aula em Conacri, Guiné. Ouça o resto da história de Theophane na próxima semana.
Por Andrew McChesney
Dicas para a história
O tio de Theophane trabalhou como pioneiro de Missão Global, compartilhando o amor de Jesus com os não-cristãos na Guiné. Mas seu papel mudou quando seu sobrinho, um cristão, precisou de ajuda. A lição desta semana da Escola Sabatina dos adultos pergunta aos leitores como eles veem seu papel na missão e como suas percepções podem mudar se seus papéis forem descritos simplesmente como "embaixador" (ver segunda-feira, 30 de outubro). Pergunte à classe da Escola Sabatina se o título de embaixador combina com os papéis do tio na história missionária. Ore com a classe da Escola Sabatina, pedindo a Deus para ajudá-los a compreendê-Lo melhor e seu papel em Sua missão.
Theophane se pronuncia:THEO-fan.
Baixe as fotos no Facebook: bit.ly/fb-mq.
Baixe publicações e fatos rápidos sobre a Divisão Africana Centro-Ocidental: bit.ly/wad-2023.
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Comentário da Lição da Escola Sabatina – 4º Trimestre de 2023
Tema geral: Missão de Deus, minha missão
Lição 6 – 4 a 11 de novembro
Motivação e preparo para a missão
Autor: Marcelo Ferreira Cardoso
Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
Revisora: Rosemara Santos
Objetivo geral: Analisar quais são as reais motivações que levam uma pessoa a pregar o evangelho, considerando se essas motivações são ou não justas.
Objetivos específicos:
- Perceber a importância de uma conversão pessoal genuína antes de pregar a salvação para os outros.
- Destacar a relevância de um conhecimento pessoal profundo sobre os conceitos bíblico-proféticos nos quais a nossa fé está fundamentada.
- Apresentar a necessidade de se preparar de forma integral para o cumprimento da missão.
Introdução
Muitas vezes, podemos fazer algo certo, porém motivados por desejos egoístas e perniciosos. Infelizmente a natureza humana é complexa e manchada pelo pecado. Neste mundo imerso no mal, o ser humano está cada vez mais doente mentalmente. Desde a queda, suas ações não são nada confiáveis (Jr 17:9). Essa situação encontra-se na igreja em muitos casos, pois há pessoas que estão supostamente trabalhando para Deus e fazendo a Sua obra, mas egoisticamente procuram vanglória, reconhecimento pessoal e posições. Na Meditação Matinal E Recebereis Poder (1999), no texto para o dia 19 de julho, Ellen G. White fala sobre essa questão: “Nosso objetivo em trabalhar para o Mestre deve ser a glorificação do Seu nome na conversão de pecadores. Os que trabalham para obter aplausos não são aprovados por Deus.”
O exemplo que Jesus nos deixou é bem diferente em relação à busca por glória e aceitação: “Nenhum egoísmo tinha parte em Sua vida. A homenagem prestada pelo mundo à posição, à riqueza ou ao talento era coisa estranha ao Filho do Homem” (A Ciência do Bom Viver [CPB, 2021], p. 15). A lição desta semana nos alerta para esse perigo. Contudo, são apresentados exemplos encontrados na igreja primitiva e que foram elementos motivacionais essenciais para o verdadeiro cumprimento da missão.
Parte 1 – Preparados para compartilhar
A primeira experiência que podemos extrair sobre a missão e seu cumprimento por parte dos cristãos está no fato de que cada pessoa é diferente quanto à forma de assimilação do chamado e seu cumprimento. Os líderes necessitam compreender que há irmãos e irmãs que têm mais facilidade de compreensão, muitas vezes se entregam mais facilmente e sem resistência ao desafio, enquanto outros precisam pensar melhor ou se sentem desconfortáveis em aceitar de imediato ao chamado, sem que antes tenham tempo para pensar. Entre os discípulos também era assim. Cada um tinha características próprias, e Jesus sempre respeitou essas diferenças.
Outro ponto a ser analisado é que todo ser humano precisa ser motivado e estar entusiasmado para executar alguma tarefa. A maneira pela qual elas são motivadas varia de pessoa para pessoa. É claro que a maior de todas as motivações sempre será Jesus. O que Ele fez por nós e Seu sacrifício abnegado deve estar em primeiro lugar na lista das coisas que nos move. O desafio de compartilhar as boas-novas deve vir depois de uma conversão genuína. Isso é perceptível na atitude de pessoas que se entregam a Jesus de forma genuína e começam a experimentar o que chamamos de primeiro amor. Você lembra quando isso ocorreu em sua vida? Independentemente de ter nascido em lar adventista ou não, aquele desejo de pregar o evangelho para o mundo usando toda sua força e influência surgiu quando se sentiu tocado e convertido verdadeiramente por Jesus? Lembre-se da famosa declaração de Ellen White: “Todo verdadeiro discípulo nasce no reino de Deus como missionário” (O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 146).
O cristão também deve estar preparado em relação ao conhecimento da Palavra. A sua base deve ser a Bíblia e o Espírito de Profecia. Esses são os fundamentos deixados por Deus para nosso preparo espiritual. A nossa fé deve ter sólida convicção no “Assim diz o Senhor”. Pois só assim estaremos seguros ao expor o evangelho e passaremos segurança às pessoas a quem transmitirmos a mensagem. Além disso, estaremos também preparados contra qualquer vento de doutrina e contra os enganos dos homens que tentam enganar (Ef 4:14).
A igreja primitiva foi preparada durante quarenta dias por Jesus para a obra que viria após Sua ressurreição. Embora a princípio não houvesse uma ideia clara do que estava por ocorrer, acreditavam nas palavras Daquele que nunca falha (Atos dos Apóstolos [CPB, 2021] p. 19). Foram alimentados pelas explicações do Mestre acerca das profecias cumpridas. Isso fortaleceu sua fé e deu a eles a compreensão dos mistérios do plano da salvação.
Parte 2 – Batizado pelo Espírito
A lição de quarta-feira segue apontando a importância do preparo, destacando principalmente o lado espiritual e a necessidade de nossa busca pelo poder que vem do Consolador. Enquanto retornavam felizes do Monte das Oliveiras, onde haviam presenciado a ascensão de Jesus aos Céus, os discípulos ainda tinham um misto de conforto e incerteza, sentindo uma necessidade contínua pela busca de resposta a respeito de como cumprir o ide apresentado por Aquele que havia subido nas nuvens. Entendendo que deviam aguardar em Jerusalém a promessa do Espírito Santo, e que deviam ficar em constante oração, a igreja humilhava o coração em contrito arrependimento, sendo esses dias de preparo um profundo exame da alma (Atos Apóstolos [CPB, 2021], p. 24).
Os discípulos experimentaram a promessa que chegou na forma do dom de línguas, como de fogo, e todos ficaram cheios do Espírito Santo, começando a falar em outras línguas (At 2:3, 4). Havia uma razão principal para que isso ocorresse. Em Jerusalém, encontravam-se judeus de todas as nações que estavam debaixo do céu, e esses homens já não dominavam a língua materna, e só falavam o idioma da nova terra onde viviam. Isso nos mostra que os dons do Espírito Santo sempre têm um propósito, o de capacitar Seus servos para determinado trabalho no avanço da pregação do evangelho.
Nunca um dom do Espírito é para engrandecimento humano ou por si só deva ser o motivo principal na conversão de pessoas. “Homens e mulheres devem ser convertidos, não pelo dom de línguas nem pela operação de milagres, mas pela pregação do Cristo crucificado” (Review and Herald, 5 de janeiro de 1905). Somos instrumentos nas mãos de Deus e, como tais, o Senhor nos prepara para um melhor desempenho em Seu plano, habilitando-nos com dons espirituais para exaltar o Seu nome, não para espetáculo pessoal.
Como ocorreu na igreja primitiva, hoje na igreja não pode ser diferente, pois antes do trabalho sempre deve vir o preparo, e cada crente que nasce para o reino de Deus, nasce para uma vida de testemunho e discipulado. Temos a incumbência de mobilizar a igreja, intercedendo pelo envolvimento de cada membro, a fim de que o evangelho chegue a cada tribo, língua e povo. Com base no ide e no sacerdócio de todos os crentes, temos um grande desafio, mas também muitas promessas de proteção, de bênção, de colheita, e a maior delas, a promessa do derramamento do Espírito Santo.
Conclusão
Em um colégio de internato, os alunos descobriram um modo um tanto quanto inusitado de brincar com os mais desavisados. Na quadra de esportes, havia um poste de ferro que, por estar com alguma ponta de fio energizada e desencapada, transmitia um leve choque, o suficiente para causar o desconforto de uma corrente elétrica de baixa amperagem àquele que o tocasse.
Alguns alunos sabendo disso, faziam uma corrente humana. O primeiro aluno segurava no poste e na sequência outros iam se dando as mãos até que o último da brincadeira alcançasse um aluno que estivesse distraído e não estivesse esperando aquela descarga elétrica. Todos se divertiam com a reação do colega que ficava assustado, ainda que não se machucasse.
Essa história me faz lembrar da ação do Espírito Santo em nossa vida e na vida de tantas pessoas que conhecem o evangelho e a salvação em Jesus. A vida cristã deve ser uma corrente que transmite o “choque” das boas-novas. Devemos nos alimentar da fonte, que é Jesus, e pelo poder do Espírito Santo devemos “eletrizar” a vida de outras pessoas. Muitas vezes, não temos condições de ir a lugares distantes, mas quando trabalhamos em equipe e unidos na igreja, essa mensagem chega até os confins do planeta.
Conheça o autor dos comentários deste trimestre: Marcelo Ferreira Cardoso é casado com Elda Cardoso, cirurgiã-dentista, e pai de dois maravilhosos filhos, Rafael e Helena Cardoso. Graduou-se em Teologia no UNASP-EC (2000), é mestre (2018) e doutorando em Ciências das Religiões pela FUV – Faculdade Unida de Vitória. No início do seu ministério, trabalhou como capelão no Colégio Adventista de Taguatinga-DF (2001), foi pastor distrital em Araguatins-TO (2002-2003) e Formosa-GO (2004). Atuou também como evangelista na Associação Paulista Sul (2005-2008) e União Sul-Brasileira (2009-2016). Atualmente é professor de Teologia e coordenador da área aplicada do SALT com sede na Faculdade Adventista do Paraná.