Lição 9
25 de novembro a 02 de dezembro
Nenhuma condenação
Sábado à tarde
Ano Bíblico: 1Co 14–16
Verso para memorizar: “Agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito” (Rm 8:1).
Leituras da semana: Rm 8:1-17

Romanos 8 é a resposta de Paulo a Romanos 7. No capítulo 7, Paulo falou de frustração, fracasso e condenação. No capítulo 8 a condenação desaparece. Ela é substituída pela liberdade e vitória por meio de Jesus Cristo.

Em Romanos 7, Paulo afirmou que, se nos recusarmos a aceitar Jesus Cristo, teremos uma experiência miserável. Seremos escravos do pecado, incapazes de realizar o que escolhemos fazer. Em Romanos 8, ele disse que Cristo Jesus nos oferece libertação do pecado e a liberdade de fazer o bem que desejamos; porém, nossa carne não permite.

Paulo continuou explicando que essa liberdade foi comprada a um custo infinito. Cristo, o Filho de Deus, tornou-Se humano. Somente assim Ele pôde Se identificar conosco, ser nosso exemplo perfeito e Se tornar o Substituto que morreu em nosso lugar. Ele veio “em semelhança de carne pecaminosa” (Rm 8:3). Como resultado, as justas exigências da lei podem ser cumpridas em nós (Rm 8:4). Em outras palavras, Cristo tornou possível aos que creem a vitória sobre o pecado, bem como o cumprimento dos requisitos positivos da lei, não como meio de salvação, mas como resultado dela. A obediência à lei não foi nem jamais pode ser meio de salvação. Essa foi a mensagem de Paulo e de Lutero, e ela deve ser a nossa também.


Hoje é dia de decisões e de batismo em todo o Brasil. Celebre essa festa espiritual em sua igreja.

Domingo, 26 de novembro
Ano Bíblico: 2Co 1–4
Em Jesus Cristo

1. Em Romanos 8:1, o  que significa “nenhuma condenação”? Por que isso é uma boa notícia? Assinale “V” para verdadeiro ou “F” para falso:

A.( ) Cristo nos livra da penalidade do pecado.

B.( ) Não somos condenados por causa das nossas boas obras.

Em Cristo Jesus” é uma expressão comum nos escritos paulinos. Estar “em” Cristo Jesus significa aceitá-lo como Salvador. Confiamos nEle completamente e decidimos fazer do estilo de vida dEle o nosso estilo de vida. O resultado é uma íntima união pessoal com Jesus.

A expressão “em Cristo Jesus” é contrastada com as palavras “na carne”. Ela também é contrastada com a experiência detalhada no capítulo 7, em que Paulo descreveu a pessoa condenada (antes de sua entrega a Cristo) como alguém carnal, significando que ela é uma escrava do pecado. Essa pessoa está sob a condenação da morte (Rm 7:11, 13, 24). Ela serve à “lei do pecado” (Rm 7:23, 25). Está em um terrível estado de miséria (Rm 7:24).

Mas essa pessoa se rende a Jesus e uma mudança imediata ocorre em seu status diante de Deus. Anteriormente condenada como transgressora da lei, ela agora se encontra perfeita diante do Senhor como se nunca tivesse pecado, pois a justiça de Jesus Cristo a cobre completamente. Não há mais condenação, não porque a pessoa seja irrepreensível, sem pecado ou digna de vida eterna (ela não é), mas porque o registro da vida perfeita de Jesus toma o lugar do registro da pessoa; portanto, não há condenação.

Mas a boa notícia não termina aí.

2. De acordo com Romanos 8:2, o que liberta alguém da escravidão do pecado? Assinale a alternativa correta

A.( ) A lei do Espírito da Vida, em Cristo Jesus.

B.( ) O cumprimento da lei cerimonial.

Nesse verso, a “lei do Espírito da vida” significa o plano de Cristo para salvar a humanidade, em contraste com a “lei do pecado e da morte”, que foi descrita no capítulo 7 como a lei pela qual o pecado governou, sendo o fim desta a morte. Em vez disso, a lei de Cristo traz vida e liberdade.

“Toda pessoa que se recusa a entregar-se a Deus, acha-se sob o domínio de outro poder. Não pertence a si mesma. Pode falar de liberdade, mas está na mais vil servidão […]. Enquanto se lisonjeia de seguir os ditames de seu próprio discernimento, obedece à vontade do príncipe das trevas. Cristo veio quebrar as algemas que prendem a pessoa na escravidão do pecado” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 466). Você é um escravo ou está livre em Cristo?


Segunda-feira, 27 de novembro
Ano Bíblico: 2Co 5–7
O que a lei não pode fazer

Por melhor que seja, a “lei” não pode fazer por nós aquilo de que mais necessitamos: providenciar o meio de salvação para nos livrar da condenação e da morte que o pecado trouxe (isso se aplica à lei cerimonial, moral ou até mesmo ambas). Para ser libertados, precisamos de Jesus.

3. Leia Romanos 8:3, 4 e complete as lacunas. O que Cristo fez que a lei, por sua própria natureza, não pode fazer?

“Porquanto o que fora _________ à lei, no que estava enferma pela _________, isso fez Deus enviando o Seu próprio _________ em semelhança de carne _____________ e no tocante ao pecado; e, com efeito, ____________ Deus, na carne, o pecado, a fim de que o ____________ da lei se cumprisse em nós, que não _________ segundo a carne, mas segundo o Espírito”.

Deus providenciou um remédio, “enviando o Seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa”, e “condenou, na carne, o pecado”. A encarnação de Cristo
foi um passo importante no plano da salvação. É apropriado exaltar a cruz, mas, na realização do plano de salvação, a vida de Cristo “em semelhança de carne pecaminosa” também foi extremamente importante.

Como resultado do que Deus fez ao enviar Cristo, podemos cumprir os justos requisitos da lei; isto é, fazer as coisas justas que a lei exige. “Debaixo da lei” (Rm 6:14) isso era impossível; “em Cristo”, agora é possível.

No entanto, devemos lembrar de que fazer o que a lei exige não significa guardá-la suficientemente bem para ganhar a salvação. Isso não é uma opção, e nunca foi. Significa simplesmente viver segundo a capacidade que Deus nos dá; ter uma vida de obediência, em que crucificamos “a carne, com as suas paixões e concupiscências” (Gl 5:24), uma vida na qual refletimos o caráter de Cristo.

“Andar”, em Romanos 8:4, é uma expressão idiomática que significa “conduzir-­se”. A palavra carne denota, nesse verso, a pessoa não regenerada, seja antes ou depois da convicção. Andar segundo a carne é ser controlado por desejos egoístas.

Por outro lado, andar segundo o Espírito é cumprir o justo requisito da lei. Apenas mediante o auxílio do Espírito Santo podemos cumprir essa exigência. Somente por meio de Cristo Jesus há liberdade para fazer o que a lei exige. À parte de Cristo, não existe essa liberdade. Aquele que é escravo do pecado acha impossível realizar o bem que ele escolhe fazer (veja Rm 7:15, 18).

Você tem guardado a lei? Deixando de lado a ideia de ganhar a salvação pela lei, a “justiça da lei” é cumprida em sua vida? Se não, por quê? Quais desculpas esfarrapadas você tem dado para justificar seu comportamento?


Terça-feira, 28 de novembro
Ano Bíblico: 2Co 8–10
A carne ou o Espírito

4. “Os que se inclinam para a carne cogitam das coisas da carne; mas os que se inclinam para o Espírito, das coisas do Espírito. Porque o pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito, para a vida e paz” (Rm 8:5, 6). Reflita sobre esse texto. Qual é sua mensagem básica? O que ele lhe revela sobre sua maneira de viver?

Nessa passagem, o termo “inclinam” é usado no sentido de “conforme, de acordo com” (kata, em grego). “Cogitam” significa, nesse verso, “pensar em alguma coisa”. Um grupo de pessoas pensa em realizar os desejos naturais; o outro fixa a mente nas coisas do Espírito, a fim de seguir Suas ordens. Visto que a mente determina as ações, os dois grupos vivem e agem de maneira diferente.

5. De acordo com Romanos 8:7, 8, o que a mente carnal é incapaz de fazer?
Assinale a alternativa correta:

A.( ) Levar-nos à perdição.

B.( ) Agradar a Deus.

Concentrar-se na satisfação dos desejos da carne é, na realidade, estar em estado de inimizade contra Deus. Aquele cujo pensamento é esse, não se preocupa em fazer a vontade do Senhor. Ele pode até estar em rebelião contra Deus, desprezando abertamente Sua lei.

Paulo desejava enfatizar especialmente que, se você está separado de Cristo, é impossível guardar a lei de Deus. Paulo retornou a esse tema repetidas vezes: não importa quanto tentemos, à parte de Cristo, não podemos obedecer à lei.

O propósito especial de Paulo era convencer os judeus de que eles precisavam de algo mais do que sua “Torá” (lei). Por sua conduta, eles mostraram que, embora tivessem a revelação divina, eram culpados dos mesmos pecados dos gentios (Rm 2). A grande lição era que eles precisavam do Messias. Sem Ele, seriam escravos do pecado, incapazes de escapar de seu domínio.

Essa foi a resposta de Paulo aos judeus que não conseguiam entender por que o que Deus lhes havia concedido no Antigo Testamento já não era mais suficiente para a salvação. Paulo admitiu que tudo o que eles estavam fazendo era bom, mas que eles também precisavam aceitar o Messias que tinha vindo.

Pense em suas últimas 24 horas. Suas ações foram guiadas pelo Espírito ou pelas paixões da carne? O que sua resposta lhe revela? Quais mudanças você deve fazer? Como fazê-las?


Quarta-feira, 29 de novembro
Ano Bíblico: 2Co 11–13
Cristo em você

Paulo continuou seu tema contrastando as duas possibilidades que as pessoas têm em sua maneira de viver. Ou elas vivem de acordo com o Espírito, isto é, o Espírito Santo de Deus prometido a nós, ou de acordo com sua natureza pecaminosa e carnal. Uma leva à vida eterna, a outra, à morte eterna. Não há meio-­termo. Ou, como o próprio Jesus disse: “Quem não é por Mim é contra Mim; e quem comigo não ajunta espalha” (Mt 12:30). É difícil ser mais claro do que isso.

6. Leia Romanos 8:9-14. O que é prometido aos que se entregam inteiramente a Cristo?

A vida “na carne” é contrastada com a vida “no Espírito”. O que vive “no Espírito” é dominado pelo Espírito de Deus, o Espírito Santo. Nesse capítulo, Ele é chamado de Espírito de Cristo, talvez no sentido de que Ele é um representante de Cristo, e por meio dEle Cristo habita no cristão (Rm 8:9, 10).

Nesses versículos, Paulo retornou a uma figura que usou em Romanos 6:1-11. Figurativamente, no batismo, “o corpo do pecado”, isto é, o corpo que serviu ao pecado, é destruído. O nosso velho homem é crucificado com Jesus (Rm 6:6). Contudo, não há apenas um sepultamento, mas também uma ressurreição. A pessoa batizada se levanta para andar em novidade de vida. Isso significa matar o velho eu, uma escolha que temos que fazer por nós mesmos diariamente, momento a momento. Deus não destrói a liberdade humana. Mesmo depois que o velho homem do pecado é destruído, ainda é possível pecar. Para os colossenses, Paulo escreveu: “Assim, façam morrer tudo o que pertence à natureza terrena de vocês: imoralidade sexual, impureza, paixão, desejos maus e a ganância, que é idolatria” (Cl 3:5).

Portanto, após a conversão, ainda haverá uma luta contra o pecado. A diferença é que a pessoa em quem o Espírito habita agora tem o poder divino para vencer. Além disso, visto que ela foi libertada da escravidão do pecado de modo miraculoso, torna-se constrangida a jamais voltar a servi-lo.

O Espírito de Deus, que ressuscitou Jesus, habita em nós, se O permitimos. Temos um grande poder à nossa disposição! O que nos impede de usá-lo como deveríamos?

Além de orar, como você e sua classe da Escola Sabatina podem ajudar as pessoas batizadas a continuar firmes no caminho da fé e da esperança?

Quinta-feira, 30 de novembro
Ano Bíblico: Gl 1–3
Espírito de adoção

7. Em Romanos 8:15, como Paulo descreveu o novo relacionamento com Deus? Qual esperança encontramos nessa promessa? Como a tornamos real em nossa vida?

O novo relacionamento é descrito como a libertação do medo. Um escravo vive cativo, temendo seu senhor constantemente. Não ganha nada por seus longos anos de serviço.

Não é assim com aquele que aceita Jesus Cristo. Primeiramente, ele presta um serviço voluntário. Em segundo lugar, ele serve sem medo, pois “o perfeito amor lança fora o medo” (1Jo 4:18). Terceiro, adotado como filho, ele se torna herdeiro de uma herança de valor infinito.

“O espírito de escravidão é gerado quando se procura viver de acordo com a religião legal, pelo esforço para cumprir as reivindicações da lei em nossa própria força. Há esperança para nós somente ao nos colocarmos sob a aliança abraâmica, que é a aliança da graça pela fé em Cristo Jesus” (Comentários de Ellen G. White, Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 6, p. 1198).

8. De acordo com Romanos 8:16, o que nos dá a certeza de que Deus realmente nos aceitou como filhos?

O testemunho interior do Espírito confirma nossa aceitação. Embora não seja seguro prosseguir apenas pelo sentimento, aqueles que seguem a luz da Palavra de acordo com sua melhor compreensão ouvirão uma voz interior certificadora lhes assegurando que foram aceitos como filhos de Deus.

Na verdade, em Romanos 8:17, Paulo nos diz que somos herdeiros; isto é, somos parte da família de Deus e, como herdeiros e filhos, recebemos uma herança maravilhosa do nosso Pai. Não a obtemos; ela nos é dada em virtude da nossa nova condição em Deus, um status concedido a nós por meio de Sua graça, que nos foi disponibilizada por causa da morte de Jesus em nosso favor.

Você está perto do Senhor? Você realmente O conhece ou apenas sabe sobre Ele? Quais mudanças deve fazer em sua vida para ter uma caminhada mais próxima com seu Criador e Redentor? O que o impede? Por quê?


Sexta-feira, 01 de dezembro
Ano Bíblico: Gl 4–6
Estudo adicional

O plano da salvação não oferece aos crentes uma vida imediata livre de sofrimento e provações. Pelo contrário, convida-os a seguir a Cristo no mesmo caminho de abnegação e opróbrio […]. Mas é por essas provas e perseguições que o caráter de Cristo é reproduzido e revelado em Seu povo […]. Ao compartilhar dos sofrimentos de Cristo, somos educados, disciplinados e preparados para compartilhar as glórias futuras” (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 6, p. 625).

“A corrente que desce do trono de Deus é extensa o suficiente para alcançar as maiores profundezas. Cristo é capaz de levantar os mais empedernidos pecadores de sua degradação e colocá-los onde possam ser reconhecidos como filhos de Deus, herdeiros com Cristo da herança imortal” (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, v. 7, p. 229).

“Alguém honrado por todo o Céu veio a este mundo para, revestido da natureza humana, postar-Se à frente da humanidade, testificando aos anjos caídos e aos habitantes dos mundos não caídos que, pelo auxílio divino provido, todos podem andar na vereda da obediência aos mandamentos de Deus […]. Nosso resgate foi pago pelo nosso Salvador. Ninguém precisa ser escravizado por Satanás. Cristo está presente, como nosso Ajudador todo-poderoso” (Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, v 1, p. 309).

Perguntas para discussão

1. Leia novamente as citações de Ellen G. White acima. Qual esperança encontramos nelas? Como tornar reais em nossa vida essas promessas de vitória? Por que, com tantas coisas oferecidas a nós em Cristo, continuamos muito aquém do que realmente poderíamos ser?

2. Como você pode se inclinar para as coisas do Espírito diariamente (Rm 8:5)? O que isso significa? O que o Espírito deseja? Quais coisas tornam isso difícil de alcançar em sua vida?

3. Estamos de um lado ou do outro no grande conflito. Não há meio-termo. Quais são as implicações desse fato difícil? A percepção dessa importante verdade pode afetar nossa maneira de viver e as escolhas que fazemos, mesmo nas “pequenas” coisas?

Respostas e atividades da semana: 1. V; F. 2. A. 3. Impossível – carne – filho – pecaminosa – condenou – preceito – andamos. 4. Peça aos alunos que formem duplas e sintetizem a ideia principal de Romanos 8:5, 6. 5. B. 6. Peça aos alunos que fechem os olhos e tentem imaginar a herança que nos aguarda no Céu. Pergunte qual será a melhor coisa no Céu para eles? 7. Escolha um aluno para responder à questão. Peça a ele que compartilhe com a classe sua resposta. 8. O testemunho interior do Espírito Santo. Discuta com a classe maneiras de estreitar nosso relacionamento com o Espírito Santo.



Resumo da Lição 9
Nenhuma condenação

TEXTO-CHAVE: Romanos 8:1

O ALUNO DEVERÁ

Saber: Que o justo vive pela fé, e o que significa ser habitado pelo Espírito.

Sentir: Esperança na comunhão constante que podemos ter com Jesus por meio do Espírito Santo.

Fazer: Descobrir e experimentar uma forma de viver que construa uma amizade com Deus.

ESBOÇO

I. Saber: O justo vive pela fé

A. Como viver pela fé?

B. O que significa andar segundo o Espírito?

C. O que significa ter o Espírito Santo habitando em nós?

D. De que modo a permanência do Espírito em nós transforma nosso coração?

II. Sentir: Esperança na comunhão com o Espírito Santo

A. Em que momentos você se sente mais sozinho?

B. O que os bons amigos trazem à sua vida?

C. Para você, faz diferença saber que o Deus do Universo anseia ser seu constante companheiro?

III. Fazer: Construir uma amizade com Deus

A. O que você estaria disposto a fazer para desenvolver amizade com Cristo?

B. De que forma você pode refletir sobre quem é Jesus?

C. Em quais momentos importantes da vida você notou a companhia do Espírito Santo?

D. Refletir sobre quem Cristo é fez diferença para você?

RESUMO: Quando compreendemos que ser habitados pelo Espírito Santo significa ter uma dedicada amizade com Cristo, encontramos esperança e transformação em Sua companhia.

Ciclo do aprendizado

Motivação

Focalizando as Escrituras: Romanos 8:1

Conceito-chave para o crescimento espiritual: Demorar-se nas coisas de Cristo, tanto em pensamentos quanto no estilo de vida, constrói uma amizade com Deus por meio da obra do Espírito Santo.

Para o professor: Ajude sua classe a compreender que foi o sacrifício de Cristo que removeu a condenação. Não há nada que possamos fazer para merecer a salvação ou nos libertar da condenação. Agora que fomos libertos da condenação e estamos livres para escolher a vida segundo o Espírito, em lugar da vida segundo a carne, podemos voltar nossa mente para Cristo e construir uma amizade com Ele por meio do nosso relacionamento com o Espírito Santo. Ter em mente a ideia da amizade ajudará a explicar melhor o que é ter o Espírito Santo habitando no coração.

Discussão inicial: Você já observou a maneira pela qual nossos diferentes amigos nos influenciam? Dependendo das pessoas com quem estamos passando tempo, nossas atividades, personalidade, vocabulário, o modo de tratar os outros e o nosso humor parecem mudar.

Enquanto Cory crescia, ele teve diferentes amigos com os quais gostava de estar. Um deles era líder de gangue, literalmente. Ele estava tentando formar uma gangue na pequena cidade em que viviam. O pai de Cory o alertava acerca de andar com esse amigo, dizendo que não acabaria bem. Cory não deu ouvidos ao pai e, aos 12 anos, foi preso por furtar o mercado local – tudo porque estava tentando impressionar esse “amigo”.

Outros amigos de Cory gostavam de sair às escondidas, no meio da noite. Quando esses garotos passavam a noite na casa de Cory, eles fugiam pelo celeiro e caminhavam quase cinco quilômetros para uma cidade cuja população era de 2.500 pessoas, onde nada estava acontecendo.

Cory também tinha um amigo, Kelly, que não via sentido em sair sorrateiramente e praticar furtos. Na verdade, Kelly convidava Cory para o grupo jovem da igreja. Quando Cory estava com Kelly, os pensamentos dele estavam em um lugar melhor, suas ações eram mais positivas e o seu caráter estava sendo formado em uma direção mais reta.

Perguntas para discussão

1. Por que somos influenciados pelos amigos com os quais passamos tempo? Quais necessidades são supridas pela amizade?

2. De que forma você imagina uma amizade com Deus, e como isso afetaria sua vida?

Compreensão

Para o professor: Há muita informação em Romanos 8 para cobrir em uma semana da Lição da Escola Sabatina. Por isso, focalizaremos os primeiros 11 versos. Será mais útil destacar os três pontos desta lição e não permitir que a classe se distraia com outros temas que podem ser encontrados nesse capítulo: questões de cristologia, propiciação e assim por diante. Mantenha a mente dos alunos concentrada no conceito da amizade com Deus.

Comentário bíblico

Introdução: (Faça uma breve revisão e resumo de Romanos 1:16, 17; 5–8.) No capítulo 8 de Romanos, Paulo continuou o desenvolvimento do tema do evangelho, que revela a justiça de Deus, “uma justiça que do principio ao fim é pela fé, como está escrito: ‘O justo viverá pela fé’” (Rm 1:17, NVI). No capítulo 5, ele desenvolveu o assunto do domínio do pecado sobre o mundo. Então, no capítulo 6, explicou a morte para o pecado e a novidade de vida de que necessitamos, representadas pelo batismo. No capítulo 7, apresentou a natureza do pecado que habita em nós (Rm 7:22, 23). No capítulo 8, Paulo faz a transição para o que significa viver pela fé, que é viver em Cristo tendo o Espírito Santo habitando no coração, em vez de ser habitado pelo pecado (Rm 8:1-11).

Pense nisto: Quais são as principais implicações da justificação pela fé que fortalecerão nossa caminhada com Deus por meio da subsequente vida no Espírito?

I. O justo viverá pela fé

(Recapitule com a classe Rm 8:1-11.)

A frase no início desse capítulo e o Texto-Chave iniciam com a palavra agora. Essa palavra é uma recurso de transição, similar à expressão “portanto”. Paulo reuniu evidências para mostrar a devastação provocada pelo pecado e levou o argumento a um clímax, especialmente com a exclamação de Romanos 7:24: “Quem me livrará do corpo desta morte?” A resposta, claro, é Jesus Cristo, o Libertador. Portanto, porque Jesus nos libertou do “corpo da morte”, não há mais condenação para aqueles que estão em Cristo Jesus. Até esse ponto da carta, Paulo discorreu sobre a aparência da condenação e a condição miserável em que toda a humanidade está presa.

Ele agora faz a transição para a vida de fé, pois os justos não apenas recebem justificação pela fé, mas também vivem pela fé segundo o Espírito.

Assim como a justificação foi dada como um dom ao crente, a vida justa também é dada a ele por meio da fé. Jesus veio “semelhança de carne pecaminosa” e foi oferecido como oferta pelo pecado, cumprindo a justiça da lei. Por essa razão, Paulo relembrou aos seus leitores que o crente pode viver em liberdade por meio do Espírito (Rm 8:2-4).

Pense nisto: 1. O que a morte de Jesus tem a ver com nossa capacidade de ter uma vida justa? 2. Como Jesus cumpriu a lei? 3. De que modo o fato de que Jesus cumpriu a lei deu aos crentes liberdade para viver?

II. Viver segundo o Espírito

(Recapitule com a classe Rm 7:22, 23; 8:9-11.)

Andar segundo o “Espírito” e não de acordo com a “carne” é uma expressão grega que significa conduzir a vida de certa maneira. Do mesmo modo que o pecador submetia sua vontade e estilo de vida ao pecado de maneira tão completa (Rm 7:22, 23), ele pode submeter sua vontade e estilo de vida ao Espírito de modo integral, de tal forma que ele seja habitado pelo Espírito (Rm 8:9-11).

O que significa ser habitado pelo Espírito? Significa que a mente está fixada nas coisas do Espírito em lugar das coisas da carne. Enquanto nos demoramos nas coisas do Espírito e vivemos segundo o Espírito, somos habitados pelo Espírito. Isso não significa que o Espírito fique preso em nosso ser, assim como o corpo do pecado não está entrelaçado em nosso ser de modo irremediável. Ser habitado pelo Espírito significa que passamos a ser amigos do Espírito, não mais hostis a Deus, como a mente concentrada na carne já foi (Rm 8:7).

Pense nisto: 1. Quais tipos de “morte” poderiam ser trazidos à vida de alguém que se concentra na carne? Dê exemplos de morte espiritual, emocional e social. 2. Como é a vida segundo o Espírito? Você já viu alguém viver segundo o Espírito de modo concreto? Como foi essa experiência?

III. Habitar no coração significa ter amizade

(Recapitule com a classe Jo 17:20-23.)

Pense na ideia de habitar no coração como uma profunda amizade. Quando vivemos em comunidade com amigos, o que eles dizem e quem eles são nos contagia. Passamos a pensar, falar e agir como eles. E temos a mesma influência sobre eles. Se chegássemos ao ponto de nos submetermos completamente à vontade de nosso amigo, e mudássemos totalmente nosso modo de pensar e nossa vontade para o que ele deseja e espera, poderíamos dizer que somos “habitados” por esse amigo. Jesus orou em João 17:20-23 para que os discípulos fossem um como Ele e o Pai são um. Os discípulos não conseguiam se unir uns aos outros, assim como nós não podemos. No entanto, eles deviam ser um com os outros e com Jesus, assim como Jesus é um com o Pai. Essa unidade é compartilhar da mente, da vontade e do propósito.

Pense nisto: 1. Você já foi tão íntimo de alguém que passou a pensar de maneira idêntica a essa pessoa? 2. Qual foi a última vez em que você se lembrou de trechos da Palavra de Deus quando você precisou dela?

Aplicação

Para o professor: Continue ajudando sua classe a pensar sobre a amizade com Deus. Enfatize que a comunicação é uma parte importante da amizade e ajude-os a perceber que meditar nas coisas do Espírito é ouvir o que Ele tem a nos dizer por meio das Escrituras.

Perguntas para reflexão

1. Como você constrói uma amizade forte com alguém?

2. De que forma você pode construir uma amizade com Deus? Como você medita sobre as coisas e palavras do Espírito?

Criatividade e atividades práticas

Para o professor: Ajude sua classe a pensar em maneiras pelas quais os alunos poderiam direcionar a mente de modo mais criativo para a amizade com o Espírito.

Atividades

1. Memorize uma passagem das Escrituras que se relacione diretamente com um dos desafios de sua vida.

2. Crie uma representação artística de amizade com Deus por meio de música, desenho/pintura, colagem, escultura, etc.

Planejando atividades: O que sua classe pode fazer na próxima semana como resposta ao estudo da lição?


Vale a pena fazer o bem?

Toma é um empresário da Geórgia. Ele economizou 15 mil dólares e queria comprar um carro novo. No entanto, ele sentiu um desejo irresistível de doar essa quantia aos parentes que enfrentavam dificuldades financeiras. Por mais que tentasse, Toma não conseguia parar de pensar no assunto. Essa questão o mantinha acordado à noite e, durante o dia, Toma tinha dificuldade para se concentrar no trabalho. Era como se alguém estivesse lhe dizendo para ajudar os parentes.

Finalmente, Toma desistiu. Por meio de um amigo empresário, ele encontrou empregos temporários na Holanda para seus parentes. Pagou os passaportes e as passagens de avião para eles. Então, dividiu o restante do dinheiro com os parentes e lhes desejou boa viagem.

Os familiares ficaram impressionados. “Como podemos agradecer?”, perguntaram.

“Não é exatamente um presente”, respondeu Toma. “Trabalhem e devolvam o dinheiro. Então, poderei comprar meu carro.”

Maus pagadores

Depois de algum tempo, os parentes dele começaram a ganhar muito dinheiro na Holanda. Toma pediu que pagassem a dívida, mas eles se recusaram e pararam de atender aos seus telefonemas.

Toma ficou furioso. Ele foi até a Holanda e disse a seu amigo empresário que havia contratado seus parentes que descontasse o valor do salário deles até saldar a dívida. Em seguida, voltou para a Geórgia com os 15 mil dólares em dinheiro. Mas algo arruinou seus planos de comprar um carro: um ladrão roubou metade do dinheiro.

Então um dia Toma precisou fazer uma viagem de negócios a Kiev, capital da Ucrânia. Ele viu dezenas de crianças participando de brincadeiras em um parque da cidade e se aproximou para ver o que estava acontecendo. Um homem lhe informou que a igreja adventista do sétimo dia localizada do outro lado da rua havia organizado um festival especial para as crianças do bairro. Aquele homem se apresentou como pastor Roman.

Toma, ainda pensando em seus parentes, compartilhou com o pastor a história de como sua boa ação havia sido retribuída com o mal. “O que você acha?”, ele disse. “Depois de tudo isso, vale a pena fazer o bem?”

Naquele momento, vários versículos da Bíblia vieram à mente do pastor.

O pastor Roman disse para Toma: “Acho que você omitiu alguns detalhes importantes de sua história. Antes de ajudá-los, seus parentes culpavam a Deus pela pobreza deles, não é verdade?”

“Como você sabe?”, exclamou Toma. “Foi exatamente assim!”

“Eu sei”, disse o pastor Roman, “porque está escrito em Romanos 3:4: ‘De maneira nenhuma! Seja Deus verdadeiro, e todo homem mentiroso. Como está escrito: ‘De modo que são justas as tuas palavras e prevaleces quando julgas’ (NVI). Seus familiares culparam a Deus, mas Ele lhes deu uma chance de ter dinheiro e começar uma nova vida.”

O pastor continuou: “A segunda coisa que você não me disse é que seus parentes desperdiçaram todo o seu dinheiro depois que voltaram para a Geórgia e, novamente, estão culpando a Deus.”

“Foi exatamente o que aconteceu!”, Toma disse. “Mas como você sabe?”

“Sei porque está escrito em Provérbios 13:11: ‘O dinheiro ganho com desonestidade diminuirá, mas quem o ajunta aos poucos terá cada vez mais’” (NVI).

Profecia surpreendente

“Há uma última coisa que você não me disse”, falou o pastor Roman. “Quando você retornou à Geórgia, amargamente decepcionado após sua viagem para a Holanda, o seu negócio começou a crescer.”

“Como você sabe?”, disse Toma. “Tive tanto sucesso no trabalho que fiquei surpreso.”

“Eu sei porque está escrito em Provérbios 19:17: ‘Quem se compadece dos pobres ao Senhor empresta, e este lhe paga o seu benefício’” (NVI).

Toma ficou impressionado com o que o pastor falava. Mas não conseguia entender o quadro completo. Ele pediu ao pastor que explicasse melhor.

O pastor Roman explicou: “Seus parentes eram pobres e culpavam a Deus pelos seus problemas. Deus decidiu lhes dar uma oportunidade para que não tivessem razão para culpá-Lo no Dia do Juízo. O Senhor procurou alguém para doar dinheiro para eles. Isso aconteceu quando o Espírito Santo o convenceu a ajudar seus familiares. Você sentiu um desejo tão irresistível de ajudá-los que não conseguiu ignorar. Mas seus parentes foram desonestos e não aproveitaram a oportunidade. Assim, no Dia do Juízo, eles não poderão se justificar dizendo que Deus não lhes deu uma chance. Você aparecerá diante de Deus no Dia do Juízo Final e poderá perguntar: ‘Por que Tu fizeste o bem aos meus parentes e não a mim?’ Deus responderá: ‘O que Eu devo a você? Embora seus parentes não fossem confiáveis, Eu devolvi seu empréstimo. Você conseguiu de volta o dinheiro emprestado.’”

Com essas palavras, Toma clamou: “Deus não só me devolveu o dinheiro que doei aos meus parentes, mas devolveu três vezes mais!”

O pastor Roman perguntou calmamente: “Então, vale a pena fazer o bem?”

“Sim”, Toma disse. “Não há outra forma de entender esse assunto.”

Obrigado por se lembrar, em suas orações, dos pastores adventistas e de sua missão evangelística.

Roman Prodanyuk é presidente da Associação de Kiev.

Resumo missionário

• A Ucrânia, que pertencia à antiga União Soviética, atualmente é o maior país inteiramente dentro da Europa. Sua população é de aproximadamente 42,5 milhões de habitantes.

• Durante séculos, as terras férteis da Ucrânia lhe renderam o título de “celeiro global”. É um dos maiores exportadores de grãos do mundo. O país também possui um grande setor industrial.

• Os moradores de algumas partes da Ucrânia sofrem com a grande poluição no ar e na água, e milhares morreram de envenenamento por radiação e câncer após a explosão de um reator nuclear na usina de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986.


Comentário da Lição da Escola Sabatina – 4º trimestre de 2017
Tema geral: Salvação somente pela fé: o livro de Romanos
Lição 9: 25 de novembro a 2 de dezembro
Nenhuma condenação

 

Autor: Pr. Clacir Virmes Junior, professor de Teologia na FABA – Cachoeira, Bahia

Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br

Revisora: Josiéli Nóbrega

 

Introdução

Chegamos a um dos capítulos mais bonitos e esperançosos de toda a Bíblia. Romanos 8 é o texto que traz a segurança da salvação e indica onde repousa a certeza de que fomos salvos deste mundo mau. Fala de vitória sobre o pecado, não como uma conquista humana, com base em méritos descartáveis, mas como o supremo triunfo do Deus que ama e que escolheu morrer por Suas criaturas. A presença do Espírito Santo na vida cristã é o que torna a alegria da salvação constante para aquele que crê.

Em Jesus Cristo

“Em Cristo” e expressões equivalentes são constantes nos escritos de Paulo. Alguns estudiosos chegam a resumir nessa pequena expressão todo o pensamento paulino. O apóstolo iniciou o capítulo declarando que quem está em Cristo já não precisa ter medo do juízo, porque, uma vez que entregou a vida ao Salvador, não há mais nenhuma condenação contra ele. Isso ecoa as palavras do próprio Jesus: “Quem crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus” (Jo 3:18).

Em seguida, Paulo disse que a “lei do Espírito da vida [...] te livrou da lei do pecado e da morte”. O que isso significa? Ao longo de todos os capítulos prévios, o apóstolo se esforçou para colocar a lei em sua devida relação com o cristão. Ao chegar nesse ponto de sua argumentação, ele fez o mesmo paralelo com outras palavras. A lei do pecado e da morte da qual somos libertos é, em outras palavras, nossa relação condenatória com ela. A santa lei não mais leva o cristão à morte porque ele não a usa como meio de salvação. Agora a lei é como se fosse a lei do Espírito, gravada em seu coração como modo de vida, não como causa da salvação, mas como resultado dela.

O que a lei não pode fazer

Em Romanos 8:3, Paulo voltou a enfatizar sua tese de que a lei não foi dada como meio de salvação. É importante notar que no verso 4 o apóstolo voltou a se referir à lei, mas de maneira positiva. A lei não pode salvar, mas pode ser vivida pelos que andam segundo o Espírito. A função condenatória da lei cessa ao sermos perdoados; sua função como estilo de vida em Cristo permanece. Na verdade, por causa da graça, cumprir o preceito da lei se torna efetivamente possível, porque não precisamos tentar viver a vontade de Deus sozinhos; o Espírito Santo é o agente que produz essa mudança e nos capacita a obedecer.

É importante destacar a expressão “em semelhança de carne pecaminosa”. Paulo enfatizou que Cristo, em Sua encarnação, era “semelhante” a nós, mas não exatamente igual. A declaração do apóstolo aqui é esclarecida pelo que encontramos em 2 Coríntios 5:21: “Aquele que não conheceu pecado, Ele o fez pecado por nós; para que, Nele, fôssemos feitos justiça de Deus.” Como costuma dizer o Dr. Amin Rodor, Cristo foi afetado pelo pecado, mas não infectado por ele.

A cristologia não é o ponto central de Paulo aqui, embora ele toque no assunto. A função dessa expressão é destacar o fato de que Jesus veio a este mundo e realmente morreu por nós. Ao contrário do que os docetistas ensinavam alguns séculos depois do início do cristianismo, Cristo não apenas “pareceu” ter morrido. Ele assumiu a forma humana; sofreu, chorou, sangrou e, por fim, morreu, para que pudéssemos viver. É o sacrifício de Jesus que concede ao cristão a capacidade de ser uma nova criatura e de viver como tal.

A carne ou o Espírito

Em Romanos 8:5 a 8, Paulo explicou a diferença entre os guiados pelo Espírito Santo e os guiados pelos desejos pecaminosos. O apóstolo explicou que podemos direcionar nossa vida em dois rumos opostos: na direção do Espírito ou da carne. É importante notar que esse direcionamento começa com o pensamento. Se direcionamos nossa vida de acordo com o Espírito, vamos pensar nas coisas do Espírito, nos assuntos que interessam ao Espírito. Por outro lado, se inclinamos a vida para a carne, nossa mente se deterá naquilo que satisfaz nossa tendência para o mal.

Como podemos estar no Espírito? Essa questão tem implicações práticas na vida cristã. Em primeiro lugar, o fruto máximo da atividade do Espírito Santo são as Sagradas Escrituras. Se queremos que nossos pensamentos cogitem sobre as coisas do Espírito, esse é o primeiro lugar para começar. Ao alimentar a mente com as verdades e os pensamentos do Espírito, logo cogitaremos sobre as coisas do Espírito. Em segundo lugar, a oração nos conecta ao Espírito. Quando falamos com Deus em oração, o Santo Espírito intercede por nós, ao mesmo tempo em que muda nossa mente. Acima de tudo, a oração é o reconhecimento de nossa finitude, da nossa dependência de Alguém maior e melhor do que nós mesmos. Uma vida que se consagra pelo estudo da Bíblia e pela oração cogitará sobre as coisas do Espírito e seguirá na direção Dele.

Cristo em você

Muitas vezes, como adventistas, temos a tendência de deslocar o peso de nossa identidade escatológica focalizando os mandamentos de Deus, especialmente o sábado. A partir desse impulso, é fácil cair nos mesmos problemas que Paulo estava combatendo ao escrever a carta aos Romanos. Em Romanos 8:9 a 14, o apóstolo enfatizou claramente que o Senhor sabe quem são os que Lhe pertencem por causa da presença de Seu Espírito. Note o verso 9: “Se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é Dele”. E o verso 14 retoma o tema dizendo: “Os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus.”

Se tomamos apenas o sábado como nosso sinal de identificação, corremos o sério risco de guardar o dia correto, de acordo com toda a teologia bíblica, e nos esquecermos do papel santificador do Espírito Santo em nossa vida. Se o sábado não for uma expressão externa da atuação interna do Espírito acabamos tornando o selo escatológico de Deus a nossa ruína. Poderemos guardar por anos o dia certo, mas chegar ao dia do acerto de contas sem ter permitido que o Espírito Santo realizasse a mudança que Ele gostaria de fazer em nós? Se isso ocorrer, seremos excelentes guardadores do sábado enfrentando o lago de fogo preparado para o inimigo de Deus!

Contudo, se o Espírito nos modificar; se Ele, como diz Paulo no verso 13, mortificar-nos, limpar-nos dos pecados por meio do nosso relacionamento com Ele; se permitirmos que o Espírito Santo vivifique a nossa vida, o sábado será a expressão máxima desse viver no Espírito. É possível guardar o sábado sem o Espírito, mas é impossível ter o Espírito e não observá-lo. Se o Santo Espírito estiver realizando o que está descrito em Romanos, o sábado será uma alegria para nós. Será a celebração de tudo que Cristo fez e faz por Seus filhos. Precisamos estar certos de que, se nossa identidade escatológica não estiver em Deus primeiro, de tal maneira que se expresse em nossa fidelidade, podemos tentar usar o selo de Deus como meio de salvação. Qual é sua relação com o sábado? Ele é um dia de alegria por causa de seu relacionamento com Deus, ou um fardo que você se obriga a levar porque pensa que sua observância garante a salvação?

Espírito de adoção

Romanos 8:15 a 17 apresenta metaforicamente uma realidade muito comum nos dias de Paulo: a adoção. No mundo greco-romano, escravos e filhos pertenciam à família, mas tinham status completamente diferentes. Ambos eram sustentados pelo patriarca e viviam no mesmo lugar. Mas o escravo, ao morrer o patriarca, não era liberto automaticamente por isso nem recebia nenhuma herança. Os filhos eram herdeiros; na verdade, muitas vezes, herdavam, além das posses, os próprios escravos da família.

Para ser filho, só havia duas maneiras: nascer na família ou ser adotado legalmente. Alguém que fosse adotado em uma família recebia todas as prerrogativas e direitos de um filho legítimo. Se fosse um escravo, ele deixaria de sê-lo para participar de todas as benesses que a condição filial poderia conferir. Embora o apóstolo use a imagem senhor/servo em outros lugares, aqui sua ênfase está no conceito de adoção. Quando aceitamos a Cristo, não somos mais escravos, mas somos realmente filhos. Não éramos naturalmente assim. Na verdade, éramos inimigos de Deus. Mas por causa da graça de Jesus, passamos a ser parte da família. Deus não é apenas uma divindade; Ele é o Pai. Podemos ter com o Senhor uma relação filial, não distante, mas próxima.

Pelo fato de que somos filhos, tornamo-nos herdeiros. Paulo mostra que não somos herdeiros por nós mesmos; somos co-herdeiros com Cristo. Jesus é o Filho, aquele que tem a mais íntima relação com o Pai. Mas porque cremos no Seu nome e recebemos Sua graça, podemos desfrutar com Ele de todas as bênçãos prometidas por Deus. O livro do Apocalipse ecoa este conceito ao registrar a seguinte promessa: “Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no Meu trono, assim como também Eu venci e Me sentei com Meu Pai no Seu trono” (Ap 3:21). A vitória é de Cristo, mas, se estivermos Nele, ela será nossa também.

Conclusão

Os últimos versos de Romanos 8 são um dos trechos mais amados de toda a Bíblia. Ali podemos encontrar a segurança da salvação expressa nos termos mais poéticos. Paulo perguntou a si mesmo o que, no mundo, poderia separar do amor de Deus um cristão guiado pelo Espírito. Uma vida inteira, por mais longa que seja, não nos pode separar Dele; até mesmo a morte, por mais dura que seja, não nos pode afastar desse amor. Os seres angelicais, tanto os do bem quanto os do mal, não podem se interpor entre nós e o Senhor. As circunstâncias atuais, o desconhecido futuro e os poderes temporais não podem produzir nenhum dano a essa relação. A distância, a altura e a profundidade não são dimensões que possam deter o alcance da bondade divina. Enfim, nada pode nos separar do amor de Deus cuja manifestação máxima é a maravilhosa Pessoa de Cristo!