Lição 5
27 de julho a 02 de agosto
O clamor dos profetas
Sábado à tarde
Ano Bíblico: Is 15-19
Verso para memorizar: “Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o Senhor pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus” (Mq 6:8).
Leituras da semana: 1Sm 8:10-18; Am 5:10-15; Mq 6:8; Gn 19:1-13; Ez 16:49; Is 1:15-23

Os profetas do Antigo Testamento estão entre os personagens mais interessantes da Bíblia. Sua voz estridente, suas mensagens ousadas, seu sentimento de pesar, ira e indignação, bem como as encenações ocasionais de suas mensagens fizeram com que fosse impossível ignorá-los, mesmo que nem sempre fosse confortável estar perto deles.

Enviados primeiramente a Israel e a Judá, esses profetas conduziram o povo escolhido de volta ao seu chamado em Deus. O povo e seus líderes foram facilmente atraídos pelos ídolos e estilo de vida das nações vizinhas. A tarefa ingrata dos profetas era insistir que eles se arrependessem, às vezes lembrando-os do amor de Deus por eles e de Suas obras em seu favor, e às vezes advertindo-os das consequências, caso eles continuassem a se afastar de Deus.

Como veremos também, entre os pecados e males contra os quais os profetas advertiram os líderes e o povo, um dos maiores problemas era a opressão aos pobres, necessitados e indefesos. Evidentemente, a adoração de ídolos e a adoção de práticas religiosas falsas eram coisas terríveis. No entanto, levar vantagem sobre os fracos e pobres também era algo digno de condenação.



Domingo, 28 de julho
Ano Bíblico: Is 20-23
O recorrente chamado à justiça

Apesar do plano de Deus para a nação israelita, o povo raramente viveu de acordo com seu chamado. Não muitas gerações após se estabelecerem na terra, eles pediram a Samuel um rei para liderar a nação, “como o” tinham “todas as nações” (1Sm 8:5).

1. Leia 1 Samuel 8:10-18. Qual foi a advertência de Samuel ao povo, em resposta ao seu pedido por um rei?

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Samuel reconheceu esse pedido como um passo rumo à semelhança com as outras nações em outros aspectos também. E não demorou muito para que sua profecia começasse a se tornar realidade. Mesmo no auge do reino de Israel, Davi e Salomão não escaparam das tentações, da corrupção e dos excessos que resultaram de seu poder.

Ao longo dos reinos de Israel e Judá, Deus enviou profetas para falar de Sua vontade e lembrar aos líderes e ao povo suas responsabilidades para com os membros negligenciados da sociedade.

Nos escritos dos profetas hebreus, vemos um chamado contínuo à prática da justiça na sociedade. Confrontando a infidelidade de Israel e de seus líderes, os profetas eram uma voz regular e urgente em favor dos que não tinham voz, especialmente os afligidos pelo fato de Israel não obedecer à vontade de Deus.

Refletindo sobre a paixão dos profetas do Antigo Testamento, Abraham Joshua Heschel contrastou nossa complacência com os urgentes clamores por justiça desses homens: “As coisas que horrorizavam os profetas são, mesmo hoje, ocorrências diárias em todo o mundo. [...] A impaciência incansável dos profetas diante da injustiça pode parecer histeria para nós. Testemunhamos continuamente atos de injustiça, manifestações de hipocrisia, falsidade, ultraje e miséria, mas raramente ficamos indignados ou excessivamente agitados. Para os profetas, mesmo a menor injustiça assumia proporções cósmicas” (The Prophets [Nova York: Jewish Publication Society of America, 1962], p. 3, 4).

Esses profetas nos apresentam uma percepção do coração e da mente de Deus. Falando em nome do Senhor, eles nos ajudam a ver a injustiça e o sofrimento do mundo através dos lacrimosos olhos de Deus. Mas essa paixão é também um chamado à ação, a trabalhar com Ele para aliviar e remediar a opressão e a aflição daqueles que nos rodeiam.

Temos buscado ser como “todas as nações” em aspectos prejudiciais a nós e aos outros?


Segunda-feira, 29 de julho
Ano Bíblico: Is 24-26
Amós

Eu não sou profeta, nem discípulo de profeta, mas boieiro e colhedor de sicômoros. Mas o Senhor me tirou de após o gado e o Senhor me disse: Vai e profetiza ao Meu povo de Israel” (Am 7:14, 15).

Amós foi bastante franco em admitir sua falta de qualificação para ser um profeta; porém, ao apresentar sua mensagem à nação israelita, ele mostrou uma evidente habilidade de atrair seus ouvintes.

Amós começou seu discurso com uma observação popular, listando as nações vizinhas (Síria, Filístia, Fenícia, Edom, Amom e Moabe), e detalhando os crimes, ultrajes e atrocidades pelos quais Deus os castigaria (veja Am 1:3–2:3). É fácil imaginar os israelitas aplaudindo essas acusações aos seus inimigos, especialmente porque os próprios israelitas tinham sido alvo de muitos crimes dessas nações.

Em seguida, Amós se voltou para sua pátria ao declarar o juízo de Deus contra o povo de Judá, vizinhos ao sul de Israel depois da separação dos dois reinos. Falando em nome de Deus, Amós citou a rejeição deles a Deus, a desobediência aos Seus mandamentos e os castigos que lhes sobreviriam (veja Am 2:4, 5). Mais uma vez, imaginamos o povo do reino do Norte aplaudindo.

Mas, então, Amós se voltou para seu público. O restante do livro se concentra no mal, na idolatria, na injustiça e nos repetidos fracassos do povo de Israel aos olhos de Deus.

2. Leia Amós 3:9-11; 4:1, 2; 5:10-15; 8:4-6. Contra quais pecados ele advertiu? Assinale “V” para verdadeiro ou “F” para falso:

A. (  ) Orgias e bebedices.

B. (  ) Violência, opressão aos pobres e suborno.

Embora Amós não tenha sido diplomático em sua linguagem e suas advertências sejam de condenação, sua mensagem foi temperada com súplicas para que o povo voltasse ao seu Deus. Isso incluía uma renovação do senso de justiça do povo e o cuidado para com os pobres entre eles: “Antes, corra o juízo como as águas; e a justiça, como ribeiro perene!” (Am 5:24). Os últimos versículos da profecia de Amós indicam uma futura restauração do povo de Deus (veja Am 9:11-15): “Em sua hora de mais profunda apostasia e maior necessidade, a mensagem de Deus a eles foi de perdão e esperança” (Ellen G. White, Profetas e Reis, p. 283).

Há momentos em que precisamos estar preparados para falar severamente a fim de corrigir o erro. Como podemos discernir quando essa linguagem é apropriada?


Terça-feira, 30 de julho
Ano Bíblico: Is 27-29
Miqueias

3. “Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o Senhor pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus” (Mq 6:8). Como você pode viver essas palavras?

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O texto de Miqueias 6:8 talvez seja um dos mais conhecidos das Escrituras. No entanto, como muitos versos que transformamos em slogans ou “cartazes”, provavelmente estejamos menos familiarizados com o contexto do verso do que admitimos.

4. Leia Miqueias 2:8-11 e 3:8-12. Quais ações do povo o profeta condenou? Assinale a alternativa correta:

A. (  ) Corrupção, desonestidade, suborno e idolatria.

B. (  ) O desrespeito deles por seus antepassados.

No reinado de Acaz, em Judá, o povo de Deus atingiu um nível ainda mais baixo na espiritualidade de sua nação. A idolatria e suas várias práticas perversas estavam aumentando. Ao mesmo tempo, como outros profetas da época também observaram, os pobres continuavam a ser explorados e saqueados.

Miqueias era um profeta da condenação tanto quanto seus contemporâneos. A maior parte dos três primeiros capítulos de seu livro expressa a ira e a tristeza de Deus pelo mal que Seu povo havia feito, bem como a destruição que lhe sobreviria.

Porém, Deus não havia desistido dele. Até mesmo as vozes estridentes e mensagens duras dos profetas indicavam o contínuo interesse de Deus por Seu povo. Ele lhes deu advertências por causa de Seu amor e cuidado para com eles. O Senhor desejava muito perdoá-los e restaurá-los. Sua ira não duraria para sempre (veja Mq 7:18-20).

Esse é o contexto da conhecida “fórmula”: “pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente”. Pode parecer simples, mas viver essa fé de maneira prática é muito mais desafiador, especialmente quando vivê-la parece estar tão fora de sintonia com a sociedade à nossa volta. Quando os outros lucram com a injustiça, zombam da misericórdia e andam orgulhosamente, a prática da justiça, o amor pela misericórdia e a humildade no comportamento demandam coragem e perseverança. No entanto, não fazemos isso sozinhos. Quando agimos assim, estamos andando com Deus.

Qual é a relação entre praticar a justiça, amar a misericórdia e andar humildemente diante de Deus?


Quarta-feira, 31 de julho
Ano Bíblico: Is 30-33
Ezequiel

Se perguntássemos a um grupo de cristãos sobre os “pecados de Sodoma”, é provável que muitos começassem a descrever os vários pecados sexuais e outras formas de depravação dessa cidade. Afinal, Gênesis 19:1-13 retrata uma sociedade doente e pervertida, pronta para ser destruída.

Curiosamente, porém, a resposta é mais complexa do que essa. Considere a descrição de Ezequiel: “Eis que esta foi a iniquidade de Sodoma, tua irmã: soberba, fartura de pão e próspera tranquilidade teve ela e suas filhas; mas nunca amparou o pobre e o necessitado” (Ez 16:49). Embora claramente o Senhor não tenha ignorado as outras formas de depravação encontradas na cidade, o foco de Ezequiel foi a injustiça econômica e a falta de cuidado para com os necessitados.

Será que, aos olhos de Deus, esses pecados econômicos eram tão graves quanto as perversões sexuais?

Tendo sido apresentadas após os dias de Amós, Miqueias e Isaías, as primeiras profecias de Ezequiel emitem uma nota de advertência similar a respeito da destruição futura. No entanto, após a queda de Jerusalém diante dos babilônios, quando o povo foi levado cativo, a ênfase de Ezequiel mudou mais completamente para as divinas promessas de restauração.

5. Leia Ezequiel 34:2-4, 7-16. Compare a avaliação que Deus fez dos líderes corruptos de Israel com Seu próprio pastoreio. O tratamento deles para com a “ovelha mais fraca” era diferente dos métodos divinos?

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Embora tenham sido muito maus, a ponto de ser comparados com Sodoma, o Senhor ainda estava Se achegando a eles na esperança de afastá-­los de sua iniquidade. No renovado plano de Deus para Seu povo, eles voltariam à sua terra, Jerusalém seria restaurada e o templo seria reconstruído. As festas que Deus estabeleceu seriam novamente celebradas, e a terra seria novamente dividida de maneira igualitária entre o povo como herança (veja Ez 47:13–48:29). A intenção de Deus era que Seu plano para o povo, dado primeiramente a Moisés e à nação de Israel após seu resgate do Egito, fosse reiniciado com o retorno de Seu povo do cativeiro. Isso incluía o interesse pelos membros mais fracos da sociedade e pelos estrangeiros.

Deus oferece novas oportunidades até para quem anda no erro após ter tido a chance de fazer escolhas melhores. Por que essa verdade é importante para você?


Quinta-feira, 01 de agosto
Ano Bíblico: Is 34-37
Isaías

6. Leia Isaías 1:15-23; 3:13-15; 5:7, 8. Qual foi a resposta do profeta ao observar a sociedade ao seu redor?

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sermão inicial de Isaías, nos primeiros cinco capítulos, é uma mistura de 1) críticas severas ao tipo de sociedade que o povo de Deus havia formado, 2) advertências do juízo iminente em resposta à sua rejeição a Deus e contínuas transgressões, e 3) ofertas de esperança caso o povo se voltasse para Deus e reformasse sua vida e sua sociedade. Mas talvez a emoção mais forte expressa nas palavras do profeta seja um sentimento de pesar. Fundamentado em sua compreensão de quem era Deus e do que Ele desejava para Seu povo, o profeta estava lamentando o que havia se perdido, as inúmeras pessoas negligenciadas que estavam sendo feridas e o juízo que estava para vir sobre a nação.

Isaías continuou nesse padrão ao longo de seu ministério profético. Ele exortava o povo a se lembrar do que Deus havia feito por eles e oferecia ao povo a esperança do que Deus desejava fazer por eles no futuro. Portanto, eles deveriam buscar o Senhor naquele momento, pois esse relacionamento renovado com Ele incluía o arrependimento de seus erros e a mudança na maneira de tratar os outros.

Nos capítulos 58 e 59 de Isaías, o profeta voltou a falar especificamente da preocupação com a justiça. Ele novamente descreveu uma sociedade em que “o direito se retirou, e a justiça se pôs de longe; porque a verdade” andava “tropeçando pelas praças, e a retidão não” podia “entrar” (Is 59:14). Mas ele também declarou que Deus estava ciente disso e que Ele resgataria Seu povo – “Virá o Redentor” (Is 59:20).

Ao longo do livro de Isaías, uma parte significativa da atenção do profeta é dada à proclamação da vinda do Messias, aquele que finalmente restabeleceria o reino de Deus na Terra e traria consigo justiça, misericórdia, cura e restauração.

7. Leia Isaías 9:6, 7; 11:1-5; 42:1-7; 53:4-6. Como essas profecias se encaixam no que você compreende da vida, ministério e morte de Jesus? O que essas profecias sugerem sobre o propósito de Sua vinda a este mundo?

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No dia 24 de agosto, será realizado o Projeto “Quebrando o Silêncio”. Leve esperança à sua comunidade.

Sexta-feira, 02 de agosto
Ano Bíblico: Is 38-40
Estudo adicional

Textos de Ellen G. White: Profetas e Reis, p. 279-292 (“O Cativeiro Assírio”), e p. 303-310 (“O Chamado de Isaías”).

“Contra a indisfarçada opressão, a flagrante injustiça, o luxo inusitado e extravagante, despudorados banquetes e bebedeiras, a grosseira licenciosidade e deboche de seu tempo, os profetas ergueram a voz; mas seus protestos foram vãos, inútil foi a denúncia do pecado” (Ellen G. White, Profetas e Reis, p. 282).

Para Isaías, “A perspectiva era particularmente desencorajadora em relação à condição social do povo. Em seu desejo de ganho, estavam os homens adicionando casa a casa, campo a campo. [...] A justiça havia sido pervertida; e nenhuma piedade era mostrada ao pobre. [...] Mesmo os juízes, cujo dever era proteger o desamparado, faziam-se surdos aos clamores do pobre e necessitado, das viúvas e dos órfãos. [...]

“Em face de tais condições, não é surpreendente que Isaías recuasse da responsabilidade, quando chamado a levar a Judá as mensagens de advertência e reprovação da parte de Deus. [...] Ele bem sabia que haveria de encontrar obstinada resistência” (Profetas e Reis, p. 306, 307).

“Esses claros pronunciamentos dos profetas [...] deviam ser recebidos por nós como a voz de Deus a cada pessoa. Não devemos perder a oportunidade de praticar obras de misericórdia, de terna previdência e cortesia cristã em favor do sobrecarregado e oprimido” (Profetas e Reis, p. 327).

Perguntas para discussão

1. A função da profecia é vista como predição do futuro. Porém, o foco dos profetas estava no mundo em que viviam. Isso muda sua percepção da função de um profeta?

2. A vida e a mensagem dos profetas demonstram como pode ser perigoso defender a verdade. Por que eles atuaram dessa maneira?

3. Deus parece alternar a ira e a preocupação para com o povo. Como você une esses dois aspectos do caráter de Deus?

Resumo: Os profetas eram impetuosos, irados e consternados defensores da vontade de Deus. Esse ímpeto envolvia uma ênfase na justiça. As exortações dos profetas para que o povo retornasse a Deus incluíam o fim da injustiça, algo que Ele prometeu fazer em Sua visão de um futuro melhor para o povo.

 


Respostas e atividades da semana:  1. Samuel advertiu o povo de que o rei tomaria o melhor de suas terras, filhos, filhas e animais, para seu sustento e de seus oficiais. 2. F; V. 3. Reconhecendo nossa dependência de Deus e sendo grato por Seu amor. 4. A. 5. Os pastores corruptos de Israel não alimentaram as ovelhas, mas apascentaram a si mesmos. Deus cuidou de Suas ovelhas e as reuniu. 6. Ele condenou as ações dos líderes corruptos; porém, também lhes ofereceu o convite da graça. 7. Com a ajuda da classe, faça uma lista de fatos da vida de Jesus que cumpriram detalhes das profecias de Isaías.

Resumo da Lição 5
O clamor dos profetas

Os profetas do Antigo Testamento muitas vezes se viam como vigias nas muralhas de Sião. Eles zelavam pelo bem-estar do povo de Deus e procuravam adverti-lo do perigo interno e externo. Eram chamados por Deus para clamar por justiça e para declarar os juízos divinos. Esse dever era algo sério para profetas como Ezequiel, que recebeu ordens muito claras: “Filho do homem, Eu te dei por atalaia sobre a casa de Israel; da Minha boca ouvirás a palavra e os avisarás da Minha parte. Quando Eu disser ao perverso: Certamente, morrerás, e tu não o avisares e nada disseres para o advertir do seu mau caminho, para lhe salvar a vida, esse perverso morrerá na sua iniquidade, mas o seu sangue da tua mão o requererei. Mas, se avisares o perverso, e ele não se converter da sua maldade e do seu caminho perverso, ele morrerá na sua iniquidade, mas tu salvaste a tua alma” (Ez 3:17-19).

Nesta lição, nos tornamos conscientes da persistência de Deus em chamar Seu povo à justiça. Ela abre nossos olhos para reformas sociais e espirituais defendidas por vários profetas, como: (1) o pastor-profeta Amós, que chamou seu povo à justiça e à retidão, (2) Miqueias, cuja mensagem para Acaz foi dada durante um período em que o reino alcançou o maior declínio na justiça de todos os tempos, (3) Ezequiel, que falou aos exilados na Babilônia, e (4) Isaías, que chamou o povo de Deus para viver a esperança messiânica para que a nação fosse justa. Onde estão as vozes que clamam por justiça e misericórdia hoje?

Objetivo do professor:

Desafiar a classe a se unir às vozes que ainda clamam por justiça hoje como faziam os profetas do Antigo Testamento.

 

Ilustração

Raramente tem havido a necessidade de defensores da justiça como houve durante a época da escravidão americana e em consequência da Guerra Civil Americana (Guerra de Secessão). O adventismo teve a oportunidade de mostrar se seria capaz de se levantar para enfrentar os desafios dessa época e se levaria a sério o ministério aos seus irmãos e irmãs negros. Delbert Baker, em sua série In Search of Roots: Adventist African Americans [Em busca de raízes: adventistas afro-americanos], compartilha o ponto da virada na história adventista sobre o assunto:

“O ponto da virada decisivo na história da obra da igreja em favor dos negros foi o ano de 1892, quando Ellen White apresentou uma mensagem histórica: 'Nosso dever para com os negros'. Essa mensagem foi apresentada aos delegados da vigésima nona Assembleia da Associação Geral, realizada em Battle Creek, Michigan. Ellen White insistiu em declarar que, depois de anos de negligência, a igreja não poderia continuar ignorando sua responsabilidade para com a raça negra sem aumentar o crescente desagrado de Deus. Totalmente consciente do grau de confrontação existente no conteúdo de sua mensagem, ela admitiu: ‘Eu sei que o que estou dizendo agora me colocará em conflito. Isso eu não desejo, pois o conflito aparentemente tem sido contínuo nos últimos anos; mas não quero viver como covarde nem morrer como tal, deixando meu dever por cumprir. Devo seguir os passos do meu Mestre’.”

Comente com a classe: É interessante que Ellen White identifique a covardia e, consequentemente, a coragem, como uma dinâmica da justiça bíblica. Quais questões de justiça bíblica exigem “coragem” hoje, no contexto da sua comunidade?

Escritura

A Bíblia tem uma orientação em relação aos “outros”. Esse princípio pode ser visto na obra realizada pelos profetas bíblicos. Os profetas eram defensores de causas. Eles não estavam preocupados em defender suas próprias causas. Em vez disso, eles imploravam, advertiam, oravam e protestavam em nome dos outros. Eles falavam em nome daqueles que não tinham voz ou que eram reprimidos quando protestavam de maneira legítima. A defesa de causas visa a aumentar o bem-estar e a qualidade de vida da humanidade.

Às vezes os membros da igreja evitam o envolvimento em protestos e na defesa de causas por medo de ser vistos como muito políticos. Leia Jeremias 22:1-3, 13-17. Jeremias, outro profeta envolvido na defesa de causas, intercedeu em favor dos oprimidos perante os líderes do governo da sua época. A seguir, leia a citação de Jan Paulsen e discuta suas implicações.

“Há uma grande diferença entre procurar ser ouvido no discurso público e procurar exercer poder político. Como igreja e indivíduos, não só temos o direito, mas também a obrigação de ser uma voz moral na sociedade, de falar com clareza e eloquência sobre o que está relacionado aos nossos valores. Direitos humanos, liberdade religiosa, saúde pública, pobreza e injustiça são algumas das áreas nas quais temos a responsabilidade dada por Deus de defender aqueles que não podem falar por si mesmos” (Jan Paulsen, "Serving Our World, Serving Our Lord" [Servindo ao Nosso Mundo, Servindo ao Nosso Senhor], Adventist World, Edição da Divisão Norte-Americana, maio de 2007, p. 9, 10).

Escritura

Convide os membros da classe a se revezarem na leitura destes versos complementares de Amós, Miqueias, Ezequiel e Isaías. Como estas passagens estão relacionadas com a defesa de causas? Ideias para os comentários do professor estão entre parênteses.

1. Amós 5:21-24 (Mesmo que Deus tenha criado as festas e rituais religiosos mencionados nesses versos, Deus ainda está mais interessado em nossa maneira de tratar as pessoas ao nosso redor, as quais Ele criou à Sua imagem. Em contraste, quais são as coisas que Deus ama e das quais Se agrada? (Is 61:8; Jr 9:24).

2. Miqueias 6:1-5 (Nesses versos, o profeta defende a causa do Senhor, como Seu advogado, em uma cena de tribunal diante das colinas e montanhas, que serviram de testemunhas [Mq 6:1, 2]. Quando Deus apresentou Sua lei moral [Êx 20] as colinas e montanhas também estavam presentes. Em Miqueias 6:6, 7, lemos as perguntas retóricas de Miqueias em nome do povo. Encontre uma resposta para essas perguntas em 1 Samuel 15:22. Depois leia Miqueias 6:8, um aspecto que o povo de Deus não entendeu. A cegueira espiritual fez com que a nação oferecesse a Deus tudo, exceto a única coisa que Ele realmente desejava – compromisso de coração que se traduzisse em comportamento justo [Ver Dt 10:12-19; Mt 22:37-39]. Para mais ideias sobre o problema de colocar uma religiosidade superficial à frente do verdadeiro compromisso espiritual, leia O Desejado de Todas as Nações, p. 396).

3. Ezequiel 16:49-52 (O texto mostra que, comparadas a Judá, as cidades de Sodoma e Samaria pareciam mais inocentes. Geralmente estamos mais preocupados com os pecados de comissão – pecados resultantes diretamente de nossas ações. Contudo, Mateus 25:41-46 deixa claro que os pecados de omissão dos simples atos de amor não passam desapercebidos no juízo final: “Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz nisso está pecando” [Tg 4:17]; ver Francis D. Nichol, ed. Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, Washington, D.C.: Review and Herald, 1977, v. 4, p. 631, 632).

4. Isaías 59:2-4, 8, 9, 14-16 (Deus diz que os pecados e iniquidades de Seu povo o separam Dele. O pecado da nação incluía a falta de justiça em sua terra, como a opressão dos pobres. Deus estava admirado de que não houvesse ninguém para interceder e protestar contra esse pecado [Is 59:16]. O pecado é a transgressão da divina lei de amor e justiça [1Jo 3:4]).

Perguntas para discussão: De que maneira específica podemos nos unir aos profetas e, de todo o coração e de maneira integral ajudar nossa igreja a cumprir sua missão, parte da qual inclui a defesa dos pobres (Is 59:16)?

Escritura

Os princípios de Miqueias 6:8 nos levam além das meras formas de adoração (ofertas queimadas, etc.) para três princípios que formam o coração “do que é bom”: (1) praticar a justiça, (2) amar a misericórdia, e (3) andar “humildemente com o seu Deus”. Os dois primeiros princípios tratam da relação horizontal entre seres humanos e o terceiro trata da relação vertical entre o ser humano e Deus (Bíblia de Estudo Andrews, Berrien Springs, MI: Andrews University Press, 2010, p. 1167, 1168). Andar humildemente com nosso Deus melhora nossas relações horizontais com outros seres humanos, pois Ele nos ajuda a refletir Seu caráter justo e misericordioso diante da humanidade.

Ilustração

O pregador britânico William E. Sangster fez a seguinte pergunta: "Pode alguém ser bom e não ser religioso – ou ser religioso e não ser bom?" (Clyde E. Fant Jr. e William M. Pinson Jr., 20 Centuries of Great Preaching [20 Séculos de Grandes Pregações], v. 11, Maier to Sangster, Waco, TX: Word Books, Publisher, 1971, p. 345). Alguns afirmam que são bons e decentes sem ter religião. Por exemplo, eles nos convidam a olhar para todas as ações altruístas e justas que fazem e afirmam que toda essa bondade é realizada sem uma dieta semanal de cultos e sermões. De fato, a religião e a moralidade podem ser separadas?

Sangster, em um de seus sermões intitulado “Good Without God” [Bom sem Deus], com base em Miqueias 6:8, destaca que aqueles que são citados como sendo “bons sem Deus” são, muitas vezes, em certo sentido, produto da fé que escolheram desprezar. O próprio fundamento de seu caráter foi construído sob influência direta do cristianismo. Um dos muitos exemplos é a vida do Sir Samuel Romilly, que rejeitou a fé cristã, mas fez um trabalho admirável de humanização do código penal federal utilizado nas prisões da Inglaterra. De fato, ele foi um bom homem, mas não era religioso. No entanto, seu biógrafo deixou claro que ele era neto de refugiados huguenotes, que preferiram fugir para uma terra estranha, em vez de abandonar sua fé em Deus. Ele cresceu em um lar em que Cristo estava em primeiro lugar, e seu elevado caráter moral que o levou a defender a justiça e a misericórdia remontava àqueles primeiros anos (Ibidem, p. 346-349).

Aplicação para a vida

A voz profética de Ellen White tornou-se cada vez mais clara sobre o assunto da justiça. Leia esta citação para a classe: “Muitos lamentam os erros que sabem existir, mas se consideram isentos de qualquer responsabilidade na questão. Não pode ser assim. Todo indivíduo exerce uma influência na sociedade” (The Advent and Sabbath [O Advento e o Sábado], Review and Herald, 15 de outubro de 1914).

Discuta alguns passos realistas e intencionais que cada membro da classe pode dar ao cumprir o chamado de Deus para que seja proativo e exerça “influência na sociedade”. Ao longo da história da Igreja Adventista do Sétimo Dia, tem havido uma ênfase no papel escatológico (estudo dos eventos do tempo do fim) dos profetas. Ao mesmo tempo, as Escrituras demonstram outra dimensão importante do ministério dos profetas e, por extensão, da igreja: O chamado de Deus para que Seu povo retorne aos Seus princípios éticos e socioeconômicos. Jesus ainda explicou esses princípios em Mateus 5:7-48, que também se encontram resumidos em Mateus 22:35-40 e Lucas 10:27.

Comente com a classe: Como equilibrar o importante papel da proclamação dos eventos futuros, que antecedem o segundo advento de Jesus, com o chamado para que as pessoas retornem ao princípio divino de ajudar os necessitados, com base na lei e nos profetas e exemplificados na vida e no ministério do maior de todos os Profetas, Jesus Cristo? Além disso, como incorporar esses princípios em nossa existência como igreja? Convide os membros da classe a testemunhar como eles pessoalmente vivem e proclamam esse aspecto social do “evangelho eterno”, que é tão importante quanto a proclamação das boas-novas da segunda vinda de Jesus, ainda que, às vezes, o trabalho de ajudar o próximo seja pouco enfatizado.


Inspirado por um funcionário

O diretor executivo de uma construtora nas Ilhas Salomão, chamado Geoff Samuel, mal podia acreditar no que via quando um de seus funcionários perdeu 40 quilos em um ano. Ele olhou a própria barriga e se perguntou: “Será que consigo fazer o mesmo?” Geoff pesava 130 quilos. Por dez anos sofria de hipertensão. Então, percebeu que estava no caminho da destruição.

Geoff estava ciente da mensagem adventista de saúde. Ele havia crescido em um lar adventista e frequentado instituições da igreja. Porém, seu corpo era completamente oposto a seu conhecimento. Como a maioria dos moradores das Ilhas Salomão, incluindo os adventistas, sua refeição mais reforçada era o jantar. Antes das refeições, orava: “Senhor, muito obrigado pela benção deste alimento”, mas nunca pensou em orar: “Senhor, nos dê força para controlar o apetite.”

Certo dia, no inicio de 2018, Geoff se aproximou de Herik, seu desenhista arquitetônico. “Como você conseguiu perder tanto peso?” perguntou. Herik explicou que seguiu um programa de dieta e exercícios inspirado no livro Conselhos Sobre o Regime Alimentar, de Ellen White. “Posso lhe ensinar o que eu fiz. Quando posso começar? Se quiser pode começar hoje”, Herik disse. Sem demorar, eles saíram do escritório da Solomon Housing Limited e começaram com exercícios simples de 45 minutos na praia, sob as árvores e outros lugares. Foi um trabalho árduo, enquanto vários exercícios aumentavam em 20 segundos. “Quando comecei, mal podia completar 20 segundos”, confessou Geoff. “Eu contava e ficava feliz quando conseguia alcançar cinco segundos, e tentava melhorar esse número diariamente”.

Enquanto Geoff progredia, outras pessoas se juntaram a eles. Herik continuou liderando o grupo e Geoff assumiu o papel de coordenador. Hoje, mais de 200 pessoas de várias religiões se reúnem para se exercitar quatro dias por semana no ginásio de propriedade adventista.

Cada treino começa e termina com oração. Uma vez por semana, o tempo é reservado para testemunhos pessoais, e Herik e Geoff enfatizam a importância da dieta, inspirados nas palavras de Ellen White. “Se você se sente bem agora, que tal aplicar mudanças em sua vida espiritual?”, pergunta Herik. “Imagine como você vai sentir se começar a orar todas as manhãs”, Geoff acrescenta.

A frase “Hem waka!” (Funciona!) sempre ressoa por todo auditório quando as pessoas veem o próprio corpo entrando em forma. Herik e Geoff não são especialistas em medicina, mas notaram que o corpo, com a ajuda de Deus, age em direção à cura, quando as pessoas fazem o que Ele deseja.  Geoff ainda tem um caminho a percorrer para atingir o peso ideal. Mas, já perdeu quase 35 quilos em 18 meses e se sente melhor do que nunca. “Consigo correr, subir e pular!”, ele diz com um grande sorriso. “Se eu posso fazer isso, qualquer um pode fazer.”

A obesidade é um grande problema nas Ilhas Salomão e contribui para uma série de doenças, incluindo diabetes. Parte da oferta do trimestre apoiará “Save 10.000 Toes” (Salve 10.000 pés), programa que foi criado no final de 2017, e financia as aulas de ginástica da comunidade de Herik e Geoff. Muito obrigado por suas ofertas missionárias da Escola Sabatina.


Comentário da Lição da Escola Sabatina

3º Trimestre de 2019

Tema Geral: “Meus pequeninos irmãos”: servindo aos necessitados

Lição 5: 27 de julho a 3 de agosto

O clamor dos profetas

Autor: Geraldo L. Beulke Jr.

Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br

Revisora: Josiéli Nóbrega

Em nosso estudo anterior, analisamos o tema do trimestre à luz dos gêneros da poesia e sabedoria hebraicas. Nesta semana, buscaremos uma visão panorâmica sobre a missão do ministério profético em levar o povo de volta à justiça e à misericórdia como elementos essenciais da aliança. O texto de 2 Reis 17:13 indica o papel dos profetas em relação ao povo de Deus: “O Senhor advertiu a Israel e a Judá por intemédio de todos os profetas e de todos os videntes, dizendo: Voltai-vos dos vossos maus caminhos e guardai os Meus mandamentos e os Meus estatutos, segundo toda a Lei que prescrevi a vossos pais e que vos enviei por intermédio dos Meus servos, os profetas.”

É muito útil, como lente interpretativa, enfatizar que Israel era uma sociedade agrária em que a terra pertencia ao Senhor. A cada sete anos, as terras que haviam sido vendidas pelos endividados por um valor equivalente a uma quantidade específica de colheitas, como uma alternativa para para o pagamento das dívidas, ou que eram consideradas como penhor, eram restituídas aos seus donos originais. Porém, havia pessoas que procuravam explorar o chamado “quarteto da vulnerabilidade”: órfãos, viúvas, estrangeiros e pobres, pois o órfão não tinha capacidade para cultivar a terra, a viúva não tinha condições físicas e legais para manter a terra, os estrangeiros não possuíam terra e os pobres não tinham recursos para produzir na própria terra. Então, os profetas eram levantados para, em nome de Deus, denunciar as injustiças e confrontar os opressores.

O resumo de Miqueias

Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o Senhor pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus” (Mq 6:8). Essa frase resume o estilo de vida que Deus deseja para nós. O andar humildemente com o Senhor implica conhecê-Lo num processo de crescente intimidade que nos leva a descobrir e desejar o que Lhe agrada. Quanto à justiça e misericórdia, embora pareçam termos opostos, o termo justiça (mishpat) enfatiza a ação, enquanto misericórdia (chesedh) salienta a atitude ou motivação por trás da ação. Aqui, justiça significa garantir os direitos de cada um, dar às pessoas o que lhes é devido, seja punição, seja proteção e, por isso, mishpat descreve, em vários textos do Antigo Testamento, o cuidado pela causa dos órfãos, viúvas, estrangeiros e pobres. Em resumo, quando conhecemos mais a Deus e buscamos amá-Lo mais, somos movidos por Sua graça e compaixão incondicionais no sentido de defender o direito dos necessitados e vulneráveis.

A denúncia de Amós

O ministério profético não era hereditário, como o sacerdócio e a realeza; havia a necessidade de um chamado. Amós era boiadeiro e colhedor de figos, mas o Senhor o levantou com uma ênfase de denúncia sobre a violência nas relações, opressão para com o necessitado e corrupção: “Porque sei serem muitas as vossas trangressões e graves os vossos pecados; afligis o justo, tomais suborno e rejeitais os necessitados na porta” (Am 5:12). Deus ainda afirma que Sua presença entre eles é mais perceptível pelo estabelecimento da justiça nos tribunais (Am 5:14, 15) do que nas festas religiosas e cultos (Am 5:21-24). Há uma relação entre culto e justiça: onde impera a injustiça nos relacionamentos, o culto se torna algo inaceitável a Deus. Uma leitura dos nove capítulos deixará clara essa relação. Como está essa dinâmica hoje, em sua vida?

A repreensão de Isaías

Os discursos de Isaías tem certas semelhanças com os de Amós. A relação entre culto e justiça é enfatizada também, conforme podemos ler em Isaías 1:10-17. Por intermédio de Isaías, Deus afirma estar enfadado, cansado e até mesmo enojado dos ajuntamentos religiosos que, sem a prática diária da justiça em todas as áreas da vida, não passam de hipocrisia: “Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos Meus olhos; cessai de fazer o mal. Aprendei a fazer o bem; atendei à justiça, repreendei ao opressor; defendei o direito do órfão, pleiteai a causa das viúvas” (Is 1:16, 17). Além do convite gracioso de Isaías 1:18, 19, todo o capítulo 58 detalha como o Senhor deseja que a religião esteja conectada à justiça. Não é à toa que o conteúdo deve ser proclamado “a plenos pulmões” (Is 58:1) e que Ellen White advertiu: “O conteúdo do capítulo cinquenta e oito de Isaías deve ser considerado uma mensagem para este tempo, mensagem a ser dada sempre e sempre [...] Leiam cuidadosamente o capítulo 58 de Isaías e compreendam a espécie de ministério que levará vida às igrejas” (Beneficência Social, p. 29).

Outros profetas

O estabelecimento da justiça, motivado pela misericórdia, foi tema em vários discursos proféticos. Oseias foi severo em suas críticas ao reino do Norte, repreendendo os que “ama[va]m a opressão” (Os 12:7-9); Jeremias, mais de um século depois, acusou os responsáveis por auxiliar os aflitos de terem estado se aproveitando da situação deles (Jr 5:26-28); Ezequiel apontou os pecados contra o “quarteto da vulnerabilidade” (Ez 22:7, 29); mesmo após o exílio, os mesmos pecados de opressão precisaram ser denunciados por Zacarias (Zc 7:8-12), e Malaquias também não fechou os olhos para isso (Ml 3:5).

Convite e promessa

A repreensão dos profetas tinha o objetivo de chamar a atenção do povo para seu afastamento do que Deus pretendia e convidá-los ao arrependimento, para que pudessem ver cumpridas na vida deles e em sua comunidade as promessas de restauração divina: “Buscai ao Senhor e vivei” (Am 5:4-6); “Vinde, pois, e arrozoemos, diz o Senhor; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve [...]” (Is 1:18).

Ao tratar da solidariedade nos Profetas, Elias Brasil resume: “A verdadeira espiritualidade se revela na forma de tratarmos os outros” (O Evangelho em Roupa de Trabalho, p. 23). Por isso, a mensagem dada ao Seu povo milênios atrás, Deus também dirige a nós hoje: “Porventura não é este o jejum que escolhi: que soltes as ligaduras da impiedade, desfaças as ataduras da servidão, deixes livres os oprimidos e despedaces todo jugo? [...] Então, romperá a tua luz como a alva, a tua cura brotará sem detença, a tua justiça irá adiante de ti, e a glória do Senhor será a tua retaguarda [...]”

Conheça o autor do comentário: O pastor Geraldo L. Beulke Júnior é natural de Porto Alegre, RS. Graduou-se em Teologia no ano de 2003 e já serviu à Igreja tanto na obra educacional quanto distrital, nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Bahia e Espírito Santo. Atualmente, pastoreia o Distrito de Mangueiras, em Tatuí, São Paulo. Em 2014, concluiu o mestrado em Interpretação e Ensino da Bíblia, pelo SALT – FADBA, e está cursando o programa de doutorado em Teologia Pastoral pelo SALT – UNASP – EC. É casado com a pedagoga Elisama Gama Beulke, com quem tem três filhos: Lara, de 12 anos, Alícia, de 9, e William, de 1 ano.