Lição 7
05 a 11 de agosto
O corpo unificado de Cristo
Sábado à tarde
Ano Bíblico:
Verso para memorizar: “E Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do Seu serviço, para a edifi cação do corpo de Cristo” (Ef 4:11, 12).
Leituras da semana: Ef 4:1-16; Fp 2:3; Sl 68:18; At 2; 1Co 12:4-11, 27-30; Is 5:4

Uma das fábulas de Esopo é chamada “O Estômago e os Pés”. Diz assim: “O estômago e os pés discutiam sobre qual era mais importante, e, quando os pés disseram que eles eram muito mais fortes, que até carregavam o estômago, este respondeu: ‘Mas, meus bons amigos, se eu não lhes fornecesse alimento, vocês não seriam capazes de carregar nada’” (Lloyd W. Daly, Aesop Without Morals [Nova York: Thomas Yoseloff, 1961], p. 148).

Paulo usou o corpo para demonstrar um ponto de vista espiritual. Para ele, o corpo humano (e a igreja como o corpo de Cristo) é composto de várias partes com habilidades diferentes, e todas devem trabalhar juntas para que o corpo seja saudável. Em Efésios 4:1-16, Paulo reestruturou a metáfora do corpo, usada de forma tão eficaz anteriormente (Rm 12:3-8; 1Co 12:12-31). Cristo é a cabeça do corpo, que o supre de pessoas “talentosas” que ajudam a unificar esse corpo, com cada parte, cada membro da igreja contribuindo com suas habilidades para o todo.

A metáfora paulina de um corpo saudável e unificado nos ajuda a entender o objetivo de Deus para nós: sermos partes de uma igreja frutífera unida em Cristo.

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Domingo, 06 de agosto
Ano Bíblico: RPSP: Sl 92
A unidade do Espírito

A unidade do Espírito

1. Como Paulo encorajou os crentes a nutrir a unidade da igreja? Ef 4:1-16

Paulo iniciou a segunda metade de Efésios (capítulos 4 a 6) com um chamado comovente à unidade, com duas partes principais. Primeiro, ele pediu aos crentes que alimentassem “a unidade do Espírito” (Ef 4:1-6) exibindo virtudes que construíssem a unidade (Ef 4:1-3), um chamado sustentado com uma lista poética de sete “elementos” (Ef 4:4-6). Em segundo lugar, em Efésios 4:7-16, Paulo identificou o vitorioso e exaltado Jesus como a fonte da graça aos que lideram a proclamação do evangelho (Ef 4:7-10) e descreveu como eles, com todos os membros da igreja, contribuem para a saúde, o crescimento e a unidade do corpo de Cristo (Ef 4:11-16).

No início do capítulo, Paulo pediu aos cristãos: “andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados” (Ef 4:1, ARA). Ele usou o verbo andar no sentido figurado de comportar-se ou de viver (Ef 2:2, 10; 4:17; 5:2, 8, 15). Quando se referiu ao chamado deles, quis indicar o chamado à fé cristã (Ef 1:18; 2:4-6, 13). Paulo instou os crentes a ter um comportamento unificador que refletisse o plano final de Deus (Ef 4:9, 10). Ele começou essa ênfase com o chamado para praticar virtudes que levam à unidade (Ef 4:1-3), como humildade, mansidão e longanimidade.

Analisemos cada uma. Paulo explicou em outro lugar o termo humildade, de Efésios 4:2, acrescentando a ideia de considerar “os outros superiores a si mesmo” (Fp 2:3). A humildade é entendida não como uma virtude negativa de autodepreciação (Cl 2:18, 23), mas como uma virtude positiva de apreciar e servir os outros.

A mansidão (Ef 4:2) é “a qualidade de não ser excessivamente impressionado com o senso da importância própria” e também significa “cortesia, consideração, gentileza” (Frederick Danker, ed., Greek-English Lexicon of the New Testament and Other Early Christian Literature, 3a ed. [Chicago: University of Chicago Press, 2000], p. 861).

Finalmente, longanimidade é a qualidade de quem é capaz de suportar provocações e dificuldades. Todas essas qualidades giram em torno do tema de se afastar da importância própria e, em vez disso, se concentrar no valor dos outros.

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Humildade, mansidão, longanimidade. Esses atributos unificariam o povo de Deus?


Segunda-feira, 07 de agosto
Ano Bíblico: RPSP: Sl 93
Unidos no Único Senhor

2. Quais são os sete elementos em apoio à união da igreja? Que ponto de vista Paulo quis apresentar com essa lista? Ef 4:4-6

A lista dos sete elementos tem tom poético e pode ecoar um hino de afirmação usado em Éfeso. Ela começa com dois elementos juntos: “um só corpo” (a igreja como o corpo de Cristo; Ef 4:12, 16; 1:23; 5:23, 29, 30) e “um só Espírito” (Ef 4:4). O terceiro é “uma só a esperança para a qual vocês foram chamados” (Ef 4:4; ver 4:1).

A lista, então, apresenta mais três elementos, “um só Senhor” (Cristo), “uma só fé” (aquilo em que os cristãos acreditam; Ef 4:13; Cl 1:23; 2:7; Gl 1:23; 1Tm 4:1, 6) e “um só batismo” (ver Ef 5:26), antes de concluir com uma descrição estendida de Deus como “um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos” (Ef 4:6).

O que Paulo comunicou por meio dessa descrição poética de Deus, o Pai? Visto que é o “Pai de todos”, Deus é o Criador. O restante da frase descreve como, uma vez que o mundo está criado, o Senhor se relaciona com “todas as coisas”, com tudo o que Ele fez. Paulo não pregou as heresias do panteísmo (que identifica a natureza com Deus) nem do panenteísmo (que argumenta que o mundo está incluído no Ser de Deus, embora não esgote esse Ser). Porém, proclamou a transcendência (“é sobre todos”), o governo atuante (“age por meio de todos”) e a imanência (“está em todos”) de Deus.

Observe duas ideias sobre a unidade da igreja (Ef 4:1-6). Primeira: a unidade é um fato espiritual, enraizado nesses sete elementos, e deve ser celebrada (Ef 4:4-6). Segunda: essa unidade requer zelo para nutri- la e cultivá- la (Ef 4:3). Muitas vezes há motivos para chorar por nossas falhas na busca dessa unidade. No entanto, sejam quais forem as falhas, devemos nos alegrar na obra de Deus de unificar a igreja em Cristo, regozijando- nos na realidade teológica da “unidade do Espírito” (Ef 4:3). Fazer isso nos capacitará a voltar ao trabalho árduo de avançar em direção à conquista desse objetivo, mas com a nova convicção de que, ao fazê-lo, realizamos a obra de Deus.

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Como você se sente ao ler Efésios 4:4-6? Como você deveria se sentir, sabendo o que diz a passagem sobre nossa unidade em Deus e com Deus por meio de Cristo?


Terça-feira, 08 de agosto
Ano Bíblico: RPSP: Sl 94
O Cristo exaltado, doador dos dons

“E a graça foi concedida a cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo. Por isso diz: ‘Quando Ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro e concedeu dons aos homens.’ Ora, o que quer dizer ‘Ele subiu’, senão que também havia descido até as regiões inferiores da Terra? Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para encher todas as coisas” (Ef 4:7-10)

3. O que Paulo descreveu nessa passagem e qual era o seu objetivo?

Paulo citou o Salmo 68:18, que diz: “Subiste às alturas, levaste cativo o cativeiro; recebeste homens por dádivas, até mesmo rebeldes.” Esse texto retrata o Senhor, Yahweh, como um general conquistador que, tendo derrotado Seus inimigos, subiu o monte em que Sua capital está construída, com os cativos de batalha em Sua comitiva (ver Sl 68:1, 2). Ele, então, recebeu homenagens (“dádivas”) de Seus inimigos conquistados (observe que Paulo ajusta essa metáfora ao Cristo exaltado que “concedeu dons” com base no contexto mais amplo do Salmo [ver Sl 68:35]).

Se seguirmos a ordem do Salmo 68:18, a subida – ascensão de Cristo ao Céu (Ef 1:21-23) – ocorre primeiro, seguida pela descida em que o Jesus ressuscitado e exaltado concede dons e enche todas as coisas. Essa foi a maneira pela qual Paulo retratou o derramamento pentecostal do Espírito Santo (ver At 2). Essa visão foi confirmada por Efésios 4:11, 12, que identifica os dons concedidos pelo Jesus exaltado como dons do Espírito.

“Cristo subiu às alturas, levando cativo o cativeiro, e concedeu dons aos homens. Após a ascensão de Cristo, quando o Espírito desceu segundo fora prometido, como um vento veemente e impetuoso, enchendo todo o aposento em que os discípulos estavam reunidos, qual foi o resultado? Milhares se converteram num dia (Ellen G. White, E Recebereis Poder [MM 1999, 29 de maio], p. 158).

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Por mais profundos que sejam esses versos de Efésios, como podemos ter conforto com o que Cristo fez por nós e fará, especialmente quando Ele encher tudo em todas as coisas (Ef 1:23)?


Quarta-feira, 09 de agosto
Ano Bíblico: RPSP: Sl 95
Dons do Jesus exaltado

4. Com base no Salmo 68:18, Paulo descreveu o Jesus ressuscitado, exaltado e conquistador que, do alto, concede dons ao Seu povo. Que “dons” o Jesus exaltado concedeu e para que propósito? Ef 4:11-13

Paulo identificou quatro grupos de pessoas “talentosas” como parte do tesouro que Jesus concedeu à igreja: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres (a estrutura da frase no grego sugere que esses são um único grupo). Cristo concedeu esses dons para a realização de uma obra importante: o “aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do Seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo”, “até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, ao estado de pessoa madura, à medida da estatura da plenitude de Cristo” (Ef 4:12, 13).

Esse último ponto teve especial importância para os primeiros adventistas, que refletiram sobre os dons espirituais de Ellen G. White. A Bíblia valida a atuação do dom de profecia na igreja apenas na época dos apóstolos? Ou esse dom continuará até o retorno de Cristo? Os antigos adventistas encontraram a resposta em Efésios 4:13 e a compartilharam por meio de uma história sobre um capitão de um navio que estava determinado a seguir as instruções dadas para uma viagem. Quando o navio se aproximou do porto, o capitão descobriu que as instruções informavam que um piloto viria a bordo para ajudar a guiar a embarcação. Para permanecer fiel às instruções originais, ele deveria permitir que o piloto embarcasse e obedecer às orientações adicionais oferecidas. “Quem, então, acata o que diz o livro de instruções original? Aqueles que rejeitam o piloto, ou aqueles que o recebem, conforme lhes instrui o livro? Julguem vocês” (Uriah Smith, “Do We Discard the Bible by Endorsing the Visions?”, Review and Herald, 13 de janeiro de 1863, p. 52).

Devemos ter cuidado ao identificar “pastores”, “mestres” e “evangelistas”, pois consideramos essas posições no nosso contexto. Pelo que sabemos, na época de Paulo esses eram líderes leigos que serviriam as igrejas-lares (1Pe 2:9; At 2:46; 12:12).

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“Que mais se podia fazer à Minha vinha, que Eu não lhe tenha feito?” (Is 5:4). Como isso se aplica ao que Deus fez por nós por meio do ministério de Ellen G. White?


Quinta-feira, 10 de agosto
Ano Bíblico:

Crescendo em Cristo

5. Que perigo ameaça a maturidade cristã da igreja? Ef 4:14

Paulo percebia um ambiente parecido com o nosso, em que várias ideias, como “qualquer vento de doutrina” e “esquemas enganadores” (ESV), são lançadas sobre os crentes. Ele usou três conjuntos de metáforas para descrever os perigos da teologia imprevisível: (1) a imaturidade da infância, “para que não mais sejamos como crianças”; (2) o perigo em alto-mar; “arrastados pelas ondas e levados de um lado para outro por qualquer vento de doutrina”; (3) ser enganado por pessoas ardilosas que, como jogadores, praticam truques. Paulo usou a palavra grega kubeia (“jogo de dados”) de forma figurada para indicar “astúcia” ou “truque” (NKJV).

Paulo acreditava que a divisão é uma marca importante do erro: o que nutre e faz o corpo crescer e o ajuda a se manter unido é bom, ao passo que aquilo que o esgota e divide é mau. Ao passar do ensino divisor para o ensino dos mestres provados e confiáveis (Ef 4:11), eles avançariam para a verdadeira maturidade cristã e desempenhariam papéis eficazes no corpo de Cristo (Ef 4:12, 13, 15, 16).

6. De que maneira uma igreja saudável funciona como um corpo saudável? Ef 4:15, 16

Em Efésios 4:1-16, Paulo defendeu a unidade da igreja e chamou os destinatários a promovê-la ativamente. Embora a unidade seja uma certeza teológica (Ef 4:4-6), ela requer trabalho árduo (Ef 4:3). Uma maneira de promovê-la é sendo “parte” ativa do corpo de Cristo (Ef 4:7-16). Fazemos parte desse corpo e devemos contribuir para sua saúde e crescimento (Ef 4:7, 16). Também precisamos nos beneficiar da obra dos apóstolos, profetas, evangelistas e pastores-mestres (Ef 4:11). Estes, como ligamentos, tendões e “todas as juntas” (Ef 4:16), têm função unificadora, ajudando- nos a crescer juntos em Cristo, que é a cabeça do corpo (Ef 4:13, 15).

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Quais são os “ventos de doutrina” que sopram hoje? Como ficar firmes contra eles?


Sexta-feira, 11 de agosto
Ano Bíblico: RPSP: Sl 97
Estudo adicional

Dois pontos nos ajudam a expandir nosso estudo de Efésios 4:7-10:

1. Traduzindo Efésios 4:9. Algumas traduções indicam que a descida ocorreu antes da subida (“antes tinha descido”; ARC, ACF). Outras traduções seguem o texto grego mais de perto, deixando em aberto a questão do momento de subida e descida (“Ora, o que quer dizer Ele subiu, senão que também havia descido até as regiões inferiores da terra?”; NAA, ARA), o que reconhece a ideia, expressa na lição de terça-feira, de que a ordem do Salmo 68:18 deve ser seguida, com a exaltação de Cristo ao Céu (a “ascensão”) ocorrendo primeiro, seguida de Sua “descida” no Espírito.

2. Levando cativo o cativeiro. Ao citar o Salmo 68:18 da Septuaginta (tradução grega do AT), Paulo usou uma expressão em Efésios 4:8 que diz: “levou cativo o cativeiro”, mas cujo significado amplamente reconhecido é: “Ele tomou como prisioneiros um grupo de cativos” (NVI, NVT). Os adventistas entendem que a expressão se refere ao fato de que Cristo levou para o Céu, em Sua ascensão, pessoas ressuscitadas em uma ressurreição especial no momento da própria ressurreição Dele (Mt 27:51-53). Eles são o “feixe movido”, primícias dos redimidos, que Ele apresenta ao Pai no retorno ao Céu (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 6, p. 1022; O Desejado de Todas as Nações, p. 671, 630, 631). Em harmonia com Colossenses 2:15, a passagem poderia ser considerada uma metáfora da vitória de Cristo sobre Satanás e os anjos maus, retratados como prisioneiros derrotados.

Perguntas para consideração

  1. Quais são as diferenças e semelhanças entre as listas de “dons espirituais” em Efésios 4:11, 1 Coríntios 12:4-11, 27-30, Romanos 12:4-8 e 1 Pedro 4:10, 11?
  2. Paulo disse que não devemos ser influenciados por ventos de doutrinas. De que maneira podemos nos proteger dos danos que esses ventos podem nos causar?
  3. Paulo enfatizou em Efésios o tema da “unidade”. Mas buscamos unidade a todo custo? Em que ponto o desejo de unidade pode se tornar contraproducente?

Respostas e atividades da semana: 1. Exortou os crentes a exibir virtudes que contribuíssem para a unidade. 2. Um só corpo, um só Espírito, uma só esperança, um só Senhor, uma só fé, um só batismo e um só Deus. A unidade da igreja é fruto da unidade divina e requer nosso esforço. 3. Paulo descreveu o derramamento do Espírito Santo. Seu objetivo era mostrar que Jesus concede dons à igreja. 4. Dons para apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres, para a edificação da igreja e o aperfeiçoamento dos santos. 5. Doutrinas falsas e falsos mestres. 6. Promovendo a unidade em verdade e em amor, com a participação de cada membro da igreja.

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Resumo da Lição 7
O corpo unificado de Cristo

TEXTO-CHAVE: Efésios 4:11, 12

FOCO DO ESTUDO: Ef 4:1-16; Fp 2:3; Sl 68:18; At 2; 1Co 12:4-11, 27-30; Is 5:4

Introdução: Até agora, Paulo explicou o poder da salvação divina e como ela opera na história do mundo, unindo judeus e gentios em uma nova humanidade em Cristo. Em Efésios 4:1-17, o apóstolo continua o assunto da unidade. Ao fazer isso, ele enfatiza que a unidade é um atributo ou marca indispensável da igreja. A unidade é o resultado da salvação de Deus, mas também é a ferramenta do Senhor para cumprir Sua missão para a igreja e por meio dela. Por essa razão, Paulo vai além do tema da unidade dos judeus e gentios na igreja para focar na unidade interna da igreja na vida e na missão. Agora que em Cristo não há judeu nem gentio, agora que em Cristo somos todos irmãos e irmãs, sem levar em conta a etnia, Paulo discute a unidade de todos os cristãos como membros do mesmo corpo e envolvidos na mesma missão de Cristo.

A unidade da igreja é alcançada de várias maneiras:

  1. Compartilhando as atitudes de humildade, gentileza e paciência de Cristo;
  2. Contemplando o modelo supremo para a vida da igreja: as três Pessoas da Divindade (Pai, Filho e Espírito Santo ) e Sua obra na criação e redenção;
  3. Pelas ferramentas unificadoras da salvação em Cristo que constituem a igreja: uma esperança, uma fé e um batismo;
  4. Pelos dons espirituais por meio dos quais Deus abençoa a igreja para crescer e se unir em um corpo em Cristo e cumprir sua missão no mundo.

Temas da lição: Este estudo se concentra em três temas principais de Efésios 4:1-16:

  1. A unidade da igreja é essencial para a identidade, vida e missão da igreja;
  2. A unidade da igreja é alcançada quando a igreja olha para a vida triúna da Divindade e incorpora os valores e atitudes de Deus: as três Pessoas da Trindade são diferentes ; contudo, Eles vivem e agem em perfeita unidade;
  3. Os dons espirituais são essenciais para a unidade, a vida e a missão da igreja.

COMENTÁRIO

A igreja como corpo de Cristo

Quando Paulo menciona que a igreja é o corpo de Cristo (Ef 1:22, 23), ele não quer dizer que ela é divina ou sobrenatural. Na organização do plano da salvação, os seres humanos não foram divinizados, mas foi Deus que encarnou como ser humano. A igreja é o corpo de Cristo no sentido de que ela é a nova humanidade salva, representada e concretizada pela encarnação de Cristo. É a nova humanidade criada, salva e governada por Cristo, seu Criador, Salvador e Senhor. Assim, a igreja não é uma emanação do divino, mas o povo de Deus – as pessoas criadas por Deus e agora restauradas por Ele de volta ao Seu reino. É nesse sentido que a igreja é a “a plenitude Daquele que a tudo enche em todas as coisas” (Ef 1:23).

A fonte triúna e o modelo da existência e unidade da igreja

A unidade é essencial para a doutrina paulina da igreja. No entanto, Paulo não molda essa unidade segundo a unidade administrativa, política, econômica e militar do Império Romano, nem de outra instituição. Em vez disso, ele enraíza a unidade da igreja na natureza do Deus cristão, o Deus triúno. A Epístola aos Efésios está repleta de referências às diferentes Pessoas da Divindade, o que revela a grande visão de Paulo sobre toda a Trindade em ação no plano da salvação, na criação e na edificação da igreja.

Assim como em Efésios 1:1-14 Paulo descreve os membros da Trindade trabalhando para nossa salvação, em Efésios 1:15-23 ele descreve o Pai e o Filho trabalhando em criar, abençoar e capacitar a igreja. Por isso, Paulo termina essa seção chamando a igreja de “corpo” de Cristo e a “plenitude” do Pai (Ef 1:23; veja também Ef 4:6). Em Efésios 2:19-22, todos os membros da Divindade estão envolvidos na construção da igreja: ela é a “casa” ou o “templo santo” do Pai edificado sobre Cristo Jesus, e “por meio Dele” os membros da igreja são “edificados como parte dessa habitação, onde Deus vive por seu Espírito” (NVT). Em Efésios 3, Paulo vê a igreja como o resultado da graça do Pai (Ef 3:2), sendo revelada “pelo Espírito” (Ef 3:5) como “o mistério de Cristo” (Ef 3:4) ou as “insondáveis riquezas de Cristo” (Ef 3:8) aos “apóstolos e profetas” (Ef 3:5). Além disso, o Pai (Ef 3:14) capacita a igreja “mediante o Seu Espírito” para que, pela fé, Cristo possa habitar no coração dela (Ef 3:16, 17), para que a igreja compreenda o amor de Cristo (Ef 3:18) e fique cheia “de toda a plenitude de Deus” (Ef 3:19). Ademais, a igreja é criada e unida por Deus porque seu Deus é o Pai de “toda a família, nos Céus e na Terra” (Ef 3:14, 15).

Todos os seres do Universo levam Seu sobrenome porque Ele nos criou a todos, e Nele somos uma família. Na família universal de Deus, somos parentes, não apenas de todos os outros membros da igreja em toda a humanidade, mas também de toda a população do Universo (veja também Hb 12:22, 23). Dessa forma, embora Paulo se concentre na salvação e na igreja na Terra, ele é cuidadoso em manter sua perspectiva cósmica, que ele introduziu ao escrever sobre as regiões celestiais em Efésios 1.

Em Efésios 4, Paulo leva ao clímax seu grande desenvolvimento da doutrina da igreja como criada e unida pela Divindade e na Divindade. O apóstolo declara que a unidade da igreja é, de fato, a “unidade do Espírito” (Ef 4:3). De uma forma bastante poética, ele diz a seus leitores que essa unidade está essencialmente relacionada a todas as Pessoas da Divindade. Somos “um só corpo” porque há “um só Espírito” que nos chamou a “uma só esperança” (Ef 4:4, NVT). Da mesma forma, em “um só Senhor” temos “uma só fé, um só batismo” (Ef 4:5). Em última análise, a igreja está unida porque temos “um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos” (Ef 4:6). Portanto, a igreja existe porque Deus nos criou e nos chamou. Além disso, a igreja existe como um corpo unido porque o Deus que a criou e a chamou é Um: três Pessoas, mas um só Deus. A igreja não pode existir sem Deus, ela não pode existir se não for “uma”; e não pode ser uma se não estiver enraizada no ensino bíblico de um Deus em três Pessoas.

Os dons espirituais, a existência, a unidade e a missão da igreja

Depois de estabelecer o fundamento teológico para a existência e a unidade da igreja no Deus triúno, Paulo, em Efésios 4, explica de forma mais prática como a igreja é o corpo de Cristo e como o Espírito Santo atua na unidade dela. Para tanto, o apóstolo retorna a um conjunto de temas de Efésios 1: a ascensão de Cristo ao trono de Deus (Ef 1:20), Sua exaltação (Ef 1:21, 22) ao status de “Cabeça” da igreja, “Seu corpo” (Ef 1:22, 23) e a bênção de Sua igreja com “todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais” (Ef 1:3). Essas bênçãos eram bênçãos da graça para a salvação em Cristo: a “redenção, pelo Seu sangue, a remissão dos pecados” (Ef 1:7), a revelação do evangelho de Cristo (Ef 1:7-13) e a fé (Ef 1:13, 15).

Em Efésios 4, o apóstolo segue um padrão semelhante para explicar que Cristo ascendeu (Ef 4:8) e foi exaltado (Ef 4:10). Sendo a “Cabeça” da igreja (Ef 4:15), isto é, Seu corpo (Ef 4:16), Cristo “concedeu dons” ao Seu povo (Ef 4:8). Esses dons são chamados de dons de Cristo e estão associados à “graça”: “A graça foi concedida a cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo” (Ef 4:7). No entanto, esses dons não são bênçãos para salvar pecadores, como em Efésios 1, mas bênçãos ou dons de capacitação para a constituição, unidade e missão da igreja. Paulo identifica esses dons como as funções de apóstolos, profetas, evangelistas, “pastores e mestres” (Ef 4:11). Em outros lugares, ele chama essas dádivas de dons da graça (charismata; Rm 12:6-8; 1Co 12:4) ou dons do Espírito (pneumatikois; 1Co 12:1), dados e distribuídos pelo Espírito Santo (1Co 12:4, 7-11) aos membros do corpo de Cristo (1Co 12:12, 13).

Assim, embora Paulo use um padrão semelhante de temas em Efésios 1 e 4, ele aborda diferentes aspectos. Enquanto em Efésios 1 o apóstolo fala sobre a salvação dos seres humanos, em Efésios 4 ele discute a existência, unidade e missão da igreja. É por isso que, em Efésios 4, o Senhor ressuscitado e que ascendeu (Ef 4:8-10) concede a cada um “graça [...] segundo a medida do dom de Cristo” (Ef 4:7). O “dom” ou a “graça” é uma designação (Ef 4:11) e não se refere à graça da salvação ou do perdão. É o dom de “preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado” (Ef 4:12, NVI).

Sim, a igreja é constituída por indivíduos salvos, mas o fato de serem salvos é apenas o começo da vida que Deus visualiza para Sua igreja. Ele cria uma nova humanidade, Seu povo, e essa nova comunidade é construída pelo Espírito por meio da “graça” (charisma; Ef 4:7). Por meio dos Charismata, ou dos dons, o Espírito atua na igreja “até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus” (Ef 4:13, NVI). Ou, em outras palavras, até que todos nós amadureçamos “à medida da estatura da plenitude de Cristo” (Ef 4:13), que é a Cabeça da igreja (Ef 4:15).

Há várias conclusões e implicações importantes que podemos tirar da teologia paulina da igreja em Efésios 4:

Primeiro, a igreja não é uma organização humana, construída e sustentada por seres humanos e para propósitos humanos. Em vez disso, a igreja é criada, sustentada e guiada em sua missão pelo próprio Deus.

Em segundo lugar, refletindo a imagem de seu Deus triúno, a igreja é, e deve ser, unida. Em Sua oração sacerdotal, Jesus rogou ao Pai pela unidade da igreja: “Que todos sejam um. E como Tu, ó Pai, estás em Mim e Eu em Ti, [...] para que o mundo creia que Tu Me enviaste” (Jo 17:21).

Terceiro, essa unidade não é o produto da vontade ou genialidade humanas, mas a obra do Pai, de Cristo Jesus e do Espírito Santo trabalhando na igreja e por meio dela.

Quarto, o Deus triúno desenvolve a unidade e o crescimento da igreja por meio dos dons espirituais. Portanto, os dons espirituais não são um programa opcional da igreja a ser usado quando considerado necessário por seus membros. Em vez disso, os dons espirituais são a maneira pela qual Deus constitui, sustenta e guia a igreja. É importante notar que ao falar sobre a essência e a unidade da igreja, Paulo não propõe uma estrutura de governança hierárquica e sacramental dela. Ao contrário, ao promover uma boa organização da igreja, o apóstolo viu a fonte da existência, unidade e missão da igreja como estando enraizada no Deus triúno, que é a Cabeça da igreja e dos dons espirituais que Ele concedeu a ela para manifestar Sua presença e obra nela.

Quinto, os temas da Divindade e dos dons espirituais são tão importantes para a teologia bíblica que os adventistas os levam em consideração em várias declarações de crença. A Divindade é discutida em cinco crenças fundamentais: crença fundamental 2 (sobre o ensino bíblico do Deus Triúno); crença fundamental 3 (“Deus Pai”); crença fundamental 4 (“Deus Filho”); crença fundamental 5 (“Deus Espírito Santo”) e crença fundamental 10 (“A Experiência da Salvação”, que discute a participação de todas as três Pessoas da Divindade na salvação da humanidade). A doutrina da igreja é ricamente articulada em sete crenças fundamentais: crença fundamental 12 (“A Igreja”); crença fundamental 13 (“O Remanescente e Sua Missão”); crença fundamental 14 (“Unidade no Corpo de Cristo”); crença fundamental 15 (“O Batismo”); crença fundamental 16 (“A Ceia do Senhor”); crença fundamental 17 (“Dons e Ministérios Espirituais”) e a crença fundamental 18 (“O Dom de Profecia”).

APLICAÇÃO À VIDA

  1. Oriente os alunos a desenvolver uma estratégia de três pontos para manter sua igreja unida e em crescimento.
  2. Qual é a relação entre a conversão de uma pessoa e os dons espirituais?
  3. Quando foi a última vez que você pensou em si mesmo, em sua família, em seus grupos de amigos ou em sua igreja em termos de dons espirituais? Peça aos alunos que identifiquem três maneiras pelas quais o processo de eleição da igreja ou a liderança da igreja podem promover os dons espirituais para buscar o crescimento, a unidade e a missão da igreja.
  4. Pensem em três maneiras de promover os valores bíblicos de humildade e paciência na vida de sua igreja de modo que ajude a trazer mais unidade.

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Uma escola para Berta

Berta - 5 de agosto

Berta ficou animada quando soube que a primeira escola da Igreja Adventista do Sétimo Dia havia sido inaugurada na Polônia.

Ela era uma professora altamente qualificada e estava procurando trabalho. Ela adoraria lecionar para as crianças em uma escola adventista.

Mas havia um problema. A escola ficava perto da Polônia capital da Polônia, Varsóvia, e longe de sua casa em Cracóvia. “Esse trabalho não é para mim”, Berta pensou tristemente.

Então, inesperadamente, uma amiga começou a conversar com ela sobre a escola adventista.

“Talvez você possa se inscrever para dar aula lá”, disse a amiga.

“Não, é muito longe”, respondeu Berta.

Parecia mais realista procurar trabalho em Cracóvia.

Então, outra amiga lhe contou sobre a escola adventista.

“Ouvi falar dessa escola adventista”, disse a amiga. “Talvez você queira se candidatar para ser professora lá.”

Após a segunda amiga mencionar a escola adventista, Berta se questionou se Deus não estava tentando lhe dizer algo sobre se tornar professora ali.

Ela orou: “Deus, o que devo fazer? Será que eu devo ficar em Cracóvia ou ir para a escola?” Berta decidiu se candidatar para dois trabalhos de professora — na escola pública em Cracóvia e na escola adventista nos arredores de Varsóvia.

Ela orou novamente.

“Eu irei para a primeira escola que responder à minha solicitação de emprego”, orou.

“Deus, eu interpretarei como sendo a Sua vontade.”

Ela ficou se perguntado qual escola responderia primeiro à sua carta de candidatura. Seria a escola pública ou a escola adventista?

A escola adventista foi a primeira a responder.

“Obrigado por seu interesse na vaga de professor”, a resposta dizia. “Por favor, compareça para uma entrevista.”

Então Berta ficou preocupada.

Ela tinha um filho de 16 anos chamado Jacob. Todos os seus amigos estavam em Cracóvia, e sua escola era em Cracóvia. Será que ele estaria disposto a se mudar para outro lugar? Era muito importante para Berta que Jacob aceitasse sua decisão de deixar seu lar e se mudar para o outro lado do país.

Berta orou novamente.

Ela decidiu dar a Jacob a opção de ficar com um parente em Cracóvia ou de ir com ela para a nova escola.

Jacob não hesitou.

“Mãe, vamos nos mudar juntos”, o rapaz disse. “Vamos juntos. Eu quero estar com você.” Berta ficou surpresa e alegre. Para ela, suas palavras pareciam como a última indicação de que Deus estava guiando seus passos. Afinal de contas, duas amigas haviam conversado com ela do nada sobre se candidatar para a escola adventista. Então, a escola adventista foi mais rápida que a escola pública para lhe responder. Agora seu filho adolescente estava disposto e feliz em se mudar com ela para um novo lar.

Ela aceitou o trabalho.

Hoje, Berta é a diretora da escola de ensino fundamental adventista do sétimo dia, que está localizada no terreno do seminário da Igreja Adventista nos arredores de Varsóvia. Ela não tem dúvida de que Deus a guiou para a escola. Outro dia, seu filho disse que ela havia tomado a decisão correta. Ele disse que não tinha nenhum amigo adventista em Cracóvia e não tinha interesse nas atividades da igreja. Mas agora ele tem muitos amigos adventistas e é ativo na igreja.

“Mãe, você tomou uma boa decisão vindo para cá”, disse ele. “Estou muito feliz por estarmos aqui.”

Berta disse que não faria de outra maneira. Deus a trouxe para a escola, e ela está feliz. “Por isso eu estou aqui”, disse ela.

Obrigado por suas ofertas missionárias da Escola Sabatina que ajudam a apoiar a educação adventista ao redor do mundo.

Por Andrew McChesney

Dicas para a história

  • Saiba que a escola básica e fundamental estão localizadas no terreno da Polish Senior College of Theology and Humanities [Escola Superior de Teologia e Ciências Humanas da Polônia] em Pod Kowa Le?na, uma cidade suburbana a cerca de 40 quilômetros de Varsóvia. Aproximadamente metade dos alunos vem de lares não adventistas.
  • Saiba que a escola abrigou e alimentou vários refugiados ucranianos e lecionou aos seus filhos durante o conflito armado na Ucrânia em 2022.
  • Saiba mais sobre a escola no site da União Transeuropeia: bit.ly/Poland-school.
  • Baixe as fotos no Facebook: bit.ly/fb-mq.
  • Baixe publicações e fatos rápidos sobre a Divisão Transeuropeia: bit.ly/TED-2023.

Comentário da Lição da Escola Sabatina – 3º Trimestre de 2023

Tema geral: Efésios

Lição 7 – 5 a 11 de agosto

O corpo unificado de Cristo

 

Autor: Matheus Cardoso

Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br

Revisora: Rosemara Santos

Ideias principais

A Carta de Paulo aos Efésios está dividida em duas grandes seções: a primeira seção explica o que é o evangelho (Ef 1–3), enquanto a segunda apresenta as implicações do evangelho para a vida cristã (Ef 4–6). Paulo estava convencido de que a vida de obediência deve ser uma resposta de amor e gratidão ao que Deus fez por Sua graça.

Em Efésios 4:1-16, Paulo mostrou que embora a igreja esteja unida em Cristo (Ef 4:1-6), ela cumpre sua missão por meio da rica diversidade de dons espirituais (versos 7-13). A igreja é estabelecida e cresce em Cristo por meio dessa diversidade em unidade (versos 14-16).

Texto-base da semana: Efésios 4:1-16

Antes do estudo da Lição da Escola Sabatina ou deste comentário, leia Efésios 4:1-16. Sugerimos uma tradução mais contemporânea da Bíblia, como a Nova Versão Internacional ou a Nova Versão Transformadora.

Notas de estudo

Para o estudo mais aprofundado do texto bíblico, sugerimos uma tradução mais literal, como a Nova Almeida Atualizada (que usamos abaixo).

4:1:

Por isso. As instruções a respeito da vida prática que Paulo apresentou na segunda metade de Efésios (capítulos 4–6) estão fundamentadas no que ele explicou a respeito do que Deus fez por meio de Cristo (capítulos 1–3).

De maneira digna da vocação. Deus chamou os cristãos a fazer parte do Seu plano de unificar todo o Universo sob o senhorio de Cristo (Ef 1:9, 10). As instruções de Paulo estavam fundamentadas no fato de que Deus nos escolheu para sermos salvos e nos chamou à santidade (Ef 1:4).

4:2, 3:

Humildade, mansidão, longanimidade, amor e paz fazem parte do fruto do Espírito (Gl 5:22, 23).

4:3:

Preservar a unidade do Espírito. É o Espírito Santo quem produz a unidade, mas os cristãos devem preservá-la e cultivá-la de maneira intencional.

4:4-6:

Em Efésios 4:4-6, Paulo fez uma lista de sete elementos que formam a essência da unidade cristã: um corpo, um Espírito, uma esperança, um Senhor, uma fé, um batismo e um Deus.

Um só Espírito, [...] um só Senhor, [...] um só Deus e Pai. A base da unidade da igreja se encontra na unidade que existe entre as três Pessoas da Trindade. Senhor é o título que Paulo costumava usar para se referir à divindade de Cristo. “Jesus é Senhor” (1Co 12:3, NVI) – isto é, o Yahweh do Antigo Testamento.

4:4:

É uma só a esperança. A grande esperança da igreja é a segunda vinda de Cristo e a concretização do plano eterno de Deus (Ef 1:9, 10, 14, 18; 2:7; 3:10; 4:30).

4:5:

Um só batismo não se refere ao número de vezes que alguém pode ser batizado (At 19:1-7), mas ao fato de que todos os cristãos se tornam parte do corpo de Cristo por meio da mesma cerimônia pública (o batismo), na qual se professa uma só fé no único Senhor e Salvador.

4:6:

O Deus que é Criador (Pai de todos) também é transcendente (é sobre todos), soberano (age por meio de todos) e onipresente (está em todos).

4:8:

Em Efésios 4:8-10, Paulo citou o Salmo 68:18 considerando o contexto de todo o Salmo, que descreve Deus como um General vitorioso que, depois de derrotar Seus inimigos, subiu ao Seu trono, levando os cativos de batalha. O Salmo 68 contém inúmeros paralelos com Efésios 4 e vários dos principais temas da carta (veja Clinton E. Arnold, Ephesians [Zondervan, 2010]). Por essa razão, Paulo aplicou o Salmo 68:18 à ascensão triunfante de Cristo (Ef 1:20-22).

Levou cativo o cativeiro ou “levou cativos muitos prisioneiros” (NVI). Por meio de Sua morte na cruz, Cristo derrotou os poderes espirituais do mal, “levando-os prisioneiros no Seu desfile de vitória” (Cl 2:15, NTLH). Em resultado disso, quando “subiu às alturas”, Ele literalmente levou Consigo para o Céu algumas pessoas que haviam sido mantidas sob o “cativeiro” da morte e que foram ressuscitadas no momento de Sua própria ressurreição (veja Mt 27:51-53).

Concedeu dons aos homens. O Salmo 68:18 diz que Deus recebeu dádivas (ou tributos) do povo, em vez de conceder dons ao Seu povo. Paulo parafraseou esse versículo considerando o contexto de todo o Salmo: depois de vencer Seus inimigos e ascender ao Seu trono, Deus concedeu inúmeras dádivas ao Seu povo (Sl 68:6, 9, 10, 20, 28). O Salmo 68 conclui dizendo exatamente que Deus “dá força e poder ao Seu povo” (Sl 68:35). A exaltação de Deus no Antigo Testamento e as bênçãos que Ele concedeu a Israel se cumprem, de maneira muito mais abrangente, na ascensão de Cristo e nos dons que Ele concede à igreja.

(Para um estudo mais aprofundado, mostrando que Paulo citou o Salmo 68 considerando o contexto original da passagem do Antigo Testamento, veja os comentários sobre Ef 4:8-10 em Clinton E. Arnold, Ephesians [Zondervan, 2010]; Frank Thielman, “Efésios”, em Comentário do Uso do Antigo Testamento no Novo Testamento [Vida Nova, 2014]; Harold W. Hoehner, Efésios: Comentário Exegético [Vida Nova, 2023]).

4:9:

Havia descido. Literalmente, “desceu” (como traduz a Almeida Século 21). O texto original em grego deixa em aberto o que ocorreu primeiro: a subida (isto é, a ascensão de Cristo) ou a descida (que tem sido interpretada de várias maneiras; veja abaixo).

Desceu às partes mais baixas da terra (Almeida Século 21). Existem três interpretações possíveis para essa frase:

1) Em Sua encarnação, Cristo desceu do Céu e Se fez homem (Jo 1:14; Fp 2:7, 8).

2) Em Sua morte, Cristo desceu ao túmulo, o “coração da terra” (Mt 12:40).

3) No dia de Pentecostes, Cristo desceu sobre os crentes por meio do Espírito Santo, concedendo-lhes dons (At 2:1-4). Esta é a interpretação defendida na Lição da Escola Sabatina.

Seja qual for a interpretação adotada, os três eventos estão ligados à vida e obra de Cristo, e é em resultado disso que Ele concede dons espirituais ao Seu povo.

Para encher todas as coisas. Assim como Deus enche “os céus e a Terra” com o Seu domínio soberano (Jr 23:24), também Cristo enche todas as coisas como o Cabeça da igreja e do Universo (Ef 1:20-23).

4:11:

O Novo Testamento contém várias listas diferentes de dons espirituais, indicando que nenhuma delas é completa (Rm 12:4-8; 1Co 12:8-10, 28-30; 1Pe 4:10, 11). O foco da lista de Efésios 4:11 e 12 está nos dons de liderança mais necessários para o crescimento da igreja.

Outros para pastores e mestres. A expressão no original em grego indica que as duas funções estão intimamente relacionadas: o ensino é parte essencial do ministério pastoral (At 20:28-30; 1Tm 3:2; 5:17).

4:12:

São responsáveis por preparar o povo santo para realizar sua obra (NVT). Os líderes da igreja recebem seus dons para que capacitem todos os demais cristãos a desenvolver e usar seus próprios dons. Os líderes não devem realizar todo o trabalho. O objetivo dos dons espirituais é a edificação do corpo de Cristo, e não o engrandecimento próprio (1Co 12:7).

4:13:

À medida da estatura da plenitude de Cristo. O modelo perfeito de maturidade cristã é o próprio Jesus. Toda a obra do Espírito Santo, inclusive os dons que Ele concede, tem o propósito de tornar as pessoas mais semelhantes a Cristo (Rm 8:29).

4:14:

Levados de um lado para outro por qualquer vento de doutrina. Não apenas os líderes, mas todos os cristãos devem alcançar o conhecimento de Cristo e a maturidade espiritual (Ef 4:13) que os torne capazes de identificar falsos ensinos e se opor a eles (Gl 1:5-7; Cl 2:8; 1Tm 1:3-7; 4:1-3; 2Tm 4:3, 4).

4:16

A igreja é um corpo, bem-ajustado e consolidado pelo auxílio de todas as juntas. Os cristãos não recebem dons para serem usados unicamente para a edificação própria, nem de maneira isolada dos demais crentes, nem conseguirão chegar sozinhos ao pleno conhecimento de Cristo e à maturidade espiritual (Ef 4:13).

Conclusão

Efésios 4:1-17 apresenta o conceito bíblico de igreja, em que cada cristão exerce os seus dons para a edificação da igreja. John Stott explica de maneira bastante clara a relação entre os dons de liderança (que são destacados no texto bíblico que estudamos) e os demais dons:

“O conceito neotestamentário de pastor [...] [é] de uma pessoa que ajuda e encoraja todo o povo de Deus a descobrir, desenvolver e exercer seus dons. O ensino e o treinamento do pastor se dirigem para esta finalidade, para capacitar o povo de Deus a ser um povo que serve, ministrando ativa, porém humildemente, num mundo de alienação e de dor. [...]

“Portanto, o propósito imediato de Cristo em dar pastores e mestres à Sua igreja é, através do ministério da palavra exercido por eles, equipar todo o Seu povo para os variados ministérios. E o propósito final disto é edificar Seu corpo, a igreja. [...] Estes dons são tão benéficos para aqueles que exercem seu ministério com fidelidade quanto para aqueles que o recebem, pois a igreja torna-se cada vez mais saudável e madura. Se o século 16 recuperou o sacerdócio de todos os crentes (sendo que todo cristão desfruta, por meio de Cristo, o livre acesso a Deus), talvez o século [atual] recupere o ministério de todos os crentes (cada cristão recebe de Cristo um ministério privilegiado para com [as pessoas])” (John Stott, A Mensagem de Efésios: A Nova Sociedade de Deus [ABU Editora, 2001], p. 120, 121).

Conheça o autor dos comentários para este trimestre: Matheus Cardoso é graduado em Teologia pelo Unasp-EC. Serviu à Casa Publicadora Brasileira como editor durante alguns anos e hoje atua como tradutor profissional para a Casa Publicadora Brasileira e outras instituições.