Lição 12
13 a 19 de março
O Desejado de todas as nações
Sábado à tarde
Ano Bíblico: Js 22-24
Verso para memorizar: “As nações se encaminham para a sua luz, ó Jerusalém, e os reis são atraídos para o resplendor do seu amanhecer” (Is 60:3).
Leituras da semana: Is 59; 60:1, 2; 61

Temos que aprender na escola de Cristo. Coisa nenhuma senão Sua justiça pode nos dar direito a uma única das bênçãos da aliança da graça. Por muito tempo desejamos e procuramos obter essas bênçãos, mas não as recebemos porque temos alimentado a ideia de que poderíamos fazer alguma coisa para nos tornar dignos delas. Não temos olhado para fora de nós mesmos, crendo que Jesus é um Salvador vivo. Não devemos pensar que nossa graça e méritos nos salvam; a graça de Cristo é nossa única esperança de salvação. Por meio de Seu profeta, o Senhor prometeu: “Que o ímpio abandone o seu mau caminho, e o homem mau, os seus pensamentos; converta-se ao Senhor, que Se compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar” (Is 55:7). Temos que crer na clara promessa, e não aceitar os sentimentos em lugar da fé. Quando confiarmos plenamente em Deus, quando nos apoiarmos nos méritos de Jesus como Salvador que perdoa os pecados, receberemos todo o auxílio que possamos desejar” (Ellen G. White, F. e Obras, p. 36).

Nesta semana examinaremos mais dessa maravilhosa verdade, conforme revelada nos escritos do profeta Isaías.



Domingo, 14 de março
Ano Bíblico: Jz 1-3
Os efeitos do pecado (Is 59)

Em Isaías 58:3, o povo havia perguntado a Deus: “Por que jejuamos, se Tu nem notas? Por que nos humilhamos, se Tu não levas isso em conta?”. Por outro lado, Isaías 59:1 sugere outra pergunta, algo como: “Por que imploramos que a mão do Senhor nos salve, mas Ele não o faz? Por que clamamos a Ele, mas Ele não ouve?” Isaías respondeu que Deus podia salvar e ouvir (Is 59:1). Contudo, o fato de Ele não o fazer é uma questão totalmente diferente.

1. Qual é a mensagem de Isaías 59:2 que responde à questão de Isaías 59:1?

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Deus escolheu “ignorar” Seu povo, não porque esse fosse o desejo do Seu coração, mas porque as iniquidades faziam separação entre as pessoas e seu Deus (Is 59:2). Essa é uma das declarações mais fortes da Bíblia a respeito do efeito do pecado no relacionamento divino-humano. Isaías passou o restante do capítulo 59 detalhando esse argumento, que é visto em toda a história da humanidade: o pecado destrói nosso relacionamento com o Senhor e, portanto, leva à nossa eterna ruína – não porque o pecado afaste Deus de nós, mas porque ele nos afasta do Senhor.

2. Leia Gênesis 3:8. Como esse exemplo revela o princípio expresso no parágrafo acima? Assinale a alternativa correta: 

A. ( ) Depois do pecado, Adão e Eva buscaram se esconder da presença de Deus.
B. ( ) Após o pecado, Adão e Eva buscaram a ajuda de Deus.

O pecado é primariamente uma rejeição a Deus, um afastamento Dele. O ato pecaminoso de fato se alimenta de si mesmo no sentido de que ele não é somente um afastamento de Deus, mas seu resultado faz com que o pecador se afaste ainda mais do Senhor. O pecado nos separa de Deus, não porque o Senhor não alcance o pecador (certamente, toda a Bíblia é praticamente o relato de Deus tentando salvar os pecadores), mas porque o pecado nos leva a rejeitar Sua oferta divina. Por essa razão, é muito importante que não toleremos nenhum pecado em nossa vida.

Como você tem experimentado a realidade de que o pecado causa uma separação de Deus? Qual é a única solução para o problema?


Segunda-feira, 15 de março
Ano Bíblico: Jz 4, 5
Quem é perdoado? (Is 59:15-21)

Isaías 59 apresenta uma imagem alarmante do problema do pecado. Felizmente, a Bíblia também apresenta a esperança da redenção.

A primeira pergunta é: quantos pecaram? A Bíblia é inequívoca: todos! Portanto, a redenção não pode ser fundamentada na falta de pecado, mas no perdão (Jr 31:34). Paulo concordou: todos pecaram (Rm 3:9-20, 23); portanto, não pode haver distinção com base nisso (Rm 3:22). Os que são justificados podem ser considerados justos apenas porque recebem, pela fé, o dom da justiça de Deus mediante o sacrifício de Cristo. 

3. De acordo com Romanos 3:21-24, como somos salvos? Qual esperança

esses versos nos apresentam no juízo? Assinale a alternativa correta:

A. ( ) Por meio da graça, mediante a fé em Cristo Jesus.
B. ( ) Por meio da graça, mas com o auxílio das nossas obras.

Muitas pessoas pensam que, no juízo, a pergunta será: quem pecou? Mas essa pergunta não precisa ser feita, pois todos pecaram. Em vez disso, a pergunta será: quem foi perdoado? Deus é justo quando justifica aquele “que tem fé em Jesus” (Rm 3:26). O fator decisivo no juízo será: quem recebeu e continua recebendo o perdão por ter fé em Jesus?

Ora, é bem verdade que somos julgados pelas obras, mas não no sentido de que elas nos salvam. Nesse caso, a fé seria anulada (Rm 4:14). Em vez disso, nossas obras revelam se realmente fomos salvos (Tg 2:18). 

4. Por que as obras não nos salvam, nem agora nem no juízo? Rm 3:20, 23

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É muito tarde para que as obras, ou a obediência à lei, salvem alguém. O propósito da lei no mundo pecaminoso não é salvar, mas apontar o pecado. Em vez disso, “a fé que atua pelo amor” (Gl 5:6), amor derramado no coração pelo Espírito (Rm 5:5), comprova que temos uma fé viva em Jesus (Tg 2:26).

As obras são uma expressão exterior, uma manifestação humana de uma fé salvífica. Portanto, na verdadeira experiência cristã a fé é expressa em um compromisso com o Senhor, revelado pela obediência à lei. No juízo, Deus usará as obras como evidência para Suas criaturas, que não podem ler pensamentos de fé como Ele pode. Contudo, para a pessoa convertida, somente as obras após a conversão, em que a vida é capacitada por Cristo e pelo Espírito Santo, são relevantes no juízo. A vida de pecado antes da conversão já foi lavada pelo sangue do Cordeiro (veja Rm 6).



Terça-feira, 16 de março
Ano Bíblico: Jz 6-8
Apelo universal (Is 60:1, 2)

5. Qual é o tema de Isaías 60:1, 2? Qual princípio visto em toda a Bíblia está em atuação nesses versos? Que esperança ele oferecia ao povo exilado?

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Isaías 60:1, 2 apresenta uma descrição de Deus libertando Seu povo após o exílio. Essa descrição é expressa com a imagem de Deus criando luz das trevas, indicando um cumprimento supremo na salvação por meio de Cristo. 

6. Em Isaías 60:3, a qual luz as nações e reis se encaminharão?

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Em hebraico, essa pessoa está no singular e no feminino (Is 60:1, 2). Deve ser “Sião”, personificada como mulher, mencionada em Isaías 59:20. Portanto, o povo da terra, que estava coberto de trevas, viria a Sião. Eles seriam atraídos pela glória de Deus que surgiria sobre ela (Is 60:2). “Sião foi convocada a entrar para a luz que era dela e, em seguida, observar e reagir às nações à medida que elas se reuniam à mesma luz” (J. Alec Motyer, The Prophecy of Isaiah: An Introduction and Commentary, p. 494). Observe que, embora Sião seja Jerusalém, a ênfase recai mais nas pessoas do que na localização física da cidade.

O restante de Isaías 60 desenvolve o tema introduzido nos versos 1-3: as pessoas do mundo seriam atraídas a Jerusalém, que era abençoada por causa da presença gloriosa de Deus.

7. Como essa profecia se compara à promessa da aliança de Deus com Abraão? (Gn 12:2, 3). Elas não dizem a mesma coisa?

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Deus tinha um propósito universal quando escolheu Abraão e seus descendentes: por meio de Abraão todas as famílias da Terra seriam abençoadas (ver Gn 12:3; 18:18; 22:18). Portanto, a aliança de Deus com Abraão pretendia, em última instância, ser uma aliança com toda a humanidade por meio de Abraão. Ele e seus descendentes seriam o canal da revelação de Deus para o mundo. 

Isaías buscou trazer seu povo de volta ao seu destino antigo e universal. Como representantes de Deus, eles eram responsáveis por si mesmos e pelo mundo. Deveriam receber bem os estrangeiros que buscavam a Deus (Is 56:3-8), pois Seu templo seria chamado “Casa de Oração para todos os povos” (Is 56:7).

Qual é a função da Igreja Adventista do Sétimo Dia? Qual é a sua função nessa igreja?


Quarta-feira, 17 de março
Ano Bíblico: Jz 9, 10
O ano aceitável do Senhor (Is 61:2)

8. Quem fala em Isaías 61:1? Assinale a alternativa correta:

A. ( ) Isaías.
B. ( ) O Messias.

O Espírito de Deus estava sobre esse Ungido, o que significa que Ele era um messias ou o Messias. Ele devia “pregar boas-novas aos quebrantados”, “curar os quebrantados de coração”, “proclamar libertação aos cativos” e “pôr em liberdade os algemados” (Is 61:1). A quem isso parece se referir? Compare com Isaías 42:1-7, em que o Servo de Deus é descrito em termos muito semelhantes.

Isaías 61:2 fala sobre o “ano aceitável do Senhor”. O Messias, ungido como Libertador e rei da descendência de Davi, apregoaria um ano especial do favor divino quando apregoasse a liberdade. Compare com Levítico 25:10, em que Deus ordenou que os israelitas proclamassem liberdade no santo quinquagésimo ano: “Esse será um ano de jubileu para vocês, e cada um de vocês voltará à sua propriedade, cada um de vocês voltará à sua família”. Isso significava que as pessoas que haviam sido forçadas a vender as terras de seus ancestrais ou a se tornar escravas para sobreviver em tempos difíceis (Lv 25:25-55) recuperariam suas terras e sua liberdade. Visto que o ano do jubileu começava com o toque de uma trombeta no Dia da Expiação (Lv 25:9), mencionamos essa passagem antes, em conexão com Isaías 58. 

Embora “o ano aceitável do Senhor” em Isaías 61:2 fosse uma espécie de ano do jubileu, ele não era simplesmente uma observância de Levítico 25. Esse ano seria anunciado pelo Messias, o Rei, quando Ele Se revelasse por meio de um ministério de libertação e restauração. Isso se assemelhava a alguns reis antigos da Mesopotâmia, que promoviam a bondade social quando proclamavam a desobrigação de dívidas durante os primeiros anos de seu reinado. O ministério do Messias vai muito além do alcance da lei de Levítico 25. Ele não apenas proclamaria “libertação aos cativos”, mas também curaria os quebrantados de coração, consolaria todos os enlutados e promoveria sua restauração (Is 61:1-11). Ademais, além do “ano aceitável do Senhor”, Ele apregoaria “o dia da vingança do nosso Deus” (Is 61:2).

9. Quando a profecia de Isaías foi cumprida? (Lc 4:16-21). Como o ministério de Jesus a cumpriu? Evidentemente, não somos Jesus. Mas devemos representá-Lo ao mundo. Quais coisas o Messias fez, conforme expressas em Isaías 61:1-3, que nós, com nossas capacidades limitadas, devemos fazer também? Como podemos fazer essas coisas de maneira prática?



Quinta-feira, 18 de março
Ano Bíblico: Jz 11, 12
O dia da vingança do nosso Deus (Is 61:2)

10. Em meio a todas as boas-novas, por que o Messias, conforme retratado em Isaías 61, proclama a vingança de Deus? Quando essa profecia será cumprida?

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Quando estava em Nazaré, Jesus, o Messias, leu Isaías 61 até o trecho que diz “apregoar o ano aceitável do Senhor” (Is 61:2; Lc 4:19). Então, Ele parou e disse: “Hoje se cumpriu a Escritura que vocês acabam de ouvir” (Lc 4:21). Portanto, de modo deliberado e específico, Ele evitou ler as seguintes palavras do verso: “o dia da vingança do nosso Deus” (Is 61:2). Embora Seu ministério de boas-novas, libertação e consolação estivesse começando a libertar cativos da tirania de Satanás, o dia da vingança ainda não havia chegado. Em Mateus 24 (Mc 13; Lc 21), Ele profetizou que os juízos divinos viriam no futuro.

Em Isaías 61, o dia da vingança é o “grande e terrível Dia do Senhor” (leia Jl 2:31; Ml 4:5), a ser cumprido no regresso de Cristo para libertar a Terra da injustiça ao derrotar Seus inimigos e libertar o oprimido remanescente de Seu povo (Ap 19; Dn 2:44, 45). Portanto, embora Cristo tivesse anunciado o início do “ano aceitável do Senhor”, a culminação desse ano está em Sua segunda vinda. 

11. Como conciliar a noção de um Deus amoroso com um Deus que promete vingança? Essas ideias são incompatíveis? A vingança pode ser uma manifestação desse amor?

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Embora Jesus nos tenha mandado oferecer a outra face (Mt 5:39), em outra parte das Escrituras Ele deixou claro que a justiça e o castigo serão aplicados (Mt 8:12). Embora Paulo tenha nos ordenado a não retribuir o “mal por mal” (1Ts 5:15), ele também disse que quando o Senhor Se manifestar no Céu, em chama de fogo, Ele tomará “vingança contra os que não conhecem a Deus e [...] não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus” (2Ts 1:8). 

Certamente, a diferença é que somente o Senhor, em Sua infinita sabedoria e misericórdia, pode trazer justiça e vingança de maneira completamente justa. A justiça e a vingança humanas vêm com todas as falhas, fragilidades e incoerências da humanidade. É evidente que a justiça de Deus não terá nenhuma dessas limitações.

Você teria o desejo de vingança contra uma pessoa que praticasse o mal contra algum desconhecido? E se uma pessoa prejudicasse alguém que você ama? Isso nos ajuda a entender melhor a ligação entre o amor de Deus por nós e as advertências de vingança?


Sexta-feira, 19 de março
Ano Bíblico: Jz 13-16
Estudo adicional

Textos de Ellen G. White: Patriarcas e Profetas, p. 376-378; O Desejado de Todas as Na..es, p. 236-243.

“Jesus estava diante do povo como vivo Expositor das profecias sobre Si mesmo. Explicando as palavras que tinha lido, falou sobre o Messias como Libertador dos oprimidos e dos cativos, médico dos aflitos, restaurador de vista aos cegos e revelador da luz da verdade ao mundo. Sua impressionante postura e o maravilhoso significado de Suas palavras emocionaram os ouvintes com um poder nunca antes experimentado por eles. A influência divina derrubou todas as barreiras; como Moisés, viram o Invisível. Sendo seu coração movido pelo Espírito Santo, respondiam com fervorosos améns e louvores ao Senhor” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Na..es, p. 237).

“Aproxima-se o dia da vingança de Deus – o dia do furor de Sua ira. Quem suportará o dia de Sua vinda? Os seres humanos têm endurecido o coração contra o Espírito de Deus, mas as flechas de Sua ira penetrarão onde as flechas da convicção não puderam entrar. Não demorará muito para que Deus Se levante a fim de entender-Se com o pecador. Irá o falso pastor proteger o transgressor naquele dia? Haverá alguma desculpa para aquele que acompanhou a multidão no caminho da desobediência? A popularidade ou o número farão com que alguém se torne inocente? Os descuidados e indiferentes devem considerar essas questões e resolvê-las por si mesmos” (Ellen G. White, F. e Obras, p. 33).

Pergunta para consideração

Um pastor adventista declarou que seu principal problema no ministério era a exclusividade dos membros da igreja, que não desejavam que outras pessoas se juntassem a eles. Como os “cristãos” podem levar amor, esperança e boas-novas a todo o mundo (Mt 24:14) quando eles nem sequer querem aceitar pessoas que se esforçam para ir à sua igreja?

Resumo: Deus purificaria uma sociedade injusta, removendo os rebeldes e restaurando o remanescente que se afastasse dos pecados que o separavam Dele. Devido às bênçãos da presença divina, outros povos seriam atraídos ao Senhor e a Seu povo, para que também pudessem aproveitar o tempo do favor de Deus, proclamado e concretizado pelo Messias.

Respostas e atividades da semana: 1. Os pecados causavam separação entre o povo e Deus. 2. A. 3. A. 4. Porque as obras não têm a função de nos salvar. Somos pecadores, e só a graça salva. 5. A libertação do povo de Deus do exílio, que também reflete o princípio da libertação do pecado. 6. A luz de Sião. 7. Deus prometeu que todas as nações seriam abençoadas por meio de Abraão. 8. B. 9. Jesus aplicou a Si as palavras de Isaías 61:1-3. Assim como Jesus, o Messias, devemos trabalhar pela libertação das pessoas do jugo do pecado, consolar corações e promover restauração. 10. Porque faz parte de Sua obra de libertação e restauração do pecado. Essa profecia será cumprida na volta de Jesus. 11. A vingança de Deus é obra de justiça e amor.



Resumo da Lição 12
O Desejado de todas as nações

Foco de estudo: Isaías 60

Esboço

No gênero profético, a revelação divina não é apenas sobre como os oráculos se relacionam com a época do profeta, mas também sobre como esses oráculos se relacionam com a época além do contexto imediato em que são transmitidos. Em geral, o cumprimento da profecia está distante do contexto temporal do ministério profético do mensageiro de Deus. No caso de Isaías 60, a mensagem é dada no contexto da futura restauração de Judá do exílio em Babilônia. No entanto, a mensagem também tem uma aplicação futura ao evento glorioso da restauração dos remidos no fim dos tempos.

Isaías 60 representa uma das mensagens mais otimistas do livro. Esta lição explora os primeiros versos desse capítulo e também alguns versos de Isaías 61.

Os três principais tópicos explorados neste estudo são os seguintes: (1) Dispõe-te, resplandece, (2) O brilho da cidade, e (3) O Ungido.

Comentário

Dispõe-te, resplandece

A primeira frase do capítulo inclui dois verbos femininos no imperativo: levantar e resplandecer. A frase pressupõe uma referência a Jerusalém e sua futura restauração. Existem algumas referências relacionadas a “levantar-se” no capítulo anterior, mas nesses casos, a expressão é usada em uma descrição caótica da queda de Judá.

Em Isaías 60, a expressão está junto a um componente positivo: “Levante-se, resplandeça”. Essa combinação de palavras é o ponto de partida a partir do qual pode-se deduzir algumas alusões de Isaías à bênção de Arão em Números 6:24-26:

‘O Senhor os abençoe e os guarde; O Senhor faça resplandecer o Seu rosto sobre vocês e tenha misericórdia de vocês; O Senhor sobre vocês levante o Seu rosto e lhes dê a paz’”.

É possível que essa oração tenha influenciado Isaías 60, particularmente a frase: “O Senhor faça resplandecer o Seu rosto sobre vocês”.

A conexão entre a bênção proferida por Arão em Números 6:24-26 e Isaías 60 está no uso da mesma raiz verbal hebraica ?wr (brilhar), em ambos os textos. Isaías parece aplicar à Jerusalém redimida uma bênção do Pentateuco, mencionada na referência ao brilho do rosto de Deus. O brilho do semblante expressa favor, de acordo com a perspectiva de Luis A. Schökel (The Sacred Books: Leviticus, Numbers and Deuteronomy [Os Livros Sagrados: Levítico, Números e Deuteronômio]. Madri: Ediciones Cristiandad, 1970, v. 2, p. 147).

Assim, Isaías conforta Jerusalém usando a imagem do brilho, mas Jerusalém não tem seu brilho próprio. É algo que deve receber de uma fonte externa. Esse brilho imputado é bem expresso por Isaías: “Vem a sua luz” (Is 60:1). Como tal, a experiência gloriosa da Jerusalém redimida será uma expressão de favor divino.

A frase “Levante-se, resplandeça, porque já vem a sua luz, e a glória do Senhor está raiando sobre você” mostra um claro paralelismo, ligado pela conjunção explicativa “porque”. A luz que vem é a glória do Senhor, e é a Sua glória que traz brilho a Jerusalém.

O brilho da cidade

Além da influência da famosa bênção de Arão em Isaías 60, a ideia de esplendor ou brilho, comum nos encontros de Moisés com o Senhor, também influenciou Isaías nesse capítulo.

Por exemplo, Êxodo 34:29 diz que “Moisés não sabia que a pele do seu rosto resplandecia, depois de Deus ter falado com ele”.

O brilho também está presente quando Deus lidera os israelitas durante sua experiência no deserto: “O Senhor ia adiante deles, durante o dia, numa coluna de nuvem, para os guiar pelo caminho; durante a noite, numa coluna de fogo, para os iluminar” (Êx 13:21).

Isaías 60:2 apresenta outro interessante paralelo ao tema da luz em Êxodo para nos ajudar a aprender sobre a gloriosa experiência de Jerusalém:

“Porque eis que as trevas cobrem a terra,

E a escuridão envolve os povos;

Mas sobre você aparece resplandecente o Senhor,

E a Sua glória já está brilhando sobre você”.

Fica claro a partir do contexto que “a terra” é paralela a “povos”, enquanto “o Senhor” é paralelo à “Sua glória” na segunda parte da frase. É evidente que a expressão YHWH e “Sua glória” foram usadas de forma intercambiável.

A mensagem é clara: Deus promete um futuro brilhante para Jerusalém. Embora os rostos do povo de Deus mostrem vestígios de suas lutas passadas (Is 60:15), “os dias do seu luto chegarão ao fim” (Is 60:20), porque a glória do Senhor será revelada . Em palavras majestosas, Isaías descreve:

Nunca mais o sol será a sua luz durante o dia

E o resplendor da lua nunca mais a iluminará;

Pois o Senhor será a sua luz perpétua,

E o seu Deus será a sua glória” (Is 60:19).

Essa nova experiência também traz extrema prosperidade: “Você mamará o leite das nações e se alimentará ao peito dos reis” (Is 60:16). Esta nova era de prosperidade também inclui uma nova ordem na “cidade”. “Farei com que a paz seja o seu inspetor e com que a justiça seja o seu opressor” (Is 60:17).

Alegria, transcendência e salvação são outras características da gloriosa Jerusalém (compare com Is 60:5, 9, 18): todas elas vêm do Senhor. A noite desaparecerá para a cidade abandonada. Chegou um novo dia, e “a chamarão ‘Cidade do Senhor’, a ‘Sião do Santo de Israel’” (Is 60:14).

Sobre isso, Ellen G. White comenta: “‘Levante-se, resplandeça, porque já vem a sua luz, e a glória do Senhor está raiando sobre você’ (Is 60:1). Cristo virá com poder e grande glória. Virá revestido de Sua própria glória e da glória do Pai. E os santos anjos O acompanharão em Seu trajeto. Enquanto o mundo todo estará mergulhado em trevas, haverá luz em cada lar dos santos. Eles receberão a primeira luz de Sua segunda vinda. A luz imaculada irromperá de Seu esplendor, e Cristo, o Redentor, será admirado por todos os que O têm servido. Enquanto os ímpios fugirão, os seguidores de Cristo se alegrarão em Sua presença.

“É então que os seres humanos redimidos receberão sua herança prometida. Assim o plano de Deus para Israel encontrará um cumprimento literal. Aquilo que Deus propõe, o homem é incapaz de anular. Mesmo em meio à ação do mal, o plano de Deus tem prosseguido firmemente em direção ao seu cumprimento. Foi assim com a casa de Israel ao longo da história da monarquia dividida, e assim é com o Israel espiritual de hoje” (Profetas e Reis, p. 720).

O Ungido

O tema principal que abrange todo o capítulo 61 de Isaías é o Messias, que traz redenção e justiça ao Seu povo. Esse capítulo pode ser dividido em três seções: (1) A profecia do Messias vindouro e Sua missão, nos versos 1 a 3, (2) O efeito ou resultado da missão do Messias, nos versos 4 a 9, e (3) Hino de exaltação a Deus (v. 10, 11). O Ungido é um tema recorrente na Bíblia. Ungir alguém significa separá-lo para um ofício ou missão particular. Por exemplo, Arão foi ungido por Moisés para ser sumo sacerdote (Êx 40:13). Saul e Davi foram ungidos por Samuel como reis de Israel (1Sm 10:1; 1Sm 16:13). Cristo foi ungido por Deus Pai, por meio do Espírito Santo (Sl 45:7, At 10:38; ver Nichol, Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 4, p. 338). Em Isaías 61:1, 2, Jesus interpreta que Ele é o Ungido. Depois de ler a passagem, o Senhor disse aos ouvintes: “Hoje se cumpriu a Escritura que vocês acabam de ouvir” (Lc 4:21).

Sobre esse capítulo, Ellen G. White afirma: “O capítulo 61 de Isaías mostra que Cristo faria a exata obra que realizou” (O Desejado de Todas as Nações, p. 458).

Em outra seção do livro, Ellen G. White apresenta alguns detalhes sobre como Jesus Se referiu a essa passagem de Isaías nessa pregação em Nazaré: “Quando Jesus leu a profecia na sinagoga, parou antes da última informação sobre a obra do Messias. Depois de ler as palavras: ‘a apregoar o ano aceitável do Senhor’, omitiu a frase: ‘e o dia da vingança do nosso Deus’ (Is 61:2). Essa última parte era tão certa como a primeira e, por Seu silêncio, Jesus não negou a verdade. Mas essa última frase era aquela em que Seus ouvintes gostavam de pensar e que desejavam ver cumprida. Clamavam juízos contra os pagãos, não discernindo que sua culpa era ainda maior que a deles. Eles próprios necessitavam profundamente daquela misericórdia que recusavam aos estrangeiros. Aquele dia na sinagoga, em que Jesus Se ergueu entre eles, era sua oportunidade de aceitar o chamado do Céu. Aquele que ‘tem prazer na misericórdia’ (Mq 7:18) ficaria feliz em salvá-los da ruína que os pecados deles estavam atraindo” (O Desejado de Todas as Nações, p. 240, 241).

Aplicação para a vida

1. Deus quer nos glorificar em Seu Filho e restaurar nossa posição como filhos de Seu reino. Quando somos restaurados a essa posição, Ele deseja que reflitamos Seu caráter. Nações e pessoas precisam ver a glória de Deus por meio do Seu povo.

Somos chamados para refletir a glória do Senhor. Nós não somos a luz. Só podemos refletir a luz do Senhor. O que as palavras de Jesus: “Vocês são a luz do mundo” (Mt 5:14) significam para você? De que maneira refletimos Sua luz para os outros?

2. Leia Lucas 4:18, 19: “O Espírito do Senhor está sobre Mim, porque Ele Me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-Me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e proclamar o ano aceitável do Senhor”. Que princípios sobre compartilhar o evangelho podemos extrair desses versos?


O aluno desordeiro

A professora Lyudmila não sabia o que fazer com Matvei, um garoto de seis anos, aluno do primeiro ano na Escola Adventista em Bucha, Ucrânia. Quando tinha uma pergunta durante a aula de língua ucraniana, ele não levantava a mão como as outras crianças. Em vez disso, ele ficava em pé e gritava: “Onde devo escrever?” Durante a aula de matemática, o garoto também não ficava comportado, sentado como as outras crianças. “Em que página do livro estamos?”, ele gritava, caso precisasse dessa informação. Lyudmila tentava explicar a Matvei que ele precisava levantar a mão, antes de falar, e não devia sair do lugar onde se sentava quando tinha uma pergunta. Mas ele não parecia entender. Continuava gritando e interrompendo a aula.

Os alunos do primeiro ano faziam amizade facilmente entre eles. Porém, Matvei tinha problemas para fazer novos amigos. Quando não estava ignorando estava discutindo com as crianças. Se não gostava do que diziam, ele empurrava ou batia nelas. Lyudmila não sabia o que fazer com Matvei. Era seu primeiro emprego depois de sua graduação. Ela queria ajudar o garoto a aprender a fazer amigos. Tntava tornar as aulas mais interessantes e procurava conversar com Matvei. Nada ajudou. Ela não conseguia fazer nada. Certo dia, enquanto voltava da escola, dirigiu-se a Deus em oração.

“Senhor, venho pedir paciência e sabedoria para encontrar uma forma de trabalhar com essa criança!”

Na manhã do dia seguinte, orou novamente.

“Deus, por favor, me conduza durante as aulas. Mostre-me como trabalhar com Matvei e como ensiná-lo.”

Lyudmila orou por Matvei todas as manhãs e todas as noites durante seis semanas. Certo dia, ela notou uma grande mudança em sala de aula. Matvei não se levantava nem gritava para fazer as perguntas. Em vez disso, ele permanecia sentado e levantava a mãe. Ele parou de ignorar, chutar ou bater nas outras crianças. Ao contrário, ele falava gentilmente. Matvei disse que um dos garotos perdeu o lápis e não podia fazer a tarefa escolar.

“Aqui!”, disse. “Toma o meu”. O coração de Lyudmila foi tocado. Matvei só tinha um lápis e decidiu dar para o amigo. Outro amigo viu que Matvei precisava e deu um de seus lápis. Matvei começou a fazer novos amigos. As crianças gostam dele. Ele é bondoso, generoso e está disposto a compartilhar o que tem.

Essa experiencia foi uma grande lição para Lyudmila. “Entendi que somos filhos de Deus”, ela diz. “Deus mostra paciência e amor para conosco. Ele trabalha em nossa vida e refina nosso caráter. Ele fez um milagre em minha vida. Eu nunca pensei que Deus pudesse transformar Matvei tão rapidamente.” E acrescenta: “Eu entendo que quando fazemos tudo o que podemos, Deus fará o impossível em nós e por nós.”

Parte da oferta do trimestre ajudará a escola onde Lyudmila trabalha a construir novas instalações. Atualmente, a escola se reúne nas salas de aula da faculdade. Muito obrigado por sua liberalidade.

 

Dicas da história
• Pronúncia de Matvei: É o nome ucraniano para Mateus.
• O nome da criança foi mudado para proteger a privacidade.
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Comentário da Lição da Escola Sabatina – 1º Trimestre de 2021
Tema Geral: Isaías: consolo para o povo de Deus
Lição 12 – 13 a 20 de março de 2021

O Desejado de Todas as Nações

Autor: Sérgio Monteiro
Editoração: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
Revisora: Josiéli Nóbrega

Por quê? Essa é a pergunta que brota do coração humano diante de situações que fogem de seu controle e que, de uma ou de outra forma, trazem desconforto ou dor. É uma pergunta que, de fato, não tem um ouvinte direcionado. Mesmo para o cristão, ela nem sempre é direcionada primariamente ou no primeiro momento para Deus. Ela é, de fato, quase uma catarse que não espera resposta, não sendo um meio para um fim, mas um fim em si mesma. Noutros casos, de fato, ela é dirigida a Deus, numa busca de compreensão da ação e da resposta de um Deus bondoso, infinito em poder, mas que parece estar insensivelmente silencioso e indiferente diante de nosso sofrimento. Esse é o “por quê” apresentado na lição desta semana.

A resposta de Deus para a pergunta de Seu povo é que Seu silêncio era causado por seus pecados. Todo o livro de Isaías demonstra que o pecado era (e é) o grande problema do relacionamento entre Deus e Seu povo. E o pecado não pode ser reduzido a meros atos de tropeço ou transgressão da lei. Não! De fato, o pecado, como nos mostra Isaías, é algo muito mais profundo e amplo do que isso. É a quebra da relação de confiança e aliança entre Deus e o povo. O pecado deve ser visto como o constante dar de costas a Deus e às Suas repreensões e convites. Atos são consequências, não causas. A causa é mais profunda: há uma quebra do relacionamento e isso causa silêncio.

Deus não tirou de Seu povo o direito ao protesto, mas apresentou que seu protesto seria inútil e vazio se não houvesse uma reaproximação Dele, refletida em mudança interna de cada pessoa, a qual devia aprender de Deus e receber Seu perdão. Ele pode ouvir e pode agir, mas Sua ação e Sua fala são percebidos e sentidos somente por aqueles que, como o próprio Isaías, passam pela experiência redentiva e purificadora de ter seus pecados perdoados.

Esse perdão, como é claramente expresso pelo próprio Deus, é sempre precedido de arrependimento (interno) e confissão (externa). Não pode haver inversão. O ato externo NUNCA pode ser a expressão primária nem antecedente do relacionamento reatado com Deus. Ele é efeito, não causa. Ele é resultado, não motivação. Ele é a materialização do invisível. O diálogo antifônico do capítulo 59 expõe de forma clara a correta sequência do restabelecimento da aliança com Deus. Os versos 1-8 apresentam a proclamação divina das causas da falta de resposta Dele para os sofrimentos e pedidos do povo. Já os versos 9-14, no hebraico, são plenos de verbos que expressam lentidão e reflexão, levando o leitor a entender que ali é o povo que parece cair em si e expressar arrependimento. O verso 15, iniciando com uma forma do imperfeito hebraico, parece retomar o discurso do Eterno enfatizando a realidade do que o povo havia declarado nos versos anteriores, expressando Sua indignação, mas também Sua aceitação do arrependimento e confissão. Nos versos subsequentes, adentrando ao capítulo 60, a figura preeminente é a de Deus agindo como Redentor em contraste com o sentimento do povo e em uma clara alusão ao verso 1 de Isaías 59: O Deus que parecia estar silente, agora estava trajado de vestes de guerra para lutar e redimir Sua nação e Seu povo e restabelecer a aliança com ele.

Como resultado de Sua ação, as próprias nações seriam atraídas para Sião. É interessante que a menção aqui não é a Israel, mas a Sião. Não é o povo em si que magicamente passa a ser visto de forma digna e honrosa, mas é a presença de Deus em Sião que torna esse lugar, essa nação e esse povo de tal forma sublimes que atraem reis e os fazem servir nesse lugar. Por isso, o Desejado de Todas as Nações não pode ser Israel, tampouco um governante humano. De fato, o livro de Isaías, em concordância com a história em Reis, Crônicas e Samuel, também possui uma característica histórica e literária marcante: ele denuncia que mesmo os mais justos dos reis não poderiam fazer de Israel algo que o tornasse agradável, atraente e justo para as nações. Todos os reis, inclusive Davi e Salomão, os paradigmáticos reis de Israel são pintados como falhos. Ezequias, mesmo confiando em Deus, ainda assim pensou de si algo mais do que ele mesmo era. A mensagem é clara: nenhum rei humano poderia fazer de Israel a nação que Deus desejava e elegera. Essa era uma transformação que apenas o próprio Deus poderia e iria fazer, através do Messias, do Redentor.

A menção a reis e nações no capítulo 60 acentua também o caráter universal da obra divina. Novamente, essa característica divina permeia o livro de Isaías: o Deus de Israel é também o Deus de todas as nações e, ainda que elas não O conheçam, Ele as conhece e Se interessa em seus destinos. Israel é, além de receptor primário das bênçãos divinas, um condutor das mesmas. Nenhuma benção a Israel excluiria as nações vizinhas, mas, vez após vez, as bênçãos são mencionadas no contexto de atração às nações. E isso é acentuado no Novo Testamento, através do conjunto de parábolas de Jesus narradas em Lucas 15 e 16. Na parábola do filho pródigo, em Lucas 15:11-32, o personagem principal é o filho mais velho, representando os judeus, enquanto o filho mais novo, que se afasta da casa do Pai são as nações. A menção aos porcos com os quais o filho mais novo se envolvia parece ser uma alusão à maneira pela qual os gentios eram chamados naquele tempo: porcos. A atitude do filho mais velho, por sua vez, era a atitude judaica comum diante de algum gentio que se aproximava do povo. Não havia recepção calorosa do gentio que se acercava do Pai. Ao contrário, muitos eram mantidos sempre como “convertidos”, como gentios “tementes” a Deus, mas jamais integrados ao Reino de Deus. E o Pai da Parábola, assim como o Eterno em Isaías, não se alegrava com essa atitude. Por quê?

Justamente na proclamação do ano aceitável ao Eterno, com sua ênfase redentiva, reside a resposta mais direta. No Yovel – ou ano do jubileu – todas as amarras de escravidão deveriam ser postas de lado e a proclamação de liberdade e descanso deveria ser feita. Era a terra que descansava, mas era o povo nela habitando que se beneficiava. Eram os escravos libertos, mas eram também os libertadores que podiam refletir sobre o que significou a saída do Egito para seus pais.

O termo hebraico ratson utilizado para “aceitável” em nossa tradução seria mais bem traduzido por vontade ou favor. A ideia é de cumprir a vontade ou ser favorável a alguém ou alguma coisa, ou ainda de cumprir a vontade e se satisfazer. No texto, o ano proclamado é o ano em que a vontade de Deus seria cumprida, através da proclamação da liberdade pelo Libertador e Redentor, que Se vestiu de vestes de justiça no capítulo 59. Portanto, o ano “favorável” é, de fato, o ano do cumprimento da vontade de Deus de salvar e libertar Seu povo. A vingança anunciada é sobre aqueles que os oprimiam, sendo também o tempo do consolo para os oprimidos.

Não pode haver mensagem mais equilibrada nem apresentação mais precisa de quem é Deus. Aquele que denuncia e apresenta os pecados de Israel é Ele mesmo a solução. Se não há um intercessor, alguém que se prontifique a estar entre os Céus e a Terra, Ele mesmo será essa ponte. Se ninguém possui a coragem para batalhar pela justiça e guiar na verdade, Ele se cingirá das vestes de Guerreiro e lutará para estabelecer a justiça e trazer a paz. Ele não Se exime de denunciar os pecados de Seu povo, porque ele pode prover a solução e Suas palavras podem alcançar corações e mudar mentes. Apenas as palavras Dele!

Conheça o autor dos comentários para este trimestre: O Pr. Sérgio Monteiro é casado com Olga Bouchard de Monteiro. É pai de Natassjia Bouchard Monteiro e Marcos Bouchard Monteiro. É bacharel em Teologia, mestre em Teologia Bíblica e cursa doutorado em Bíblia hebraica. É pastor na Escola do Pensar e no Instituto de Estudos Judaicos Feodor Meyer. É membro da Adventist Theological Society, International Association for the Old Testament Studies e Associação dos Biblistas Brasileiros.