Lição 1
27 de março a 02 de abril
O que aconteceu?
Sábado à tarde
Ano Bíblico: 1Sm 14-16
Verso para memorizar: “E Deus disse: – Façamos o ser humano à Nossa imagem, conforme a Nossa semelhança [...]. Assim Deus criou o ser humano à Sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gn 1:26, 27).
Leituras da semana: Sl 100:3; At 17:26; Gn 2:7, 18-25; 1:28, 29; 3:15

O relato bíblico da criação da humanidade é repleto de esperança, felicidade e perfeição. Cada dia da criação terminou com o pronunciamento divino de que “isso era bom”. Certamente não estavam incluídos aí tufões, terremotos, fome e doenças. O que aconteceu?

O sexto dia da criação terminou com o pronunciamento divino de que tudo “era muito bom”. A razão é que, naquele dia, o Senhor havia criado seres humanos à Sua imagem. Algo que Ele não havia feito com mais nada no relato de Gênesis. Evidentemente, esses seres eram perfeitos em todos os sentidos; eles tinham que ser! Afinal, haviam sido feitos à imagem de Deus. Portanto, por absoluta necessidade, não estavam incluídos assassinos, ladrões, mentirosos, trapaceiros e perversos em seu meio. O que aconteceu?

A lição desta semana examina a criação, o que Deus primeiramente havia feito e depois o que aconteceu com essa criação perfeita. Finalmente, ela aborda o tema do trimestre: o que Deus está fazendo para corrigir as coisas.

Resumo da semana: O que a Bíblia ensina sobre as origens? Que tipo de relacionamento Deus queria ter com a humanidade? Qual era o propósito da árvore do conhecimento do bem e do mal? Que esperança foi dada a Adão e Eva depois que eles pecaram?



Domingo, 28 de março
Ano Bíblico: 1Sm 17-19
Tartarugas do começo ao fim

“No princípio, Deus criou os céus e a Terra” (Gn 1:1). 
Um cientista havia acabado de dar uma palestra sobre as órbitas dos planetas ao redor do Sol e a órbita do Sol ao redor do centro da galáxia, quando uma senhora idosa, de tênis preto, levantou-se e disse que a Terra era um disco plano assentado no casco de uma tartaruga. O cientista, brincando, perguntou em que a tartaruga estava assentada, e ela respondeu que estava assentada em outra tartaruga. O cientista continuou em tom de gracejo: “Senhora, e no que essa outra tartaruga está assentada?” Ela respondeu: “Em outra tartaruga”, mas antes que ele pudesse questionar no que aquela outra tartaruga estava assentada, ela gesticulou com o dedo indicando que não e retrucou: “Poupe o fôlego, filho, são tartarugas do começo ao fim”.

Embora engraçada, essa história lida com a questão mais crucial da existência humana – a natureza do Universo. O que é esse mundo no qual nos encontramos sem que tivéssemos feito essa escolha? Por que estamos aqui? Como chegamos aqui? E para onde estamos indo?

Essas são as perguntas mais fundamentais que as pessoas podem fazer, pois nossa compreensão de quem somos e de como chegamos aqui afetará nossa compreensão de como vivemos e como agimos enquanto estamos aqui.

1. Leia os seguintes textos: Gn 1:1; Sl 100:3; Is 40:28; At 17:26; Ef 3:9; Hb 1:2, 10. Como cada um deles responde às perguntas acima? Que aspecto todos eles têm em comum?
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Em Gênesis 1:1, e mesmo em outros textos, o Senhor não tenta provar que Ele é o Criador. Não há argumentação elaborada para defender esse conceito. Em vez disso, o argumento é colocado de maneira simples e clara, sem uma tentativa de justificá-lo, explicá-lo ou prová-lo. Ou o aceitamos pela fé, ou não o aceitamos. Na verdade, a fé é a única maneira de aceitá-lo, por uma simples razão: nenhum de nós estava aqui para ver o processo de criação. Seria uma impossibilidade lógica estarmos presentes em nossa própria criação. Mesmo os secularistas, seja qual for sua visão das origens, têm que aceitar essa visão pela fé pela mesma razão que nós, criacionistas, temos: nenhum de nós estava lá para ver o evento.

Ainda que Deus peça que creiamos Nele como Criador, Ele nos dá razões para crer. Ao percebermos que há certa quantidade de fé necessária em quase tudo que acreditamos, por que faz sentido crer que estamos aqui porque um Criador propositalmente nos colocou no mundo, em lugar de achar que nossas origens estejam enraizadas no acaso?



Segunda-feira, 29 de março
Ano Bíblico: 1Sm 20-23
À imagem do Criador (Gn 1:27)

2. Deus criou a humanidade – homem e mulher – “à Sua imagem” (Gn 1:27). Com base nessa ideia, responda às seguintes perguntas:

I. O que significa o fato de Deus ter nos criado à Sua imagem? Em que sentido somos feitos “à Sua imagem”? Assinale a alternativa correta:
A. ( ) Somos semelhantes a Ele, pois temos a faculdade do raciocínio.
B. ( ) Somos feitos à Sua imagem apenas na aparência física.

II. O Senhor fez outras coisas “à Sua imagem”, além do ser humano? O que isso revela sobre nossa condição única, em contraste com o restante da criação? Quais lições podemos tirar desse contraste?

III. O que mais, no relato da criação, diferencia o ser humano das outras criaturas feitas pelo Senhor? (Gn 2:7, 18-25).

Embora tenhamos que falar de Deus na terminologia humana, não devemos nos esquecer de que Ele é um Ser espiritual (Jo 4:24), possuindo características divinas. Tudo que podemos dizer é que, em nossa natureza física, mental e espiritual, refletimos de alguma forma o ­Criador, por mais que muitas coisas sobre Ele ainda estejam, ao menos para nós, envoltas em mistério. No entanto, a Bíblia enfatiza os aspectos espirituais e intelectuais de nossa mente. Podemos desenvolver esses aspectos. A singularidade da mente humana é o que torna possível o relacionamento com Deus, algo que o restante das criaturas terrestres parece incapaz de fazer.

Observe também o relato singular de como Deus criou a mulher. Tanto o homem quanto a mulher compartilham o incrível privilégio de ter sido feitos à imagem de Deus. Em sua criação, não há indício de inferioridade de um para o outro. O próprio Deus criou os dois do mesmo material. Deus criou os dois iguais desde o início e os colocou juntos em um relacionamento especial com Ele. Ambos tiveram a mesma oportunidade de desenvolver seu caráter dado por Deus de maneira que O glorificasse.

“O próprio Deus deu a Adão uma companheira. Proveu-lhe uma “auxiliadora”, alguém que o ajudasse e lhe correspondesse, que estivesse em condições de ser sua companheira e que poderia ser um com ele, em amor e companheirismo. Eva foi criada de uma costela tirada do lado de Adão, significando que não o deveria dominar, como a cabeça, nem ser pisada sob os pés como se fosse inferior, mas estar ao seu lado como igual e ser amada e protegida por ele” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 46).



Terça-feira, 30 de março
Ano Bíblico: 1Sm 24-27
Deus e a humanidade juntos (Gn 1:28, 29)

Observe as primeiras palavras ditas por Deus ao ser humano, pelo menos conforme elas aparecem nas Escrituras. O Senhor indicou a capacidade que eles tinham de procriar, de reproduzir mais da própria espécie. Ele também lhes mostrou a Terra, a criação, e lhes ordenou que a povoassem, subjugassem e dominassem. Deus também mostrou ao casal as plantas que eles podiam comer. Em resumo, de acordo com a Bíblia, as primeiras palavras de Deus para o homem e a mulher tratavam especificamente da interação e do relacionamento deles com o mundo físico.

3. De acordo com Gênesis 1:28, 29, como Deus via o mundo material? O texto sugere que houvesse algo ruim nas coisas materiais e em usufruir delas? Quais lições aprendemos com essas cenas iniciais da história humana de como devemos nos relacionar com a própria criação?
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Além disso, com essas palavras Deus deu os primeiros passos em direção a um relacionamento com a humanidade. Ele falou com o casal, deu-lhes ordens, disse-lhes o que deviam fazer. Também existia uma responsabilidade implícita nas palavras. Deus pediu que eles tivessem domínio sobre essa maravilhosa criação que Ele mesmo havia feito.

4. Gênesis 1:28 declara que Deus abençoou Adão e Eva. O que isso significa? Que tipo de relacionamento isso sugere entre eles e o Criador?
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Deus Se dirigiu a Adão e Eva como seres inteligentes que poderiam responder à Sua bondade e entrar em comunhão com Ele. Além disso, como filhos, Adão e Eva dependiam da bênção e do cuidado de seu Pai e ­Criador. Ele provia tudo o que eles necessitavam. Eles não faziam nada para merecer o que o Senhor lhes concedia. Eram puramente receptores de algo que não mereciam.

Quando lemos sobre a criação do homem e da mulher, podemos ver, antes do pecado, elementos do tipo de relacionamento que Deus deseja que tenhamos com Ele hoje, depois do pecado. Como podemos nos relacionar com Ele, mesmo em nossa condição decaída?



Quarta-feira, 31 de março
Ano Bíblico: 1Sm 28-31
Junto à árvore

5. Adão e Eva foram submetidos a um teste em que tiveram a oportunidade de exercitar seu livre-arbítrio. Qual foi o teste? Gn 2:16, 17

O casal foi desafiado a responder de maneira positiva ou negativa em seu relacionamento com o Criador. O teste mostra que Deus os criou como seres livres e morais. Afinal, se eles não tivessem a oportunidade de desobedecer, por que o Senhor teria Se dado ao trabalho de adverti-los, inicialmente, contra a desobediência?

“Todas as coisas que vêm antes nesse capítulo abriram o caminho para esse clímax [Gn 2:16, 17]. O futuro da humanidade estava centrado nessa proibição única. O ser humano não precisava ser confundido por uma multiplicidade de questões. Somente uma ordenança divina deveria ser mantida em mente. Ao limitar, assim, o número de ordens a uma só, Yaweh deu sinais de Sua misericórdia. Além disso, para indicar que esse único mandamento não era penoso, o Senhor o colocou no contexto de uma ampla permissão: ‘De toda árvore do jardim comerás livremente’” (H. C. ­Leupold, Exposition of Genesis [Exposição de Gênesis]. Columbus, OH: ­Wartburg Press, 1942, v. 1, p. 127).

Ao chamar o casal a obedecer à Sua vontade, Deus estava dizendo: Eu sou seu Criador e fiz vocês à Minha imagem. Sua vida é sustentada por Mim, pois por Mim vocês vivem, movem-se e existem. Eu providenciei tudo para seu bem-estar e felicidade (sustento, lar e companheirismo) e os estabeleci como governantes deste mundo abaixo da Minha autoridade. Se vocês estiverem dispostos a confirmar esse relacionamento Comigo porque Me amam, Eu serei seu Deus e vocês serão Meus filhos. E vocês podem confirmar esse relacionamento e a confiança implícita nele simplesmente obedecendo a esse mandamento específico.

Portanto, nosso relacionamento com Deus pode ser eficaz e duradouro apenas se escolhermos livremente aceitar Sua vontade, que é o melhor para nós. Rejeitá-la é, em essência, declarar independência Dele. Indica que acreditamos que não precisamos Dele. Essa escolha resulta no conhecimento do mal, que leva à alienação, solidão, frustração e morte.


O Criador deu a Adão e Eva um teste de lealdade e fé. Seriam eles leais Àquele que lhes havia concedido tudo de que precisavam, em um mundo de delícias, ou seguiriam seu próprio caminho, independentemente da vontade de Deus? Teriam fé suficiente em Sua palavra? O teste foi a árvore do conhecimento do bem e do mal. Enfrentamos testes semelhantes todos os dias? A lei de Deus funciona como um paralelo ao mandamento de Gênesis 2:16, 17?



Quinta-feira, 01 de abril
Ano Bíblico: 2Sm 1-4
Rompendo o relacionamento

6. Temos a tendência de crer nas pessoas que conhecemos e desconfiar das que não conhecemos. Eva teria desconfiado de ­Satanás. Além disso, qualquer ataque direto a Deus a teria deixado na defensiva. Quais medidas, então, Satanás tomou para contornar as defesas naturais de Eva? Gn 3:1-6
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“Por mais deplorável que fosse a transgressão, cheia de possíveis infortúnios para a família humana, a escolha de Eva não envolvia necessariamente a raça na penalidade dessa transgressão. Não foi a escolha de Eva, mas a deliberada escolha de Adão, na plena compreensão de uma ordem expressa de Deus, que tornou o pecado e a morte a sorte inevitável da humanidade. Eva foi enganada, mas o mesmo não ocorreu com Adão” (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 1, p. 215).

Como resultado da flagrante transgressão e desrespeito ao mandamento de Deus, o relacionamento entre Ele e a humanidade foi rompido. De uma comunhão aberta que desfrutavam com Deus, passaram a fugir, temendo Sua presença (Gn 3:8-10). Alienação e separação substituíram o companheirismo e a comunhão. O pecado apareceu e, com ele, resultados terríveis. A menos que algo fosse feito, a humanidade seguiria para a ruína eterna.

7. No meio da tragédia, quais foram as palavras de esperança e promessa de Deus? Gn 3:15
A. ( ) Deus destruirá o mundo e o reconstruirá sem a presença humana.
B. ( ) Ele disse que o Seu Descendente feriria a cabeça da serpente.

A palavra profética fala da hostilidade divinamente ordenada entre a serpente e a mulher, entre o Descendente da mulher e a descendência da serpente. Isso culmina com o surgimento do Descendente, representando a semente da mulher, que golpearia mortalmente a cabeça de ­Satanás, enquanto este só seria capaz de machucar o calcanhar do Messias.

Em seu desamparo, Adão e Eva obteriam esperança por meio dessa promessa, que transformaria sua existência, pois era dada e mantida por Deus. A promessa do Messias e da vitória, embora vagamente apresentada, afastou a escuridão que o pecado havia trazido.

Deus perguntou: “Onde você está?” (Gn 3:9). Deus sabia onde eles estavam. Em vez de condenar, Ele atraiu os culpados de volta a Ele. As primeiras palavras de Deus ao ser humano caído vieram com a esperança de Sua graça e misericórdia. Deus nos chama à Sua graça hoje?



Sexta-feira, 02 de abril
Ano Bíblico: 2Sm 5-7
Estudo adicional

A Bíblia é repleta de apelos a pecadores e apóstatas (Sl 95:7, 8; Is 55:1, 2, 6, 7; Lc 15:3-7; 19:10). Quais outros apelos encontramos?

Leia os seguintes textos de Ellen G. White: Patriarcas e Profetas, p. 44-51 (“A criação”), p. 52-62 (“A queda da humanidade”) e p. 63-70 (“O plano da redenção”).

“Penso que havia um sermão do evangelho naquelas duas palavras divinas à medida que elas atravessavam as densas partes da mata e alcançavam os ouvidos dos fugitivos: ‘Onde você está?’ Seu Deus não está disposto a perder você; Ele saiu para buscá-lo, assim como logo pretende vir na Pessoa de Seu Filho, não apenas para buscar, mas também para salvar o que agora está perdido” (Charles Haddon Spurgeon, “The Treasury of the Bible” [Tesouro da Bíblia], Old Testament [Antigo Testamento], v. 1. Grand Rapids, MI: Editora Zondervan, 1962, p. 11).

Perguntas para consideração:
1. Visto que o Deus bondoso busca a humanidade, como podemos responder a essa expressão de amor do Pai e de Jesus Cristo? Como o Senhor espera que respondamos?
2. Compare a imagem bíblica da humanidade, caída de um lugar elevado na criação de Deus e necessitando de redenção, com a teoria evolucionista. Qual oferece mais esperança?
3. Relacionamentos afetuosos são essenciais à felicidade? Por que uma conexão próspera com Deus é necessária para esses vínculos? Qual é a influência de relacionamentos saudáveis sobre as pessoas (pai e filho, amigo e amigo, marido e esposa, empregador e empregado)?

Resumo: Deus nos criou à Sua imagem para que tivéssemos comunhão amorosa com Ele. Embora a entrada do pecado tenha destruído a união original, Deus procura restaurar esse relacionamento por meio do plano da redenção. Como criaturas dependentes, a vida assume verdadeiro significado e clareza somente quando nos unimos ao Criador.

Respostas e atividades da semana: 1. Temos uma origem: Deus é nosso Criador. 2.I. A. 2.II. Não, o Senhor fez apenas o ser humano à Sua imagem. Isso nos coloca em uma posição diferenciada e especial em relação ao restante das Suas criaturas. 2.III. Deus o criou com as próprias mãos e o colocou para nomear e liderar os outros seres. 3. Não há indicação de algo ruim na criação. Tudo era perfeito. 4. Deus havia criado a humanidade de maneira especial e assim também seria o relacionamento entre criatura e Criador. 5. Eles não deveriam comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. 6. Ele se apresentou de maneira sutil e sagaz, perguntando o que Deus havia dito para depois contradizer as palavras do Senhor. Sua estratégia foi misturar verdade com mentiras. 7. B.



Resumo da Lição 1
O que aconteceu?

Foco do Estudo: Gn 1:26, 27

Esboço

Deus criou a humanidade à Sua imagem para que pudesse existir um relacionamento profundo entre Ele e nós. O desrespeito de Adão e Eva para com a vontade divina quebrou esse relacionamento. No entanto, Deus tinha um plano B: por meio de Jesus, Seu Filho, o relacionamento quebrado seria restaurado.

Comentário

A curiosidade irreverente é uma armadilha diabólica para a fé quando a pessoa busca sondar verdades que Deus jamais quis que fossem investigadas (ver Dt 29:29). “Mas quando Deus disse a Seu Filho: ‘Façamos o homem à Nossa imagem’ (Gn 1:26, ARA), Satanás teve ciúmes de Jesus. Ele desejava ser consultado sobre a formação do homem, e porque não o foi, encheu-se de inveja, ciúmes e ódio” (Ellen G. White, Primeiros Escritos, p. 145).

Tartarugas do começo ao fim

Em Gênesis 1:1, o verbo hebraico especial bara (criar) expressa a capacidade da Divindade de converter energia cósmica em matéria. Alguns acreditam que o verbo bara expressa a liberação divina de energias criativas, que produziram algo do nada. Bara foi concretizado em “criação absoluta, isto é, [...] um começo e um desenvolvimento do nada (ex nihilo) e não qualquer mera modelagem de alguma matéria preexistente ou pré-matéria” (Harold Kuhn, “God Makes”, in The Living God: Readings in Christian Theology [“Deus Faz”, em O Deus Vivo: Interpretações da Teologia Cristã], ed. Millard J. Erickson. Grand Rapids, MI: Baker Book House, 1983, p. 481).

A fé perene se desenvolve na escuridão do desconhecido divino, brilhando como um farol castigado pela tempestade, que permanece forte, apesar das ondas de descrença. É uma fé como essa que sobrevive à névoa obscura de sistemas de crenças antibíblicas sobre a origem da humanidade.
“O espiritismo ensina ‘que o ser humano é uma criatura capaz de progredir’” (Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 554). “O darwinismo social [...] estabelece a base para que geneticistas e biólogos, sob o manto da ciência, categorizem os seres humanos de forma a apoiar a superioridade racial, uma ideia que teve seu apogeu na Alemanha nazista” (Charles E. Bradford, Sabbath Roots: The African Connection [Raízes Sabáticas: A Conexão Africana]. Silver Spring, MD: Ministerial Association of the General Conference of Seventh-day Adventists, 1999, p. 66, 67).

À imagem do Criador

Com base no seguinte recurso, sugeriu-se que “tselem (imagem) denota o contorno da sombra de uma figura, e damuth (semelhança), a correspondência ou semelhança dessa sombra com a figura” (H. D. M. Spence e Joseph S. Excell, ed., The Pulpit Commentary, v. 1, “Genesis-Exodus” [Comentário Para o Púlpito, v. 1, “Gênesis-Êxodo”]. Peabody, Mass.: Hendrickson Publishers, 1961, p. 30).

“Como Deus, [o homem] possuía a liberdade de escolha – o direito de pensar e agir de acordo com imperativos morais. Assim, ele se achava livre para amar e obedecer ou para desconfiar e desobedecer” (Nisto Cremos, as 28 Crenças Fundamentais da Igreja Adventista do Sétimo Dia, Associação Ministerial da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia, 2018, p. 108).

Deus e a humanidade juntos

No sentido bíblico, quando “Deus abençoa” Ele habilita a função ou o cumprimento do que ou de quem foi abençoado. “Deus criou o ser humano para Sua própria glória, para que depois de testada e provada, a família humana pudesse se tornar uma com a família celestial. Era propósito de Deus repovoar o Céu com a família humana, caso ela se demonstrasse obediente a cada palavra divina” (Comentários de Ellen G. White, Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 1, p. 1190; ver também Is 43:7).

Junto à árvore

“Seus seguidores foram procurá-lo, e ele [Satanás], erguendo-se e assumindo um ar de desafio, informou-os de seus planos para tirar de Deus o nobre Adão e sua companheira Eva. [...] Eles pensavam que, se pudessem ter acesso à árvore da vida no meio do jardim, sua força seria igual à dos santos anjos, e nem mesmo o próprio Deus poderia expulsá-los” (Ellen G. White, História da Redenção, p. 27, 28).

Em termos simples, Deus advertiu o par inocente a evitar uma árvore específica que ficava na reserva divina. “O Senhor me proporcionou uma vista de outros mundos. Foram-me dadas asas, e um anjo me acompanhou da cidade a um lugar brilhante e glorioso. A relva era de um verde vivo, e os pássaros gorjeavam ali cânticos suaves. Os habitantes do lugar eram de todas as estaturas; nobres, majestosos e formosos. [...] Vi então duas árvores. Uma se assemelhava muito à árvore da vida, existente na cidade. O fruto de ambas tinha belo aspecto, mas o de uma delas não era permitido comer. Tinham a faculdade de comer de ambas, mas era-lhes vedado comer de uma. Então meu anjo assistente me disse: ‘Ninguém aqui provou da árvore proibida’” (Ellen G. White, Primeiros Escritos, p. 39, 40; ver também Gn 2:15-17).

Rompendo o relacionamento

A teologia da rebelião humana está ligada ao raciocínio profano de Adão, que assimilou o fruto proibido do relativismo. O relativismo, um novo paradigma do mal, em que o eu mantém a tendência de decidir seus próprios parâmetros de moralidade, compete com a soberana vontade de Deus e é totalmente invencível, exceto por intervenção divina. (Ver Jz 21:25). Os resultados foram trágicos. “Ambos comeram, e a grande sabedoria que obtiveram foi o conhecimento do pecado e o senso de culpa. A veste de luz que os cercava logo desapareceu. Sob um senso de culpa e a perda de sua cobertura divina, um tremor tomou conta deles” (Ellen G. White, História da Redenção, p. 37).

Aplicação para a vida

Para reflexão: Vivemos com os efeitos do pecado em todos os aspectos da nossa vida. Existe uma doutrina teológica chamada “depravação total”. Embora ela não signifique o que a expressão normalmente significa hoje, o sentido não é muito melhor que isso. Trata-se da ideia de que todos os aspectos da existência humana foram danificados pelo pecado. Infelizmente, esse parece ser o caso.

1. Como vemos a realidade dessa “depravação total” manifestada em nossa própria vida? O que podemos fazer sobre isso? Ou, se não podemos fazer nada a respeito, já que é nossa natureza, como podemos vencer essa natureza, e até que ponto?

2. A queda nos impede seriamente de ter um relacionamento completo com Deus. Jesus morreu para que esse relacionamento fosse restaurado. Como o poder da cruz nos permite recuperá-lo?

3. Nosso Criador dedicou tempo e cuidado extras para criar Adão e Eva. Na sua opinião, por que Ele fez da criação deles um evento que seria comentado, admirado e debatido por toda a eternidade? Compare a criação da humanidade por Deus com os preparativos que futuros pais fazem para a chegada de seu primogênito. Como essas semelhanças o ajudam a entender o amor divino?

4. Como o acesso ao poder divino nos ajuda em nosso crescimento espiritual e em nossa compreensão do plano de Deus para nós?

5. Por Sua onisciência, Deus estava bem ciente do “risco” de criar a humanidade à Sua imagem. Imagine Seu coração pesaroso ao ter que recorrer ao “plano B: morte de Seu Filho Único”. O que o plano B significa para você quando ultrapassa os limites de seu relacionamento com Deus? Em que suas distrações e tentações são semelhantes às que Adão e Eva enfrentaram?

6. Quando Jesus viveu na Terra, Seu toque curou muitos que creram. Seu toque foi um vislumbre de Seu poder criativo. Antes de partir, Ele prometeu que continuaríamos a ter acesso ao Seu poder criativo (Jo 14:12-14). Essa promessa é figurativa ou literal? Explique. Como essa promessa pode fazer diferença em sua vida?

7. Gênesis indica que a humanidade foi originalmente criada à imagem divina. Isso se aplica apenas ao estado de existência antes da queda, ou ainda é, em certo sentido, verdade? Comente com a classe.

8. Deus disse a Adão e Eva para dominar e sujeitar a Terra e as forças da natureza. Como devemos interpretar esse comando à luz da exploração frequentemente irresponsável da natureza pela humanidade?

9. Adão e Eva caíram como resultado do exercício de seu livre-arbítrio, o qual, embora nos tenha sido dado como um presente, transformou-se em maldição. Você consegue pensar em exemplos de outras coisas que são boas em si mesmas, mas que podem se tornar más como resultado de escolhas erradas?

10. Adão, em vez de seguir a Deus, seguiu Eva. O que isso nos diz sobre o perigo de permitir que outras pessoas ou coisas nos desviem do nosso compromisso com Deus?


Conquistador de garotas ou conquistado por Deus?

Quando Daniel estava com onze anos, um vizinho lhe apresentou o hip hop. Ele vivia na capital de Suriname, Paramaribo. Daniel já havia visto a dança pela televisão, mas nunca ao vivo. Ele ficou impressionado com os saltos, paradas de mão e pessoas fazendo saltos consecutivos usando apenas uma mão. Querendo chamar a atenção das garotas, e percebendo que elas gostavam dos dançarinos, decidiu aprender a dançar. Daniel gostava muito de dançar. Certa ocasião, ele venceu um show de talentos local e conseguiu uma viagem para a Holanda. Sua popularidade disparou e as garotas se amontoavam ao seu lado.

Certo dia, enquanto estava sentado na cama em meio a seus pensamentos, Daniel pareceu ouvir uma voz falar: “O que você quer fazer com sua vida?” Surpreso, ele se perguntou se a voz era do Espírito Santo. Na infância, ele acompanhava os pais à igreja, porém não mais a frequentava havia anos. Ele não gostou de pensar que o Espírito Santo estivesse falando ao coração; afinal, gostava da fama e dos prazeres do mundo. “Por favor, Senhor, agora não”, Daniel disse. Ele resolveu dançar até ficar mais velho e, então, quando não conseguisse mais dançar, voltaria à igreja. 

Daniel começou a ter pesadelos nos quais era atacado por demônios. Mas, certa noite, sonhou com a segunda vinda de Jesus. Ele via Cristo, vestido de branco, nas nuvens. O mundo estava em chamas e as pessoas corriam e gritavam. Daniel acordou com o coração acelerado. “Estou perdido! Estou perdido! Estou perdido!”, pensou. “Preciso voltar a Deus.” Mas não voltou. 

Os anos se passaram e, aos 19 anos, ele mudou para casa de parentes nãocristãos enquanto cursava a faculdade. Certo dia, ele encontrou um DVD com o título “A verdade sobre o Hip-Hop”. Aquele era um produto de um ministério cristão, por isso, ele ficou surpreso ao encontrar o DVD em um lar não-cristão. “Quem comprou isso?”, ele perguntou aos parentes. Ninguém sabia como aquele DVD havia chegado lá.

Daniel assistiu e ficou impressionado. Viu que o hip-hop tinha origem nos grupos de gangues e estava associado ao assassinato, violência e drogas ilegais. Ele ficou confuso. “O hip-hop parece estar intimamente relacionado com coisas ruins”, pensou. “Eu não concordo. Para mim, esse ritmo é simplesmente um estilo de vida para cantar, se divertir e ter muitas garotas.” Então, perguntou a um amigo dançarino se o conteúdo do DVD era verdadeiro, mas o amigo contestou: “Não é verdade. De qualquer forma, quem se importa?”

Daniel continuou dançando, mas também começou a frequentar a igreja adventista com um primo. Na metade de uma série evangelística mensal, ele respondeu ao apelo quando o pregador pediu aos que desejavam ser batizados irem à frente. Mas seu corpo todo tremia. Era como se ouvisse duas vozes na sua mente. “Você vai abandonar a dança por isso?”, uma voz disse. “Você vai abandonar a riqueza, as garotas e a fama?” Outra voz dizia: “Escolha a Jesus. Ele é o único caminho.”

Enquanto ele oscilava sobre se deveria atender ao chamado do Espirito Santo, o pregador incentivou àqueles que estavam indecisos a atenderem ao apelo. Daniel pensou sobre a riqueza, fama e garotas. Então, decidiu se sentar. Naquela noite, enquanto estava em casa, ajoelhou e orou: “Deus, se você quer que arrependa, mostre-me um sinal amanhã. Dê-me a coragem para caminhar até a frente do auditório se o pregador repetir o apelo.” 

Na noite seguinte, o pregador fez outro apelo. Daniel levantou-se e seu corpo inteiro tremia vigorosamente. Novamente, ele ouviu as duas vozes. “Senhor”, ele orou, “dá-me a força necessária para dar o primeiro passo até a frente do auditório.” Naquele momento, sentiu algo empurrar gentilmente para frente. Ele deu o primeiro passo. Depois disso, foi fácil dar o segundo passo e rapidamente estava perto do pregador.

Hoje, Daniel tem 29 anos e estuda teologia na Universidade Adventista do Sul do Caribe. Ele também se denomina de evangelista do Facebook. Há seis anos, ele posta vídeos inspirados e Estudos Bíblicos online. Como resultado desse ministério, vinte e quatro pessoas foram batizadas. “Deus tem sido benevolente para comigo”, diz ele. “Por isso levo a missão muito a sério.”

Muito obrigado porque, há três anos, a oferta do trimestre ajudou a construir a primeira igreja na Universidade Adventista do Sul do Caribe, instituição que Daniel estuda, localizada em Trinidad e Tobago. Muito obrigado por se lembrar da universidade com as ofertas do trimestre, que ajudarão a abrir um centro de influência “Viva melhor” no campus, no qual os alunos serão treinados para a vida missionária.

Informações adicionais

• Assista ao vídeo sobre Daniel no YouTube: bit.ly/Daniel-Amattaeran.
• Faça o download das fotos no Facebook (bit.ly/fb-mq).
• Para mais informações missionárias e outras notícias sobre a Divisão Interamericana acesse: bit.ly/IAD-Facts.


Comentário da Lição da Escola Sabatina – 2º Trimestre de 2021
Tema Geral: A promessa: a aliança eterna de Deus
Lição 1 – 27 de março a 3 de abril 2021

O que aconteceu

Autor: Gilberto Theiss
Editoração: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
Revisora: Josiéli Nóbrega

Introdução

“O que está relatado em Gênesis nunca existiu.” Essa foi a declaração do professor de História Antiga, na graduação que iniciei em 2006. Para ele, tudo foi obra do acaso e não somos nada mais que poeira cósmica. O pensamento do professor, de que o livro de Gênesis contém informações inverídicas sobre a origem da humanidade, é fundamentado na premissa evolucionista. Essa premissa, do surgimento da humanidade sem a atuação de Deus, dominou a academia, a mídia, a indústria do entretenimento e, consequentemente, a arte e a cultura.

Embora o ensino da criação literal não seja um problema para os adventistas do sétimo dia, há uma porção significativa de pessoas ao redor do próprio cristianismo cedendo às pressões dos defensores do conceito de um relato evolucionista em Gênesis – o que é chamado de “evolucionismo teísta”. Nesse caso, seria a tentativa de validar a criação, porém sob a ótica da evolução. Se essa premissa estivesse correta, teríamos problemas significativos na teologia bíblica, que fragilizariam não apenas o relato da criação em Gênesis, mas toda a Escritura Sagrada. Esse problema, embora sutil, se tornaria devastador. Por quê?

1. Porque os três primeiros capítulos de Gênesis são fundamentais para a compreensão do restante das Escrituras;
2. Porque os principais ensinamentos ou doutrinas da Bíblia têm sua fonte nesses capítulos;
3. Porque neles encontramos a natureza da Divindade, que trabalha em harmonia como Pai, Filho (Jo 1:1-3; Hb 1:1, 2) e Espírito Santo (Gn 1:2; Jó 33:4), para criar o mundo e tudo o que nele há, culminando na obra-prima da criação – a humanidade (Gn 1:26-28).

Evolução x criação

A evolução darwiniana é contraditória às Escrituras em todos os aspectos, e a tentativa de alguns em harmonizá-la com a Bíblia constrói rotas capazes de levá-los diretamente ao ceticismo e à morte da razão e da fé. Por exemplo:
a) Deus criou tudo perfeito. Porém, para a evolução, nunca houve perfeição, apenas caos formado por gás, poeira, água e relâmpagos;
b) Não havia morte antes do pecado. Porém, para a evolução, a morte parece fazer parte da vida e contribui no processo de seleção natural;
c) O pecado passou a existir com a transgressão no Éden. Porém, para a evolução, não há pecado, apenas imperfeições derivadas do caos natural. Nesse caso, moralidade, certo ou errado não passariam de construções sociais ou culturais;
d) Gênesis é literal. Porém, para os evolucionistas, o livro não passa de um mito religioso ou simbólico;
e) O sofrimento e a morte são resultados do pecado e do afastamento de Deus. Porém, para a evolução, não passam de desordem natural de uma natureza em processo evolutivo;
f) Deus promete uma vida nova e redenção eterna. Porém, para a evolução, a vida eterna poderá ser realidade somente através do avanço tecnológico ou por evolução natural;
g) Temos valor e somos importantes para Deus. Porém, para a evolução, não somos mais importantes do que um animal, um protozoário ou uma poeira cósmica.

Como vimos, a evolução é incompatível com a Bíblia. A tentativa de unificação entre o Gênesis e a evolução traria resultados catastróficos. Nesse caso, ainda poderíamos perceber que:

1. O sábado e a família não teriam nenhum valor moral;
2. Por estabelecer a seleção natural, Deus não seria um Deus de amor;
3. O bem, o mal e o pecado seriam conceitos relativos;
4. Adão e Eva, assim como o Éden, seriam mitológicos;
5. A ideia de salvação através de Cristo seria dispensada;
6. A promessa de “novos céus e nova Terra” não mais teria nenhum sentido.
Dentre todos os problemas, os mais agravantes seriam estes:
I. Em um sistema de evolução teísta, a seleção natural revelaria Deus como tirano e não como Pai de amor;
II. Jesus seria um mito ou um farsante com promessas mentirosas;
III. Doutrinas como o matrimônio, o sábado, a salvação e a escatologia seriam meras construções religiosas. Nesse caso, nenhum movimento religioso seria tão afetado quanto a Igreja Adventista do Sétimo Dia.

Evidências da literalidade de Gênesis

Depois de observar a incompatibilidade entre a Bíblia e a evolução, é importante perceber as evidências da literalidade do livro de Gênesis. Compreender esse assunto é vital para a conservação dos valores, doutrinas e princípios das Escrituras. Vejamos, portanto, algumas notas importantes que ajudam a assimilar melhor esse tema:

A. Tarde e manhã, em Gênesis 1, revelam um dia comum astronômico;
B. Argumentos léxicos, semânticos, exegéticos, gramaticais e contextuais descrevem literalidade na narrativa de Gênesis. Por exemplo, a expressão “houve tarde e manhã”, precedida de “dia” (yõm), numeral, indica dia literal.
C. A composição hebraica, conforme relatado em Daniel 8:14, apresenta um dia literal. Nunca houve dúvidas na literatura hebraica quanto a esse posicionamento;
D. O quarto mandamento (Êx 20:8-11) reporta à semana da criação evidenciando sua literalidade;
E. Jesus e os apóstolos narraram de forma literal os eventos do conflito no Éden e a existência de Adão (Mt 19:4, 8; Mc 10:6; Lc 3:38; Rm 5:14; 1Co 15:22, 45; 1Tm 2:13-14; Jd 14; 2Pe 3:4);
F. Os dias atuais, com o nosso ciclo semanal, são evidências da descrição de Gênesis; um dia composto por tarde e manhã e uma semana constituída por sete dias.
Portanto, do ponto de vista bíblico/teológico, é inconcebível uma semana de criação simbólica. Os profetas e o próprio Jesus sempre discursaram sobre a criação apresentando-a como um fenômeno literal.

A imagem do Criador

O texto de Gênesis 1:27 é uma nota clássica no entendimento da origem, caráter e função do ser humano. A relevância dessa verdade pode ser notada em três aspectos:

1. A tríplice repetição do verbo “criar” (bara) deve ser observada como uma negação significativa das teorias da evolução moderna quanto à descendência do homem, sendo uma proclamação enfática de sua origem divina.
2. O homem, além de ser uma criação divina, foi criado com o objetivo de refletir a imagem e semelhança Desse Agente Criador.
3. Embora o substantivo “homem” (adam) apareça no singular, o contexto final do verso indica que tanto “homem” (zakar/macho) quanto “mulher” (nêqebah/fêmea) receberam de Deus Sua “imagem e semelhança”. Isso sugere que a mulher (fêmea) é tratada na “origem” como possuindo os mesmos atributos do homem (macho). Mas quais seriam esses atributos da imagem e semelhança divinas?

A imagem de Deus não é descrita como sendo concedida por prestação; em vez disso, é doada de forma imediata e inerente ao ser humano masculino e ao feminino. Embora os portadores da imagem divina tenham sido criados para exercer funções distintas, no cumprimento do mandato divino de administrar a Terra, não há distinção de status entre eles. Diversos reformadores não possuíam dúvidas a esse respeito. Lutero, por exemplo, via uma sugestão “de que a mulher também foi criada por Deus” para se tornar “participante da mesma imagem divina e do domínio sobre tudo”. Mas o que seria exatamente ter a imagem e semelhança de Deus? Ellen White considerou que “o pecado tem quase obliterado a imagem moral de Deus nos seres humanos”. Entretanto, no exemplo de Cristo, teríamos condições de assimilar o “belo e imaculado caráter” de Cristo. Copiando tal exemplo, ela afirma que “traremos para o nosso caráter a Sua amabilidade e beleza”. Assim, o amor de Deus, que é o Seu caráter, perdido no Éden, será conquistado de volta.

Outra verdade imprescindível é que, tendo sido feito à imagem de Deus, o ser humano adquiriu a capacidade de se parecer com Deus no aspecto moral, especialmente no que diz respeito a agir e tomar decisões de forma livre e inteligente, seguindo o imperativo do bem. Embora os primeiros seres humanos tenham sido criados com uma natureza com propensões naturais para o bem, eles usaram a liberdade para fazer a má escolha (Ec 7:29). Dessa maneira, Adão maculou a imagem de Deus em si e passou a todos os seus descendentes essa semelhança danificada (Rm 5:12). Hoje, mesmo que palidamente, ainda trazemos a imagem de Deus (Tg 3:9), mas também trazemos as cicatrizes do pecado que podem ser observadas no aspecto físico, mental e moral.

Conheça o autor dos comentários para este trimestre: Gilberto Theiss é pastor, casado com Patrícia Vilela. Tem atuado por 9 anos como pastor distrital. Atualmente pastoreia o distrito Central de Fortaleza-CE. É graduado em Teologia e Filosofia. Pós-Graduado (especialista) em Ensino de Filosofia, Ciências da Religião, História e Antropologia, e Revisão Prática de Texto. Mestrando em Interpretação Bíblica e Pós-Graduando em História e Arqueologia do Oriente Próximo. Nas horas vagas, aprecia levar conteúdo bíblico para as redes sociais como o instagram @gilbertotheiss, o blog www.feoufideismo.com e o canal www.youtube.com/feoufideismo