Em uma noite sem luar, o céu estava preto como tinta. As sombras se estendiam sobre Frank enquanto ele caminhava pelas ruas vazias da cidade. Depois de um tempo, ele ouviu passos atrás dele; alguém o seguia na escuridão. Então a pessoa o alcançou e disse: “Você é Frank, o impressor?”.
“Sim, sou eu. Você me conhece?”
“Bem”, respondeu o estranho, “Eu não o conheço. Mas conheço seu irmão muito bem e, mesmo na escuridão, o seu jeito, seu modo de caminhar, sua aparência – tudo me fez lembrar tanto dele que eu simplesmente presumi que você fosse irmão dele, porque ele me disse que tinha um irmão”.
Essa história revela uma verdade poderosa a respeito do serviço do santuário israelita. De acordo com a Bíblia, ele era apenas uma sombra, uma figura, uma imagem do verdadeiro santuário. Contudo, essas sombras e imagens eram suficientes para prenunciar e revelar claramente as verdades sobre a morte e o ministério sumo sacerdotal de Cristo no santuário celestial.
Resumo da semana: Por que Deus desejava que os israelitas construíssem um santuário? O que o santuário nos ensina sobre Cristo como nosso Substituto? O que Jesus faz no Céu como nosso Representante?
“Porei o Meu tabernáculo no meio de vocês e não Me aborrecerei com vocês. Andarei entre vocês e serei o seu Deus, e vocês serão o Meu povo” (Lv 26:11, 12).
Uma coisa deve estar clara agora: na antiga aliança e na nova, o Senhor busca um relacionamento íntimo e de amor com Seu povo. Na verdade, as alianças fundamentalmente formam as “regras” para esse relacionamento.
O vínculo é essencial para a aliança, em qualquer época ou contexto. No entanto, a fim de que exista um relacionamento é preciso haver interação, comunicação e contato, principalmente para seres humanos pecadores, falíveis e céticos. Evidentemente, o Senhor, sabendo disso, tomou a iniciativa de Se manifestar a nós de um modo que, dentro dos limites da humanidade caída, pudéssemos nos relacionar com Ele de modo significativo.
1. Leia Êxodo 25:8, a ordem do Senhor a Israel para que construísse um santuário. Quais razões o Senhor deu para desejar um santuário?
Certamente a resposta para essa pergunta leva a outra pergunta: “Por quê?” Por que o Senhor desejava habitar no meio de Seu povo?
Talvez encontremos a verdade nos dois versos de hoje, listados acima. Observe: o Senhor poria um “tabernáculo” (ou “habitaria”) entre eles. Em seguida, Ele declarou que não Se “aborreceria” com o povo. Disse que “andaria” entre eles e que seria o seu Deus e eles, o Seu povo (Lv 26:11, 12). Examine os elementos encontrados nesses textos. Novamente, o aspecto relacional é destacado de maneira muito clara.
2. Analise Levítico 26:11, 12 e Êxodo 25:8. Como todos os vários elementos se encaixam na noção de que o Senhor busca um relacionamento com Seu povo?
O método apontado por Deus para que o pecador do Antigo Testamento se livrasse do pecado e da culpa era o sacrifício de animais. As ofertas sacrificais dos israelitas foram detalhadas nos capítulos 1 a 7 do livro de Levítico. Dava-se atenção cuidadosa ao uso e à disposição do sangue nos diversos tipos de sacrifícios. De fato, a função do sangue nos rituais de sacrifício é uma das características unificadoras nos sacrifícios israelitas.
A pessoa que pecava – e que, portanto, havia quebrado o relacionamento de aliança e a lei que o regulamentava – poderia ser restaurada à plena comunhão com Deus e com a humanidade ao trazer um sacrifício animal como substituto. Os sacrifícios, com seus ritos, eram os meios indicados por Deus para realizar a purificação do pecado e da culpa. Eles foram instituídos para purificar o pecador, transferindo o pecado e a culpa individual para o santuário por meio da aspersão do sangue e reinstituindo a plena comunhão do penitente com o Deus pessoal, que é o Senhor Salvador. Como esses conceitos ajudam a entender as questões no fim do estudo de ontem?
3. Qual era o significado profético do sacrifício de animais? Is 53:4-12; Hb 10:4
Os sacrifícios de animais no Antigo Testamento eram o meio divinamente ordenado para livrar o pecador do pecado e da culpa. Eles mudavam o status do pecador de culpado e digno de morte para o de perdoado e restabelecido no relacionamento de aliança entre Deus e o homem. Mas, em certo sentido, os sacrifícios de animais também eram proféticos por natureza. Afinal, nenhum animal era um substituto adequado para expiar o pecado e a culpa da humanidade. O autor de Hebreus afirmou isso em sua própria linguagem: “É impossível que o sangue de touros e de bodes remova pecados” (Hb 10:4). Portanto, o sacrifício de um animal devia ser uma ardente perspectiva da vinda do divino-humano Servo de Deus, que morreria como Substituto pelos pecados do mundo. Por meio desse processo, o pecador era perdoado e aceito pelo Senhor, e o fundamento da relação de aliança era estabelecido.
“O qual entregou a Si mesmo pelos nossos pecados, para nos livrar deste mundo perverso, segundo a vontade de nosso Deus e Pai” (Gl 1:4).
Um dos temas centrais do Novo Testamento é que Jesus morreu como sacrifício pelos pecados do mundo. Essa verdade é o fundamento do plano da salvação. Qualquer teologia que negue a expiação pelo sangue de Cristo nega o coração e a essência do cristianismo. Uma cruz sem sangue não pode salvar ninguém.
4. Medite sobre o texto de hoje e responda a estas perguntas: Jesus Se ofereceu para morrer? Por quem Ele morreu? O que Sua morte efetuou?
A substituição é o fundamento de todo o plano da salvação. Por causa de nossos pecados, merecemos morrer. Cristo, por amor a nós, “entregou a Si mesmo pelos nossos pecados” (Gl 1:4). Ele sofreu a morte que merecemos. A morte de Cristo como Substituto dos pecadores é a grande verdade da qual nascem todas as outras verdades. Nossa esperança de restauração, liberdade, perdão e vida eterna no paraíso está fundamentada na obra que Jesus realizou, de Se entregar pelos nossos pecados. Sem isso, nossa fé não teria sentido. Poderíamos até mesmo depositar nossa esperança e confiança na estátua de um peixe. Mas a salvação vem somente por meio do sangue de Cristo.
5. Leia Mateus 26:28; Efésios 2:13; Hebreus 9:14 e 1 Pedro 1:19. O que esses textos revelam sobre o sangue? Portanto, que função o sangue desempenha no plano da salvação?
“Não é a vontade de Deus que vocês estejam sem confiança, com o coração torturado pelo receio de que Ele não os aceitará por serem pecaminosos e sem préstimo [...]. Digam: ‘Sei que sou pecador e essa é a razão por que necessito de um Salvador. Nenhum mérito ou bondade tenho pelos quais possa pretender a salvação, mas apresento diante de Deus o sangue expiatório do imaculado Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. Essa é a minha única defesa’” (Ellen G. White, A Fé Pela Qual Eu Vivo, p. 100 [6 de abril]).
O santuário terrestre, em que Deus escolheu habitar com Seu povo, estava concentrado no sacrifício de animais. No entanto, o serviço não terminava com a morte dessas criaturas. O sacerdote ministrava o sangue no santuário em favor do pecador depois que o animal era morto.
Contudo, todo esse ritual era apenas uma sombra, um símbolo do que Cristo faria pelo mundo. Portanto, assim como os símbolos (o serviço do santuário) não terminavam com a morte do animal, a obra de Cristo por nós também não terminou com Sua morte na cruz.
6. Leia Hebreus 8:1-6. Em seguida, escreva com suas próprias palavras a mensagem do Senhor para nós nesses versos. Como esses textos nos ajudam a entender a nova aliança?
Assim como havia um santuário, um sacerdócio e um ministério terrestre na antiga aliança, também há um santuário, um sacerdócio e um ministério celestial na nova aliança. Entretanto, o que não passava de símbolos, imagens e sombra na antiga aliança (Hb 8:5) tornou-se uma realidade na nova.
Além disso, em vez de um animal sem conceito moral como nosso substituto, temos o Jesus imaculado; em vez de sangue de animais, temos o sangue de Cristo; em vez de um santuário feito pelo homem, temos o “santuário e [...] verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, e não o homem” (Hb 8:2); e em vez de um sacerdote humano, pecador e errante, temos Jesus como nosso Sumo Sacerdote ministrando em nosso favor. Com tudo isso em mente, pense nas palavras de Paulo: “Como escaparemos nós, se não levarmos a sério tão grande salvação?” (Hb 2:3).
Estude Hebreus 9:24, especialmente no contexto no qual foi dado, o de explicar o ministério de Cristo no Céu por nós após Sua morte sacrifical em nosso favor. Embora se possa dizer muito, queremos nos concentrar em um ponto, a expressão final, que diz que Cristo agora comparece diante de Deus por nós.
Pense no que isso significa. Nós, pecadores, que seríamos consumidos pelo esplendor da glória de Deus se O víssemos; nós, por piores que tenhamos sido ou por mais que tenhamos transgredido abertamente a santa lei, temos Alguém que comparece diante de Deus por nós. Temos um Representante diante do Pai em nosso favor. Cristo foi muito amoroso, perdoador e acolhedor quando esteve na Terra. Essa mesma Pessoa é agora nosso Mediador no Céu!
Essa é a outra parte das boas-novas. Jesus não apenas pagou a penalidade pelos nossos pecados, tendo-os levado sobre Si na cruz (1Pe 2:24), mas agora Ele está na presença de Deus, como Mediador entre o Céu e a Terra, entre a humanidade e a Divindade.
Faz muito sentido: Jesus, sendo Deus e Homem (um Homem perfeito, sem pecado), é o único que poderia fazer a ponte sobre o abismo entre a humanidade e Deus, causado pelo pecado. O ponto fundamental é que agora existe um Ser Humano que pode Se identificar com todas as nossas provações, dores e tentações (Hb 4:14, 15), representando-nos diante do Pai.
7. Leia 1 Timóteo 2:5, 6. Quais são as duas funções dadas a Jesus? Como elas foram prefiguradas no serviço do santuário terrestre?
A maravilhosa notícia da nova aliança é que hoje, por causa de Jesus, pecadores arrependidos têm Alguém que os representa no Céu diante do Pai, Alguém que conquistou para eles o que eles jamais obteriam por si mesmos, a justiça perfeita, a única justiça que pode chegar à presença de Deus. Jesus, com essa perfeita justiça, operada em Sua vida por meio do sofrimento (Hb 2:10), comparece diante de Deus, reivindicando para nós o perdão do pecado e o poder sobre o pecado, pois sem isso não teríamos esperança, nem agora nem no juízo.
CONFIRA AGORA AS PROMOÇÕES DA SEMANA DE OFERTAS
“O mais elevado anjo do Céu não tinha poder para pagar o resgate de uma só pessoa perdida. Querubins e serafins só têm a glória com a qual são dotados pelo Criador, como Suas criaturas que são, e a reconciliação do homem com Deus só podia ser realizada mediante um Mediador que fosse igual a Deus, possuísse atributos que O dignificassem, e O declarassem digno de tratar com o infinito Deus em favor do homem, e também representasse Deus a um mundo caído. O substituto e penhor do homem tinha que ter a natureza do homem, ligação com a família humana a quem devia representar, e, como embaixador de Deus, devia participar da natureza divina, ter ligação com o Infinito, a fim de manifestar Deus ao mundo e ser mediador entre Deus e o homem” (Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 257).
“Jesus continua: ‘Se vocês Me confessarem diante das pessoas, Eu os confessarei diante de Deus e dos santos anjos. Vocês devem ser Minhas testemunhas na Terra, canais por onde Minha graça possa fluir para curar o mundo. Assim, serei o Representante de vocês no Céu. O Pai não vê o caráter falho, mas olha para vocês revestidos da Minha perfeição. Sou o meio pelo qual as bênçãos do Céu descerão sobre vocês. E todo aquele que Me confessa, partilhando Meu sacrifício pelos perdidos, será declarado como participante na glória e alegria dos salvos’” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 357).
Perguntas para consideração
1. Como entender o acesso ao Pai através de Jesus? (Rm 5:2; Ef 2:18; 3:12).
2. Quando o Pai olha para nós, Ele não vê nosso caráter defeituoso, mas a perfeição de Cristo. O que isso significa?
3. Cristo está no santuário celestial. O que isso significa na prática?
Resumo: A antiga aliança, em que animais eram sacrificados por sacerdotes pecadores no santuário terrestre, foi substituída pelo novo sistema, em que Jesus, o sacrifício perfeito, nos representa no santuário celestial, o que é o fundamento da nova aliança e de suas promessas.
Respostas e atividades da semana: 1. O Senhor queria habitar no meio deles. 2. Quando habitamos e moramos com alguém desfrutamos de maior intimidade em um relacionamento. Por meio do tabernáculo, o Senhor teria um relacionamento mais íntimo com o povo. Ele andaria com ele e seria o seu Deus. 3. Os sacrifícios de animais apontavam para a morte de Jesus Cristo. 4. Sim, Ele Se entregou voluntariamente, morrendo por todos os pecadores. Sua morte cumpriu os requisitos para a expiação dos pecados. Por Sua morte fomos salvos. 5. O sangue traz a remissão dos pecados, a purificação da nossa consciência de obras mortas e a salvação. 6. A mensagem do Senhor é que Jesus desenvolveu no santuário celestial um ministério sacerdotal muito mais excelente, com promessas superiores. 7. Jesus foi o Sacrifício do resgate e o Sacerdote Mediador. No santuário terrestre, sacrifícios eram oferecidos para expiar os pecados, e os sacerdotes faziam a mediação entre Deus e os pecadores. Jesus, que Se fez carne por nós, ofereceu-Se em sacrifício na cruz e hoje intercede por nós no santuário celestial.
CONFIRA AGORA AS PROMOÇÕES DA SEMANA DE OFERTAS
Foco do estudo: Hebreus 9:15
ESBOÇO
O santuário terrestre simboliza a obra de salvação que ainda perdura. Cristo desempenha o papel de nosso Sumo Sacerdote, mediando diante de Deus no lugar santíssimo. Sua pureza é digna diante de Deus no lugar de nossa natureza pecaminosa indigna.
COMENTÁRIO
Por meio do sistema do santuário, o novo relacionamento de Israel com Yahweh era um indicativo de como o Calvário se tornaria um amortecedor carmesim de graça que anularia a intrusão furtiva do pecado humano. Esse novo relacionamento se concentraria em rituais cerimoniais salpicados de sangue, que se tornariam o portal redentivo do qual o eu poderia ser arrancado de seu trono e crucificado. Esse é o plano da salvação.
Relacionamentos
Quando Cristo morreu na cruz, o pecado foi vencido em nosso favor. Para que vivamos de modo vitorioso devemos, em certo sentido, morrer também. Morrer para nós mesmos e viver para Deus. Quando chamados por Deus a Cristo, realmente somos chamados para “ir ao Senhor e morrer”.
Claro, morrer é considerado ruim. No entanto, nesse caso é morte para tudo o que há de ruim em nossa alma e em nosso caráter, tudo o que nos impede de ter uma estreita relação de aliança com Jesus.
Podemos dizer, então, que todo sacrifício oferecido no serviço do santuário apontava para a morte. Sim, claro, era a morte de Cristo por nós. Mas, ao participar desse ritual, o pecador penitente aceitava o sacrifício em seu favor e estava implícito nisso a aceitação das promessas da aliança oferecidas por Deus ao Seu povo, o que também incluía a morte necessária para o eu em resultado do arrependimento e da tristeza pelo pecado. Tudo isso é revelado, ou ao menos refletido, no serviço do santuário, cujo significado mais completo se observa no Novo Testamento e na nova aliança.
Pecado, sacrifício e aceitação
“O pecador então amarrava as patas dianteiras do animal e, colocando um nó corrediço em torno de suas patas traseiras, juntava as quatro pernas. Imobilizado dessa forma, o animal caía de lado e seu rosto ficava voltado para o lugar santíssimo.
“Em seguida, o adorador colocava ambas as mãos [...] sobre a cabeça do animal para sinalizar a transferência de seus pecados para seu representante. Esse ato retrata o penitente apoiando todo o seu peso sobre a criatura. [...]
“Com as mãos pressionando sua culpa sobre a cabeça da vítima e o rosto voltado para o lugar santíssimo, o penitente silenciosamente confessava seus pecados a Deus, e prometia uma mudança de atitude fazendo a antiga oração hebraica que terminava com as palavras: ‘Eu volto em arrependimento, e que isso seja para minha expiação [literalmente, cobertura]’. [...]
“O pecador então agarrava a faca e cortava deliberadamente a garganta de sua vítima (Lv 1:5, 11). Com esse ato, reconhecia que seu pecado havia sido a causa da morte de seu representante. [...] Sua observância do ritual mostrava que ele aceitava a reivindicação da lei imutável de Deus, admitia que a morte era o resultado de sua transgressão e afirmava que sua única saída seria por meio da morte vicária Daquele que tomaria seu lugar” (Leslie Hardinge, With Jesus in His Sanctuary: A Walk Through the Tabernacle Along His Way [Com Jesus em Seu Santuário: Uma Caminhada pelo Tabernáculo ao Longo do Caminho], p. 371, 372).
A substituição
“Cristo é nosso justo Substituto.
“O plano de enviar um segundo Adão, um Substituto, não foi formulado na época da primeira transgressão, mas foi ‘conhecido antes da fundação do mundo’ (1Pe 1:20).
“O Substituto devia ter êxito onde Adão falhou. Ele deveria provar que Adão poderia não ter pecado, que poderia ter prevalecido sobre a tentação, que os mandamentos são possíveis de serem obedecidos e são proveitosos para a raça humana. [...]
“Adão caiu em um Éden perfeito – Jesus teve sucesso em uma Nazaré perversa. Carregando os fardos da honra de Seu Pai e da redenção de Seu povo, Cristo lutou a batalha do pecado em nossa armadura inadequada, o débil corpo humano.
“E Ele venceu! O Cordeiro prevaleceu!” (Calvin Rock, Seeing Christ: Windows on His Saving Grace [Vendo a Cristo: Janelas de Sua Graça Salvífica]. Hagerstown, MD: Review and Herald, 1994, p. 65-67).
O Sumo Sacerdote da nova aliança
“Quando se fala de Cristo como um [...] Sumo Sacerdote, não é inadequado acrescentar que Ele é nosso único Sacerdote. Ele tem um relacionamento exclusivo com Deus: Ele e nenhum outro pode nos representar. Os sacerdotes da época do Antigo Testamento atuavam como tipos do verdadeiro Sacerdote vindouro. Os apóstolos e ministros da época do Novo Testamento nunca foram chamados de sacerdotes, nem desempenharam funções sacerdotais. Existe apenas um Mediador entre Deus e os homens.
“A primeira grande função de um sacerdote era oferecer sacrifícios, ‘fazer propiciação pelos pecados do povo’ (Hb 2:17). [...] O único sacrifício perfeito que [Deus] ofereceu foi a Si mesmo.
“Sua oferta de Si mesmo foi um ato voluntário. Ele deu a vida por vontade própria. [...] (Jo 10:18). Ele Se tornou ‘o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!’ (Jo 1:29), ‘um Cordeiro sem defeito e sem mácula’ (1Pe 1:19). Ele Se fez ‘oferta pelo pecado’ (Is 53:10). [...] “Cristo então ocupou o duplo papel de ofertante e oferta, de Sacerdote e oblação. A oferta sacrifical de Si mesmo como vítima no altar foi um único ato de uma vez por todas ‘para sempre’” (Hb 10:10, 12; 9:26; Walter F. Specht, “Christ’s Session, Enthronement, and Mediatorial and Intercessory Ministry”, The Sanctuary and the Atonement: Biblical, Historical, and Theological Studies, [“Estabelecimento, Entronização e Ministério Mediador e Intercessor de Cristo”, O Santuário e a Expiação: Estudos Bíblicos, Históricos e Teológicos], p. 344, 345).
Ministério celestial
“Na epístola aos Hebreus, em particular, o escritor tenta desviar os olhos dos cristãos judeus do ministério no santuário/templo terrestre para um santuário celestial com um ministério mais perfeito desempenhado por seu próprio Senhor e Salvador ressurreto que ascendeu ao Céu” (Arnold V. Wallenkampf, “A Brief Review of Some of the Internal and External Challengers to the Seventh-day Adventist Teachings on the Sanctuary and the Atonement”, The Sanctuary and the Atonement [Uma Breve Revisão de Alguns dos Desafiadores Internos e Externos dos Ensinos Adventistas do Sétimo Dia sobre o Santuário e a Expiação”, O Santuário e a Expiação], p. 582).
APLICAÇÃO PARA A VIDA
Para reflexão: É incrível como de forma vívida e inequívoca o Novo Testamento, em especial o livro de Hebreus (e até mesmo o de Apocalipse), ensina sobre o santuário celestial e seu lugar central no plano da salvação. O santuário é, de certo modo, o plano da salvação, o evangelho e a aliança expressos de modo amplo e claro. Não se pode entender verdadeiramente do que se trata a aliança sem algum conhecimento do serviço do santuário e o que ele significa.
1. Usando Hebreus 8, incentive sua classe a descobrir os seguintes pontos a respeito do Mediador:
A. Posição do Mediador (Hb 8:1, 2)
B. Desempenho do Mediador (Hb 8:3-6)
C. Promessa do Mediador (Hb 8:6-9)
D. Realizações do Mediador (Hb 8:10-12)
Para cada ponto, peça-lhes que identifiquem a diferença entre a antiga e a nova aliança.
2. Como, especificamente, Cristo torna a nova aliança mais real em sua vida? Quão diferente
seria a sua vida se a nova aliança não existisse?
3. Uma promessa é tão boa quanto a pessoa que a faz. Quando Deus faz uma promessa, ela é ainda mais sólida do que os fatos históricos. Por que, então, é mais fácil questionar a vontade divina do que ir cegamente aonde Ele o levar? Que lições podemos aprender com personagens bíblicos que optaram por questionar em vez de obedecer?
4. Hebreus 8:10 diz que Cristo, o Mediador, coloca a lei de Deus em nosso coração. Como esse ato é parte de nossa experiência espiritual? O fato de termos a lei de Deus no coração nos permite conhecê-Lo mais intimamente? Comente com a classe.
5. Por meio de Cristo, a nova aliança substitui a antiga. Por meio de Cristo, a lei de Deus é revestida de graça e amor. Por que, então, deixamos que o legalismo atrapalhe nosso crescimento espiritual? Com base na nova aliança, o que você pode fazer para desenvolver ou fortalecer seu relacionamento com Deus, mas sem a camisa de força do legalismo?
6. Embora o Novo Testamento nos instrua que os sacrifícios de animais, etc., do período do Antigo Testamento fossem ineficazes em apagar o pecado, é claro que eles foram eficazes em capacitar um indivíduo a continuar na comunhão com o povo de Deus. Por que eles teriam sido eficazes dessa maneira, embora não possuíssem nenhum poder intrínseco? O que isso nos ensina sobre o poder e a importância dos rituais?
7. A ideia de uma expiação é central no texto do Novo Testamento. Por que seria necessário que um Ser justo e inocente morresse para que os culpados fossem resgatados das terríveis consequências do pecado? Como a morte dessa Pessoa inocente pode realizar essa expiação? É uma transação estritamente legal? Explique.
8. No presente, Jesus nos representa diante de Deus porque somos incapazes de estar perante Ele, muito menos de nos defender diante Dele. Isso sugere que em algum momento futuro poderemos ser capazes de comparecer diante de Deus sem um Mediador? Quais são os vários pontos de vista sobre essa ideia? O que significaria estar diante de Deus sem um Mediador?
Deus do impossível
Após o seu batismo, Fabiola orou durante 18 anos para que o pai também entregasse o coração a Jesus em Villahermosa, México. O caso do pai aparentemente não tinha esperança. Ele não acreditava na Bíblia e orava para a Virgem Maria e outros santos. Alcoólatra, frequentemente menosprezava e insultava a esposa. O semblante dele estava sempre sisudo. Quando Fabiola falava de Jesus, o pai se afastava. Mas, ela não desistiu de orar, e também pedia aos membros da igreja para que fizessem o mesmo.
Finalmente, Deus respondeu às orações. Mas a resposta não foi da maneira que ela esperava. Quando o pai estava com 75 anos, ele foi diagnosticado com câncer no fígado. O médico disse que o câncer havia se espalhado muito rápido e era inoperável. Quando Fabiola ouviu que o pai poderia morrer, começou a orar com mais fervor ainda, pedindo sua salvação. Durante uma semana, ela orava todas as tardes e manhãs: “Senhor, por favor, dá-me as palavras certas para que eu possa falar sobre Ti ao meu pai. Dá-me coragem.”
Então, aproximou-se da cama do pai e segurou sua mão. Ela estava nervosa. Temia que ele lhe desse um tapa e a expulsasse do quarto. Mas, lembrou-se de que orou antes de conversar com ele. “Eu te amo tanto!”, ela disse. “O Deus sobre quem vou falar nesta manhã é o Deus que você acredita. Ele é o Deus que tem poder para curar. Deixe-me orar com você.”
Para sua surpresa, o pai permitiu que orasse com ele. A partir daquele dia, ela e o pai oraram todas as manhãs e noites. Depois de orar, Fabiola lia a Bíblia e cantava hinos. O pai ouvia em silêncio. Fabiola se questionava se suas ações seriam inúteis, mas continuou lendo a Bíblia, cantando e, junto aos membros da igreja, separaram um dia para orar e jejuar em favor do pai.
O câncer se espalhou rapidamente e ele ficava cada vez mais debilitado. Uma amiga adventista, Rita, se ofereceu para dar estudos bíblicos. Para sua surpresa, ele aceitou. Ao ver a condição física do pai, Rita acelerou os estudos bíblicos, dando sete lições na semana. Após a sétima lição, perguntou se ele desejava entregar o coração a Jesus. “Por que você não se batiza?”, ela apelou, e ele disse que desejava ser batizado. Finalmente, Roger Pech, o capelão do Hospital Adventista do Sudeste, o batizou em uma piscina de plástico infantil no jardim da família, às 13h30 de uma quarta-feira.
Naquela noite, o pai não quis voltar para o quarto. Ele desejava ficar com a família na sala de estar. Logo após a meia noite, ele começou a respirar mais rápido. Então, deu o último suspiro e fechou os olhos. O semblante do pai, geralmente sisudo, estava estranhamente pacífico no caixão. As pessoas que participaram do funeral pareciam impressionadas e perguntavam se ele havia frequentado a igreja escondido. Fabiola contou que o pai entregara o coração a Jesus horas antes de morrer. Ela está convencida de que Deus realizou um milagre.
A transformação do coração do pai ocorreu em somente dois meses, desde quando foi diagnosticado e sua morte. “Meu pai entregou o coração a Jesus, não da forma que eu queria, mas com Ele quis”, Fabiola diz. “O que é impossível ao homem é possível para Deus.”
Muito agradecemos pelas ofertas do primeiro trimestre de 2018. Elas ajudaram a construir uma nova ala no Hospital Adventista do Sudeste, instituição que o capelão Roger Pech trabalha, em Villahermosa, México.
Informações adicionais
• Assista ao vídeo sobre Fabiola contando a experiência com o pai no YouTube: bit.ly/Fabiola-Padilla.
• Faça o download das fotos no Facebook (bit.ly/fb-mq).
• Para mais notícias missionárias e outras informações sobre a Divisão Interamericana acesse: bit.ly/IAD-Facts.
Comentário da Lição da Escola Sabatina – 2º Trimestre de 2021
Tema Geral: A promessa: a aliança eterna de Deus
Lição 11 – 5 a 12 de junho
O santuário da nova aliança
Autor: Gilberto Theiss
Editoração: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
Revisora: Josiéli Nóbrega
Introdução
Certa vez, quando uma família passeava de carro, pelas proximidades de um aeroporto, a filha de apenas 10 anos disse: “Papai, passou um avião por cima da gente!” O pai, por não entender, achou engraçado e lhe perguntou: “Como você sabe? Por acaso você viu o avião?” Ela respondeu: “Eu não vi o avião, mas eu vi a sombra dele passando sobre nós” (José Pereira, A cruz antes da cruz, [2004], p. 9). A exemplo dessa história, o estudo de hoje apresenta os elementos espirituais mais relevantes da aliança de Deus no contexto do santuário. De acordo com as Escrituras, os serviços do santuário eram sombras de realidades superiores. Embora tenham sido caracterizados como sombras, eles expressam verdades reais, concretas, eternas e profundamente espirituais.
Deus conosco
Em Êxodo 25:8, encontramos uma das declarações bíblicas mais surpreendentes. O mundo rebelde foi alvo da misericórdia e bondade de Deus. O Senhor poderia ter virado as costas e lançado este planeta nos confins do Universo. Mas, ao contrário disso, Ele instruiu Moisés a construir um santuário para Sua habitação no meio do povo. A palavra “santuário” (miqdash) significa lugar sagrado. A palavra que vem em seguida, “habitar” (shakan), significa habitação permanente. Essas duas palavras sugerem que Deus trouxe a Sua habitação sagrada para uma instalação duradoura e efetiva com Seu povo. É curioso notar que shakan está intimamente ligada à palavra shekinah, usada para descrever a manifestação da glória divina acima do propiciatório, servindo de símbolo para a presença de Deus no acampamento (ver Êx 25:22 e Ellen White, Patriarcas e Profetas, p. 349).
Embora o santuário terrestre servisse como centro visível de adoração ao único Deus verdadeiro, contrapondo, dessa maneira, a falsa adoração, a sua principal razão de existência era tipificar a presença de Deus em plano salvífico na vida ou no templo humano. As Escrituras ensinam que Deus sempre procurou morada com os homens (Sl 132:13-16), especialmente nos seus corações (1Co 3:16,17; 6:19). O Santuário terrestre, por exemplo, com a presença de Deus, apontava para Cristo, que “habitou” (skenoo), literalmente “tabernaculou” entre os homens (Jo 1:14).
Neste mundo caótico em que muitos pais abandonam os filhos e muitos filhos abandonam os pais, encontramos o Deus Santo, com Suas ações santas, transferindo Sua habitação santa para permanecer entre os humanos pecadores. É como se a morada de Deus tivesse sido transferida para a Terra.
O ministério de Cristo na Terra e no Céu
A frase “sem derramamento de sangue não há remissão” (Hb 9:22) é uma forte evidência de que a aliança de Deus com a humanidade sempre foi pela graça. A antiga aliança, a exemplo da nova aliança, também foi sancionada com sangue (Lv 17:11). Ambas foram ratificadas com sangue. Embora tenha sido utilizado o sangue de animais, a antiga aliança tipificava plenamente a redenção por intermédio de Cristo no santuário celestial, pois, no projeto divino, o Cordeiro tinha sido morto desde a fundação do mundo (Ap 13:8). No Antigo Testamento, ninguém podia comparecer perante o Senhor sem estar amparado pelo sangue de animais derramado no santuário terrestre. De igual modo, hoje somos amparados pelo sacrifício superior de Cristo (Hb 9:23) aplicado em nosso favor, no “verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, não o homem” (Hb 8:2). Na Terra, Cristo proveu Seu sacrifício e o sangue expiatório, e no Céu Ele realiza a aplicação desse sacrifício. Como nosso Sumo Sacerdote, Jesus advoga a causa de todos os que se achegam a Ele em arrependimento sincero. O juízo investigativo, termo tradicionalmente utilizado na teologia adventista, diferente do julgamento dos ímpios, é o período em que Cristo está no Céu julgando positivamente a causa dos Seus filhos, absolvendo-os através de Seu próprio mérito. A esse respeito Ellen White escreveu: “Jesus aparecerá como seu Advogado, a fim de pleitear em favor deles perante Deus [...]. Jesus não lhes justifica os pecados, mas apresenta o seu arrependimento e a sua fé, e, reclamando o perdão para eles, ergue as mãos feridas perante o Pai e os santos anjos, dizendo: ‘Conheço-os pelo nome. Gravei-os na palma das Minhas mãos’ [...] Cristo vestirá Seus fiéis com Sua própria justiça, para que os possa apresentar a Seu Pai como ‘igreja gloriosa, sem mancha, nem ruga, nem coisa semelhante” (Ef 5:27; Ellen White, O Grande Conflito [CPB, 1988], p. 482, 484, 485).
Nosso Substituto
As Escrituras ensinam que a humanidade havia sido criada na condição mais nobre e exaltada, à “imagem e semelhança de Deus” (Gn 1:26, 27). Portanto, nesse estado de pureza, Adão e Eva eram reflexos do bem existente em Deus.
Entretanto, devido à fatalidade do pecado, a humanidade deixou de ser “imagem” de Deus para se tornar “imagem” da própria humanidade caída (Gn 5:1-3; Ec 7:29). Agora, na condição mais baixa e perdida, o ser humano deixou de ser puro (Jó 25:4), com o senso de justiça maculado (Is 64:6), rendido à injustiça e incapaz de praticar o bem (Rm 3:10). Mas nosso Salvador, na condição de Sumo Sacerdote e Advogado, por Sua bondade, nos concedeu elevadas bênçãos:
a) Sua justiça perfeita no lugar da nossa justiça imperfeita (Is 45:24, 25; Rm 3:21, 22; 1Co 5:21);
b) Sua obediência perfeita no lugar da nossa obediência imperfeita (Rm 5:19);
c) Sua santidade no lugar da nossa impureza (Hb 2:11; 10:10);
d) Sua vida justa no lugar da nossa vida injusta (1Pe 3:18);
e) Sua vida perfeita no lugar da nossa vida imperfeita (Hb 10:14).
A respeito disso, Ellen White escreveu:
“Não possuímos justiça em nós mesmos com a qual pudéssemos satisfazer as exigências da lei de Deus. Mas Cristo nos proveu um meio de escape. Viveu na Terra em meio a provas e tentações como as que sobrevêm a nós. Viveu sem pecado. Morreu por nós, e agora Se oferece para nos tirar os pecados e nos dar Sua justiça. Se vocês se entregarem a Ele e O aceitarem como seu Salvador, serão então, por pecaminosa que tenha sido sua vida, considerados justos por Sua causa. O caráter de Cristo substituirá o caráter de vocês, e serão aceitos diante de Deus exatamente como se não houvessem pecado" (Ellen White, Caminho a Cristo [CPB, 1999], p. 62). Ela também relatou que “a lei requer justiça – vida justa, caráter perfeito; e isso o homem não tem para dar. Não pode satisfazer as reivindicações da santa lei divina. Mas Cristo, vindo à Terra como homem, viveu vida santa e desenvolveu caráter perfeito. Ele oferece esses elementos como dom gratuito a todos quantos o queiram receber. Sua vida substitui a dos homens” (Ellen White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2005], p. 762).
Conclusão
A única exigência feita por Deus a Adão no Éden foi a obediência. A condição única de vida eterna antes do pecado era a obediência. Contudo, o único fundamento de domínio que o pecado adquiriu na humanidade, levando-a à queda e à morte, foi a desobediência. A causa única da maldição que recai no ser humano é a desobediência. Todo o poder destrutivo do pecado que age em nós, herdado de Adão, é o que resulta da desobediência. A causa única de perdição eterna que sobrevém a todos é a desobediência. Portanto, é evidente que a ação mais notória exigida de nosso Redentor foi que Ele viesse exatamente para destituir o fundamento de toda miséria – a desobediência. Esse foi um dos objetivos centrais da obediência perfeita de Cristo e de Seu sacrifício expiatório: salvar o ser humano da condenação, cortando definitivamente, através de Sua vida perfeita, a raiz da desobediência, restaurando o ser humano ao Seu projeto original. Agora, em alegria e gratidão, no poder de Cristo, realizamos boas obras para glorificá-Lo em nossa vida (Mt 5:14-16).
Conheça o autor dos comentários para este trimestre: Gilberto Theiss é pastor, casado com Patrícia Vilela. Tem atuado por 9 anos como pastor distrital. Atualmente pastoreia o distrito Central de Fortaleza-CE. É graduado em Teologia e Filosofia. Pós-Graduado (especialista) em Ensino de Filosofia, Ciências da Religião, História e Antropologia, e Revisão Prática de Texto. Mestrando em Interpretação Bíblica e Pós-Graduando em História e Arqueologia do Oriente Próximo. Nas horas vagas, aprecia levar conteúdo bíblico para as redes sociais como o instagram @gilbertotheiss, o blog www.feoufideismo.com e o canal www.youtube.com/feoufideismo.