Lição 5
26 de outubro a 01 de novembro
O testemunho dos samaritanos
Sábado à tarde
Ano Bíblico: RPSP: Jo 20
Verso para memorizar: “E diziam à mulher: – Agora não é mais por causa do que você falou que nós cremos, mas porque nós mesmos ouvimos, e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo” (Jo 4:42).
Leituras da semana: Jo 4:1-42; 3:26-30; Jr 2:13; Zc 14:8; Ez 36:25-27

Quem eram os samaritanos? Foram um povo formado quando Israel, o Reino do Norte, foi levado em cativeiro pelos assírios em 722 a.C. Para criar estabilidade política, os assírios dispersavam seus cativos por todo o império. Assim, muitos cativos de outras nações foram levados para povoar o Reino do Norte, e estes se misturaram com israelitas e se tornaram os samaritanos, um povo miscigenado que praticava sua própria forma de judaísmo. 

Porém, as relações entre eles e os judeus não eram boas. Por exemplo, os samaritanos trabalharam contra a reconstrução do templo quando os judeus regressaram de Babilônia. Os samaritanos construíram seu próprio templo, localizado no monte Gerizim. Mas esse templo foi destruído pelo governante judeu João Hircano, em 128 a.C. 

Na época de Cristo, essa hostilidade continuava. Os judeus, tanto quanto possível, evitavam Samaria. Embora o comércio tenha continuado, outras interações eram evitadas. Os judeus não pediam empréstimos aos samaritanos nem recebiam favores deles. Nesse contexto, João narra o encontro entre Jesus, a mulher junto ao poço e a população da cidade samaritana de Sicar. 

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Domingo, 27 de outubro
Ano Bíblico: RPSP: Jo 21
O contexto do encontro

Os fariseus descobriram que os discípulos de Jesus batizavam mais pessoas do que os discípulos de João Batista. Essa situação acabou criando tensões entre os seguidores de João e os de Jesus. Os discípulos de João, naturalmente, tinham ciúmes da reputação e do prestígio de seu mestre (Jo 3:26-30). A resposta impressionante de João foi que era necessário que ele diminuísse e Jesus crescesse (Jo 3:30). Provavelmente para evitar confrontos, Cristo partiu da Judeia para ir à Galileia. Samaria oferecia a rota mais curta entre esses dois lugares, mas não era a única rota possível. Os judeus devotos seguiriam o caminho mais longo, indo para o leste através da Pereia. Mas Jesus tinha uma missão em Samaria. 

2. Leia João 4:5-9. Como Jesus aproveitou essa oportunidade para iniciar um diálogo com a mulher junto ao poço? 

O poço de Jacó estava localizado bem próximo a Siquém, enquanto Sicar, a cidade da mulher, ficava a um quilômetro e meio de distância. Jesus sentou-Se junto ao poço enquanto os discípulos foram à cidade comprar comida. Ele não tinha acesso à água fresca do poço. Quando a mulher foi tirar água, Jesus pediu-lhe de beber. 

Em João 3, foi surpreendente que Nicodemos, um rabino e líder dos judeus, se rebaixasse para ir até Jesus. Ele O procurou à noite para evitar ser descoberto. Mas, em João 4, a mulher se esconde em plena luz do dia, talvez evitando contato com outras mulheres que se dirigiam ao poço no início ou no fim do dia, quando estava mais fresco. Afinal, por que ela andaria tanto para buscar água, e por volta do meio-dia, quando estava mais quente? Seja qual for o motivo da presença dela naquele lugar, o encontro com Jesus mudaria sua vida. 

O que aconteceu então? Um Mestre judeu é contrastado com uma samaritana de má reputação! No entanto, nesse exato contexto, um encontro notável se desenrola. 

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Quais são os tabus da sua cultura que podem dificultar seu testemunho aos outros? Como podemos ir além desses tabus? Comente com a classe.


Segunda-feira, 28 de outubro
Ano Bíblico: RPSP: At 1
A mulher junto ao poço

3. Leia João 4:7-15. Como Jesus usa esse encontro para começar a testemunhar para aquela mulher? 

O ódio existente entre judeus e samaritanos impedia a mulher de prestar um favor a Jesus. O Salvador, porém, buscava a chave para aquele coração, e com o tato nascido do amor divino, em vez de lhe oferecer um favor, Ele o pediu. O oferecimento de uma gentileza poderia ter sido rejeitado; no entanto, a confiança gera confiança” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 137, 138). 

Assim como aconteceu no encontro com Nicodemos, Jesus sabe o que está no coração das pessoas. Em resposta à surpresa da mulher pelo fato de um judeu pedir um favor a uma samaritana, Jesus foi direto ao ponto: “Se você conhecesse o dom de Deus e quem é que está lhe pedindo água para beber, você pediria, e Ele lhe daria água viva” (Jo 4:10). 

A resposta da mulher foi semelhante à de Nicodemos, que, no contexto do novo nascimento, perguntou: “Como pode ser isso?” (Jo 3:9). A samaritana disse: “O senhor não tem balde e o poço é fundo. De onde vai conseguir essa água viva?” (Jo 4:11). Em ambos os casos, Jesus apontou para verdades espirituais transcendentes que cada um precisava ouvir e compreender: no primeiro, um respeitado mestre judeu; no segundo, uma mulher samaritana de caráter duvidoso. Em cada caso, Jesus estava basicamente dizendo a mesma coisa: eles precisavam de uma experiência de conversão. 

4. Qual é o contexto do Antigo Testamento para a declaração de Jesus sobre a água viva? Leia Jeremias 2:13 e Zacarias 14:8. 

A água é necessária para a vida; os seres humanos não conseguem existir sem ela. Portanto, a água também pode ser uma ilustração poderosa e apropriada da vida eterna. Por isso, Jesus disse: “Aquele que beber da água que Eu lhe der nunca mais terá sede. Pelo contrário, a água que Eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna” (Jo 4:14). 

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Leia João 7:37 e 38. O que Jesus disse? Como experimentar o que Ele prometeu?


Terça-feira, 29 de outubro
Ano Bíblico: RPSP: At 2
Senhor, dê-me dessa água

Então aspergirei água pura sobre vocês, e vocês ficarão purificados. [...] Tirarei de vocês o coração de pedra e lhes darei um coração de carne. Porei dentro de vocês o Meu Espírito e farei com que andem nos Meus estatutos” (Ez 36:25-27). 

5. Como Ezequiel 36:25-27 reflete as verdades que Jesus procurou transmitir a Nicodemos e à samaritana? 

Em ambos os casos, Jesus procurou alcançar essas pessoas com verdades espirituais, apesar de ter usado ilustrações retiradas do mundo natural. 

Inicialmente, eles não entenderam o que Jesus quis dizer. Nicodemos questionou: “Como alguém pode nascer de novo? Como poderia voltar ao ventre materno?” Ele estava raciocinando em termos físicos, embora Jesus estivesse indicando uma verdade espiritual. A samaritana também interpretou as palavras de Jesus sobre a água em sentido literal, mas Ele estava falando sobre algo espiritual. 

Quando Jesus ofereceu água viva, a mulher pediu água literal (Jo 4:15). Ela raciocinou que a água que Jesus oferecia evitaria idas ao poço, reduzindo o risco de enfrentar pessoas. É impressionante que a conversa tenha mudado tão rapidamente do pedido de Jesus para um pedido da mulher dirigido a Ele. 

6. Leia João 4:16. Como Jesus respondeu ao pedido da mulher? 

Jesus mudou abruptamente o tema da discussão, convidando a mulher a chamar o marido e voltar. Por que essa mudança? As ações da mulher indicavam que ela estava fugindo do verdadeiro problema. Jesus leu o coração dela. A mulher precisava confrontar sua realidade para encontrar a cura. “Antes que aquele coração pudesse receber a dádiva que Cristo ansiava lhe conceder, seria preciso que fosse levada a reconhecer seu pecado e seu Salvador” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 139).

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Quarta-feira, 30 de outubro
Ano Bíblico: RPSP: At 3
A revelação de Jesus

7. Leia João 4:16-24. O que Jesus fez para mostrar àquela mulher que Ele conhecia os seus segredos mais profundos? Qual foi a reação dela? 

A luz era ofuscante demais para ser vista diretamente. Embora a mulher reconheça Jesus como profeta, ela volta a fugir do assunto. Agora levanta uma questão de debate religioso entre judeus e samaritanos: qual era o lugar correto para adorar a Deus? 

Em resposta, Jesus salientou que os samaritanos adoravam o que não conheciam. A adoração deles era uma mescla de judaísmo e paganismo. Os judeus adoravam o Deus que Se revela – outra admissão importante para um samaritano. 

A adoração do Deus verdadeiro não está vinculada a um lugar. Portanto, a discussão sobre um local de adoração era irrelevante para a conversa. Afinal, Deus é espírito, e aqueles que O adoram devem fazê-lo em espírito e em verdade. A mulher aceitou a nítida verdade transmitida por Jesus e estava pronta para receber mais. 

8. Leia João 4:25, 26. Como Jesus revelou Sua identidade? 

Em todos os quatro evangelhos, essa foi a única vez antes do Seu julgamento em que Jesus disse claramente a alguém que era o Messias (em outras ocasiões, Cristo deu sinais de Sua identidade divina, como em João 9:35-38). E Ele não fez isso para uma grande multidão ou um líder importante, mas para uma mulher samaritana anônima, que estava sozinha junto ao poço de Jacó. Jesus está interessado em qualquer pessoa solitária que se sinta excluída e sozinha. 

Assim, para aquela mulher, que não apenas pertencia a outra cultura, mas que também não tinha o melhor caráter moral, Jesus revelou abertamente quem Ele é. E, tendo revelado à mulher que conhecia seus segredos mais obscuros, Jesus também lhe deu um grande motivo para crer Nele. 

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Pense nessa história e responda: Por que o evangelho precisa quebrar as barreiras que nós, seres humanos, criamos uns com os outros?


Quinta-feira, 31 de outubro
Ano Bíblico: RPSP: At 4
O testemunho dos samaritanos

9. Leia João 4:27-29. Que ação surpreendente a mulher tomou? 

A conversa de Jesus com a samaritana foi interrompida pela chegada dos discípulos. Embora surpresos por Ele estar falando com uma mulher, eles não O questionaram. Em vez disso, insistiram para que Se alimentasse. 

A mulher, entretanto, deixou o seu cântaro de água e correu para a cidade, a fim de compartilhar o que acabara de vivenciar com Jesus. 

10. Leia João 4:30-42. O que aconteceu após esse encontro e o que ele ensina sobre como o evangelho pode ser proclamado? 

Parece estranho que a história da conversão de muitas pessoas da cidade seja interrompida com comentários de Jesus sobre colheitas. Mas João queria nos mostrar como Jesus entendia o que estava acontecendo. Para Ele, compartilhar o plano de salvação com uma mulher samaritana era muito mais importante do que comer. O propósito de Jesus era levar pessoas à salvação, e Ele aproveitou aquela ocasião para ensinar aos Seus discípulos a urgência de compartilhar o evangelho com todas as pessoas, mesmo com aquelas que são diferentes de nós. 

Existem muitos pontos altos no Evangelho de João, e certamente João 4:39-42 está entre eles. Muitos samaritanos creram em Jesus “por causa do testemunho da mulher”, que contou: “Ele me disse tudo o que eu já fiz” (Jo 4:39). 

Os samaritanos pediram que Jesus ficasse com eles. O resultado foi que muitas outras pessoas creram por causa da palavra de Jesus. “E diziam à mulher: – Agora não é mais por causa do que você falou que nós cremos, mas porque nós mesmos ouvimos, e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo” (Jo 4:42). 

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Reflita sobre essa história e responda: Quão poderoso pode ser o testemunho de uma só pessoa? Você é uma testemunha eficaz do que Jesus tem feito em sua vida?


Sexta-feira, 01 de novembro
Ano Bíblico: RPSP: At 5
Estudo adicional

Leia, de Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 137- 146 (“Junto ao poço de Jacó”). 

“Assim que encontrou o Salvador, a samaritana levou outros a Ele. Demonstrou ser uma missionária mais eficiente que os próprios discípulos. Estes não viram nada em Samaria indicando um campo promissor. Tinham os olhos fixos em uma grande obra a ser feita no futuro. Não viram que, bem ao redor deles, havia uma colheita a fazer. No entanto, por meio da mulher que haviam desprezado, toda uma cidade foi levada a ouvir o Salvador. Ela transmitiu imediatamente a luz a seus concidadãos. 

“Essa mulher representa a atitude de uma fé prática em Cristo. Todo verdadeiro discípulo nasce no reino de Deus como missionário. Aquele que bebe da água viva se torna fonte de vida. E o que recebe se torna doador. A graça de Cristo no coração é uma fonte no deserto, fluindo para satisfazer a todos e fazendo com que aqueles que estão quase a perecer fiquem ansiosos para beber da água da vida” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 146). 

Perguntas para consideração 

1. Quais são os tabus e preconceitos encontrados na sua cultura que poderiam dificultar seu próprio testemunho aos outros? 

2. Por que Jesus teve uma recepção tão calorosa entre os samaritanos, mas não entre alguns de Seu próprio povo? 

3. Coloque-se no lugar da samaritana. Um estranho diz a ela que conhece seus segredos. Como um Desconhecido poderia saber aquelas coisas? Não admira que ela tenha ficado impressionada com Jesus. Você crê que o Senhor sabe tudo sobre nós, mesmo os segredos mais profundos que não gostaríamos que ninguém soubesse? Apesar disso, como Jesus a tratou? De que modo Ele deseja lidar conosco, mesmo conhecendo nossos segredos? Que conforto você encontra nessa verdade? 

4. Que temas centrais de João encontramos no ministério de Jesus à samaritana? 

Respostas às perguntas da semana: 1. Jesus queria evitar confrontos e tinha uma missão em Samaria. 2.Jesus conquistou a confiança da samaritana, pedindo-lhe água. 3. Jesus mostrou à samaritana que Ele é a água viva, que satisfaz todas as necessidades. 4. O AT apresenta Deus como a fonte de água viva para Seu povo. 5. Somente Deus pode nos dar uma experiência de conversão e obediência. 6. Ele tocou em um problema mais profundo da mulher. 7. Falou sobre os homens com quem ela havia se relacionado. A mulher reconheceu que Jesus era enviado por Deus. 8. Disse que era o Messias. 9. Contou aos samaritanos o que Jesus lhe disse. 10. A mulher testemunhou aos samaritanos sobre o que Jesus disse a ela e sobre o seu encontro com Ele; os samaritanos foram atraídos a Jesus, ouviram Suas palavras e acreditaram Nele. Quando desejamos fazer a vontade de Deus, participamos da milagrosa obra de plantar e colher para o reino de Deus.

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Resumo da Lição 5
O testemunho dos samaritanos

FOCO DO ESTUDO: João 4:1-42 

ESBOÇO 

Introdução: Os samaritanos eram desprezados pelos seus vizinhos judeus. Eram vistos como ainda mais indignos de consideração do que os próprios opressores romanos. Os samaritanos eram vistos como corruptos, insinceros e, por isso, deviam ser evitados a todo custo. É por isso que os viajantes das regiões da Galileia não optavam pelo caminho mais curto para Jerusalém via Samaria e, em vez disso, utilizavam um desvio pela Pereia, tomando o caminho mais longo para a cidade. 

O problema samaritano começou quando Tiglate-Pileser III (745-727 a.C.) levou a maior parte da população de Israel para o cativeiro na Assíria. Esses israelitas faziam parte do que conhecemos como as dez tribos perdidas de Israel. Para completar o trabalho de despovoamento, o novo imperador assírio, Sargão II (722-705 a.C.), exilou mais habitantes do Reino do Norte. 

A fim de unificar o Império Assírio, pessoas da Assíria e das regiões da Mesopotâmia foram levadas a Israel para repovoá-lo. Assim, esses recém-chegados misturaram-se com o restante de Israel, tanto no sentido religioso quanto racial. O esboço aqui é apenas uma breve visão geral dos eventos que aconteceram. Outros incidentes negativos ocorridos posteriormente, como a tentativa samaritana de sabotar os esforços de reconstrução dos exilados judeus ao retornarem ao seu país, apenas acentuaram o problema e intensificaram as tensões raciais entre samaritanos e judeus. 

COMENTÁRIO 

A mulher junto ao poço (Jo 4:1-15) 

Em Seu encontro com a mulher samaritana, Jesus contrariou o protocolo aceito e as tradições estritamente observadas pelos judeus, tudo com o propósito de alcançá-la para o Seu reino. Por exemplo, Jesus permitiu-lhe uma audiência privada, embora ela fosse uma mulher samaritana. Ele pediu-lhe um favor, algo que não era socialmente aceitável, pois os judeus evitavam relações com aqueles considerados desprezíveis e “impuros”, especialmente mulheres. 

Na cultura da época, pedir e receber um favor de alguém abria portas para a amizade e obrigava quem o recebia a retribuir o favor. A mulher pareceu chocada porque Jesus, um judeu, pediu a ela, uma desprezada mulher samaritana, que fizesse algo por Ele, iniciando assim um relacionamento. Consideremos a resposta dela: “Como, sendo o senhor um judeu, pede água a mim, que sou mulher samaritana?” (Jo 4:9).

É interessante notar que as tarefas que ela pretendia realizar foram deixadas de lado. Ela tinha a intenção de levar uma vasilha de água para sua aldeia, Sicar, mas, empolgada com sua incrível descoberta da água da vida, deixou a vasilha cheia para trás. Sua intenção era dar água a Jesus para aliviar Sua sede, mas ela não conseguiu fazer isso porque saiu apressadamente. Quando os discípulos de Jesus voltaram com comida para aliviar Sua fome, ficaram totalmente surpresos porque Ele não estava mais com fome. 

“O cântaro esquecido revelava eloquentemente o efeito de Suas palavras. O veemente desejo de seu coração era obter a água da vida, e esqueceu seu objetivo em ir ao poço e a sede do Salvador, que se pretendia saciar” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 142). Jesus ficou profundamente comovido por uma mulher tão desprezada ter aberto o coração a Ele como o tão esperado Messias, uma resposta muito melhor do que a de muitos do Seu próprio povo, que fecharam a mente para Ele. Jesus ficou tão comovido ao realizar a obra de Seu Pai ao recuperar pessoas perdidas para o reino dos Céus que perdeu a sede e a fome corporal. Sua alma foi saciada pela água e nutrição celestiais. 

Às vezes, dar testemunho a outros é encarado como uma obrigação penosa. No entanto, testemunhar deveria ser um prazer quando o espírito de Cristo flui do coração. Nesse contexto, é um trabalho feito do coração, em vez de uma tarefa árdua. Para aqueles que experimentam essa maneira de testemunhar centrada em Cristo, é verdadeiramente um transbordamento do Espírito que jorra espontaneamente do coração humano. É por isso que Jesus disse aos Seus discípulos surpresos: “A Minha comida consiste em fazer a vontade Daquele que Me enviou e realizar a Sua obra” (Jo 4:34). 

A revelação de Jesus (Jo 4:16-26) 

Podemos ver uma semelhança entre a resposta da mulher samaritana e a de Nicodemos ao ouvir a verdade profunda que procedeu da boca de Cristo. Esse ilustre membro do Sinédrio tentou evitar o assunto crucial de sua desesperada necessidade de conversão espiritual. Em vez disso, Nicodemos fingiu ignorar o significado das palavras de Cristo e tentou equiparar a experiência do novo nascimento a voltar, literalmente, ao ventre da mãe. Da mesma forma, a desprezada mulher de Sicar mudou de assunto na tentativa de abafar sua convicção de que Jesus era o Messias. Ela desviou a conversa com Jesus para um debate atual sobre o local adequado de adoração. 

Jesus, gentilmente, mas incisivamente, trouxe-a de volta à questão crucial de reconhecer que Ele era o Messias que estava diante dela. Ele também a lembrou com tato de que sua religião amalgamada de paganismo e judaísmo não conduzia à verdadeira adoração a Deus, pois Ele é o Espírito e a fonte da verdade. Cristo disse a ela que “Deus é Espírito, e é necessário que os Seus adoradores O adorem em espírito e em verdade” (Jo 4:24). Em outras palavras, a verdadeira adoração que leva à salvação não tem tanto a ver com um lugar; antes, está relacionada com a Pessoa de Cristo. 

A essa mulher simples, de caráter duvidoso e pecador, foi confiada a importante verdade de que Jesus era o Messias tão esperado. O Salvador gradualmente conduziu a mulher samaritana à verdade, culminando em honrá-la, mais do que qualquer outra pessoa antes de Sua ressurreição, com a verdade específica sobre Sua messianidade. “Eu Sou o Messias, Eu que estou falando com você” (Jo 4:26). Da mesma forma, não devemos mostrar favoritismo ao testemunhar às pessoas, sejam elas ricas ou pobres, de status social “superior” ou “inferior”. Tal distinção não deveria importar para nós porque não importava para Cristo. Todos com quem entramos em contato têm um denominador comum: a necessidade de perdão e redenção. 

O testemunho dos samaritanos (Jo 4:27-42) 

Na cultura dos judeus dos dias de Jesus, havia a obrigação de retribuir a hospitalidade, o que era aceitável quando aquele que retribuía o favor era um judeu, mas não quando era um samaritano. A prática de receber um favor e retribuí-lo tende a criar proximidade entre as pessoas. Por essa razão, os judeus eram totalmente contrários a essa prática com estrangeiros. Mas Jesus transcendeu o preconceito nacional dos judeus, pois veio para salvar pessoas dos altos e baixos escalões, tanto dentro quanto fora da sociedade judaica. Além disso, por que tal obrigação social O incomodaria quando Sua missão era chegar ao extremo de morrer pela humanidade? 

Jesus praticou a reciprocidade em Seu ministério, pois estava disposto a dar e receber ajuda. Tal abordagem é uma forma eficaz de validar os outros e ajudá-los a se sentirem valiosos e necessários. Observe que essa abordagem provou ser muito eficaz com a mulher samaritana. Jesus solicitou simplesmente um pouco de água, algo que ela poderia oferecer, e, em resposta, Ele lhe ofereceu o dom da água da vida, algo que apenas Ele poderia conceder. A mulher, movida por essa revelação, compartilhou essa boa notícia com sua comunidade, e muitos samaritanos creram Nele. 

Da mesma forma, nosso testemunho deve se espalhar de uma pessoa para muitas, em esferas de influência cada vez mais amplas. Além disso, Jesus Se abriu aos outros e Se permitiu ser vulnerável com eles também. Jesus convidava à intimidade, desejando que as pessoas fossem atenciosas e compassivas para com Ele. Ellen G. White diz que “No lar de Lázaro Jesus muitas vezes tinha encontrado repouso. O Salvador não tinha seu próprio lar; dependia da hospitalidade de amigos e discípulos. [...] Ali recebia acolhimento sincero, e uma pura e santa amizade” (O Desejado de Todas as Nações, p. 418). 

Para encerrar, consideremos esta citação que aborda a reciprocidade que Jesus experimentou com os samaritanos de Sicar. Embora fosse um rabino judeu, Ele “aceitou a hospitalidade desse povo desprezado. Dormiu sob seu teto, comeu com eles à mesa” (O Desejado de Todas as Nações, p. 144). Muitas vezes, achamos um desafio praticar a reciprocidade no nosso testemunho aos outros. Podemos nos sentir tão abençoados pelas maravilhosas verdades que Deus nos deu que tendemos a ser aqueles que ajudam, mas, frequentemente, nos recusamos a ser aqueles que recebem ajuda. No entanto, nos tornaremos mais eficazes se nos humilharmos e seguirmos o exemplo de Cristo, que tanto dava quanto recebia. 

APLICAÇÃO PARA A VIDA 

Considere as seguintes questões e comente com a classe: 

1. Quais desafios enfrentamos ao compartilhar nosso testemunho com vizinhos, colegas 

e amigos? Diferenças quanto a idiomas, origens raciais, tradições culturais e status econômico influenciam o nosso testemunho? Como Deus pode nos capacitar a superar esses desafios? Podemos aprender com o exemplo de Jesus, que deixou uma existência celestial perfeita para Se envolver com todos os problemas e práticas pecaminosas que afetam a humanidade. 

2. Imagine a seguinte situação: os membros da igreja resistem ao evangelismo ou testemunho devido ao receio de que novos membros possam influenciar as práticas de adoração estabelecidas. Qual seria a sua resposta diante desse desafio? 

3. Pense no seu hobby favorito. Até que ponto você fica tão absorto no puro prazer de fazer isso que se esquece de comer? Da mesma forma, como o exemplo de testemunho de Cristo à mulher samaritana pode nos inspirar a nos movermos do domínio do dever para o domínio do prazer? 

4. Como respondemos quando o Espírito Santo nos convence da verdade, da justiça e do pecado, especialmente em relação a aspectos que preferiríamos ignorar? Demonstramos paciência semelhante à da mulher samaritana ao ouvir Jesus contar o “restante da história”, possibilitando assim nossa cura e restauração espiritual? 

5. Reflita sobre um incidente ou uma intervenção providencial em que Deus o usou para influenciar alguém a aceitá-Lo e viver para Ele. Qual foi o impacto desse encontro em outras pessoas ou grupos mais amplos? Dedique um tempo para compartilhar essa experiência com uma ou mais pessoas nesta semana. 

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Defendendo o sábado

Arizona | Ana

Ana não queria se tornar adventista do sétimo dia. Ela amava a igreja de sua infância nas Filipinas e não queria adorar aos sábados em vez de aos domingos. Ela chorou e chorou. Mas enquanto estudava a Bíblia, ela se convenceu sobre o sétimo dia. Ela se tornou adventista.

Então surgiram problemas no trabalho.

Ana estava ensinando matemática para alunos com necessidades especiais em uma escola pública.

Era seu primeiro ano de magistério, e foi exigido dela pegar as aulas de sábado para conseguir o mestrado em Educação Especial. Ana conversou com o superintendente das escolas públicas da cidade.

“Eu não posso pegar essas aulas porque eu sou adventista do sétimo dia”, disse ela.

“Se você não pegar essas aulas, vai perder seu emprego”, disse o superintendente.

Ana estava assustada. Ela era a provedora da família. Por um semestre, ela foi às aulas. Mas sua consciência a incomodou, e ela finalmente parou de ir.

“Não posso fazer isso”, disse ela ao superintendente.

Para sua surpresa, o superintendente respondeu: “Essa é sua decisão.”

Então, ela descobriu que não poderia ser demitida. Quando pediu pela primeira vez para não estudar aos sábados, ela estava em estágio probatório no trabalho. Mas o período probatório havia terminado, e ela não poderia ser demitida. Ela fez uma promessa de nunca mais violar o sábado.

Ana lecionou na escola por nove anos.

Enquanto estava lá, ela enfrentou um novo teste do sábado quando se candidatou, através de uma agência de recrutamento de trabalho, para ser professora nos Estados Unidos. Uma escola na Califórnia estava interessada em contratá-la, mas queria realizar a entrevista de emprego no sábado.

“Não posso fazer a entrevista no sábado”, disse Ana ao recrutador. “Eu preciso ir à igreja.”

Ana decidiu que Deus não deveria querer que ela trabalhasse nos Estados Unidos. Ela disse ao recrutador: “Eu não quero mais esse trabalho. Remova meu formulário do seu banco de dados”.

Passou-se um mês, e a agência de recrutamento de trabalho ligou outra vez. Uma escola no Arizona estava interessada em contratá-la.

“Posso fazer a entrevista em qualquer dia menos no sábado?”, perguntou Ana.

“Você pode fazer a entrevista em qualquer dia da semana”, o recrutador respondeu.

Ana fez a entrevista numa sexta-feira, e a escola ofereceu a ela o emprego quatro dias depois. Ana ficou surpresa e louvou a Deus.

O superintendente ficou surpreso quando Ana chegou com sua carta de demissão. Ana descobriu depois que o superintendente havia se candidatado muitas vezes para lecionar nos Estados Unidos, mas nunca havia recebido uma proposta de emprego. Ana sentiu que Deus a

havia honrado por ela ter honrado Seu sábado

As provações quanto ao sábado não acabaram nos Estados Unidos. Pouco depois de ela chegar ao Arizona, o novo diretor disse a ela e aos demais professores que eles precisavam participar de sessões especiais de treinamento aos sábados. Ana orou: “Senhor, eu estou aqui porque guardei o sábado e sei que o Senhor me ajudará agora”.

Ela foi até o diretor. “Eu não posso participar do treinamento”, disse ela. “Acredito que o sábado é santo e preciso santificá-lo.”

O diretor se recusou a ceder. “Se você não for ao treinamento no sábado, vou demiti-la por insubordinação”, disse ele.

Ana se manteve firme. “Temos liberdade religiosa nos Estados Unidos”, disse ela. “Estou aqui porque defendi o sábado.”

Então, ela compartilhou sua história e deu ao diretor um curto estudo bíblico sobre o sábado.

O diretor ficou chateado, mas se ofereceu para dispensá-la do treinamento se o superintendente das escolas públicas da cidade desse permissão. Ana falou com o superintendente, e ele assinou uma carta, concedendo sua permissão. “Você pode adorar a Deus em qualquer dia”, disse ele.

Ana entregou a carta ao diretor. “Você está dispensada”, disse ele. “Mas encontre uma maneira de fazer o treinamento de sábado por conta própria.”

Ana não sabia o que estudar, então orou. No dia seguinte, na escola, ela viu o instrutor responsável pelo treinamento na escola. “Eu não posso vir para o treinamento porque sou adventista do sétimo dia e guardo o sábado”, disse ela.

“Vamos ao diretor”, respondeu o instrutor. “Eu quero dizer algo para ele.”

Na sala do diretor, o instrutor disse: “Vou fazer o treinamento aos domingos apenas para Ana”.

“Ok, problema resolvido”, disse o diretor. Virando-se para Ana, seu rosto amoleceu. “Você é abençoada porque é fiel”, disse ele.

Depois disso, algo incrível aconteceu. Um relacionamento caloroso desabrochou entre o diretor e Ana. Ele se tornou como um pai para ela. Ele ficou triste ao ver Ana ir embora alguns anos depois quando ela sentiu que Deus a estava chamando para lecionar na Escola Adventista do Sétimo Dia Indígena de Holbrook, localizada a uma hora de carro.

Hoje, Ana é professora de matemática de educação especial em Holbrook. Ela é feliz de ser adventista do sétimo dia e ama ensinar os alunos sobre matemática e sábado. “Eu defendi o sábado, e Deus me ajudou”, disse ela.

Esta história missionária dá uma visão interna na vida de uma professora na Escola Adventista Indígena de Holbrook que recebeu parte das ofertas em 2018 e 2021. Obrigado por suas ofertas deste trimestre que também ajudarão a espalhar o evangelho.

Por Andrew McChesney

Dicas para a história

  • Mostre Holbrook, Arizona, no mapa.

  • Baixe as fotos desta história no Facebook: bit.ly/fb-mq.

  • Compartilhe publicações missionárias e fatos rápidos sobre a Divisão Norte-Americana: bit.ly/nad-2024.

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Comentário da Lição da Escola Sabatina – 4º Trimestre de 2024

Tema geral: Temas do Evangelho de João

Lição 5 – 26 de outubro a 2 de novembro

O testemunho dos samaritanos 

Autor: Manolo Damasio

Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br

Revisora: Rosemara Santos

Os evangelhos revelam que havia uma hostilidade entre judeus e samaritanos. É importante entender a origem desse conflito terrível e injustificável.

Na divisão do Reino de Israel, que era composto pelas 12 tribos, no período de Roboão, dez delas, localizadas ao norte, foram chamadas de Israel do Norte, enquanto as outras duas, ao sul, com sede em Jerusalém, ficaram conhecidas como Judá. As tribos do norte eram compostas pela maior parte do povo de Israel enquanto o Reino do Sul, composto por duas tribos, Judá e Benjamim, preservou o povo que ficou conhecido como judeus. Atualmente, todos os descendentes de Israel, de qualquer uma das doze tribos, acabam sendo incluídos no termo “judeus”.

O Antigo Testamento destaca a divisão de Israel em dois reinos e suas consequências. Cada qual tinha sua administração, território e práticas religiosas. Ambas contaram com o ministério dos profetas. Infelizmente, as tribos do norte, para manter sua independência administrativa, optaram por se afastar o máximo possível da influência de Jerusalém, especialmente dos ritos e festas promovidos no templo de Jerusalém. O resultado foi catastrófico. Dos vinte reis que ocuparam o trono em mais de dois séculos, nenhum deles respondeu favoravelmente aos apelos e advertências proféticas nem cumpriu os requisitos da aliança de Deus, nem mesmo parcialmente.

No sétimo século (em 722 a.C.), a Assíria conquistou as tribos do Reino do Norte, desferindo um golpe mortal contra os Israelitas. Como parte de sua estratégia militar, eles dispersavam os cativos, diminuindo assim as chances de levantes organizados.

Os samaritanos foram o resultado da mistura entre os israelitas e povos de outras nações. Essa miscigenação produziu também uma espécie de sincretismo religioso. Costumes pagãos foram incorporados ao judaísmo ali praticado, resultando numa outra forma de religião que lembrava em certos pontos as instruções mosaicas.

O preconceito e resistência entre os povos se agravou quando os judeus, na volta do cativeiro babilônico, rejeitaram a ajuda dos samaritanos na reconstrução dos muros da cidade. Os habitantes de Samaria se tornaram um tropeço nesse reinício e a animosidade se transformou em ódio ao longo das gerações seguintes. No tempo de Jesus, embora fosse admitido o comércio entre eles, evitava-se qualquer interação mais amigável.

O quarto capítulo do Evangelho de João registra uma passagem de Jesus por Samaria e Seu esforço para quebrar as barreiras aparentemente intransponíveis que existiam entre eles.

Uma porção do capítulo 3 (v. 26-30) e o início do capítulo 4 (v. 1, 2) podem explicar a ida de Jesus para Samaria como uma tentativa de Se afastar das tensões na Judeia embora a sequência do texto nos apresente um propósito mais elevado para a visita de Jesus.

Samaria estava situada na parte central da região, no território entre a Judeia e a Galileia. Passar por suas cidades e vilas representava a menor distância, o que muitas vezes era evitado pelos judeus para prevenir o contato entre eles. Contornar a região dos samaritanos adicionava cerca de 40 km ao percurso.

A cidade citada por João é Sicar, que ficava ao lado de Siquém. O poço em que Jesus descansou havia sido cavado por Jacó em suas peregrinações. Essa também foi a região em que Abraão construiu seu primeiro altar quando deixou a casa dos pais (Gn 12:5-7) e onde José procurou seus irmãos a pedido do pai (Gn 37:14).

Esse local serviu de palco para um encontro memorável entre Jesus e uma mulher. Não podemos deixar de notar as diferenças e semelhanças com o encontro registrado no capítulo anterior. Não sabemos ao certo as intenções de João, mas é curioso que o relato esteja na sequência e que somente João os tenha preservado.

Um homem e uma mulher. Ele judeu, ela samaritana. Um respeitado membro do Sinédrio e uma mulher de caráter questionável. Ele encontrou Jesus à meia-noite, ela ao meio-dia. Nicodemos sentiu vergonha de ser visto com Jesus. A samaritana sentia vergonha das pessoas.

Ambos tiveram seu mundo abalado e foram surpreendidos por verdades atordoantes. Os dois tiveram o privilégio de ter um momento a sós com Jesus e questionaram admirados: “Como isso é possível?” Ambos foram ensinados com elementos simples da natureza e aos dois foram reveladas verdades não antes verbalizadas por Jesus. A ambos foi ressaltada a obra do Espírito Santo e revelada a necessidade de um novo nascimento.

A abordagem de Jesus junto ao poço de Jacó é de uma genialidade e compaixão admiráveis. Jesus não disfarça Sua fragilidade ao pedir água à estranha, que pelos costumes orientais se via forçada a atender ao pedido de um viajante. Contudo, ela não pode deixar de notar que Jesus era um vizinho inconveniente. Ela percebeu que Ele era um judeu. Mas, uma vez que Ele capturou sua atenção, os papéis se inverteram rapidamente. De alguém que faz um pedido simples, Jesus passou a oferecer algo muito mais valioso para ela.

O que se segue é uma conversa com vários assuntos não terminados. Pacientemente, Jesus tentou mantê-la no tópico mais importante e utilizou elementos do cotidiano para revelar verdades superiores. Ficou evidente na sua primeira frase e na sua referência ao lugar de adoração que ela tinha uma base religiosa e nutria aspectos conflitantes com os judeus.

O fato é que ela teve seu mundo abalado ao perceber que o Estranho conhecia seu passado e ainda assim conseguia ser tão afetuoso. Ela reconheceu os traços proféticos de Jesus e não conseguiu esconder sua admiração.

Mas, talvez a parte mais emocionante desse encontro seja a declaração de Jesus depois que ela mencionou a promessa antiga de um Messias. Sem símbolos ou analogias. Sem pedir segredo ou sussurrar discretamente. Sem temer qualquer reação, Jesus declarou à audiência de uma só pessoa: “Eu o sou, Eu que falo contigo”.

Antes que a mulher deixasse o cântaro para trás e saísse atordoada, houve tempo para que os discípulos chegassem ao poço e os vissem conversando.

Ela foi à cidade e, sem mais preocupações, perguntou aos habitantes da cidade: “Não seria Ele, por acaso, o Cristo?” (v. 29).

Por causa do testemunho dessa mulher, muitos samaritanos creram em Jesus e quando foram ao encontro Dele pediram que ficasse com eles. Jesus permaneceu na cidade por mais dois dias, o que resultou numa colheita muito maior.

Jesus comparou Sua obra à de um agricultor ao falar com os discípulos ainda junto ao poço. E deixou claro aos Doze que a colheita dos que pregam o evangelho é para a vida eterna.

Os muros do preconceito precisavam ser derrubados e esse episódio marca uma mudança de paradigma em ambos os lados.

Os samaritanos impactados com o testemunho da mulher falam de sua própria experiência depois que se encontraram com Jesus: “Agora não é mais por causa do que você falou que nós cremos, mas porque nós mesmos ouvimos, e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo” (Jo 4:42).

João viu na passagem de Jesus por Samaria uma peça importante para o objetivo do seu livro.

“Estes, porém, foram registrados para que vocês creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenham vida em Seu nome” (Jo 20:31).

Conheça o autor dos comentários deste trimestre: Manolo Damasio é pastor adventista. Formou-se Bacharel em Teologia pelo UNASP-EC, em 2004. Iniciou seu ministério em Porto Alegre. Em 2008, foi chamado para o Distrito Federal, onde desempenhou diferentes funções. É Mestre em Liderança pela Andrews University e Pós-graduado pelo UNASP, com MBA em Liderança. Atualmente mora no Texas, servindo como pastor da Igreja Adventista Brasileira de Dallas desde 2017. É casado com Jeanne, jornalista e escritora. O casal tem dois filhos, Noah e Otto.