Lição 11
09 a 16 de dezembro
Os eleitos
Sábado à tarde
Ano Bíblico: 2 Timóteo
Verso para memorizar: “Terá Deus, porventura, rejeitado o Seu povo? De modo nenhum! Porque eu também sou israelita da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim” (Rm 11:1).
Leituras da semana: Rm 10; 11

A lição desta semana abrange Romanos 10 e 11, com um foco especial no capítulo 11. É importante ler os dois capítulos na íntegra a fim de continuar seguindo a linha de raciocínio de Paulo.

Esses dois capítulos foram e continuam sendo o ponto central de muitas discussões. Um ponto, no entanto, torna-se evidente em todas elas: Deus ama a humanidade e Seu grande desejo é ver todo ser humano salvo. Não há rejeição coletiva em termos de salvação. Romanos 10 deixa muito claro que “não há diferença entre judeu e grego” (Rm 10:12): todos são pecadores e todos precisam da graça de Deus concedida ao mundo por meio de Jesus Cristo. Essa graça chega a todos, não por nacionalidade, nem por nascimento, nem por obras da lei, mas pela fé em Jesus, que morreu como Substituto dos pecadores de todos os lugares. As funções podem mudar, mas o plano fundamental da salvação jamais mudará.

Paulo continuou com esse tema no capítulo 11. Como foi mencionado anteriormente, é importante entender que, quando Paulo falou sobre eleição e vocação, a questão não era a salvação, mas o plano de Deus para alcançar o mundo. Com relação à salvação, nenhum grupo foi rejeitado. Essa nunca foi a questão. Em vez disso, depois da cruz e da introdução do evangelho aos gentios, especialmente por meio de Paulo, o movimento inicial de cristãos – judeus e gentios – tomou para si a responsabilidade de evangelizar o mundo.



Domingo, 10 de dezembro
Ano Bíblico: Tito
Cristo e a lei

1. Leia Romanos 10:1-4. Qual é a mensagem desses versos? Assinale a alternativa correta e reflita sobre como poderíamos, hoje, correr o risco de procurar
estabelecer nossa “própria justiça”.

A.( ) A justiça de Cristo não é suficiente para nos cobrir, portanto precisamos da nossa própria justiça.

B.( ) Devemos nos sujeitar à justiça de Deus, pois não temos justiça em nós mesmos.

O legalismo pode vir de muitas formas, algumas mais sutis do que outras. Aqueles que olham, mesmo com as melhores intenções, para si mesmos, para suas boas ações, dieta, estrita observância do sábado, todas as coisas ruins que não fazem, ou as coisas boas que já alcançaram, estão caindo na armadilha do legalismo. Em cada momento da nossa vida, devemos manter diante de nós a santidade de Deus em contraste com nossa pecaminosidade; esse é o meio mais seguro de nos proteger do tipo de pensamento que leva as pessoas a buscar sua “própria justiça”, contrária à justiça de Cristo.

Romanos 10:4 é um texto importante que capta a essência de toda a mensagem de Paulo aos romanos. Primeiramente, precisamos conhecer o contexto. Muitos judeus estavam “procurando estabelecer a sua própria [justiça]” (Rm 10:3) e buscando “a justiça decorrente da lei” (Rm 10:5). Porém, com a vinda do Messias, o verdadeiro caminho da justiça foi apresentado. A justiça foi oferecida a todos que fixassem sua fé em Cristo. Jesus era Aquele para quem o antigo sistema cerimonial apontava.

Mesmo que alguém inclua, nesses versos, os Dez Mandamentos na definição de lei, isso não significa que eles foram eliminados. A lei moral mostra nossos pecados, falhas, fraquezas e, assim, leva-nos à nossa necessidade de um Salvador, de perdão, de justiça (sendo todas essas coisas encontradas somente em Jesus). Nesse sentido, Cristo é o “fim” da lei, no sentido de que ela nos leva a Ele e à Sua justiça. A palavra grega para “fim” aqui é telos, que também pode ser traduzida como “meta” ou “propósito”. Cristo é o propósito final da lei, no sentido de que ela deve nos levar a Jesus.

Entender que esse texto ensina que os Dez Mandamentos, ou especificamente o quarto mandamento, tornaram-se inválidos, é tirar uma conclusão contrária a grande parte daquilo que Paulo e o Novo Testamento ensinam.

Você já se sentiu orgulhoso por ser bom, especialmente em comparação com os outros? Talvez você seja “melhor”, mas e daí? Compare-se com Cristo e pense em quanto você realmente é “bom”.

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Segunda-feira, 11 de dezembro
Ano Bíblico: Filemon
A eleição da graça

2. Leia Romanos 11:1-7. Qual ensino comum essa passagem nega de maneira clara e irrevogável?

Na primeira parte de sua resposta à pergunta: “Terá Deus, porventura, rejeitado o Seu povo?”, Paulo mostrou que há um remanescente, uma eleição da graça como prova de que Deus não tinha rejeitado Seu povo. A salvação está disponível a todos os que a aceitam, tanto judeus quanto gentios.

Devemos lembrar que os primeiros convertidos ao cristianismo eram todos judeus (por exemplo, o grupo convertido no dia de Pentecostes). Foi preciso uma visão especial e um milagre para convencer Pedro de que os gentios tinham igual acesso à graça de Cristo (At 10; compare com At 15:7-9) e de que o evangelho também deveria ser levado a eles.

3. Leia Romanos 11:7-10. Será que Paulo estava dizendo que Deus propositadamente cegou os israelitas que haviam rejeitado Jesus para que eles não enxergassem a salvação? O que há de errado com essa ideia? Assinale a alternativa correta:

A.( ) Não. Deus elegeu todo o povo de Israel para a salvação. Uma parte da nação foi cegada em relação às funções que deviam desempenhar na causa de Deus.

B.( ) Sim, pois Deus privilegia alguns com a luz da salvação, enquanto outros são privados do evangelho.

Em Romanos 11:8-10, Paulo citou o Antigo Testamento, que os judeus aceitavam como autorizado. As passagens que Paulo citou retratam Deus dando a Israel
um espírito de entorpecimento, impedindo-o de ver e ouvir. Será que Deus cega os olhos das pessoas para impedi-las de ver a luz que as levaria à salvação? Jamais! Essas passagens devem ser compreendidas à luz da explicação de Romanos 9. Paulo não estava falando da salvação individual, pois, em relação à salvação, Deus não rejeita nenhum grupo de pessoas. Assim como tem sido o tempo todo, a questão aqui trata da função que essas pessoas desempenham em Sua obra.

O que há de errado com a ideia de que Deus rejeita grupos de pessoas em termos de salvação? Por que isso vai contra o ensino do evangelho, que em seu cerne mostra que Cristo morreu para salvar todos os seres humanos? No caso dos judeus, como essa ideia levou a resultados trágicos?


Terça-feira, 12 de dezembro
Ano Bíblico: Hb 1–3
O ramo natural

4. Leia Romanos 11:11-15. Qual é a grande esperança apresentada por Paulo nesse texto?

Nessa passagem, encontramos duas expressões paralelas a respeito dos israelitas: (1) “a sua plenitude” (Rm 11:12) e (2) “a sua aceitação” (Rm 11:15, NVI). Paulo concebeu a decadência e a rejeição de Israel como sendo apenas temporárias; elas seriam seguidas pela plenitude e aceitação. Essa é a segunda resposta de Paulo à pergunta feita no início desse capítulo: “Terá Deus, porventura, rejeitado o Seu povo”? O que parecia ser uma rejeição, disse ele, era apenas uma situação temporária.

5. Leia Romanos 11:16-24. Qual é a mensagem de Paulo nesse texto?

Paulo comparou o remanescente fiel de Israel a uma oliveira nobre, cujos ramos “incrédulos” foram quebrados – uma ilustração que ele usou para provar que “Deus não rejeitou o Seu povo” (Rm 11:2). A raiz e o tronco permaneceram.

Os gentios cristãos foram enxertados nessa árvore. Contudo, eles estavam extraindo sua seiva e vitalidade da raiz e do tronco, que representavam, por sua vez, os judeus cristãos.

O que ocorreu com os judeus que rejeitaram Jesus também poderia ocorrer com os gentios cristãos. A Bíblia não ensina nenhuma doutrina em que alguém “uma vez salvo” está para “sempre salvo”. Assim como a salvação é livremente oferecida, ela pode ser livremente rejeitada. Embora devamos ter cuidado para não pensar que cada vez que caímos perdemos a salvação, ou que não somos salvos a menos que sejamos perfeitos, precisamos também evitar o oposto: a ideia de que, uma vez que a graça de Deus nos cobre, nenhum ato nosso nem qualquer escolha que façamos tirará de nós a salvação. No final, somente aqueles que permanecerem em Sua bondade (Rm 11:22) serão salvos.

Nenhum cristão deve se vangloriar de sua própria bondade nem se sentir superior aos seus semelhantes. Nossa salvação não foi obtida por merecimento; foi um presente. Diante da cruz e do padrão de santidade de Deus, somos todos iguais: pecadores que necessitam da graça divina e de uma santidade que só pode ser nossa por meio do Espírito Santo. Não há nada em nós do que nos vangloriar; devemos nos gloriar somente em Jesus e no que Ele fez por nós, ao vir a este mundo em natureza humana, sofrer nossas aflições, morrer pelos nossos pecados, dar-nos o exemplo de como viver e nos prometer o poder para viver à Sua maneira. Somos completamente dependentes dEle em tudo, pois sem Ele não teríamos nenhuma esperança além do que este mundo oferece.



Quarta-feira, 13 de dezembro
Ano Bíblico: Hb 4–6
Todo o Israel será salvo

6. Leia Romanos 11:25-27. Quais acontecimentos importantes Paulo previu nessa passagem?

Há séculos, os cristãos têm discutido e debatido sobre Romanos 11:25-27. Alguns pontos, entretanto, são claros. Para começar, todo o conteúdo desses versos trata da ação divina para alcançar os judeus. O que Paulo estava dizendo é uma resposta à pergunta feita no início do capítulo: “Terá Deus, porventura, rejeitado o Seu povo”? Sua resposta, obviamente, foi não. Ele explicou que (1) a cegueira (do grego porosis, cujo significado é “endurecimento”, ARA) foi apenas “em parte” e (2) temporária, “até que chegasse a plenitude dos gentios” (Rm 11:25, NVI).

O que significa “a plenitude dos gentios”? Muitos entendem essa expressão como uma forma de representar o cumprimento da comissão evangélica, na qual todo o mundo ouvirá o evangelho. “A plenitude dos gentios” chegará quando o evangelho for pregado em toda parte. A fé de Israel, manifestada em Cristo, será universalizada. O evangelho terá sido pregado a todo o mundo. A vinda de Jesus está próxima. Nesse momento, então, muitos judeus começarão a vir a Jesus.

Outro assunto difícil é o significado da expressão “todo o Israel será salvo” (Rm 11:26). Isso não deve ser interpretado no sentido de que todo judeu, por algum decreto divino, terá a salvação no tempo do fim. As Escrituras não pregam em nenhuma parte o universalismo, seja para toda humanidade, seja para determinado segmento. Paulo esperava salvar “alguns deles” (Rm 11:14). Assim como ocorre em todos os grupos de pessoas, alguns aceitaram o Messias, outros O rejeitaram.

Comentando sobre Romanos 11, Ellen G. White falou de um tempo “na proclamação final do evangelho” em que “muitos judeus […] receberão a Cristo pela fé como seu Redentor” (Atos dos Apóstolos, p. 381).

“Há uma poderosa obra a ser feita no mundo. O Senhor declarou que os gentios serão recolhidos, e não somente os gentios, mas os judeus. Há entre os judeus muitos que serão convertidos e por meio de quem veremos a salvação de Deus sair como lâmpada ardente. Há judeus por toda parte, e a eles deve ser levada a luz da verdade presente. Há entre eles muitos que virão para a luz e que proclamarão a imutabilidade da lei de Deus com admirável poder” (Ellen G. White, Evangelismo, p. 578).

Pense nas raízes judaicas da fé cristã. Um estudo seletivo da religião judaica poderia ajudá-lo a entender melhor sua fé cristã?


Quinta-feira, 14 de dezembro
Ano Bíblico: Hb 7–9
A salvação dos pecadores

O amor de Paulo por seu povo fica claramente evidente em Romanos 11:25-27. Deve ter sido muito difícil para ele se opor a alguns de seus próprios compatriotas e vê-los lutar contra a verdade do evangelho. No entanto, em meio a tudo isso, ele ainda acreditava que muitos reconheceriam Jesus como o Messias.

7. Leia Romanos 11:28-36. De que maneira Paulo mostrou o amor de Deus, não apenas pelos judeus, mas por toda a humanidade? Como ele expressou o poder maravilhoso e misterioso da graça de Deus?

Ao longo de Romanos 11:28-36, embora seja apresentado um contraste entre judeus e gentios, um ponto fica claro: a misericórdia, o amor e a graça de Deus são derramados sobre os pecadores. Desde antes da fundação do mundo, o plano de Deus era salvar a humanidade e usar outros seres humanos e nações como instrumentos em Suas mãos para cumprir Sua vontade.

8. Leia Romanos 11:31 com atenção e oração. Qual ponto importante devemos extrair desse texto sobre nosso testemunho, não apenas aos judeus, mas para todas as pessoas com quem entramos em contato?

Ao longo dos séculos, se a igreja cristã tivesse tratado melhor os judeus, muitos mais poderiam ter aceitado o Messias. A grande apostasia nos primeiros séculos depois de Cristo e a paganização extrema do cristianismo, inclusive a rejeição do sábado em favor do domingo – certamente não tornaram mais fácil a situação para que os judeus fossem atraídos para Jesus.

Portanto, é fundamental que todos os cristãos, percebendo a misericórdia que lhes foi dada em Cristo, demonstrem essa misericórdia para com outros. Não podemos ser cristãos sem essa manifestação de compaixão (veja Mt 18:23-36).

Você precisa demonstrar misericórdia a alguém que não merece? Mostre misericórdia a essa pessoa, não importa quanto isso seja difícil. Afinal de contas, não foi isso que Jesus fez por nós?

Ajude a preparar pessoas para cumprir a missão: identifique, encoraje e envie jovens de sua igreja para a colportagem evangelística e para estudar em nossos internatos.

Sexta-feira, 15 de dezembro
Ano Bíblico: Hb 10, 11
Estudo adicional

Leia, de Ellen G. White, “Perante o Sinédrio”, p. 77-79; “De Perseguidor a Discípulo”, p. 112-114; “Carta de Roma”, p. 474, 475, em Atos dos Apóstolos; “Trabalho em Favor de Classes Especiais”, p. 573-577, em Evangelismo; “O Que Pregar e O Que Não Pregar”, p. 155, 156, em Mensagens Escolhidas, v. 1.

“Não obstante a falha de Israel como nação, havia entre eles um considerável remanescente em condições de ser salvo. No tempo do advento do Salvador, houve homens e mulheres fiéis que receberam com alegria a mensagem de João Batista, e foram assim levados a estudar de novo as profecias referentes ao Messias. Quando a igreja cristã primitiva foi fundada, ela era composta desses fiéis judeus que reconheceram Jesus de Nazaré como Aquele cujo advento haviam almejado” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 376, 377).

“Há entre os judeus alguns que, como Saulo de Tarso, são poderosos nas Escrituras, e esses proclamarão com maravilhoso poder a imutabilidade da lei de Deus […]. Quando Seus servos trabalharem com fé pelos que há muito têm sido negligenciados e desprezados, Sua salvação será revelada” (ibid., p. 381).

“Ao serem as Escrituras do Antigo Testamento combinadas com o Novo numa explanação do eterno propósito de Jeová, isso será para muitos judeus como o raiar de uma nova criação, a ressurreição da esperança. Ao verem o Cristo da dispensação do evangelho retratado nas páginas das Escrituras do Antigo Testamento, e perceberem quão claramente o Novo Testamento explica o Antigo, suas adormecidas faculdades despertarão e eles reconhecerão Cristo como o Salvador do mundo. Muitos receberão a Cristo pela fé como seu Redentor” (ibid., p. 381).

Perguntas para discussão

1. Visto que a lei de Deus, especialmente o sábado, será enfatizada nos últimos dias, não é razoável pensar que os judeus desempenharão uma função em ajudar a esclarecer algumas questões diante do mundo, visto que muitos deles são tão zelosos quanto os adventistas do sétimo dia em relação aos Dez Mandamentos?

2. Por que a Igreja Adventista do Sétimo Dia deve ser a igreja mais bem-sucedida em alcançar os judeus? O que você ou sua igreja podem fazer para alcançá-los?

3. O que podemos aprender com os erros de muitas pessoas do antigo Israel? Como podemos evitar essas mesmas coisas hoje?

Respostas e atividades da semana: 1. B. 2. Escolha um aluno para responder essa questão e compartilhar sua resposta com os colegas. Promova um debate com base na resposta desse aluno. 3. A. 4. Divida a classe em dois grupos. Peça aos alunos que reflitam e discutam como coisas ruins podem se transformar em bênçãos em nossa vida e na vida de outras pessoas. 5. Pergunte aos alunos. 6. Escolha um aluno para responder essa questão e compartilhar sua resposta com os colegas. 7. Discuta com os alunos maneiras de mostrar o amor de Deus a todas as pessoas, inclusive as “rejeitadas” pela sociedade. 8. Peça que os alunos reflitam como tem sido o testemunho deles diante dos cristãos e dos incrédulos. O que eles precisam mudar?



Resumo da Lição 11
Os eleitos

TEXTO-CHAVE: Romanos 11:1

O ALUNO DEVERÁ

Saber: Que a salvação está disponível de modo universal a todos os que creem em Jesus Cristo.

Sentir: Compaixão pelas pessoas de todas as raças e origens étnicas, e perceber que todas necessitam da mesma graça que vem de Deus para a salvação.

Fazer: Apresentar a mensagem do evangelho a todos que encontrarmos.

ESBOÇO

I. Saber: A salvação está disponível a todos por meio de Cristo

A. Há algum grupo de pessoas na Terra que esteja fora do alcance da graça de Deus?

B. O fato de que a salvação esteja disponível a todos significa que todos serão salvos? Explique.

C. Como se obtém a salvação?

II. Sentir: Interesses comuns com toda a humanidade

A. Quando você se sente mais conectado com as pessoas ao seu redor?

B. Em termos de mérito para a salvação, há algum grupo de pessoas diferente dos demais? Explique.

III. Fazer: Compartilhar a natureza universal da salvação com as pessoas ao seu redor

A. Compartilhar o evangelho pode ajudar a derrubar barreiras de preconceito racial?

B. Você trataria as pessoas de modo diferente se conseguisse entender que elas estão na mesma condição que você?

RESUMO: A salvação por meio da fé em Jesus Cristo está disponível a todos os grupos de pessoas, caso eles escolham colocar sua fé nEle. Essa realidade significa que todas as pessoas são iguais quanto à necessidade de salvação. Ao compreender essa verdade, podemos ter compaixão de todos e estar mais disponíveis para Deus, no sentido de compartilhar as boas-novas de Jesus Cristo.

Ciclo do aprendizado

Motivação

Focalizando as Escrituras: Romanos 11:1

Conceito-chave para o crescimento espiritual: Reconhecer que Deus procura salvar todos ajuda os cristãos a ser mais compassivos e abertos a todos os grupos de pessoas ao seu redor.

Para o professor: Ajude seus alunos a ir além dos termos judeu e gentio para compreender que a salvação está aberta a todos os grupos de pessoas. Isso inclui muçulmanos, hindus, terroristas, viciados em drogas, pessoas sem-teto, ricos, negros, brancos e morenos – todos. A palavra gentio, em grego, significa “nações”, e se refere a todas as nações, com exceção de Israel.

Discussão inicial: Cory levou um grupo de estudantes do Ensino Médio a um abrigo de moradores de rua como parte de um projeto de missão durante o recesso de primavera. Cada estudante recebeu a oportunidade de ajudar de diferentes maneiras. Cory foi designado a ajudar na pintura das prateleiras da despensa. Ele estava trabalhando com um morador do abrigo, que estava mudando de vida por meio do programa oferecido pelo abrigo.

Enquanto pintavam juntos, Cory quis saber a história de vida daquele homem. Ele contou que tinha sido pastor pouco tempo antes. O estresse do pastorado o alcançou e também à sua família. Ele viu a igreja e a família se desintegrarem, ficou sozinho e procurou um jeito de sair dessa situação. Ele estava morando com um amigo, pois o divórcio o deixou sem lar. Esse “amigo” lhe ofereceu drogas. Ele jamais havia pensado que usaria drogas, mas nesse momento de desespero, ele disse sim. Foi o início de um vício que resultou em overdose num parque. Participando no programa do abrigo há algum tempo, ele estava em recuperação, ficando livre do vício e redescobrindo os propósitos da vida. Outros moradores do abrigo passaram a chamá-lo de pastor e o procuravam para aconselhamento espiritual.

Ao ouvir essa história, Cory percebeu que todos nós somos muito vulneráveis. Ali estavam dois homens, ambos pastores. Somente a graça de Deus, e nada em nós mesmos, impede-nos de cair no poço de depravação e tragédia.

Perguntas para discussão

1. Você já se identificou com uma pessoa com quem não esperava se identificar?

2. Quando você se reconhece nas pessoas, ocorre alguma mudança em sua atitude para com elas?

Compreensão

Para o professor: Enquanto você estuda as diferentes seções das Escrituras em Romanos 10
e 11, mantenha o foco da classe no tema da lição e desses capítulos, que indicam que a justificação é pela fé. A salvação não vem por meio de nossos próprios esforços, mas pelo cumprimento da lei em Cristo.

Comentário bíblico

I. Desejo de salvação

(Recapitule com a classe Rm 10:1-4.)

É importante reconhecer a motivação de Paulo nos capítulos 10 e 11: o desejo de que todas as pessoas encontrem a salvação. Mas não é qualquer salvação, é a salvação baseada na justiça de Deus, não na justiça das obras e do esforço próprio. Paulo descreveu a salvação que os judeus procuravam como justiça própria, em lugar da justiça de Deus. A salvação fundamentada nos esforços da pessoa é, na verdade, desobediência à salvação que vem de Deus.

Paulo descreveu Cristo como “o fim da lei” (Rm 10:4). Alguns acreditam que esse texto significa que Cristo aboliu a lei. A palavra fim nessa passagem vem do termo grego telos, que seria melhor traduzido como “cumprimento”. Cristo é o cumprimento da lei e não o fim dela.
O esforço humano foi incapaz de guardar a lei ou cumpri-la. Assim, foi necessário que Cristo viesse e cumprisse a lei e a aliança entre Deus e a humanidade para que a salvação se tornasse disponível a todas as pessoas.

Perguntas para discussão

1. Há meios pelos quais devemos ser justos? Como podemos ser justos?

2. Em que sentido Cristo é o cumprimento da lei?

II. Submissão a Jesus como Senhor

(Recapitule com a classe Rm 11:5-14.)

O processo de salvação descrito nessa passagem envolve confissão e fé sincera e receptiva. Uma vez mais somos lembrados de que a justificação é feita por meio da fé. A linguagem de Romanos 10:6-8 pode ser confusa: subir ao Céu e descer ao abismo. O que essa expressão sugere é que ninguém precisa realizar a encarnação, a morte ou a ressurreição, porque tudo isso já foi efetuado por Jesus. A única coisa que nos resta fazer é confessar com os lábios e crer com o coração que Jesus é Senhor.

Essa fraseologia se constituiu em uma ponte importante para judeus e gentios que viviam em Roma. Para os judeus, “o Senhor” era uma referência a Yahweh no Antigo Testamento, e para os cidadãos romanos “o Senhor” era uma referência a César. Assim, judeus e gentios precisavam aceitar o senhorio de Jesus. Os judeus precisavam aceitar que Jesus, na verdade, é o Yahweh do Antigo Testamento. Desse modo, eles não estavam deixando para trás sua fé, mas confirmando suas raízes. Os gentios precisavam abandonar César como senhor e substituí-lo por Jesus. Aos dois grupos, Paulo declarou que “todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (Rm 10:13).

Perguntas para discussão

1. Liste diferentes grupos de pessoas. Quais são alguns dos líderes ou ideologias dominantes para esses povos?

2. De que forma esses diferentes grupos precisam se submeter a Jesus como Senhor, em lugar dos líderes ou ideologias que eles seguem?

III. A raiz do judaísmo e do cristianismo

(Recapitule com a classe Rm 11:11-24, 30-32.)

Nesses versos, Paulo advertiu os crentes gentios a não rejeitarem os judeus, especialmente em relação ao relacionamento deles com Deus e a disponibilidade da salvação. Paulo usou a metáfora da oliveira para sugerir que partes de Israel, que rejeitaram Jesus como Senhor, foram cortadas da raiz do relacionamento de aliança com Deus. Israel era conhecido como o povo escolhido de Deus. Eles estavam conectados ao tronco de Abraão, Isaque e Jacó (Israel) por meio da herança genética ou natural, mas isso não bastava. Eles também precisavam de fé em Jesus. Paulo utilizou essa ilustração para alertar os crentes gentios a não perder a fé para que não fossem cortados, como alguns dos judeus haviam sido. Paulo também utilizou essa metáfora para mostrar aos crentes gentios que seria muito fácil para os crentes judeus voltar ao relacionamento salvífico da aliança com Deus. O acesso à salvação era ainda mais fácil para os judeus do que para as demais nações, pois os judeus tinham apenas que reconhecer que Jesus é Yahweh, Aquele em quem eles sempre tinham confiado. Os gentios, por outro lado, tinham que rejeitar a César como senhor e substituí-lo por Jesus.

Paulo declarou, em Romanos 11:30-32, que todos haviam sido desobedientes a Deus. Os gentios foram desobedientes antes mesmo de conhecer a Deus, e alguns dos judeus eram agora desobedientes por causa da rejeição a Jesus. Porém, assim como todos haviam sido desobedientes, também havia misericórdia disponível a toda a humanidade: judeus e gentios. A palavra gentio, em grego, refere-se a todas as nações, exceto Israel. Portanto, a misericórdia está disponível a todas as nações e grupos de pessoas.

Pense nisto: 1. Para um judeu hoje em dia, em comparação com um judeu do primeiro século, é mais fácil ou mais difícil aceitar Jesus como Senhor? Explique. 2. Se é mais fácil para Israel aceitar Jesus como Senhor, como Paulo disse, por causa de suas raízes religiosas, esse também é o caso do Islã, que também tem suas raízes em Abraão? Explique. 3. Quais grupos de pessoas da atualidade têm mais dificuldade para aceitar a Cristo? Por quê?

Aplicação

Para o professor: Revise Romanos 10:14-21 com a classe para este exercício. Separe algum tempo para discutir como os alunos podem levar as boas-novas aos grupos de pessoas fora de sua zona de conforto.

Perguntas para reflexão

1. A qual grupo de pessoas você precisa se abrir mais para compartilhar o evangelho?

2. Como você pode superar as questões de sua zona de conforto para alcançar esse grupo social?

3. De que modo você pode compartilhar o evangelho com mais eficiência com esses grupos desafiadores e difíceis de alcançar?

Criatividade e atividades práticas

Para o professor: Descubra maneiras de engajar seus alunos no relacionamento com grupos sociais que estão fora da zona de conforto deles.

Atividade: Associe-se com alguém de sua classe que interage com um grupo social diferente dos grupos com os quais você normalmente se relaciona. Marque um passeio ou uma refeição com pessoas desse grupo. Na próxima semana, conte aos colegas da classe o que aconteceu e quais foram suas impressões. O que você aprendeu? O que você compartilhou com as pessoas?

Planejando atividades: O que sua classe pode fazer na próxima semana como resposta ao estudo da lição?

 


Três orações

Nadezhda [pronuncia-se Nadesda] e o esposo moravam perto de uma igreja adventista do sétimo dia e sempre viam pessoas caminhando e segurando suas Bíblias. Ela começou a pensar que algo faltava em sua vida porque ela não conhecia a Bíblia.

Isso ocorreu perto do fim da União Soviética; as Bíblias não eram comuns, e eles não tinham um exemplar.

Nadezhda desejava aprender mais e, secretamente, visitou uma família adventista para ouvir a leitura bíblica. Ela não queria que ninguém soubesse o que fazia porque as pessoas da sua cidade zombavam dos adventistas.

Uma Bíblia não ortodoxa

Após algum tempo, Nadezhda pediu uma Bíblia para aquela família adventista e a recebeu. Ela ficou surpresa ao notar que o sábado era mencionado em toda a Bíblia e pensou: “Esta não deve ser uma Bíblia igual à da Igreja Ortodoxa”.

Nadezhda ficou curiosa sobre qual seria o dia certo para guardar: o sábado, como a Bíblia dizia, ou o domingo, como os vizinhos ortodoxos acreditavam?

Então, a mãe de Nadezhda sugeriu que ela fosse até a cidade vizinha e perguntasse a certo padre. “Ele é uma pessoa honesta,” ela disse. “Ele dirá a verdade para você.”

Conversa com o padre

Nadezhda se encontrou com o padre e disse: “Eu vim para comprar uma Bíblia. Tenho uma Bíblia adventista e quero comparar com a Bíblia da Igreja Ortodoxa”. O padre pediu que alguém lhe trouxesse uma Bíblia. Enquanto esperava, Nadezhda perguntou: “Conforme a Bíblia, qual é o verdadeiro dia de adoração?”

Ele respondeu: “Já que deseja comprar uma Bíblia, veja por si mesma.”

“Por favor, me responda”, ela disse. “Quero ouvir sua opinião.” Ela pediu, mas ele se
recusou a dar uma resposta simples.

Finalmente, alguém trouxe uma Bíblia, e ela pagou ao padre 30 rublos, uma soma considerável naquela época. Ao sair da igreja ortodoxa, o medo tomou conta dela. Começou a imaginar o que seu marido diria quando soubesse quanto ela havia gastado comprando aquela Bíblia.

Ela decidiu não ir para casa imediatamente, então foi visitar a mãe primeiro. No caminho, encontrou o irmão mais velho e lhe contou toda a história. Durante o trajeto, eles compararam as duas Bíblias e perceberam que os textos eram idênticos. Temerosa, ela pensou: “O que eu fiz? Comprei uma Bíblia a um preço elevado e idêntica à que eu já tinha”. Então, orou para que o marido não descobrisse.

Momentos depois, o irmão disse que queria a Bíblia e lhe entregou os 30 rublos. Ela não podia acreditar! Deus havia respondido à sua oração!

Marido relutante

O marido não apoiou seu desejo de se tornar adventista. Eles jamais haviam frequentado uma igreja, e ele não queria começar naquele momento. Nadezhda começou a orar por ele.

Por ocasião do batismo dela, seu marido sofreu com uma terrível erupção de pele, no peito e nas costas. Era uma visão desagradável. Toda vez que lavava as feridas, ela pedia ajuda a Deus. Lágrimas escorriam nas costas do marido enquanto ela orava: “Este é meu marido. Eu o amo.”

Um dia, enquanto lavava as costas dele, ela exclamou: “O que aconteceu com suas erupções?”

Ele respondeu: “Não sei!”

As feridas haviam sumido.

Depois disso, o esposo começou a refletir sobre sua ira para com a esposa porque ela frequentava a igreja. Certa noite, ele sonhou com a volta de Jesus. Ele sentiu a terra tremer e, num sobressalto, acordou e perguntou à esposa: “Ainda há tempo para ser batizado?”

Deus respondeu à segunda oração de Nadezhda. Seu esposo foi batizado dez anos depois que ela havia sido batizada.

Encontro de amigas

Por algum tempo, Nadezhda orou por uma querida amiga da época da escola. Fazia
20 anos que ela não a via e orou por sua conversão. Certo dia, o casal viajou à capital da Moldávia para uma celebração especial na sede da igreja. Durante o evento, sua velha amiga veio correndo em sua direção. Nadezhda perguntou: “O que você está fazendo no meio de tantos adventistas?”

A amiga disse: “Eu também sou adventista.”

“Como?”, perguntou Nadezhda.

Ela respondeu: “Há 20 anos você me disse que a Igreja Adventista era a igreja verdadeira.”

“Isso não é possível”, disse Nadezhda. “Eu não os conhecia nessa época.”

A amiga insistiu em afirmar que Nadezhda lhe havia apresentado a fé adventista.

Para Nadezhda, a única explicação era que, provavelmente, ao conversar com a amiga sobre os cristãos, Deus atuou para que, em vez da palavra “cristãos”, ela ouvisse “adventistas”. Depois dessa conversa, a amiga começou uma jornada espiritual que a levou à Igreja Adventista do Sétimo Dia. Deus respondeu à oração por sua conversão 20 anos antes que Nadezhda pedisse. Esse é o poder da oração.

“Atualmente, oro por um antigo retiro de saúde da época da União Soviética, que a Igreja Adventista está transformando em um acampamento para os desbravadores e centro evangelístico, e que será concluído com o dinheiro da oferta missionária deste trimestre. Junte-se a mim para apoiar esse importante projeto”, diz Nadezhda.

Resumo missionário

• A Moldávia é um dos países mais pobres da Europa. Sua principal fonte de renda é a agricultura.

• A língua oficial da Moldávia é o romeno, uma língua correlata ao italiano, francês, espanhol e português.

• A capital da Moldávia é a cidade de Chisinau [pronuncia-se Quisinau], que possui quase 500.000 habitantes.

• Trânta (uma forma de luta livre) é o esporte nacional da Moldávia.


Comentário da Lição da Escola Sabatina – 4º trimestre de 2017
Tema geral: Salvação somente pela fé: o livro de Romanos
Lição 11: 9 a 16 de dezembro
Os eleitos

Autor: Pr. Clacir Virmes Junior, professor de Teologia na FABA – Cachoeira, Bahia

Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br

Revisora: Josiéli Nóbrega

 

Introdução

Na lição desta semana, continuamos estudando a argumentação que Paulo iniciou em Romanos 9. O apóstolo insistiu em dizer que os problemas em relação à salvação e à questão dos judeus não têm sua origem em Deus. O Senhor não foi injusto nem mesquinho no trato com Seu povo. Ao contrário, Ele fez tudo o que estava ao Seu alcance para atraí-los. Ao mesmo tempo, os gentios poderiam pensar que tivessem alguma vantagem sobre os judeus, visto que eles estavam aceitando a graça divina. Mais uma vez, Paulo disse que esse pensamento seria muito enganoso. No meio de toda essa discussão, uma coisa prevalece: a misericórdia do Senhor é para todos.

Cristo e a lei

No início do capítulo 10, Paulo declarou que o grande desejo do seu coração era que todos os seus compatriotas, os judeus, fossem salvos. Devemos notar que o apóstolo reiterou seu posicionamento de que a salvação está à disposição de todos, até mesmo dos judeus. Quanto à redenção, é o desejo do apóstolo e de Deus que todos, sem exceção, sejam resgatados.

Em seguida, Paulo disse que os judeus tinham zelo, mas ele não vinha acompanhado de entendimento. Note-se que não havia nada de errado em ser zeloso, em buscar fazer a vontade de Deus. Na verdade, esse deve ser o desejo de todo verdadeiro filho de Deus salvo por Sua graça. Contudo, o apóstolo nos adverte a não ter zelo sem entendimento, a não colocar nossa busca por santidade no lugar da justiça que só Cristo pode dar. Um zelo com entendimento é de grande valor aos olhos do Senhor. Tal zelo é reflexo de um relacionamento vivo, saudável e teologicamente correto entre o ser humano e Deus.

A eleição da graça

Em Romanos 11, nos 10 primeiros versos, Paulo questionou se, por tudo o que disse nos capítulos 9–10, haveria base para se chegar à conclusão de que os judeus foram rejeitados por Deus por não terem cumprido o papel que Deus lhes concedeu. Enfaticamente, o apóstolo declarou: “De maneira nenhuma!” O próprio Paulo é um exemplo de como a graça de Deus continuou (e continua até hoje) buscando os israelitas.

Para o apóstolo, a solução para a pergunta que ele mesmo propôs em Romanos 11:1 é, mais uma vez, o conceito de remanescente. Deus cumpre Seus propósitos através do remanescente, que teve como base de seu chamado, como sempre, a graça de Deus. Ele lembra da experiência de Elias depois de fugir de Jezabel, após os eventos no Monte Carmelo. Elias pensou que só ele havia se mantido fiel ao Senhor, mas Deus lhe assegurou que havia ainda sete mil em Israel que não tinham traído sua lealdade a Yahweh. Neste mundo mau, às vezes também somos tentados a pensar que apenas nós estamos dando ouvidos à vontade de Deus. Contudo, há muitas pessoas que não conhecemos, pessoas que podem estar ao nosso lado, que são fiéis ao Senhor. Não permitamos que as circunstâncias tirem de nós a certeza de que Deus tem sobre a Terra o Seu povo fiel e que virá Ele em breve para buscá-lo.

O ramo natural

Entre os versos 11-24 de Romanos 11, Paulo se dirigiu aos gentios que aceitaram o evangelho. É possível que alguns deles tivessem a ideia errônea de que poderiam se sentir superiores, uma vez que, ao contrário da maioria dos judeus, tinham aceitado a justificação pela fé. O apóstolo, então, os advertiu para que tal pensamento não subisse ao seu coração. Ele mostrou que não há nenhum status imutável diante de Deus. O relacionamento com Ele precisa ser mantido constantemente. Se muitos judeus, que receberam por séculos as instruções divinas, acabaram se desviando do caminho, os gentios não deveriam pensar que estivessem absolutamente fora de perigo.

As palavras de Paulo aqui têm outra dimensão. Ao longo do primeiro século, por causa das chamadas Guerras Judaicas, a insurreição judaica contra os romanos e a derrota deles, houve um desfavor generalizado em relação à Palestina em geral e aos judeus em particular. Quando Paulo escreveu sua carta, havia apenas alguns focos de revolta ao longo do território da Judeia. Contudo, a partir de 66 d.C., a guerra começou e, de alguma forma, durou até alguns anos depois da destruição de Jerusalém, em 70 d.C.

É possível que alguns cristãos gentios vissem os judeus como inferiores, tanto espiritualmente, por não crerem no Messias, quanto etnicamente, devido aos eventos políticos da época. Paulo admoestou a igreja a não agir dessa maneira. Não pode haver nenhum tipo de discriminação entre o povo de Deus. Não importa de que nação, etnia ou raça venhamos, todos pecamos e necessitamos desesperadamente da graça de Deus. Não há espaço para orgulho nem acepção de pessoas porque todos temos o mesmo problema, e o Senhor dá a mesma solução a todos: Jesus e Sua maravilhosa graça.

Todo o Israel será salvo

À luz de tudo o que Paulo discutiu ao longo da epístola, o texto de Romanos 11:25-27 não pode ser entendido em termos de universalismo nem em termos de exclusivismo. O apóstolo disse: “Todo o Israel será salvo.” Alguns pensam que isso significa que todos serão salvos independentemente de suas decisões. Por outro lado, outros pensam que a locução “todo o Israel” se refira aos judeus, implicando que todos eles serão, de alguma forma salvos. Nenhuma dessas posições faz justiça a tudo o que Paulo disse na Epístola aos Romanos.

Ao ler Romanos 11:26, é preciso ter em mente a discussão paulina no capítulo 9. Um dos principais eixos da argumentação do apóstolo é que nem todo israelita de nascimento é verdadeiramente descendente de Abraão. Espiritualmente, a herança pertence aos que creem. Assim, ser um verdadeiro israelita é crer nas promessas de Deus, especialmente na salvação pela fé em Cristo Jesus, conforme mostra o contexto de Romanos, Portanto, “todo o Israel” se refere a todo o povo de Deus que aceitou a graça de Jesus como único meio de salvação, independentemente de sua etnia, raça, status, educação ou quaisquer outros parâmetros sociais.

A salvação dos pecadores

O final do capítulo 11 de Romanos, especialmente o verso 32, é um resumo, uma retomada, de toda a argumentação de Paulo ao longo de toda a epístola. Paulo escreveu: “Deus a todos encerrou na desobediência”. Essas palavras devem nos lembrar de toda a discussão dos capítulos 1–3. Ali o apóstolo mostrou que, tanto gentios quanto judeus estão alheios à vontade de Deus. Todos se desviaram por causa do pecado, todos andaram em discordância em relação à luz que receberam.

Mas a boa notícia é que, uma vez que todos, sem exceção, têm o mesmo problema, Deus pode oferecer a todos igualmente, sem exceção, a mesma solução: Sua misericórdia. Não há nenhuma vantagem em ser judeu nem em ser gentio. A grande vantagem é ser de Cristo, ter um relacionamento com Ele e desfrutar da segurança da salvação que só Sua graça pode dar.

Conclusão

Paulo encerrou Romanos 11 com uma doxologia a Deus. Em vista do plano da redenção, não resta nada a fazer a não ser louvar o Senhor. Ele é infinitamente mais sábio do que nós. Ele é justo em Suas decisões. Algum ser humano, alguma criatura poderia pensar que pode dizer ao Pai Eterno o que Ele deve ou não fazer, como Ele pode ou não agir? Quem é o devedor: a criatura ou o Criador? Tudo gira em torno Dele. Ele é tudo em todos! Louvado seja o Senhor por tão grande salvação!