Lição 3
10 a 16 de abril
Para todas as gerações
Sábado à tarde
Ano Bíblico: 1Rs 1, 2
Verso para memorizar: “Porém Noé encontrou favor aos olhos do Senhor” (Gn 6:8).
Leituras da semana: Gn 3:6; 6:5, 11, 18; 9:12-17; Is 4:3; Ap 12:17

Bactérias são organismos muito pequenos para serem vistos sem o auxílio de um microscópio. Uma única bactéria redonda comum não parece maior que uma ponta de lápis, mesmo depois de ser visualizada com um aumento de mil vezes. Dadas condições favoráveis ao crescimento – calor, umidade e alimentos suficientes – as bactérias se multiplicam com grande velocidade. Algumas bactérias se reproduzem por simples fissão: uma célula madura se divide em duas células filhas. Quando a fissão ocorre a cada hora, algumas bactérias podem produzir mais de 18 milhões de novas bactérias em 24 horas. Ao fim de 48 horas, centenas de bilhões de bactérias terão surgido! 

Esse fenômeno microscópico ilustra o rápido crescimento do mal após a queda. Com imenso intelecto, saúde robusta e longevidade, a humanidade abandonou Deus e degradou suas capacidades. Embora as bactérias sejam exterminadas pela luz solar, produtos químicos ou altas temperaturas, Deus conteve a rebelião humana por meio de um dilúvio universal.


Resumo da semana:
O que o pecado fez à criação? Quais eram as características de Noé? Quais são os elementos da aliança com Noé? A graça foi revelada na aliança com Noé? O que a aliança que Deus fez com a humanidade depois do dilúvio ensina sobre Seu amor universal por nós?



Domingo, 11 de abril
Ano Bíblico: 1Rs 3, 4
O princípio do pecado (Gn 6:5)

A opinião de Deus no final da criação foi que tudo “era muito bom” (Gn 1:31). Então o pecado entrou e o paradigma mudou. As coisas não eram mais “muito boas”. A ordenada criação de Deus foi arruinada pelo pecado e por todos os seus resultados abomináveis. A rebelião atingiu proporções terríveis nos dias de Noé; o mal consumia a humanidade. Embora a Bíblia não nos apresente muitos detalhes (leia, de Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 90-92), as transgressões e rebelião eram claramente algo que nem mesmo um Deus amoroso, paciente e perdoador podia tolerar.

Como as coisas ficaram tão ruins tão rapidamente? Talvez não seja muito difícil encontrar a resposta. Quantas pessoas hoje, ao examinarem seus próprios pecados, não se perguntam o mesmo: como as coisas ficaram extremamente ruins de modo tão rápido?

1. Procure os textos listados abaixo. Anote o argumento que eles apresentam. Observe a progressão constante do pecado:

Gn 3:6 __________________________________________________________

Gn 3:11-13 _______________________________________________________

Gn 4:5 __________________________________________________________

Gn 4:8 __________________________________________________________

Gn 4:19 _________________________________________________________

Gn 4:23 _________________________________________________________

Gn 6:2 __________________________________________________________

Gn 6:5, 11 ________________________________________________________

O que está relatado em Gênesis 6:5 e 11 não aconteceu por acaso. Houve uma história antes desse texto. Esse resultado terrível teve uma causa. O pecado piorou progressivamente, e essa é a sua tendência. O pecado não é como um corte ou uma ferida, que possui um processo inerente e automático de cura. Ao contrário, o pecado, se não for contido, multiplica-se, jamais se contentando, até levar à ruína e à morte. Não é preciso imaginar a vida antes do dilúvio para ver esse princípio em funcionamento. Ele existe ao nosso redor, mesmo agora.

Não é de admirar que Deus odeie o pecado e que, mais cedo ou mais tarde, o exterminará. Afinal, essa é a única ação possível para um Deus justo e amoroso.

Evidentemente, a boa notícia é que, embora o Senhor deseje acabar com o pecado, Ele quer salvar os pecadores. É disso que trata a aliança.



Segunda-feira, 12 de abril
Ano Bíblico: 1Rs 5, 6
Noé (Gn 6:9)

2. Em meio a todos os textos que tratam do mal do mundo antediluviano, Gênesis 6:9 destaca Noé em contraste com as pessoas que o rodeavam. Examine o texto, especialmente os três pontos específicos que a Bíblia menciona sobre Noé. Escreva o que cada um desses pontos significa em sua opinião:

Ele era um “homem justo” _______________________________

Ele era “íntegro” _______________________________________

Ele “andava com Deus” ___________________________________

Evidentemente, Noé tinha um relacionamento salvífico com o Senhor. Ele era alguém em quem Deus podia operar, alguém que O ouvia, O obedecia e que confiava Nele. Por essa razão, o Senhor foi capaz de usar Noé para cumprir Seus propósitos e, por isso, Pedro, no Novo Testamento, o chamou de “pregador da justiça” (2Pe 2:5).

3. Como Gênesis 6:8 nos ajuda a entender o relacionamento entre Noé e o Senhor? Assinale a alternativa correta:

A. ( ) Era um relacionamento fundamentado na graça.
B. ( ) Era um relacionamento de igual para igual, já que Noé era perfeito.

A palavra “graça” ocorre, pela primeira vez nas Escrituras, nesse texto e claramente possui o mesmo significado dessa palavra nas ocorrências do Novo Testamento, em que é descrito o favor misericordioso e imerecido de Deus, exercido para com os pecadores que não merecem. Portanto, precisamos entender que, por mais que Noé fosse íntegro e justo, ele ainda era um pecador que necessitava do favor imerecido de Deus. Nesse sentido, Noé não era diferente de qualquer um dos que buscam sinceramente obedecer ao Senhor.

Ao compreender que Noé precisava da graça de Deus, como todos nós, analise sua vida e faça a si mesmo esta pergunta: Será que as pessoas poderiam dizer que, como Noé, sou justo, íntegro e que ando com Deus? Escreva as razões para a sua resposta e compartilhe-as com a classe.



Terça-feira, 13 de abril
Ano Bíblico: 1Rs 7, 8
Aliança com Noé

Mas com você estabelecerei a Minha aliança, e você entrará na arca, você e os seus filhos, a sua mulher, e as mulheres dos seus filhos” (Gn 6:18). 

Nesse verso, temos o fundamento da aliança bíblica que Deus fez com a humanidade: Deus e o homem entraram em acordo. Muito simples!

No entanto, existem mais elementos do que o que inicialmente salta aos olhos. Em primeiro lugar, existe o elemento da obediência humana. Deus disse a Noé que ele e sua família entrariam na arca. Eles tinham que desempenhar sua parte e, se não a fizessem, a aliança seria quebrada. Nesse caso, eles seriam os maiores perdedores, pois, no fim, eram os beneficiários da aliança. Afinal, se Noé dissesse “não” a Deus e não fosse fiel ao pacto ou se dissesse “sim”, mas mudasse de ideia, quais teriam sido os resultados para ele e sua família?

4. Deus disse “Minha aliança”. O que isso revela sobre a natureza fundamental da aliança? Que diferença haveria em nosso conceito de aliança se o Senhor a chamasse de “nossa aliança”?

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Por mais singular que seja essa situação específica, vemos aqui a dinâmica fundamental entre Deus e o ser humano na aliança. Ao estabelecer Sua aliança com Noé, Deus novamente mostrou Sua graça. Ele demonstrou que estava disposto a salvar o ser humano dos resultados dos seus pecados. Em suma, essa aliança não deve ser entendida como uma espécie de união de iguais na qual cada “participante” depende do outro. Deus “Se beneficia” da aliança, mas em um sentido radicalmente diferente da maneira em que o ser humano é favorecido. O benefício do Senhor seria o fato de que os amados de Deus receberiam a vida eterna – o que seria uma grande satisfação para Ele (Is 53:11). Mas isso não significa que Ele Se beneficia da mesma forma que nos favorecemos como parte recebedora da mesma aliança.

Considere a seguinte analogia: um homem cai de um barco no mar em meio a uma tempestade. Alguém no convés diz que jogará uma boia salvavidas amarrada em uma corda para trazê-lo para dentro do barco outra vez. O homem que está na água, no entanto, tem que concordar com a sua parte do “acordo”, ou seja, agarrar-se ao que lhe é providenciado. Disso se trata, em muitos aspectos, a aliança entre Deus e a humanidade.

Essa analogia esclarece o conceito de graça na aliança? Qual deve ser a base do seu relacionamento com Deus?



Quarta-feira, 14 de abril
Ano Bíblico: 1Rs 9, 10
O sinal do arco-íris

Deus disse: – Este é o sinal da Minha aliança que faço entre Mim e vocês e entre todos os seres vivos que estão com vocês, para todas as futuras gerações: porei o Meu arco nas nuvens e ele será por sinal da aliança entre Mim e a Terra” (Gn 9:12, 13).

Poucos fenômenos naturais são mais belos que o arco-íris. Quem não se lembra da primeira vez em que admirou aquelas incríveis faixas de luz que atravessam o céu como uma espécie de portal místico para o Céu? Mesmo para os adultos, a visão daquelas cores exorbitantes é de tirar o fôlego. Não é de admirar que até hoje o arco-íris seja usado como símbolo para muitas coisas: organizações políticas, cultos, bandas de rock, agências de viagens, etc. Evidentemente, essas belas faixas de cores ainda tocam nosso coração e nossa mente. Essa foi mesmo a intenção de Deus.

5. De acordo com Deus, por que o arco-íris seria um símbolo? Gn 9:12-17

A. ( ) Porque o Senhor aceitaria a diversidade vista nas cores do arco-íris.
B. ( ) Porque Ele Se lembraria da Sua aliança de salvação.

O Senhor disse que usaria o arco-íris como sinal da aliança (Gn 9:15). É muito interessante que Ele tenha usado a palavra “aliança” aqui, pois, nesse caso, a aliança difere de como é usada em outras partes. Diferentemente da aliança com Abraão ou da aliança do Sinai, não há nenhuma obrigação específica da parte dos que se beneficiariam da aliança. As palavras de Deus nesse verso são para todas as pessoas, para “todos os seres vivos de todas as espécies” para “futuras gerações” (Gn 9:12). As palavras de Deus foram universais, abrangentes, independentemente de alguém escolher obedecer ou não ao Senhor. Nesse sentido, o conceito de aliança não é usado como em outras partes da Bíblia ao falar sobre o relacionamento entre Deus e o ser humano.

6. Em que sentido essa aliança também revela a graça de Deus? Quem iniciou essa aliança? Quem é o Benfeitor supremo?

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Embora a aliança, expressa aqui, não venha com obrigações da nossa parte, nosso conhecimento do que o arco-íris simboliza nos influencia a obedecer ao Senhor? Em suma, existem obrigações implícitas de nossa parte quando olhamos para o céu e vemos o arco-íris? Pense no contexto em que o arco-íris foi dado e nas lições que aprendemos desse relato.



Quinta-feira, 15 de abril
Ano Bíblico: 1Rs 11, 12
“Ficou somente Noé”

Assim, foram exterminados todos os seres que havia sobre a face da Terra: as pessoas e os animais, os seres que rastejam e as aves dos céus foram extintos da Terra; ficou somente Noé e os que com ele estavam na arca” (Gn 7:23).

Nesse texto, encontra-se a primeira menção do conceito de remanescente nas Escrituras. A palavra traduzida como “ficou” vem de outra palavra cujas formas do radical são usadas muitas vezes no Antigo Testamento para transmitir a ideia de remanescente.

“Mas Deus me enviou à frente de vocês para lhes preservar um remanescente nesta Terra e para salvar-lhes a vida com grande livramento” (Gn 45:7; NVI; ênfase nossa). “Os restantes de Sião e os que ficarem em Jerusalém serão chamados santos, isto é, todos os que estão inscritos em Jerusalém, para a vida” (Is 4:3; ênfase nossa). “Naquele dia, o Senhor tornará a estender a mão para resgatar o resto do Seu povo” (Is 11:11; ênfase nossa).

Em todos esses casos, as palavras em itálico estão ligadas às palavras semelhantes “ficou somente Noé”, encontradas em Gênesis 7:23.

7. Leia Gênesis 7:23 e os outros exemplos. Como você entende o conceito de remanescente? Quais foram as condições que levaram à existência de um remanescente? Como a aliança se encaixa na ideia de um remanescente?

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Na época do dilúvio, o Criador do mundo Se tornou o Juiz do mundo. O juízo mundial que se aproximava levantou a seguinte questão: toda a vida na Terra, até mesmo a vida humana, deveria ser destruída? Se não, quem seriam os sobreviventes, os remanescentes?

Nesse caso, o remanescente foi Noé e sua família. No entanto, a salvação de Noé estava ligada à aliança de Deus com ele (Gn 6:18) – uma aliança que se originou e foi executada por um Deus de misericórdia e graça. Eles sobreviveram somente por causa do que Deus havia feito por eles, por mais importante que tenha sido sua cooperação. Quaisquer que fossem as obrigações da aliança de Noé, e não importando quão fielmente ele as executasse, sua única esperança estava na misericórdia de Deus.

Com base em nossa compreensão dos eventos finais, que incluem um tempo em que Deus terá um remanescente (Ap 12:17), como a história de Noé nos prepara para fazer parte do remanescente? Nossas decisões diárias impactam a posição em que estaremos naquele dia?



Sexta-feira, 16 de abril
Ano Bíblico: 1Rs 13, 14
Estudo adicional

Textos de Ellen G. White: Patriarcas e Profetas, p. 90-104 (“O dilúvio”) e p. 105-110 (“O mundo pós-diluviano”).

“O arco-íris, um fenômeno físico natural, era um símbolo apropriado da promessa de Deus de nunca mais destruir a Terra por uma inundação. Uma vez que as condições climáticas da Terra seriam diferentes após o dilúvio, e que, na maioria dos lugares do mundo, a chuva tomaria o lugar do antigo orvalho que molhava o solo, era necessário algo para aquietar os temores humanos cada vez que chuva começasse a cair. A mente espiritual pode ver, nos fenômenos naturais, revelações que Deus faz de Si mesmo (ver Rm 1:20). Assim, o arco-íris é uma evidência, para o crente, de que a chuva trará bênçãos, e não destruição universal” (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 1, p. 255).

Perguntas para consideração

1. “Naqueles dias o mundo fervilhava, o povo se multiplicava, o mundo bradava como um touro selvagem, e o grande deus foi despertado pelo alarido do povo. Enlil ouviu aquele alarido e disse aos deuses no concílio: ‘O alvoroço da humanidade é intolerável e não se pode mais dormir por causa de babel’. Então os deuses concordaram em exterminar a humanidade” (“The Story of the Flood” em The Epic of Gilgamesh, trad. N. K. Sanders. Londres: The Penguin Group, 1972, p. 108). Compare essa razão dada para o dilúvio com aquela apresentada na Bíblia. 

2. Além de advertir sua geração sobre o iminente juízo de Deus, Noé buscou ajudá-la a sentir a necessidade de salvação. Por que essa verdade é impopular? (Jo 3:19; 7:47, 48; 12:42, 43; Tg 4:4).

Resumo: As alianças de Deus com Noé foram as primeiras a ser discutidas na Bíblia. Elas demonstram Seu interesse pela família humana e Seu desejo de ter um relacionamento conosco. Deus reafirmou Sua aliança com Noé, e o compromisso dele com Deus o protegeu da apostasia e salvou sua família. “Esse símbolo [o arco-íris] nas nuvens deve confirmar a crença de todos [...], pois é um sinal de divina misericórdia [...] embora Deus tivesse sido provocado a destruir a Terra pelo dilúvio, ainda assim Sua misericórdia circunda a Terra” (Ellen G. White, História da Redenção, p. 71).

Respostas e atividades da semana: 1. A tentação e queda; o questionamento de Deus ao casal pecador e a resposta de Eva; Caim ofereceu uma oferta defeituosa, que foi rejeitada; Caim matou seu irmão; Lameque teve duas esposas; ele confessou às suas mulheres que tinha assassinado dois homens; Os filhos de Deus tomaram mulheres ímpias como esposas porque elas eram formosas; O Senhor percebeu a multiplicação da maldade do homem, sua corrupção e violência. 2. Noé Se relacionava com Deus. O Senhor o fazia íntegro e justo. 3. A. 4. Deus oferece a Sua aliança para nos salvar. 5. B. 6. Essa aliança mostra como Deus nos ama. Ele estabeleceu a aliança, e Ele é o Benfeitor supremo. 7. Deus não queria que apenas poucos entrassem na arca. Ao contrário, foi a escolha humana que fez com que poucos sobrevivessem. O remanescente sempre surgiu por causa da escolha humana em resposta ao chamado divino.



Resumo da Lição 3
Para todas as gerações

Foco do estudo: Gênesis 6

Esboço

Noé respondeu à aliança divina entregando a vida a Deus e abrindo o coração ao amor do Senhor. A arca era um símbolo do compromisso de Noé em apoiar a aliança com a qual ele havia concordado, e Deus o recompensou salvando sua família do juízo final do mundo antediluviano – o dilúvio.

Comentário

O princípio do pecado

Considere as duas citações a seguir, tendo em mente o pecado de Caim: “Os pecados são como círculos na água quando uma pedra é atirada nela; um produz outro. Quando a ira estava no coração de Caim, o assassinato não estava longe” (Philip Henry, em Frank S. Mead, 12.000 Religious Quotations [12.000 Citações Religiosas]. Grand Rapids, MI: Baker Books, 1996, p. 407). “Pecado é um estado de espírito, não um ato exterior” (William Sewell, em Frank S. Mead, 12.000 Religious Quotations, p. 409). “Apesar de Caim haver merecido a sentença de morte pelos seus crimes, o Criador misericordioso ainda lhe poupou a vida e concedeu-lhe oportunidade para o arrependimento. Entretanto, Caim viveu apenas para endurecer o coração, para incentivar a rebelião contra a autoridade divina e se tornar o líder de uma linhagem de pecadores ousados e perdidos. Esse único apóstata, conduzido por Satanás, tornou-se o tentador para outros, e seu exemplo e influência exerceram uma força desmoralizadora, até que a Terra se corrompeu e se encheu de violência a ponto de ser necessário destruí-la” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 78).

Noé

Assim como o brilhante lírio Amarilis, que espalha sua fragrância agradável em meio aos arbustos espinhosos da Terra Santa, o caráter de Noé revelou a fragrância do Céu durante a desafiadora era antediluviana. O significado hebraico de Noé é “Yahweh traz conforto”. Embora Noé tivesse nascido pecador, ele foi consolado pela fidelidade de Yahweh à aliança adâmica, assim como nós somos confortados. Esse foi o único meio de esperança e salvação para Noé. Foi a graça divina que o motivou, quando jovem, a abraçar um estilo de vida obediente em meio à rebeldia decadente. “Os seres humanos antes do dilúvio viviam muitas centenas de anos, e quando chegavam aos cem anos eram considerados ainda jovens. [...] Chegavam ao palco da ação entre a idade de 60 e 100 anos, mais ou menos na época em que os que vivem mais tempo hoje [...] já abandonaram o palco” (Comentários de Ellen G. White, Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 1, p. 1199).

Aliança com Noé

“A declaração em Gênesis 6:18, embora breve, contém conceitos profundos. Ela prevê provisões para o futuro da humanidade. Ao estabelecer a aliança com aquele que sobreviveria ao dilúvio com sua família, Deus ofereceu Sua graça e misericórdia abundantes. A segurança da humanidade no presente e a certeza da salvação no futuro surgiram da graça de Deus e da ação divina em seu favor. [...]

“A expressão típica para fazer uma aliança não aparece nessa passagem, a saber, ‘cortar uma aliança’, ou [...] ‘fazer uma aliança’. Aqui, o termo usado é estabelecer (heqîm). Uma pesquisa cuidadosa desse termo em conexão com a realização de alianças revela o significado de 'manter' ou 'confirmar' (compare com Dt 9:5; 27:26; 1Sm 15:11; 2Sm 7:25; 2Rs 23:3, 24; etc.). Essa descoberta indica que a iniciativa divina de estabelecer Sua aliança implica que Ele manteria o compromisso que havia assumido anteriormente” (Gerhard F. Hasel e Michael G. Hasel, The Promise: God’s Everlasting Covenant, p. 29).

Sinal do arco-íris

Na história da aliança da graça, há dois retratos e cenários diversos do arco-íris bíblico e multicolorido. Por um lado, em Gênesis 9, Cristo revelou um arco-íris cósmico como sinal de Sua misericórdia e graça ao remanescente de Noé que sobreviveu ao dilúvio. Por outro lado, Cristo revelará ao remanescente, no fim dos tempos, um arco-íris em torno do trono de Deus. (Ver Ez 1:26-28; Dn 12:1, 2).

“Então o arco-íris, resplandecendo com a glória do trono de Deus, atravessa os céus e parece cercar cada um dos grupos em oração. As multidões iradas param de repente. Seus gritos de zombaria silenciam. O alvo de sua ira sanguinária é esquecido. Com terríveis pressentimentos contemplam o símbolo da aliança de Deus, desejando colocar-se sob o amparo de seu esplendor insuperável” (Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 636; ver Ap 6:13-17).

Ficou somente Noé

“A primeira menção explícita de um remanescente na Bíblia ocorre em Gênesis 7:23: ‘Ficou somente Noé e os que com ele estavam na arca’. A palavra traduzida como ‘ficou’ deriva da raiz hebraica sa'ar, da qual diferentes formas expressam a ideia de remanescente no Antigo Testamento. [...]

“Não podemos ignorar o fato de que os remanescentes que sobreviveram à primeira catástrofe mundial eram pessoas de fé e confiança (Gn 6:9 e 7:1). Visto que a Bíblia usou o dilúvio do tempo de Noé como tipo da destruição do tempo do fim, essa observação tem muita relevância” (Gerhard F. Hasel e Michael G. Hasel, The Promise: God’s Everlasting Covenant, p. 31).

“Alguns dos carpinteiros que ele empregou na construção da arca creram na mensagem, mas morreram antes do dilúvio; outros conversos de Noé apostataram” (Ellen G. White, Fundamentos da Educação Cristã, p. 504).

“A Palavra de um homem contra a sabedoria de milhares! Não queriam dar crédito ao aviso. [...] Cristo declarou que haveria idêntica incredulidade quanto à Sua segunda vinda [...] quando a ostentação do mundo se tornar a ostentação da igreja; quando os sinos para casamentos estiverem tocando, e todos olharem para o futuro esperando muitos anos de prosperidade temporal, subitamente, como no céu brilha o relâmpago, virá o fim de suas ilusões e falsas expectativas” (Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 338, 339).

Aplicação para a vida

Para reflexão: Um dos melhores homens que viveram na Atenas antiga foi Aristides. Ele era justo, gentil e bom. Então, por que a maioria votou para bani-lo? O consenso era que eles estavam cansados de ouvir Aristides ser chamado de “o justo”. O crime de Aristides era que sua bondade contrastava fortemente com a “maldade” dos outros.

1. Como no caso de Aristides, se não fosse pela “bondade” de Noé, talvez nunca tivéssemos percebido como o mundo era mau antes do dilúvio. Assim como Noé, refletir a Cristo tem seu preço. Considere o preço que você tem que pagar para ser um verdadeiro cristão. Como Aristides e Noé, nós temos a resiliência necessária para suportar o tratamento negativo que podemos receber?

2. Romanos 12:2 nos exorta a não nos conformarmos com este mundo, mas nos transformarmos. Noé é um exemplo clássico de como uma pessoa pode fazer isso. O que podemos aprender com a vida de Noé que impedirá que sejamos tentados pelo pecado da conformidade? Você acha que Deus espera que nós, como fez Noé, nos preocupemos com a salvação dos outros? Explique sua resposta no contexto dos desafios modernos ao testemunho.

3. Se houvesse um hospital para doentes mentais na época de Noé, seus “amigos” certamente o teriam internado. Tudo o que ele disse e fez significava “loucura”. Este mundo muitas vezes considera a sabedoria de Deus uma tolice. Como participantes da aliança, estamos sujeitos ao ridículo e a acusações. Como podemos estar preparados para esse tratamento? Pense em pelo menos três promessas bíblicas que você pode reivindicar nessas ocasiões.

4. Gênesis 6:6 afirma que Deus ficou tão chocado com a maldade do mundo antediluviano que Se arrependeu de ter criado a humanidade. O que isso quer dizer? O arrependimento de Deus sugere que Ele é capaz de cometer erros?

5. Em Gênesis 6:9, Noé é citado como justo e íntegro. Noé possuía essas qualidades em si mesmo, independentemente de Deus? Qual era a natureza da retidão de Noé?

6. O fato de Deus procurar ter uma aliança com os seres humanos sugere que Ele “precisa” de nós de alguma forma? Explique. Em que sentido isso pode ser verdade?

7. O conceito de remanescente é difícil para muitas pessoas, pois pode sugerir arrogância e triunfalismo. Por que nenhuma atitude de arrogância ou triunfalismo se justifica à luz do conceito bíblico do remanescente?

8. O que o arco-íris em Gênesis 9:12-17 sugere sobre os meios de Deus para influenciar a humanidade a escolhê-Lo?


Deus não erra

Muitas crianças que vivem nas ilhas caribenhas têm apelidos. Crystal White tem uma irmã chamada Catherine. Mas todos a chamam de Louro José, porque ela fala muito como um papagaio. Outra irmã de Crystal é Rochelle, a quem todos chamam de Esfregona, porque ela é tão magrinha como um esfregão. O pai de Crystal a apelidou de Feia. Ele lhe deu esse apelido em um dia que a encontrou sentada na escada da sua casa no vilarejo de Cumuto, em Trinidad e Tobago. Ao passar por ela nas escadas, deu-lhe umas batidinhas na perna e disse: “Oi, Feia!”

Crystal sentiu-se horrível. Às vezes, as crianças na escola apelidavam, mas agora o próprio pai zombava dela em casa. “Eu não sou feia!”, Crystal reclamou. O pai não reconsiderou suas palavras, mas insistiu: “Você é a criança mais feia que eu conheço!” A menina se sentiu pior. O pai tinha dez filhos. Agora, ela começou a se achar feia. As palavras do pai transformaram sua vida. Ela começou a lutar com a depressão e pensar em suicídio. Ela passava fome porque pensava que seria mais bonita se fosse magra.

Todos os dias, depois das aulas, ela ficava em frente ao espelho de seu quarto e ficava se analisando. “Por que sua testa é tão grande?”, ela pensava, enquanto as lágrimas escorriam pela face. “Por que seu dente é tão grande? Por que é tão gorda?” Certo dia, enquanto estava diante do espelho, se menosprezando e chorando, ouviu uma música no rádio. “Lembre-se sempre de que você é linda”, dizia a música. “Lembre-se sempre de que você é foi criado de forma assombrosamente maravilhosa por Deus. Você é filho de Jesus Cristo, o Senhor.” As palavras surpreenderam Crystal. Ela pensou: “Se eu fui criada de maneira assombrosamente maravilhosa por Deus e fico me menosprezando, então, significa que estou dizendo que Ele Se enganou ao me criar.” Então, chorou copiosamente e pediu perdão a Deus. Suas lágrimas de tristeza e piedade se transformaram em lágrimas de alegria. Ela decidiu se enxergar pelos olhos de Deus, mais que pelos olhos das pessoas. Pela primeira vez, aos 17 anos, começou a se ver pelos olhos de Jesus.

As palavras do Salmo 139:14 tomaram um novo significado, e ela leu com alegria: “Eu te louvo porque me fizeste de modo especial e admirável. Tuas obras são maravilhosas! Disso tenho plena certeza.” A partir de então, ela voltou a comer novamente. A sopa de milho com batatas, mandioca, cenoura, abóbora e inhame estava gostosa!

Ela não se sentia mais inútil, tinha um motivo pelo qual viver. Em vez de sentir pena de si mesma, aprendeu a colocar tudo nas mãos de Deus. Ela começou a confiar em Deus, não somente em suas necessidades diárias, mas nos momentos de alegria. Percebeu que ninguém podia tirar a alegria que vem de Deus. Se alguém lhe apelidava, simplesmente ignorava. Quando o pai lhe chamava de “Feia”, ela se lembrava que Deus a criara. “Essa é a forma que Deu me criou, e Ele não comete erros”, dizia a si mesma.

Hoje, Crystal tem 33 anos, é líder da igreja e tem prazer em falar aos jovens que Deus não comete erros. “Sinto que não tive ninguém ao meu lado quando era jovem”, ela disse. “Quero ser a pessoa que fala aos outros que Deus tem um propósito para eles, assim como teve um propósito para mim.”

Há três anos, das ofertas trimestrais ajudaram a construir a primeira igreja na alma mater de Crystal, a Universidade Adventista do Sul do Caribe, em Trinidad e Tobago. Neste trimestre, as ofertas ajudarão a abrir um centro de influência “Viva Melhor”, onde os estudantes serão treinados para serem missionários por Jesus. Muito agradecemos sua liberalidade.

Informações adicionais

• Assista ao vídeo sobre Crystal no YouTube: bit.ly/Crystal-White.
• Faça o download das fotos no Facebook: bit.ly/fb-mq.
• Para notícias missionárias e mais informações sobre a Divisão Interamericana acesse: bit.ly/IAD-Facts.


Comentário da Lição da Escola Sabatina – 2º Trimestre de 2021

Tema Geral: A promessa: a aliança eterna de Deus

Lição 3 – 10 a 17 de abril 2021

Para todas as gerações

 

Autor: Gilberto Theiss
Editoração: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
Revisora: Josiéli Nóbrega

Na geração das fake news, é possível perceber como o mal se massifica com tanta facilidade e velocidade. Segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), dos Estados Unidos, as notícias falsas, além de alcançarem mais pessoas, se espalham 70% mais rapidamente do que as informações verdadeiras (Disponível em glo.bo/2NQL6z3). Notícias verdadeiras e que expressam o bem não parecem fazer parte do acervo de informações mais procuradas. Esse exacerbado interesse por notícias falsas, em grande parte pelos conteúdos que bem representam a maldade em vários níveis, é um exemplo de quanto o ser humano se tornou vil desde a sua queda, conforme o relato do livro de Gênesis. Mas esse mal, presente na natureza humana, precisa ser confrontado. Foi para isso que Deus manifestou Sua aliança: oferecer perdão e restauração. Através da Sua graça e poder a humanidade pode encontrar refúgio diante das forças do mal, que lutam para se manter no controle.

O princípio do pecado

A maldade do homem havia alcançado dimensões das mais cruéis. A atitude divina diante desse caos indica que não havia mais nada de bom na humanidade. “A maldade do homem era grande. A linguagem humana dificilmente poderia fornecer uma imagem mais contundente da depravação humana. Não havia mais nada de bom no homem; ele estava ‘podre até a medula” (Ellen White, The Seventh-Day Adventist Bible Commentary [Review and Herald Publishing Association], v. 1, p. 251).

Entretanto, nem sempre foi assim. Antes do primeiro pecado, Adão e Eva expressavam a imagem e semelhança do Criador. Ellen White afirma que "o homem [...] estava em harmonia com Deus. Seus pensamentos eram puros, santos os seus intentos" (Ellen White, Caminho a Cristo [Casa Publicadora Brasileira, 1999], p. 17), e que a natureza deles “estava em harmonia com a vontade de Deus [...]. As afeições eram puras; os apetites e paixões estavam sob o domínio da razão” (Ellen White, Patriarcas e Profetas [Casa Publicadora Brasileira, 2003], p. 18), ou seja, eles foram criados “sem nenhum pendor para o mal” (Caminho a Cristo, p. 21; Ec 7:29). Portanto, o primeiro ato de desobediência não foi um assalto da natureza ou fraqueza desenvolvida, mas uma escolha voluntária justificada na mera curiosidade em relação ao que o fruto poderia proporcionar e, consequentemente, fundamentada na suspeita da credibilidade da Palavra pronunciada por Deus. Embora não houvesse no casal nenhuma propensão para o mal, a partir do primeiro ato de desobediência, as faculdades deles foram “pervertidas, e o egoísmo tomou o lugar do amor” (Caminho a Cristo, p. 17). A natureza de Adão e Eva tornou-se tão enfraquecida pela transgressão que era impossível, em sua própria força, resistir ao poder do mal. Fizeram-se cativos de Satanás” (Caminho a Cristo, p. 17). Agora, não era apenas Adão e Eva que se encontravam em harmonia com a transgressão, mas toda a posteridade nasceria com “inerentes tendências para a desobediência” (Ellen White, The Seventh Day Adventist Bible Commentary [Review and Herald Publishing Association], v. 5, p. 113). Por esse motivo, o mal se sobrepõe nos gostos, desejos, prazeres e ambições.

Deus e Sua aliança com Noé

A maldade humana havia ultrapassado o limite da paciência e misericórdia divinas. Com o passar do tempo, tornou-se cada vez mais claro que a humanidade não estava disposta a voltar-se ao arrependimento. Como resultado da mistura indevida dos “filhos de Deus”, descendentes de Sete, com “as filhas dos homens” (Gn 6:1-4), possivelmente descendentes de Caim, a transgressão e a rebelião contra Deus se intensificaram em tal nível que se tornou necessária uma ação catastrófica, o grande dilúvio (Gn 6:5-8). A graça de Deus ainda permaneceu com o remanescente presente na arca. Então, uma aliança seria feita com os únicos que não se haviam rebelado contra o Céu. A aliança contemplava:

A) A promessa de que Deus nunca mais destruiria a Terra enquanto a história seguisse seu curso (Gn 8:20-22);

B) A garantia de que as promessas da criação, de bênção e domínio, seriam reafirmadas por meio da vinda do Redentor, que cumpriria as promessas de restauração da aliança e do domínio perdido (Gn 9:1-19);

C) A exemplo de Adão, a nova humanidade nascida de Noé e seus filhos foi chamada para exercer domínio sobre toda a terra, com base no futuro sacrifício de Cristo;

D) A certeza da misericórdia e do perdão divino era o concerto da graça (Gn 6:8; 8:20-22; 9:1-17).

E) O sinal da fidelidade de Deus para com a aliança era o arco-íris (Gn 9:12).

Origem da aliança

Assim como ocorreu no Éden, em que Deus procurou Adão, na aliança feita com Noé e seus descendentes, vemos a mesma ação divina. Foi o Criador que tomou a iniciativa para concretizar um pacto de proteção, restauração e salvação: “contigo, porém, estabelecerei a Minha aliança [...]” (Gn 6:18). Portanto, Deus:

1) Lembrou-se de Noé e de sua família;

2) Estabeleceu uma aliança com ele;

3) Diante da iminente catástrofe, teve interesse em protegê-los;

4) Convocou-os para a construção da arca;

5) Protegeu-os da tempestade, selando a arca;

6) Após as águas baixarem, retirou-os com segurança;

7) Ao saírem da arca, ratificou novamente a aliança da graça;

8) Para transmitir segurança, prometeu não destruir a Terra novamente com água;

9) Estendeu Sua aliança com os descendentes de Noé, ou seja, com toda a humanidade.

Conclusão

Como vimos, assim como ocorreu no Éden, quando Deus chamou Adão, é Ele quem sempre estende os braços e nos chama para uma aliança de amor e salvação. Com Noé, novamente observamos a ação de Deus ao convidar o patriarca para uma aliança de proteção, cuidado e salvação. Conosco não é diferente, pois é Deus que Se aproxima e nos convida para um relacionamento de amor e eterna redenção em Cristo. O que devemos fazer com um convite assim tão especial? Adão, Noé, Abraão e muitos de seus descendentes, se lançaram nos braços do Onipotente. Portanto, creio que devemos fazer o mesmo que uma criança faz – por amor e gratidão, lançar-nos nos braços amorosos do Pai celestial.

Conheça o autor dos comentários para este trimestre: Gilberto Theiss é pastor, casado com Patrícia Vilela. Tem atuado por 9 anos como pastor distrital. Atualmente pastoreia o distrito Central de Fortaleza-CE. É graduado em Teologia e Filosofia. Pós-Graduado (especialista) em Ensino de Filosofia, Ciências da Religião, História e Antropologia, e Revisão Prática de Texto. Mestrando em Interpretação Bíblica e Pós-Graduando em História e Arqueologia do Oriente Próximo. Nas horas vagas, aprecia levar conteúdo bíblico para as redes sociais com o Instagram @gilbertotheiss, o blog www.feoufideismo.com e o canal www.youtube.com/feoufideismo.