Em Sua misericórdia, Deus sempre manteve um relacionamento especial com algumas pessoas. Nas histórias de Enoque, Noé, Abraão, Isaque e Jacó – entre outras – vemos o anseio divino de reconstruir com o ser humano o relacionamento rompido. Mas isso não era apenas para o benefício desses poucos indivíduos e de suas famílias. A ligação deles com Deus e a bênção que eles receberam do Senhor fazia parte de um plano maior de reparar esse relacionamento e compartilhar a bênção com os outros. Deus disse a Abraão: “De ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! [...]; em ti serão benditas todas as famílias da Terra” (Gn 12:2, 3). Assim como Abraão foi abençoado, ele poderia ser uma bênção para os outros.
Essa bênção viria mediante a nação de Israel e, em última instância, por meio do Messias, que procederia dessa nação. Com a formação do povo de Israel, Deus passou a trabalhar com toda a nação. Então, Ele começou a lhes dar leis, estatutos, festas e práticas que seriam um estilo de vida, a fim de que os que fossem abençoados por Ele pudessem abençoar outras pessoas também.
Certamente esse princípio ainda existe hoje.
“Certamente, vi a aflição do Meu povo, que está no Egito, e ouvi o seu clamor por causa dos seus exatores. Conheço-lhe o sofrimento” (Êx 3:7).
Quatrocentos anos de espera é muito tempo, especialmente em condições de escravidão cada vez mais cruel. Deus havia prometido que voltaria ao Seu povo e o tiraria do Egito. Porém, a cada geração o povo era abandonado à edificação da riqueza e do prestígio de seus opressores idólatras, e durante todo esse tempo parecia que Deus estava em silêncio.
Então, Deus Se manifestou de maneira singular. Ele apareceu em uma sarça ardente, no deserto distante, a um líder improvável, um príncipe fugitivo e humilde pastor chamado Moisés. A esse homem relutante Ele deu uma obra a fazer, e a primeira parte dessa obra consistia em retornar aos israelitas no Egito com a mensagem de que Deus havia ouvido e visto a opressão deles e de que, evidentemente, o Senhor Se importava. Na verdade, Deus estava prestes a fazer algo para mudar drasticamente a situação do Seu povo.
1. Leia Êxodo 3:16, 17. Por que era importante que Deus começasse descrevendo Seu plano ao povo com essa mensagem específica? O que chama sua atenção sobre essa declaração divina?
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O Senhor tinha um plano para libertar Seu povo e conduzi-lo a uma terra melhor. Mas Sua intenção ia além disso. Ele não pretendia que Israel escapasse do Egito desprovido de recursos. Por centenas de anos, os israelitas contribuíram para a riqueza do Império Egípcio. Deus previu a resistência inicial de faraó, mas assegurou a Moisés que os israelitas seriam compensados por seus anos de trabalho árduo: “Eu darei mercê a este povo aos olhos dos egípcios; e, quando sairdes, não será de mãos vazias” (Êx 3:21).
Após muitos anos de opressão, Deus aproveitou a oportunidade para estabelecer um novo tipo de sociedade com esses ex-escravos. O Senhor desejava que eles vivessem de uma maneira diferente e estabelecessem um povo que continuasse sendo sustentável e viável. Seu plano previa que essa nova comunidade fosse um modelo para as nações vizinhas e, como foi planejado para Abraão, que as bênçãos que eles recebessem de Deus também abençoassem o mundo todo.
2. Leia Mateus 22:37-40 e Êxodo 20:1-17. De que maneira o resumo que Jesus fez dos mandamentos nos ajuda a compreender cada um deles?
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Os Dez Mandamentos são como uma Constituição. Depois de uma breve introdução que define o fundamento sobre o qual as declarações são feitas – nesse caso, o fato de Deus ter libertado Seu povo – o documento lista os princípios centrais sobre os quais a nação está alicerçada. Na lei de Deus existem ordens específicas sobre como o ser humano pode viver melhor seu amor a Deus e ao próximo. Não é de admirar que muitas nações com uma herança cristã tenham extraído o fundamento de suas leis desses princípios orientadores.
Embora algumas dessas declarações sejam breves, não devemos subestimar a amplitude de seu impacto nem a abrangência dos Dez Mandamentos como a lei da vida. Por exemplo, o sexto mandamento, “Não matarás” (Êx 20:13), resume e inclui “todos os atos de injustiça que tendem a abreviar a vida”, bem como “uma negligência egoísta de cuidar dos necessitados e sofredores” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 308). Semelhantemente, a proibição de furtar (veja Êx 20:15) condena o “tráfico de escravos e proíbe a guerra de conquista”. Ela “requer o pagamento de débitos e salários justos”, além de proibir “toda a tentativa de obter vantagem pela ignorância, fraqueza ou infelicidade de outrem” (Patriarcas e Profetas, p. 309).
Podemos facilmente dizer a nós mesmos que não somos pessoas ruins. Por exemplo, se não estivermos diretamente envolvidos em assassinatos ou furtos evidentes, pode parecer que estamos em boa situação. Mas ao falar sobre os mandamentos, Jesus deixou claro que eles não são cumpridos simplesmente pelo fato de deixarmos de realizar algumas ações específicas. Ao contrário, nossos pensamentos e motivações, e até a omissão em fazer coisas que sabemos que devemos fazer, podem ser transgressões da Lei de Deus (veja Mt 5:21-30).
Portanto, imagine uma sociedade na qual cada um dos Dez Mandamentos fosse levado a sério e vivido plenamente. Seria uma sociedade ativa e vibrante, em que todos entusiasticamente agiriam com base em seu amor a Deus, amando e cuidando uns dos outros.
3. Leia Êxodo 23:9. Qual é a mensagem de Deus para Israel nesse verso? Assinale “V” para verdadeiro ou “F” para falso:
A. ( ) Oprimam o estrangeiro que vive em Israel.
B. ( ) A essência é: “Façam aos outros o que vocês desejam que façam a vocês”.
Como escravos recém-libertos, os israelitas sabiam o que era ser oprimido, explorado e marginalizado. Enquanto celebravam a liberdade, a
preocupação de Deus era de que eles se esquecessem de onde tinham vindo, o que era ser excluído e o que Ele havia feito para salvá-los. Ele instituiu a Páscoa como um evento memorial e uma oportunidade para recontar a história: “O Senhor com mão forte nos tirou da casa da servidão” (Êx 13:14).
4. Leia Êxodo 22:21-23. Quando Deus instruiu o povo quanto ao modo de tratar os menos afortunados em sua nova sociedade, por que foi importante lembrá-los de sua própria história de escravidão?
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Os ecos mal haviam desaparecido, após a promulgação dos Dez Mandamentos, quando Moisés foi chamado a passar mais tempo com Deus. Ele então recebeu instruções detalhadas sobre como esses grandiosos mandamentos deviam ser vividos na sociedade israelita. Mesmo antes das instruções para construir o tabernáculo, Deus concedeu, em três capítulos, leis como, por exemplo, o tratamento apropriado dos escravos – leis que estavam em claro contraste com o tratamento que os israelitas haviam recebido. Havia leis que tratavam de crimes violentos, leis relacionadas à propriedade, leis para a vida cotidiana e princípios para estabelecer tribunais que implementassem essas leis e administrassem a justiça (veja Êx 21–23).
Entre essas leis, destacava-se a preocupação com os concidadãos nessa nova sociedade, bem como o cuidado com os estrangeiros e os mais vulneráveis. Essas pessoas não deveriam ser exploradas; elas receberam até direitos de acesso ao alimento de maneira a respeitar sua dignidade, como a possibilidade de recolher as sobras das colheitas. Esse tratamento para com os estrangeiros não era comum no mundo antigo. Ainda hoje alguns parecem esquecer os importantes princípios morais encontrados aqui em relação à maneira de tratar os outros.
Muitos cristãos reconhecem e seguem as instruções da Bíblia quanto à devolução do dízimo. Fundamentados no texto de Malaquias 3:10, devolvem 10% de seu rendimento – ou “lucro” – para sustentar a obra da igreja na disseminação do evangelho. Os dízimos são confiados às igrejas e estas geralmente têm diretrizes rígidas sobre a maneira de usar esses recursos, principalmente aplicando-os para o sustento do ministério direto e do evangelismo.
5. Leia Deuteronômio 14:22-29. Nessas instruções, qual é o objetivo primário do dízimo? Assinale a alternativa correta:
A. ( ) Dividir as bênçãos do dízimo com os levitas e sacerdotes nos anos regulares e a cada três anos com os estrangeiros, órfãos, etc.
B. ( ) Usar o dízimo apenas em benefício próprio.
A tentação é pensar que nossa doação está completa quando entregamos os 10%. Contudo, estudos sugerem que um israelita que vivia e doava de acordo com as diretrizes das leis levíticas daria regularmente entre 25% a 33% da renda do ano para a obra de Deus a fim de sustentar os sacerdotes e o santuário, bem como ajudar os pobres.
Alguns estudiosos descrevem essa doação – especialmente para sustentar os estrangeiros, órfãos e viúvas – como um segundo dízimo. Evidentemente, Deus prometeu abençoá-los, especialmente em sua nova terra, mas eles não deviam tomar essa bênção como garantida nem esquecer os desfavorecidos.
Em anos regulares, essa porção da colheita deveria ser levada ao santuário, mas a cada três anos as bênçãos deveriam ser compartilhadas com a comunidade. Nessas celebrações da colheita, os dízimos eram dados “ao levita, ao estrangeiro, ao órfão e à viúva, para que [comessem] dentro das [suas] cidades e se [fartassem]” (Dt 26:12).
De acordo com as instruções de Deus, pelo menos uma parte das doações dos israelitas deveria se concentrar em prover assistência financeira e prática aos necessitados. Isso estava fundamentado na lembrança do povo e no reconhecimento de como Deus havia sido misericordioso e justo para com eles.
Quando Se encontrou com os israelitas como um povo que não tinha uma pátria e que desejava chegar à terra prometida, Deus sabia a importância que a questão da terra passaria a ter quando eles estabelecessem sua nova sociedade em Canaã. Sob a supervisão divina, Josué liderou uma distribuição organizada da terra por tribos e grupos familiares.
Mas o Senhor também sabia que, com o tempo, a prosperidade, a oportunidade e os recursos ligados à posse da terra tenderiam a se concentrar nas mãos de poucos. Dificuldades familiares, problemas de saúde, más escolhas e outras adversidades poderiam fazer com que alguns proprietários de terras vendessem seus bens para obter ganhos a curto prazo ou simplesmente para sobreviver; porém, isso significava que a família poderia ficar desapropriada por sucessivas gerações.
A solução de Deus foi decretar que a terra jamais poderia ser vendida de maneira definitiva. Em vez disso, a terra seria vendida somente até o “ano do jubileu” seguinte, quando retornaria para a família a qual havia sido outorgada, e qualquer terreno vendido poderia ser resgatado pelo vendedor ou por outro membro da sua família a qualquer momento. Novamente, Deus lembrou o povo de seu relacionamento com Ele e como isso afetava sua relação com os outros: “Também a terra não se venderá em perpetuidade, porque a terra é Minha; pois vós sois para Mim estrangeiros e peregrinos” (Lv 25:23).
6. Leia Levítico 25:8-23. Como seria a sociedade se esses princípios fossem aplicados, especialmente as palavras “não oprimais ao vosso próximo”?
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“Os estatutos que Deus havia estabelecido destinavam-se a promover a igualdade social. As disposições do ano sabático e do jubileu em grande medida poriam em ordem o que no período anterior havia ido mal na economia social e política da nação” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 534).
Os historiadores da Bíblia não têm certeza se esse ritmo econômico e social foi seguido plenamente por um período significativo (veja 2Cr 36:21). Mesmo assim, essas regras oferecem um vislumbre intrigante de como o mundo poderia funcionar se as leis de Deus fossem seguidas completamente. Além disso, elas destacam a preocupação especial de Deus para com os pobres e marginalizados, bem como Seu interesse em que a justiça seja manifestada de maneira prática em nosso mundo.
Textos de Ellen G. White: Patriarcas e Profetas, p. 303-314 (“Israel Recebe a Lei”); p. 530-536 (“O Cuidado de Deus para com os Pobres”).
“Depois do reconhecimento dos direitos de Deus, nada há que mais caracterize as leis dadas por Moisés do que o espírito liberal, afetuoso e hospitaleiro ordenado para com os pobres. Embora Deus houvesse prometido abençoar grandemente Seu povo, não era Seu desígnio que a pobreza fosse inteiramente desconhecida entre eles. Ele declarou que os pobres nunca se acabariam na Terra. Sempre haveria entre Seu povo os que poriam em ação a compaixão, ternura e benevolência deles. Naquele tempo, como agora, as pessoas estavam sujeitas a contratempos, enfermidade e perda de propriedade. Entretanto, enquanto seguiram as instruções dadas por Deus, não houve mendigos entre eles, nem qualquer que sofresse fome” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 530, 531).
“Aqueles estatutos destinavam-se a abençoar os ricos não menos que os pobres. Restringiriam a avareza e a disposição para a exaltação própria e cultivariam um espírito nobre e de beneficência; e, alimentando a boa vontade e a confiança entre todas as classes, promoveriam a ordem social e a estabilidade do governo. Nós nos achamos todos entretecidos na grande trama da humanidade, e o que quer que possamos fazer para beneficiar e elevar os outros refletirá em bênçãos a nós mesmos” (Patriarcas e Profetas, p. 534, 535).
Perguntas para discussão
1. Do plano de Deus para Israel, qual lei ou estatuto chama sua atenção?
2. Nas leis de Deus para Seu povo, por que Ele Se concentra tanto nos mais vulneráveis?
3. Como devemos entender essas leis hoje? Quais delas são relevantes para nós? O que aprendemos com essas instruções a respeito da maneira pela qual os israelitas deveriam ordenar sua sociedade e sua vida?
Resumo: Deus ouviu o clamor do povo de Israel no Egito e interveio para resgatá-lo. Ele desenvolveu uma aliança especial com eles e trabalhou com eles para estabelecer uma nova sociedade abençoada, mesmo para os esquecidos, marginalizados e vulneráveis.
Respostas e atividades da semana:
1. Após quatrocentos anos de escravidão, o povo estava incrédulo em relação às promessas do Senhor. Eles não obedeceriam sem que Deus antes explicasse Seu plano para tirá-los do Egito.
2. Os quatro primeiros mandamentos dados a Moisés se relacionam com o amor e a honra a Deus. Os outros seis mandamentos apresentados a Moisés se relacionam com o amor e o cuidado para com o próximo.
3. F; V.
4. Para que o povo não repetisse a história com outras nações. Assim como eles não desejaram ser escravos dos egípcios, não deveriam escravizar ninguém.
5. A.
6. A sociedade seria muito mais justa; não haveria necessidade de se fazer uma reforma agrária, já que a terra seria devolvida no ano jubileu aos proprietários originais. Provavelmente também não haveria tanta discrepância nas classes sociais, visto que nenhum indivíduo nem grupo seria oprimido.
Em nosso estudo da lição da semana passada, celebramos a criação divina e reconhecemos a triste realidade de que, com a entrada do pecado, o mundo perfeito que Deus havia criado se tornou fragilizado. Então, imediatamente o Criador colocou em prática um plano de restauração para que o mundo voltasse a refletir a perfeição original.
Nesse plano de restauração, estamos no estágio do “já, mas ainda não”, o que significa que o reino de Deus plenamente restaurado não acontecerá antes que Jesus venha para acabar com o pecado. Mas podemos receber algumas bênçãos do Seu reino agora e vivê-las.
O tema da justiça bíblica que estudaremos neste trimestre reflete o projeto de Deus para um mundo melhor, enquanto esperamos pelo “ainda não”. Nesse contexto, a justiça pode ser definida como a demonstração da retidão de Deus por meio da ação correta. De fato, “retidão” e “justiça” são frequentemente usadas de forma alternada quando traduzidas tanto do hebraico quanto do grego. Juntas, "retidão" e "justiça" podem significar "retidão".
Objetivos do professor:
• Examinar com a classe as implicações da relação entre retidão e justiça.
• Encorajar a alegria pelo fato de que Deus ouve e conhece o sofrimento da humanidade fragilizada.
• Desafiar a classe a entender o significado mais profundo dos Dez Mandamentos à luz da justiça bíblica.
• Destacar a exortação divina ao Seu povo para que oferecesse ofertas além do 10% do dízimo em reconhecimento à obra justa e reta do Senhor.
• Procurar mais ideias sobre o sistema do jubileu, que foi instituído por Deus com a intenção de nivelar a condição social e econômica da humanidade.
Escritura
"A retidão [tsedeq] e a justiça [mishpat] são os alicerces do Teu trono; o amor e a fidelidade vão à Tua frente” (Sl 89:14, NVI). “O justo [e reto; dikaios ] viverá pela fé” (Rm 1:17, NIV).
Esses dois versos estão entre os muitos exemplos de como a “retidão” e a “justiça” estão intimamente ligadas no Antigo e no Novo Testamentos e podem ser usadas alternadamente. Se alguém tiver acesso ao Novo Testamento em grego, poderá procurar outras referências para “retidão” e traduzir essa palavra também como “justiça”. Assim, observará que esse exercício destaca como essas palavras podem ser usadas de forma alternada. Comente com a classe as implicações da estreita relação entre “retidão” e “justiça” na vida diária. Como podemos aplicar aos seres humanos essa relação entre “retidão” e “justiça”?
Escritura
“Disse-lhe, pois, o Senhor: As acusações contra Sodoma e Gomorra são tantas e o seu pecado é tão grave que descerei para ver se o que eles têm feito corresponde ao que tenho ouvido. Se não, Eu saberei” (Gn 18:20, 21, NVI, ênfase acrescentada).
"Eu saberei". Isso significa que Deus "tomou conhecimento; observou; discerniu”. Outras passagens descrevem a palavra “saber” como equivalente ao significado de “salvar” ou “demonstrar compaixão” (ver Sl 1:6; Am 3:2, The NET Bible: New English Translation [Nova Tradução em Inglês], Biblical Studies Press, LLC, 2001, p. 141).
Amós 3:2 diz: "Escolhi apenas vocês de todas as famílias da Terra" (NVI). Em hebraico, esse versículo tem o seguinte sentido: "Conheci apenas vocês." O verbo hebraico y?da’ aqui é usado no sentido de aliança ao "reconhecer de maneira especial" (Ibidem, p. 1643).
Convide os membros da classe para compartilhar experiências nas quais sentiram que, de maneira marcante, Deus “tomou conhecimento” de seus clamores. Como Deus teve compaixão deles e os salvou? Peça-lhes que compartilhem exemplos de pessoas que eles "sabem" que estão gemendo (Êx 2:23, 24) e clamando a Deus por causa da opressão. De maneira concreta, como eles podem, juntamente com a igreja, unir-se a Deus para demonstrar compaixão a esses oprimidos e aliviar seu sofrimento?
Ilustração
Deus conhece a real situação de cada pessoa no mundo. Em contraste com isso, considere a história de um empresário que aprendeu uma valiosa lição sobre interferência sem "conhecimento" de causa. Esse empresário decidiu fazer um passeio pelo seu estabelecimento para ver como as coisas estavam indo e quão eficientemente seus funcionários estavam trabalhando. Assim, foi até o departamento de envio de mercadorias e viu um jovem encostado na parede, aparentemente sem fazer nada. O empresário aproximou-se do jovem e lhe perguntou: “Filho, quanto você ganha por dia?”
O jovem respondeu: "R$ 150 reais".
O dono da empresa tirou sua carteira, lhe deu R$ 150 e lhe disse para ir embora e nunca mais voltar.
Assim que o rapaz foi embora, o encarregado do departamento voltou, olhou ao redor, e perguntou ao dono: “Você viu o motorista dos Correios? Eu lhe pedi que me esperasse aqui! (Ed Vasicek, Meet Jethro [Conheça Jetro], URL https://www.sermoncentral.com/sermons/meet-jethro-ed-vasicek-sermon-on-10god-in-the-hardships-97796?ref=SermonSerps).
Precisamos orar para que Deus nos revele Sua perspectiva das situações ao nosso redor. Precisamos especialmente ter cuidado para não ser críticos em relação às pessoas com quem entrarmos em contato.
Perguntas para discussão: O que precisamos fazer para ter uma compreensão confiável e minuciosa das necessidades e situações desesperadoras ao nosso redor? Ter conhecimento pode nos ajudar a ser mais relevantes, eficientes e úteis no serviço aos outros?
Escritura
“Não terás outros deuses diante de Mim. [...] Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma que pertença ao teu próximo" (Êx 20:3, 17). O primeiro e o último mandamentos são semelhantes a colunas de apoio, sustentando os outros oito (Êx 20:4-16) e lançando um alicerce para todo o Decálogo. Por exemplo, não ter outros deuses diante do Senhor e não cobiçar o que pertence a outra pessoa pode ajudar a identificar as coisas que colocamos à frente de Deus. Esses dois mandamentos também indicam os interesses egocêntricos que dificultarão a observância dos outros oito mandamentos.
Discuta exemplos que mostram como os outros mandamentos se relacionam com as “colunas de apoio” do Decálogo, o primeiro e o décimo mandamentos. Como o resumo que Jesus fez dos Dez Mandamentos, os chamados "primeiro" e "segundo" grande mandamentos (Mt 22:37-40), são comparados com as "colunas de apoio"?
Examine cada um dos últimos seis mandamentos e explique como cada um deles se relaciona com a justiça bíblica. Por exemplo, como as pessoas que estão sofrendo injustiças acabam morrendo aos poucos cada vez que as desrespeitamos ou lhes negamos oportunidades legítimas delas? Discuta exemplos de grupos de pessoas, possivelmente em nosso meio, que estejam morrendo aos poucos a cada dia porque sentem falta de respeito ou porque não têm acesso a oportunidades? Além disso, de que maneira os quatro primeiros mandamentos estão relacionados à justiça bíblica?
Ilustração
Alguém disse que há três tipos de doadores: a pedra, a esponja e o favo de mel. Para conseguir qualquer coisa de uma "pedra", você precisa martelá-la. Mesmo assim, você conseguirá somente fragmentos e faíscas. Para conseguir algum líquido de uma "esponja" você precisa espremê-la. Quanto mais pressão você exercer, mais você terá. Entretanto, o favo de mel apenas transborda da sua própria doçura (Brian Kluth, Sermon Illustrations [Ilustrações para Sermões],
).
Os membros da igreja que podem ser classificados como “doadores esponjas” sentem-se obrigados a devolver 10% de sua renda por causa da ordem de Malaquias 3:10 referente aos dízimos. Mas não se consegue “extrair” deles quaisquer ofertas adicionais além dos 10% estipulados. No entanto, o verso 8 adverte o povo de Deus de que Ele espera deles tanto os dízimos quanto as ofertas para sustentar Sua obra. Por outro lado, os doadores "favos de mel" doam com alegria ofertas acima do dízimo exigido, para prover sustento aos necessitados (Dt 26:1-12). Como resultado, tanto o doador quanto o beneficiário são abençoados.
Anthony Rossi era um imigrante pobre da Sicília que aceitou Jesus como seu Salvador pessoal. Numa certa manhã, quando estava na igreja, ele orou: “Senhor, se Tu me deres uma ideia sobre algum tipo de negócio, serei fiel em devolver para a Tua obra uma porção de tudo o que eu ganhar.” Naquela manhã, surgiu em sua mente uma ideia: “suco de laranja natural”. Assim, Rossi tornou-se um preeminente empresário cristão que fundou a Indústria Tropicana (famosa marca de suco de laranja nos Estados Unidos). Ele foi fiel em cumprir sua promessa e devolveu a Deus os 10% de dízimo, mas não ficou apenas nisso, pois doou 50% da sua renda para a obra de Deus durante 60 anos! (http://derrickmccarson.blogspot.com/2017/03/giving-god-oranges.html. Com base em Sanna Barlow Rossi, Anthony T. Rossi: Christian & Entrepreneur [Cristão & Empreendedor]; Downers Grove, IL: InterVarsity, 1986, p. 158).
Ilustração
O Instituto de Finanças Internacionais (IIF) publicou um relatório preocupante em que a dívida global atingiu um recorde de US$ 247 trilhões de dólares (cerca de R$ 950 trilhões de reais) no primeiro trimestre de 2018. Isso representa um aumento de US$ 32 trilhões (R$ 123 trilhões) em relação ao primeiro trimestre de 2017. Esse montante inclui as famílias, os governos e os setores corporativos financeiros e não financeiros (Alexander Tanzi, Global Debt Topped $247 Trillion in the First Quarter, IIF Says [Dívida global superou US$ 247 trilhões no primeiro trimestre, diz IIF] <http://www.businessinsider.com/global-debt-staggering-trillions-2017-4>).
Algumas pessoas entram em uma dívida tão grande que ficar livre dela parece um objetivo impossível de alcançar. Muitos países têm leis de falências que visam proteger cidadãos incapazes de cumprir suas obrigações financeiras. Essas leis permitem que os endividados tenham um novo começo. No entanto, geralmente há consequências graves para os que escolhem a proteção da lei da falência.
Em Levítico 25, Deus revelou uma alternativa para a falência: o ano do jubileu, que foi estabelecido para ser um recomeço da sociedade, um pacote de estímulo econômico. É um modo de vida com uma ordem para que a sociedade oferecesse sustento aos marginalizados e necessitados, ao mesmo tempo em que evitava a distribuição desigual da riqueza.
Como era esse botão de reinicialização e reconfiguração? Para ajudar a sua classe da Escola Sabatina a ter uma noção do que esse plano envolvia, escreva em um quadro, se for possível, ou em uma folha de papel, os elementos do jubileu, como:
• A restituição da propriedade ao seu proprietário original.
• Perdão da dívida.
• Libertação de prisioneiros e escravos.
Comente com a classe: Como a dívida, a propriedade e a opressão de hoje se comparam aos cenários retratados em Levítico 25? Como a igreja de Deus pode viver os princípios do jubileu atualmente? Convide os membros da classe para testemunhar como o Senhor tem sido o Deus da restauração e do recomeço na vida deles. Depois, peça-lhes que compartilhem como se tornaram ajudadores de Deus a fim de trazer restauração e um novo começo para outras pessoas.
Aplicação para a vida
Deus desafia os membros da igreja a ir além do pensamento da necessidade de justiça e reforma em termos da sua própria situação apenas. Muitas vezes, as preocupações dos cristãos podem estar centradas em questões de relações raciais e liberdade religiosa que pessoalmente os atormentam, como o direito de ter o sábado livre ou o assunto da liberdade de consciência nas forças armadas. A justiça bíblica para todos os seres humanos, entretanto, deve ser um modo de vida automático que motive dentro de nós uma preocupação com o que acontecerá com os outros, não apenas com nós mesmos.
Procure maneiras de ajudar os participantes da sua classe a aplicar os princípios desta lição na vida deles. Use exemplos relacionados a experiências pessoais ou a questões abordadas nesta lição. Ao fazer isso, considere os seguintes pontos:
1. Convide os membros da classe a apresentar um testemunho pessoal sobre a aplicação desta citação na vida deles: “As contribuições exigidas dos hebreus para fins religiosos e assistenciais equivalia a uma quarta parte completa de suas rendas. Poderíamos esperar que uma taxa tão pesada sobre os recursos do povo os reduzisse à pobreza; mas, ao contrário, a fiel observância desses estatutos era uma das condições de sua prosperidade” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas p. 527; Ml 3:8-12).
2. O jubileu significava restauração e um novo começo nas áreas financeira, social e espiritual (Lv 25:8-17). O jubileu também estava ligado ao Dia da Expiação, um tempo de redenção, bem como de restauração espiritual (Lv 25:9). Suponhamos que você tome conhecimento de que há uma família que acabou de perder tudo, incluindo um de seus filhos, em um incêndio. Como sua igreja poderia se empenhar para oferecer a essa família desamparada um novo começo, uma experiência de jubileu, tanto financeira quanto espiritualmente?
Olhos roxos
Talitha Hoyato, uma moça de 19 anos, ficou chocada ao ver a colega de quarto com os dois olhos roxos. “O que aconteceu?”, ela perguntou. Em resposta, a colega Doreen, 23 anos, levantou a blusa para mostrar os hematomas nas costas. “Meu marido é alcóolatra e fez isso comigo”, Doreen disse em prantos. “Você não pode voltar para casa”, Talitha aconselhou. Mas, Doreen ia para casa sempre que havia oportunidade. Ela precisava cuidar de um bebê com um ano, criado pela sogra em Mount Hagen, Papua Nova Guiné. De fato, sentia muita saudade do filhinho.
Doreen encontrou em Talitha uma ouvinte solidária. Elas estudavam pedagogia no Simbu Teachers College, em Kundiawa, localizado a três horas de viagem da casa de Doreen. “Minha vida é infeliz. Não sei como mudar e ser uma boa mãe e esposa”, Doreen disse. Talitha pensou na melhor maneira para responder e lembrou-se das mulheres com problemas matrimoniais que pediam conselhos à sua mãe, que sempre respondia com os sábios textos da Bíblia. “Minha mãe diz que ninguém pode mudar uma pessoa, mas Deus pode. Ele nos criou e sabe como nos transformar”, sugerindo então que Doreen orasse e lesse a Bíblia todas as manhãs.
Uma das primeiras coisas que Doreen notou ao morarem juntas é que Talitha fazia um culto todas as manhãs. Ela acordava às cinco horas para orar e ler a Bíblia. Foi assim que Doreen soube que os pais da colega eram alcóolatras e que havia sido criada por uma senhora adventista, com a qual aprendeu a fazer sua devoção diariamente.
Doreen saiu para o recesso. Ao voltar para as aulas, Talitha tinha uma surpresa para ela: entregou-lhe algumas folhas de papel nas quais havia copiado três histórias da Bíblia, incluindo a experiência de mudança de vida da mulher samaritana que encontrou Jesus junto ao poço (João 4: 1-42). Ela também copiou uma história do Informativo das Missões dos Adultos e outra história de missionária no Informativo Mundial dos Menores. “Você pode ler quando tiver tempo”, Talitha disse.
Doreen gostou das histórias e pediu mais. Então, Talitha contou como e quando, há um ano, começou a orar por seu pai biológico e como ele rejeitou todos os apelos para aceitar a Deus. Porém, enquanto ela continuava orando, ele foi preso por descumprir um contrato de trabalho. Nessa ocasião, voltou-se para Deus na prisão. Ela esperava que ele fosse libertado para que pudessem ir à igreja juntos. “Deus também pode transformar seu marido!”, Talitha disse. Doreen se sentiu tocada pelas histórias e começou a orar pelo marido diariamente. Certa manhã, Talitha acordou às cinco horas e viu que a colega de quarto já estava acordada lendo a Bíblia. Ela ficou muito emocionada.
Dois meses se passaram e a sogra de Doreen ligou com notícias surpreendentes. Disse que o marido de Doreen, que nunca trabalhara um dia em sua vida no jardim, e muito menos tocado em uma pá, havia cavado e plantado mudas por conta própria. “Você está brincando?”, Doreen perguntou. “Venha e comprove por si mesma”, a sogra respondeu.
No recesso seguinte Doreen foi para casa e viu o jardim. Pela primeira vez na vida, seu marido tentava cuidar da esposa e do restante da família. Ele também deixou de beber. Ninguém do lugar onde moravam conseguia acreditar na mudança. De volta ao residencial, Doreen agradeceu a Talitha com um abraço. “Louvado seja Deus!”, Talitha diz. “Deus está trabalhando.”
Um ano depois, Doreen continua fazendo o culto matinal regularmente. Ela e o marido frequentam a igreja juntos e nunca mais sofreu violência física. “Agora eu sou uma mãe feliz com um esposo feliz”, diz.
Doreen é uma das muitas pessoas que aprenderam sobre Deus através de Talitha. Embora só tenha 19 anos, ela gosta de falar a todos sobre Jesus e Sua justiça. E dá seu testemunho: “Minha mãe adotiva ensinou a ser discípula de Jesus desde a tenra infância e, por isso, sou muito grata ao Senhor. Em todo lugar onde vou compartilho sobre Jesus. Quando vejo as notícias digo: ‘veja, isso nos mostra que Jesus está voltando.’ Precisamos ser fiéis e não perder a esperança em Cristo.”
Comentário da Lição da Escola Sabatina
3º Trimestre de 2019
Tema Geral: “Meus pequeninos irmãos”: servindo aos necessitados
Lição 2: 6 a 13 de julho
Sábado: Um dia de liberdade
Autor: Geraldo L. Beulke Jr.
Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
Revisora: Josiéli Nóbrega
PLANO PARA UM MUNDO MELHOR
Na semana passada estudamos como Deus criou tudo perfeito e formou o ser humano à Sua imagem e semelhança. Entre os elementos que fazem parte da imagem Dele em nós, está nosso anseio por relacionamentos de amor, pois o próprio Deus é amor. Porém, a entrada do pecado no coração humano nos impele constantemente a situações de afirmação do ego, seja contra o próximo, seja contra Deus, arruinando nossos relacionamentos.
Em Sua misericórdia, Deus já havia traçado um plano para a salvação da humanidade e o colocou em prática através de uma série de pessoas chamadas para abençoar o mundo. Abraão foi uma delas: “De ti farei uma grande nação [...] Sê tu uma bênção! [...] em ti serão benditas todas as famílias da Terra (Gn 12:2, 3). De fato, por meio da descendência de Abraão, Deus enviaria a Bênção por excelência – o Messias Salvador. Além disso, por meio dessa descendência, Ele ergueu um povo para abençoar o mundo através de seu estilo de vida expresso em suas leis, festas e práticas, amenizando os efeitos do pecado sobre as relações humanas até a restauração final.
UMA NAÇÃO-MODELO
A nação de Israel deveria ser para o mundo uma demonstração do plano de divino para a história e do trato de Deus com a humanidade. Desde Abraão, esse povo foi anunciado como uma nação chamada para ser uma fonte bênçãos. Eles viveriam como escravos e peregrinos até que se completasse a “medida da iniquidade” dos habitantes de Canaã (Gn 15:13-18).
Encerrado o tempo de graça concedido aos cananeus, fiel à Sua promessa a Abraão, o Senhor libertou Israel do Egito (Êx 2:23-25; 3:7-9) e resgatou o propósito para Seu povo escolhido (Êx 3:16, 17) através de uma jornada pedagógica até a terra prometida: “Eis que vos tenho ensinado estatutos e juízos, como me ensinou o SENHOR, meu Deus, para que assim façais no meio da terra que passais a possuir. Guardai-os, pois, e cumpri-os, porque isto será a vossa sabedoria e o vosso entendimento perante os olhos dos povos que, ouvindo todos estes estatutos, dirão: Certamente, este grande povo é gente sábia e inteligente” (Dt 4:5-7).
ÉTICA DE ISRAEL
Antes de lhes entregar os Dez Mandamentos, tornando Israel a nação abençoadora, Deus detalhou o significado do chamado feito a eles em Abraão: “Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a Minha voz e guardardes a Minha aliança, então, sereis a Minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a Terra é Minha; vós Me sereis reino de sacerdotes e nação santa [...]” (Êx 19:5, 6). Três pontos devemos destacar aqui para aprofundar nosso estudo: 1) toda a Terra pertence a Deus, mas Israel seria Sua propriedade peculiar, ou seja, um instrumento especial para viver e expressar Sua vontade às nações; 2) o que um sacerdote significava para Israel, o povo de Deus deveria significar para o mundo – uma evidência da presença divina e mediador da aliança; e 3) como nação santa, o povo de Israel seria uma alternativa às culturas corrompidas e separadas do conhecimento de Deus. Essa santidade, em oposição à condição cultural de sua época, seria expressa em todos os seus relacionamentos (voltamos ao tema da restauração dos relacionamentos dentro do plano divino de salvação), conforme podemos perceber em Levítico 19:3-37, que trata dos seguintes tópicos: relacionamento familiar (v. 3), repúdio à idolatria (v. 4), interesse pelos pobres (v. 9, 10), integridade interpessoal (v. 11), honestidade nas relações econômicas (v. 13), respeito pelos vulneráveis (v. 14), justiça nos tribunais (v. 15), justiça nas conversas (v. 16), segurança e bem-estar do outro (v. 16), amor ao próximo (v. 18), fidelidade sexual (v. 20-22), cuidado com a criação (v. 23-25), distância de toda religião pagã (v. 26-28, 31) e honestidade comercial (v. 35-37).
Além dos tópicos do cuidado para com os pobres e os vulneráveis, e do amor ao próximo, que citamos em Levítico 19, podemos perceber outras determinações divinas para as quais Israel deveria atentar e que expressam a preocupação de Deus para com os necessitados, geralmente identificados pela lista tríplice “estrangeiros, órfãos e viúvas”: tratar o estrangeiro como gostaria de ter sido tratado (Êx 22:21; 23:9); jamais oprimir a viúva e o órfão, sob pena de morte (Êx 22:22-24); o sábado semanal, que possui um caráter graciosamente inclusivo (Êx 20:8-11); o ano sabático (Lv 25:1-7; Êx 23:10-11); o ano do jubileu (Lv 25:8-17); a lei da respiga (Dt 24:19-22) e a orientação para separar, a cada três anos, um dízimo especial, ou segundo dízimo, para ser compartilhado entre os levitas e os desfavorecidos: “estrangeiros, órfãos e viúvas” (Dt 14:28, 29).
Todos esses desdobramentos, porém, derivavam dos princípios proclamados nos Dez Mandamentos (Êx 20:1-17) e só tinham sentido se partissem do relacionamento dos israelitas com a Fonte da autoridade da Lei, e do nosso amor a Deus de todo o nosso coração, de toda a nossa alma e de todo o nosso entendimento (Êx 20:2; Mt 22:37). De igual maneira, a nossa prática só terá sentido se estiver fundamentada no nosso relacionamento de amor com Deus, o Autor da Lei.
O que Israel deveria ter sido, nós devemos ser! Há tantas pessoas e famílias inteiras que têm sofrido caladas, por vergonha de expor sua necessidade. Precisamos conhecer a realidade ao nosso redor e então agir. Um dos sinais de uma igreja saudável é que não haja necessitados desatendidos no meio dela. Qual família da igreja sua unidade de ação pode adotar por um período até que a situação melhore? Até que Jesus volte, pondo fim às misérias que afligem a humanidade, somos os escolhidos, como povo de Deus, para amenizar o sofrimento alheio. Como está o caixa do ministério da Ação Solidária Adventista da sua igreja? E você, como indivíduo, como tem demonstrado seu amor pelos desfavorecidos?
“A verdadeira religião não pode estar separada da solidariedade para com o pobre e o necessitado. A religião indiferente ao pobre desrespeita a Deus. Portanto, como indivíduos, nunca devemos confiar nas intituições para fazerem o que deveríamos pessoalmente realizar pelo necessitado. Embora as instituições desempenhem um papel importante ao aliviar o sofrimento, elas não podem amar” (O Evangelho em Roupa de Trabalho, p. 30).
Ame!
Conheça o autor do comentário: O pastor Geraldo L. Beulke Júnior é natural de Porto Alegre, RS. Graduou-se em Teologia no ano de 2003 e já serviu à Igreja tanto na obra educacional quanto distrital, nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Bahia e Espírito Santo. Atualmente, pastoreia o Distrito de Mangueiras, em Tatuí, São Paulo. Em 2014, concluiu o mestrado em Interpretação e Ensino da Bíblia, pelo SALT – FADBA, e está cursando o programa de doutorado em Teologia Pastoral pelo SALT – UNASP – EC. É casado com a pedagoga Elisama Gama Beulke, com quem tem três filhos: Lara, de 12 anos, Alícia, de 9, e William, de 1 ano.