Depois da primeira viagem missionária de Paulo, ficou claro que havia uma discordância fundamental na igreja a respeito da maneira pela qual os gentios deveriam ser admitidos à fé (At 15:1-5). Talvez percebendo um conflito crescente, Paulo pensou em um plano para promover a unidade na igreja. Visto que no concílio lhe pediram que se lembrasse dos pobres (Gl 2:10), ele decidiu solicitar às igrejas gentílicas que prestassem ajuda financeira aos irmãos na Judeia, a “coleta para os santos” (1Co 16:1), esperando que isso ajudasse a construir pontes entre os dois grupos.
Isso explica sua determinação de ir a Jerusalém no fim de sua terceira viagem, apesar dos riscos. Por um lado, ele tinha amor genuíno por seus irmãos judeus (Rm 9:1-5); por outro, desejava uma igreja unida (Gl 3:28; 5:6). Visto que judeus e gentios eram igualmente salvos pela fé, e não pelas obras da lei (Rm 3:28-30), qualquer alienação social entre eles, baseada nos requisitos cerimoniais da lei, era contrária à natureza inclusiva do evangelho (Ef 2:11-22).
Sigamos Paulo nessa nova fase de sua vida e missão.
Ao chegar a Jerusalém, Paulo foi calorosamente recebido por cristãos ligados a Mnasom, com quem devia se hospedar (At 21:16, 17).
Em Atos 21:18-22, Tiago e os anciãos de Jerusalém expressaram sua preocupação com a reputação de Paulo entre os cristãos judeus locais, todos zelosos guardadores da lei mosaica. Eles haviam sido informados de que Paulo estava ensinando os judeus conversos que viviam no exterior a abandonar Moisés, dizendo-lhes que não deviam “circuncidar os filhos, nem andar segundo os costumes da lei” (At 21:21).
É claro que isso não era verdade. O que Paulo ensinava era que, em termos de salvação, nem a circuncisão nem a incircuncisão significava coisa alguma, pois tanto os judeus quanto os gentios eram igualmente salvos pela fé em Jesus (Rm 2:28, 29; Gl 5:6; Cl 3:11). Isso é bem diferente de incentivar explicitamente os judeus a desconsiderar a lei e seus requisitos. Obediência não é, em si mesma, sinônimo de legalismo, embora possa ser deliberadamente distorcida, vindo a significar exatamente isso.
1. Leia Atos 21:23-26. Como Paulo demonstrou que ainda era um judeu fiel?
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Paulo foi aconselhado a ser politicamente correto. Ele devia mostrar a falsidade dos rumores a seu respeito fazendo algo bem “judeu”: financiar o voto de nazireado de alguns cristãos judeus. Esse voto era um ato especial de piedade por meio do qual um judeu se reconsagrava a Deus.
Infelizmente, Paulo cedeu. Os heróis, inclusive os bíblicos, têm suas falhas, como podemos ver na vida de Abraão, Moisés, Pedro e vários outros. É possível argumentar que Paulo estava apenas seguindo seu princípio de proceder como judeu ao lidar com judeus (1Co 9:19-23), ou que ele mesmo teria feito um voto pouco antes (At 18:18), embora a natureza exata desse voto não seja clara. Dessa vez, no entanto, Paulo foi transigente. Sua ação endossou as motivações legalistas por trás da recomendação que lhe fora feita. A implicação de sua atitude era exatamente aquela que ele tentava vigorosamente combater: a ideia de que havia dois evangelhos, um para gentios, de salvação pela fé, e outro para judeus, de salvação pelas obras. Paulo, porém, “não estava autorizado por Deus para ceder tanto quanto pediam” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 405).
Tendo aceitado a sugestão dos líderes da igreja, Paulo precisou se submeter a um ritual de purificação de sete dias para participar da conclusão do voto daqueles homens (Nm 19:11-13). Ao mesmo tempo, a tradição judaica determinava que qualquer pessoa proveniente de terras gentílicas estava impura e não podia entrar no templo. Por essa razão, Paulo teve que se purificar antes de ir até os sacerdotes para avisá-los de seu processo de purificação relacionado aos nazireus (At 21:26).
2. Leia Atos 21:27-36. O que aconteceu com Paulo no final de seu período de sete dias de purificação? Assinale a alternativa correta:
A. ( ) Ele foi promovido a sacerdote.
B. ( ) Ele foi preso.
Seguiu-se um tumulto, causado por aqueles que incitaram a multidão contra Paulo, acusando-o de atacar os símbolos mais sagrados da religião judaica, e especialmente de ter profanado o templo. Visto que um dos companheiros de viagem de Paulo era um cristão gentio de Éfeso, chamado Trófimo (At 21:29), eles acharam que o apóstolo o havia introduzido no pátio interno do templo, onde só judeus podiam entrar. Se a acusação fosse legítima, Paulo seria culpado de um crime muito grave. Ao longo do muro que separava o pátio externo do interno, havia placas em grego e em latim advertindo os visitantes gentios a não avançarem, senão eles seriam pessoalmente responsáveis por sua própria morte.
“Pela lei judaica era crime punível com a morte uma pessoa incircuncisa entrar nos pátios internos do edifício sagrado. Paulo tinha sido visto na cidade em companhia de Trófimo, um efésio, e acharam que o tivesse trazido ao templo. Ele não havia feito isso; e, sendo ele mesmo judeu, seu ato de entrar no templo não era violação da lei. Mas, embora a acusação fosse completamente falsa, serviu para despertar o preconceito popular. E, à medida que o clamor aumentava e chegava aos pátios do templo, as multidões ali reunidas ficavam enfurecidas” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 407).
Quando a notícia do tumulto chegou à fortaleza romana que ficava junto ao templo, o comandante romano, Cláudio Lísias (At 21:31, 32; 23:26), veio com suas tropas e resgatou Paulo antes que a multidão o matasse.
Sendo alvo dos ataques, Paulo foi preso e atado com correntes enquanto o comandante tentava averiguar o que estava acontecendo. Diante dos gritos histéricos da multidão, ele ordenou que o apóstolo fosse recolhido à fortaleza.
Atos 21:37-40 conta o que aconteceu em seguida. Enquanto Paulo era levado à fortaleza romana para ser interrogado, ele pediu permissão ao comandante para se dirigir ao povo, que ainda estava clamando freneticamente por sua morte.
Ao se dirigir ao comandante na língua grega, este pensou que Paulo poderia ser um certo judeu do Egito que, cerca de três anos antes, havia iniciado uma revolta em Jerusalém contra a ocupação romana. A revolta, porém, foi suprimida pelas forças romanas; muitos de seus seguidores foram mortos ou presos, enquanto o egípcio mesmo conseguiu escapar.
Depois de afirmar que era de Tarso, não do Egito, Paulo recebeu permissão para falar. Em seu discurso, ele não ofereceu uma resposta detalhada às acusações levantadas contra ele (At 21:28), mas contou-lhes a história de sua conversão, destacando sua devoção ao judaísmo, a ponto de perseguir os que acreditavam em Jesus. Quando confrontado com uma série de revelações da parte do Senhor, ele não teve escolha senão obedecê-las. Isso explicava a total reviravolta em sua vida e seu chamado para pregar aos gentios. Em vez de entrar em uma discussão teológica, Paulo lhes contou sua experiência e por que ele estava fazendo o que fazia.
3. Leia Atos 22:22-29. Como a multidão reagiu à afirmação de Paulo de que ele era um apóstolo dos gentios? Assinale a alternativa correta:
A. ( ) Pediu a sua morte.
B. ( ) Convenceu-se de que a missão de Paulo havia sido dada por Deus.
A decisão de deixar Paulo falar não deu muito certo. Ao se referir ao seu compromisso com os gentios, Paulo parecia estar confirmando a veracidade das acusações contra ele (At 21:28), e a multidão ficou ainda mais irritada.
O comandante romano pode não ter entendido tudo o que Paulo disse; por isso, ele decidiu interrogá-lo por meio de açoites. Contudo, além de ser judeu de puro sangue (Fp 3:5), Paulo também tinha cidadania romana, e quando mencionou isso, o comandante teve que recuar. Como cidadão romano, Paulo não podia ser submetido a esse tipo de tortura.
4. Leia o discurso de Paulo (At 22:1-21). Quais são as evidências de que, além de se defender, ele também estava pregando para seus irmãos judeus? Por que ele contou sua história de conversão? Por que histórias de conversão podem ser tão poderosas?
Quando o comandante romano percebeu que Paulo não representava nenhuma ameaça para o império, isto é, que a questão envolvia disputas internas dos judeus, ele pediu para o Sinédrio assumir o caso (At 22:30; 23:29).
5. De acordo com Atos 23:1-5, como Paulo começou sua defesa perante o Sinédrio?
A declaração introdutória de Paulo foi recebida com uma bofetada na boca, talvez porque, como prisioneiro, sua referência a Deus parecia blasfema. Sua reação impulsiva nos dá um vislumbre de seu temperamento. Ao chamar o sumo sacerdote de “parede branqueada” (At 23:3), Paulo estava ecoando as palavras de Jesus, ao condenar a hipocrisia dos fariseus (Mt 23:27). No entanto, como Paulo não sabia que estava se dirigindo ao sumo sacerdote, a possibilidade de que ele tivesse uma visão ruim não deve ser descartada.
6. Leia Atos 23:6-10. Como Paulo tentou, engenhosamente, desestabilizar o processo? Complete as lacunas:
“Sabendo Paulo que uma parte do Sinédrio se compunha de ____________ e outra, de ___________, exclamou: Varões, irmãos, eu sou fariseu, filho de fariseus! No tocante à esperança e à ________ dos mortos sou julgado!” (At 23:6).
O Sinédrio era composto de saduceus e fariseus que se opunham uns aos outros em uma série de questões; doutrina era uma delas. Os saduceus, por exemplo, cujas Escrituras incluíam apenas os primeiros cinco livros de Moisés (o Pentateuco), não acreditavam na ressurreição dos mortos (Mt 22:23-32).
A declaração de Paulo (At 23:6), no entanto, foi mais do que uma tática inteligente para distrair o Sinédrio. Uma vez que o encontro com o Jesus ressuscitado na estrada de Damasco era o fundamento de sua conversão e ministério apostólico, a crença na ressurreição era a verdadeira questão pela qual ele estava sendo julgado (At 24:20, 21; 26:6-8). Nada mais podia explicar como ele havia abandonado seu antigo zelo para se tornar quem ele era naquele momento. Se Jesus não tivesse ressuscitado, seu ministério era inútil, e ele também sabia disso (1Co 15:14-17).
Naquela noite, quando Paulo estava na fortaleza, o Senhor lhe apareceu, dizendo: “Coragem! Pois do modo por que deste testemunho a Meu respeito em Jerusalém, assim importa que também o faças em Roma” (At 23:11). Dadas as circunstâncias, essa promessa deve ter sido significativa para Paulo. Seu desejo de pregar em Roma (At 19:21; Rm 1:13-15; 15:22-29) ainda seria realizado.
Irritados com o fato de que ainda não tinham se livrado de Paulo por meios legais, um grupo decidiu articular um plano para atacar o apóstolo em uma emboscada e o matar por conta própria.
7. De acordo com Atos 23:12-17, qual era o plano dos judeus contra Paulo? Como esse esquema foi frustrado?
O fato de que mais de 40 judeus conspiraram contra Paulo e se uniram em um juramento revela o ódio que o apóstolo despertava em Jerusalém. Lucas não revela a identidade desses homens, mas eles eram extremistas dispostos a fazer o que fosse necessário para proteger a fé judaica de seus supostos traidores e inimigos. Esse nível de fanatismo religioso, aliado a um fervor revolucionário e nacionalista, não era incomum na Judeia do 1o século e em seus arredores.
De maneira providencial, porém, a notícia da conspiração foi ouvida pelo sobrinho de Paulo. É um tanto decepcionante que não conheçamos quase nada sobre a família de Paulo, mas, aparentemente, ele e sua irmã haviam sido criados em Jerusalém (At 22: 3), onde ela se casou e teve pelo menos um filho. De qualquer maneira, o sobrinho de Paulo – o diminutivo neaniskos (At 23:18, 22) e o fato de ele ter sido levado “pela mão” (At 23:19) implicam que ainda era adolescente – conseguiu visitá-lo na fortaleza e lhe contar a história.
8. Leia Atos 23:26-30. Qual foi a mensagem que o comandante Lísias enviou ao governador Félix sobre Paulo? Assinale a alternativa correta:
A. ( ) Ele disse que Paulo parecia ser inocente.
B. ( ) Ele pediu que Félix executasse Paulo.
A carta apresentava a Félix um relatório justo sobre a situação. Além disso, mostrava como Paulo havia sido beneficiado por sua cidadania romana. A lei romana protegia plenamente seus cidadãos, que tinham o direito, por exemplo, a um julgamento legal, no qual pudessem comparecer perante o tribunal e se defender (At 25:16), e também o direito de recorrer ao imperador no caso de um julgamento injusto (At 25:10, 11).
Independentemente da reputação de Félix, ele tratou Paulo de maneira juridicamente apropriada. Após um interrogatório preliminar, ele ordenou que o apóstolo fosse mantido preso até que os acusadores chegassem.
“Paulo e seus companheiros formalmente apresentaram aos dirigentes da obra em Jerusalém as contribuições enviadas pelas igrejas gentílicas para o sustento dos pobres existentes entre os irmãos judeus. […] Essas ofertas voluntárias traduziam a lealdade dos conversos gentios para com a obra de Deus organizada em todo o mundo, e deviam ter sido recebidas por todos com grato reconhecimento; entretanto, era evidente para Paulo e seus colaboradores que, mesmo dentre aqueles diante de quem agora estavam, havia alguns que eram incapazes de valorizar o espírito de amor fraternal que motivara as ofertas” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 399, 400).
“Se os dirigentes da igreja tivessem abandonado completamente seus sentimentos de amargura contra o apóstolo, aceitando-o como alguém especialmente chamado por Deus para levar o evangelho aos gentios, o Senhor o teria poupado para eles. Deus não havia ordenado que os trabalhos de Paulo acabassem tão cedo; mas não operou um milagre para conter o desenrolar das circunstâncias que a atitude dos líderes da igreja em Jerusalém havia provocado.
“Esse espírito ainda produz os mesmos resultados. A negligência em apreciar e aproveitar as provisões da graça divina tem privado a igreja de muitas bênçãos. Quantas vezes o Senhor teria prolongado a obra de um fiel ministro, se seu trabalho tivesse sido valorizado! Mas quando a igreja permite ao inimigo perverter o entendimento, de maneira que representem e interpretem mal as palavras e atos do servo de Cristo; se eles se permitirem atrapalhar e estorvar a sua utilidade, o Senhor, às vezes, remove a bênção que Ele deu. […].
“Depois que as mãos estão cruzadas sobre o peito inerte, quando a voz de advertência e encorajamento está em silêncio, então os obstinados podem ser despertados para ver e valorizar a bênção que rejeitaram. Sua morte pode realizar o que sua vida não conseguiu fazer” (Ibid., p. 417, 418).
Perguntas para discussão
1. Paulo foi para Jerusalém sabendo que não seria bem-vindo ali, pois colocava os interesses da igreja acima dos seus interesses. Devemos imitá-lo?
2. O que aprendemos com a concessão que Paulo fez em Jerusalém? Como ser politicamente corretos sem renunciar aos princípios pelos quais vivemos?
3. A unidade da igreja é sempre muito importante. Como podemos trabalhar juntos e unidos, mesmo quando temos visões diferentes das coisas?
Respostas e atividades da semana: 1. Fez um voto de purificação, demonstrando respeito pela lei. Qual deve ser nossa atitude diante de divergências quanto à fé? 2. B. 3. A. 4. Paulo mostrou respeito pelo judaísmo e contou sua experiência de conversão. Compartilhe com a classe sua história de conversão. 5. Paulo buscou harmonia, apesar da indignação diante da agressão sofrida. Como falar de nossas crenças e experiências sem ofender as outras pessoas? 6. Saduceus – fariseus – ressurreição. 7. Matar Paulo numa conspiração. A trama foi frustrada porque um sobrinho de Paulo contou sobre isso. Você conhece exemplos de pessoas que lutaram por causas erradas? 8. A.
TEXTO-CHAVE: Atos 23:11
O ALUNO DEVERÁ
Saber: Que a providência de Deus nem sempre corresponde às nossas expectativas.
Sentir: Paz em relação às dificuldades da vida e um desejo de perseverar por amor ao reino de Deus.
Fazer: Buscar de Deus sabedoria para entender como devemos nos comunicar com as pessoas ao nosso redor.
ESBOÇO
Saber: A providência de Deus é segura
A. O que o Espírito Santo disse a Paulo quando o apóstolo começou sua viagem rumo a Jerusalém?
B. Por que Paulo foi mesmo assim, apesar das advertências?
C. A vontade providencial de Deus para Paulo era que ele fosse para Jerusalém e ali fosse preso? Explique.
II. Sentir: Encontrar paz e perseverança na obra de Deus
A. Como você tem sido desafiado em seu chamado para compartilhar o evangelho?
B. Esse desafio resulta mais de outras pessoas ou de suas próprias inseguranças? Por quê?
C. Como a história de Paulo nos ajuda a continuar a obra de compartilhar o evangelho?
III. Fazer: Buscar a sabedoria e as palavras de Deus
A. Como saber o que dizer aos outros quando nossa fé é questionada?
B. Em qual área da vida você precisa da sabedoria e das palavras de Deus?
Resumo: Quando fazemos as coisas certas no serviço de Deus, não há garantia de que estaremos seguros. Mas sabemos que Deus não nos abandona. Em vez disso, Ele nos dá a coragem de que precisamos para perseverar.
Ciclo do aprendizado
Motivação
Focalizando as Escrituras: At 23:11
Conceito-chave para o crescimento espiritual: Reconhecer a providência de Deus em nossa vida, mesmo diante de ameaças à nossa segurança física e conforto.
Para o professor: Concentre-se no fato de que, no final da experiência em Jerusalém, Deus encorajou Paulo dizendo que ele tinha cumprido sua missão de testemunhar ali e também daria seu testemunho em Roma, apesar de todos os desafios que enfrentaria.
Discussão inicial: Muitas vezes, quando aceitamos o chamado de Deus para nossa vida e seguimos na direção em que somos convencidos a ir, acabamos enfrentando desafios. Quando foi chamado e teve a convicção de que deveria deixar o cargo de pastor em tempo integral para ir em busca de um doutorado na Universidade Andrews, Cory seguiu seu chamado. Ele acreditava que poderia terminar as aulas e os exames finais em dois anos e meio e depois receberia uma igreja para pastorear enquanto escrevia sua dissertação. Hoje, após cinco anos nesse processo, ao escrever os capítulos finais de sua dissertação, Cory questiona sua escolha devido às tensões financeiras que colocaram sua família em uma situação estressante. No entanto, Cory sabe que Deus o conduziu até aqui. Se ele deixar que as preocupações o sobrecarreguem não conseguirá permanecer na tarefa que Deus lhe deu. Cory deve confiar na providência divina e concluir fielmente seu doutorado, pois é o que Deus lhe pediu que fizesse.
Perguntas para discussão
1. Houve uma ocasião em sua vida em que você seguiu o chamado de Deus e as dificuldades fizeram você se perguntar se ainda estava fazendo o que era certo? Descreva a situação.
2. Como saber se estamos trabalhando de acordo com a providência e a vontade de Deus?
Compreensão
Para o professor: A narrativa da viagem de Paulo a Jerusalém, e do tempo que ele passou ali, concentra-se na tentativa do apóstolo de se identificar com os judeus e ligar a fé cristã às suas raízes judaicas, na esperança de compartilhar o evangelho com os líderes judeus em Jerusalém mais uma vez. Ajude a classe a reconhecer que cada passo que levou à prisão de Paulo em Jerusalém era parte do fiel cumprimento de seu chamado para compartilhar o evangelho de Jesus Cristo.
Comentário bíblico
A história do retorno de Paulo a Jerusalém, no final de sua terceira viagem missionária, bem como os acontecimentos que se seguiram estão de acordo com o chamado de Deus a Paulo para que ele compartilhasse o evangelho. Em 1 Coríntios 9:19-22, Paulo disse que havia se tornado muitas coisas para que pudesse alcançar tantos grupos de pessoas diferentes quanto possível com a mensagem do evangelho. Existem três pontos diferentes em Atos 21–23, nos quais podemos ver o compromisso de Paulo com o evangelho. Primeiramente, em sua viagem de volta a Jerusalém. Em segundo lugar, em seu encontro com a liderança da igreja em Jerusalém. E em terceiro lugar, durante o processo de sua prisão.
I. A viagem de Paulo a Jerusalém
(Recapitule com a classe At 21:7-14.)
Paulo estava concluindo a última etapa de sua terceira viagem missionária, e a separação das pessoas às quais ele tinha ministrado foi muito dolorosa. Essa tristeza foi intensificada pelas palavras do Espírito Santo, revelando que Paulo seria preso e perseguido em Jerusalém. Perceba, no entanto, que a mensagem profética de Ágabo não proibiu o apóstolo de ir a Jerusalém. Ela apenas revelou o que aconteceria com Paulo quando ele fosse. As pessoas imploraram para que ele não fosse, mas Paulo estava firme e decidido a realizar sua obra pelo evangelho. Assim como Jesus um dia esteve determinado a ir a Jerusalém, Paulo também estava decidido a ir, mesmo que isso pudesse significar sua prisão ou morte por causa do evangelho de Jesus Cristo. E, com palavras semelhantes às de Jesus no Getsêmani, as pessoas responderam à declaração de Paulo, dizendo: “Faça-se a vontade do Senhor!” (At 21:14; veja Darrel L. Bock, Acts: Baker Exegetical Commentary on the New Testament [Grand Rapids, MI: Baker Academics, 2007], p. 638, 639.)
Perguntas para discussão
1. Por que a vontade de Deus às vezes inclui sofrimento por causa do evangelho?
2. Quando você sofreu por amor ao evangelho?
3. Se Paulo foi chamado “apóstolo dos gentios”, por que ele deveria se incomodar em retornar a Jerusalém?
II. Paulo se encontra com a liderança da igreja em Jerusalém
(Recapitule com a classe At 21:17-26.)
Paulo prestava contas aos líderes da igreja, assim como qualquer obreiro evangélico faz hoje. Portanto, quando Paulo retornou a Jerusalém, fez um relatório sobre a obra para a qual havia sido comissionado e enviado em sua terceira viagem missionária. Ele também trouxe à igreja de Jerusalém uma oferta que ele havia coletado ao longo de sua viagem. Paulo foi fiel em sua comissão evangélica, tanto àqueles a quem ele havia alcançado quanto aos reconhecidos líderes da igreja cristã: Tiago, como líder da igreja cristã que desejava ver o evangelho ser aceito tanto por judeus quanto por gentios, fez uma proposta para Paulo. A fim de que Paulo se aproximasse da comunidade judaica em Jerusalém, Tiago sugeriu que o apóstolo passasse por um ritual de purificação e pagasse para que vários jovens pudessem concluir um voto. Havia rumores de que Paulo estava apostatando porque desconsiderava a lei de Moisés e ensinava essa prática aos outros (veja Darrel L. Bock, Acts: Baker Exegetical Commentary on the New Testament, p. 646).
Pense nisto: 1. A sugestão de que Paulo passasse por esse ritual baseado na Lei comprometia a liberdade do evangelho? Por quê?
2. Você já fez algo que considerava “desnecessário” a fim de estabelecer um relacionamento com alguém por causa do evangelho? Em caso afirmativo, o que você fez? Compartilhe os resultados da sua experiência.
3. Como 1 Coríntios 9:20 se relaciona com essa situação?
III. A prisão e a defesa de Paulo
(Recapitule com a classe At 22:3-22.)
Paulo foi preso durante um motim no qual os líderes judeus tinham a certeza de que o apóstolo havia profanado o templo, trazendo um gentio ao pátio do templo. Quando Paulo teve a oportunidade de falar com a multidão, ele se identificou com a fé judaica de várias maneiras. Ele se dirigiu a eles muito provavelmente em aramaico, o idioma comum do povo hebreu (veja Darrel L. Bock, Acts: Baker Exegetical Commentary on the New Testament, p. 658). Paulo testemunhou de sua educação como fariseu instruído e perseguidor do Caminho. Em seguida, contou que tinha se convertido mediante uma visão do céu, o que fazia parte do sistema de fé farisaico (veja Darrel L. Bock, Acts: Baker Exegetical Commentary on the New Testament, p. 673, 674). Cada um desses argumentos foi apresentado com a esperança de compartilhar o evangelho. E embora seu testemunho tivesse inspirado mais violência, culminando em um atentado contra sua vida, Paulo foi elogiado pelo Senhor, em Atos 23:11, por testemunhar em Seu nome.
Pense nisto 1. Como podemos nos aproximar de diferentes grupos de pessoas a fim de compartilhar o evangelho?
2. Como Deus usa as dificuldades para fortalecer nossa confiança Nele?
Aplicação
Para o professor: É importante que a classe reconheça que as dificuldades que enfrentamos por causa do evangelho são diferentes de outras dificuldades na vida.
Perguntas para aplicação
1. Qual é a diferença entre as dificuldades gerais e as que vêm por causa do evangelho?
2. O que devemos dizer e fazer pelo evangelho?
Criatividade
Para o professor: Ajude os alunos a pensar em diferentes grupos de pessoas e como eles podem se aproximar desses grupos por amor ao evangelho.
Atividades
1. Pense nos diferentes grupos de pessoas que você encontra durante a semana. Faça uma lista desses grupos.
2. Pense em estratégias específicas que você poderia usar para se conectar com eles por amor ao evangelho.
Não queria lecionar
Quando chegou o momento de Ogie decidir que curso universitário escolher, ela pensou: “Nunca serei professora”. Embora a mãe fosse professora do Jardim da Infância, Ogie não tinha paciência com crianças barulhentas. Na igreja, o pastor pediu para que ajudasse no departamento infantil, mas ela respondeu: “Não, não gosto de crianças.” Apesar disso, o pastor a incentivou a tentar e mostrou algumas histórias bíblicas em feltro. O material chamou sua atenção, mas, quando viu as crianças, novamente recusou.
Ogie acabou se casando com um professor universitário, tiveram um filho e se mudaram, como missionários, para uma pequena cidade na Mongólia.
Certo dia, o esposo perguntou: “O que você deseja fazer nesta cidadezinha?”
“Não sei”, ela respondeu, “mas não quero lecionar”.
Depois das aulas na universidade, o marido convidava os alunos para sua casa e preparava alimento simples e saudável. Na Mongólia, a carne é parte importante em todas as refeições. Os alunos ficaram surpresos ao ver a mesa com pratos feitos de grãos, frutas e vegetais. Eles perguntavam: “Que tipo de alimento é este? Por que vocês não comem carne?” Então, Ogie percebeu que estava ensinando a mensagem bíblica de saúde. Ao mesmo tempo, fez amizade com outras mães na vizinhança e quando elas a visitavam, Ogie contava histórias para os bebês. Ela pensava que não tinha dom para ensinar, mas aparentemente, era isso que fazia todo o tempo.
Em busca de um plano
Seu marido plantou uma igreja na cidade e, em seguida, foi convidado a continuar os estudos na Universidade Adventista das Filipinas. Ogie orou a Deus: “Por favor, ajude-me! O que farei nas Filipinas?” Ela continuou orando durante vários meses, até que um professor visitou seu lar nas Filipinas e perguntou quais eram seus planos nos 2 anos e meio de estudos do esposo.
“Talvez estudar contabilidade ou enfermagem”, Ogie disse.
“Vamos orar. Talvez Deus mostre os planos Dele para sua vida”, ele disse.
Ela avaliou o programa de enfermagem da universidade e soube que durava cinco anos. Em seguida, foi até a Administração e descobriu que o curso de contabilidade era de quatro anos. Ogie estava pensando em cursar contabilidade quando passou no departamento de Educação. Começou a conversar com um dos professores e, imediatamente, estabeleceram uma conexão por conhecerem a Mongólia. Ele foi a primeira pessoa que ela conheceu nas Filipinas que visitara a Mongólia, e ela estava ansiosa para conversar com ele!
Após alguns minutos, o professor sugeriu que ela estudasse pedagogia. “Hum, talvez”, Ogie disse. Ela não queria dizer um “não” enfático porque ele era muito gentil. O professor continuou: “Já que você tem uma filha, por que não tenta educação fundamental?” A conversa durou muito tempo. Logo, o professor precisou sair para dar aulas, mas sugeriu que Ogie visitasse o Jardim da Infância dirigido pela universidade. Ela ficou surpresa com o que viu. As crianças pareciam calmas e felizes. A professora parecia tão à vontade! Ogie fez algumas perguntas e descobriu que o curso de Pedagogia duraria três meses, por causa do curso de Educação que ela havia feito na Mongólia.
A resposta divina
Ogie e o marido tiveram uma longa conversa naquela noite. A igreja adventista não tinha escola nem professor adventista na Mongólia. Ela não sabia o que fazer. O marido disse: “Talvez o plano de Deus seja que você se torne professora.” “Hum! Talvez”, disse. Mas já não dera tão resistente à Pedagogia. Finalmente, ela se formou em 2 anos e meio, com o marido. Ao voltar para Mongólia, ajudou a fundar a primeira escola adventista. Após alguns anos, Ogie foi escolhida para ser diretora. Hoje, ela ama as crianças e gosta de lecionar!
Atualmente, a Escola Tusgal tem 124 alunos, a maioria é de famílias não adventistas. A instituição oferece do Jardim da Infância ao 12º Ano. Agradecemos pela oferta especial do trimestre de 2015 que ajudou a expandir nossas salas de aula. As matrículas aumentaram; por isso, a direção planeja abrir um internato para os alunos do 9º Ano até o Ensino Médio. A oferta deste trimestre ajudará a realização desse projeto.
Ogie testemunha: “Ao olhar para o passado, louvo ao Senhor. Algumas vezes, os parentes dizem: ‘mas você disse que nunca seria professora! Por que decidiu ser?’ Eu respondo: Não temos certeza sobre o que nos tornaremos. Só Deus é onisciente. Quando somos pacientes e obedecemos, Deus planeja por nós.”
Conhecendo a Mongólia
• Entre os mongoleses a partir dos 15 anos, 53% são budistas, 39% não têm religião, e os cristãos são apenas 2,1% da população.
• A Mongolia é um país localizado entre a Russia e a China. Quase metade dos habitantes vive na capital, Ulaanbaatar, e muitos são considerados nômades.
• O país é montanhoso, com uma altitude de 1.580 metros acima do nível do mar, o que o torna um dos mais altos países no mundo.
Comentário da Lição da Escola Sabatina – 3º Trimestre de 2018
Tema Geral: O livro de Atos dos Apóstolos
Lição 11: 8 a 15 de setembro
Prisão de Paulo em Jerusalém
Cristian Piazzetta
Capelão da Escola Adventista
Cachoeirinha, RS
Supervisor: Wilson Paroschi
Professor de Novo Testamento
Southern Adventist University
Collegedale, TN, EUA
Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
Revisora: Josiéli Nóbrega
Esboço da lição da semana
I. A chegada de Paulo (At 21:17-26)
- O encontro com os líderes
- O relatório de Paulo
- A crítica dos presbíteros
- A proposta dos líderes de Jerusalém
- A fraqueza de Paulo
II. A prisão de Paulo (At 21:27–23:35)
- Tumulto no templo
- A detenção de Paulo
- A defesa de Paulo
- Perante o Sinédrio
- Transferência para Cesareia
I. A chegada de Paulo (At 21:17-26)
Chegamos à última seção de Atos. No final de sua terceira viagem missionária, Paulo se propôs a visitar Jerusalém, possivelmente para entregar as ofertas coletadas nas igrejas gentílicas. Infelizmente, o que era para ser uma ocasião festiva, representou o fim da liberdade do apóstolo. Em Jerusalém, Paulo se deparou com um rumor de que seu ministério não era benquisto pelos judeus. Tal oposição resultaria no seu aprisionamento e num longo período de julgamentos. A despeito da situação, Deus ainda tinha planos com Paulo, e aquilo que parecia uma tragédia, acabou de alguma forma colaborando para que o evangelho chegasse até os confins da terra.
1. O encontro com os líderes
A recepção de Paulo em Jerusalém foi calorosa (At 21:17). O texto não mostra claramente quem exatamente compunha esse grupo que o recebeu. Possivelmente, fossem crentes helenistas associados a Mnason, um discípulo natural de Chipre, talvez conhecido de Barnabé, com quem o apóstolo se hospedaria (v. 16). A alegre recepção de Paulo se assemelha à boa acolhida que ele tinha recebido antes do Concílio de Jerusalém (At 15:4). No entanto, dificuldades relacionadas aos gentios logo viriam à tona.
2. O relatório de Paulo
Paulo novamente fez questão de relatar o sucesso da missão gentílica. Lucas não nos conta o que exatamente Paulo destacou, mas é provável que ele tenha contado do período de três anos em que estivera em Éfeso (At 20:31) e das várias experiências que havia passado ali (At 19:8-41). Embora entusiasmados com as boas notícias, os líderes de Jerusalém não estavam à vontade. Havia um problema, o qual os levou a criticar o ministério de Paulo, bem como propor uma solução para diminuir a tensão.
3. A crítica dos presbíteros
Os líderes de Jerusalém estavam preocupados com a reputação de Paulo (ou talvez com os padrões da igreja por eles defendidos). O problema era o boato de que Paulo aconselhava os judeus da diáspora a apostatarem de Moisés e abandonar as práticas de seus ancestrais (At 21:21). É evidente que as acusações eram falsas. O que o apóstolo afirmava era apenas que, em termos de salvação, nem a circuncisão nem a incircuncisão eram coisa alguma, pois todos são igualmente salvos pela fé (Rm 2:28; Gl 5:6). A repetição dessa antiga crítica demonstra que o Concílio de Jerusalém não havia resolvido completamente a questão do preconceito judaico. Na verdade, essa questão ainda custaria a liberdade de Paulo.
4. A proposta dos líderes em Jerusalém
A recomendação foi que Paulo provasse que ainda era um judeu fiel. Havia ali outros judeus que estavam sob o juramento de nazireu. Ao finalizar o período, que durava trinta dias, esperava-se que o participante raspasse seu cabelo e o queimasse em holocausto (Nm 6:18). Além disso, era exigido que alguns animais fossem oferecidos em sacrifício (um cordeiro, uma cordeira e um carneiro), além da oferta de manjares (cereais) e libação de azeite (Nm 6:14, 15). Evidentemente, tomar tal voto envolvia um alto custo financeiro. A sugestão, então, foi que Paulo se unisse àqueles homens e bancasse tais gastos. Ao assim fazer, estaria demonstrando sua lealdade à lei (Torah) e a improcedência dos rumores a seu respeito.
5. A fraqueza de Paulo
Infelizmente, ao acatar a recomendação dos líderes de Jerusalém, Paulo comprometeu a mensagem na qual acreditava e que era o centro de sua pregação. Sua intenção parece ter sido boa. Nas palavras de Ellen G. White, ele “acreditava que, se por alguma concessão razoável pudesse ganhá-los para a verdade, removeria um grande obstáculo ao êxito do evangelho em outros lugares. Não se achava, porém, autorizado por Deus para ceder tanto quanto eles pediam.”
II. A prisão de Paulo (At 21:27–23:35)
O tiro saiu pela culatra, por assim dizer. Seu erro ao tentar corrigir um problema inexistente (a alegação de que ensinava os judeus cristãos a se apostatarem de Moisés) precipitou um grande tumulto no pátio do templo que acabou culminando com sua detenção, o que daria início a várias sessões de julgamento que se estendem praticamente até o fim do livro de Atos.
1. Tumulto no templo
O voto do nazireado requeria uma purificação no terceiro e no sétimo dias (Nm 19:12). Paulo provavelmente estivesse voltando ao templo no último dos sete dias para completar o ritual, mas ao ser identificado por um grupo de judeus provenientes da Ásia, um grande alvoroço teve início. A acusação era que ele havia introduzido no templo a Trófimo, gentio cristão de Éfeso, onde Paulo estivera por três anos em sua viagem recente. A nenhum gentio era permitido adentrar ao pátio interior do templo. A reação foi imediata. Os gritos enfurecidos da multidão ecoavam as mesmas palavras que haviam sido proferidas contra Estevão: “Este homem não cessa de falar contra o lugar santo e contra a lei” (At 6:13). Obviamente a acusação era infundada, pois Lucas indica que Paulo e Trófimo haviam sido avistados junto na cidade, não no templo. Mas, não havia tempo para explicações. Paulo teria que arcar com o custo de sua associação com os gentios. A ironia é que Paulo estava no templo justamente para realizar sua própria purificação, mas nesse momento foi acusado de havê-lo contaminado.
2. A detenção de Paulo
A vida de Paulo estava por um triz. Não fosse a intervenção do comandante romano, o apóstolo dificilmente teria sobrevivido. O relato sugere que Cláudio Lísias tomou cerca de duzentos soldados para tentar sufocar a revolta (At 21:32). Sendo Paulo o objeto principal da ira da multidão, foi natural a ordem de que ele fosse preso, acorrentado e recolhido à fortaleza romana, que ficava na parte norte do templo. O apóstolo permaneceria preso até o final do relato de Atos, um período que durou quase cinco anos.
3. A defesa de Paulo
Diante de tamanha injustiça, é natural que Paulo tivesse solicitado o direito de defesa. Impressionado com a habilidade do apóstolo de falar em grego e assegurado de que ele não era um dos vários revolucionários que causavam tumultos na cidade (At 21:36-39), Lísias concedeu ao apóstolo a oportunidade de falar em defesa própria. Paulo recorreu à sua própria experiência de conversão, relatando seu antigo zelo judeu e como ele havia sido comissionado pelo Jesus ressurreto. Até esse ponto, a multidão o ouvia atentamente. Mas, ao mencionar sua missão aos gentios (At 22:21), a multidão ficou ainda mais irritada desejando tirar-lhe a vida. A ira dos judeus motivou Lísias a levar Paulo novamente à fortaleza para o interrogar por meio de açoites. Quanto a isso, Paulo foi incisivo, pois ele possuía cidadania romana e não podia ser submetido a esse tipo de tortura (v. 25-29).
4. Perante o Sinédrio
Incapacitado de certificar-se das acusações dos judeus, Lísias decidiu entregar Paulo à corte de julgamento judaica, o Sinédrio. Em seu discurso, Paulo procurou enfatizar que a real motivação por trás das acusações era a sua esperança na ressureição dos mortos (At 23:6). Tendo em vista que o Sinédrio era composto por fariseus, que criam na ressurreição, e saduceus, que não criam, uma nova confusão se formou. A disputa tornou-se tão violenta que Lísias teve que intervir, levando Paulo de volta à fortaleza. No entanto, mais confortante do que intervenção do comandante, foram as palavras do próprio Senhor dirigidas ao apóstolo (v. 11). Deus estava cuidando de Paulo e ainda o usaria poderosamente!
5. Transferência para Cesareia
O encorajamento divino veio num momento oportuno, pois logo em seguida o apóstolo enfrentaria a conspiração de um grupo de quarenta judeus que se uniram sob juramento de nada comer nem beber enquanto Paulo não estivesse morto (At 23:12, 13). Providencialmente, a trama chegou ao conhecimento de Paulo, por meio de seu sobrinho (v. 16), e ele prontamente tratou de informar ao comandante para que sua vida fosse preservada. O apóstolo seria então enviado para Cesareia, a capital da província e um local mais seguro e apropriado para o seu julgamento.
Conclusão
Pontos a ser enfatizados em classe:
– As circunstâncias da prisão de Paulo e a própria contribuição do apóstolo para que isso acontecesse.
– A experiência pessoal utilizada por Paulo em sua defesa.
– A hostilidade dos judeus para com Paulo.
– O plano que Deus ainda tinha para o apóstolo.
Supervisor do comentário:
Wilson Paroschi ensinou na Faculdade de Teologia do Unasp, Engenheiro Coelho, por mais de trinta anos. Desde janeiro deste ano, é professor de Novo Testamento na Southern Adventist University, em Collegedale, Tennessee, Estados Unidos. Ele é PhD em Novo Testamento pela Andrews University (2004) e realizou estudos de pós-doutorado na Universidade de Heidelberg, na Alemanha (2011).