Lição 12
12 a 18 de março
Recebendo um reino inabalável
Sábado à tarde
Ano Bíblico: Js 18-21
Verso para memorizar: “Por isso, recebendo nós um reino inabalável, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e temor” (Hb 12:28).
Leituras da semana: Hb 12:18-29; Êx 32:32; Dn 7:9, 10, 13-22; Ag 2:6-9, 20-22; Sl 15:5; 16:8; Hb 13:15, 16

Hebreus 12:18-29, a passagem desta semana, é o ápice da epístola e resume sua preocupação principal, repetindo a ideia com a qual começou: Deus nos falou na pessoa de Seu Filho, e devemos dar muita atenção (Hb 1:1, 2; 12:25) a Ele. A descrição de Jesus em Hebreus 12:22-24 resume as afirmações da carta: Jesus é o Mediador da nova aliança, e Seu sangue provê salvação para os crentes. Seu ministério sacerdotal e real em nosso favor é um motivo de celebração para as hostes celestiais. E, finalmente, Hebreus 12:25-29 contém a última e culminante exortação: o juízo de Deus se aproxima e trará destruição para Seus inimigos, mas vindicação e um reino para Seu povo (Hb 12:28, 29).

O final reafirma a importância das conquistas de Jesus na cruz e direciona os crentes à consumação da vitória de Cristo. Paulo usou Daniel 7 para lembrar aos leitores que Jesus recebeu um reino de Deus, o Juiz (Dn 7:9-14), e vai compartilhá-lo com os crentes, “os santos do Altíssimo”, que o possuirão para todo o sempre (Dn 7:18).

Somos os “primogênitos” porque compartilhamos a herança do Primogênito por excelência, Jesus (Hb 1:6). Portanto, não somos hóspedes, mas cidadãos (compare com Fp 3:20). Também somos descritos como “espíritos dos justos aperfeiçoados” (Hb 12:23). Essa expressão é uma figura de linguagem em que uma dimensão da nossa natureza humana representa o todo. É análoga à expressão “Pai espiritual” em Hebreus 12:9, que se refere a Deus como o Pai de todos nós.

A reunião festiva celebra a inauguração do governo de Jesus, de Seu sacerdócio e da nova aliança. Em Hebreus, é no Monte Sião que esses eventos acontecem. Três dos salmos citados em Hebreus 1:5-14 descrevem a entronização do Filho e o Monte Sião como o lugar em que isso ocorre (Sl 2:6, 7; 110:1, 2; 102:21-27).

Ali também é o lugar em que o Filho foi nomeado “sacerdote para sempre” (Hb 5:6), uma citação do Salmo 110:4. De acordo com o Salmo 110, a nomeação do Filho como Sumo Sacerdote ocorre também no Monte Sião (Sl 110:2). Finalmente, Hebreus argumenta que a inauguração do sacerdócio de Jesus marca a inauguração da nova aliança (Hb 7:11-22). Portanto, o Monte Sião também é o lugar em que a nova aliança foi ratificada. Hebreus 12:22-24 descreve a reunião festiva que ocorreu no Céu quando Jesus ascendeu.



Domingo, 13 de março
Ano Bíblico: Js 22-24
Vocês chegaram ao Monte Sião

1. Leia Hebreus 12:22-24. O que Paulo descreve aqui?

Hebreus afirma que chegamos ao Monte Sião e participamos de uma grande festa. “Vocês chegaram ao Monte Sião e à cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial, e a milhares de anjos. Vocês chegaram à assembleia festiva” (Hb 12:22). Chegamos pela fé na Pessoa de nosso Representante, Jesus. Nessa celebração encontramos uma multidão inumerável de anjos, o próprio Deus e Jesus, que é o centro da celebração. Viemos como parte da “igreja dos primogênitos arrolados no Céu” (Hb 12:23). Nossos nomes estão registrados nos livros do Céu (Êx 32:32; Sl 56:8; Dn 12:1; Ml 3:16; Lc 10:20; Ap 13:8; Ap 17:8).

Somos os “primogênitos” porque compartilhamos a herança do Primogênito por excelência, Jesus (Hb 1:6). Portanto, não somos hóspedes, mas cidadãos (compare com Fp 3:20). Também somos descritos como “espíritos dos justos aperfeiçoados” (Hb 12:23). Essa expressão é uma figura de linguagem em que uma dimensão da nossa natureza humana representa o todo. É análoga à expressão “Pai espiritual” em Hebreus 12:9, que se refere a Deus como o Pai de todos nós.

A reunião festiva celebra a inauguração do governo de Jesus, de Seu sacerdócio e da nova aliança. Em Hebreus, é no Monte Sião que esses eventos acontecem. Três dos salmos citados em Hebreus 1:5-14 descrevem a entronização do Filho e o Monte Sião como o lugar em que isso ocorre (Sl 2:6, 7; 110:1, 2; 102:21-27).

Ali também é o lugar em que o Filho foi nomeado “sacerdote para sempre” (Hb 5:6), uma citação do Salmo 110:4. De acordo com o Salmo 110, a nomeação do Filho como Sumo Sacerdote ocorre também no Monte Sião (Sl 110:2). Finalmente, Hebreus argumenta que a inauguração do sacerdócio de Jesus marca a inauguração da nova aliança (Hb 7:11-22). Portanto, o Monte Sião também é o lugar em que a nova aliança foi ratificada. Hebreus 12:22-24 descreve a reunião festiva que ocorreu no Céu quando Jesus ascendeu.

Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!

Na prática, como podemos celebrar o ministério sacerdotal de Jesus e a nova aliança em nossa adoração? Por que regozijar-se nessa grande verdade é uma afirmação de fé?


Segunda-feira, 14 de março
Ano Bíblico: Jz 1-3
Chegando a Deus, o Juiz de todos

2. Leia Hebreus 12:23. Se isso é uma celebração, por que Deus é descrito como Juiz? Como um juiz pode fazer parte de uma festa? Leia também Daniel 7:9, 10, 13-22.

A celebração descrita em Hebreus 12:22-24 alude a um juízo futuro. Deus, o Juiz, preside, os livros são abertos, e o resultado é que o povo de Deus recebe o reino (Hb 12:28).

A cena evoca o grande juízo pré-advento descrito em Daniel 7, que retrata Deus, o “Ancião de Dias” (Dn 7:9), assentado em um trono de fogo, rodeado por “milhares de milhares” de anjos (Dn 7:10). Os livros foram abertos (Dn 7:10), e o juízo decidido em favor dos “santos do Altíssimo”, que “possuíram o reino” (Dn 7:22).

Hebreus 12:22-29 descreve uma cena de juízo no Monte Sião, a Jerusalém celestial, onde Deus, “o Juiz de todos” (v. 23), está rodeado por “milhares de milhares” de anjos (v. 22, NVI). Ali também há fogo (Hb 12:29) e há livros, porque os santos estão “arrolados” neles (Hb 12:23), o que sugere um juízo favorável aos santos.

Jesus está no centro da cena (Hb 12:24). Ele foi descrito como o Filho do Homem em Hebreus 2, “coroado de glória e de honra” depois de ter provado a “morte” em nosso favor (Hb 2:9). De acordo com Hebreus 2:10, o Filho do Homem (veja Hb 2:6) sofreu para que pudesse conduzir “muitos filhos à glória”; isto é, para que os crentes também pudessem ser “coroados de glória e de honra”. Por meio dos benefícios da nova aliança (Hb 12: 22-24), o “Filho” conduziu crentes a Sião, a Jerusalém celestial, onde receberão o reino (Hb 12:28).

Esse juízo é, portanto, uma boa notícia para os crentes, pois lhes é favorável e os vindica. É um julgamento que derrotará seu adversário, o dragão, que está por trás das terríveis feras que perseguiram os crentes no passado (Dn 7) e perseguirão no futuro (Ap 13).

Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!

Como este estudo nos ajuda a entender que o juízo de Deus nas três mensagens angélicas são boas-novas para este tempo (Ap 14:6, 7; compare com Dt 32:36; 1Cr 16:33-35)?


Terça-feira, 15 de março
Ano Bíblico: Jz 4, 5
Deus fará tremer os Céus e a Terra

Depois de descrever a reunião festiva no Céu, Paulo advertiu os leitores que prestassem atenção à voz de Deus, pois Ele fará tremer “mais uma vez [...] não só a Terra, mas também o Céu” (Hb 12:26). Paulo disse que, embora Jesus tenha sido entronizado no Céu, nossa salvação não foi consumada. Precisamos estar atentos porque um evento importante ainda está para acontecer.

3. Compare Ageu 2:6-9, 20-22; Salmo 96:9, 10; 99:1 e Hebreus 12:26, 27. Qual é o propósito divino de fazer tremer os Céus e a Terra, e o que isso significa?

No AT, fazer a terra tremer era uma figura comum para representar a presença de Deus, que aparece para libertar Seu povo. Quando Débora e Baraque lutaram contra Sísera, Deus lutou desde o Céu por eles (Jz 5:20). Isso é descrito como um poderoso terremoto, um abalo na terra e nas montanhas por causa da presença divina (Jz 5:4, 5). Encontramos essa mesma imagem em todo o AT quando Deus aparecia para libertar os oprimidos (Sl 68:7, 8; 60:2; 77:17, 18). Assim, um tremor se tornou um sinal do juízo de Deus quando Ele afirma Sua autoridade sobre os povos da Terra. Os profetas previram que isso aconteceria no Dia do Senhor (Is 13:13; 24:18-23).

Para os hebreus, esse abalo se refere à destruição dos inimigos de Deus. O Senhor disse: “Sente-Se à Minha direita, até que Eu ponha os Seus inimigos por estrado dos Seus pés” (Hb 1:13). Assim, Jesus derrotou o inimigo (Hb 2:14-16) e foi entronizado (Hb 1:5-14), mas os inimigos ainda não foram destruídos (Hb 10:11-14; 1Co 15:23-25). Deus irá destruí-los no futuro, quando sacudir os céus e a Terra. Esse abalo significa a destruição dos poderes terrestres que perseguem o povo de Deus e, mais importante, a destruição dos poderes celestiais (Satanás e seus anjos) que estão por trás dos poderes terrestres e os controlam.

Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!

Por que a promessa de que um dia a justiça será feita e o mal que prevalece no mundo será destruído é tão esperançosa, especialmente para os que sofreram diretamente nas mãos do mal?


Quarta-feira, 16 de março
Ano Bíblico: Jz 6-8
Um reino inabalável

Deus anunciou que sacudirá os céus e a Terra, o que significa que destruirá as nações inimigas. No entanto, existem algumas coisas que não serão abaladas.

4. Compare Salmos 15:5; 16:8; 21:7; 62:2; 112:6 e Hebreus 12:27. Quais coisas não serão abaladas?

Muitas traduções modernas de Hebreus 12:27 sugerem que o tremor dos céus e da Terra signifique que eles serão removidos e desaparecerão para sempre. No entanto, a Bíblia afirma que Deus criará novos céus e uma nova Terra (Is 65:17; Ap 21:1-4), os que morreram em Cristo serão ressuscitados e todos os salvos terão um novo corpo (1Ts 4:13-17; Fp 3:20). Assim, o “abalo” implica a purificação e a renovação da criação, não em sua remoção completa. O que existe será recriado, e esta Terra será o lar dos remidos.

Contudo, os justos não serão abalados, pois confiam em Deus. O Criador os sustenta e garante sua sobrevivência.

Observe que, em Hebreus, permanência e estabilidade estão associadas a Jesus. Hebreus 1:10-12 diz: “No princípio, Senhor, lançaste os fundamentos da Terra, e os céus são obra das Tuas mãos. Eles perecerão, mas Tu permaneces; todos eles envelhecerão como veste; como manto Tu os enrolarás, e, como roupas, serão igualmente mudados. Tu, porém, és o mesmo, e os Teus anos jamais terão fim”. Hebreus também diz que o sacerdócio de Jesus permanece para sempre (Hb 7:3, 24), assim como a herança dos remidos (Hb 10:34). No juízo final, os que estão “em Jesus” não serão abalados (Sl 46:5).

Hebreus 12:28 diz que receberemos “um reino inabalável”. Essa é uma referência a Daniel 7:18, que diz que os santos “o possuirão para todo o sempre”. Esse é o reino que “jamais será destruído”, mencionado em Daniel 2:44. Esse reino pertence ao Filho, mas Ele o compartilhará conosco. Apocalipse 20:4 diz que julgaremos com Ele os poderes do mal que nos perseguiram (1Co 6:3).

Que escolhas você pode fazer para permanecer inabalável até o fim? (Veja Ef 4:14).

Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!



Quinta-feira, 17 de março
Ano Bíblico: Jz 9, 10
Sejamos gratos

Hebreus conclui essa seção indicando que a resposta devida a Deus por tudo o que Ele fez por nós é mostrar gratidão oferecendo-Lhe um tipo apropriado de adoração.

5. Compare Hebreus 12:28 e 13:15, 16. Como oferecer adoração aceitável a Deus?

No sistema da antiga aliança, o sacrifício de animais era a maneira pela qual as pessoas mostravam arrependimento e gratidão. Mas Deus deixou claro nos Salmos e por meio dos profetas que o que realmente Lhe agradava não era o sangue de animais, mas a gratidão, as boas ações e a justiça dos adoradores (Sl 50:7-23; Is 1:11-17).

Paulo nos convida a adorar a Deus no santuário celestial, oferecendo sacrifícios de louvor, confissão, ação de graças e boas obras, que é a verdadeira adoração que Lhe agrada. Oferecemos esses sacrifícios na Terra, que são aceitos como agradáveis a Deus no Céu. Essa exortação abrange todos os apelos que o autor fez ao longo da carta para a confissão do nome de Jesus (Hb 3:1; 4:14; 10:23) e as exortações para que continuemos a fazer boas obras (Hb 6:10-12; 13:1, 2, 16).

O convite de Paulo para que os cristãos servissem “a Deus de modo agradável” (Hb 12:28) implica que os crentes eram uma nação sacerdotal que foi aperfeiçoada e santificada por meio do sacrifício de Jesus (Hb 10:10-14, 19-23). Isso cumpre o propósito original de Deus para Israel, de ser uma nação sacerdotal por meio da qual Ele anunciaria as boasnovas da salvação ao mundo (Êx 19:4-6; 1Pe 2:9, 10; Ap 1:6; 5:10).

Hebreus 13:1-6 descreve em termos práticos o que significa fazer o bem: mostrar amor fraternal, assim como Jesus mostrou por nós (Hb 2:11, 12), ser hospitaleiro, visitar os que estão na prisão ou foram maltratados (Hb 13:3) e rejeitar o adultério e a cobiça.

Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!

Por que é importante considerar as boas obras e compartilhar o que temos como parte de nossa adoração a Deus? Ao mesmo tempo, de que maneiras nossos sacrifícios espirituais a Deus podem ser corrompidos (Is 1:11-17)?


Sexta-feira, 18 de março
Ano Bíblico: Jz 11, 12
Estudo adicional

“Durante os mil anos entre a primeira e a segunda ressurreições ocorrerá o julgamento dos ímpios. O apóstolo Paulo falou desse juízo como um acontecimento que se seguirá ao segundo advento. [...] (1Co 4:5). Daniel declarou que “veio o Ancião de Dias e fez justiça aos santos do Altíssimo” (Dn 7:22). Nessa oportunidade, os justos reinarão como reis e sacerdotes diante de Deus. [...] (Ap 20:4, 6). É nesse tempo que, conforme foi predito por Paulo, “os santos hão de julgar o mundo” (1Co 6:2). Em união com Cristo, eles julgarão os ímpios, comparando seus atos com o código – as Escrituras Sagradas – e decidindo cada caso segundo as ações praticadas nesta vida. Então o destino que os ímpios devem sofrer, segundo suas obras, é determinado e registrado em frente ao seu nome, no livro da morte.

De idêntica maneira, Satanás e os anjos maus serão julgados por Cristo e Seu povo. [...] (1Co 6:3). E Judas afirmou que os anjos “que não guardaram o seu estado original, mas abandonaram o seu próprio domicílio, [Deus] tem guardado sob trevas, em algemas eternas, para o juízo do grande dia” (Jd 6; Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 660, 661).

Perguntas para consideração

1. Os santos participarão do juízo dos ímpios (1Co 6:3; Jd 6). O que isso diz sobre a transparência, bondade e justiça de Deus ao lidar com o pecado e o mal?

2. O que está registrado nos livros do Céu? (Êx 32:32; Sl 56:8; 69:28; 139:16; Is 4:3; Dn 12:1; Ml 3:16; Lc 10:20; Ap 13:8; 17:8). É importante que Deus registre as nossas lágrimas (Sl 56:8)? Se Deus sabe tudo, qual é o propósito dos livros?

3. É importante que Hebreus termine com as promessas de Daniel 7, no contexto do ministério de Jesus no Céu? O que Daniel 7 ensina sobre o fim do pecado?

Respostas e atividades da semana: 1. Os crentes chegando pela fé ao Monte Sião e a Jesus, o Mediador da aliança. 2. Essa celebração tem Deus como nosso Juiz em um juízo favorável aos santos. 3. O tremor da Terra mostra a presença divina. O abalo dos céus e da Terra significa a destruição dos poderes terrestres que perseguem o povo de Deus e a destruição dos poderes celestiais (Satanás e seus anjos) que estão por trás desses poderes 4. A Terra não será abalada, ou seja, destruída completamente. O reino de Cristo não será abalado, nem os que estiverem em Jesus. 5. Apresentando o louvor que é o fruto de lábios que confessam Seu nome, fazendo o bem e servindo aos outros.

Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!



Resumo da Lição 12
Recebendo um reino inabalável

TEXTOS-CHAVES: Hb 12:18-29; Êx 32:32; Dn 7:9, 10, 13-22; Ag 2:6-9; Sl 15:5; 16:8; Hb 13:15, 16

ESBOÇO

Temas da lição

A lição desta semana trata principalmente de Hebreus 12:18-29. Nessa passagem, Jesus é retratado como o Mediador da nova aliança, e Deus, como o Juiz de todos. Hebreus 12:18-29 está inserido no contexto de Êxodo 19, a reunião de Israel no Monte Sinai para a entrega da lei. Esse evento é contrastado com a experiência da audiência de Hebreus, que não foi ao Monte Sinai, o qual o povo de Deus foi proibido de tocar, mas ao Monte Sião, a cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial. O Monte Sião não é um lugar de terror, mas de reunião festiva, pois ali os crentes tinham acesso a Deus. A base de sua alegre confiança é Jesus, o Mediador da nova aliança. O Monte Sião também foi o lugar em que ocorreu a cerimônia de dedicação de Jesus como Rei (Sl 2:6, 7; ver Hb 1:5).

Deus é retratado como o Juiz de todos (Hb 12:23). Quando o Senhor desceu ao Monte Sinai, a Terra estremeceu (Êx 19:18). A imagem do tremor é uma linguagem figurativa para o juízo divino. Mais uma vez, no fim dos tempos, a Terra e o céu serão abalados (Hb 12:26). Somente as coisas inabaláveis sobreviverão, ou seja, os justos, aqueles que confiam no Senhor. Em resposta a tal advertência, os justos devem levar ofertas a Deus, as quais consistem em louvar o Seu nome, praticar boas obras e compartilhar o que têm para beneficiar outros (Hb 13:15, 16).

COMENTÁRIO

Juízo pré-advento e Hebreus

Na lição 10, a identidade dos “espíritos dos justos aperfeiçoados” (Hb 12:23) foi definida.

As perguntas deste estudo são: O que o livro de Hebreus diz sobre o santuário no Céu? Qual é a base bíblica para o juízo pré-advento?

O livro de Hebreus apresenta algumas das afirmações mais claras sobre a existência de um santuário celestial. Paulo afirmou inequivocamente: “Ora, o essencial das coisas que estamos dizendo é que temos tal Sumo Sacerdote, que Se assentou à direita do trono da Majestade nos Céus, como Ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, e não o homem” (Hb 8:1, 2). Nesse verso, Paulo afirmou, sem sombra de dúvida, o ponto principal de seu sermão: Cristo é nosso Sumo Sacerdote no santuário celestial, não no terrestre. Se Cristo ministra no santuário celestial, esse santuário deve, portanto, existir.

No capítulo seguinte é feita, novamente, a reivindicação do ministério sumo sacerdotal de Cristo no Céu: “Não pelo sangue de bodes e de bezerros, mas pelo Seu próprio sangue, Ele entrou no santuário, uma vez por todas, e obteve uma eterna redenção” (Hb 9:12). Outra vez é declarado que Cristo ministra em um tabernáculo superior ao santuário feito por mãos humanas. Em uma declaração ainda mais forte, Paulo disse: “Cristo não entrou em santuário feito por mãos humanas, figura do verdadeiro Santuário, porém no próprio Céu, para comparecer, agora, por nós, diante de Deus” (Hb 9:24). Assim, somente pela nossa leitura de Hebreus, parece indiscutível que existe um santuário no Céu no qual Cristo ministra. A aparência exata desse santuário não está definida com precisão. O último verso citado afirma que o santuário é o próprio Céu. Devemos, no entanto, ser cuidadosos ao definir as dimensões do santuário celestial. O que podemos dizer com forte convicção é que Hebreus, sem dúvida, apoia a existência de um santuário celestial no qual Cristo ministra como nosso Sumo Sacerdote. Estudiosos protestantes e católicos romanos aceitam a existência desse santuário.

O que intriga os estudiosos é a seguinte afirmação de Paulo: “Era necessário, portanto, que as figuras das coisas que estão nos Céus fossem purificadas com tais sacrifícios, mas as próprias coisas celestiais requerem sacrifícios superiores àqueles” (Hb 9:23). Por que as coisas celestiais precisam de sacrifícios de purificação? Afinal, o Céu é limpo e santo, certo? Vários estudiosos têm tentado resolver o enigma das coisas celestiais que precisam ser purificadas. Eles argumentam que a consciência precisa ser purificada (Hb 9:9, 14). Outros defendem que a purificação significa a inauguração do santuário. Ambas as sugestões parecem estar aquém do argumento desenvolvido em Hebreus 8:1–10:18, que se concentra na contaminação e purificação do santuário, bem como no ministério celestial de Cristo.

Como adventistas, compreendemos esses textos em relação a Daniel 7 e 8. Entendemos que o Céu e a Terra estão interligados. O fato de termos estudado o serviço do santuário no AT nos deu uma ideia de como esse serviço funciona. Junto com Daniel 8:14, que diz: “Ele me disse: – Até duas mil e trezentas tardes e manhãs. Depois, o santuário será purificado”, o significado da declaração de Hebreus 9:23 se resolve. Também precisamos reconhecer que Hebreus 9:23 não fala sobre o tempo da purificação celestial. Isso é algo que aprendemos no livro de Daniel. Em suma, pode-se dizer que a existência do santuário celestial é um fato incontestável no livro de Hebreus. Além disso, mesmo uma limpeza das coisas celestiais com melhores sacrifícios é indiscutível. Entretanto, o que o livro de Hebreus não diz é quando essa purificação acontece. Não devemos forçar a carta a articular algo sobre o que ela faz silêncio.

Agora vamos nos voltar para a seguinte pergunta: Qual é a base bíblica para o juízo pré-advento? Nesse caso, precisamos consultar o livro de Daniel. (Para um estudo mais profundo do juízo pré-advento, o Apocalipse também deve ser consultado.) A passagemchave para o juízo pré-advento é Daniel 7. Esse capítulo mostra uma sucessão de reinos, simbolizada por uma série de bestas, a saber, o leão, o urso, o leopardo e um animal terrível, espantoso e muito forte. Daniel 2 e 7 deixam claro que tratam do mesmo assunto: profecias a respeito da ascensão e queda de quatro grandes potências mundiais do Mediterrâneo. Essas potências mundiais podem ser prontamente identificadas como Babilônia, Media-Pérsia, Grécia e Roma. Depois que Daniel viu a besta espantosa, terrível e extremamente forte com seus dez chifres, um “chifre pequeno” apareceu entre eles. De repente, a visão mudou da Terra para o Céu, e surgiu uma brilhante sala do trono (Dn 7:9-14). A cena se desenrolou em três estágios: (1) uma cena do tribunal em que foram postos tronos (Dn 7:9, 10); (2) o resultado do juízo no qual a besta foi executada (Dn 7:11, 12); e (3) a transferência do reino para o Filho do Homem (Dn 7:13, 14). Os eventos cronológicos do capítulo mostram Babilônia, Média-Pérsia (ver Dn 8:20), Grécia, Roma, o chifre pequeno, o juízo e a posse do reino pelos santos.

Na segunda metade de Daniel 7, a curiosidade do profeta se voltou para a atividade da quarta besta, bem como do chifre pequeno que “falava com arrogância” (Dn 7:19, 20). Ele fazia guerra contra os santos “até que veio o Ancião de Dias e fez justiça aos santos do Altíssimo” (Dn 7:22) e, finalmente, “os santos possuíram o reino” (Dn 7:22). Pela segunda vez, a sequência a partir do quarto animal é: chifre pequeno, juízo e posse do reino pelos santos. Essa sequência se repete uma terceira vez em Daniel 7, possivelmente para certificar que entendemos. De acordo com a profecia, o chifre pequeno “falará contra o Altíssimo, oprimirá os santos do Altíssimo e tentará mudar os tempos e a lei” (Dn 7:25). Essa atividade é seguida pela garantia de que o tribunal divino julgará (Dn 7:26) e, finalmente, “o reino, o domínio e a majestade [...] serão dados ao povo dos santos do Altíssimo” (Dn 7:27).

Ao revisar Daniel 7, a cronologia é clara: Babilônia é seguida pela Média-Pérsia, depois pela Grécia e por Roma. O que constitui o conteúdo da segunda parte de Daniel 7 é a atividade do chifre pequeno, o juízo e o recebimento do reino, seja pelo Filho do Homem ou pelos santos. O reino de Cristo é o reino deles. Esse juízo celestial inclui livros, que obviamente são abertos com o propósito de apresentar evidências. Eles indicam que há um juízo investigativo antes de Deus agir contra o “chifre pequeno” e a favor dos santos (Dn 7:21, 22, 27). Os últimos três eventos em Daniel 7 são repetidos três vezes, o que deve deixar claro o suficiente que o juízo acontece entre a atividade do chifre pequeno e a posse do reino. Portanto, é chamado de juízo pré-advento.

APLICAÇÃO PARA A VIDA

O conceito de um juízo investigativo não é estranho à Bíblia. Antes de Deus pronunciar um veredito, Ele investiga cada caso. Isso é visto claramente na queda de Adão e Eva em Gênesis 3. Antes que uma maldição fosse pronunciada sobre a serpente e a Terra, Deus investigou a condição de Adão e Eva, bem como sua conduta.

No caso de Sodoma e Gomorra, Deus é retratado descendo à Terra para investigar “se, de fato, o que têm praticado corresponde a esse clamor que veio até [Ele]” (Gn 18:21). Somente após ter investigado a situação, Deus revelou Seus planos a Abraão, deu o aviso e libertou Ló e sua família de Sodoma. Então, o Senhor fez chover enxofre e fogo do céu sobre Sodoma e Gomorra (Gn 19:24). Tanto a narrativa da queda quanto a narrativa de Sodoma e Gomorra estabeleceram um precedente bíblico para uma avaliação investigativa que precede o juízo executivo. O mesmo padrão prevalece no caso do juízo investigativo ou pré-advento.

1. Por que tantas pessoas temem o juízo investigativo? Como podemos deixar clara a importância do evangelho para o juízo?

2. Por que esse juízo é bom para nós? Se é bom, devemos nos preocupar com ele? Explique.

Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!


Perdão para minha mãe (Parte 2)

Charmaine Ku, 38

Resumo da semana passada: após Charmaine entregar a vida a Cristo na Malásia, percebeu que precisava honrar a mãe como está nos Dez Mandamentos. Mas como?

Orei fervorosamente por dois longos anos, sobre meu pecado e, as vezes, até questionava a Deus. “Oh Senhor, como serei transformada? Por favor, faça algo!” Em 2018, meus dois irmãos mais novos retornaram a Malásia para uma grande reunião familiar. Minha irmã e o esposo chegaram dos Estados Unidos e meu irmão veio da Tailândia. Era raro a família estar toda reunida porque vivíamos muito distantes uns dos outros. Meu irmão, Luke, que é onze anos mais novo que eu, notou o conflito com a mamãe. No dia em que voltou para a Tailândia, ele deixou uma carta dentro do livro da meditação matinal. Eu a encontrei na manhã seguinte. Ele escreveu:

“É com pesar no coração que escrevo esta carta. Sou grato e louvo a Deus porque você aprendeu muitas verdades que trouxeram uma mudança positiva à sua vida. Também me alegro ao ver minha irmã enveredando pelo ministério, sinto orgulho e admiração quando olho para você. Glórias e louvor a Ele!

“Após orar e observar meu estado pecaminoso e imperfeito, consegui reunir alguma coragem para lhe escrever com todo amor a respeito de seus atos e relacionamento com nossa mãe. Compreendo que nossa mãe é imperfeita. Ela pode ser irracional às vezes e perdemos a paciência. Ainda assim ela é a mãe que nosso perfeito Deus nos deu para amar, respeitar e obedecer. Sei muito bem que nossa mãe tem seus defeitos, mas sua intenção é como uma mãe que cuida de seus filhos.

“Talvez nunca tenhamos o privilégio de entender completamente os motivos de seus pensamentos e atos. Eu temo que você não compreenda que tem uma atitude impulsiva em relação a ela e possa irracionalmente mostrar frutos de impaciência, orgulho e egoísmo. Também temo que isso possa ser um obstáculo em potencial para as pessoas ao seu redor vejam como você trata e fala com nossa mãe.

“Repito: escrevo com o coração pesado e com a intenção de corrigir minha irmã que tanto amo e com quem me preocupo. Provavelmente, não serei bem compreendido, mas confio e oro para que o Espirito Santo fale pessoalmente ao seu coração e lhe dê o espírito de reconciliação. Cuide-se.

“Com muito amor e oração,

“Seu irmãozinho.”

Depois de ler a carta, chorei por mais de uma hora, suplicando a Deus por perdão e, ao mesmo tempo, louvando-O por falar comigo através de meu irmão. Embora meu ego ainda deseje desonrar minha mãe, desde aquele dia não levanto a voz contra ela. Deus respondeu às minhas preces! Como Ele prometeu: “Darei a eles um coração não dividido e porei um novo espírito dentro deles; retirarei deles o coração de pedra e lhes darei um coração de carne”, (Ezequiel 11:19, NVI).

Meu relacionamento quebrado com a mamãe foi restaurado através do poder do Espírito Santo. Louvo a Deus por consertar nosso relacionamento antes de sair de casa. Apenas seis dias depois de receber a carta de meu irmão, voei para a Malásia ocidental para frequentar uma escola de treinamento bíblico organizada pela igreja. Ela me levou ao aeroporto e eu lhe dei um grande abraço de despedida. Foi o primeiro abraço que eu lhe dei em mais de dez anos. Seis meses depois, mudei-me para a Tailândia e comecei a trabalhar como professora do jardim de infância na Escola Missionária Internacional Adventista, na cidade de Korat.

Provavelmente, ninguém me culparia se tivesse saído de casa sem resolver o conflito com minha mãe. Mas Deus não permitiu que meu pecado acariciado prevalecesse. Deus, em Seu tempo perfeito, fez um milagre em minha vida e permitiu que esse pecado fosse completamente limpo de mim antes de me mudar para a Tailândia.

Há três anos, as ofertas missionárias ajudaram na expansão da escola que Charmaine leciona, a Escola Missionária Internacional Adventista, para o Ensino Médio, além da construção de um complexo de salas de aula e outros prédios em um novo terreno em Korat. Agradecemos em nome dos alunos, Charmaine e outros professores.

 

Informações adicionais

• Peça que uma mulher apresente este relato na primeira pessoa.

• No próximo sábado, saberemos como Charmaine entregou o coração a Jesus.

• Faça o download das fotos no Facebook: bit.ly/fb-mq.

• Para mais notícias do Informativo Mundial das Missões e outras informações da Divisão do Pacífico Norte-Asiático, acesse: bit.ly/ssd-2022.

 

 

Esta história ilustra os seguintes componentes do plano estratégico do “I Will Go” [Eu irei] da Igreja Adventista: “definição através da direção do Espirito Santo.” A Escola missionária na Tailândia ilustra o objetivo missionário nº 2 – “fortalecer e diversificar o alcance dos adventistas nas grandes cidades (...) entre grupos de pessoas nãoalcançadas e para religiões não cristãs”. Saiba mais sobre esse projeto em IWillGo2020.org.

Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!


Comentário da Lição da Escola Sabatina – 1º trimestre de 2022

Tema geral: Hebreus: mensagem para os últimos dias

Lição 12 – 12 a 18 de março de 2022

Recebendo um reino inabalável

Autor: Adriani Milli Rodrigues

Editoração: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br

Revisora: Rosemara Santos

Em um mundo de instabilidade é fundamental encontrar estabilidade. Isso era verdade para a audiência primária da Epístola aos Hebreus e continua sendo verdade para nós hoje. Uma vida caracterizada por desafios, dificuldades e perseguições, como era o caso desses crentes, encontra na fé perseverante um porto seguro que refrigera a mente aflita com o frescor da paz interior e do horizonte de esperança. Esse é o horizonte do “reino inabalável” de Deus (12:28), em contraste com todas as outras realidades deste mundo criado que serão abaladas (12:27).

De acordo com os recursos retóricos de Hebreus, pela fé, os crentes “chegaram ao monte Sião e à cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial” (12:22). Se nos lembrarmos dos primeiros capítulos de Hebreus, de forma literal, a audiência primária de Hebreus parece não ter ouvido as palavras do Senhor Jesus diretamente, mas dependeu do testemunho dos apóstolos que O ouviram, bem como do testemunho divino por meio de sinais e prodígios que acompanhavam a mensagem deles, e da “distribuição do Espírito Santo” (2:3, 4). Isso significa que essa audiência não viu Jesus ascender aos Céus, mas, por meio das palavras de Hebreus, ela se encontra retoricamente em Sião desde o primeiro capítulo da epístola, no qual ouviram a própria voz de Deus, que entronizou o Rei messiânico no “santo monte Sião” (Sl 2:6), dizendo para o Cristo que ascendeu ao Céu: “Você é Meu Filho, hoje Eu gerei Você” (Hb 1:5, citando Sl 2:7).

Além disso, já na exortação no início do capítulo 2, a epístola se reporta à aliança de Deus com Israel no Sinai ao mencionar “a palavra falada por meio de anjos” (Hb 2:2). O Novo Testamento (veja At 7:38, 53; Gl 3:19), bem como a versão grega do Antigo Testamento chamada de Septuaginta (Dt 33:2, LXX) e a tradição judaica (cf. O Livro dos Jubileus 1:27, 29; 2:1; Flávio Josefo, Antiguidades dos Judeus 15.136), mencionam a mediação de anjos na apresentação da lei no Sinai. Conforme Hebreus 2:2 assevera, a seriedade da palavra/lei de Deus no Sinai se expressa na previsão de punições para transgressões e desobediência. Aliás, essa é a tônica do exemplo negativo de incredulidade da geração do deserto em Hebreus 3. Ao ouvir a voz de Deus com o coração endurecido pela incredulidade, essa geração é caracterizada como rebelde (3:16), pecadora (3:17) e desobediente (3:18). Portanto, a pena da rejeição da voz de Deus foi o impedimento de entrar na terra prometida: “Não entrarão no Meu descanso” (3:11).

Esse contexto dos capítulos 1, 2 e 3 sobre Sião, Sinai e juízo abre a discussão na epístola sobre as ênfases que são dadas mais ao fim, no capítulo 12. Os crentes que constituem a audiência de Hebreus não chegaram, no fim do texto da epístola, retoricamente ao monte Sinai. “Vocês não chegaram ao fogo palpável e aceso, à escuridão, às trevas, à tempestade, ao toque da trombeta e ao som de palavras tais, que aqueles que ouviram isso pediram que não lhes fosse dito mais nada, pois já não suportavam o que lhes era ordenado: ‘Até um animal, se tocar o monte, será apedrejado.’ Na verdade, o espetáculo era tão horrível, que Moisés disse: ‘Estou apavorado e trêmulo!’” (12:18-21). Essa passagem enfatiza a seriedade que acompanha a voz de Deus, que traz juízo. Aliás, a relação entre a palavra de Deus e o juízo já foi ressaltada na parte final do capítulo 4, que reflete sobre o exemplo negativo da geração do deserto. De acordo com Hebreus 4:12 e 13, “a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até o ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para julgar os pensamentos e propósitos do coração. E não há criatura que não seja manifesta na Sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e expostas aos olhos Daquele a quem temos de prestar contas.” Em síntese, a palavra de Deus não apenas informa, mas julga. Mas especificamente, essa palavra divina demanda uma resposta de fé/fidelidade do nosso coração.

Na continuidade da mensagem do capítulo 12, agora nos versos 22 a 24, em vez de estar no Sinai, os crentes estão retoricamente em Sião, na Jerusalém celestial, que é o lugar em que Cristo foi exaltado como Rei, conforme a citação do Salmo 2:7 em Hebreus 1:6 indica implicitamente. Esse é o quadro celestial que é retratado: “Vocês chegaram ao monte Sião e à cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial, e a milhares de anjos. Vocês chegaram à assembleia festiva, a igreja dos primogênitos arrolados nos Céus. Vocês chegaram a Deus, o Juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados, e a Jesus, o Mediador da nova aliança, e ao sangue da aspersão, que fala melhor do que o sangue de Abel” (12:22-24). Nesse cenário de projeção escatológica de uma assembleia celestial, composta por anjos e seres humanos salvos, que está sendo tratado como algo retórico e antecipadamente presente para a audiência de Hebreus, encontramos várias informações significativas. Dentre elas, podemos destacar o fato de que não é apenas Deus quem fala em Hebreus, mas que o sangue também fala. Obviamente, assim como o contexto geral de Hebreus 12:18-24 não é uma situação absolutamente literal, mas retórica, o sangue não fala literalmente. Ele fala no sentido de implicitamente exigir uma resposta responsável. Em Gênesis, na história da morte de Abel, mais precisamente no diálogo posterior de Deus com Caim, o Senhor questiona o irmão mais velho: “O que foi que você fez? A voz do sangue do seu irmão clama da terra a Mim” (Gn 4:10). Retoricamente, o sangue de Abel fala no sentido de exigir uma ação de justiça por parte de Deus contra o homicida. Em outras palavras, o sangue fala no sentido de exigir juízo, punição. Mas o “sangue da aspersão”, que tem Jesus Cristo como “Mediador da nova aliança”, felizmente “fala” algo “melhor” (Hb 12:24). Em vez de juízo punitivo, esse sangue fala de misericórdia e perdão (cf. 8:12; 10:16, 17).

Todavia, se terminássemos nossas considerações por aqui, haveria uma infeliz oposição entre o Sinai e Sião nesse texto. Como se a aliança no Sinai fosse puramente negativa e se resumisse em juízo e a realidade da nova aliança na Jerusalém celestial fosse pensada unicamente em termos de misericórdia perdoadora. De fato, o cenário bíblico amplo é mais complexo do que isso. O relato de Êxodo 32 a 34 revela que o juízo condenatório de Deus no Sinai foi acompanhado de misericórdia perdoadora. E a mensagem de Hebreus 12 indica que, no cenário da Jerusalém celestial, Deus é “o Juiz de todos”. E os versos 25 a 27 advertem de que esse juízo divino nos tempos da nova aliança, que tem Jesus Cristo como nosso Mediador celestial, é ainda mais severo e final do que o juízo no Sinai. Em outras palavras, a ênfase de Hebreus no rigor do juízo divino no Sinai serve para salientar que o juízo divino final será muito mais intenso. E a preocupação do apóstolo é que os crentes no período da nova aliança não tenham a mesma atitude dos que receberam o juízo divino nos tempos da aliança no Sinai: “Tenham cuidado e não se recusem a ouvir Aquele que fala. Pois, se os que se recusaram a ouvir quem divinamente os advertia na Terra não escaparam, muito menos escaparemos nós, se nos desviarmos Daquele que dos Céus nos adverte” (12:25). A voz de misericórdia e graça não pode ser ignorada e rejeitada, pois o repúdio da graça só pode terminar em juízo condenatório.

Assim como em Daniel 7 o estabelecimento do reino messiânico de Deus, que é dado ao Filho do Homem, se relaciona diretamente com a realidade do juízo divino, em Hebreus, especialmente no capítulo 12, a recepção do reino de Deus também se relaciona com o juízo. Hebreus 12:28 declara: “Por isso, recebendo nós um Reino inabalável, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e temor. Porque o nosso Deus é fogo consumidor.” Esse verso estabelece a introdução para as exortações práticas do capítulo 13, que são tema da próxima lição. Nesse momento é preciso destacar que, se desejamos receber hoje o reino de Deus em nossa vida, reino esse que é a única realidade inabalável em um mundo de instabilidade e que será finalmente abalado pelos juízos divinos, precisamos nos apegar com maior afinco à graça misericordiosa de Deus, que é mediada por Cristo Jesus.

Conheça o autor dos comentários para a Lição deste trimestre: Adriani Milli Rodrigues é o coordenador da graduação em Teologia no Centro Universitário Adventista de São Paulo. Possui doutorado (Ph.D) em Teologia Sistemática na Andrews University (EUA) e mestrado em Ciências da Religião pela Umesp. Natural do Espírito Santo, ele trabalha no Unasp desde 2007. É casado com a professora Ellen e tem uma filha, a Sarah, de 7 anos.