Lição 5
22 a 28 de outubro
Ressurreições anteriores à cruz
Sábado à tarde
Ano Bíblico: Lc 6-8
Verso para memorizar: “Então Jesus declarou: – Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em Mim, ainda que morra, viverá. E todo o que vive e crê em Mim não morrerá eternamente. Você crê nisto?” (Jo 11: 25, 26).
Leituras da semana: Jd 9; Lc 9:28-36; 1Rs 17:8-24; Lc 7:11-17; Mc 5:35-43; Jo 11:1-44

As referências do AT à ressurreição que vimos até agora se fundamentam, em grande parte, em expectativas pessoais (Jó 19:25-27; Hb 11:17-19; Sl 49:15; 71:20) e em promessas (Dn 12:1, 2, 13). No entanto, também temos os registros inspirados de casos em que pessoas realmente foram ressuscitadas dos mortos.

A primeira ressurreição foi a de Moisés (Jd 9; Lc 9:28-36). Durante a monarquia de Israel, o filho da viúva de Sarepta (1Rs 17:8-24) e o filho da sunamita (2Rs 4:18-37) também foram ressuscitados. Cristo, durante Seu ministério terrestre, ressuscitou o filho da viúva de Naim (Lc 7:11-17), a filha de Jairo (Lc 8:40-56) e depois Lázaro (Jo 11). Com exceção de Moisés, todas essas pessoas foram ressuscitadas como mortais que, enfim, voltariam a morrer. Esses casos também confirmam o ensino bíblico da inconsciência dos mortos (Jó 3:11-13; Sl 115:17; 146:4; Ec 9:5, 10). Em nenhum desses relatos, nem em qualquer outra narrativa bíblica da ressurreição, há alguma menção a uma suposta experiência de vida após a morte.

Nesta semana, vamos refletir sobre as ressurreições que ocorreram antes da própria morte e ressurreição de Cristo.

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Domingo, 23 de outubro
Ano Bíblico: Lc 9-11
A Ressurreição de Moisés

1. Leia Judas 9 e Lucas 9:28-36. Quais evidências você encontra nesses textos para a ressurreição física de Moisés?

Alguns pais da Igreja Grega de Alexandria argumentaram que, quando Moisés morreu, dois Moisés foram vistos: um vivo no espírito, outro morto no corpo; um subindo ao céu com os anjos, o outro sepultado na terra (Orígenes, Homilies on Joshua [Homilias sobre Josué] 2.1; Clemente de Alexandria, Stromata 6.15). Essa distinção entre a ascensão da alma e o enterro do corpo tem sentido para os que creem no conceito grego de alma imortal, mas isso não é bíblico. Judas 9 confirma a ressurreição do corpo de Moisés. A disputa foi “a respeito do corpo de Moisés” e não sobre uma suposta alma sobrevivente.

Deuteronômio 34:5-7 nos diz que Moisés morreu aos 120 anos de idade, e o Senhor o sepultou num lugar escondido, um vale na terra de Moabe. Mas o profeta não permaneceu muito tempo na sepultura. “O próprio Cristo, com os anjos que sepultaram Moisés, desceu do Céu para chamar o santo que dormia. [...] Pela primeira vez, Cristo estava prestes a dar a vida aos mortos. Quando o Príncipe da Vida e os seres brilhantes se aproximaram da sepultura, Satanás ficou apreensivo com respeito à sua supremacia. [...] Cristo não Se rebaixou a entrar em controvérsia com Satanás. [...] Mas Cristo remeteu tudo isso ao Seu Pai, dizendo: ‘O Senhor te repreenda!’ (Jd 9). [...] A ressurreição foi assegurada para sempre. Satanás foi despojado de sua presa. Os justos mortos voltariam a viver” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 417, 418).

Na transfiguração encontramos evidência da ressurreição de Moisés. Ali, ele apareceu com o profeta Elias, que havia sido trasladado sem ver a morte (2Rs 2:1-11). Moisés e Elias até conversaram com Jesus (ver Lc 9:28-36). A aparição de Moisés, prova da vitória vindoura de Cristo sobre o pecado e a morte, é retratada na passagem em termos inequívocos. Foram Moisés e Elias, não seus “espíritos”, que apareceram a Jesus ali (afinal, Elias não havia morrido).

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Moisés não pôde entrar na Canaã terrestre (Dt 34:1-4), mas foi levado à Canaã celestial. Até que ponto Deus “é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo o que pedimos ou pensamos, conforme Seu poder que opera em nós” (Ef 3:20)?
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Segunda-feira, 24 de outubro
Ano Bíblico: Lc 12-14
Dois exemplos do Antigo Testamento

2. Leia 1 Reis 17:8-24 e 2 Reis 4:18-37. Que semelhanças e diferenças há nessas duas ressurreições?

Em Hebreus 11, lemos que, pela fé, “houve mulheres que, pela ressurreição, tiveram de volta os seus mortos” (Hb 11:35, NVI). Esse foi o caso nas duas ressurreições descritas nos textos de hoje.

A primeira (ver 1Rs 17:8-24) ocorreu durante a grande apostasia em Israel, sob a influência do rei Acabe e sua esposa pagã Jezabel. Como uma seca severa estivesse devastando a terra, Deus ordenou que Elias fosse para Sarepta, uma cidade fora de Israel. Lá ele conheceu uma pobre viúva fenícia que estava prestes a cozinhar uma última refeição simples para ela e seu filho, e depois morreriam de fome. Mas a vida dos dois foi poupada pelo milagre da farinha e do azeite, que não acabaram até que a seca chegasse ao fim. Algum tempo depois, o filho da viúva ficou doente e morreu. Em desespero, a mãe implorou a Elias, que clamou ao Senhor. “O Senhor atendeu à voz de Elias, a vida foi restituída ao menino, e ele reviveu” (1Rs 17:22).

A segunda ressurreição (ver 2Rs 4:18-37) ocorreu em Suném, uma pequena vila ao sul do monte Gilboa. Eliseu havia ajudado uma viúva pobre a pagar suas dívidas por meio do milagre do azeite nas vasilhas (2Rs 4:1-7). Mais tarde, em Suném, ele conheceu uma mulher rica que não tinha filhos. O profeta lhe disse que ela teria um filho, e aconteceu como previsto. A criança cresceu e era saudável, mas um dia adoeceu e morreu. A mulher sunamita foi ao monte Carmelo e pediu a Eliseu que a acompanhasse para ver seu filho. Eliseu orou com persistência ao Senhor e, finalmente, a criança viveu outra vez.

Essas mulheres tinham origens diferentes, mas a mesma fé salvífica. A viúva fenícia hospedou Elias em um momento difícil, quando não havia lugar seguro para ele em Israel. A sunamita e seu marido construíram um quarto em que Eliseu poderia ficar quando passasse por sua região. Quando os filhos morreram, suas mães apelaram para os profetas de Deus e tiveram a alegria de ver seus filhos reviverem.

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Essas são lindas histórias; porém, outras histórias não tiveram um desfecho feliz. O que esse triste fato ensina sobre a importância da ressurreição no fim dos tempos?
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Terça-feira, 25 de outubro
Ano Bíblico: Lc 15-17
O filho da viúva de Naim

Jesus “andou por toda parte, fazendo o bem e curando todos os oprimidos do diabo, porque Deus estava com Ele” (At 10:38). Jesus ministrou a pessoas necessitadas e feridas. Por isso, muitos passaram a acreditar que Jesus era o Messias prometido.

“Havia aldeias inteiras onde não existia mais nenhuma casa em que se ouvissem lamentos de enfermo, porque Jesus por elas havia passado e lhes tinha curado os doentes. Sua obra dava testemunho de Sua unção divina. Amor, misericórdia e compaixão se patenteavam em cada ato de Sua vida. Seu coração anelava com terna simpatia pelos filhos dos homens. Revestiu- Se da natureza humana para poder realizar as necessidades humanas. Os mais pobres e humildes não receavam aproximar-se Dele. Mesmo as criancinhas se sentiam atraídas a Ele” (Ellen G. White, Caminho a Cristo, p. 11, 12).

3. Leia Lucas 7:11-17. Que diferença importante existe entre o que aconteceu nessa ressurreição e nas que vimos ontem?

Durante Seu ministério na Galileia, Jesus curou os doentes e expulsou demônios. Certa vez, Ele e Seus seguidores estavam se aproximando dos portões de Naim quando um cortejo fúnebre passava. No caixão aberto estava o filho único de uma viúva, que chorava inconsolavelmente. Cheio de compaixão pela mãe enlutada, Jesus lhe disse: “‘Não chore!’ Chegando- Se, tocou no caixão e os que o estavam carregando pararam. Então Jesus disse: – Jovem, Eu ordeno a você: levante-se! O que estava morto sentou- se e passou a falar; e Jesus o restituiu à sua mãe” (Lc 7:13-15). A presença de Jesus mudou o cenário, e muitas pessoas que testemunharam o milagre sabiam não apenas que algo surpreendente havia acontecido, mas que Alguém especial estava entre eles (chamavam-No de “grande Profeta”).

A viúva fenícia (1Rs 17:8-24) e a sunamita (2Rs 4:18-37) pediram ajuda. Mas a viúva de Naim foi ajudada sem que ela sequer pedisse. Isso significa que Deus cuida de nós mesmo quando somos incapazes ou nos sentimos indignos de pedir ajuda a Ele. Jesus viu o problema e o tratou – tão típico Dele em todo o Seu ministério!

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A verdadeira religião envolve cuidar de órfãos e viúvas (Tg 1:27). Embora não possamos fazer milagres, o que podemos fazer para ministrar aos que sofrem?
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Quarta-feira, 26 de outubro
Ano Bíblico: Lc 18-20
A filha de Jairo

As ressurreições anteriores à morte e ressurreição de Jesus não se limitaram a um grupo étnico ou classe social específica. Moisés talvez tenha sido o maior líder humano do povo de Deus de todos os tempos (Dt 34:10-12). Por outro lado, a pobre viúva fenícia nem mesmo era israelita (1Rs 17:9). A sunamita era preeminente em sua comunidade (2Rs 4:8). A viúva de Naim teve apenas um filho, de quem provavelmente dependesse (Lc 7:12), enquanto Jairo era um dos chefes da sinagoga, provavelmente em Cafarnaum (Mc 5:22). Independentemente da origem cultural ou da posição social, todos foram abençoados pelo poder vivificante de Deus.

4. Leia Marcos 5:21-24, 35-43. O que aprendemos sobre a morte com as palavras de Cristo: “A criança não está morta, mas dorme”? Mc 5:39

A filha de Jairo tinha doze anos e estava doente em casa, à beira da morte. Então, ele foi a Jesus e implorou que o Senhor fosse à sua casa e impusesse as mãos sobre ela. Mas, antes que chegassem lá, alguém trouxe a notícia: “A sua filha já morreu; por que você ainda incomoda o Mestre?” Jesus disse ao pai: “Não tenha medo; apenas creia!” (Mc 5:35, 36). Tudo o que o pai podia fazer era confiar em Deus.

Ao chegar à casa, Jesus disse aos que ali se reuniam: “Por que vocês estão alvoroçados e chorando? A criança não está morta, mas dorme” (Mc 5:39). Eles O ridicularizaram porque (1) sabiam que ela estava morta e (2) não entenderam o significado de Suas palavras. “A metáfora confortadora em que o ‘sono’ significa ‘morte’ parece ter sido a maneira predileta de Cristo para Se referir a essa experiência (Mt 9:24; Lc 8:52; ver comentário de Jo 11:11-15). A morte é um sono, mas é um sono profundo do qual unicamente o grande Doador da vida pode nos despertar, pois somente Ele tem as chaves da morte” (ver Ap 1:18; cf. Jo 3:16; Rm 6:23; Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 5, p. 664).

Após a ressurreição, aqueles que viram a menina ficaram admirados diante do milagre (Mc 5:42). A morte é definitiva, absoluta e aparentemente irreversível. Ter visto algo assim certamente deve ter sido uma experiência incrível e transformadora.

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“Não tenha medo; apenas creia” (Mc 5:36). Essas palavras ainda são significativas hoje. Como podemos aprender a acreditar, mesmo em meio a situações de medo?
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Quinta-feira, 27 de outubro
Ano Bíblico: Lc 21, 22
Lázaro

5. Leia João 11:1-44. Em que sentido Jesus foi “glorificado” por meio da doença e da morte de Lázaro (Jo 11:4)?

Aqui, também, Jesus usou a metáfora do sono ao falar sobre a morte. Quando alguns pensavam que Ele estivesse falando sobre o sono literal, Jesus afirmou: “Lázaro morreu” (Jo 11:11-14). Quando Jesus chegou a Betânia, Lázaro já estava morto havia quatro dias; seu cadáver já estava apodrecendo (Jo 11:17, 39). Quando um corpo começa a se decompor a ponto de cheirar mal, não há dúvida: a pessoa está morta.

Nesse contexto, quando Jesus disse a Marta: “O seu irmão há de ressurgir” (Jo 11:23), ela reafirmou sua crença na ressurreição final. Mas Jesus declarou: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em Mim, ainda que morra, viverá. E todo o que vive e crê em Mim não morrerá eternamente. Você crê nisto?” (Jo 11:23-26). E Jesus acrescentou: “Eu não disse a você que, se cresse, veria a glória de Deus?” (Jo 11:40). Marta creu e viu a glória de Deus na ressurreição de seu irmão.

A Bíblia diz que pela palavra de Deus a vida foi criada (Gn 1:20-30; Sl 33:6), e pela Sua palavra a vida pode ser recriada, como no caso de Lázaro. Depois de uma breve oração, Jesus ordenou: “Lázaro, venha para fora!” (Jo 11:43). Naquele exato momento, aquelas pessoas viram o poder vivificante de Deus, o mesmo poder que trouxe nosso mundo à existência, e o mesmo poder que no fim dos tempos chamará os mortos de volta à vida na ressurreição.

Ao ressuscitar Lázaro, Jesus provou que tinha o poder de derrotar a morte. Para seres como nós, que inevitavelmente morrem, poderia haver manifestação maior da glória de Deus?

6. Leia João 11:25, 26. Em uma linha Jesus falou sobre a possibilidade da mor- te para os crentes; na linha seguinte, falou que os crentes não morrerão eternamente. O que Jesus ensinou nesse texto? Por que o entendimento de que a morte é um sono inconsciente é tão crucial para entender as palavras de Cristo? E por que Suas palavras nos oferecem, como seres destinados à sepultura, tanta esperança?

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Sexta-feira, 28 de outubro
Ano Bíblico: Lc 23, 24
Estudo adicional

Textos de Ellen G. White: Patriarcas e Profetas, p. 410-419 (“A morte de Moisés”); Profetas e Reis, p. 74-83 (“Uma voz de repreensão”); p. 140-144 (“Um profeta de paz”); O Desejado de Todas as Nações, p. 245- 249 (“O centurião”); p. 269, 270 (“O toque da fé”); p. 418-428 (“A ressurreição de Lázaro”).

“Em Cristo, há vida original, não emprestada, não derivada. ‘Aquele que tem o Filho tem a vida’ (1Jo 5:12). A divindade de Cristo é a certeza de vida eterna para aquele que crê. ‘Aquele que crê em Mim’, disse Jesus, ‘ainda que morra, viverá; e quem vive e crê em Mim não morrerá eternamente. Você crê nisso?’ (Jo 11:25, 26, NVI). Cristo estava olhando para o tempo de Sua segunda vinda. Nesse momento, os justos mortos ressuscitarão incorruptíveis, e os vivos serão trasladados para o Céu sem ver a morte. O milagre que Cristo estava prestes a realizar, ao ressuscitar Lázaro dos mortos, representaria a ressurreição de todos os justos mortos. Por Suas palavras e obras, declarou ser o Autor da ressurreição. Aquele que estava, Ele próprio, prestes a morrer na cruz, possuía as chaves da morte, era o Vencedor do sepulcro, e afirmou Seu direito e poder de dar vida eterna” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 423, 424).

Perguntas para consideração

  1. Mortos foram ressuscitados no passado (Lc 4:24-26). Esses milagres são amostras da grande ressurreição que ocorrerá na volta de Jesus? Essa é a sua esperança?

  2. Pense na futilidade de uma vida que termina sempre em morte. Assim como outras criaturas, todos morremos. No entanto, para os humanos, a situação é pior, pois sabemos que vamos morrer (Ec 9:5). A ressurreição é crucial para nós?
  3. Se a alma fosse imortal, que necessidade haveria de ressurreição no fim dos tempos?

  4. Se alguém telefona e pergunta: “A Sally está?” Podemos responder: “Sim, mas está dormindo”. Você jamais responderia: “Sim, mas ela está morta”. Por que não? O que isso mostra sobre a natureza da morte?

Respostas e atividades da semana: 1. Miguel e o diabo discutiram acerca do corpo de Moisés. Na transfiguração, Moisés falou com Jesus. 2. As duas mulheres tinham origens diferentes; uma era fenícia e pobre; a outra era suna- mita e rica. Contudo, possuíam a mesma fé salvífica. 3. No caso da viúva de Naim, Jesus restituiu-lhe o filho sem que ela tivesse pedido. 4. Que a morte pode ser comparada a um sono profundo e inconsciente. 5. Jesus provou que Ele tinha o poder de derrotar a morte. 6. Que a morte não é definitiva. Se a pessoa não estivesse morta, sepultada, não haveria sentido em voltar à vida. A esperança está no poder de Jesus sobre a morte e na ressurreição do último dia.

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Resumo da Lição 5
Ressurreições anteriores à cruz

TEXTO-CHAVE: Jo 11:11

ESBOÇO

Esta lição analisa alguns casos de pessoas que foram ressuscitadas antes da crucifixão de Cristo:

  1. Moisés (Mt 17:3; Lc 9:30; Jd 9).

  2. O filho da viúva de Sarepta (1Rs 17:21-23) e o filho da sunamita (2Rs 4:32-37).

  3. O filho da viúva de Naim (Lc 7:14, 15).

  4. A filha de Jairo (Mc 5:40-42).

  5. Lázaro (Jo 11:41-45).

De todas essas pessoas que morreram e ressuscitaram, somente Moisés foi direto para o Céu. Todos os demais foram trazidos de volta à vida na Terra. Cada relato demonstrou ainda mais que não há vida (“alma”) nem existência após a morte. Curiosamente, nenhuma das pessoas ressuscitadas mencionou uma experiência de vida após a morte. Essa experiência não seria memorável o suficiente para ser documentada ou pelo menos mencionada? Os filhos das três mulheres deveriam ao menos ter dito: “Uau, mãe, você não vai acreditar no que eu vi!”, e as notícias das experiências deles no Céu teriam se espalhado por toda a Terra. Além disso, como alguns questionaram, por que alguém iria querer vol-
tar para cá depois de já ter estado no Céu?

Moisés, que foi levado ao Céu, não era um “espírito” nem uma “alma desencarnada”, pois ressuscitou no corpo, conforme indicou a natureza da disputa entre Cristo e Satanás, que foi “a respeito do corpo de Moisés” (Jd 9). Nenhuma alma viva é mencionada por Satanás ou Jesus na disputa. Por que um corpo seria necessário se existisse uma alma consciente? O corpo não era necessário para abrigar uma alma porque o corpo ERA Moisés. Posteriormente, Moisés apareceu a Jesus no Monte da Transfiguração, junto com Elias (Lc 9:28-36), que foi levado ao Céu e nunca passou pela morte. Esses relatos mais uma vez demonstram que a melhor explicação para a morte é o sono e não uma existência sem corpo.

COMENTÁRIO

Veremos a história de Lázaro juntos e discutiremos sua ressurreição com mais detalhes.

Antes de ir com Seus discípulos para Betânia, o Senhor Jesus lhes descreveu a morte como um sono (Jo 11:11). Os discípulos questionaram por que estavam indo para a Judeia, pois os judeus ali haviam tentado apedrejar Jesus. Ele respondeu que precisavam ir, pois Lázaro tinha adormecido (Jo 11:11). Os discípulos não conseguiram compreender o significado das palavras de Jesus. Então, o Mestre afirmou claramente: “Lázaro morreu” (Jo 11:14).

A morte é chamada de sono tanto no AT quanto no NT (Dn 12:2; At 7:60; 1Ts 4:13, 14). Daniel 12:2 afirma: “Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, outros para vergonha e horror eterno”.

Esse verso fala sobre as duas ressurreições: a primeira antes do milênio, quando todos aqueles que entregaram a vida a Jesus serão ressuscitados e levados para o Céu, e a segunda, após o milênio, daqueles que rejeitaram Jesus como seu Salvador (Ap 20:4-6).

Os adventistas do sétimo dia consideram que haverá uma ressurreição especial: “Uma ressurreição especial precede o segundo advento de Cristo. ‘Todos os que morreram na fé da mensagem do terceiro anjo’ se levantarão nessa hora. Além disso, os que contemplaram com zombaria a crucifixão de Cristo e os que mais violentamente se opuseram ao povo de Deus serão levantados de seus túmulos para ver o cumprimento da promessa divina e o triunfo da verdade [ver o Grande Conflito, p. 637; Ap 1:7]” (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 4, p. 969). Além disso, Estevão, apedrejado no livro de Atos, é descrito como dormindo (At 7:60). É um grande conforto saber que, quando morremos, é como se estivéssemos dormindo, pois haverá um despertar.

Jesus disse a Seus discípulos sobre a viagem que faziam para ver Lázaro: “Mas vou para despertá-lo” (Jo 11:11). Considerando que Jesus tinha explicado que, por meio da ideia de “sono” Ele queria dizer “morte”, o Senhor estava falando claramente sobre uma ressurreição. No entanto, não parecia que alguém de fato havia levado a sério o que Jesus tinha dito até que o milagre aconteceu. Na verdade, Tomé estava preocupado com o fato de que todos morreriam se fossem para a Judeia, não com o milagre que Jesus acabava de proclamar que faria. A palavra “despertá-lo” é exupnizo e ocorre nesse único lugar em todo o NT. Literalmente significa “fora do sono” [ou tirar do sono]. Mais uma vez, a conexão entre sono e morte é visível. Jesus Se referia à ressurreição de Lázaro como o ato de tirá-lo do sono.

Curiosamente, quando Jesus chegou, as duas irmãs disseram a mesma coisa em diferentes situações: “Se o Senhor estivesse aqui, o meu irmão não teria morrido” (Jo 11:21, 32). Na presença de Cristo não há espaço para a morte, pois Ele é a Fonte da vida. Marta e Maria viram Jesus curar os enfermos. Sabiam que Ele trazia vida. Em outras passagens, somos informados de que é Deus “que preserva a vida de todas as coisas” (1Tm 6:13; ver também Jo 1:3, 4; Dt 32:39; Ne 9:6).

Na presença de Deus não há morte, pois ela não veio de Deus. A morte entrou em cena com o pecado e o mal, quando Satanás decidiu se rebelar contra o amoroso e belo governo divino, e infelizmente os humanos seguiram o exemplo. O pecado destrói e traz morte. “Assim como por um só homem [Adão] entrou o pecado no mundo, e pelo pecado veio a morte, assim também a morte passou a toda a humanidade, porque todos pecaram” (Rm 5:12).

Depois que Jesus chegou a Betânia, primeiro Ele teve uma conversa com Marta. Quando Ele lhe disse: “O seu irmão há de ressurgir” (Jo 11:23), ela respondeu: “Eu sei que ele há de ressurgir na ressurreição, no último dia” (Jo 11:24). Ela tinha uma compreensão da vida após a morte, mas sua declaração também deixou claro que ela sabia que Lázaro não ressuscitaria até “o último dia”.

Marta teria ouvido falar das ressurreições do filho da viúva de Naim, bem como da filha de Jairo, mas talvez não pensasse que esse milagre seria algo que Jesus poderia fazer nem que Ele faria isso por ela. Às vezes, ficamos céticos sobre as possibilidades de acontecer milagres de Deus em nossa vida e pensamos que os milagres são apenas para os outros.

Mas Jesus tinha um plano para demonstrar a todos que a vida vem por meio Dele porque Ele é “a ressurreição e a vida” (Jo 11:25). O Senhor Jesus acrescentou: “Todo o que vive e crê em Mim não morrerá eternamente” (Jo 11:26). Ele enfatizou que, no fim, aqueles que creem Nele não experimentarão a segunda morte. Jesus podia ressuscitar aqueles a quem Ele escolhesse naquele momento e novamente no futuro, “no último dia”.

Quando Jesus viu Maria e os judeus chorando, “ficou muito comovido e aflito” (Jo 11:33, NTLH). A palavra para muito comovido, em grego, é embrimaomai. Além de significar “muito comovido”, também significa “advertir” ou “repreender” e é usada cinco vezes no NT (Mt 9:30; Mc 1:43; 14:5; Jo 11:33, 38). Nas três vezes em que aparece antes de João 11, é traduzida como “advertir” ou “repreender” ou como uma advertência estrita vinda de Jesus. Assim, quando Jesus reagiu com embrimaomai (sentimento profundo) aqui, é possível que essa reação também envolva raiva e desagrado por causa do pecado e seus resultados. Jesus estaria bem ciente do fato de que o sofrimento e a morte que este mundo experimenta são o resultado do pecado. O conhecimento e a experiência de Cristo com o mal e a perda teriam produzido uma mistura de emoções que seriam difíceis de explicar ou mesmo entender. Além de estar triste por Seus amigos íntimos que tinham acabado de sofrer uma perda, Jesus estava triste por toda a humanidade por causa do que o pecado faz conosco e como isso afeta nosso mundo.

Quando Jesus chamou Lázaro para sair da sepultura, ele obedeceu. Surpreendentemente, tudo o que o Mestre teve que fazer foi falar. Mais uma vez, assim como no relato da criação, Jesus simplesmente falou e houve vida. Assim como Jesus criou o Sol e a Lua, os animais e os seres humanos, nesse caso Jesus criou a vida novamente. Ele ressuscitou e, portanto, recriou. O pecado e o mal, em contrapartida, destroem, o que é o oposto da criação. Eles destroem o belo e o bom da criação de Deus.

No entanto, o evangelho é a grande notícia de que Jesus morreu por nós na cruz para que tenhamos a vida eterna. Ele “ressuscitou dentre os mortos, sendo Ele as primícias dos que dormem” (1Co 15:20). Por causa de Sua ressurreição, é possível haver a ressurreição de todas as outras pessoas, a ressurreição dos justos para a vida eterna.

Quando lhe disseram que Lázaro estava doente, Jesus disse aos discípulos: “Essa doença não é para morte, mas para a glória de Deus, a fim de que o Filho de Deus seja glorificado por meio dela” (Jo 11:4). Embora Lázaro tivesse morrido, foi uma morte temporária (pelo menos naquele momento). Jesus foi glorificado pela morte de Lázaro porque todos testemunharam Seu poder para dar vida. Depois, Jesus derrotaria a morte na cruz. Consequentemente, Ele poderia ressuscitar outros, mesmo antes de Seu próprio sacrifício, por causa da cruz. A Bíblia aplica o sacrifício do “Cordeiro” desde o início da vida, pois proclama o Cordeiro imolado “desde a fundação do mundo” (Ap 13:8). O sangue do Cordeiro tornou possíveis as ressurreições.

APLICAÇÃO PARA A VIDA

  1. Quanto você aprendeu até agora sobre o estado dos mortos? Escolha alguém da sua família ou um amigo a quem você possa explicar tudo o que aprendeu até agora.

  2. Por que é importante conhecer a verdade sobre a morte como um sono? Se alguém acha difícil imaginar que o parente morto não esteja no Céu, como você poderia consolá-lo, fazendo-o saber que os mortos descansam e não sabem de nada?
  3. Deus é um recriador. A ressurreição é um ato divino de recriação. Embora o pecado tenha corrompido a criação divina, Jesus tem um plano para nos recriar através da ressurreição. Alguns outros foram ressuscitados antes da própria ressurreição de Cristo, pois Sua morte na cruz foi aplicada prospectivamente. Para você, o que significa o fato de Deus recriar?

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Roubado e abençoado

Richard

Nova Zelândia | 22 de outubro

Um homem de 81 anos que acabara de ingressar na Igreja Adventista do Sétimo Dia foi roubado na Nova Zelândia. O roubo acabou não apenas fortalecendo sua fé, mas também se tornando uma oportunidade de compartilhar Jesus com os ladrões.

A história começou uma noite quando três adolescentes invadiram a casa de Richard em Whangarei, a cidade mais ao norte da Nova Zelândia.

Richard estava dormindo profundamente quando um dos adolescentes subiu pela janela do quarto e passou por sua cama para abrir a porta da frente para os outros.

Richard geralmente dormia levemente e acordava ao menor barulho. Mas naquela noite, ele dormiu profundamente enquanto os dois garotos de 16 anos e um garoto de 14 anos saquearam sua casa.

Então, ele acordou para ir ao banheiro. Os meninos não prestaram atenção nele enquanto ele caminhava para o banheiro e voltava para sua cama. Ele também não os notou. Ele estava de volta na cama, dormindo rápido, quando os meninos pularam no carro em sua garagem e foram embora, pneus cantando, noite adentro.

No entanto, um vizinho ouviu o barulho e correu para a porta de Richard para ver como ele estava.

Ele bateu, bateu, mas não houve nenhuma resposta.

Bateu e bateu novamente. Finalmente, Richard acordou.

“Você sabia que seu carro foi roubado?”, perguntou o vizinho.

Em vez de ficar chateado, Richard sentiu uma sensação de alívio quando viu a garagem vazia. Ele estava feliz porque Deus o protegera do mal.

Vinte minutos depois, a polícia chegou. Eles encontraram o carro de Richard com as chaves dentro e usaram cães farejadores para rastrear o cheiro dos meninos até uma casa localizada a cerca de dois quilômetros de distância. A polícia entregou os pertences roubados a Richard: um tablet, um barbeador elétrico e o conteúdo de sua carteira.

Mas esse não foi o fim da história.

Richard se encontrou três vezes com os três intrusos como parte de sua punição. Ele ficou surpreso ao saber sobre suas origens e ver que nenhum de seus pais compareceu às reuniões. Os meninos moravam com avós ou tias. O coração de Richard foi tocado quando cada menino se desculpou sem nenhum traço de arrogância.

“É seu primeiro crime”, ele lhes disse. “Não gosto do que vocês fizeram, mas não tenho nada contra vocês. Eu os perdoo e espero que aprendam com isso. Não quero reparação.”

Mas os meninos tentaram corrigir seus erros. Um deles limpou mofo preto e musgo da calçada de Richard. Ele também fez um bolo e deu-o a Richard.

Outro dia, um policial chegou à casa de Richard com um envelope contendo dez notas de cinquenta dólares. “Não quero reparação”, disse Richard ao policial. Mas o oficial explicou que o dinheiro era do menino que o roubara e de seu avô. Era koha, um presente, de acordo com o costume maori da Nova Zelândia. Richard escreveu uma longa carta de agradecimento na qual elogiava o avô por sua boa educação.

Após as três reuniões, os meninos não tiveram mais problemas com as autoridades, e seus crimes foram apagados do registro policial. Richard, que se juntou à Igreja Adventista Tikipunga pouco antes do roubo, disse que a provação revitalizou sua fé.

Ele disse que o fato de não ter notado os intrusos durante o assalto foi um milagre. Ele ficou com o coração fraco depois de ter sofrido um ataque cardíaco dois anos antes.

“Normalmente eu acordo imediatamente”, disse ele. “Morando sozinho e com 80 anos, conhecimento nota de tudo à noite. Não posso contestar que Deus estava lá em toda a Sua glória, amor e ternura, porque se tivesse visto alguém estando deitado em minha cama, eu teria surtado.”

Ele também disse que foi abençoado pela chance de interagir com os meninos e incentivá-los. “Foi tão lindamente feito pelo Senhor”, disse ele. “Desde então, cresci a passos largos em minha caminhada cristã.”

Obrigado por sua oferta do décimo terceiro sábado neste trimestre, que ajudará meninos e meninas na Nova Zelândia e em toda a Divisão do Pacífico Sul e no mundo a conhecer mais sobre Jesus por meio de uma série de filmes animados baseados em Caminho a Cristo, O Desejado de Todas as Nações, O Grande Conflito e outros livros amados de Ellen White.

Por Maryellen Hacko

 Dicas para a história 

  • Richard pôde testemunhar para os três meninos e seus parentes por meio de uma experiência negativa. Desafie os ouvintes a encontrar maneiras de ser testemunhas por meio de experiências negativas.
  • Baixe as fotos no Facebook: bit.ly/fb-mq.

  • Baixe publicações e fatos rápidos sobre a missão da Divisão do Pacífico Sul: bit.ly/spd-2022.

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Comentário da Lição da Escola Sabatina – 4º Trimestre de 2022

Tema Geral: Vida, morte e eternidade

Lição 5 – 22 a 29 de outubro de 2022

Ressurreições anteriores à cruz

Autor: Sérgio H. S. Monteiro

Editoração: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br

Revisora: Rosemara Santos

 

Nesta semana estudamos as evidências de que a morte não é o destino final e inexorável de cada ser humano. Elencamos as ressurreições que ocorreram antes da ressurreição do Messias. Podemos tirar duas principais lições desse estudo: a primeira, como já dito, é que a morte pode ser vencida, e a segunda é que não existe vida consciente na morte. Vamos refletir sobre essas duas lições, iniciando pela segunda.

O ato divino de ressuscitar alguém é uma invasão no reino da morte, retirando a pessoa dali. Se a pessoa estivesse consciente, seria esperado que ela narrasse detalhes de sua passagem por ali, de seu tempo naquele lugar. Agregue-se aqui a curiosidade da humanidade pelo que lhe teria acontecido, as histórias seriam recheadas de narrativas com a vida após a vida. Ademais, seria uma excelente oportunidade para reforçar a ideia de recompensa e castigo, mostrando-os por meio das pessoas que os tivessem vivido. Por tudo isso, o silêncio narrativo nas páginas das Escrituras é ensurdecedor e se explica apenas pela harmoniosa corrente do pensamento antropológico bíblico, que declara não haver consciência na morte (Ec 9:5).

Por outro lado, a existência de ressurreições aponta para a transitoriedade da morte. De fato, a morte, em nossa realidade, parece final e implacável. Não vemos saída alguma para a morte e o ditado popular é claro e lúgubre: “Para tudo existe saída, exceto para a morte.” Por isso, a aproximação do momento de morrer causa tanta angústia e, ao mesmo tempo, curiosidade. No ano de 2021, fui submetido a uma cirurgia cardíaca, após descobrir um estreitamento de artérias que poderiam me causar um infarto. Na verdade, de acordo com os exames, sofri um infarto de pequena monta em algum tempo passado, e o corpo conseguiu se recuperar. Bem, qualquer cirurgia é complexa, mas uma cirurgia cardíaca é assustadora. Meu coração foi parado por 1 hora e 10 minutos, sendo uma máquina a responsável por me manter vivo. A cirurgia, prevista para 3 horas, durou 7, e houve complicações pós-cirúrgicas, que baixaram minha pressão para seis, levando os médicos e enfermeiros a acreditar que eu não sobreviveria. Mas sobrevivi. Lembro-me deles tentando me acordar para desentubar e as palavras do médico: “Não queremos te perder”. Lembro-me das enfermeiras dizendo que minha pressão estava caindo, enquanto os batimentos subiam. A batalha pela vida foi, ao fim, vencida.

Nos dias anteriores à cirurgia, a maior parte da minha preparação foi espiritual. Solicitei que o Pr. Rogel Tavares fizesse minha unção. Fizemos um culto de entrega, conversamos com a família, com os filhos. Confio na medicina, mas sabia dos riscos e nos preparamos, de maneira firme, para o reencontro caso me acontecesse algo. A angústia da morte. Ela nos solapa a alegria e enche o coração de tristeza e ansiedade. A uma tão grande angústia, apenas uma esperança imensa pode se sobrepor: a da ressurreição. E cada narrativa de ressurreições nas Escrituras são uma declaração de que a morte não precisa ser o fim. Mesmo que não haja uma vida na morte, haverá vida sem morte!

Cremos que o primeiro a experimentar essa esperança transformada em realidade foi Moisés, conforme extraímos do relato de Judas 9 e Mateus 17. Não obstante, muitos cristãos não entendem que Moisés tenha ressuscitado e questionam esse entendimento. Por isso, quero me deter rapidamente nas evidências de que essa ressurreição tenha de fato ocorrido.

Primeiro, Judas 9 relata uma “contenda” entre Miguel e o diabo. Miguel é o nome pelo qual Jesus é mencionado em momentos crucias e de batalha (Cf. Dn 10:13; 12:1, 2; Ap. 12:7-9). Em ao menos um outro texto, ele é diretamente ligado com a ressurreição dos mortos. Em Daniel 12, a ressurreição dos mortos ocorre como resultado da ação de Miguel, que Se levanta para defender Seu povo. Ainda em Daniel, no capítulo 10, é mencionada uma batalha com o príncipe do reino da Pérsia, em uma possível referência ao poder demoníaco que se interpunha aos planos de Deus. A vitória nessa batalha adveio pela presença de Miguel. O capítulo 11 de Daniel, por sua vez, narra as várias batalhas que o povo de Deus teria que enfrentar no meio das batalhas humanas, as quais, certamente produziriam muitas mortes, tanto dos fiéis, quanto de seus inimigos. É nesse contexto, das mortes nas batalhas, que é reintroduzida a figura de Miguel, como fechando o arco de batalhas e morte aberto no capítulo 10:13, com a promessa da ressurreição. Logo, parece claro que Miguel está envolvido nas batalhas com o objetivo de proteger Seu povo não apenas das dores da batalha em si, mas para lhe proporcionar a ressurreição, quando caídos nessas batalhas, e para trazer os inimigos de volta à vida para julgá-los.

É interessante que, em 1 Tessalonicenses 4:15-17, ainda que Miguel não seja mencionado diretamente, há a menção a um Arcanjo, cuja voz parece chamar os mortos à vida, enquanto em João 5:28, 29, é a voz de Cristo que chama os mortos à vida. Aplicado ao caso de Judas 9, essa é uma forte evidência de que ali a batalha não foi meramente pelo corpo morto, mas pela ressurreição de Moisés.

Em segundo lugar, os termos disputar e contender, em Judas 9 parecem indicar mais do que apenas uma discussão. O grego diakrino é usado também em contexto de disputa judicial ou legal. Por exemplo, esse termo ocorre na Septuaginta em Ezequiel 20:35 e em Atos 11:2. Em Marcos 9:34, encontramos o termo dielegeto, com o sentido de argumentação. Isto posto, é possível que o texto esteja falando de uma disputa judicial entre o acusador e Miguel, como Defensor de Moisés. Dessa forma, não faria sentido algum a disputa ser apenas pelo direito de enterrar Moisés ou pelo corpo morto, uma vez que a morte já é a sentença comum de todos. Algo maior deve estar envolvido, que não é comum a todos, mas depende de uma decisão legal. No contexto de uma cena semelhante, em Zacarias 3, a argumentação entre o acusador e o Anjo do Eterno se dá em razão de Josué, e a sentença inicia com uma declaração, no verso 2, que no grego da Septuaginta é a mesma de Judas 9: epitimesai kyrios, ou “o Eterno te repreenda”. O resultado dessa disputa nos versos 4 e 5 de Zacarias 3 foi que Josué foi vestido com vestes brancas, um símbolo apocalíptico de ressureição. Não seria demais, portanto, sugerir que a disputa em Judas 9 fosse também pelo direito de Moisés vestir as vestes brancas dos ressuscitados.

Terceiro, em Romanos 5:14 é dito que a morte reinou de Adão até Moisés. Por qual razão? Alguns têm sugerido que o texto se refira à entrega da lei e à aliança mosaica, o que é verdade, mas não faz jus ao todo do texto, porque não explica como a lei teria encerrado o domínio da morte. A única explicação plausível é que alguém teria sido retirado do domínio da morte, interrompendo, assim, seu reino ditatorial. Aliada a outras evidências que já elencamos, o texto é um indicativo poderoso da ressurreição de Moisés.

Por fim, a tradição judaica preservou lendas que apontam a que algo especial aconteceu com Moisés. Sua morte foi cercada de histórias de disputa. Numa delas, Moisés contende com o anjo da morte, enviado para levá-lo, pois não aceitava a morte. Em outras, Moisés escapa com o auxílio dos elementos naturais. Em outra, os anjos tinham medo de vir ter com ele e anunciar sua morte, sendo necessário o próprio Deus vir para fazê-lo. É impossível descrever todas as tradições nesse texto, mas o leitor pode encontrar na internet várias narrativas do Midrash contando os últimos momentos de Moisés e as tradições referidas. O importante a ser mencionado é que todas mostram algo especial nos eventos que circundam a morte de Moisés. Josefo chega a mencionar que Moisés não morrera de fato, mas fora trasladado (Antiguidades 4, 424 e seguintes).

Todas essas evidências apontam para a realidade da ressurreição de Moisés. Ao subir ao Pisga, em Deuteronômio 34, foi dada a ele a oportunidade de ver a terra que o Eterno tinha prometido, assim como o futuro da humanidade. Em meio à tristeza de sua partida, e à angústia de sua morte, Moisés aceitou o destino comum a todos, não cônscio da glória que lhe esperava imediatamente: a ressurreição. Nas pegadas da tradição judaica, podemos ver Moisés entregando sua vida nas mãos de Deus Pai, para recebê-la de volta com o chamado de Deus Filho. Que maravilhosa visão terá sido!

Quando em meu quarto da UTI, após os eventos que narrei acima, por duas ocasiões tive a visita desse mesmo Deus. Ali, entendi que não importa, de forma alguma, o que nos aconteça, porque Ele ama ressuscitar os que são tomados do mundo, e tem poder para vencer o reino da morte!

Conheça o autor dos comentários para este trimestre: O Pr. Sérgio Monteiro é casado com Olga Bouchard de Monteiro. É pai de Natassjia Bouchard Monteiro e Marcos Bouchard Monteiro. É Bacharel em Teologia, Mestre em Teologia Bíblica, cursa doutorado em Bíblia Hebraica pela Theologische Universiteit Apeldoorn. Pastor da Brazilian Adventist Community Church na Associação do Norte da Nova Zelândia e membro a Adventist Theological Society, International Organization for the Study of the Old Testament, Society for Biblical Literature e Associação dos Biblistas Brasileiros.