Como vimos na semana passada, a graça divina oferece o perdão dos pecados e cria um novo coração no pecador arrependido, que, a partir de então, vive pela fé. A Palavra de Deus também apresenta instruções para uma vida justa (Sl 119:9-16). Guardar a lei de Deus não é de forma alguma uma observância legalista das regras, mas significa ter um estreito relacionamento com Deus, uma vida cheia de bênçãos (Sl 119:1, 2; 128).
No entanto, a vida do justo não é isenta de tentações. Às vezes, os justos podem ser tentados pela natureza astuta do pecado (Sl 141:2-4) e até mesmo cair em tentação. Deus permite tempos de provação para que a fidelidade (ou infidelidade) de Seus filhos seja claramente revelada. Se os filhos de Deus derem ouvidos à instrução e à admoestação divinas, a fé deles será purificada, e sua confiança no Senhor será fortalecida. A sabedoria para uma vida justa é adquirida através da dinâmica da vida com Deus em meio a tentações e desafios. Assim, a oração para que Deus nos ensine a contar nossos dias a fim de que possamos ter um coração sábio (Sl 90:12) reflete um compromisso contínuo de andar em fidelidade ao Senhor.
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1. Leia Salmo 119:1-16, 161-168. Como devemos guardar os mandamentos de Deus, e que bênçãos advêm disso?
A Bíblia descreve uma vida diária de fé como uma peregrinação (“andar”) com Deus em Seu caminho de justiça. A vida de fé é mantida andando “na lei do Senhor” (Sl 119:1) e “na luz da [Sua] presença” (Sl 89:15). Essas duas formas de andar não são de modo algum diferentes. Andar à luz do semblante divino implica defender a lei de Deus. Da mesma forma, andar “na lei do Senhor” envolve buscar a Deus de todo o coração (Sl 119:1, 2, 10). Ser irrepreensível no seu caminho é outra maneira pela qual os salmos descrevem o viver justo (Sl 119:1). “Imaculado” descreve um sacrifício “sem defeito”, que é aceitável a Deus (Êx 12:5). Da mesma forma, a vida do justo, que é um sacrifício vivo (Rm 12:1), deve ser isenta do amor ao pecado. Uma vida dedicada a Deus também é um “caminho da perfeição”, indicando que a pessoa assume uma direção correta na vida, que é agradável a Deus (Sl 101:2, 6; veja também Sl 18:32).
Guardar os mandamentos de Deus não tem nada a ver com observância legalista das regras divinas. Pelo contrário, consiste em “uma boa compreensão” da diferença entre o certo e o errado e o bem e o mal (Sl 111:10; 1Cr 22:12), e envolve todo o ser, não meramente atitudes externas. Ser “imaculado”, guardar os mandamentos de Deus e buscá-Lo de todo o coração são atitudes inseparáveis (Sl 119:1, 2).
Os mandamentos de Deus são uma revelação da vontade divina para o mundo. Eles instruem sobre como se tornar sábio e viver em liberdade e paz (Sl 119:7-11, 133). O salmista se deleita na lei porque ela lhe assegura a fidelidade a Deus (Sl 119:77, 174).
“Grande paz têm os que amam a Tua lei, para eles não há nada que os faça tropeçar” (Sl 119:165). O tropeço retrata o fracasso moral. Como a lâmpada para os pés do salmista (Sl 119:105), a Palavra de Deus nos protege das tentações (Sl 119:110).
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2. Leia os Salmos 90; 102:11; 103:14-16. Qual é o dilema humano?
A existência humana caída não passa de um vapor à luz da eternidade. Mil anos aos olhos de Deus é “como a vigília da noite”, que dura três ou quatro horas (Sl 90:4). Em comparação com o tempo divino, a duração da vida humana passa rapidamente, voa (Sl 90:10). Os mais fortes entre os seres humanos se assemelham às mais fracas dentre as plantas (Sl 90:5, 6; 103:15, 16). Contudo, mesmo essa vida curta está cheia de labuta e tristeza (Sl 90:10). Até quem não crê em Deus chora e lamenta a brevidade da vida, especialmente em contraste com a eternidade, que é uma realidade e, eles sabem, poderá seguir sem eles. O Salmo 90 coloca o dilema humano no contexto do cuidado do Criador pelas pessoas que Ele criou. O Senhor tem sido o refúgio de Seu povo em todas as gerações (Sl 90:1, 2). A palavra hebraica ma’on, “morada”, retrata o Senhor como o abrigo ou o refúgio de Seu povo (Sl 91:9).
Deus restringe Sua ira justa e estende Sua graça mais uma vez. O salmista exclama: “Quem conhece o poder da Tua ira?” (Sl 90:11), sugerindo que ninguém jamais experimentou o efeito pleno da ira divina contra o pecado e, portanto, há esperança de que as pessoas se arrependam e ganhem sabedoria para uma vida justa.
A sabedoria na Bíblia descreve não apenas inteligência, mas reverência a Deus. A sabedoria de que precisamos é a de como “contar os nossos dias” (Sl 90:12). Se podemos contar nossos dias, isso significa que são limitados e que sabemos disso. Viver com sabedoria significa viver com a consciência de que a vida é transitória, o que leva à fé e à obediência. Essa sabedoria é adquirida somente pelo arrependimento (Sl 90:8, 12) e pelos dons divinos do perdão, compaixão e misericórdia (Sl 90:13, 14).
Nosso problema fundamental não decorre do fato de que somos criados como seres humanos, mas do pecado e do que este operou em nosso mundo. Seus efeitos devastadores são vistos em todos os lugares e em todas as pessoas.
Graças a Jesus, no entanto, abriu-se uma saída do nosso dilema humano (Jo 1:29; 3:14-21), sem a qual não teríamos esperança alguma.
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3. O que envolve o teste divino? Sl 81:7, 8; 95:7-11; 105:17-22
Foi em Meribá que Israel testou a Deus desafiando Sua fidelidade e poder para prover suas necessidades (Êx 17:1-7; Sl 95:8, 9). O Salmo 81 faz uma inversão intrigante e interpreta o mesmo evento como o momento em que Deus testou Israel (Sl 81:7). E, por sua desobediência e falta de confiança (Sl 81:11), o povo falhou no teste divino. A referência a Meribá transmite dupla mensagem. Primeiro, o povo de Deus não deve repetir os erros das gerações passadas, mas precisa confiar Nele e andar em Seu caminho (Sl 81:13). Segundo, embora o povo tenha falhado no teste, Deus o socorreu (Sl 81:7). A graça salvadora no passado assegura a graça às novas gerações.
O Salmo 105 mostra que as provações foram o meio divino de testar a confiança de José na Sua palavra sobre o seu futuro (Gn 37:5-10; Sl 105:19). O hebraico Tsarap, “provado”, no verso 19 transmite um senso de “limpeza”, “refinamento” ou “purificação”. O objetivo do teste da fé de José era remover qualquer dúvida quanto à promessa divina e fortalecer a confiança dele na orientação de Deus.
O objetivo da disciplina divina é fortalecer Seus filhos e prepará-los para o cumprimento da promessa, como mostrado no exemplo de José (Sl 105:20-22).
No entanto, a rejeição da instrução divina resulta em crescente teimosia e endurecimento do coração.
“Deus requer pronta e incondicional obediência à Sua lei. Os homens, porém, estão adormecidos ou paralisados pelos enganos de Satanás, que sugere desculpas e subterfúgios, e lhes vence os escrúpulos, dizendo, como dissera a Eva no jardim: ‘É certo que não morrereis’ (Gn 3:4). A desobediência não só endurece o coração e a consciência do culpado, mas tende também a corromper a fé dos outros. Aquilo que a princípio se lhes afigurava muito errado gradualmente perde esse aspecto, por estar constantemente perante a pessoa, até que finalmente ela duvida de que seja de fato pecado, e cai inconscientemente no mesmo erro” (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja [CPB, 2021], v. 4, p. 129).
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4. Leia o Salmo 141. Pelo que o salmista ora?
O Salmo 141 é uma oração para proteção contra as tentações de dentro e de fora. O salmista não é apenas ameaçado pelos esquemas dos ímpios (Sl 141:9, 10), mas também é tentado a agir como eles. O primeiro ponto fraco é o autocontrole quanto ao falar, e o salmista ora para que o Senhor vigie a porta de seus lábios (Sl 141:3). Essa imagem se refere à guarda dos portões que, nos tempos bíblicos, protegia as cidades. Nessa prova, o filho de Deus aceitará o conselho dos justos ou será atraído pelas iguarias dos ímpios (Sl 141:4, 5). O salmista descreve seu coração como a ameaça principal, pois ali acontece a verdadeira batalha. Somente a oração incessante de confiança e devoção a Deus pode salvar o filho de Deus da tentação (Sl 141:1, 2).
5. Como o caráter progressivo e astuto da tentação é visto? Sl 1:1; 141:4
O Salmo 141:4 descreve a natureza progressiva da tentação. Primeiro, o coração se inclina para o mal. Em segundo lugar, pratica más ações (o significado em hebraico destaca o caráter repetitivo da ação). Terceiro, o coração come das iguarias dos ímpios, ou seja, aceita suas más práticas como algo desejável.
Da mesma forma, no Salmo 1:1 a tentação vem para impedir que o filho de Deus ande no caminho do Senhor, fazendo-o andar com os ímpios, permanecer no caminho dos pecadores e, finalmente, sentar-se com os escarnecedores. Não devemos ser como ímpios e escarnecedores, nem permitir que nos afastem do Senhor.
Os salmos descrevem o caráter progressivo, sedutor e astuto da tentação, o que ressalta o fato de que somente a dependência total do Senhor garante a vitória. Os salmos enfatizam a importância das palavras faladas e ouvidas em meio à tentação. O fim dos ímpios e dos justos deve ensinar o povo a buscar a sabedoria divina (Sl 1:4-6; 141:8-10). No entanto, nesses dois salmos, a vindicação final dos filhos de Deus está no futuro. Isso significa que os crentes são chamados a confiar pacientemente em Deus e a esperar Nele.
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6. Leia os Salmos 1:1-3; 112:1-9; 128. Que bênçãos são prometidas para aqueles que reverenciam o Senhor?
Das muitas bênçãos prometidas àqueles que reverenciam o Senhor, a paz é talvez uma das maiores. O Salmo 1 compara os justos a uma árvore plantada junto a uma corrente de águas, que produz seus frutos no devido tempo e cuja folhagem não murcha (Sl 1:3; Jr 17:7, 8; Ez 47:12). Essa comparação identifica a fonte de todas as bênçãos, a saber, permanecer na presença de Deus em Seu santuário e desfrutar de um relacionamento ininterrupto e de amor para com Ele. Ao contrário dos ímpios, retratados como joio, sem estabilidade, sem lugar nem futuro, os justos são como árvore frutífera com raízes, tendo um lugar perto de Deus e vida eterna. O Salmo 128:2, 3 evoca as bênçãos do reino messiânico, em que sentar-se sob a própria videira e figueira é um símbolo de paz e prosperidade (Mq 4:4). A bênção da paz sobre Jerusalém (Sl 122:6-8; 128:5, 6) transmite esperança no Messias, que acabará com o mal e restaurará a paz no mundo.
“Na Bíblia, a herança dos salvos é chamada ‘pátria’ (Hb 11:14-16). Ali o Pastor celestial conduz Seu rebanho às fontes de água viva. A árvore da vida produz seu fruto de mês em mês, e as folhas da árvore são para a saúde das nações. Existem rios sempre a fluir, claros como cristal, e, ao lado deles, árvores agitando-se suavemente projetam sua sombra sobre os caminhos preparados para os resgatados do Senhor. Ali as extensas planícies se expandem na direção de lindas colinas, e as montanhas de Deus erguem seus majestosos cumes. Nessas planícies pacíficas, ao lado daquelas correntes cristalinas, o povo de Deus, durante tanto tempo peregrino e errante, encontrará um lar” (Ellen G. White, O Grande Conflito [CPB, 2021], p. 558).
O NT descreve o cumprimento dessa esperança no segundo advento de Cristo e na criação do novo mundo (Mt 26:29; Ap 21). Portanto, enquanto os justos recebem muitas bênçãos nesta vida, a plenitude do favor de Deus os aguarda quando o reino de Deus for totalmente restaurado no fim dos tempos.
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Hoje, obter sabedoria parece não ser tão desejável quanto alcançar a felicidade. As pessoas preferem ser felizes a ser sábias. No entanto, podemos ser felizes e ter vida plena sem sabedoria divina? Os salmos dizem que não. A boa notícia é que não precisamos escolher entre sabedoria e felicidade. A sabedoria divina traz felicidade. Um exemplo da língua hebraica ilustra isso. A palavra “passo” no plural (‘ashurey) soa como a palavra “felicidade” (‘ashrey). Perdemos essa associação na tradução, mas ela transmite uma mensagem poderosa: “passos” que se apegam ao caminho de Deus levam a uma vida “feliz” (Sl 1:1; 17:5; 37:31; 44:18; 89:15; 119:1). Sabedoria e felicidade não são conceitos abstratos, mas uma experiência real.
Elas são encontradas no relacionamento com Deus, que consiste em reverenciá-Lo, louvá-Lo e encontrar força Nele. O Salmo 25:14 diz: “o Senhor confia o Seu segredo aos que O temem, aos quais Ele dará a conhecer a Sua aliança”.
“Juntemos todas as benditas promessas do Seu amor para que possamos contemplá-las continuamente. Estes são os quadros que Deus quer que contemplemos: o Filho de Deus deixando o trono do Seu Pai, tendo Sua natureza divina revestida com a natureza humana para resgatar o ser humano do poder de Satanás; Seu triunfo em nosso favor, abrindo para o homem a porta do Céu e revelando aos olhos humanos o lugar onde a Divindade revela Sua glória; a raça pecadora tirada do abismo de ruína em que o pecado a lançou e novamente colocada em ligação com o Deus infinito, tendo, pela fé em nosso Redentor, passado pelo teste divino, sendo revestida da justiça de Cristo e exaltada ao Seu trono” (Ellen G. White, Caminho a Cristo, p. 118).
Perguntas para consideração
1. Como a Bíblia pode ser fonte de deleite e não só de instrução? Qual é a relação entre o alimento da Palavra e a permanência em Jesus, a Palavra? (Jo 1:1; 15:5, 7)
2. O que acontece quando rejeitam o ensino de Deus? Por que isso ocorre? (Sl 81; 95)
3. Por que o caminho dos ímpios pode parecer mais desejável do que o conselho dos justos? (Sl 141). Como lidar com o fato de que os ímpios parecem estar indo bem?
Respostas e atividades da semana: 1. Buscando a lei de Deus de todo o coração; andando nos caminhos do Senhor; tendo um relacionamento constante com Ele. Isso traz sabedoria, liberdade e paz. 2. A brevidade da vida; o pecado e seus efeitos. 3. Envolve a disciplina divina que fortalece Seus filhos e os prepara para o cumprimento da promessa; motiva a obediência e a fé. 4. Por vitória, socorro e proteção. 5. O coração se inclina para o mal, pratica o mal e o considera algo desejável. 6. Paz, prosperidade e vida eterna.
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ESBOÇO
Introdução: Como podemos definir sabedoria? Um dicionário moderno define sabedoria como “o conjunto de conhecimentos e princípios que se desenvolve dentro de uma determinada sociedade ou período”. A sabedoria também se relaciona com a “sensatez de uma ação ou decisão”. Também usamos sabedoria como significando “a qualidade de ter experiência, conhecimento e bom senso” (Oxford Language Dictionary). A sabedoria está relacionada ao conhecimento, incluindo a capacidade de tomar uma decisão sábia.
Quando encontramos alguém que possui vasto conhecimento em uma área específica da ciência ou da literatura, nós o chamamos de “sábio”. Sabedoria, em nosso entendimento comum hoje, geralmente se refere a possuir competência ou conhecimento em uma área especializada. Para algumas pessoas, a sabedoria abrange o conhecimento secreto e a capacidade de decifrar mistérios ou alcançar um nível espiritual superior.
Nesta semana, vamos considerar o que é sabedoria da perspectiva bíblica. Nosso estudo não apenas definirá a sabedoria de acordo com as Escrituras, mas também tentará extrair princípios de sabedoria para a vida diária. Afinal, o que é a sabedoria bíblica senão o conhecimento prático e o discernimento para viver cada dia segundo os preceitos de Cristo? O objetivo do nosso estudo é compreender e aplicar essa sabedoria bíblica em nossa vida.
COMENTÁRIO
A definição bíblica de sabedoria
O texto-chave para entender a sabedoria é Provérbios 1:7: “O temor do Senhor é o princípio do saber, mas os insensatos desprezam a sabedoria e o ensino” (veja também Pv 9:10). O fundamento da sabedoria bíblica é o “temor do Senhor”, que as Escrituras identificam como obediência reverente (Ec 12:13; Dt 6:2; 8:6; 31:12). Deuteronômio 10:12 e 13 equipara “temam o Senhor” com expressões como “andem em todos os Seus caminhos”, “amem” e “sirvam o Senhor, seu Deus, de todo o coração e de toda a alma” e “guardarem os mandamentos do Senhor e os Seus estatutos”. Juntas, essas expressões enfatizam a necessidade de cultivar uma experiência íntima e profunda com o Criador na vida diária.
Provérbios 8:13 apresenta uma perspectiva adicional sobre a sabedoria ao afirmar o que ela é explicando o que ela não é: “O temor do Senhor consiste em odiar o mal. Eu odeio a soberba, a arrogância, o mau caminho e a boca que fala coisas perversas.” Observe, novamente, que “o princípio do saber” está relacionado com ações práticas e morais.
Assim, podemos dizer que a sabedoria bíblica é “uma maneira de ver e abordar a vida que envolve instruir os jovens na conduta e moralidade adequadas e responder a perguntas filosóficas sobre o significado da vida” (C. H. Bullock, “Wisdom”, Evangelical Dictionary of Biblical Theology, disponível em: shorturl.at/gszOR). Nossos pensamentos e nossa fé em Deus são revelados por meio da benignidade e de uma vida piedosa. Nesse sentido, não há separação entre fé e ações. Essa distinção é artificial e arbitrária, resultante da influência da filosofia grega. Para as pessoas do Antigo Testamento, a sabedoria se manifesta em uma fé madura que nos leva a fazer escolhas corretas e a ser bondosos e imparciais com o próximo.
“Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm lá do alto, descendo do Pai das luzes” (Tg 1:17). A sabedoria é um dom de Deus que é concedido àqueles a quem Ele escolhe e àqueles que Lhe pedem essa dádiva com fé humilde (1Rs 3:12; Sl 51:6; Pv 2:6; Tg 1:5-7).
Características da sabedoria
A sabedoria bíblica está registrada especialmente na forma de poesia. Os livros de Jó, Provérbios e Eclesiastes são os grandes representantes da literatura sapiencial nas Escrituras. Alguns autores também incluem nesse grupo o Cântico dos Cânticos (embora, deve-se notar, essa inclusão seja debatida).
Os principais temas da sabedoria bíblica são a criação, a lei, os conselhos para uma vida sábia e madura, o temor de Deus e a retribuição divina. O livro de Provérbios talvez seja o exemplo mais conhecido de literatura sapiencial na Bíblia: os capítulos 1 a 9 retratam o grande valor da sabedoria. Quando lemos esses capítulos atentamente, observamos que o conceito de sabedoria envolve um conjunto de ensinamentos para uma vida piedosa, incluindo conselhos sobre como evitar as ciladas dos ímpios e da vida pecaminosa. Do capítulo 10 em diante, há mais de 600 ditados (chamados de “provérbios”), frases curtas que apresentam conselhos práticos aplicáveis a diversas situações da vida cotidiana, como casamento, amor, relacionamentos, questões financeiras, questões políticas, educação dos filhos e assim por diante.
Em contraste com os conselhos práticos de Provérbios, o livro de Jó é mais um tratado acerca de questões como sofrimento, retribuição e vindicação. Esses temas também dizem respeito à sabedoria, mas da perspectiva de Deus. Eles se desenrolam a partir da narrativa da vida de Jó e seus sofrimentos. Essa análise não se baseia na filosofia humana, mas é de natureza divina. O capítulo 28 é o núcleo do livro e termina com a ideia de que a reverência e a obediência a Deus são fundamentais para se obter a verdadeira sabedoria: “Eis que o temor do Senhor é a sabedoria, e afastar-se do mal é o entendimento” (Jó 28:28).
Sabedoria no Saltério
Muitos estudiosos da Bíblia classificam certos salmos entre a literatura sapiencial das Escrituras. “Embora a identificação exata dos salmos sapienciais permaneça uma questão debatida, a maioria dos estudiosos admite a influência da sabedoria nos Salmos 1, 19, 32, 34, 37, 49, 73, 112, 119, 127, 128 e 133. O Salmo 1 possui forte ênfase na lei e na conduta e dá início ao Livro dos Salmos, conferindo um toque sapiencial a toda a coleção. Além disso, o Salmo 19, com ênfase na criação e na lei, revela definitivamente um tom sapiencial; e o Salmo 119 exala sabedoria ao oferecer a mais longa reflexão sobre a Torá” (Elias Brasil de Souza, “Wisdom in Daniel”, em “The End from the Beginning”: Festschrift Honoring Merling Alomía [publicação comemorativa honrando Merlin Alomía], ed. Benjamin Rojas, Teófilo Correa, Lael Caesar e Joel Turpo [Universidad Peruana Unión, 2015], p. 267, 268).
A seguir, examinaremos a maneira como os salmos mencionados tratam da sabedoria:
Salmo 1: Esse salmo apresenta dois estilos de vida: a vida de retidão (Sl 1:2, 3) e a vida de impiedade (v. 4, 5). O cântico inicia descrevendo como os justos seguem a direção oposta dos injustos (v. 1). Em resultado de suas escolhas, os ímpios recebem um destino bem diferente dos justos (v. 6).
Salmo 19: Esse salmo é dividido em duas seções bem definidas. A primeira aborda a revelação de Deus na criação (Sl 19:1-6), enquanto a segunda seção apresenta Sua revelação contida na lei (v. 7-14). Esses dois temas são muito importantes para a compreensão e obtenção da sabedoria bíblica. Ambos os tópicos são uma inspiração para o crente que aspira a ser “íntegro” e “inocente de grande transgressão” (v. 13, NVI).
Salmo 32: Esse cântico fornece um contraste entre o arrependido e o ímpio (Sl 32:10, 11). Também adota o tom sapiencial de instrução e ensino (v. 8, 9), comum à literatura sapiencial (Pv 4:1-15; 6:20-23; 7:1-5).
Salmo 34: Algumas partes do Salmo 34 recordam o conselho prático que caracteriza a literatura sapiencial, como é visto no terno apelo do pai ao filho para que deseje uma vida longa, busque o temor do Senhor e fuja do pecado (Sl 34:11-14). Depois de oferecer esse conselho, o salmista descreve o destino dos fiéis e dos infiéis (v. 15, 16, 21). Sem dúvida, a melhor escolha que podemos fazer na vida é andar no caminho da sabedoria.
Salmo 37: Esse salmo responde à grande pergunta: Por que os ímpios prosperam? Hoje em dia, levantamos a mesma questão. A resposta oferecida não é de análise filosófica; ao contrário, é um conselho para uma vida justa que está fundamentado na fé. Contemple atentamente a sabedoria atemporal contida nesse cântico!
Salmo 49: Nos versos iniciais, esse cântico afirma: “Os meus lábios falarão sabedoria, e o meu coração terá pensamentos profundos. Inclinarei os meus ouvidos a uma parábola, decifrarei o meu enigma ao som da harpa” (Sl 49:3, 4). A partir daí o escritor passou a descrever o destino dos ímpios que prosperam (v. 5-20).
Salmo 73: Os hebreus tentaram compreender as origens do mal neste mundo e a injustiça que existe na sociedade. Eles se esforçaram para descobrir se a retribuição divina havia falhado. Essa questão não era menos problemática para eles do que para nós hoje.
Salmo 112: Esse cântico descreve as bênçãos decorrentes de temer o Senhor (Sl 112:1) e menciona 16 bênçãos prometidas aos justos (v. 2-9). Um exame minucioso dessas bênçãos mostra que temer o Senhor é aspirar à mais alta realização espiritual em nossa vida diária. O salmista terminou com uma breve descrição do terrível destino do ímpio em comparação com o justo.
Salmo 119: O salmo mais longo do Saltério fala acerca da Torá (Lei), que envolve mais do que apenas a lei mosaica. A palavra Torá refere-se a toda a Escritura. Ela transforma a vida daqueles que compreendem os ensinamentos da Palavra de Deus.
Salmo 127: Com apenas cinco versículos, esse salmo se concentra nas bênçãos do Senhor sobre o lar e sobre os filhos daqueles que confiam no Criador. Talvez por isso, o cântico seja considerado uma expressão sapiencial. A sabedoria deve ser o alicerce sobre o qual se assenta o tesouro mais precioso que temos: nossa família.
Salmo 128: Os seis versos desse pequeno salmo são classificados entre os escritos da literatura sapiencial porque se referem à prosperidade divina presente no lar de todo aquele “que teme o Senhor” (Sl 128:1, 4).
Salmo 133: Algumas pessoas podem questionar a inclusão desse salmo na literatura sapiencial das Escrituras. Contudo, a expressão “como é bom e agradável viverem unidos os irmãos!” (Sl 133:1) infunde o versículo com aquele tom característico da sabedoria bíblica que identificamos até agora como uma característica distintiva da literatura sapiencial. Ser imbuído desse espírito de fraternidade é o desejo do Todo-Poderoso para nós como Seus seguidores. Tal unidade é a evidência prática de uma vida cristã.
APLICAÇÃO PARA A VIDA
A sabedoria bíblica, conforme ensinada pelo Antigo Testamento, envolve compreender questões essenciais ligadas à salvação, como nossas origens (a criação), a lei (os princípios do caráter de Deus em nossa vida diária), o temor de Deus (um amor reverente que resulta em alegre obediência) e a retribuição divina (o destino final dos justos e dos ímpios). A sabedoria também é o conhecimento prático que nos prepara para viver uma vida madura e piedosa no lar, na vizinhança e no local de trabalho. Além disso, a sabedoria bíblica é um conselho piedoso para viver harmoniosamente com nosso cônjuge e nossos filhos. Ela nos oferece os princípios que orientam nosso uso do dinheiro e inúmeros outros aspectos da realidade cotidiana.
Desafie seus alunos a ponderar como eles podem aplicar as lições aprendidas nesta semana às diferentes circunstâncias da vida. Lembre-os de que viver no temor do Senhor trará grande prazer (Sl 112:1).
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Uma viúva feliz e sem filhos
Nepal | Ratnamaya
Ratnamaya se casou no Nepal quando tinha 13 anos. Muitos anos se passaram, e ela não teve filhos. Os habitantes da cidade a chamavam de nomes indelicados. Amigos e parentes a desprezavam como amaldiçoada. Seu marido a culpava e bebia muito.
Ratnamaya se sentia muito triste. Ela queria mais do que tudo no mundo ter um filho. Ela tentou de tudo para engravidar, mas nada ajudou. Quando parecia que a vida não poderia piorar, seu marido morreu repentinamente.
A tristeza de Ratnamaya se multiplicou. Agora, ela tinha que viver com a dupla dor de não ter filhos e ser viúva. Ela se sentia muito sozinha. Ela via outras pessoas vivendo felizes com filhos e netos.
Então, a pandemia de COVID-19 chegou, e ela ficou presa por meses. Ela gradualmente perdeu a vontade de viver. Foi então que um sobrinho parou em sua casinha. As restrições de bloqueio estavam diminuindo, e ele a convidou para visitar sua igreja.
“Venha à minha igreja”, disse ele. “Você vai ouvir muitas coisas novas e também pode ganhar um presente.” A igreja estava distribuindo arroz e cobertores para pessoas carentes durante a pandemia.
Ratnamaya decidiu ir. O culto de sábado a surpreendeu. Ela fora criada em uma religião não cristã e foi a primeira vez que assistiu a um programa cristão. Ela foi especialmente atraída pelos hinos e sentiu paz em seu coração ao ouvir as pessoas cantarem sobre Jesus.
Os frequentadores da igreja cumprimentaram Ratnamaya e falaram com ela. Ela ficou surpresa por ninguém xingá-la ou menosprezá-la. Ninguém disse que ela era culpada por ser uma viúva sem filhos. Em vez disso, todos falaram gentil e amorosamente com ela.
Depois daquele sábado, várias mulheres da igreja começaram a visitar Ratnamaya em sua casa. Elas lhe ensinaram sobre a Bíblia e oraram com ela. Ratnamaya começou a ir à igreja todos os sábados. Ela se sentia bem toda vez que ia à igreja e falava com as pessoas na igreja. Ela ficou especialmente feliz ao saber que Jesus a amava muito.
Ela parou de se sentir solitária e triste. Em Jesus, ela encontrou a alegria que faltou em toda a sua vida. Ela se sentia a pessoa mais feliz do mundo!
“O Senhor me deu Sua paz em meu coração”, disse ela. “Sempre serei grata a Deus por Seu amor e por tudo que Ele tem feito em minha vida.”
Hoje, Ratnamaya tem 65 anos e continua crescendo em sua fé cristã. Ela nunca foi à escola, por isso não sabe ler nem escrever. Mas ela está estudando a Bíblia com as mulheres da igreja e ouvindo um podcast de rádio produzido pela Igreja Adventista do Sétimo Dia. “Quero crescer ainda mais no Senhor, por isso peço a todos que orem por mim”, disse ela.
Um dos versículos bíblicos favoritos de Ratnamaya é Filipenses 4:4, onde Paulo diz: “Alegrem-se sempre no Senhor; outra vez digo: alegrem-se” (NAA).
“Não tenho marido nem filhos, mas nunca me sinto sozinha, porque posso me regozijar em meu Senhor e Salvador”, disse ela. “Meu Senhor está sempre comigo, e Ele me ama mais do que tudo.”
Parte da oferta deste trimestre ajudará a estabelecer uma escola de ensino fundamental onde as crianças poderão aprender a ler e escrever no Nepal. Obrigado por sua generosa oferta.
Por Andrew McChesney
Dicas para a história
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Comentário da Lição da Escola Sabatina – 1º Trimestre de 2024
Tema geral: O Livro dos Salmos
Lição 8 – 17 a 24 de fevereiro
Sabedoria para uma vida justa
Autor: Ezinaldo Ubirajara Pereira
Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
Revisora: Rosemara Santos
Introdução
A sabedoria é conhecida no Livro de Salmos pela palavra hebraica chokmah (se lê rokmah). Essa palavra é conceituada como a habilidade para administrar as várias questões da vida pessoal ou coletiva (Dt 34:9; 2Sm 14:20; Is 29:14; Jr 49:7); como perícia em guerra ou em algum trabalho técnico (Is 10:13; Êx 28:3; Êx 31:3, 6; Êx 35:26, 31, 35; Êx 36:1, 2); sabedoria em assuntos religiosos (Dt 4:6; Sl 37:30; 51:8; Sl 90:12; Pv 10:31; Is 33:6; Jr 8:9), etc. No entanto, a sabedoria é definida como sendo, também, o “temor do Senhor” (Sl 111:10). Temer a Deus significa respeitá-Lo, conhecê-Lo e amá-Lo. Isso requer um relacionamento próximo de Deus. Isso é sabedoria.
O verso para memorizar (Sl 90:12) aponta o objetivo dos passos indicados a serem dados pela pessoa para alcançar “um coração sábio”. Para esse propósito, a lição esboça alguns elementos que conduzem a pessoa no caminho da sabedoria.
Guardar a Palavra de Deus no coração – domingo
O Salmo 119 é indicado como leitura para a lição de segunda-feira. Esse Salmo expressa como pode ser a vida do cristão, tendo a experiência de guardar a lei de Deus, que ganha vários sinônimos no capítulo. O texto a respeito de guardar a Palavra/lei divina é este: “Guardo no coração as Tuas palavras, para não pecar contra Ti” (Sl 119:11).
Como foi explicado na introdução, o sábio é aquele que teme ao Senhor, que procura cumprir a vontade do Senhor expressa na Sua lei. Assim, guardar a lei de Deus é uma expressão de Sua vontade. A bênção que advém de guardar a lei de Deus no coração (mente) resulta em uma vida justa, que é a condição ou caráter de alguém que tem sabedoria.
Saber contar os dias – segunda-feira
A morte é o dilema que faz parte da vida de todo ser humano após a entrada do pecado. Certamente a primeira morte ainda não é a sentença final contra o pecado, pois a morte mencionada em Romanos 6:23 é a morte eterna, a qual contrasta com a vida eterna, provida por Deus para todo aquele que crê em Jesus Cristo como único Salvador pessoal. A morte eterna é sofrer o peso da ira de Deus como recompensa pelos pecados, e experimentar a eterna separação de Deus por meio de uma extinção agonizante e pesada. Já a morte que infelizmente vivenciamos todos os dias está incluída no conjunto de consequências da sentença contra o pecado, mas ainda não é a morte eterna.
A morte que presenciamos todos os dias é chamada de “sono” na Bíblia, a qual será interrompida no fim, quando Jesus voltar, no caso dos justos, ou após o milênio, no caso dos ímpios. Essa morte, todos iremos enfrentar, caso não alcancemos com vida o tempo da segunda vinda de Cristo. A perspectiva dessa morte, que pode ocorrer em pouco tempo, nos faz sentir quanto a nossa existência é curta, limitada. Por isso, o Salmo 90 apresenta um contraste entre nossa curta vida, com expectativa que varia entre setenta a oitenta anos (v. 10), com a eternidade do tempo de Deus (v. 2). Diante dessa realidade temporal, o salmista faz esta oração sábia: “Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio” (v. 12).
Saber contar os dias é ter a consciência de quão rápido passa esta curta vida, e saber aproveitar ao máximo este tempo, fazendo a vontade de Deus ao servi-Lo e cumprir Sua missão para com nossos semelhantes. Saber contar os dias é procurar viver o melhor da vida, tendo, no entanto, a consciência de que no fim daremos conta a Deus de tudo o que fizermos. A sabedoria consistirá nessa consciência sobre o tempo da vida, pois nosso curto tempo é “como a relva” que passa (Sl 102:11; 103:14-16).
O teste divino – terça e quarta-feira
Temos dificuldades com as palavras “experimentar”, “testar” ou “provar”, usadas em relação a Deus para com Seus filhos. A primeira palavra, bachan (lê-se barran), é usada na metáfora do ouro, que precisa passar pelo processo de refinamento, a fim de ser burilado e preparado para brilhar (Jó 23:10); semelhantemente, a palavra tsaraph, traduzida como “testar/provar”, também conceitua a ideia de refinamento, o processo usado por Deus a fim de trabalhar no crescimento da fé de Seus filhos (1Pe 1:6, 7).
A compreensão desses termos bíblicos dissipa qualquer dúvida sobre o conhecimento que Deus tem dos Seus filhos. Assim, entendemos que quando Deus permite que um filho Seu passe por determinada provação, não é porque precisa saber se esse filho O ama ou não. Deus já tem esse conhecimento devido à Sua onisciência, mas essa experiência é permitida para que sirva de processo purificador para a pessoa e, ao mesmo tempo, de testemunho para a glória de Deus, resultando em conversões de pessoas para o Reino dos Céus.
Esse conceito ajuda a entender a importância de saber resistir e vencer a tentação, como indicado no Salmo 141. O ato de resistir e vencer a tentação vai depender da atitude da pessoa diante da prova. Não há na pessoa força própria para resistir a tentação. A força de vontade e o poder de resistência só procedem de Deus. Por isso, o salmista pediu que Deus colocasse “guarda” à sua boca, ajudando-o a vigiar “a porta” de seus lábios (v. 3), não permitindo que seu coração se inclinasse “para o mal, para a prática da perversidade” (v. 4). Esses pedidos demonstram que a força para resistir e vencer não reside na pessoa, mas em Deus. Apenas pela atuação de Sua graça no coração, a pessoa consegue ter força de vontade para escolher fazer o bem e rejeitar o mal.
Outro recurso para o qual o salmista apelou, a fim de que pudesse resistir ao mal, foi a admoestação e correção recebida pela atuação de algum “justo”, se assim fosse necessário (v. 5). A admoestação, conselho ou repreensão de algum amigo é um meio que Deus usa para nos ajudar na luta contra a tentação. Atentemos para isso!
A bênção do justo – quinta e sexta-feira
O tema de uma vida justa é tão importante em Salmos que esse é o assunto do primeiro capítulo. O texto é dividido em duas seções: a) 1:1-3 – o caminho dos justos; b) 1:4-6 – o caminho dos ímpios. Claramente se percebe a intenção de contrastar os dois caminhos com o recurso literário do paralelismo usado pelo salmista.
Versos |
Sujeito |
Característica |
Foco |
Metáfora |
Destino |
1:1-3 |
Justo |
Feliz |
A lei do Senhor |
Árvore frutífera |
Prosperidade |
1:4-6 |
Ímpio |
Infeliz |
O conselho dos ímpios, caminho dos pecadores e roda dos escarnecedores |
Palha dispersa |
Destruição |
A metáfora usada ajuda a entender o diferencial entre o justo e o ímpio. O justo é comparado a uma “árvore plantada junto a uma corrente de águas” (v. 3). Corrente de águas é um símbolo do próprio Cristo como a Fonte da Água Viva (Sl 42:1; 63:1; Jo 4:13, 14; 7:37, 38), e “árvore” é um símbolo de pessoas (Jz 9:7-21; Ct 2:3; Ez 15:6; Mc 8:24; Lc 3:9). Uma “árvore” plantada “junto a corrente de águas” é uma clara metáfora do cristão unido a Jesus Cristo (Jo 15:5). Unido a Cristo, o cristão é chamado de “justo” e pode, “no devido tempo”, dar “o seu fruto” (v. 3).
O justo é diferente do ímpio, que é comparado à “palha” e é dispersado pelo “vento” (v. 4). Essa é a mesma linguagem do homem que edificou sua casa sobre a areia, e a casa foi derrubada pelo vento. Edificar sua casa sobre a areia, em contraste com edificar a casa sobre a rocha, é um claro símbolo daqueles que vivem longe de Cristo e serão dispersados por qualquer “vento” de dificuldade.
A diferença está no “caminho” (Sl 1:6) no qual as pessoas estão andando. O “caminho” dos justos é conhecido, sendo esse o único caminho seguro para conduzir ao Céu (Jo 14:6; At 19:23). Andemos todos por esse “Caminho”.
Conheça o autor dos comentários deste trimestre: Ezinaldo Ubirajara Pereira nasceu na capital de São Paulo. É graduado em Teologia pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo – campus, Engenheiro Coelho, e Administração de Empresas pela Escola Superior da Amazônia (ESAMAZ), campus Belém, Pará. Tem pós-graduação em Interpretação Bíblica pelo UNASP-EC. Possui Mestrado em Teologia com ênfase em Antigo Testamento pela Universidad Peruana Unión (UPeU – campus Lima, Peru). Atualmente cursa o programa de Doutorado em Teologia do Antigo Testamento pela UAP (Universidad Adventista del Plata – Libertador San Martin – Argentina). Atuou como capelão e pastor distrital. Hoje é professor na Faculdade Adventista de Teologia do UNASP-EC. É casado com Teresa Ramos Pereira, nascida em Taboão da Serra, SP, mestre em Liderança pela Andrews University. O casal tem dois filhos: Benjamim Dérek, de 6 anos, e Richard Dérek, de 2 anos.