Os capítulos 12 a 14 do Apocalipse nos preparam para a seção sobre os eventos dos últimos dias (Ap 15:1–22:21). Enquanto a primeira metade do livro (Ap 1:1–11:19) descreve as lutas espirituais da igreja em um mundo hostil ao longo da era cristã, o restante se concentra em eventos fundamentais que levarão à segunda vinda de Cristo e ao reino de Deus.
O propósito do capítulo 12 é nos apresentar o panorama completo por trás da crise final da história mundial. Esse capítulo revela o desenvolvimento do grande conflito entre Cristo e Satanás ao longo da história.
No livro do Apocalipse, Satanás é o arqui-inimigo de Deus e de Seu povo. Sua existência é real, e ele está por trás de todo mal e rebelião no Universo. Ele sabe que sua última chance de triunfar contra Deus antes da segunda vinda de Cristo é vencendo a batalha do Armagedom. Portanto, ele concentra todos os seus esforços na preparação para esse evento.
O propósito de Apocalipse 12 é assegurar ao povo de Deus que Satanás não terá sucesso. Esse capítulo é também uma advertência de que Satanás está determinado e travará uma guerra intensa contra a igreja remanescente de Deus dos últimos dias e de que nossa única esperança e poder para vencer encontram-se em Cristo.
1. Leia Apocalipse 12:1-5. João viu dois grandes sinais: uma mulher grávida de um filho e um dragão. Quem é essa mulher e o que esses versos ensinam?_______________________________________________________________________________________________
Na Bíblia, a palavra “mulher” é usada como símbolo do povo de Deus (2Co 11:2): uma mulher pura representa cristãos fiéis, enquanto uma prostituta representa cristãos apóstatas. A mulher de Apocalipse 12 simboliza primeiramente Israel, a quem o Messias veio (Ap 12:1-5); nos versos 13 a 17 ela representa a igreja verdadeira que dá à luz o remanescente.
O Sol representa a glória do caráter de Cristo, a Sua justiça (Ml 4:2). Ele é “a luz do mundo” (Jo 8:12), e Seu povo deve refletir a luz do Seu caráter amoroso (Mt 5:14-16). A Lua, um luzeiro menor (Gn 1:16), aponta para as promessas do Antigo Testamento, prefigurando a obra de Cristo.
Outro sinal que João observou na visão foi um dragão vermelho, posteriormente identificado como o diabo e Satanás, a antiga serpente (Ap 12:9). A sua cauda, simbolizando os meios usados para enganar (Is 9:14, 15;
Ap 9:10), arrastou um terço das estrelas do Céu para a Terra. Ao cair de sua posição exaltada no Céu (Is 14:12-15), Satanás conseguiu enganar um terço dos anjos. Esses anjos caídos são demônios que auxiliam o diabo na oposição a Deus e à Sua obra de salvação (veja 1Tm 4:1). O dragão é descrito como tendo “sete cabeças e dez chifres” (Ap 12:3, ARC), símbolo dos agentes no mundo usados por Satanás: Roma pagã (Ap 12:4) e o espiritismo (Ap 16:13). “Declara-se que o dragão é Satanás (Ap 12:9); foi ele que atuou sobre Herodes a fim de matar o Salvador. Mas o principal agente de Satanás, ao fazer guerra contra Cristo e Seu povo, durante os primeiros séculos da era cristã, foi o Império Romano, em que o paganismo era a religião dominante. Assim, embora o dragão represente primeiramente Satanás, é, em sentido secundário, símbolo de Roma pagã” (Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 438).
2. Leia Apocalipse 12:9. Satanás foi chamado de “a antiga serpente”. Qual é a relação entre Gênesis 3:15 e a tentativa do dragão de destruir o Descendente da mulher “quando [Este] nascesse” (Ap 12:4)?_______________________________________________________________________________________________
Desde o princípio, Satanás esteve à espera do Messias, o Filho que nasceria para destruí-lo. Quando o Messias nasceu, Satanás usou Roma pagã (simbolizada pelo dragão em Ap 12:4) a fim de destruí-Lo (veja Mt 2:13-16). Mas o Filho “foi arrebatado para Deus até ao Seu trono” (Ap 12:5).
3. Leia Apocalipse 12:7-9, que fala sobre uma guerra no Céu. Qual foi a natureza dessa guerra, que resultou na expulsão de Satanás do Céu? Assinale “V” para verdadeiro ou “F” para falso:
A. ( ) A guerra foi um conflito cósmico entre Deus e Satanás, que se rebelou contra a autoridade de Deus.
B. ( ) Lúcifer e outros anjos lutaram para ver quem teria o direito de governar a Terra.
Satanás foi expulso do Céu no início do grande conflito, quando se rebelou contra o governo de Deus. Ele queria tomar posse do trono no Céu e ser “semelhante ao Altíssimo” (Is 14:12-15). O inimigo permaneceu em aberta rebelião contra Deus, mas foi derrotado e exilado na Terra. Contudo, ao enganar Adão e Eva, Satanás usurpou o domínio de Adão sobre este mundo (Lc 4:6). Como governante autoproclamado da Terra e representante dela (Jo 12:31), ele reivindicou o direito de comparecer ao concílio celestial (Jó 1:6-12). No entanto, desde sua derrota na cruz, Satanás e seus anjos caídos têm estado confinados à Terra como uma prisão, até receberem seu castigo (2Pe 2:4, Jd 6).
Por Sua morte, Jesus redimiu o que havia sido perdido e o verdadeiro caráter de Satanás foi revelado diante do Universo. “Satanás viu que estava desmascarado. Sua administração foi exposta perante os anjos não caídos e o Universo celestial. Havia se revelado um homicida. Derramando o sangue do Filho de Deus, desarraigou-se Satanás das simpatias dos seres celestiais. Daí em diante sua obra seria restrita” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 761). O domínio sobre a Terra foi transferido de Satanás para Jesus perante todo o Universo, e Ele foi proclamado o governante legítimo sobre a Terra (Ef 1:20-22; Fp 2:9-11).
Jesus previu esse acontecimento dizendo: “Chegou o momento de ser julgado este mundo, e agora o seu príncipe será expulso” (Jo 12:31). Com esse juízo sobre Satanás, “veio a salvação, o poder, o reino do nosso Deus e a autoridade do Seu Cristo” (Ap 12:10). O diabo ainda terá poder limitado para causar dano ao povo de Deus na Terra, mas com a percepção de que “pouco tempo lhe resta” (Ap 12:12). No entanto, embora lhe reste, de fato, pouco tempo, ele está fazendo tudo que pode para causar dor, sofrimento e destruição aqui na Terra.
4. Leia Apocalipse 12:13, 14. Tendo sido expulso do Céu, Satanás atacou a igreja durante os 1260 dias/anos proféticos. Como Deus cuidou da igreja nesse período?_______________________________________________________________________________________________
“A expulsão de Satanás, como acusador dos irmãos no Céu, foi efetuada por meio da grande obra de Cristo ao dar a Sua vida. Apesar da persistente oposição de Satanás, o plano da redenção estava sendo executado […]. Sabendo que o império que ele havia usurpado lhe seria arrebatado no final, Satanás decidiu não poupar esforços para destruir o maior número possível das criaturas que Deus havia feito à Sua imagem. Ele odeia o homem porque Cristo manifestou por ele um amor perdoador e grande compaixão. Então, ele se preparou para aplicar todo tipo de engano pelo qual o ser humano possa ser levado à perdição; entregou-se à sua obra com mais energia por causa de sua própria condição irremediável” (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 3, p. 1.088).
Satanás continuou suas atividades na Terra, lançando sua fúria contra o grande objeto do amor de Cristo no mundo: a igreja. No entanto, a igreja encontrou proteção nos lugares desertos da Terra durante o período de 1.260 dias/anos.
O período da perseguição empreendida por Satanás é mencionado duas vezes em Apocalipse 12 em termos de 1.260 dias/anos (Ap 12:6) e “um tempo, dois tempos e metade de um tempo” (Ap 12:14). Ambos os períodos se referem à duração da ação perseguidora do chifre pequeno mencionado em Daniel 7:23 a 25. Na Bíblia, os dias proféticos simbolizam anos. O período da história que melhor se encaixa nesse período profético é 538 a 1798 d.C., durante o qual a Igreja Católica Romana, como poder eclesiástico e de Estado, dominou o mundo ocidental até 1798, ano em que Berthier, general de Napoleão, acabou com o poder opressivo de Roma, pelo menos temporariamente.
Durante esse longo período de perseguição, o dragão fez jorrar de sua boca água como um rio a fim de destruir a mulher. Águas representam povos e nações (Ap 17:15). Roma enviou exércitos e nações para guerrear contra o povo fiel de Deus durante esse tempo. Próximo do fim desse período profético, uma terra favorável engoliu o rio e salvou a mulher, proporcionando-lhe um abrigo seguro. Essa provisão indica o refúgio que os Estados Unidos, com sua liberdade religiosa, proporcionaram (Ap 12:16).
5. Leia Apocalipse 12:17. No tempo do fim, contra quem Satanás lutará de maneira intensa? Assinale a alternativa correta:
A. ( ) Contra a mulher e o restante da sua descendência.
B. ( ) Contra seus próprios aliados.
As palavras restante ou remanescente descrevem aqueles que permanecem fiéis a Deus enquanto a maioria apostata (1Rs 19:18; Ap 2:24). Enquanto a maioria das pessoas do mundo tomará o lado de Satanás no fim dos tempos, um grupo de pessoas levantadas por Deus após 1798 permanecerá fiel a Cristo diante da completa ira de Satanás.
6. Quais são as duas características do remanescente em Apocalipse 12:17? Como ter a certeza de que pertencemos ao remanescente no fim dos tempos?_______________________________________________________________________________________________
O remanescente que vive no tempo do fim guarda os mandamentos de Deus. Apocalipse 13 mostra que a primeira tábua do Decálogo será fundamental para o conflito no fim dos tempos. O principal componente dos primeiros quatro mandamentos é a adoração. A principal questão na crise final é quem deve ser adorado. Enquanto as pessoas no mundo escolherão adorar a imagem da besta, o remanescente adorará a Deus, o Criador (Ap 14:7). O quarto mandamento, o sábado, aponta especificamente para Deus como Aquele que nos criou. Essa é uma das razões pelas quais esse mandamento desempenhará um papel fundamental na crise final.
Além disso, a segunda característica do remanescente do tempo do fim é que eles “mantêm o testemunho de Jesus”, o qual, em Apocalipse 19:10, é apresentado como “o espírito de profecia” (NVI). Ao compararmos esse verso com Apocalipse 22:9, vemos que os “irmãos” de João que têm o testemunho de Jesus são profetas; portanto, a expressão “o testemunho de Jesus” se refere a Jesus testemunhando da verdade mediante Seus profetas, assim como Ele fez por meio de João (Ap 1:2). O Apocalipse mostra que, no tempo do fim, o povo de Deus terá o “espírito de profecia” para guiá-lo através desses tempos difíceis, visto que Satanás fará todos os esforços para enganá-lo e destruí-lo. Como adventistas, recebemos esse dom de revelação profética no ministério e nos escritos de Ellen G. White.
Ao longo da história cristã, Satanás se opôs à obra divina, principalmente por meio da sutil transigência no interior da igreja e mediante a coerção e perseguição externas. Embora tivesse sido bem-sucedida por muitos séculos, essa estratégia foi combatida pela Reforma e pela gradual redescoberta da verdade bíblica pelo povo de Deus. No entanto, ao perceber que seu tempo está acabando, Satanás intensificará seus esforços e pelejará contra o remanescente no tempo do fim (Ap 12:17). Seus ataques incluirão um amplo elemento de engano. Haverá demônios operando milagres e manifestações espiritualistas (Ap 16:14). Essa mudança na estratégia de Satanás corresponde à transição de um foco histórico para um foco no tempo do fim (veja Mt 24:24).
É significativo o fato de que a palavra enganar é usada regularmente em Apocalipse 12 a 20 para descrever as ações de Satanás no tempo do fim. A ideia de engano (sedução) inicia (Ap 12:9) e conclui (Ap 20:7-10) a descrição que o Apocalipse faz das ações de Satanás no tempo do fim.
7. Leia 2 Tessalonicenses 2:8-12 e Apocalipse 13:13, 14 e 19:20. Qual é a natureza do engano de Satanás no tempo do fim?_______________________________________________________________________________________________
Os capítulos 12 a 20 do Apocalipse descrevem Satanás tentando atrair a lealdade do mundo. Ele usa poderes políticos e religiosos, assim como impérios, para realizar sua obra: Roma pagã, simbolizada pelo dragão (Ap 12:4, 5); depois, um poder simbolizado pela besta do mar (Ap 12:6, 15; 13:1-8); e, finalmente, um poder simbolizado pela besta da terra (Ap 13:11). No restante do livro, os membros dessa tríade satânica – o paganismo/espiritismo simbolizado pelo dragão; o catolicismo romano simbolizado pela besta do mar; e o cristianismo apostatado simbolizado pela besta da terra semelhante a um cordeiro – se unem para se oporem a Deus. Eles enganam as pessoas para fazer com que elas se afastem de Deus e fiquem do lado de Satanás na “peleja do grande Dia do Deus Todo-Poderoso” (Ap 16:13, 14). Esses sistemas falsos serão destruídos na segunda vinda de Jesus (Ap 19:20), enquanto o dragão, simbolizando o diabo que atuou por meio desses poderes terrestres (Ap 12:9), será destruído ao final do milênio (Ap 20:10). O engano do fim dos tempos será tão grande que a maioria das pessoas será levada a escolher o caminho da destruição (Mt 7:13).
Leia o capítulo “Os Ardis de Satanás”, do livro O Grande Conflito, de Ellen G. White, p. 518-530.
Em primeiro lugar, o propósito de Apocalipse 12 é revelar ao povo de Deus que os eventos do tempo do fim são parte do grande conflito entre Cristo e Satanás e suas forças demoníacas. O livro adverte o povo de Deus sobre o que os fiéis estão enfrentando hoje e o que estão prestes a enfrentar de maneira ainda mais séria no futuro: um inimigo experiente e irado. Paulo nos advertiu sobre a atuação de Satanás no fim dos tempos: ele enganaria “com todo poder, e sinais, e prodígios da mentira, e com todo engano de injustiça aos que perecem, porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos” (2Ts 2:9, 10).
O Apocalipse nos recomenda levar a sério o futuro e tornar nossa dependência de Deus a prioridade. Por outro lado, o livro nos assegura que, embora Satanás seja um inimigo forte e experiente, ele não é forte o suficiente para vencer Cristo (veja Ap 12:8). O povo de Deus pode encontrar esperança somente Naquele que no passado venceu Satanás e suas forças demoníacas. E Ele prometeu estar com Seus fiéis seguidores “todos os dias até à consumação do século” (Mt 28:20).
Perguntas para discussão
1. Como adventistas, consideramos que temos as características do remanescente do tempo do fim. Que privilégio e que responsabilidade (Lc 12:48)! No entanto, por que devemos ter cuidado para não pensar que isso garante nossa salvação?
2. “Falamos demais sobre o poder de Satanás. É verdade que Satanás é um ser poderoso; mas agradeço a Deus por um poderoso Salvador, que expulsou do Céu o maligno. Falamos sobre nosso adversário, oramos a respeito dele, pensamos nele; e ele cresce cada vez mais em nossa imaginação. Agora, por que não falar de Jesus? Por que não pensar em Seu poder e Seu amor? Satanás tem prazer em nos fazer exaltar seu poder. Exalte Jesus, medite Nele e, ao contemplá-Lo, você será transformado à Sua imagem” (Ellen G. White, Advent Review e Sabbath Herald, 19 de março de 1889). De que maneira os cristãos exaltam o poder de Satanás? Por outro lado, quais são os perigos de negar não apenas a realidade do poder de Satanás, mas também sua própria existência?
Respostas e atividades da semana:
1. Comente com a classe.
2. Em Apocalipse 12:1 a 5, vimos o cumprimento da fala de Deus à serpente, em Gênesis 3:15. O Descendente da mulher (Cristo) esmagaria a cabeça da serpente (diabo); porém, a serpente feriria o calcanhar do Descendente.
3. V; F.
4. A mulher recebeu asas de águia e foi sustentada no deserto. Assim também Deus sustentou a igreja nesse período de provação.
5. A.
6. O povo remanescente guarda os mandamentos de Deus e tem o testemunho de Jesus. Se somos fiéis temos a certeza de que pertencemos a esse grupo.
7. O engano será uma contrafação da verdade com o objetivo de levar o mundo a adorar a Satanás.
RESUMO DA LIÇÃO 8 – Satanás, um inimigo derrotado
PARTE I: ESBOÇO
TEXTO-CHAVE: Apocalipse 12:11
FOCO DO ESTUDO: Apocalipse 12 abrange toda a história cristã, com vislumbres da guerra universal que está por trás dos conflitos na Terra.
INTRODUÇÃO: Em quatro estágios, Apocalipse 12 retrata a história de Israel tanto do Antigo quanto do Novo Testamento: (1) o período antes do nascimento de Cristo, com um vislumbre de Israel representado por uma mulher (Ap 12:1, 2) e a expulsão de Satanás do Céu (Ap 12:3, 4); (2) o nascimento, ascensão e entronização de Cristo, com uma retrospectiva da guerra no Céu, vista à luz da cruz (Ap 12:5, 7-11); (3) a história da igreja cristã entre os dois adventos de Jesus, com foco particular na perseguição da igreja durante a Idade Média (Ap 12:6, 13-16); (4) a experiência do remanescente do tempo do fim nos dias finais da história da Terra (Ap 12:17).
TEMAS DA LIÇÃO: A lição e a passagem em foco introduzem os seguintes temas:
I. O que acontece quando novos personagens aparecem no Apocalipse?
II. A natureza do conflito cósmico
III. Aplicação do princípio dia-ano
IV. O conceito bíblico de remanescente
V. O testemunho de Jesus
APLICAÇÃO PARA A VIDA: 1. Como a consciência do conflito cósmico afeta nosso modo de olhar para o mundo e nossa maneira de encontrar significado e propósito nele? 2. Qual é a importância do conflito cósmico na compreensão do caráter de Deus?
PARTE II: COMENTÁRIO
Apocalipse 12 retrata a história e a experiência da igreja desde o nascimento de Cristo (Ap 12:5) até a crise final da história da Terra (Ap 12:17), definindo o cenário para o foco principal do Apocalipse, ou seja, os eventos do tempo do fim, do capítulo 13 em diante (veja a lição da próxima semana para detalhes sobre Apocalipse 13).
EXPLICAÇÃO DOS PRINCIPAIS TEMAS DA LIÇÃO 8:
I. O que acontece quando novos personagens aparecem no Apocalipse?
Existe um padrão literário importante no livro do Apocalipse. Sempre que um novo personagem aparece na história, o autor faz uma pausa na narrativa e apresenta uma descrição visual desse personagem e um pouco de sua história anterior. Esse dispositivo de “congelamento do quadro” geralmente ajuda o leitor a identificar o personagem. Após essa introdução, o personagem desempenha um papel na história maior.
No capítulo 1, Jesus aparece como um personagem na visão pela primeira vez (Ap 1:12-18 [Ele é mencionado antes: Ap 1:5, 9]). Há uma descrição visual (Ap 1:12-16) e um pouco de Sua história anterior (Ap 1:17, 18), seguida por Suas ações na visão subsequente (Ap 2 e 3). No capítulo 11, as duas testemunhas são apresentadas da mesma forma (Ap 11:3-6), seguidas por suas ações no contexto da visão (Ap 11:7-13).
Dois novos personagens aparecem no início de Apocalipse 12 (Apocalipse 12:1-4). Primeiro, há a descrição visual de uma mulher (Ap 12:1) e um pouco de sua história anterior (Ap 12:2), e em seguida aparece um dragão, que é apresentado de forma semelhante (Ap 12:3, 4). Só então ambos os personagens começam a agir no contexto da visão em si (Ap 12:5-9). O Filho do homem do verso 5, por outro lado, não é apresentado com uma descrição visual, provavelmente porque Ele já o tinha sido antes de uma forma diferente (Ap 1:12-18).
II. A natureza do conflito cósmico
A guerra no Céu é descrita em linguagem militar. Há a linguagem da “guerra” (Ap 12:7, em grego polemos) e “luta” (em grego polemêsai, epolemêsen). Essas palavras gregas normalmente descrevem conflitos armados, mas podem ser usadas também de forma figurada, para aumentar o drama das disputas e discordâncias verbais (Tg 4:1). Após um exame mais detalhado, a guerra no Céu é mais uma guerra de palavras do que um evento militar. Existem quatro evidências principais disso no capítulo 12.
Primeiro, o dragão arrasta um terço das estrelas do Céu com sua cauda (grego: oura). Cauda é um símbolo do Antigo Testamento para um profeta que ensina mentiras (Is 9:15). Segundo, o dragão é definido em Apocalipse 12:9 como “a antiga serpente”, uma referência clara às mentiras sobre Deus faladas a Adão e Eva no jardim (Gn 3:1-6). Terceiro, em Apocalipse 12:10 o dragão/Satanás é expulso do Céu como o “acusador dos nossos irmãos”. São suas palavras acusadoras, em vez de armas físicas, que resultam na sua expulsão. E, finalmente, o dragão/Satanás é vencido “por causa do sangue do Cordeiro e por causa da palavra do testemunho que deram” (Ap 12:11). Portanto, a guerra de Apocalipse 12 não é uma batalha militar, mas uma guerra de palavras e ideias.
III. Aplicação do princípio do dia-ano
O princípio do dia-ano é crucial para a interpretação correta da profecia apocalíptica. É mais ou menos assim: “Na profecia apocalíptica, os períodos de tempo são simbólicos, de modo que seu cumprimento deve ser contado em anos”. Esse princípio não é declarado como tal nas Escrituras, mas a Bíblia nos dá o padrão, destacando equivalências de um dia por um ano. Em Números 14:34, os 40 dias de Israel que levaram à rebelião correspondem a 40 anos previstos de peregrinação no deserto. Em Ezequiel 4:5, 6, o profeta devia se deitar um dia para cada ano de desobediência de Israel e a Judá. Em Levítico 25, o conceito de uma semana com o sábado é estendido de dias para anos. As pessoas cultivavam a terra por seis anos e deixavam a terra “descansar” durante o sétimo ano ou ano sabático. Daniel 9 contém 70 “semanas” ou 490 anos. Então, o conceito sabático também destaca o princípio do dia-ano nos tempos bíblicos.
Mas quando se deve aplicar dias proféticos como anos? Existem vários princípios orientadores a ser considerados. (1) Visto que as profecias apocalípticas, como as encontradas em Daniel e Apocalipse, estão cheias de símbolos, deve-se considerar um significado simbólico para qualquer número na profecia. (2) Os números nos casos de emprego do princípio do dia-ano tendem a ser do tipo que não se usaria na fala normal. Nenhum pai, por exemplo, diria que seu filho tem 1.260 dias de idade, 42 meses de idade ou, muito menos, que a criança tem 2.300 tardes e manhãs! (3) Em uma sequência de eventos proféticos, se a profecia faz mais sentido ao contar os dias como anos, deve-se fazê-lo. Por exemplo, em Daniel 7, cada uma das quatro bestas reina por várias décadas, até mesmo centenas de anos. Mas quando o principal oponente de Deus aparece, ele governa por apenas três tempos e meio ou anos (Dn 7:25). Do ponto de vista do fim da história da Terra, torna-se evidente que esse período de tempo profético incomum de Daniel 7 deve ser interpretado utilizando o princípio do dia-ano.
IV. O conceito bíblico do remanescente
O povo de Deus no conflito final é chamado de “restantes” [remanescente] (grego loipôn) em Apocalipse 12:17. O significado original de “remanescente” é “sobreviventes de um desastre”. Por causa de inundação, terremoto ou conquista, uma tribo ou povo pode ser totalmente destruído. A sobrevivência de um remanescente trazia esperança de que a tribo ou povo pudesse ser restaurado(a) para a grandeza no futuro (ver Is 1:9). No Antigo Testamento, havia também um significado moral ou espiritual atrelado ao “remanescente”. O remanescente era uma “minoria crente”, através do qual Deus poderia salvar a humanidade da extinção, apesar da presença do pecado e do mal no mundo (Gn 7:23).
Como resultado, o “remanescente” era usado de três maneiras diferentes no Antigo Testamento: (1) remanescente histórico. Esse é o grupo que sobreviveu a um grande juízo de Deus no passado, como os judeus que foram para o exílio na Babilônia ou permaneceram na terra. Esse grupo é visível, identificável e contável. (2) Remanescente fiel. Esse termo se refere àqueles dentre um determinado remanescente histórico que permanecem fiéis à mensagem e missão de Deus para um tempo específico. São as pessoas que Deus sabe que são fiéis a Ele (2Tm 2:19). Essas pessoas nem sempre são tão visíveis quanto o remanescente histórico (1Rs 19:14-18). (3) Remanescente escatológico. O remanescente escatológico é composto por todos os que são fiéis durante o tempo do fim (Jl 2:31, 32). Esse remanescente escatológico compreende aqueles que poderão suportar o dia da ira (Ap 6:17) e que serão perseverantes até o fim (Mt 24:13).
O livro do Apocalipse se refere claramente a pelo menos dois tipos de remanescentes. Os remanescentes fiéis em Tiatira são aqueles que sobrevivem à apostasia daquele período (Ap 2:24). Um remanescente escatológico, ou do tempo do fim, surge justamente antes do fim do tempo da graça (Ap 11:13; 12:17). É propósito de Deus que esse último remanescente prepare o caminho para a segunda vinda de Jesus, assim como João Batista preparou o caminho para o primeiro advento de Cristo.
V. O Testemunho de Jesus
Uma das marcas do remanescente em Apocalipse 12:17 é que eles “têm” (grego: echontôn) o “testemunho de Jesus” (grego: tên marturion Iêsou). Isso significa que João previu, para o tempo do fim, um reavivamento do tipo de dom visionário e profético que ele mesmo recebeu (Ap 1:2). Esse significado para “testemunho de Jesus” é confirmado por uma comparação cuidadosa de Apocalipse 19:10 e Apocalipse 22:8, 9. Aqueles que se mantêm fiéis ao testemunho de Jesus em Apocalipse 19:10 são chamados de “profetas” em Apocalipse 22:9. Os adventistas do sétimo dia entendem que esse dom foi cumprido no ministério de Ellen G. White.
Parte III: Aplicação para a Vida
1. De que maneira o conflito cósmico influencia seu modo de ver o mundo? Como seria viver sem esse conhecimento? O conflito cósmico responde poderosamente às três grandes questões da filosofia: (1) De onde eu vim? (2) Para onde vou? e (3) Por que estou aqui? O conhecimento do conflito cósmico oferece significado e propósito a tudo o que fazemos, nos conecta a algo maior que nós mesmos e nos permite estar tranquilos quanto ao futuro, sabendo que ele está seguro nas mãos de Deus.
2. Qual é o significado da guerra celestial em nossa imagem de como Deus é? O lado de Deus no conflito cósmico prioriza o amor e o sacrifício próprio, respeita a liberdade das criaturas, e não coage, mas é paciente, procurando apresentar evidências persuasivas. Por outro lado, Satanás procura vencer pela perseguição (força) e pelo engano (mentira). A expulsão de Satanás em Apocalipse 12:9, 10 significa que as hostes do Céu não mais levam a sério suas mentiras. Seus argumentos perderam a credibilidade e sua presença ali não mais é desejada.
Em grande medida, a imagem que temos de Deus determina como vivemos e nos comportamos. Se pensamos em Deus como severo e crítico, nos tornamos mais severos e críticos. Se pensamos em Deus como gracioso e abnegado, nos tornamos semelhantes a Ele. Nós nos tornamos como o Deus que adoramos.
Arriscando tudo pelo sábado
Após o batismo, Carlos comunicou ao supervisor que não mais poderia trabalhar aos sábados na Voice of America [Voz da América]. Diante da informação, o supervisor o olhou curioso e disse: “A guarda do sábado era lei vigente no Antigo Testamento. Os cristãos seguem o Novo Testamento.” Carlos foi para casa e fez uma lista com as referências do Novo Testamento sobre a guarda do sábado. No dia seguinte, ele entregou a lista ao supervisor. “O sábado está presente no Novo Testamento e precisa ser guardado”, disse. “Esta é sua decisão final?” “Sim, minha decisão é guardar o sábado porque, de outra maneira, seria pecado.” O supervisor apertou a sua mão, enquanto dizia: “Esta foi a primeira vez que alguém me desafiou por causa do sábado no trabalho.” Dessa forma, finalizou o debate e nunca mais pediu que Carlos trabalhasse no sábado. Então, o supervisor mudou de emprego.
Conflito no trabalho
Carlos, pai de 10 filhos, trabalhava como eletricista na emissora de TV. Uma de suas responsabilidades era descarregar remessas de combustível do barco para o gerador de energia da emissora. O barco atracava às quintas-feiras. Então, ele e os colegas começavam a descarregar o combustível imediatamente e terminavam a tarefa na sexta-feira.
Certo dia, o barco atracou numa sexta-feira. Dessa vez, Carlos não incomodou o novo supervisor, um nativo de São Tomé, devoto guardador do domingo. Em vez disso, foi direto ao gerente, um cidadão americano, que negou seu pedido de sair às 17h30. “Mas eu tenho um compromisso com Deus”, Carlos disse. “Cabe a você decidir”, o gerente respondeu. Carlos foi ao banheiro para orar.
Não era fácil encontrar um bom emprego em São Tome, e Carlos pensou: “O que acontecerá com minha família? Como eu falarei com eles?” Ele não queria ser despedido, mas sua prioridade era honrar a Deus. Então, decidiu trabalhar até às 17h30 e sair. Pouco antes do momento de sua saída, os motores do barco foram inundados. Carlos e os colegas lutaram para resolver o problema, mas as coisas só pioraram. Finalmente, os homens chegaram à praia, onde o gerente os esperava.
“A situação está muito grave”, um colega de trabalho disse. “Não será possível descarregar o combustível neste fim de semana.” O gerente não disse nada. Carlos foi para casa desfrutar as bênçãos do sábado, mas temia enfrentar o gerente após o fim de semana. Na segunda-feira, o gerente nada falou. E permaneceu em silêncio na terça e na quarta-feira. A semana passou e ele não se pronunciou. Então, um colega
de trabalho disse para Carlos: “Você sabe o que o gerente falou sobre o barco? Ele disse que o que aconteceu foi obra divina.” Carlos mal podia acreditar. Em casa, ele e a esposa agradeceram a Deus por haver protegido seu emprego.
“Deus é bom”
Alguns dias depois, outro colega de trabalho forneceu mais detalhes sobre o pensamento do gerente. Descobriu-se que o gerente secretamente planejara permitir que Carlos saísse às 17h30, mas os motores do barco inundaram antes que ele pudesse anunciar a decisão. Como resultado, ninguém pôde trabalhar no sábado. Sem o conhecimento de Carlos, um segurança da empresa o observava há algum tempo, imaginando o que aconteceria se ele mantivesse suas convicções sabáticas. Quando o guarda viu o que Deus havia feito com o barco, exclamou para Carlos: “Seu Deus é grande!” O guarda passou a frequentar a igreja adventista. Carlos não enfrentou mais nenhum conflito relacionado a guarda do sábado.
“Deus é bom para todos que confiam Nele”, diz Carlos, que atualmente está com 48 anos. “Enfrentei muitos desafios aparentemente insuperáveis, mas tudo foi solucionado sem minha ajuda.”
Muitas pessoas nesse país de 200 mil habitantes não sabem sobre a guarda do sábado. Mais da metade da população é católica romana, enquanto a Igreja Adventista possui oito mil membros, 13 igrejas e 56 grupos.
Carlos gosta muito de contar sua experiência com a guarda do sábado. “Esse é meu dever: contar às pessoas minha experiência e o que descubro na Bíblia”, diz. “Meu desejo é fazer tudo que posso para disseminar a palavra de Deus.” Parte da oferta do trimestre ajudará na construção de uma igreja que alcançará a classe média em São Tomé. Nós agradecemos sua liberalidade.
Comentário da Lição da Escola Sabatina – 1º Trimestre de 2019
Tema Geral: O livro do Apocalipse
Lição 8: 16 a 23 de fevereiro
“Satanás, um inimigo derrotado”
Autor: Érico Tadeu Xavier
Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
Revisora: Josiéli Nóbrega
Por meio de símbolos, o capítulo 12 do Apocalipse desdobra a profecia que Deus fez no Éden depois da queda. (Ver Gênesis 3:15). Então o Senhor falou à serpente (Satanás) a respeito de Eva, a mulher, e seus descendentes (a Igreja de Deus) e seu principal Descendente (Cristo). Haveria "inimizade" entre os seguidores de Satanás e a Igreja. Satanás "feriria" o calcanhar de Cristo (a morte de Jesus no Calvário), mas Cristo esmagaria finalmente a cabeça da serpente (a destruição de Satanás e de todos os efeitos do pecado).
1. A mulher e o dragão
A mulher vestida de sol (Ap12:1) – "Como é retratada prestes a dar à luz o Messias (ver versos 2, 4, 5) e, posteriormente, sendo perseguida após a ascensão Dele (v. 5, 13-17), ela simboliza a igreja tanto do Antigo quanto do Novo Testamentos" (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 7, p. 893). A justiça de Cristo nos é concedida pelo Espírito Santo quando aceitamos Jesus como Salvador e Senhor. (Ver Efésios 3:16, 17; João 14:17, 20; Ezequiel 36:27).
A lua debaixo dos pés – Assim como a Lua reflete a glória do Sol, as Escrituras, escritas por "homens santos de Deus” (2Pe 1:21), refletem a glória de Cristo. (Ver João 5:39; Lc 24:27, 44). Dizer que a igreja está firmada sobre a Palavra de Deus é apenas outra maneira de declarar que ela está fundada sobre Jesus Cristo.
Coroa de 12 Estrelas – "Como no Antigo Testamento os doze patriarcas ocupavam o lugar de representantes de Israel, assim os doze apóstolos representam a igreja evangélica" (Atos dos Apóstolos, p. 19).
O Filho da Mulher – Três razões para identificar o Filho com Cristo: 1. Cristo foi Aquele a quem o diabo procurou destruir (Ap 12:4; Mt 2; Jo 18; 19); 2. Cristo regerá "todas as nações com cetro de ferro" (Ap 19:15; 2:27; Sl 2:9; 89:23); 3. Cristo "foi arrebatado para Deus e para o Seu trono" (Mc 16:19; Lc 24:50, 51; At 1:6-11).
Crucifixão de Cristo – Note estas evidências de que Apocalipse 12:10-12 se refere ao tempo da crucifixão de Cristo: 1. Nos versos 9 e 10 é declarado várias vezes que Satanás "foi expulso". Jesus disse que Sua morte faria com que Satanás fosse "expulso" (Jo 12:31-33). 2. A ênfase da palavra "agora" em João 12:10 (em grego, arti, "agora mesmo", "neste momento"). "Agora veio a salvação, o poder, o reino do nosso Deus e a autoridade do Seu Cristo" (Ap 12:10). A certeza absoluta da salvação humana só foi alcançada no Calvário. 3. "Foi expulso o acusador de nossos irmãos, o mesmo que os acusa de dia e de noite, diante do nosso Deus" (Ap 12:10). Essa declaração resume a longa história da atividade de Satanás entre o Éden e o Calvário. Isso seria verdade sob o aspecto da expulsão na cruz, mas não por ocasião da rebelião original de Satanás. 4. "Eles o venceram pelo sangue do Cordeiro" (v. 11). Isso é uma referência direta ao Calvário (comparar com Apocalipse 5:6, 9). 5. A voz celestial convida todos os seres inteligentes dos domínios celestiais a se alegrarem com a queda do inimigo universal (v. 12).
2. O Dragão e a Mulher
O dragão – No sentido primário, o dragão é Satanás (v. 9). Em sentido secundário, o dragão representa os poderes terrestres usados por Satanás para combater Cristo, Sua verdade e Seu povo. (Ver v. 4, 6, 13 a 17.)
Sete cabeças e dez chifres do dragão – As mesmas sete cabeças e dez chifres são mencionados nos capítulos 12, 13 e 17. Sabemos que cinco das cabeças se referem a reinos ou nações que haviam caído por volta do tempo do apóstolo João. (Ver Apocalipse 17:10.) Essas nações foram: Egito, Assíria, Babilônia, Média-Pérsia e Grécia. A sexta cabeça é considerada o poder político que existia no tempo do apóstolo João – o Império Romano. A sétima cabeça seria, portanto, o poder mundial mais significativo que se seguiu ao império romano: o papado medieval. Como é salientado no livro de Daniel e no Apocalipse, o império romano foi dividido em numerosos fragmentos políticos, e o papado tomou seu lugar como a principal influência no Ocidente.
A rebelião e expulsão – A rebelião é inexplicável, porém precisamos compreender claramente as duas ocasiões em que Satanás foi expulso: a) antes da criação deste mundo (2Pe 2:4). Até a cruz o inimigo devia ter acesso aos seres celestiais de forma limitada. Em Primeiros Escritos, página 290, é dito que Satanás tentou outros mundos também, porém sem sucesso. Ele ficará confinado à Terra somente após a segunda vinda de Cristo. (Ver Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 7, p. 896, 897). b) quando Cristo o derrotou na cruz. Vivemos no tempo da "grande ira" de Satanás (Ap 12:12), pois ele sabe muito bem qual é o seu destino e que só lhe resta "pouco tempo". Mas sua destruição definitiva é inevitável.
Condenado e desmascarado – "Cristo inclinou a cabeça e expirou, mas manteve firme a Sua fé em Deus, e a Sua submissão a Ele. [...] Satanás viu que estava desmascarado. Sua administração foi exposta perante os anjos não caídos e o universo celestial. Revelara-se um homicida. Derramando o sangue do Filho de Deus, desarraigou-se Satanás das simpatias dos seres celestiais. Daí em diante sua obra seria restrita. Qualquer que fosse a atitude que tomasse, não mais podia esperar os anjos ao virem das cortes celestiais, nem perante eles acusar os irmãos de Cristo de terem vestes de trevas e contaminação de pecado. Estavam rotos os derradeiros laços de simpatia entre Satanás e o mundo celestial" (O Desejado de Todas as Nações, p. 761).
3. Estratégias de Satanás no tempo do fim
Os versos 1 a 16 destacam várias vezes que o diabo atacou Cristo e Sua igreja no decorrer da História. O contexto do verso 17 indica que a ira de Satanás é manifestada contra a igreja depois de 1798. A igreja do “tempo do fim” (Dn 12:7, 9) é o alvo especial dos ataques demoníacos. Em algumas versões bíblicas, a palavra grega traduzida por “remanescente” significa “os restantes”. O verbo correspondente quer dizer “deixar de resto”, ou “deixar ficar”. O “remanescente” de Apocalipse 12:17 se refere aos verdadeiros seguidores de Cristo (Sua Igreja) que restariam após o fim dos 1260 anos em 1798. De acordo com Daniel 12:7 e 9, essa data assinalou o começo do “tempo do fim”. A estratégia do inimigo é atacar o remanescente sem piedade.
Conclusão – “Temos muito mais a temer de dentro do que de fora. Os obstáculos à força e ao êxito são muito maiores da parte da própria igreja do que do mundo” (Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 122). Esse fato requer que todo seguidor de Cristo esteja profundamente arraigado nas verdades das Escrituras e em íntima união com Cristo. (Ver O Grande Conflito, p. 600, 601.)
Conheça o autor do comentário: Érico Tadeu Xavier possui graduação em Teologia Pastoral (1991) e mestrado (2000) pelo Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia; Doutorado (PhD) pelo South African Theological Seminary (2011). Pós-doutorado (2014) na área de teologia sistemática pela FAJE – Faculdade de Filosofia e Teologia Jesuíta, de Belo Horizonte. Foi professor de teologia na Bolívia e na Bahia, na FADBA. Atualmente é professor de teologia sistemática no SALT – IAP. Autor de 11 livros, é casado com a psicopedagoga e mestre em educação Noemi, com quem tem dois filhos, Aline e Joezer, que são casados e vivem no Paraná.