Muitos se lembram das enfermidades da infância e das longas noites febris em que acordavam de um sono leve e viam a mãe ou o pai sentados em uma cadeira ao lado da sua cama no brilho suave da luz noturna.
Semelhantemente, no sentido figurado e humano, Deus Se sentou ao lado de um mundo doente de pecado, quando as trevas morais começaram a se agravar ao longo dos séculos após o dilúvio. Por essa razão, Ele chamou Abrão e planejou estabelecer por meio de Seu servo fiel um povo a quem pudesse confiar um conhecimento de Si mesmo e oferecer a salvação.
Portanto, Deus estabeleceu uma aliança com Abrão e sua posteridade. Essa aliança enfatizava, com mais detalhes, o plano divino de salvar a humanidade dos resultados do pecado. O Senhor não deixaria Seu mundo abandonado, em tão extrema necessidade. Nesta semana examinaremos os desdobramentos de outras promessas da aliança.
Resumo da semana: Qual é o nome de Deus? O que ele significa? Qual era a importância dos nomes que Deus usou para Se identificar a Abrão? Quais nomes Ele usou para Se identificar? Por que Deus mudou o nome de Abrão para Abraão? Por que os nomes são importantes? Quais condições ou obrigações estavam vinculadas à aliança?
“O Senhor disse também: – Eu sou o Senhor que o tirei de Ur dos caldeus, para lhe dar esta terra como herança"(Gn 15:7).
Os nomes podem ser como marcas comerciais. Eles se tornam tão intimamente associados em nossa mente a certas características que, quando os ouvimos, lembramos imediatamente delas. Quais atributos vêm à mente, por exemplo, quando pensamos nestes nomes: Albert Einstein, Martin Luther King Jr., Gandhi ou Dorcas? Cada um deles está associado a certas características e ideais.
Nos tempos bíblicos, as pessoas do Oriente Próximo atribuíam grande importância ao significado dos nomes. “Para os hebreus, o nome sem-pre foi um indicativo das características pessoais ou do pensamento e das emoções de quem dava o nome e, às vezes, das circunstâncias em que era dado” (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 1, p. 555).
Ao entrar em aliança com Abrão, Deus Se deu a conhecer ao patriarca sob o nome de YHWH (impresso como SENHOR, em maiúsculas, na ver-são NAA [Gn 15:7] e pronunciado como Yahweh). Portanto, Gênesis 15:7 registra literalmente: “Eu sou YHWH que o tirei [...]”.
O nome YHWH, embora apareça 6.828 vezes no Antigo Testamento, está de certa forma envolto em mistério. Parece ser uma forma do verbo hayah, “ser”, e, nesse caso, significaria “o Eterno”, “o Que Existe”, “o Que Existe por Si Mesmo”, “o Autossuficiente” ou “Aquele Que Vive Eternamente”. Os atributos divinos enfatizados por essa denominação são os de au-toexistência e fidelidade. Mostram o Senhor como Deus vivo, a Fonte da vida, em contraste com os deuses dos pagãos, que não tinham existência à parte da imaginação dos adoradores.
O próprio Deus explicou o significado de Yahweh em Êxodo 3:14: “Eu Sou o Que Sou”. Esse significado expressa a realidade da existência incondicional de Deus, enquanto também sugere Seu domínio sobre o passado, o presente e o futuro.
Yahweh também é o nome pessoal de Deus. A identificação de Yahweh como Aquele que tirou Abrão de Ur refere-se ao anúncio da aliança de Deus com o patriarca em Gênesis 12:1-3. Deus desejava que Abrão conhecesse Seu nome, pois esse nome revelava aspectos de Sua identidade, natureza pessoal e caráter – e com esse conhecimento podemos aprender a confiar em Suas promessas (Sl 9:10; Sl 91:14).
“Quando Abrão atingiu a idade de noventa e nove anos, o SENHOR apareceu a ele e disse: - Eu sou o Deus Todo-Poderoso; ande na Minha presença e seja perfeito" (Gn 17:1).
Yahweh já havia aparecido a Abrão várias vezes antes (Gn 12:1, 7; Gn 13:14; Gn 15:1, 7, 18). Então, em Gênesis 17:1, Yahweh apareceu nova-mente a Abrão, apresentando-Se como “Deus Todo-Poderoso” – um nome usado apenas no livro de Gênesis e no livro de Jó. Esse nome consiste primeiramente em ‘El, o nome fundamental de Deus entre os semitas. Embora o significado exato de Shaddai não seja totalmente certo, a tradução “Todo-Poderoso” parece ser a mais precisa (compare com Is 13:6 e Jl 1:15). A ideia crucial no uso desse nome parece ser a de contrastar a força e o poder de Deus com a fraqueza e fragilidade da humanidade.
1. Leia Gênesis 17:1-6. Por que o Senhor, naquele momento, quis enfatizar a Abrão Sua força e Seu poder? O que Deus disse que exigia que Abrão confiasse nessa força e nesse poder?
Uma tradução literal de Gênesis 17:1-6 seria: “Quando Abrão atin-giu a idade de noventa e nove anos, Jeová apareceu a ele e disse: ‘Eu sou ‘El-Shaddai; ande na Minha presença e seja perfeito. Farei uma aliança entre Mim e você e darei a você uma descendência muito numerosa [...]. Você será pai de muitas nações [...]. Farei com que você seja extraordina-riamente fecundo”. Esse mesmo nome aparece também em Gênesis 28:3, em que Isaque declarou que ‘El-Shaddai abençoaria Jacó, o faria fecundo e o multiplicaria.
Uma promessa semelhante de ‘El-Shaddai encontra-se em Gênesis 35:11, Gênesis 43:14 e Gênesis 49:25, passagens que sugerem a generosidade exercida por Deus: ‘El, o Deus de poder e autoridade, e Shaddai, o Deus das riquezas inesgotáveis, riquezas que Ele deseja conceder aos que as buscam com fé e obediência.
Embora os nomes de Deus apresentassem significado espiritual e teológico, isso não era uma exclusividade de Deus. Os nomes das pessoas no antigo Oriente Próximo não eram apenas formas de identificação sem sentido, como costumam ser para nós. Dar o nome de Maria ou Suzana a uma menina não faz muita diferença hoje. Contudo, para os semitas antigos, os nomes eram carregados de significado espiritual. Todos os nomes semíticos de pessoas tinham significado e geralmente consistiam numa frase ou sentença curta que compreendia um desejo ou uma expressão de gratidão por parte dos pais. Por exemplo, Daniel significa “Deus é juiz”; Joel significa “Javé é Deus” e Natã significa “Dom de Deus”.
Devido ao significado atribuído aos nomes, estes costumavam ser alterados para refletir uma mudança radical na vida e nas circunstâncias da pessoa que levava o nome.
2. Procure os seguintes textos. Quais situações eles abordam e por que os nomes foram alterados nessas situações?
Gn 32:28 _________________________________________________________
Gn 41:45 _________________________________________________________
Dn 1:7 ___________________________________________________________
No entanto, em certo sentido, não é tão difícil, mesmo para as mentes modernas, entender a importância de como uma pessoa é chamada. Existem efeitos sutis e, às vezes, não tão sutis. Se alguém é constantemente chamado de “estúpido” ou “feio” e se essas são as denominações usadas o tempo todo por muitas pessoas – mais cedo ou mais tarde esses nomes podem ter um impacto na maneira como a pessoa se vê. Da mesma forma, ao dar às pessoas certos nomes ou ao mudar seus nomes, parece possível influenciar sua maneira de se enxergarem e, assim, influenciar seu modo de agir.
Com isso em mente, não é tão difícil entender por que Deus desejava mudar o nome “Abrão” para “Abraão”. Abrão significa “Pai excelso”; Deus o mudou para Abraão, que significa “Pai de uma multidão”. Se observar-mos a promessa da aliança na qual Deus disse: “Farei com que você seja extraordinariamente fecundo. De você farei surgir nações, e reis procederão de você” (Gn 17:6), a mudança de nome faz mais sentido. Talvez essa tenha sido a maneira de Deus ajudar Abraão a confiar na promessa da aliança, que estava sendo feita a um homem de 99 anos, casado com uma idosa que, até então, tinha sido estéril. Em resumo, Deus fez isso para aumentar a fé de Abraão em Suas promessas para ele.
Em Gênesis 12:1, 2 é revelada a primeira etapa da promessa da aliança de Deus a Abrão. Deus Se aproximou de Abrão, deu-lhe uma ordem, e então lhe fez uma promessa. A abordagem expressa o fato de Deus ter es-colhido graciosamente Abrão para ser a primeira figura importante de Sua aliança especial de graça. A ordem envolve a prova da total confiança em Deus (Hb 11:8). A promessa (Gn 12:1-3, 7), embora feita especificamente aos descendentes de Abrão, inclui finalmente uma promessa a toda a humanidade (Gn 12:3; Gl 3:6-9).
3. A segunda etapa da aliança de Deus com Abrão aparece em Gênesis 15:7-18. Em quais versos encontramos alguns dos mesmos passos que apareceram na primeira etapa?
A abordagem de Deus ao homem ___________________________________
O chamado à obediência humana ___________________________________
A promessa divina _____________________________________________
No ritual solene da segunda etapa, o Senhor apareceu a Abrão e passou entre as partes de animais cuidadosamente dispostas ali. Todos os três animais haviam sido abatidos e divididos ao meio, e as duas metades foram colocadas uma em frente à outra, com um espaço entre as duas. As aves foram mortas, mas não divididas ao meio. Os que entraram em aliança de-viam andar entre as partes divididas, jurando simbolicamente obediência perpétua às cláusulas assim acordadas solenemente.
4. Descreva o que ocorreu durante a terceira e última etapa da aliança divina com Abraão (veja Gn 17:1-14):
O significado do nome Abraão ressalta o desejo e o desígnio de Deus de salvar todos os povos. As “muitas nações” incluiriam judeus e gentios. O Novo Testamento deixa bem claro que os verdadeiros descendentes de Abraão são aqueles que têm a fé de Abraão e que confiam nos méritos do Messias prometido (veja Gl 3:7, 29). Portanto, desde Abraão, a intenção do Senhor era salvar o maior número possível de pessoas, quaisquer que fossem as nações em que vivessem. Evidentemente, hoje não é diferente.
“Porque Eu o escolhi para que ordene aos seus filhos e a sua casa depois dele, a fim de que guardem o caminho do Senhor e pratiquem a justiça e o juízo, para que o Senhor faça vir sobre Abraão o que lhe pro-meteu” (Gn 18:19).
Como vimos até agora, a aliança é sempre uma aliança de graça, em que Deus faz por nós o que jamais poderíamos fazer por nós mesmos. Não há exceção na aliança com Abraão.
Em Sua graça, Deus escolheu Abraão como Seu instrumento para auxiliar na proclamação do plano da salvação para o mundo. Entretanto, o cumprimento das promessas da aliança estava vinculado à disposição de Abraão de andar em justiça e obedecer ao Senhor pela fé. Sem essa obediência da parte de Abraão, Deus não poderia usá-lo.
Gênesis 18:19 demonstra como a graça e a lei estão relacionadas. O verso inicia com a graça (“Eu o escolhi”) e é seguido pelo fato de que Abraão obedeceria ao Senhor e faria com que sua família também obedecesse. Fé e obras, portanto, aparecem aqui em uma união estreita, como deve ser (veja Tg 2:17).
5. Observe a linguagem de Gênesis 18:19, especialmente a última frase. O que isso revela sobre a obediência de Abraão? Embora a obediência não seja o meio da salvação, que importância é dada a ela nesse verso? De acordo com esse texto, a aliança poderia ser cumprida sem ela? Explique sua resposta:
As bênçãos da aliança não poderiam ser desfrutadas nem mantidas a me-nos que certas condições fossem satisfeitas pelos beneficiários. Embora as condições não tivessem sido necessárias para o estabelecimento da aliança, elas deveriam ser a resposta de amor, fé e obediência. Deviam ser a manifes-tação de um relacionamento entre a humanidade e Deus. A obediência era o meio pelo qual Deus poderia cumprir Suas promessas da aliança ao povo.
A quebra da aliança, por meio da desobediência, significava infidelidade a um relacionamento estabelecido. Quando a aliança era quebrada, o que era quebrado não era a condição da concessão da aliança, mas a condição de seu cumprimento.
Textos de Ellen G. White: Patriarcas e Profetas, p. 125-131 (“O chamado de Abraão"); Atos dos Apóstolos, p. 188-200 ("Judeus e gentios").
O arco-íris é um sinal da aliança com Noé. Em Gênesis 17:10 descobrimos o sinal da aliança com Abraão. A circuncisão “se destinava: (1) a fazer distinção entre os descendentes de Abraão e os gentios (Ef 2:11), (2) a perpetuar a memória da aliança de Yahweh (Gn 17:11), (3) a promover o cultivo da pu-reza moral (Dt 10:16), (4) a representar a justiça pela fé (Rm 4:11), (5) a simbolizar a circuncisão do coração (Rm 2:29) e (6) a prefigurar o rito cristão do batismo” (Cl 2:11, 12; Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 1, p. 324).
O arco-íris permanecerá como sinal da promessa até o fim, mas a circuncisão não. Segundo Paulo, a circuncisão foi recebida por Abraão como sinal da justiça obtida pela fé (Rm 4:11). Porém, ao longo dos séculos, a circuncisão passou a significar salvação pela obediência à lei. Nos tempos do Novo Testamento, a circuncisão havia perdido seu significado. Em lugar disso, o essencial é a fé em Cristo, que leva a uma vida transformada e obediente (Gl 5:6; 6:15; 1Co 7:18, 19).
Perguntas para consideração
1. Discuta a relação entre fé e obras. Pode haver uma sem a outra?
2. “Muitos ainda são provados como Abraão. Não ouvem a voz de Deus falando diretamente do Céu, mas Ele os chama pelos ensinos de Sua Palavra e acontecimentos de Sua providência. Pode ser exigido que abandonem uma carreira que promete riqueza e honra; que deixem amizades agradáveis e proveitosas e separem-se dos parentes, para entrar naquilo que parece ser apenas um caminho de abnegação, dificuldades e sacrifícios. [...]” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 126, 127). Conhece exemplos de pessoas que atenderam a esse chamado?
Resumo: Deus chamou Abraão para uma aliança que revelaria o plano da salvação.
Respostas e atividades da semana: 1. Porque Abrão necessitaria de forças e poder, já que tinha mais de 90 anos e, aos seus olhos, a promessa de uma descendência numerosa parecia distante. 2. O nome de Jacó, que significava “enganador”, tornou-se Israel, pois ele lutou com Deus e com os homens e prevaleceu. Por essa razão, passou a se chamar Israel; o faraó mudou o nome de José para Zafenate-Paneia, que parece significar “salvador do mundo”, o que foi apropriado para designar a obra de José ao salvar da fome o Egito e todo o mundo daquela época; em Daniel 1:7, o chefe dos eunucos mudou o nome de Daniel, “Deus é meu Juiz”, para Beltessazar, um nome babilônico que significava “Bel protege o rei”. Embora fosse um nome pagão, a designação foi apropriada à função de Daniel na corte babilônica. 3. A abordagem do Senhor a Abrão ocorre no verso 7; a ordem dada ocorre nos versos 9 e 10; a promessa divina aparece nos versos 13 a 15. 4. Na última etapa, Deus fez uma aliança com Abrão, prometendo-lhe que seria pai de uma grande nação e que receberia a terra de Canaã como propriedade perpétua. Nessa aliança, Ele mudou o nome de Abrão para Abraão. Como sinal do cumprimento da aliança, Deus ordenou a Abraão que circuncidasse toda criança do sexo masculino no 8o dia de vida. 5. A obediência de Abraão era necessária, caso ele quisesse que o Senhor cumprisse Suas promessas. Observe: “para que o Senhor faça vir sobre Abraão o que lhe prometeu”.
Foco do estudo: Gênesis 17:7
Esboço
Deus chamou Abraão, assim como havia chamado Noé, para um relacionamento de aliança especial que mantinha muitos dos mesmos parâmetros da aliança feita com o patriarca antediluviano. No entanto, por meio da aliança com Abraão, Deus estabeleceria o fundamento para a aliança de salvação com toda a humanidade, pelo menos com toda a humanidade que seria salva.
Comentário
Em Gênesis 15:7, o Senhor apresentou a Abraão Sua autoidentificação como Yahweh, o Deus pessoal. Como poderia Abraão pensar que a administração de sua vida não era do interesse de Deus quando Ele Se apresentou como o seu Deus pessoal?
Yahweh e a aliança abraâmica
A aliança confirmou a submissão de Abraão ao governo divino em relação a seus assuntos mais pessoais. Como Abraão poderia receber os benefícios dessa aliança, se mantivesse uma atitude egoísta? Ele não poderia, nem nós. Ao estudarmos a história desse patriarca, há uma tendência de perder de vista o fato de que a aliança abraâmica tinha a ver com uma fé operante. Da mesma forma que foi com Abraão, assim deve ser conosco também.
El-Shaddai
Esse termo aparece pela primeira vez no texto hebraico de Gênesis 17:1, 2, associado a Abraão. A palavra para Deus ali é El-Shaddai, frequentemente traduzida como “Deus Todo-Poderoso”.
Vamos desmembrá-la um pouco. A palavra El está relacionada a Elohim (“No princípio Elohim criou os céus e a Terra”) e significa onipotência, poder, transcendência. Elohim, em referência a Deus, é um título visto em todo o relato da criação em Gênesis. A palavra El, derivada desse título, é traduzida como “Deus” cerca de 200 vezes e indica o Deus poderoso.
Shaddai significa “seio”, dando a ideia de quem provê, nutre e satisfaz, e ligada à palavra El retrata a noção do “Forte e Poderoso, que pode prover e nutrir”.
De Abrão a Abraão
Em Gênesis 17:3-5, a mudança de nome indica mudança de relacionamento. Assim, estabeleceu-se uma relação superior. “Abrão foi o primeiro de vários homens cujo nome foi mudado por Deus. Os nomes eram muito mais importantes para os antigos do que para nós. Todos os nomes semitas têm um significado e geralmente consistem em uma frase ou sentença que expressa um desejo ou talvez gratidão, por par-te do progenitor. Em vista da importância que as próprias pessoas atribuíam ao nome, Deus mudou o nome de certos homens para fazer com que este se harmonizasse com a experiência deles no passado ou no futuro. Abrão, que significa ‘pai exaltado’, não aparece dessa forma em outras partes da Bíblia, mas é encontrado sob a forma Abirão, que significa ‘meu pai é exaltado’” (ver Nm 16:1; 1Rs 16:34; Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 1, p. 323).
Etapas da aliança
Envolvido na saga das etapas da aliança, “Deus fez uma aliança de três etapas com Abraão. A primeira é relatada em Gênesis 12:1-3; a segunda em Gênesis 15:1-21; e a terceira em Gênesis 17:1-14” (Gerhard M. Hasel e Michael G Hasel, The Promise: God’s Everlasting Covenant, p. 34). Em Deuteronômio 10:16, essa aliança também foi simbolizada pelo sinal da circuncisão: “Portanto, circuncidem o coração de vocês e deixem de ser teimosos” (The Interlinear Hebrew-Greek-English Bible, v. 1, p. 489; ver Dt 10:16).
O termo circuncidar é a tradução da palavra hebraica mul, que significa cortar o prepúcio de um menino hebreu no oitavo dia após o nascimento. Assim, o significado espiritual do número oito representa a regeneração espiritual em um Yahweh de novos começos. Com a ideia de que o prepúcio do mundanismo de Israel deveria ser cortado, esse sinal espiritual foi projetado para representar a lealdade de Israel a Yahweh. Daí em diante, o antigo Israel recebeu um convite divino para participar de um relacionamento revivificado com Yahweh.
Obrigações da aliança
“Porque Eu o escolhi para que ordene aos seus filhos e a sua casa depois dele, a fim de que guardem o caminho do SENHOR e pratiquem a justiça e o juízo, para que o Senhor faça vir sobre Abraão o que lhe prometeu” (The Interlinear Hebrew-Greek-English Bible, v. 1, p. 40; ver Gn 18:19).
A beleza dessa passagem é que revela a proeza divina do El-Shaddai para realizar o que a incredulidade considerava impossível. Foi o discernimento divino que deu energia a Abraão para pastorear Isaque com a vara da disciplina da educação equilibrada. Assim, depois que o nome de Abraão foi engrandecido, sua abnegação brilhou mais e mais.
Por que tudo isso aconteceu com Abraão? Porque o interesse próprio havia sido consumido em submissão à vontade divina, de modo que ele estava disposto a oferecer seu “filho unigênito” como cordeiro para o sacrifício. A primeira “oferta” de Abraão tipificou assim que “nada é precioso demais para ser dado a Deus” (Comentários de Ellen G. White, Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 1, p. 1.204).
Para Abraão, “este foi o motivo principal para chamar a cena desse evento de Jeová- Jireh. Era um lembrete constante da maravilhosa graça de Jeová, que havia realizado essa libertação. [...] Que grande e gloriosa libertação a graça de Jeová havia provido, e quão inesperada e dramática! O limite do homem é sempre a oportunidade de Deus, não apenas para libertar, mas também para ensinar lições maravilhosas de Seu propósito, bem como de Sua providência” (Nathan Stone, Names of God [Nomes de Deus]. Chicago, IL: Moody Press, 1944, p. 62, 63).
Aplicação para a vida
Para reflexão: A diferença entre o médico extraordinário e o bom médico é a capa-cidade de lembrar nomes e rostos, além de problemas de saúde. Em vez de se lembrar apenas da gota, o médico extraordinário se lembra da mulher ansiosa por ficar bem para poder cuidar do seu filho recém-nascido. Em vez de se lembrar apenas do osso quebra-do, o médico extraordinário se lembra do homem preocupado em perder o emprego e o sustento da família. Nomes e pessoas: esse é o maior interesse do coração de Jesus. Essa é a essência do Seu caráter.
1. Seções inteiras da Bíblia são preenchidas somente com nomes e conexões. Naquela época, as pessoas levavam os nomes a sério. Tendo isso em mente, explique as implicações psicológicas e espirituais da mudança que Deus fez do nome de Abrão para Abraão. Por que o Senhor Se preocupou em explicar o significado de Seu próprio nome? Que diferença o significado de Seu nome representava para Seus parceiros no relacionamento de aliança?
2. Nos tempos bíblicos, a mudança de um nome frequentemente trazia uma mudança de posição. Como você pode aplicar esse conceito ao que acontece quando você nasce de novo e é batizado?
3. Onde estamos na presença sagrada de Deus depende da profundidade do nosso conhecimento do Senhor. As promessas divinas são gestos de intimidade. Como deve-mos reagir a elas? Enquanto Abraão viajava por terras estranhas e distantes, seu pacto com Deus foi uma fonte de encorajamento e companheirismo. Como são as promessas divinas hoje? Compartilhe com a classe sua promessa bíblica favorita e um momento em que essa promessa fez a diferença entre o sucesso e o fracasso em seu cresci-mento espiritual.
4. A Bíblia dá muitos títulos a Jesus. Escolha aquele que for mais significativo para você. Escreva as razões pelas quais você se relaciona com aquele título específico. Compartilhe sua lista com a classe como testemunho do que Jesus significa para você.
5. Jesus não sabe somente seu nome; Ele conhece cada pensamento seu e até mantém o registro de cada cabelo que você perde ou que fica branco. Isso faz você se sentir desconfortável ou seguro? Explique.
6. De várias maneiras, Deus tenta comunicar-nos a verdade sobre Sua natureza e caráter. Como, então, é possível adquirirmos conceitos distorcidos, falsos e até perversos de como é Deus? Como podemos corrigi-los?
7. Gênesis 17:1 refere-se a Deus como El-Shaddai, ou Deus Todo-Poderoso. Como você responderia a alguém que afirma ser impossível que Deus seja totalmente bom e to-do-poderoso ao mesmo tempo? Existe alguma contradição ou esses atributos sustentam um ao outro?
8. Em Gênesis 17:4, 5, Deus mudou o nome de Abrão para Abraão (“pai de muitas nações”). Em que sentido é possível que pessoas de origens diversas sejam descendentes de Abraão?
9. Se Deus é todo misericordioso e perdoador, por que a obediência a Seus mandamentos ainda é necessária para os seres humanos em aliança com Ele? Ele precisa de nossa obediência ou precisamos ser obedientes? Explique.
A explosão do botijão de gás
Noélia estava preocupada porque queria terminar de cozinhar o alimento de sábado antes do pôr-do-sol em Chase, Trinidad e Tobago. Ela trabalhava como obreira bíblica em uma série evangelística que resultou em 25 batismos. Agora, uma mulher que frequentava as reuniões e estava interessada pelo batismo, a convidou para estudar a Bíblia nas noites de sextas. Em uma tarde de sexta-feira, ela estava cozinhando seu prato guianense preferido, vegetais fritos, em um fogão a gás de seis bocas em seu apartamento de um cômodo. Enquanto esperava a batata doce, mandioca, inhame e banana terminar de fritar, ouviu o celular tocar ao lado da cama, sinalizando a chegada de uma mensagem de texto.
Ela virou a cabeça para olhar. Então... BOOOM! Uma explosão alta abalou o apartamento. A força da explosão jogou Noélia para o outro lado do cômodo e ela caiu de costas contra a parede. Ao cair, ela pareceu sentir uma mão invisível colocando-a no chão e empurrá-la com firmeza para trás, pela sala em chamas, em direção a saída do apartamento.
Do lado de fora, Noélia gritava pedindo ajuda. As palavras eram incompreensíveis, mas os vizinhos viram as chamas saindo pela porta do apartamento. Alguém chamou uma ambulância, e o atendente aconselhou a mantê-la molhada até a chegada da ambulância. Alguém começou a jogar água de um balde em Noélia e outras duas pessoas tentaram apagar o fogo do apartamento. Ela ficou feliz com a água fria. Sua cabeça parecia que ia estourar e sentia na pele uma sensação constante de queimadura. Ela sofrera queimadura de segundo grau.
A ambulância chegou e a levou para uma clínica de emergência que era mais próxima do apartamento que o hospital. Ela precisava ser estabilizada. Ali, o médico perguntou aos paramédicos o que aconteceu, sendo informado de que o botijão de gás havia explodido explodiu enquanto ela estava cozinhando. “Ela conseguiu sobreviver?!”, o médico perguntou sem poder acreditar. “Ela deveria estar morta. Ninguém sobrevive depois de uma explosão de botijão de gás!
Ao ouvir a conversa, em silêncio, Noélia agradeceu a Deus por ter preservado a vida dela. “Tu deves ter um propósito para minha vida”, ela orou. “Por isso me salvaste.” Depois de estabilizada, ela foi enviada ao hospital. Mais tarde, naquela noite, um amigo da igreja convidou Noélia para sua casa. Embora ficasse feliz ao sair do hospital, a dor era terrível. Os membros da igreja ficaram chocados quando souberam da explosão e foram visitá-la no sábado. Eles oraram e cantaram hinos. No pôr-do-sol de sábado, Noélia não conseguia caminhar. Suas pernas inflaram como balões e ela se sentia extremamente pesadas.
No mês seguinte, as irmãs da igreja fizeram escalas para ficar com Noélia durante o dia. Os pastores a visitaram e oraram com ela. Sua recuperação foi inesperadamente rápida. Após um mês e meio, ela conseguiu caminhar e, em pouco tempo, conseguiu voltar à rotina normal. O médico expressou surpresa ao ver como a pele curou rapidamente. “Você teve sorte”, ele disse. Noélia respondeu que não acreditava em sorte. “Creio que é uma benção de Deus. Esta foi a resposta às orações dos irmãos da igreja.”
Depois da explosão, o relacionamento de Noélia com Deus mudou. Ela sempre amou a Deus, mas agora confia mais Nele. Deixou de se preocupar com os problemas diários, lembrando-se de que Deus a salvou para um propósito e ela pode depositar Nele toda sua confiança. Nove meses após o acidente, a mulher com quem planejou se encontrar naquele dia entregou o coração a Cristo.
Hoje, Noélia serve a Deus com todo o coração. Ela ajuda a gerenciar um centro de influência urbano que alcança pessoas de religiões não-cristãs em Trinidad e Tobago. “Nada pode me afastar da obra de Deus”, Noélia diz. Parte da oferta trimestral ajudará a abrir um centro de influência “Viva Melhor” no campus. Ali, estudantes serão treinados para serem missionários da Universidade Adventista do Sul do Caribe.
Informações adicionais
• Assista ao vídeo sobre Noélia no YouTube: bit.ly/Noelia-Southwell.
• Faça o download das fotos no Facebook: bit.ly/fb-mq.
• Para mais notícias missionárias ou outras informações sobre a Divisão Interamericana acesse: bit.ly/IAD-Facts
Comentário da Lição da Escola Sabatina – 2º Trimestre de 2021
Tema Geral: A promessa: a aliança eterna de Deus
Lição 4 – 17 a 24 de abril de 2021
Uma aliança eterna
Autor: Gilberto Theiss
Editoração: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
Revisora: Rosemara Santos
Introdução
No dia 5 de março de 2010, um grave acidente chamaria a atenção das autoridades chilenas e do mundo. Trinta e três trabalhadores da San Esteban Mineração ficaram presos a mais de 700 metros de profundidade. Somente no 17º dia os trabalhadores foram localizados. Depois de 70 dias presos, em 22 horas eles foram libertos daquela situação que poderia levá-los à morte. O mundo parou para ver o resgate emocionante, pois foram dias de perseverança, luta, bravura e de obcecada paixão para resgatá-los. O empenho da equipe comprometida possibilitou que todos saíssem com vida. De forma semelhante, quando a humanidade caiu na ruína do pecado, o Céu se arregimentou e Deus prontamente materializou o plano para resgatá-la dessa terrível tragédia. O trabalho que envolve a Trindade, os anjos e aqueles que se alistam à equipe de resgate, tornou-se incessante, intenso e apaixonante. Todos com o mesmo objetivo: retirar o máximo possível de pessoas das profundidades da perdição. Foi Deus quem pensou, criou e executou o plano. Agora, pelo Seu mérito e graça, Ele alista, por meio da aliança, os que estavam perdidos para alcançar os que ainda se encontram perdidos. Essa obra se tornou um verdadeiro trabalho em equipe.
Aliança com Abraão
É muito difícil construir amizade que vá além da interação formal e profissional com pessoas de posições ou classes sociais mais elevadas. O plebeu da periferia de uma grande nação dificilmente conseguiria se aproximar de um rei para criar laços profundos de apreço e afeição. Mas o que parece impossível para um plebeu, se tornaria fácil se o próprio rei tomasse a iniciativa da aproximação. Foi o que ocorreu na relação de amizade muito próxima entre Deus e Abraão, pois em Gênesis 15:7 o Senhor Se aproximou do patriarca com o objetivo de fazer dele uma pessoa ainda mais especial. Percebemos isso analisando as palavras que Deus usou na conversa com o patriarca. Deus disse:
a) “Eu sou o Senhor”. A expressão “Eu sou o Senhor” denota a autoridade de quem deseja estabelecer a aliança. Não se tratava de um chefe de uma empresa, um rei ou governante humano, mas era Yahweh, o Rei do Universo, chamando Seu servo para uma parceria para toda a vida. Como Deus era o Senhor, Aquele que falava e passava diante dos animais sacrificados ao meio, demonstrava que a aliança era incondicional e seu cumprimento dependia inteiramente de Deus, ainda que nem todos aceitassem, pela fé, as bênçãos da aliança. O nome de Deus aparece como marca registrada da parceria eterna que Ele estava desejoso de realizar com Seu servo e seus descendentes. Conhecê-Lo como o Senhor, Yahweh, é perceber que Suas promessas são confiáveis e eternas.
b) “que o tirei”. A introdução histórica nessa aliança, juntamente com o “Eu sou o Senhor”, prefigura o êxodo e os Dez Mandamentos (Êx 20). O êxodo de Abraão e o êxodo de Israel do Egito são os dois eventos centrais que culminam na formação de Israel nos aspectos físico e espiritual. Abraão se tornaria o pai dessa nova aliança e da nação.
c) “dar-te por herança”. O termo hebraico aqui denota um sentido de posse. Significa que Abraão e seus descendentes receberiam a herança. Neste caso, todos os descendentes espirituais de Abraão, incluindo a igreja atual, são herdeiros conforme a promessa (Gl 3:26-29).
Garantia divina
Em Gênesis 17:1, é descrito que Deus Se apresentou a Abraão como o Todo-Poderoso (El Shaddai). Como inúmeras vezes é apresentado na Escritura, Deus não é apenas a fonte inesgotável do amor, mas também é a fonte inesgotável do poder. Por essa razão, as promessas feitas a Abraão se tornam mais magníficas e confiáveis, pois ninguém menos que o Todo-Poderoso estava convidando, confirmando e consolidando a aliança. A aparição de Deus a Abraão, em Gênesis 17:1, talvez seja um modo divino de dizer ao servo do Senhor que parasse de tentar resolver as coisas a seu modo. Deus desejava, nessa aliança, que Seu servo seguisse os Seus projetos de vida. Imagine o Todo-Poderoso pedindo para ser o Guia, Redentor e Protetor da vida de Abraão. Mas essa intervenção divina é a mesma que Deus deseja fazer com todos nós. De igual forma, Ele nos convida a fazer uma aliança eterna. O Todo-Poderoso faz um chamado especial de confiança para que nós descansemos em Seus braços de amor, cuidado e proteção. Em suma, “Shaddai” evoca a ideia de que Deus é capaz de transformar o estéril em fértil e de consolidar o cumprimento das Suas promessas.
Logo após a resposta positiva de Abraão, Deus mudou o nome do patriarca, de Abrão (“pai exaltado”) para Abraão (“pai de uma multidão”). A mudança do nome também ensina que a promessa do Todo-Poderoso de constituir Abraão o pai de muitas nações abrange tanto o sentido biológico, em especial, por intermédio de Isaque, quanto o espiritual, os seus descendentes (Rm 4:16, 17; Gl 3:15-19). Em Gênesis 17, encontramos a abrangência da aliança:
a) “de minha parte” (v. 4, 8) – a aliança partia de Deus;
b) “de sua parte” (v. 9-14) – a resposta humana diante do chamado divino;
c) “da parte de Sara” (v. 15, 16) – a aliança é estendida para toda a família;
d) “da parte de Isaque” (v. 21) – a aliança alcança os descendentes em todas as gerações, inclusive nós.
Nesse contexto, a aliança com Abraão implica a geração de uma nação espiritual que reproduziria a fé do patriarca até aos confins da Terra (Gn 12:3, 4). Portanto, designa uma relação salvífica espiritual do Todo-Poderoso com todos os descendentes espirituais do patriarca que se achegarem a Ele.
Conclusão
Deus não Se compromete apenas com Abraão, mas com toda a sua descendência espiritual que exerce semelhante fé. Embora seja prevista a obediência aos mandamentos de Deus por amor da parte dos homens (Gn 17:9-14), essa parceria depende sempre da participação, provisão, graça e bondade divinas. Quanto a nós, respondemos com o senso de gratidão, amor e lealdade.
Conheça o autor dos comentários para este trimestre: Gilberto Theiss é pastor, casado com Patrícia Vilela. Tem atuado por 9 anos como pastor distrital. Atualmente pastoreia o distrito Central de Fortaleza-CE. É graduado em Teologia e Filosofia. Pós-Graduado (especialista) em Ensino de Filosofia, Ciências da Religião, História e Antropologia, e Revisão Prática de Texto. Mestrando em Interpretação Bíblica e Pós-Graduando em História e Arqueologia do Oriente Próximo. Nas horas vagas, aprecia levar conteúdo bíblico para as redes sociais com o Instagram @gilbertotheiss, o blog www.feoufideismo.com e o canal www.youtube.com/feoufideismo.