Lição 8
12 a 18 de agosto
Vida moldada em Cristo e discurso inspirado no Espírito
Sábado à tarde
Ano Bíblico: RPSP: Sl 98
Verso para memorizar: “Quanto à maneira antiga de viver, vocês foram instruídos a deixar de lado a velha natureza, que se corrompe segundo desejos enganosos, a se deixar renovar no espírito do entendimento de vocês, e a se revestir da nova natureza, criada segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade” (Ef 4:22-24).
Leituras da semana: Ef 4:17-32; Cl 3:1-17; Zc 3:3-5; 8:16; Is 63:10; Rm 8:16, 26, 27

José Antônio viveu nas ruas de Palma, Espanha, como morador de rua por anos. Com cabelos e barba grisalhos e desgrenhados, aparentava ter mais do que seus 57 anos. Um dia, Salva Garcia, dona de um salão de beleza, se aproximou de José e propôs uma transformação completa.

Com José na cadeira do salão, uma equipe diligente cortou, pintou e estilizou os punhados emaranhados de cabelo e barba. Em seguida, José ganhou roupas novas. Então veio a revelação! Enquanto se sentava em frente a um espelho, lágrimas caíam. “Sou eu? Estou tão diferente; ninguém vai me reconhecer!” Mais tarde, acrescentou: “Não foi apenas uma mudança de aparência. Isso mudou minha vida.”

Em Efésios 4:17-32, Paulo afirmou que os crentes foram transformados. Deixaram de lado o antigo eu e se revestiram da nova identidade, algo parecido com a mudança de José. Porém, não foi uma mera transformação externa. Ela inclui deixar-se “renovar no espírito do entendimento” (Ef 4:23), trazendo para a vida “justiça e retidão procedentes da verdade” (Ef 4:24). Essa é a transformação mais importante.

Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!



Domingo, 13 de agosto
Ano Bíblico: RPSP: Sl 99
A espiral descendente do pecado

1. Compare Efésios 4:17-32 com Colossenses 3:1-17. Como Paulo defendia que os crentes vivessem a fim de incentivar a unidade da igreja?

Na seção anterior, Efésios 4:1-16, o tema de Paulo foi a unidade da igreja. Quando comparamos Efésios 4:1 com Efésios 4:17, notamos a semelhança entre essas duas exortações sobre como andar ou viver. No início do capítulo 4, o apóstolo falou da unidade e do estilo de vida que a sustenta de uma perspectiva positiva. Dos versos 17 em diante, Paulo abordou o mesmo tema a partir de uma perspectiva mais negativa.

Em Efésios 4:17-24, Paulo contrastou o estilo de vida gentílico, o qual considerava uma unidade enfraquecedora (Ef 4:17-19), com padrões de vida verdadeiramente cristãos que alimentam a unidade (Ef 4:20-24). Ao ler a crítica afiada de Paulo ao depravado estilo de vida gentílico, devemos recordar sua convicção de que os gentios são redimidos por Deus por intermédio de Cristo e a eles é oferecida plena associação ao povo de Deus (Ef 2:11-22; 3:1-13). Em Efésios 4:17-19, ele deu uma descrição limitada e negativa dos “gentios na carne” (Ef 2:11).

Paulo não estava preocupado apenas com pecados ou comportamentos específicos dos gentios, mas com o padrão de comportamento que exibiam, uma trajetória descendente nas garras do pecado. No centro de Efésios 4:17-19 está um retrato de uma espiritualidade insensível: “na vaidade dos seus próprios pensamentos, tendo o seu entendimento obscurecido, separados da vida que Deus concede” (Ef 4:17, 18). Essa espiritualidade insensível é a fonte do entendimento obscurecido destacado no início da passagem (“por causa da ignorância em que vivem, pela dureza do seu coração. Tendo-se tornado insensíveis”; Ef 4:18, 19) e da prática sexual depravada sublinhada no fim (“se entregaram à libertinagem para, de forma desenfreada, cometer todo tipo de impureza”; Ef 4:19). Afastados de Deus, eles não sabiam como viver e, separados de Sua graça salvadora, continuavam em uma espiral descendente de pecado e depravação.

Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!

Qual foi sua própria experiência com o poder do pecado de arrastar uma pessoa para baixo, na espiral descendente de uma vida cada vez mais escravizada no pecado?


Segunda-feira, 14 de agosto
Ano Bíblico: RPSP: Sl 100
Uma dramática mudança de roupa

2. Ao recontar a história da conversão de seu público, que ponto essencial Paulo queria transmitir? Ef 4:20-24

Depois de descrever a antiga existência gentílica deles (Ef 4:17-19), Paulo não disse: “Não foi assim que vocês aprenderam sobre Cristo.” Em vez disso, exclamou: “Não foi assim que vocês aprenderam de Cristo”! (Ef 4:20). Comentando que os destinatários “ouviram” e foram “Nele” instruídos (Ef 4:21), ou “por Ele” (NVI), Paulo defendeu ainda a adoção de uma vida moldada em Cristo com a expressão “segundo é a verdade em Jesus”. Para Paulo, o despertar da fé tem a ver com uma conexão com Cristo, tão vívida e real que pode ser descrita como “aprender de Cristo”. Reconhecemos que o Jesus ressuscitado e exaltado está vivo e presente. Somos moldados por Seus ensinamentos e exemplo e somos leais a Ele como nosso Senhor. Abrimos nossa vida para Sua orientação e direção por meio do Espírito e da Palavra.

Paulo disse que a adoção de uma vida moldada em Cristo requer três processos, demonstrados por meio de metáforas de roupas: (1) “deixar de lado” ou se afastar do antigo modo de vida (Ef 4:22); (2) experimentar renovação interior (Ef 4:23); e (3) “se revestir” do novo padrão de vida segundo Deus (Ef 4:24). A metáfora de Paulo reflete o uso de roupas no AT como símbolo tanto para o pecado (por exemplo, Sl 73:6; Zc 3:3, 4; Ml 2:16) como para a salvação (por exemplo, Is 61:10; Ez 16:8; Zc 3:4, 5).

Nos tempos antigos, os homens usavam uma túnica na altura dos joelhos como roupa íntima e uma capa ou manto para se proteger do sol. Da mesma forma, as mulheres usavam uma túnica e uma capa. As culturas refletidas na Bíblia eram de subsistência. As roupas eram valiosas e caras, e mantidas por muito tempo. Era incomum possuir mais de um conjunto de roupas. Sua qualidade e estilo sinalizavam a identidade e a posição do usuário. Trocar um conjunto de roupa por outro era algo incomum e importante (em vez do fato trivial que isso representa em muitas culturas hoje). Paulo imaginava que a mudança de vida seria tão perceptível quanto o ato de trocar um conjunto de roupas por outro no contexto do primeiro século.

Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!

Qual é a diferença crucial entre aprender sobre Cristo e aprender a conhecer a Cristo?


Terça-feira, 15 de agosto
Ano Bíblico: RPSP: Sl 101
Discurso cheio de graça que edifica a unidade

3. Qual dos conselhos de Paulo a respeito do uso da fala você considera mais importante? Por quê? Ef 4:25-29

Paulo usou repetidamente uma estrutura interessante em Efésios 4:25-32, que é ilustrada por Efésios 4:25: um comando negativo (“deixando a mentira”); em seguida um comando positivo (“que cada um fale a verdade com o seu próximo”); e, depois, uma lógica (“porque somos membros do mesmo corpo”, o que parece significar “porque somos membros de um corpo e assim relacionados uns com os outros como partes desse corpo”). A exortação “que cada um fale a verdade” não é um convite para confrontar os outros com uma recitação agressiva dos fatos. Paulo fez alusão a Zacarias 8:16, que exorta a falar a verdade como uma forma de promover a paz.

Uma vez que Paulo baniu a ira e o discurso inflamado (Ef 4:31), suas palavras em Efésios 4:26 não dão permissão para exercitar a ira dentro da congregação. Em vez disso, ele admitiu a possibilidade da raiva, mas limitou sua expressão com o sentido: “Se ficar com raiva, não permita que ela dê frutos no pecado desenvolvido.”

Paulo parece interromper o assunto da fala com uma ordem negativa a respeito dos ladrões: “Aquele que roubava, não roube mais” (Ef 4:28). Em vez disso, que ele “trabalhe, fazendo com as próprias mãos o que é bom” (ver 1Co 4:12; 1Ts 4:11), com base na lógica de “que tenha o que repartir com o necessitado” (Ef 4:28). Talvez Paulo tenha incluído essas palavras sobre ladrões devido à relação entre roubo e discurso enganoso, o que é ilustrado na história de Ananias e Safira (At 5:1-11). A fé de Paulo no poder de Cristo era tão forte que ele imaginava ladrões se tornando benfeitores!

Paulo então ordenou: “Não saia da boca de vocês nenhuma palavra suja” (Ef 4:29), o que descreve uma palavra destrutiva fazendo seu caminho aparentemente desenfreado em direção aos lábios, a fim de fazer sua obra prejudicial. Positivamente, Paulo imaginou a expressão negativa sendo não apenas detida, mas também trocada por uma declaração que exibisse três critérios: (1) “boa para edificação”, (2) “conforme a necessidade” e (3) “transmita graça aos que ouvem” (Ef 4:29). Ah, se todas as nossas palavras fossem assim!

Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!



Quarta-feira, 16 de agosto
Ano Bíblico: RPSP: Sl 102
O Espírito Santo na vida do crente

4. Ao discutir os pecados da fala, que exortação Paulo compartilhou sobre a presença do Espírito Santo com os crentes? Ef 4:30

Paulo deu ao mesmo tempo uma advertência atemorizante e uma promessa comovente. Nossos pecados contra os outros não são delitos de pouca consequência: o que entristece o Espírito Santo é o uso indevido do divino dom da fala para magoar as pessoas (Ef 4:25-27, 29, 31, 32). Paulo menciona Isaías 63:10, o que enfatiza o grave aviso: “Mas eles [os israelitas] foram rebeldes e contristaram o Seu Espírito Santo. Por isso, Ele Se tornou inimigo deles e Ele mesmo lutou contra eles.”

Com uma promessa reconfortante, Paulo afirmou que o Espírito sela os crentes desde o dia em que aceitam Cristo até “o dia da redenção” (Ef 1:13, 14; 4:30). A relação do Espírito com o crente não é frágil, mas durável. Quando os crentes desconsideram a presença do Espírito neles e transformam o dom da fala em arma, não é dito que o Espírito deixa os crentes, mas que Ele Se entristece. Sua intenção é permanecer com eles, identificando- os como propriedade de Deus e protegendo-os até o retorno de Cristo.

Paulo enfatizou a divindade do “Espírito Santo de Deus” e Sua personalidade, retratando-O como entristecido (Rm 8:16, 26, 27; 1Co 2:10, 13; 12:11; Gl 5:17, 18).

Devemos ter cuidado ao falar sobre o mistério da Divindade. O Espírito é ao mesmo tempo um com o Pai e o Filho e distinto Deles. “O Espírito tem Sua própria vontade e escolhe de acordo com ela. Ele pode ser entristecido e blasfemado. Tais expressões não são adequadas para um mero poder ou influência. Elas são características de uma pessoa. Então, o Espírito é uma pessoa como você e eu? Não. Usamos a terminologia humana limitada para descrever o divino, e o Espírito é algo que o ser humano jamais será” (Paul Petersen, God in 3 Persons – In the New Testament [Silver Spring, MD: Biblical Research Institute, 2015], p. 20).

Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!

O “Espírito Santo” vive em contato tão estreito conosco que nossas ações O afetam. Um membro da Divindade tem um relacionamento duradouro conosco, que nos sela até o fim dos tempos. Qual deve ser nossa resposta de fé a essa incrível verdade?


Quinta-feira, 17 de agosto
Ano Bíblico: RPSP: Sl 103
Bondade (não amargura

Ao se referir ao “dia da redenção” (Ef 4:30), Paulo convidou os leitores a considerar o uso da fala no contexto da segunda vinda de Cristo. Assim, Efésios 4:31, 32 aborda o emprego da fala à medida que nos aproximamos desse grande evento.

5. À luz da volta de Cristo, quais atitudes e comportamentos relacionados à fala devem ser descartados e quais devem ser adotados? Ef 4:31, 32

Na exortação final de Efésios 4:17-32, Paulo outra vez apresentou uma ordem negativa, a qual identifica seis vícios que não devem existir entre os cristãos (Ef 4:31), uma ordem positiva para ser bondosos, compassivos e perdoadores (Ef 4:32) e uma lógica. Os crentes devem perdoar uns aos outros “como também Deus, em Cristo”, os perdoou (Ef 4:32). A lista de seis vícios começa e termina com termos gerais, abrangentes, “qualquer amargura” e “qualquer maldade”. Entre eles, estão quatro termos adicionais: “indignação”, “ira”, “gritaria” e “blasfêmia” (Ef 4:31).

O último traduz a palavra blasphemia, que a língua portuguesa tomou emprestada como termo técnico que indica uma fala degradante contra Deus. No entanto, o termo grego identifica a fala que difama Deus ou pessoas como “calúnia” ou “falar mal”. Atitudes (amargura, indignação e ira) parecem sair do controle e passam a ser falas irritadas (gritaria e blasfêmia). Em essência, Paulo desarma o discurso cristão. As atitudes que impulsionam o discurso raivoso e as estratégias retóricas que o empregam devem ser removidas do arsenal cristão. A comunidade florescerá e a unidade será promovida (Ef 4:1-16) apenas onde essas coisas forem deixadas de lado.

O discurso do mal, porém, mais do que suprimido, deve ser substituído. Nossas conversas e atitudes na família de Cristo, e também além dela, não devem se originar da irritação, mas devem ser motivadas pela bondade, ternura e perdão baseado no mais alto padrão de todos, o perdão que Deus estendeu a nós em Cristo (Ef 4:32). Paulo apresentou o “perdão vertical” (oferecido por Deus a nós) como modelo do “perdão horizontal” (que oferecemos uns aos outros; Cl 3:13; Mt 6:12, 14, 15).

Pense no poder de suas palavras. Como usá-las para edificar e encorajar a fé?

Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!



Sexta-feira, 18 de agosto
Ano Bíblico: RPSP: Sl 104
Estudo adicional

“Que sua conversa seja de tal natureza que você não tenha necessidade de arrependimento. Não entristeçam o Espírito Santo de Deus, no qual vocês foram selados para o dia da redenção. [...] Se você tem amor no coração, vai buscar estabelecer e edificar seu irmão na fé mais santa. Se for dita uma palavra prejudicial ao caráter de seu amigo ou irmão, não encoraje esse discurso mau. É obra do inimigo. Com bondade, relembre a pessoa que fala de que a palavra de Deus proíbe esse tipo de conversa” (Ellen G. White, Advent Review and Sabbath Herald, 5 de junho de 1888).

Como sua congregação mudaria se você e cada membro aceitassem e vivessem um compromisso que consistisse em declarações como as seguintes?

  1. Desejo que minha influência dentro da família da Igreja Adventista do Sétimo Dia e além dela seja positiva, edificante e animadora (Ef 4:29).
  2. Relembrarei os apelos de Cristo para a unidade e amor. Gastarei mais energia validando os que fazem e dizem coisas boas do que apontando as falhas daqueles que, na minha opinião, estão errados (Jo 13:34, 35; 17:20-23; Ef 4:1-6; 1Ts 5:9-11).
  3. Ao discordar de alguém, deixarei claro meu respeito pela pessoa. Crerei na sua integridade e no seu compromisso com Cristo. Não serei ríspido (Ef 4:31, 32).
  4. Viverei com alegria, buscando oportunidades de fortalecer e afirmar meus irmãos, enquanto aguardo o retorno de Cristo (Ef 4:29, 30; Gl 6:2; Hb 10:24, 25).

Perguntas para consideração

  1. Reveja as 11 vezes em Efésios em que Paulo descreveu os três membros da Divindade trabalhando juntos para a salvação da humanidade. O que essa ênfase ensina sobre a Divindade? (Ef 1:3-14; 1:15-23; 2:11-18; 2:19-22; 3:1-13; 3:14-19; 4:4-6; 4:17-24; 4:25-32; 5:15-20; 6:10-20 [“Senhor” em Ef 6:10 se refere a Cristo]).
  2. O conselho sobre o discurso cristão (Ef 4:25-32) se aplica na era da “comunicação mediada por computador”, muitas vezes usada para cyberbullying e difamação?

Respostas e atividades da semana: 1. Os cristãos deviam se revestir da nova natureza, abandonando os antigos maus hábitos no comer, no vestir, no falar e no trato para com as pessoas, perdoando uns aos outros como Deus os perdoou em Cristo. 2. A vida com Cristo faz com que nos despojemos da velha natureza, semelhante a roupas velhas, e nos revistamos do novo homem, das “roupas novas” que usamos quando “aprendemos de Cristo”. Assim nossa vida será moldada em Cristo. 3. Fale a verdade com amor. 4. O uso indevido do dom da fala entristece o Espírito Santo. 5. Descartar: amargura, indignação, ira, gritaria, blasfêmia e maldade. Adotar: bondade, compaixão e perdão.

Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!



Resumo da Lição 8
Vida moldada em Cristo e discurso inspirado no Espírito

TEXTO-CHAVE: Efésios 4:22-24

FOCO DO ESTUDO: Ef 4:17-32; Cl 3:1-17; Zc 3:3, 4; Zc 8:16; Is 63:10; Rm 8:16, 26, 27

VISÃO GERAL

Introdução: Tendo explicado aos efésios como uma comunidade cristã madura existe e vive no Espírito Santo e em Cristo, Paulo exemplifica essa existência em termos práticos. Ele usa a metáfora universal de vestimentas humanas – vestir roupas e trocá-las – para ilustrar a mudança de identidade pessoal que ocorre quando Cristo transforma a vida por meio da habitação do Espírito Santo. Unir-se ao cristianismo é como alguém que tira um conjunto de roupas que constituíam sua antiga identidade e coloca um novo conjunto de roupas que passa a impressão às outras pessoas de que ela é uma nova pessoa. Contudo, tornar-se um cristão não é o mesmo que tirar temporariamente as roupas velhas, apenas para a noite, só para usá-las novamente pela manhã. Em vez disso, quando Paulo se referiu a tirar as roupas, ele quis dizer removê-las e jogá-las fora para sempre.

Assim, jogamos fora como uma “perda” (Fp 3:7, 8) as coisas fúteis do mundo gentílico, que incluem a cosmovisão pecaminosa e o estilo de vida deste mundo. Em seu lugar, recebemos nova identidade, nova cidadania e novo RG, que é o passaporte para o Reino . No entanto, esse novo RG é mais do que um documento de papel ou digital. Em vez disso, ele significa transformação genuína da visão de mundo, do estilo de vida, do caráter e das relações de uma pessoa com os membros da igreja e com as demais pessoas. Essa nova vida, no entanto, não é um projeto regenerativo com base em alguma filosofia ou ideologia humana (Jo 1:12, 13). Pelo contrário, essa identidade é uma nova vida do ponto de vista qualitativo. Essa vida só é possível quando se encontra e aceita o divino Cristo Jesus e apenas quando se permite que o Espírito Santo atue na pessoa.

Temas da lição: O estudo desta semana destaca três temas principais:

  1. A nova vida cristã se contrasta qualitativamente com a velha vida mundana;
  2. Uma mudança de vida e de identidade só é possível em Cristo e no Espírito Santo;
  3. A presença do Espírito Santo em nossa vida leva a uma transformação da nossa visão de mundo, da identidade, do estilo de vida, da conversação, das atitudes e dos relacionamentos.

COMENTÁRIO

Cosmovisão, estilo de vida, missão transcultural, contextualização crítica e conversão

A sociedade contemporânea valoriza a inclusão, aceitação, preservação e promoção d e culturas, estilos de vida e visões de mundo locais. Os missionários “tradicionais” estão sendo criticados por desconsiderar as heranças locais/nacionais ou tribais/culturais e por moldar igrejas locais ou regionais nos campos missionários com base em interpretações “ocidentais” do cristianismo e seus estilos de vida. Embora uma contextualização crítica certamente tenha seu lugar nas missões, surgem duas questões muito relevantes: Quais elementos da cultura local podem ser celebrados e preservados, e quais elementos das culturas locais fazem parte do “velho homem” e devem ser abandonados como pecaminosos e “mundanos”?

Vários pontos podem ser destacados em resposta a essas questões. Primeiro, em Efésios 4:17-32, Paulo contrasta o mundo do pecado, futilidade, ignorância, trevas, impureza, ira, calúnia e engano (Ef 4:17-22, 25, 31) com o divino mundo da graça, justiça, conhecimento, luz, pureza, honestidade, bondade, compaixão, perdão e verdade (Ef 4:25-29, 32). Afinal, o princípio de avaliação de uma cultura ou de um estilo de vida não é uma ideologia ou filosofia, como o racionalismo, empirismo, modernismo, pragmatismo, utilitarismo ou pós-modernismo. Em vez disso, o princípio bíblico para avaliar qualquer cultura ou modo de vida está no seguinte texto: “E não entristeçam o Espírito Santo de Deus, no qual vocês foram selados para o dia da redenção” (Ef 4:30). Esse princípio, quando colocado em ação, demonstra o amor de Deus por nós e nosso amor por Ele e revela a justiça de Deus.

Em segundo lugar, Paulo não discute antropologia ou a preservação do patrimônio cultural mundial. Ele não se detém em classificar as culturas do mundo e em avaliar algumas culturas à luz de outras. Ao contrário, ele pede que todas as culturas, judaicas ou gentílicas, sejam avaliadas à luz do evangelho de Cristo Jesus e à luz da cultura e do estilo de vida de Seu Reino. Em suas epístolas, Paulo encontra muito o que repreender na cultura judaica e os convida ao arrependimento. Da mesma forma, o apóstolo afirma aos gentios que Deus os recebe em Seu Reino, na Sua aliança e na Sua igreja. Contudo, Paulo não se esquiva de caracterizar muitos pontos da cosmovisão gentílica (politeísta, mitológica e filosófica) e o seu modo de vida como fútil e pecaminoso (Ef 4:18, 19). Assim, se o evangelho destaca o pecado na vida dos membros da igreja e em suas culturas, eles devem confessá-lo como pecado e abandoná-lo. Caso contrário, a salvação não é mais a salvação e libertação do pecado, mas uma justificativa cultural para a tolerância de um estilo de vida pecaminoso.

É verdade que vamos a Deus como estamos, vestidos de trapos imundos do pecado, mas não vamos a Ele para permanecer dessa forma. Pelo contrário, vamos a Deus para remover esses trapos, ser lavados e caminhar em “novidade de vida” (Rm 6:4). Sem essa compreensão, o cristianismo perderá seu poder e sua mensagem de salvação. O cristianismo não é uma religião de afirmação da humanidade em seus caminhos pecaminosos. Em vez disso, a mensagem bíblica desafia todas as nações, tribos, línguas e culturas a se avaliar à luz das Escrituras e aceitar a limpeza divina e a operação do Espírito Santo para nos regenerar. No evangelho de Paulo, não podemos proteger um aspecto pecaminoso da nossa vida desculpando-o com base na ideia de que isso faz parte da nossa herança cultural ou visão de mundo. Na verdade, tudo o que é pecaminoso acaba sendo autodestrutivo. O pecado destrói culturas e nações em lugar de preservá-las ou edificá-las.

Terceiro, Deus celebra a diversidade e as expressões culturais em harmonia com o evangelho do Seu reino. Por essa razão, o evangelho não exige a uniformização completa de todas as culturas. Quando uma cultura se baseia nos valores e no estilo de vida de Cristo, ela sempre prosperará e será enriquecida.

Em um artigo da revista Ministry de 1992, Børge Schantz (1931-2014), um renomado missiólogo adventista do sétimo dia, propôs três princípios orientadores da contextualização para a abordagem adventista da missão transcultural:

Primeiro, o missionário transcultural deve entender corretamente as histórias e ensinamentos bíblicos em seu contexto original.

Em segundo lugar, o missionário transcultural deve distinguir entre os ensinamentos bíblicos universais e seus princípios e seus próprios valores e experiências culturais.

Terceiro, o missionário transcultural deve desenvolver interesse genuíno e profundo e uma compreensão da cultura do povo a quem serve.

Quando todos esses elementos são levados em consideração, o princípio supremo da contextualização é que, ao mesmo tempo em que os missionários demonstram sensibilidade a vários elementos da cultura local, eles devem permitir que os absolutos bíblicos determinem os novos ensinamentos e práticas dos conversos.

Schantz compartilhou uma “nota de advertência” aos líderes adventistas de evangelismo: “As igrejas cristãs são tentadas a perder a doutrina pura e a ética objetiva quando aceitam sem crítica a insinuação de que a Bíblia está sempre, e em todos os lugares, relacionada com os aspectos culturais e históricos. Com certeza, o processo de contextualização levanta alguns problemas. Adaptar os ensinamentos bíblicos às culturas do mundo colocará o comunicador em contato com elementos que são falsos, malignos e até demoníacos. O triste resultado de ir longe demais é um sincretismo prejudicial, forçando a coexistência de elementos religiosos opostos.” Por isso, concluiu: “Em todas as culturas, inclusive na nossa, há costumes condenados pelo evangelho, e o que é rejeitado pelas Escrituras deve ser rejeitado pelos missionários e líderes nacionais.” No entanto, esse princípio não precisa nos tornar mais insensíveis à cultura inocente dos povos locais. Em vez disso, Schantz expressou seu desejo de oração: que “o Senhor da missão nos conceda sabedoria para diferenciar entre universais que devem ser proclamados em todo o mundo e as variáveis opcionais da cultura ocidental” (“One Message – Many Cultures: How Do We Cope?” [Uma mensagem – muitas culturas: como lidar com isso?], Ministry, junho de 1992, p. 11).

Os novos seres humanos

Ao longo da história, os defensores de filosofias, ideologias e poderes reivindicam, ou têm reivindicado, a capacidade de mudar radicalmente a humanidade. Um exemplo de tal ideologia é o marxismo, especialmente como promovido na União Soviética. Impulsionados pelo otimismo da década de 1970, os soviéticos promoveram a ideia de que eles estavam no processo de levar adiante a evolução humana, concretizando a próxima atualização no nível da espécie humana: o povo soviético. Esse povo deixaria para trás a velha bagagem capitalista religiosa e ideológica e evoluiria, coletivamente, para o novo ser humano marxista. Como mostra a história, esse projeto soviético terminou em um fracasso total. Em vez de criar um tipo novo e melhor de ser humano, o povo soviético, o termo se tornou pejorativo, amplamente divulgado como homo sovieticus.

Falando em evolução, na segunda metade do século 20, evolucionistas teístas como Teilhard de Chardin promoveram a ideia do surgimento do novo ser humano espiritual. Embora Chardin acreditasse que os humanos estão envolvidos no processo de evolução da forma animal, ele imaginou um ponto ômega no futuro, quando os humanos deixariam para trás sua antiga herança de comportamento predatório e evoluiriam para novos seres humanos caracterizados pela consciência global e pelo amor universal.

Esses são apenas dois exemplos de ideologias que se esforçaram para transformar os seres humanos pecadores em “novos seres humanos”. Embora essas filosofias pareçam radicais, a maioria das filosofias e ciências trabalha na suposição de que tem o poder de transformar a humanidade. Essa conjectura revela duas observações importantes. Por um lado, esses movimentos destacam o profundo desejo de um novo ser humano, com toda a profunda renovação que esse ideal incorpora. Por outro lado, essas filosofias fracassaram, mesmo que algumas tenham mostrado o que parecia ser um sucesso inicial.

A mais recente demonstração desse fenômeno é a ascensão do pós-modernismo, com sua crítica ao modernismo, no qual o mundo confiava como sendo capaz de entregar a verdade sobre nossa origem, desenvolvimento e destino da humanidade e do Universo. Enquanto o pós-modernismo está tentando criar o novo homem, já está ficando cada vez mais claro para as pessoas que a filosofia não tem a resposta para a nova humanidade. O fracasso da humanidade em se recriar ou se reinventar sob a égide da filosofia ou da ciência decorre de sua falta do modelo adequado para a nova humanidade e da falta de poder para transformar a humanidade segundo esse modelo. O cristianismo bíblico oferece essas duas coisas: Jesus é o Modelo da nova humanidade, e Ele também é a Fonte de poder para nos transformar e nos renovar de acordo com a Sua imagem gloriosa (Jo 1:12, 13).

APLICAÇÃO À VIDA

  1. Quantas vezes cada um de nós diz “eu” em uma conversa com outras pessoas? Quantas vezes centramos a conversa em nós mesmos em vez de nos focarmos em nossos ouvintes? Quantas vezes monopolizamos as conversas? Desafie seus alunos a identificar outras esferas da vida deles que precisam da transformação graciosa e poderosa do Espírito Santo.
  2. Embora Paulo estivesse ciente do poder escravizador do pecado que nos impede de ser transformados, ele é o mais convicto em acreditar no poder do evangelho para nos transformar da maneira mais profunda. Peça aos alunos que identifiquem três passos práticos que eles podem compartilhar com alguém que deseja ser transformado, mas se desespera ao tentar mudar.
  3. As pessoas recorrem a exercícios especiais, programas de aconselhamento ou mesmo tratamentos clínicos para receber ajuda a fim de lidar com suas emoções e seus comportamentos. O que o estudo de Efésios e da Bíblia, em geral, revela sobre a mudança de comportamento, estilo de vida, emoções e atitudes do cristão? Peça aos alunos que identifiquem três princípios transformadores que encontraram em Efésios que podem ajudar a si e a comunidade em geral.

Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!


Uma saída de sábado para a Polônia

Ryszard - 12 de agosto

Todos os alunos da universidade frequentavam as classes aos sábados na Polônia Comunista, mas Ryszard não. De alguma maneira, ele sempre conseguia passar nas matérias. Então, trocaram de professor.

“Desista dos estudos”, disse um amigo. “Temos um novo professor rígido que não vai lhe dar os sábados livres. Faça suas malas e vá para casa.”

Ryszard não ficou assustado.

“Não, eu não vou fazer minhas malas e ir para casa”, disse ele. “Primeiro, eu vou orar ao meu Senhor. Vou explicar minha situação a Ele e pedir Sua orientação.”

Enquanto Ryszard orou pela reunião com o professor, dois possíveis cenários sobre o que poderia acontecer vieram à sua mente. No primeiro cenário, o professor negaria seu pedido de liberá-lo dos sábados, dizendo: “Não importa o que você acredita. Você precisa ir à minha classe”. No outro cenário, o professor diria: “Por favor, sente-se. Eu quero lhe contar algo”.

Ryszard foi até o professor e se apresentou. “Sou da Igreja Adventista do Sétimo Dia”, disse ele. “A Igreja Adventista do Sétimo Dia é uma igreja protestante. Nós acreditamos em Jesus, Maria e nos discípulos. Vivemos como eles. O sábado era santo, sagrado para eles, e é para mim, também. Então, receio não poder frequentar suas classes aos sábados”.

Ryszard esperou pacientemente pela resposta do professor.

O professor disse: “Por favor, sente-se. Por favor, ouça minha história primeiro.”

O professor disse que anos antes ele havia voado para os Estados Unidos por um ano para fazer um estágio após a conclusão do doutorado.

“Eu não conhecia ninguém ali”, disse ele. “Quando meu avião aterrizou, eu pensei: 'Onde vou ficar?' Para minha surpresa, uma família me buscou no aeroporto e me levou para sua casa. Eles me convidaram para morar com eles e comer a comida deles. Quando eu quis pagar, eles recusaram.”

O professor morou com a família o ano inteiro.

“Quando voltei para a Polônia, eu pensei: 'Como eu posso retribuir essas pessoas? Como posso mostrar meu agradecimento pelo que eles fizeram por mim?'”, disse o professor. “Eu não fazia absolutamente nenhuma ideia do que poderia fazer. Agora eu ouço você falando que é protestante. Eles eram protestantes também. Eu vou te dar os sábados livres.”

Ryszard ficou chocado e maravilhado com a maravilhosa notícia. Quem teria pensado que Deus enviaria uma família protestante para seu futuro professor nos Estados Unidos para preparar o caminho para que ele pudesse guardar o sábado como adventista do sétimo dia na Polônia comunista anos depois?

O amigo de Ryszard estava errado. O professor lhe deu os sábados livres. Ryszard nunca precisou frequentar as classes aos sábados. Quando ele fez o exame final, as perguntas eram tão fáceis que parecia que o professor tinha se esforçado para garantir que ele passaria na matéria.

Hoje, Ryszard Jankowski é o presidente da Igreja Adventista do Sétimo Dia na Polônia. Ele jamais se esqueceu de como Deus o ajudou a guardar o sábado na universidade. “Eu vi como Deus nos guia mesmo quando estamos presos em uma situação que parece não ter saída”, ele disse. “Jesus diz: 'Eu sou a porta pela qual você pode sempre encontrar uma saída em situações difíceis”.

Em João 10:7-9, Jesus diz: “Digo-lhes a verdade: Eu sou a porta das ovelhas. Todos os que vieram antes de mim eram ladrões e assaltantes, mas as ovelhas não os ouviram. Eu sou a porta; quem entra por mim será salvo. Entrará e sairá, e encontrará pastagem” (NVI).

Obrigado por suas ofertas de 2017 que ajudaram a construir um estúdio de televisão para o Hope Channel Polônia. Ryszard é um orador periódico no Hope Channel Polônia, o afiliado local do Hope Channel Internacional.

Por Andrew McChesney

Dicas para a história

-Ryszard Jankowski se pronuncia: ri-TSARD YAN-kov-ski.

-Visite o site do Hope Channel Polônia (em polonês) em: hopechannel.pl.

-Baixe as fotos no Facebook: bit.ly/fb-mq.

-Baixe publicações e fatos rápidos sobre a Divisão Transeuropeia: bit.ly/TED-2023.

Garanta o conteúdo completo da Lição da Escola Sabatina para o ano inteiro. Faça aqui a sua assinatura!


Comentário da Lição da Escola Sabatina – 3º Trimestre de 2023

Tema geral: Efésios

Lição 8 – 12 a 18 de agosto

Vida moldada em Cristo e discurso inspirado no Espírito

 

Autor: Matheus Cardoso

Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br

Revisora: Rosemara Santos

Ideias principais

Em Efésios 4:17-32, Paulo continuou mostrando, de maneira prática, como devemos viver “de maneira digna da vocação” a que fomos chamados (Ef 4:1) – isto é, em resposta a tudo o que Deus já fez por nossa salvação (Ef 1–3).

Nos capítulos 2 e 3, Paulo havia destacado o aspecto coletivo e global do grandioso plano de Deus de unificar todas as coisas sob a autoridade de Cristo (Ef 1:9, 10), isto é, reunir judeus e gentios em um só corpo, a igreja. Porém, nos capítulos 4 a 6, ele enfatizou o aspecto individual desse plano: diante de tudo o que Deus fez e está fazendo, como devo viver no dia a dia?

Os cristãos são chamados a pensar e viver de maneira profundamente diferente daquela que é própria dos “gentios” (Ef 4:17), isto é, da cultura que está em rebelião contra Deus. Nossa mentalidade e nosso estilo de vida devem ser determinados por nosso relacionamento com Cristo (versos 20, 21) e pela nova identidade que recebemos Dele (a “nova natureza”; verso 24).

Texto-base da semana: Efésios 4:17-32

Antes do estudo da Lição da Escola Sabatina ou deste comentário, leia Efésios 4:17-32. Sugerimos uma tradução mais contemporânea da Bíblia, como a Nova Versão Internacional ou a Nova Versão Transformadora.

Notas de estudo

Para o estudo mais aprofundado do texto bíblico, sugerimos uma tradução mais literal, como a Nova Almeida Atualizada (que usamos abaixo).

4:17:

Não vivam mais como os gentios. O cristão deve romper completamente com a mentalidade e o estilo de vida dos gentios, isto é, da cultura que se opõe à vontade de Deus. Em Efésios 2:1-3, 11 e 12, Paulo havia descrito a condição espiritual dos gentios. Em Efésios 4:17-19, o apóstolo aprofundou essa descrição, concentrando-se na mentalidade e no estilo de vida que eles deveriam abandonar.

Vaidade dos seus próprios pensamentos. Isto é, “pensamentos vazios e inúteis” (NVT). A mentalidade (ou visão de mundo) contrária a Deus é a raiz das ações pecaminosas descritas nos versículos seguintes de Efésios 4. Devido ao pecado, o ser humano possui “pensamentos [...] fúteis” (Rm 1:21, NVI). Quando nos convertemos, somos “renovados [em nosso] modo de pensar” (Ef 4:23, NVI) e experimentamos uma “mudança em [nosso] modo de pensar” (Rm 12:2, NVT).

4:18:

Entendimento obscurecido. A mentalidade vazia, distante de Deus, leva a uma “mente [...] obscurecida e confusa” (Rm 1:21, NVT), incapaz de discernir entre o bem e o mal. Quando Deus nos salva, Ele ilumina os “olhos do [nosso] coração” (Ef 1:18).

A ignorância daqueles que rejeitam a Deus é voluntária, pois tem origem na dureza do seu coração. Eles negam conscientemente o que Deus revelou a respeito de Si mesmo (Rm 1:18-23) e, por isso, “são indesculpáveis” (Rm 1:20).

4:19:

Paulo descreveu o estilo de vida dos incrédulos usando duas expressões bastante fortes:

1) eles se tonaram insensíveis, uma palavra que, no texto original grego, se refere a pessoas que não sentem dor alguma ou que morreram para qualquer tipo de sentimento; e

2) cometem pecados de forma desenfreada, isto é, “possuem desejo insaciável por cada vez mais” de seus pecados.

4:22:

Velha natureza também pode ser traduzido como “velho homem” (ARA, NVI) ou “velha pessoa”. Ela é o oposto da “nova natureza” (NAA), “novo homem” (ARA, NVI) ou “nova pessoa” do verso 24. O “velho homem” é o que nós éramos “em Adão”; o “novo homem” é o que somos “em Cristo” (1Co 15:22).

A “velha pessoa” é o ser humano não convertido, cujos pensamentos e ações são dirigidos pelo pecado e que vive longe de Deus. A natureza pecaminosa é tão poderosa que Paulo descreveu a conversão usando a linguagem de Gênesis: Deus cria uma “nova pessoa”.

4:23:

Se deixar renovar no espírito do entendimento de vocês, isto é, “serem renovados no modo de pensar” (NVI). Sobre a mudança de mentalidade, veja os comentários sobre o verso 17.

4:24:

Nova natureza também pode ser traduzido como “novo homem” (ARA, NVI) ou “nova pessoa”. Essa “nova pessoa” é a nova identidade que recebemos de Cristo, o segundo Adão. Em outras cartas, Paulo a descreveu como uma “nova criação” (2Co 5:17, NVI; Gl 6:15, NVI), novamente usando a linguagem de Gênesis.

Essa “nova pessoa” está relacionada à “nova humanidade” de Efésios 2:15 (nesses versículos, a mesma palavra grega, anthropos, é traduzida como “natureza”, “homem”, “humanidade” e “pessoa”). Em Efésios 2:15, a “nova humanidade” enfatiza o aspecto coletivo dessa nova comunidade – o corpo de Cristo, a igreja – formada por judeus e gentios. Já em 4:24, a “nova pessoa” destaca o aspecto individual da criação realizada por Deus.

4:25:

Cada um fale a verdade com o seu próximo é uma alusão a Zacarias 8:16.

4:26, 27:

Fiquem irados e não pequem é uma citação do Salmo 4:4. Alguns acreditam que esse texto se refere à ira justificada (isto é, a indignação que devemos sentir diante do mal), em contraste com a ira pecaminosa do verso 31. No entanto, os versos 26 e 27 não parecem tratar dessa diferença. O sentido mais provável da frase é: “Não pequem ao permitir que a ira os controle” (NVT). Em outras palavras, sempre que ficarmos com raiva, não devemos ser consumidos por ela, e sim afastá-la rapidamente, antes que o sol se ponha (NVI). Com isso, não daremos oportunidades para o diabo (NVT) de que ele desenvolva essa atitude pecaminosa.

4:28:

Trabalhe [...] para que tenha o que repartir com o necessitado. O trabalho honesto possui dois objetivos básicos: prover as necessidades pessoais (2Ts 3:6-12) e ajudar aqueles que estiverem em necessidade (Ef 4:28), especialmente dentro da igreja (Gl 6:10).

4:29:

Não saia da boca de vocês nenhuma palavra suja ou “torpe” (ARA, NVI). O termo grego sapros significa literalmente “deteriorada” ou “apodrecida”. Portanto, não se refere apenas à linguagem obscena e imoral, mas a todo “linguajar sujo e insultante” (NVT), incluindo calúnia e fofoca. O oposto da “palavra suja” ou “torpe” são as palavras que edificam os outros e lhes transmitem graça ou “ânimo” (NVT).

4:30:

Não entristeçam o Espírito Santo de Deus é uma alusão a Isaías 63:10. Ambos os textos descrevem o Espírito Santo como uma Pessoa, pois somente um Ser pessoal – e não uma energia ou atributo de Deus – pode ser entristecido. Além disso, de acordo com Efésios, o Espírito Santo não é somente uma Pessoa, mas Alguém distinto de Deus, o Pai, e de Cristo (Ef 1:3-14; 2:19-22; 4:4-6; veja também Mt 28:19; Jo 14:16, 17, 26; 15:26; 16:14, 15).

O dia da redenção é a segunda vinda de Cristo e a consumação dos tempos, uma das ênfases de Efésios (Ef 1:9, 10, 14, 18; 2:7; 3:10). Esse acontecimento é descrito como a única “esperança” do cristão (Ef 4:4).

4:32:

Como também Deus, em Cristo, perdoou vocês. O perdão de Deus é a base e motivação para perdoamos os outros (Cl 3:13). Somente quem reconhece o quanto foi perdoado por Deus é capaz de estender misericórdia e perdão aos outros (Lc 7:47; 1Jo 4:19).

Conclusão

Você provavelmente já ouviu falar do camaleão. Ele é um tipo fascinante de lagarto que tem a capacidade de mudar de cor e se camuflar em um ambiente. Com isso, consegue ficar invisível aos predadores.

Muitas vezes, como cristãos, vivemos como camaleões espirituais, imitando a mentalidade e o estilo de vida da sociedade secular. Achando que, assim, estaremos mais seguros e imunes às críticas de “predadores espirituais”. Mesmo inconscientemente, somos influenciados por nossa criação familiar, por nossos amigos e pelos padrões da sociedade.

O chamado que Deus nos faz por meio da Carta aos Efésios – e de toda a Bíblia – é um convite à mudança. Não uma mudança temporária de camuflagem, mas à transformação motivada pelo compromisso duradouro. É hoje – aqui e agora – que devemos atender ao convite cheio de amor: “Livrem-se de sua antiga natureza e de seu velho modo de viver [...] e revistam-se de sua nova natureza, criada para ser verdadeiramente justa e santa como Deus” (Ef 4:22-24, NVT; grifo nosso).

Conheça o autor dos comentários para este trimestre: Matheus Cardoso é graduado em Teologia pelo Unasp-EC. Serviu à Casa Publicadora Brasileira como editor durante alguns anos e hoje atua como tradutor profissional para a Casa Publicadora Brasileira e outras instituições.