Viver em uma comunidade pode, às vezes, levar a disputas e tensões. Isso é especialmente verdadeiro na igreja, em que pessoas de diferentes origens e grupos sociais vivem e trabalham juntas para um propósito comum.
Nesta semana, estudaremos Josué 22 e um desafio que surgiu de um grande mal-entendido entre o povo. No início do livro, Josué ordenou que as duas tribos e meia, que receberam herança no lado leste do Jordão, atravessassem o Jordão e participassem da conquista, juntamente com as tribos do lado oeste do Jordão (Js 1:12-18). Agora que a tarefa foi cumprida, eles estavam livres para voltar. No entanto, no oeste do Jordão , na terra de Canaã, eles construíram um altar que gerou preocupação entre as tribos do oeste do Jordão.
Por que é tão perigoso chegar a uma conclusão precipitada sobre o comportamento dos outros? Como podemos promover a unidade na igreja? Por que é importante ter em mente o alcance maior de nosso chamado e não se deixar afetar por intrigas? Essas são algumas das questões sobre as quais iremos refletir nesta semana.
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1. Leia Josué 22:1-8. O que esses versos nos dizem sobre o compromisso dos rubenitas, dos gaditas e da meia tribo de Manassés?
Segundo Josué, as tribos do outro lado do Jordão haviam cumprido plenamente os deveres estabelecidos por Moisés e por ele próprio, o que significava uma dedicação significativa e um sacrifício em nome da causa comum de Israel. Eles haviam lutado ao lado de seus irmãos “todo esse tempo” (Js 22:3, NAA) ou “muito tempo” (NVI), o que, na realidade, significou cerca de seis ou sete anos (ver Js 11:18; 14:10; Dt 2:14). As esposas e os filhos daqueles israelitas haviam sido deixados em casa, no lado leste do Jordão, mas eles decidiram lutar lealmente ao lado de seus irmãos, enfrentando a ameaça de ferimentos e morte na guerra.
Esses versos destacam indiretamente a importância da unidade da nação e da terra. Além disso, preparam o caminho para a história que se segue, que, em última análise, trata da unidade. Será que as tribos israelitas permaneceriam unidas, apesar da forte fronteira natural que o Jordão formava entre elas? Permitiriam que a geografia marcasse sua identidade nacional ou deixariam que a adoração comum ao único Deus os mantivessem como a nação escolhida por Ele, unida e forte sob Sua orientação teocrática?
Josué apresentou a única maneira pela qual essa fidelidade era possível: eles não serviam a seus companheiros israelitas, mas ao próprio Yahweh, que os havia encarregado de sua missão.
Encontramos esse mesmo princípio no NT. O apóstolo Paulo admoestou os cristãos a realizar seu serviço como se estivessem trabalhando para Deus, e não apenas para os seres humanos (ver Ef 6:7; Cl 3:23; 1Ts 2:4). Que chamado poderia ser mais elevado do que trabalhar para o Criador do Universo?
Na vida cotidiana, muitas vezes enfrentamos desafios e dificuldades que podem facilmente nos desanimar e nos fazer querer desistir. Às vezes, é fácil fazer isso. No entanto, podemos buscar o poder do Senhor, que promete estar conosco e nos capacita a fazer o que Ele nos pede. Se mantivermos diante de nós nosso elevado chamado, poderemos ser motivados a seguir em frente, apesar dos inevitáveis desafios e desânimos que fazem parte de nossa condição de pecado.
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2. Leia em Josué 22:9-20 a história das tribos que retornaram. Quais acusações as tribos do Jordão ocidental fizeram contra as tribos do Jordão oriental? Até que ponto essas acusações eram bem fundamentadas?
Em contraste com o verso 1, em que as tribos do lado leste foram chamadas por sua forma usual (rubenitas, gaditas e assim por diante), aqui é usada uma expressão diferente: os “filhos de Rúben”, os “filhos de Gade” e a “meia tribo de Manassés”. Essa escolha contrasta com os “filhos de Israel” (Js 22:11), representando, assim, um grupo diferente.
Na narrativa, a expressão “toda a congregação” de Israel (Js 22:12, 16-20) se refere apenas às nove tribos e meia a oeste do Jordão, enfatizando a ruptura que havia se formado entre os dois grupos. De fato, a questão fundamental da história que se segue é se as tribos do lado leste do rio podem ser vistas como israelitas.
Esperaríamos um desfecho mais pacífico para a história; no entanto, surge uma tensão quando se relata que as tribos do leste ergueram um altar no Jordão. O texto não explica os motivos desse ato nem descreve a função do altar ou a atividade específica relacionada a ele. A ambiguidade em relação ao significado desse altar aumenta ainda mais se nos voltarmos à primeira travessia do Jordão, nos capítulos 3 e 4, em que todo o Israel entrou na margem do Jordão para atravessar o rio em direção à terra firme de Canaã. Aqui, uma parte de Israel chegou à região do Jordão, mas agora para atravessar o rio na direção oposta.
Em ambos os casos, foi erguida uma estrutura de pedras. A primeira serviu como um memorial, enquanto a segunda era vista como um altar impressionante. A pergunta que inevitavelmente vem à mente é: “O que significam estas pedras?” (compare com Js 4:6, 22). Esse altar foi construído para sacrifícios ou era apenas um memorial? Será que essas outras tribos já estavam começando a cair em apostasia?
A falta de consulta a Josué, Eleazar ou aos líderes das tribos abriu espaço para um mal-entendido que, potencialmente, poderia levar a um conflito terrível.
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3. Leia Josué 22:13-15 novamente, mas agora à luz de Números 25. Por que os israelitas escolheram Fineias como líder da delegação das nove tribos e meia?
Antes de aceitarem como verdade os rumores do que poderia ser considerado uma declaração de independência, as nove tribos e meia, agora chamadas duas vezes de “os filhos de Israel”, enviaram uma delegação para esclarecer a intenção e o significado do altar. A delegação era composta por Fineias, filho do sumo sacerdote Eleazar, que seria o sucessor de Eleazar após sua morte (Js 24:33). Fineias já havia ganhado alguma visibilidade como o sacerdote que havia colocado fim à devassidão de Israel em Baal-Peor (Nm 25).
“Quando Fineias, filho de Eleazar, filho do sacerdote Arão, viu isso, levantou-se do meio da congregação, e, pegando uma lança, seguiu o homem israelita até o interior da tenda, e, com a lança, atravessou os dois, tanto o homem israelita quanto a mulher midianita, pelo ventre; então a praga cessou entre os filhos de Israel” (Nm 25:7, 8).
Fineias certamente teve alguma influência. Os outros emissários eram representantes das nove tribos e meia a oeste do Jordão, cada um sendo o chefe de uma família dentro dos clãs de Israel (“chefe da casa de seus pais”; Js 22:14).
A delegação iniciou a acusação de sacrilégio e rebelião com a fórmula profética oficial “assim diz”. A distinção aqui é que não era o Senhor quem estava falando, mas “toda a congregação do Senhor” (Js 22:16). Eles lançaram a acusação de que as duas tribos e meia haviam cometido transgressão, traição e rebelião. O termo “transgressão” é a mesma palavra hebraica usada para descrever o pecado de Acã (Js 7:1) e ocorre várias vezes nos cinco livros de Moisés (por exemplo, Lv 5:15; 6:2; Nm 5:6, 12). Os exemplos de Acã e Baal-Peor servem como precedentes: um para a traição e o outro para a rebelião. Eles também expressaram o temor das nove tribos e meia de que o ato de construir um altar não autorizado poderia levar a apostasia, idolatria e imoralidade, o que incorreria na ira do Senhor sobre toda a nação de Israel.
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4. Leia Josué 22:21-29 à luz de Provérbios 15:1. O que podemos aprender com a resposta das tribos do leste?
A resposta do acusado, tão direta e poderosa quanto a acusação, é o centro do capítulo no que diz respeito ao seu tema e à sua estrutura. Até então, as tribos não responderam às acusações, mas, em vez disso, ouviram calmamente as alegações contra elas. Diante da gravidade das acusações, essa paciência foi exemplar, pois revela o verdadeiro significado do provérbio: “A resposta calma desvia a fúria, mas a palavra ríspida desperta a ira” (Pv 15:1, NVI).
A frase inicial da defesa (Js 22:22) apresenta três nomes do Deus de Israel: El (“o Poderoso”), Elohim (“Deus”), Yahweh (“o Senhor”). Essa frase é repetida duas vezes com uma força crescente, pois se torna um juramento solene para eliminar as dúvidas e as falsas acusações que quase levaram a uma guerra civil em Israel. Eles estavam firmemente convencidos de que Deus conhecia e compreendia plenamente a situação e esperavam que aquela delegação chegasse à mesma conclusão. As duas tribos e meia também reconheceram sua responsabilidade perante o Senhor, chamando-O para executar justiça se fossem, de fato, culpadas (ver Dt 18:19; 1Sm 20:16).
Segue-se uma revelação surpreendente que, por um lado, prova que a base da acusação era inválida (um altar não servia apenas como local de sacrifício) e, por outro lado, revela sua verdadeira motivação. O medo da separação de Israel, e não da apostasia, foi a verdadeira motivação deles. Portanto, a construção do altar não era evidência de apostasia, como se supunha. Na verdade, era o contrário: eles haviam agido por temor ao Senhor, assim como fizeram as tribos do lado ocidental do Jordão. A verdadeira base da unidade de Israel não era a geografia ou a extensão física da herança, mas sua fidelidade espiritual às exigências do Senhor.
A preocupação genuína das tribos do lado oeste do rio também foi revelada em sua alegria autêntica quando a inocência das tribos do lado leste foi verificada. Em vez de se sentirem derrotados pelos argumentos de seus irmãos, eles demonstraram autêntica felicidade pelo fato de suas suspeitas terem se revelado erradas. A guerra civil em Israel foi evitada e a unidade da nação foi preservada.
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5. Leia Josué 22:30-34. Como todo esse incidente nos ajuda a resolver conflitos e promover a unidade da igreja? (Ver também Sl 133; Jo 17:20-23; 1Pe 3:8, 9.)
A história de Josué 22 contém seis princípios de comunicação que podem ser aplicados aos relacionamentos humanos cotidianos na família, na igreja e na comunidade.
1. Quando as coisas dão errado, ou parecem dar errado, a melhor coisa a fazer é buscar o diálogo em vez de reprimir pensamentos até que as emoções explodam. É bom que o povo de Deus não fique indiferente quando surgem os problemas. É claro que, se as tribos da Transjordânia tivessem comunicado sua intenção de construir um altar, todo o problema poderia ter sido evitado.
2. Mesmo que alguém esteja convencido de sua própria avaliação, não deve tirar conclusões precipitadas. As tribos do lado ocidental do Jordão acreditaram rapidamente no boato que havia chegado aos seus ouvidos e chegaram à falsa conclusão de que as tribos do leste do Jordão já haviam apostatado.
3. Converse sobre os problemas reais ou aparentes antes de agir de acordo com suas conclusões.
4. Esteja disposto a fazer um sacrifício para alcançar a unidade. As tribos do lado ocidental do Jordão estavam dispostas a abrir mão de parte de seu lote para acomodar as outras tribos, se o fato de estarem do outro lado do Jordão fosse a causa de sua suposta apostasia.
5. Quando for acusado, com ou sem razão, dê uma resposta gentil que afaste a ira. Responder a uma acusação com outra acusação nunca levará à paz. Procure entender os outros antes de buscar ser entendido.
6. Alegre-se e louve a Deus quando a paz for restabelecida. É maravilhoso ver que a assembleia de Israel sentiu uma alegria genuína quando soube da verdadeira motivação das duas tribos e meia. Eles não estavam tão orgulhosos de seu julgamento que não pudessem admitir que estavam errados ao fazê-lo.
Se as tribos do lado oriental do Jordão tivessem apostatado, o povo de Israel teria aplicado as exigências da aliança. A unidade nunca pode ser um argumento para ignorar a verdade ou abandonar os princípios bíblicos. Entretanto, a disciplina da igreja deve ser sempre o último (e não o primeiro) recurso, depois que as tentativas de reconciliação e assistência pastoral com base na Palavra de Deus falharem. Como nossas igrejas seriam diferentes se esses princípios simples fossem aplicados de forma consistente!
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Leia, de Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 451-455 (“A divisão de Canaã”).
“Ao mesmo tempo que é importante tratar o pecado com firmeza, é igualmente importante evitar o julgamento ríspido e a suspeita infundada. [...]
“A sabedoria mostrada pelos rubenitas e seus companheiros é digna de imitação. Ao mesmo tempo que procuravam honestamente promover a causa da verdadeira religião, eram julgados falsamente e censurados com severidade. Apesar disso, não mostraram ressentimento. Escutaram com cortesia e paciência as acusações de seus irmãos, antes de tentar fazer sua defesa, e, só depois, explicaram claramente seus intuitos e mostraram sua inocência. Assim, o problema que ameaçava trazer consequências tão sérias foi resolvido amigavelmente.
“Mesmo sob falsa acusação, aqueles que têm a razão podem estar calmos e ponderados. Deus está a par de tudo que é mal compreendido e mal interpretado pelos seres humanos, e podemos com segurança deixar nosso caso em Suas mãos. [...] Aqueles que são impelidos pelo Espírito de Cristo terão a caridade que é paciente e benevolente.
“A vontade de Deus é que a união e o amor fraternal existam em Seu povo. A oração de Cristo, antes de Sua crucifixão, foi para que Seus discípulos fossem um, como Ele é um com o Pai, a fim de que o mundo pudesse crer que Deus O enviou. [...] Embora não devamos sacrificar um único princípio da verdade, nosso constante objetivo deve ser atingir esse estado de unidade” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas [CPB, 2022], p. 454, 455).
Perguntas para consideração
1. Leia Filipenses 2:3. Como esse texto nos ajuda a não pensar mal sobre nossos irmãos e irmãs?
2. Por que reagimos de forma exagerada a uma situação por causa de nossos erros passados? Como evitar essa tendência?
3. Discuta a importância de ouvir os outros. Como desenvolver uma cultura de ouvir? (Ver Tg 1:19.)4. Vivemos em uma sociedade com altas exigências em todas as áreas da vida. Como o princípio de fazer tudo como se fosse para o Senhor pode nos tornar mais responsáveis e trazer paz de espírito?
Respostas às perguntas da semana: 1. Josué 22:1 a 8 mostra que as tribos do Jordão Oriental cumpriram fielmente seu compromisso de lutar com as outras tribos. 2. As acusações de rebeldia foram precipitadas, pois o altar era um memorial de unidade. 3. Fineias foi escolhido por seu zelo contra a apostasia. 4. A resposta das tribos do Leste foi humilde e sábia, evitando conflito. 5. O incidente ensina que diálogo e verificação resolvem mal- entendidos. Princípios-chave: evitar julgamentos precipitados; priorizar a unidade sem comprometer a verdade; agir com zelo equilibrado.
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TEXTO-CHAVE: Pv 15:1
FOCO DO ESTUDO: Js 22; Ef 6:7; Jo 7:24; Nm 25; Pv 15:1; 1Pe 3:8, 9
ESBOÇO
Introdução: Não existe nação sem lei e território. Esse foi o cenário do Israel bíblico, que recebeu a lei de Deus em Êxodo e conquistou a terra em Josué. Contudo, como um reino de sacerdotes, era essencial que eles também possuíssem uma identidade sólida, firmemente alicerçada em seu chamado como o povo escolhido para representar Deus na terra. Tal identidade não duraria sem dois elementos básicos: comprometimento total e unidade. É disso que Josué 22 trata. Naquele momento, a terra fora conquistada e dividida entre todas as tribos - pelo menos parcialmente (porque ainda havia trabalho a ser feito). Independentemente desse fato, Israel ainda precisava entender o que significava ser Israel. A necessidade de entender sua identidade foi o propósito dos discursos finais do livro, encontrados em Josué 22:1-8, Josué 23 e Josué 24: 1-28.
Assim como os discursos nos capítulos 23 e 24, as palavras de Josué em Josué 22:2 a 8, dirigidas aos rubenitas, gaditas e à meia tribo de Manassés, que estavam partindo para o outro lado do Jordão, foram um discurso de despedida. Embora planejado como tal, devido ao episódio do altar na segunda parte do capítulo, a liderança acabou interagindo novamente com essas tribos. No discurso, Josué revelara o caminho para o comprometimento total, que começou com amor e terminou com serviço. O incidente envolvendo as tribos da Transjordânia, na segunda parte do capítulo, mostrou que o comprometimento individual, ou corporativo, com o Senhor, sem unidade, também foi uma ameaça ao plano de Deus. Se Israel quisesse suportar os desafios que viriam, eles não poderiam esquecer quem eram em relação a Deus e uns aos outros.
COMENTÁRIO
O capítulo 22 do livro de Josué contém a última narrativa do livro, que foi precedida por um breve discurso do estimado líder às tribos da Transjordânia, que, após cumprirem a ordem de Moisés ajudando seus irmãos na conquista, estavam prontas para cruzar de volta o Jordão. O discurso de Josué enfatizou que, embora estivessem geograficamente separadas, as tribos da Transjordânia ainda eram parte de Israel e deveriam viver de acordo com esse privilégio. Sua mensagem se concentrou na importância do compromisso sincero com Yahweh dentro do contexto da aliança, que requeria serviço com base no amor. Apesar da distância geográfica, elas foram chamadas a manter a unidade em sua devoção à Torá e ao seu Doador. A construção de um altar funcionaria como um teste, tanto de seu compromisso quanto de sua unidade.
Do amor ao serviço
Ainda no capítulo 22 de Josué, o líder de Israel se aproxima do fim de sua comissão. A terra fora dividida, e Israel tinha um relativo controle sobre o território restante a ser conquistado. Agora, a temporada de despedida estava pronta para começar. Como Josué estava convencido de que não veria os líderes das tribos da Transjordânia novamente, ele lhes deu as últimas instruções. Em uma estrutura típica de aliança, Josué os elogiara por seguirem tudo o que Moisés e ele próprio haviam ordenado e por ajudarem seus irmãos durante a conquista (Js 22:2, 3). Então, ele enfatizou a fidelidade de Deus em cumprir Suas promessas e disse-lhes que era hora de descansarem (Js 22:4). Antes de sua partida, ele resumiu o cerne da Torá (lei) e explicou o caminho para o comprometimento completo em cinco frases infinitivas, progredindo logicamente do amor ao serviço:
Primeiro, “amar a Yahweh, seu Deus”. O amor é o fundamento do caráter de Deus, e tudo começa com ele. Serviço sem amor é legalismo. Tal serviço é uma distorção da Torá e não pode ser aceito por Deus. Junto com andar e guardar, amar já era o resumo da lei na boca de Moisés antes de sua morte (Dt 10:12, 13, 20; Dt 11:1; Dt 6:4-15; Dt 13:4, 5). Não há contradição entre a revelação de Deus no Antigo e no Novo Testamentos: Ele criou os seres humanos para ter um relacionamento com Ele baseado no amor, não no medo. Como Paulo escreveu em 1 Coríntios 13:2: “Se não tiver amor, nada serei”. Nosso amor já é uma resposta, pois O amamos porque Ele nos amou primeiro (1Jo 4:19). O objeto do nosso amor é equilibrado entre a transcendência divina do Criador (Elohim) e a imanência do nosso Senhor (Yahweh), que habita com Seu povo.
Segundo, “andar em todos os Seus caminhos”. A Bíblia frequentemente usa a metáfora de “andar” para se referir ao relacionamento entre Deus e Seu povo. Ela expressa, por um lado, intimidade e, por outro, concordância. Em um sentido literal, Deus andava (em hebraico, halak) com Seu povo (Êx 13:21; compare com Gn 3:8). Em um sentido espiritual, O Senhor o chama para andar com Ele. Contra esse pano de fundo, a imagem se tornava relacional, pois “será que dois andarão juntos, se não estiverem de acordo?” (Am 3:3). Além disso, ela indicava a conduta esperada daqueles que escolhiam andar com Deus, como visto em Levítico 26:23 e 24: “Porém [se vocês] andarem em oposição a Mim, Eu também serei contrário a vocês”.
Terceiro, “guardar os Seus mandamentos”. Guardar a lei como uma expressão da vontade de Deus é o resultado natural de um coração grato que compreende o que Deus fez. Nessa sequência, havia uma progressão do amor, como ponto de partida, a primeira centelha, para um relacionamento de confiança, que resultava em obediência. É por isso que João escreveu: “Os Seus mandamentos não são difíceis de guardar” (1Jo 5:3). É claro que a verdadeira obediência derivava do amor, como é evidente nas palavras de Jesus aos discípulos: “Se vocês Me amam, guardarão os Meus mandamentos” (Jo 14:15). Observar a lei traria vida para Israel (Lv 18:5), não vida em um sentido salvífico, mas uma vida abundante na terra. Ao aderir aos princípios divinos, Israel poderia estabelecer uma sociedade justa e próspera, cujo sucesso seria um testemunho para o mundo.
Quarto, “agarrar-se a Ele”. O verbo hebraico dabaq também significa “agarrarse” ou “apegar-se”, tanto no sentido literal quanto no metafórico. No último, indica um estado de lealdade, afeição e proximidade. A primeira ocorrência dessa palavra descreve um homem apegado à sua esposa em casamento: “Por isso, o homem deixa pai e mãe e se une [dabaq] à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne” (Gn 2:24). A mesma ordem para apegar-se, mas a Yahweh, também precedida pelo apelo de amá-Lo e obedecê-Lo, aparece em Deuteronômio 30:20, em que Moisés também apresenta a razão: “Porque Ele é a sua vida”. Como uma pessoa que está se afogando apega-se a um salva-vidas, Israel devia se apegar a Deus como sua única esperança. A imagem também evoca a necessidade de persistência e perseverança em manter a conexão com Deus em uma terra e em um tempo em que inúmeras distrações disputavam sua atenção.
Por último, “servi-Lo de todo o coração e de toda a alma”. A expressão “servir a Yahweh” ocorre 56 vezes no AT e frequentemente denota “adorar” ou “manter a aliança fielmente”. Servir a Yahweh foi a razão apresentada ao Faraó para a saída de Israel do Egito: “O Senhor, o Deus dos hebreus, me enviou para dizer-lhe: ‘Deixe o Meu povo ir, para que Me adore no deserto’” (Êx 7:16; compare com Êx 12:31). Quando o povo de Israel deixou o Egito, ele estava essencialmente trocando de mestre ao aceitar o serviço de Yahweh em vez do serviço ao Faraó. Ao servir a Deus, ele experimentaria bênçãos e cumpriria seu propósito de abençoar todas as famílias na Terra. Por fim, os redimidos também são chamados a servir a Deus para sempre (Ap 22:3). Portanto, os seres humanos encontram sua verdadeira identidade somente quando servem voluntariamente ao seu Criador com amor. Essa mistura de amor com serviço é o paradoxo da existência: quando as criaturas viviam para servir a si mesmas, elas encontravam apenas confusão, desespero e morte. Mas quando rendiam sua atitude egoísta e se submetiam à vontade do Criador, elas encontravam verdadeiro propósito, satisfação e vida abundante. Vemos esse mesmo raciocínio por trás da declaração de Jesus em Lucas 9:24: “Quem quiser salvar a sua vida a perderá; e quem perder a vida por Minha causa, esse a salvará”.
Após seu discurso de despedida, Josué abençoou as tribos da Transjordânia e as enviou para tomar posse de sua herança (Js 22:6). Essas palavras foram suas últimas para eles, mas logo depois, o episódio do altar pôs à prova a disposição em seguir o conselho de Josué. A falta de unidade revelou-se um problema persistente na história de Israel. Pouco depois da morte de Josué, sua falha em amar, andar com Deus, obedecer, manterse firme e servir revelou uma falta de unidade teológica, como é evidente no livro de Juízes, levando à eventual desintegração de Israel. No fim do livro, uma guerra civil quase levou os benjamitas à extinção (Jz 20, 21). Embora a monarquia unida tenha trazido unidade política e espiritual por um tempo, esse estado de coisas não durou muito. Após o cisma entre as tribos do norte e do sul, Israel nunca mais foi uma nação. A apostasia provou ser uma força de desintegração e desunião. A história de Israel ilustra que a unidade e o comprometimento total são interdependentes.
APLICAÇÃO PARA A VIDA
Relacionamento duradouro
Na Bíblia, o relacionamento de Deus com Seu povo é frequentemente comparado a um casamento, com Deus como um marido amoroso e Israel como uma esposa infiel. Essa metáfora ilustra a ideia do amor inabalável de Deus contrastado com a desobediência de Israel. No NT, a chegada do Messias prometido é comparada a uma cerimônia de casamento.
Pense em suas próprias experiências como cônjuge, se for casado, ou reflita sobre suas amizades mais profundas, e considere como os ensinamentos de Josué sobre comprometimento total são fundamentais para um relacionamento feliz e duradouro. Reflita sobre cada uma das seguintes ações imperativas separadamente e como elas contribuem para o sucesso de um relacionamento:
1. Amar:
2. Caminhar:
3. Respeitar:
4. Apegar-se:
5. Servir:
Unidade duradoura
“Um visitante de um hospital psiquiátrico ficou surpreso ao notar que havia apenas três guardas vigiando mais de cem internos perigosos. Ele perguntou ao seu guia: ‘Você não teme que essas pessoas dominem os guardas e escapem?’ ‘Não’, foi a resposta. ‘Lunáticos nunca se unem’” (Michael P. Green, 1500 Illustrations for Biblical Preaching [Grand Rapids, MI: Baker Books, 2000], p. 65). Em nossa doença espiritual, temos dificuldade em nos unir. Da perspectiva do NT, a unidade na igreja é um milagre realizado pelo Espírito Santo, em cooperação conosco (Ef 5:2-15).
1. Você está contribuindo para a divisão na igreja ou está trabalhando para promover a unidade?
2. À luz da sua resposta acima, se você perceber que está atrapalhando a união, como pode mudar seus hábitos e atitudes para se tornar uma força unificadora?
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Missionários inesperados
Chile | Álvaro, Natalia e Catalina
Álvaro e Natália nunca planejaram se tornar missionários em uma ilha distante.
O casal estava casado e feliz há nove anos no Chile. Ele trabalhava como dentista para a Igreja Adventista do Sétimo Dia. Ela era fisioterapeuta na Universidade Adventista do Chile. Eles tinham uma filha de 3 anos, Catalina.
Então, ouviram um sermão sobre o Serviço Voluntário Adventista, uma organização onde os adventistas podem se voluntariar para ajudar a igreja mundial adventista em sua missão de proclamar o evangelho ao redor do mundo, e sentiram que Deus os chamava para serem voluntários.
“Podemos fazer isso como uma família?”, Álvaro e Natália perguntaram um ao outro.
Eles se sentiam extremamente velhos. Parecia que apenas os alunos da universidade e pessoas jovens na faixa dos 20 anos se voluntariavam para o Serviço Voluntário Adventista. Álvaro e Natália tinham 35 anos.
O casal conversou com o pastor da universidade, que havia feito o apelo em seu sermão. O pastor lhes assegurou que Deus chama pessoas de todas as idades para serem missionárias. Então, o casal recebeu o treinamento de voluntariado na universidade e buscaram por vagas no VividFaith.org, um site da Igreja Adventista onde as pessoas podem se candidatar a posições de voluntário. Eles se sentiram atraídos por uma vaga de voluntários para servir por um ano na remota e vulcânica Ilha de Páscoa, e se candidataram à posição.
Pouco tempo depois, o casal recebeu a notícia de que sua candidatura havia sido aceita e eles foram convidados a partir para a Ilha de Páscoa em duas semanas. Eles ficaram surpresos com a rapidez na qual Deus respondeu suas orações. Foi sua primeira lição como missionários. Eles viram que Deus estava no controle, e eles precisavam se submeter aos Seus planos.
Duas semanas depois, a família embarcou no avião e voou 5 horas e 30 minutos para a Ilha de Páscoa. Eles pousaram no aeroporto que é considerado o mais remoto no mundo. Está localizado cerca de 3.780 km do aeroporto mais próximo.
Uma cultura muito diferente recebeu a família. Embora a influência católico romana era muito forte no Chile continental, as pessoas na ilha se apoiavam nos ensinamentos ancestrais.
No Chile continental, todos falavam espanhol, mas na ilha todos falavam a língua rapanui.
Álvaro e Natália nunca se sentiram presos no Chile continental, que é um dos países mais longos do mundo, estendendo-se por cerca de 4.265 km de norte a sul. Mas a Ilha de Páscoa cobria apenas 101 km², e a maioria de seus 3.800 habitantes viviam na capital, Hanga Roa.
A comida nunca foi um problema no Chile continental, mas o pão era racionado na ilha. Às vezes não havia farinha. A comida chegava de barco, e as marés nem sempre permitiam que os barcos atracassem.
Para complicar as coisas, o casal soube rapidamente que muitos ilhéus não gostavam das pessoas do continente. Isso fez com que fosse difícil fazer amigos e ganhar a confiança das pessoas.
Lembrando-se da rapidez com que Deus os tinha trazido para a ilha, Álvaro e Natália decidiram confiar Nele e tomar Sua mão.
Então Deus começou a trabalhar de uma maneira incrível.
Álvaro trabalhava com turismo em vez de odontologia, para conhecer mais pessoas e promover melhor a Igreja Adventista do Sétimo Dia. Natália conseguiu emprego em um hospital local. Eles compraram uma pequena motocicleta e iam de porta em porta, fazendo visitas e dando estudos bíblicos.
O casal também era responsável por liderar a igreja adventista local, que tinha 10 membros idosos quando chegaram. No ano seguinte, Álvaro e Natália fizeram tudo o que um pastor faz, exceto batizar e realizar casamentos. Eles até realizaram um funeral.
Enquanto trabalhavam na igreja, eles reabriram clubes para Desbravadores e Aventureiros que haviam sido fechados anteriormente. Para sua alegria, cerca de 25 crianças compareceram à primeira reunião. À medida que os meses passavam, o número de crianças crescia e crescia. O casal treinou Líderes Masters locais e entregou a eles a liderança dos clubes de Desbravadores e Aventureiros. Quando eles foram embora, os dois clubes tinham 95 crianças, e elas estavam trazendo seus pais para a igreja aos sábados. Um desbravador e sua mãe foram batizados. Um pastor voou para a ilha para realizar o batismo.
Álvaro e Natália disseram que foi um ano desafiador, mas eles não mudariam nada. “Graças a Deus, a igreja agora tem liderança local na ilha, e os clubes de Desbravadores e Aventureiros permanecem abertos”, disse Natália. “Acreditamos que Deus fez muito durante o ano em que estivemos lá. Ele abriu o caminho”.
Álvaro, Natália e Catalina serviram como missionários pelo Serviço Voluntário Adventista por um ano na Ilha de Páscoa depois de ouvirem um sermão na Universidade Adventista do Chile e lá receberem treinamento voluntário. Um dos projetos de missão para este trimestre é abrir um centro maior para o Serviço Voluntário Adventista na universidade que irá treinar mais missionários. Muito obrigado por doar generosamente para este projeto importante.
Por Andrew McChesney
Dicas para a história
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Comentário da Lição da Escola Sabatina – 4º Trimestre de 2025
Tema geral: Lições de fé no livro de Josué
Lição 11 – 6 a 12 de dezembro
Vivendo na Terra Prometida
Autor: Volney da Silva Ribeiro
Editoração: Lucas Diemer de Lemos
Revisão: Rosemara Franco Santos
Diálogo, confiança e restauração
A história de Josué 22 nos ensina que a unidade do povo de Deus é facilmente ameaçada quando julgamos sem ouvir e permitimos que mal-entendidos tomem o lugar do diálogo. As tribos do oeste quase iniciaram um conflito por interpretarem de forma equivocada o altar erguido pelas tribos do leste, mostrando que o verdadeiro problema não estava no gesto, mas na falta de comunicação e na pressa em suspeitar do outro, algo que continua acontecendo quando irmãos, por terem trajetórias de vida e modos de pensar variados, interpretam situações de maneiras diferentes.
A atitude de Fineias, ao buscar primeiro compreender antes de acusar, revela o caminho que Deus espera de Sua igreja: responder com calma, cultivar humildade, ouvir com paciência e permitir que o Espírito Santo restaure a confiança. A verdadeira unidade não significa ausência de problemas, mas da decisão diária de buscar entendimento, praticar humildade e manter o foco no propósito maior que o Senhor confiou ao Seu povo.
Compromisso e unidade na fé
O compromisso demonstrado pelas tribos do leste nos ensina que a fidelidade é avaliada por escolhas que exigem sacrifício real. Aqueles homens deixaram suas famílias, ignoraram o conforto de casa e permaneceram anos na linha de frente para cumprir o que Deus havia pedido por meio de Moisés. A atitude deles também nos lembra de que a verdadeira unidade nasce quando cada pessoa decide colocar o propósito de Deus acima da própria conveniência. A fronteira natural do Jordão poderia ter criado distância e divisão, mas a fidelidade compartilhada mantinha o povo unido.
Ao aconselhar e ao abençoar aquelas tribos, Josué mostra que a liderança espiritual envolve mais do que orientar: é interceder, fortalecer e lembrar continuamente ao povo quem é a fonte da força. Ele sabia que distância, diferenças e responsabilidades distintas poderiam enfraquecer a união, por isso reforçou a necessidade de manter o coração voltado ao Senhor. Esse mesmo cuidado é essencial para a igreja hoje. Muitos conflitos seriam evitados e muitos relacionamentos seriam restaurados se cultivássemos o hábito de orar uns pelos outros com sinceridade, pedindo que o Espírito Santo nos ajude a permanecer leais, amorosos e focados na missão. Quando entendemos que servimos ao próprio Deus, nosso compromisso se torna mais firme, mais maduro e mais resistente aos problemas do dia a dia.
Percepção guiada pelo Espírito
A reação das tribos do oeste revela como a falta de diálogo pode gerar julgamentos apressados e injustos. Ao verem o altar no Jordão, assumiram que seus irmãos estavam em rebelião e passaram a tratá-los como se já estivessem fora da aliança, movidos pelo medo de repetir erros de idolatria do passado. No entanto, a decisão de acusar sem ouvir, somada à ausência de consulta à liderança espiritual, apenas fortaleceu a desconfiança. Isso nos lembra de que também corremos o risco de interpretar ações alheias sem conhecer o contexto, confundindo aparência com realidade e criando tensões desnecessárias.
Julgar motivações sem ter clareza dos fatos é algo que Jesus condenou. Cristo e Paulo alertaram que decisões tomadas antes do tempo geram erros que rompem relacionamentos e dividem a comunidade. Quando deixamos que insegurança ou experiências negativas do passado guiem nossas conclusões, atribuímos intenções ao outro que talvez ele nunca tenha tido. A caminhada cristã exige sabedoria, atenção ao outro e humildade para admitir que nossa percepção pode estar equivocada. Ao buscar compreender antes de julgar, preservamos a paz e fortalecemos a unidade que Deus espera de Seu povo.
Experiência, zelo e sabedoria
A escolha de Fineias mostra como memórias de crises antigas moldam a forma pela qual reagimos ao que parece ameaçador. Por ter sido o instrumento de Deus em Baal-Peor, seu nome se tornou símbolo de zelo e defesa da pureza espiritual. Enviá-lo demonstrava que as tribos do oeste levavam a situação com grande seriedade e temiam que o novo altar sinalizasse outra queda semelhante à do passado. Por isso buscaram alguém capaz de discernir com firmeza e experiência o que realmente estava acontecendo. Essa atitude revela também como o passado pode gerar uma vigilância exagerada, fazendo-nos enxergar perigo antes de ouvir uma explicação. Ainda assim, lembra também que Deus levanta líderes equilibrados, capazes de unir prudência e sabedoria para conduzir o povo quando a clareza é essencial.
Esse episódio nos convida a refletir sobre como memórias dolorosas moldam nossas reações. Muitas vezes, experiências difíceis nos deixam mais desconfiados ou rígidos diante de situações que apenas se assemelham ao passado. Assim como Fineias ouviu a explicação antes de julgar, também podemos aprender a manter a cautela necessária, sustentando a firmeza enquanto preservamos o diálogo. A graça interrompe o ciclo da suspeita e nos capacita a agir com maturidade, justiça e misericórdia.
Mansidão mesmo sob suspeita
A resposta das tribos do leste nos ensina o poder espiritual de uma defesa calma, respeitosa e firme, mesmo diante de acusações injustas. Quando finalmente falaram, não devolveram dureza, mas iniciaram sua explicação exaltando o próprio Deus, mostrando que sua identidade espiritual vinha antes de qualquer conflito humano. Isso cumpriu exatamente o princípio de Provérbios 15:1: a serenidade abriu caminho para a reconciliação. Eles não reagiram movidos por orgulho ferido, mas apresentaram os fatos com clareza, reconheceram sua responsabilidade diante do Senhor e até se colocaram sob o juízo divino, caso estivessem errados, um gesto que revela transparência e temor genuíno.
Além disso, mostraram que sua motivação não era rebelião, mas o desejo de preservar a unidade espiritual entre as tribos. Ao ouvir essa resposta, o outro grupo percebeu que seus irmãos não eram ameaça, e a suspeita deu lugar à alegria, evitando uma tragédia. Esse episódio lembra que, quando falsamente acusados, precisamos confiar no Senhor, responder com mansidão, agir com integridade e permitir que Deus revele a verdade no tempo certo, como ensinam os Salmos 34 e 37.
Preservando a harmonia
O incidente de Josué 22 mostra que a unidade do povo de Deus depende de diálogo honesto, da disposição para ouvir e da prontidão para rever suspeitas precipitadas. As tribos do oeste buscaram esclarecimento antes de agir, e as tribos do leste responderam com calma e transparência, abrindo espaço para que a verdade viesse à luz. Assim, mal-entendidos foram corrigidos, intenções foram compreendidas e uma guerra civil foi evitada.
O episódio ensina que conflitos na igreja devem ser enfrentados com comunicação clara, humildade para admitir erros, disposição para ceder quando necessário e compromisso firme tanto com a verdade quanto com a paz. Quando esses princípios são praticados, como ensinam Salmo 133, João 17 e 1 Pedro 3, a unidade deixa de ser apenas um ideal e se torna uma experiência real, em que o povo de Deus cresce em maturidade, reconciliação e testemunho ao mundo.
Conclusão
Josué 22 revela como tensões podem surgir mesmo entre aqueles que compartilham a mesma missão. As tribos do oeste, temendo repetir erros do passado, suspeitaram das tribos do leste, enquanto Fineias conduziu uma busca honesta pela verdade. A resposta calma e transparente dos acusados abriu caminho para a reconciliação, mostrou que sua intenção era preservar a unidade e desviou uma guerra civil. Assim, fica claro que a solução de conflitos nasce da humildade de ouvir, da coragem de rever suspeitas e da disposição de responder com mansidão. Quando permitimos que a graça de Deus cure percepções distorcidas e guie nossas atitudes, a verdade prevalece, a paz é restaurada e a unidade do povo de Deus se torna um testemunho vivo ao mundo.
Conheça o autor dos comentários deste trimestre: Volney da Silva Ribeiro é professor, escritor e teólogo. É graduado em Letras (português e espanhol) e em Teologia. Além disso, é pós-graduado em Gestão Educacional. Foi diretor pedagógico e administrativo de escola particular (2008 a 2010), vice-diretor de uma creche-escola (2024 e 2025) e consultor pedagógico da Associação Cearense da Igreja Adventista do Sétimo Dia (2020 a 2022). Desenvolve o ministério de pregação há mais de duas décadas e serve a Deus atualmente como primeiro-ancião na Igreja Adventista do Sétimo Dia de Aldeota, em Fortaleza, Ceará.

